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- Índice de Tabelas -
Rafael de Cirne e Patacas
Dissertação de Mestrado em Química
Orientador: Professor Doutor Carlos Pereira
Desenvolvimento, Caracterização e Optimização
de um biossensor amperométrico para a
determinação de Nitrato baseado em
microinterfaces gelificadas
- Índice de Tabelas -
Rafael de Cirne e Patacas
Dissertação submetida para obtenção do grau de mestre em Química pela
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Junho de 2007
Orientador: Professor Doutor Carlos Pereira
Desenvolvimento, Caracterização e Optimização
de um biossensor amperométrico para a
determinação de Nitrato baseado em
microinterfaces gelificadas
- Índice de Tabelas -
Agradecimentos
Aos meus Pais que me convenceram a fazer o mestrado.
Aos meus irmãos que não fizeram nada mas são decorativos.
Ao Prof. Carlos Pereira pela pessoa fantástica e paciente que é e por sempre me ter
ajudado até ao fim neste trabalho.
À Susana por me ter aliviado e por estar sempre disponível para mim.
Aos meus amigos, em especial a beta por me ter obrigado a trabalhar, pelo apoio pela
amizade e por me ter feito companhia este tempo.
Um agradecimento ao grupo de Electroquímica e Química Analítica que me recebeu,
assim como aos colegas de laboratório com quem convivi e que alegravam o
ambiente.
Um agradecimento à colaboração que existiu com o Grupo Ferroeléctricos do
Departamento de Física, nomeadamente, pela disponibilidade e simpatia
demonstradas pelo Prof. Doutor Paulo Simeão.
A todos um Muito Obrigado
- Índice de Tabelas -
i
Índice Geral ÍNDICE GERAL ........................................................................................................................................ I ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................................................... III ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................... IV ÍNDICE DE EQUAÇÕES......................................................................................................................VII LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS...................................................................................... IX OBJECTIVO ........................................................................................................................................ XIII 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................1
1.1 BIOSSENSORES....................................................................................................................................1 1.1.1 Retrospectiva da história dos biossensores ...............................................................................3 1.1.2 Tipos de biossensores ................................................................................................................8 1.1.3 Detecção amperométrica .........................................................................................................11 1.1.3.1 Oxidorredutases como biorreagentes ...................................................................................11 1.1.3.2 Selectividade e controlo da medida de metabolitos ..............................................................12 1.1.3.3 Tipos de eléctrodos enzimáticos............................................................................................14 1.1.3.3 Imunossensores amperométricos ..........................................................................................16
1.2 ENZIMAS...........................................................................................................................................16 1.2.1 Generalidades ..........................................................................................................................16 1.2.2 Especificidade enzimática e nomenclatura..............................................................................18 1.2.3 A nitrato redutase ....................................................................................................................19 1.2.4 Cinética enzimática..................................................................................................................21 1.2.5 Co-factores enzimáticos...........................................................................................................23 1.2.6 Efeitos da temperatura, pH e força iónica...............................................................................24 1.2.7 Processos de imobilização de moléculas .................................................................................28
1.3 ITIES – INTERFACES ENTRE DUAS SOLUÇÕES ELECTROLÍTICAS IMISCÍVEIS....................................32 1.3.1 Evolução ..................................................................................................................................32 1.3.2 Aplicações analíticas das ITIES ..............................................................................................33 1.3.3 Polarizabilidade das ITIES......................................................................................................34
1.4 TENSÃO SUPERFICIAL E ÂNGULOS DE CONTACTO..............................................................................35 1.4.1 A goniometria ..........................................................................................................................38 1.4.2 Medição dos ângulos de contacto ............................................................................................39
1.5 CONSTANTES DIELÉCTRICAS E DE RELAXAÇÃO DIELÉCTRICA ...........................................................39 1.6 DESENHO FACTORIAL .......................................................................................................................45
1.6.1 Desenhos factoriais a dois níveis.............................................................................................47 2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..............................................................................................52
2.1 MATERIAL E REAGENTES UTILIZADOS AO LONGO DO TRABALHO......................................................52 2.2 MÉTODOS UTILIZADOS AO LONGO DO TRABALHO.............................................................................54
2.2.1 Preparação dos eléctrodos de Ag/AgCl ...................................................................................54 2.2.2 Síntese do tetrafenilborato de tetraoctilamónio (TOATPB).....................................................54 2.2.3 Preparação dos géis ................................................................................................................55 2.2.4 Preparação da célula electroquímica de 4 eléctrodos.............................................................55 2.2.5 Técnica: Voltametria cíclica....................................................................................................57 2.2.6 Técnica: Espectroscopia de Impedância Electroquímica ........................................................59 2.2.7 Caracterização da interface.....................................................................................................63 2.2.8 Técnica: Goniometria, medição de ângulos de contacto .........................................................65
3 RESULTADOS......................................................................................................................................67 3.1 OPTIMIZAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ENZIMA................................................................................67 3.2 DADORES ENZIMÁTICOS...................................................................................................................75 3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SUPORTES ENZIMÁTICOS..............................................................................99
- Índice de Tabelas -
ii
3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS ASSOCIADOS ÀS PROPRIEDADES DIELÉCTRICAS.......................105 4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO .......................................................111
REFLEXÃO FINAL..................................................................................................................................112 ANEXOS .................................................................................................................................................113 BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................121
- Ìndice de figuras-
iii
Índice de Tabelas Tabela 1: ........................................................................................................................... 7 Tabela 2: ......................................................................................................................... 10 Tabela 3: ......................................................................................................................... 15 Tabela 4: ......................................................................................................................... 31 Tabela 5: ......................................................................................................................... 47 Tabela 6: ......................................................................................................................... 48 Tabela 7: ......................................................................................................................... 50 Tabela 8: ......................................................................................................................... 52 Tabela 9: ......................................................................................................................... 62 Tabela 10: ....................................................................................................................... 76 Tabela 11: ....................................................................................................................... 94 Tabela 12:. ...................................................................................................................... 99 Tabela 13: ....................................................................................................................... 99 Tabela 14: ..................................................................................................................... 102 Tabela 15: ..................................................................................................................... 108 Tabela 16: ..................................................................................................................... 113 Tabela 17: ..................................................................................................................... 114 Tabela 18: ..................................................................................................................... 116 Tabela 19: ..................................................................................................................... 117 Tabela 20: ..................................................................................................................... 118 Tabela 21: ..................................................................................................................... 119 Tabela 22: ..................................................................................................................... 120 Tabela 23: ..................................................................................................................... 120
- Ìndice de figuras-
iv
Índice de Figuras Figura 1:............................................................................................................................ 2 Figura 2:............................................................................................................................ 2 Figura 3:............................................................................................................................ 3 Figura 4:............................................................................................................................ 9 Figura 5:.......................................................................................................................... 13 Figura 6:.......................................................................................................................... 17 Figura 7:.......................................................................................................................... 20 Figura 8:.......................................................................................................................... 26 Figura 9:.......................................................................................................................... 27 Figura 10:........................................................................................................................ 28 Figura 11:........................................................................................................................ 29 Figura 12:........................................................................................................................ 35 Figura 13:........................................................................................................................ 36 Figura 14:........................................................................................................................ 37 Figura 15:........................................................................................................................ 41 Figura 16:........................................................................................................................ 42 Figura 17:........................................................................................................................ 56 Figura 18:........................................................................................................................ 56 Figura 19:........................................................................................................................ 57 Figura 20:........................................................................................................................ 58 Figura 21:........................................................................................................................ 60 Figura 22:........................................................................................................................ 61 Figura 23:........................................................................................................................ 63 Figura 24:........................................................................................................................ 64 Figura 25:........................................................................................................................ 65 Figura 26:........................................................................................................................ 66 Figura 27:........................................................................................................................ 67 Figura 28:........................................................................................................................ 68 Figura 29:........................................................................................................................ 69 Figura 30:........................................................................................................................ 70 Figura 31:........................................................................................................................ 71 Figura 32:........................................................................................................................ 72 Figura 33:........................................................................................................................ 73 Figura 34:........................................................................................................................ 73 Figura 35......................................................................................................................... 74 Figura 36:........................................................................................................................ 75 Figura 37:........................................................................................................................ 76 Figura 38:........................................................................................................................ 77 Figura 39:........................................................................................................................ 78 Figura 40:........................................................................................................................ 78 Figura 41:........................................................................................................................ 79 Figura 42:........................................................................................................................ 79 Figura 43:........................................................................................................................ 80 Figura 44:........................................................................................................................ 81 Figura 45:........................................................................................................................ 81
- Ìndice de Figuras-
v
Figura 46:........................................................................................................................ 82 Figura 47:........................................................................................................................ 82 Figura 48:........................................................................................................................ 83 Figura 49:........................................................................................................................ 83 Figura 50:........................................................................................................................ 83 Figura 51:........................................................................................................................ 84 Figura 52:........................................................................................................................ 84 Figura 53:........................................................................................................................ 85 Figura 54:........................................................................................................................ 85 Figura 55:........................................................................................................................ 86 Figura 56:........................................................................................................................ 86 Figura 57:........................................................................................................................ 87 Figura 58:........................................................................................................................ 87 Figura 59:........................................................................................................................ 88 Figura 60:........................................................................................................................ 88 Figura 61:........................................................................................................................ 88 Figura 62:........................................................................................................................ 88 Figura 63:........................................................................................................................ 89 Figura 64:........................................................................................................................ 90 Figura 65:........................................................................................................................ 90 Figura 66:........................................................................................................................ 91 Figura 67:........................................................................................................................ 91 Figura 68:........................................................................................................................ 92 Figura 69:........................................................................................................................ 92 Figura 70:........................................................................................................................ 92 Figura 71:........................................................................................................................ 92 Figura 72:........................................................................................................................ 92 Figura 73:........................................................................................................................ 94 Figura 74:........................................................................................................................ 95 Figura 75:........................................................................................................................ 95 Figura 76:........................................................................................................................ 96 Figura 77:........................................................................................................................ 97 Figura 78:........................................................................................................................ 97 Figura 79:........................................................................................................................ 98 Figura 80:........................................................................................................................ 98 Figura 81:...................................................................................................................... 101 Figura 82:...................................................................................................................... 101 Figura 83:...................................................................................................................... 103 Figura 84:...................................................................................................................... 104 Figura 85:...................................................................................................................... 105 Figura 86:...................................................................................................................... 106 Figura 87:...................................................................................................................... 107 Figura 88:...................................................................................................................... 109 Figura 89:...................................................................................................................... 110 Figura 90:...................................................................................................................... 115 Figura 91:...................................................................................................................... 115 Figura 92:...................................................................................................................... 115 Figura 93:...................................................................................................................... 115 Figura 94:...................................................................................................................... 117
- Ìndice de Figuras-
vi
Figura 95:...................................................................................................................... 117 Figura 96:...................................................................................................................... 117 Figura 97:...................................................................................................................... 117 Figura 98:...................................................................................................................... 119 Figura 99:...................................................................................................................... 119 Figura 100:.................................................................................................................... 119 Figura 101:.................................................................................................................... 119
- Ìndice de Equações-
vii
Índice de Equações Eq. 1................................................................................................................................ 12 Eq. 2................................................................................................................................ 12 Eq. 3................................................................................................................................ 12 Eq. 4................................................................................................................................ 19 Eq. 5................................................................................................................................ 21 Eq. 6................................................................................................................................ 21 Eq. 7................................................................................................................................ 21 Eq. 8................................................................................................................................ 21 Eq. 9................................................................................................................................ 21 Eq. 10.............................................................................................................................. 22 Eq. 11.............................................................................................................................. 22 Eq. 12.............................................................................................................................. 22 Eq. 13.............................................................................................................................. 22 Eq. 14.............................................................................................................................. 23 Eq. 15.............................................................................................................................. 25 Eq. 16.............................................................................................................................. 25 Eq. 17.............................................................................................................................. 26 Eq. 18.............................................................................................................................. 27 Eq. 19.............................................................................................................................. 38 Eq. 20.............................................................................................................................. 40 Eq. 21.............................................................................................................................. 40 Eq. 22.............................................................................................................................. 40 Eq. 23.............................................................................................................................. 41 Eq. 24.............................................................................................................................. 41 Eq. 25.............................................................................................................................. 42 Eq. 26.............................................................................................................................. 42 Eq. 27.............................................................................................................................. 43 Eq. 28.............................................................................................................................. 43 Eq. 29.............................................................................................................................. 44 Eq. 30.............................................................................................................................. 44 Eq. 31.............................................................................................................................. 44 Eq. 32.............................................................................................................................. 44 Eq. 33.............................................................................................................................. 44 Eq. 34.............................................................................................................................. 44 Eq. 35.............................................................................................................................. 45 Eq. 36.............................................................................................................................. 48 Eq. 37.............................................................................................................................. 49 Eq. 38.............................................................................................................................. 49 Eq. 39.............................................................................................................................. 49 Eq. 40.............................................................................................................................. 58 Eq. 41.............................................................................................................................. 60 Eq. 42.............................................................................................................................. 60 Eq. 43.............................................................................................................................. 61
- Ìndice de Equações-
viii
Eq. 44.............................................................................................................................. 71 Eq. 45.............................................................................................................................. 72
- Lista de Símbolos e Abreviaturas-
ix
Lista de Símbolos e Abreviaturas
1,2-DCE 1,2-dicloroetano 1,4-DBB 1,4-dibromobutano a Actividade da espécie
A Área interfacial (cm2) A Factor de Arrhenius ou factor pré-exponencial a parâmetro interacção entre as moléculas A. m. m. Área média por molécula ADN Ácido desoxirribonucleico ARF / FRA Analisador de Resposta de Frequência BTPPACl Cloreto de bis(tetrapentilfenil)amónio BTPPA-Ps - Sal de Fenosafranina e Bis(trifenil fosphoranilideno) Amónio BTPPATPBCl Tetraquis(4-clorofenil)borato de bis(tetrapentilfenil)amónio C Capacidade CAGR Crescimento composto anual composto (Compound Annual GRowth) CAT Complexação Aquosa seguida de Transferência Cdc Capacidade da dupla camada
Cenz Capacidade de determinada concentração da enzima Clb Capacidade da linha de base Cr Capacidade de relaxação dieléctrica
Cv Capacidade no vazio
Cys Cisteína D Coeficiente de difusão (cm2.s-1) DBS 1,3:2,4-dibenzilideno sorbitol DMF Decametilferroceno (C20H30Fe)
E Enzima Ea Energia de activação
EIE / EIS Espectroscopia de Impedância Electroquímica ES Complexo enzima-substrato ESI Eléctrodo selectivo de iões FAD FLAVINA ADENINA DINUCLEÓTIDO FET Field Effect Transistor – FET) FET Field Effect Transistor – FET) gi Factor característico do modo de relaxação dieléctrica
GOx Glucose oxidase heme-Fe Grupo Heme
- Objectivo
x
I Intensidade de corrente I0 Intensidade de corrente de um dieléctrico ideal
Ic Intensidade de corrente capacitiva
Icond Intensidade de corrente de condução de um dieléctrico
If Intensidade de corrente faradaica
Ip Intensidade de corrente de pico
Ip- Intensidade de corrente para a transferência iónica catódica
Ip+ Intensidade de corrente para a transferência iónica anódica
Ir Intensidade de corrente de relaxação dieléctrica
ITIES Interface entre duas soluções electrolíticas imiscíveis ITO Óxido de índio e estanho IUB International Union of biochemistry IUB International Union of biochemistry IUBMB International Union of biochemistry and molecular biology IUBMB International Union of biochemistry and molecular biology IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada / International Union for
Pure and Applied chemistry k Constante de velocidade da reacção K Constante de equilíbrio kDa KiloDalton KM Constante de Michaelis-Menten
KMapp Constante de Michaelis-Menten aparente
KTPBCl Tetraquis(4-clorofenil)borato de potássio L Indutância LCR METER Medidor de Indutâncias, Capacidades e Resistências M Molar, Mole.litro-1
M Molar, Mole.litro-1
macro-ITIES Macrointerface entre duas soluções electrolíticas imiscíveis micro-ITIES Microinterface entre duas soluções electrolíticas imiscíveis Mo-MPT Mo-molibdenopterina n Número de electrões n Número de moles NAD(H) Nicotinamida adenina dinucleótido NAD(P)H Nicotinamida adenina dinucleótido (fosfato) NAD(P)H Nicotinamida adenina dinucleótido (fosfato) NADH Nicotinamida adenina dinucleótido NaR Nitrato redutase NaTPB Tetrafenilborato de sódio o-NPOE Éter orto-nitrofeniloctílico P Produto
- Objectivo
xi
PDT 3-(2-piridil)-5,6-difenil-1,2,4-triazina PET Polietilenoteraftalado pH -log |H+| PI Ponto isoeléctrico de enzimas pKa Logaritmo da constante de acidez. Definido como -Log10(Ka) o pH ao qual
metade dos grupos estão ionisados.
pKa Logaritmo da constante de acidez. Definido como -Log10(Ka) o pH ao qual metade dos grupos estão ionisados.
PsTPBCl - Sal de Fenosafranina e Tetraquis(4-Clorofenil)-Borato, síntese própria PVC Policloreto de vinilo Q Elemento de fase constante r Coeficiente de correlação r Raio R Constante dos gases R Resistência Rc Resistência de condução dieléctrica
Rr Resistência de relaxação dieléctrica
Rsol Resistência da solução
Rtc Resistência à transferência de carga
S Substrato T Temperatura TCI Transferência por Complexação Interfacial TCO Transferência seguida de Complexação em fase Orgânica TDI Transferência por Dissociação Interfacial THF Tetraidrofurano THpABr Brometo de tetraheptilamónio TOABr Brometo de tetraoctilamónio TOATPB Tetrafenilborato de tetraoctilamónio TOATPBCl Tetraquis(4-clorofenil)borato de tetraoctilamónio UV Ultravioleta V Potencial V Volume da camada enzimática Vmax Velocidade máxima
W Warburg YSI Yellow Spring Instruments Z Impedância total Z’ Componente real da impedância Z’’ Componente imaginária da impedância Zf Impedância faradaica
Zw Impedância de Warburg
- Objectivo
xii
β Parâmetro polidispersivo do sistema
∆E Campo eléctrico
∆ε Amplitude dieléctrica
AdsG∆ energia de Gibbs do processo de adsorção
ε Constante dieléctrica
ε’ Componente real da constante dieléctrica
ε’’ Componente imaginária da constante dieléctrica
ε0 Constante dieléctrica no vazio
εr Constante dieléctrica relativa
σ Desvio padrão
σr Desvio padrão relativo
φ Ângulo de fase
γ Tensão superficial
γlv Tensão superficial líquido-vapor
γsl Tensão superficial sólido-líquido
γslv Tensão superficial sólido-líquido-vapor
γsv Tensão superficial sólido-vapor
λ Parâmetro relativo à dispersão dos tempos de condução dieléctrica
ν Velocidade da reacção enzimática
v Velocidade de varrimento
θ Ângulo de contacto
θa Ângulo de contacto de avanço
θh Ângulo de contacto de histerese
θr Ângulo de contacto de regresso
τc Tempo de condução dieléctrica
τr Tempo de relaxação dieléctrica
ω Frequência angular
ωc Frequência de condução dieléctrica
ωr Frequência de relaxação dieléctrica
- Objectivo
xiii
Objectivo
Na sequência do trabalho desenvolvido neste grupo de investigação, pretendeu-se
com a realização deste trabalho estudar o comportamento de adsorção de nitrato em
interfaces líquido-líquido. Pretendendo-se ainda estudar o comportamento das
interfaces líquido-líquido em presença da enzima nitrato redutase em diferentes
condições experimentais de modo a optimizar as condições de adsorção quando se
introduzem espécies como o anião nitrato ou a molécula dadora. Com este propósito,
procedeu-se à caracterização dos vários componentes do biossensor que se pretendia
modificar, nomeadamente, da biomolécula e das características específicas deste tipo
de interfaces. A caracterização foi efectuada utilizando técnicas electroquímicas como
a voltametria cíclica ou a espectroscopia de impedâncias, seguida utilizando um
desenho factorial de planeamento experimental.
Pretendeu-se ainda dar continuidade ao trabalho de mestrado efectuado por Ricardo
M. Silva avaliando as características dieléctricas de diferentes soluções. O objectivo
deste trabalho foi, assim, o de tentar estabelecer relações entre os dados obtidos a
baixas frequências 20 Hz e 1 MHz com as de elevadas frequências 0,1 MHz a 1000
MHz.
-Capítulo 1-
1
1 Introdução
A análise de aniões, especialmente oxo-aniões, apresenta um desafio interessante
para todos os analistas. Por exemplo, em efluentes de estações nucleares e numa
ampla variedade de contaminações em aquíferos o nitrato apresenta-se como um
contaminante importante. Apesar de o anião nitrato não ser uma substância com
toxicidade elevada, a sua presença em produtos alimentares, fertilizantes e sistemas
aquáticos (em particular águas de consumo) é um factor importante visto poder causar
a oxidação da hemoglobina e ser um composto de partida para a síntese de
compostos tóxicos com o grupo nitrito ou compostos N-nitroso que apresentam
actividade carcinogénica1 daí a importância de se realizar um controlo in situ.
1.1 Biossensores Os biossensores são definidos como qualquer dispositivo de detecção que incorpore tanto um
organismo vivo ou produtos derivados de sistemas biológicos (enzimas, anticorpos, DNA, etc.), como um
transdutor que fornece a indicação, sinal ou outra forma de reconhecimento de uma substância específica
no ambiente2.
Os objectivos de simplificação dos métodos analíticos e portabilidade são comuns a
todas as áreas da química analítica. Assim nos últimos anos tem-se tornado
disponíveis no mercado um maior número de detectores portáteis que permitem a
redução do tamanho da amostra e economias de tempo de análise. Os biossensores
potenciaram o desenvolvimento de uma família de técnicas electroquímicas que
oferecem rapidez e simplicidade3. Este género de detector permite realizar as mais
variadas tarefas como: efectuar controlo em-linha a nível industrial, análise ambiental
em tempo real, automatização de análises bioquímicas, análise in-vivo, detecção de
substâncias biológicas relevantes (como hormonas e drogas de abuso) e detecção de
guerra química4,5. Geralmente um biossensor permite o uso de métodos “limpos” e de
baixo custo sem recurso a pré-tratamentos morosos e com necessidade de grandes
volumes de amostra. O seu uso, na maioria dos casos, não obriga ao recurso a
técnicos especialistas podendo nalguns casos dispensar o uso de reagentes, e
aparecendo tanto como aparelhos de uso contínuo como descartáveis. A área de
diagnóstico, como um todo, representa um mercado imenso, bem implementado e em
-Capítulo 1-
2
contínua expansão. Neste mercado encontra-se uma das maiores razões de sucesso
e a maior área de aplicação dos biossensores. Prevê-se que o mercado global de
biossensores e outros produtos bioelectrónicos cresça dos $6.1 mil milhões de dólares
em 2004 para $8.2 mil milhões de dólares em 2009 (Figura 1), tendo um crescimento
anual médio da ordem dos 6.3%6. Os biossensores de glucose constituíram a quase
totalidade das vendas em 2003, no entanto, as vendas de outro material bioelectrónico
estão em ascensão. Assim as aplicações às ciências biomédicas e da vida dominam o
mercado com 99% deixando a monitorização ambiental num distante segundo lugar.
Figura 1: Valores projectados para o Mercado de biossensores e bioelectrónica até 20096 (fonte: BUSINESS COMMUNICATIONS COMPANY, INC., 25 Van Zant Street, Norwalk)
Figura 2: Expansão esperada para o mercado para nano biossensores que se prevê que venha a ser de um crescimento composto anual (cagr) de 92% até 2008 apenas com as aplicações devidas à aplicação da nanotecnologia ao diagnóstico médico7. (fonte: Front line Strategic Consulting Inc. (San Mateo ,CA), 2003)
Assim a pesquisa de biossensores tornou-se bastante atraente. Apesar da sua
importância económica emergente convém não esquecer da sua origem como simples
método de diagnóstico para quantificar glucose no sangue. O seu sucesso gerou uma
-Capítulo 1-
3
miríade de novos métodos de preparação de biossensores. Um tema comum em
muitas aproximações é a utilização de reagentes biológicos. Este tema tem como
expoente máximo de simplificação a integração do elemento biológico com o elemento
de medição num dispositivo em bloco. Isto corresponde ao conceito básico de
biossensor, uma fase “biológica” que interactua com a amostra em contacto com uma
parte “física” ou transdutor químico. Um biossensor típico apresenta três componentes,
o elemento de reconhecimento, uma estrutura de transdução e um elemento de
amplificação.
Figura 3:Representação esquemática de um biossensor 5
A utilização de um elemento biológico permite fazer uso da especificidade única das
biomoléculas para as espécies alvo. O sinal traduzido no biossensor é secundário
resultante da reacção entre o material de bio-reconhecimento e o analito alvo (por
oposição ao sinal obtido num eléctrodo clássico que provém directamente da reacção
do analito com este).
Para se obter um bioeléctrodo é necessário conseguir elevados níveis de
especificidade, boa estabilidade nas condições de operação (temperatura, pH, força
iónica, etc.) e também nas condições de armazenamento bem como retenção de
actividade biológica, resposta em tempo útil precisa e reprodutível.
1.1.1 Retrospectiva da história dos biossensores
A selectividade é um dos maiores problemas na química analítica, geralmente, é
apenas obtida através de um apertado controlo das condições experimentais. Ora, na
-Capítulo 1-
4
natureza encontram-se reagentes altamente selectivos na forma de enzimas
anticorpos e outros.
O recurso a enzimas apresenta várias vantagens, em particular uma feliz
combinação de selectividade com sensibilidade. Permitem ainda a utilização de várias
tecnologias de transdução. Free e Free revolucionaram os procedimentos analíticos
com a implementação de tiras enzimáticas8. No entanto estas apresentavam diversos
inconvenientes de modo que se procurou uma nova abordagem, conseguida por Clark
e Lyons9 que prepararam o primeiro biossensor propriamente dito alterando um
eléctrodo de oxigénio e, subsequentemente modificando-o com recurso a enzimas
O conceito foi testado numa experiência usando glucose oxidase imobilizada na
superfície de um eléctrodo de oxigénio. Observando-se uma diminuição da
concentração de oxigénio proporcional à concentração de glucose. No artigo
correspondente apareceu pela primeira vez o termo “eléctrodo enzimático”. Apesar
disto, foram Updike e Hicks10 que, extrapolando o conceito, resolveram os problemas
de ordem prática necessários para construir um eléctrodo enzimático sensível a
glucose.
O sensor foi a base de numerosas variações do seu desenho básico e muitas outras
enzimas (oxidases) foram imobilizadas. Assim o desenho de Clark foi tão bem
sucedido que muitos biossensores experimentais e pelo menos um biossensor
comercial ainda são construídos segundo o original. No entanto, hoje em dia, prefere-
se, como alternativa, a medição de peróxido de hidrogénio. Destes destacam-se os
biossensores produzidos pela companhia Yellow Springs Instrument Company (Ysi,
Ohio, EUA). O seu biossensor de glucose foi criado em 1975 baseado na detecção
amperométrica do peróxido de hidrogénio. Este foi o primeiro biossensor a ser
produzido com fins comerciais.
O primeiro eléctrodo enzimático potenciométrico foi construído por Guibault e
Montalvo11. Tratava-se de um sensor de ureia baseado em urease imobilizada num
eléctrodo de membrana selectivo a amónio.
O uso de transdutores térmicos em biossensores foi proposto em 197412 sendo os
novos dispositivos baptizados como sondas térmicas enzimáticas ou termístores
enzimáticos.
Em 1975 apareceram os primeiros óptodos, sensores de fibra óptica com indicador
imobilizado aplicados na detecção e quantificação de dióxido de carbono ou oxigénio
criados por Lubbers e Opitz12. Existem também óptodos sensíveis a etanol que usam a
respectiva oxidase imobilizada. Estes sistemas são utilizados para monitorização in-
-Capítulo 1-
5
vivo de pH, CO2 e O2 apesar de ainda não estarem disponíveis comercialmente em
grande variedade.
No mesmo ano os biossensores sofreram outro avanço importante quando Divie12
sugeriu que se imobilizassem bactérias usando-as depois como elemento biológico
criando um eléctrodo microbiano para a medição de álcool.
No ano subsequente, Clemens et al12,13. Incorporaram um biossensor de glucose
num pâncreas artificial (que foi mais tarde comercializado sob o nome de Biostator).
Também nesse ano foi desenvolvido um sensor de lactato que recorria a um mediador
solúvel, que, apesar de não ter sido comercializado, se revelou o precursor de uma
nova geração de biossensores.
Uma das maiores inovações deu-se em 1982 quando Shichiri et al12. Descreveram o
primeiro eléctrodo enzimático em forma de agulha para implantação subcutânea. No
entanto também neste caso não está ainda disponível uma versão comercial.
A ideia de construir imunossensores imobilizando anticorpos na superfície de um
transdutor electrostático ou piezoeléctrico data da década de 1970 mas, foi o artigo de
Liedberg et al12. Que abriu caminho para o seu sucesso comercial. Nele era descrito o
uso de ressonância de plasma de superfície para seguir reacções de afinidade em
tempo real. Daqui nasceu o BIAcore (Pharmaca, Suécia) lançado em 1990 com base
nessa tecnologia.
Durante os anos 80 foi, pela primeira vez, atingido o sucesso económico em grande
escala. A companhia YSI construiu um negócio regular e florescente, não chegando no
entanto a cumprir as previsões optimistas da década anterior. O problema residia no
custo dos biossensores da época que os tornava pouco competitivos face a outras
tecnologias disponíveis à época.
Em 1984 foi publicado um artigo sobre o uso de ferroceno e dos seus derivados
como mediadores imobilizados para uso com oxidorredutases. Estes eram
componentes essenciais para a construção de eléctrodos enzimáticos pouco
dispendiosos, e como tal, formaram a base para os primeiros eléctrodos enzimáticos
impressos em placas lançados pela companhia MediSense (Cambridge, EUA) em
1987. Este sistema do tamanho de uma caneta destinava-se à medição caseira de
glucose no sangue. Com as diferentes formas deste eléctrodo a MediSense aumentou
o seu volume de vendas abruptamente atingindo 175 milhões de dólares por ano em
1986 quando foram absorvidos pela Abbot. A Boehringer Mannheim (actual Roche
Diagnostics), Bayer e Lifescan começaram mais recentemente a produzir sensores
mediados concorrentes e em conjunto dominam o mercado de medições domésticas
-Capítulo 1-
6
de glucose a nível mundial estando a substituir rapidamente a fotometria de
reflectância de Clemens.
As publicações científicas actuais contêm agora descrições de uma larga variedade
de dispositivos que exploram as enzimas, ácidos nucleicos, anticorpos, células
intactas e receptores celulares em combinação com transdutores electroquímicos,
ópticos, piezoeléctricos e termométricos. Com cada permutação obtêm-se miríades de
estratégias alternativas de transdução, e, com cada uma, novas soluções para
problemas analíticos nas mais variadas áreas.
Estes acontecimentos mostram que, apesar de o grande crescimento na área se ter
dado nos anos 90 e de a época dos maiores avanços se ter dado nos anos 80, esta
década promete seguir-lhes os passos. No entanto convém recordar que o sucesso e
a maturidade comercial dos biossensores são restritos a algumas, poucas, aplicações
e que estas são o resultado de muita pesquisa e desenvolvimento tornando-se
importantes apenas aonde o mercado justificava o investimento.
-Capítulo 1-
7
Tabela 1: Marcos na história dos biossensores14
BIOSSENSORES
Marcos da história dos biossensores
1916 Primeira comunicação referente à imobilização de proteínas: adsorção da invertase em carvão activado.
1922 Primeiro eléctrodo de vidro para a medição de pH. 1956 Aparecimento do eléctrodo de oxigénio. 1962 Primeira descrição de um biossensor: eléctrodo enzimático amperométrico
para glucose. 1969 Primeiro biossensor potenciométrico: Urease imobilizada num eléctrodo de
amónia permite detectar ureia. 1970 Invenção do transístor de campo-efeito sensível a iões. (Ion-Selective Field-
Effect Transistor (ISFET)) 1972/5 Primeiro biossensor comercial: biossensor de glucose produzido por Yellow
Springs Instruments . 1975 Primeiro biossensor baseado em micróbios.
Primeiro imunossensor: ovalbumina num fio de platina. Invenção do óptodo pO2 / pCO2 .
1976 Primeiro pâncreas artificial de cabeceira (Miles). 1980 Primeiro sensor óptico de pH para gases no sangue. 1982 Primeiro biossensor baseado em fibras ópticas. 1983 Primeiro imunossensor de ressonância de superfície de plasma 1984 Primeiro biossensor amperométrico mediado: ferroceno usado em conjunto
com glucose oxidase para a detecção de glucose. 1987 Lançamento do biossensor de glucose no sangue MediSense ExacTech™. 1990 Lançamento de um biossensor baseado em SPR Pharmacia BIACore . 1992 Lançamento de um analisador de sangue do tamanho de uma mão pela i-
STAT. 1996 Lançamento do Glucocard. 1996 A empresa Abbott compra a MediSense por 867 milhões de dólares. 1998 Lançamento do biossensor de glucose no sangue LifeScan FastTake. 1998 Fusão da Empresa Roche com a Boehringer Mannheim para formar a Roche
Diagnostics. 2001 A empresa LifeScan compra o negócio de testes de glucose à Inverness por
1.3mil milhões de dólares.
-Capítulo 1-
8
1.1.2 Tipos de biossensores
Provavelmente é mais correcto afirmar que a maioria dos analisadores biológicos
tradicionais se baseiam em métodos espectro-fotométricos, em que a reacção de
reconhecimento está relacionada com a determinação de um indicador colorimétrico,
fluorescente ou luminescente. Por outro lado os sensores químicos têm recorrido
frequentemente a técnicas electroquímicas, por exemplo o eléctrodo de pH
(potenciometria) e o eléctrodo de oxigénio de Clark (amperometria)15.
Os biossensores não estão restritos às três categorias acima descritas. Em princípio
qualquer variável que esteja relacionada com a reacção de reconhecimento poderá ser
usada para gerar o sinal traduzido.
De facto, o campo dos biossensores está a ser desenvolvido na interface entre as
tecnologias emergentes combinando várias disciplinas (física, química e biologia) com
a electrónica. Os avanços em várias áreas tais como: produção de polímeros, óptica,
electrónica, etc. revelaram novos materiais e métodos disponíveis para a exploração
como biossensores. Pode-se, por isso, esperar que os parâmetros de medição
relacionados com os sistemas biossensores se tornem cada vez mais diversificados,
bem como as técnicas de detecção empregues.
Fundamentalmente existem dois tipos de biossensores, dependendo do modo de
geração de sinal16. Os sensores de bioafinidade directa utilizam o evento de ligação
para detectar as substâncias. A ligação do analito ao bioligando, que está imobilizado,
resulta numa alteração conformacional da biomolécula e/ou alteração física no meio
de imobilização (alteração de carga, temperatura ou cor, etc.). O segundo tipo de
sensor é o biossensor enzimático/metabólico. Aqui, o reconhecimento do substrato
pelo receptor imobilizado (enzimas ou outro derivado biológico) é seguido
imediatamente pela conversão no correspondente produto, o qual é detectado.
Uma combinação de ambos os princípios, ligação do analito sem a sua conversão
química e geração do sinal por conversão em substância auxiliar, é efectuada nos
biossensores catalíticos usados para detecção de grupos prostéticos, inibidores em
imunossensores enzimáticos.
As vantagens de um procedimento de imobilização irreversível das moléculas à
superfície do biossensor são várias tais como a possibilidade de construir analisadores
compactos e portáteis que sejam ao mesmo tempo reprodutíveis17. Particularmente
interessante, desde que a biomolécula de reconhecimento se mantenha ligada ao
-Capítulo 1-
9
transdutor, é a sua reutilização. Em alguns casos a molécula imobilizada é mais
estável do que as espécies em solução. São igualmente influenciadas, aquando da
imobilização, pelo microambiente podendo ter cinéticas consideravelmente diferentes
do que teriam em solução (o que não será uma vantagem em todos os casos). A
imobilização da enzima no sensor não é apenas dependente da natureza da molécula
biológica ou das características da interface do transdutor, devendo ser levado em
conta a eficiência do sinal de transdução e a dependência do analito. Por exemplo, se
o pH vai ser monitorizado, então a molécula deverá ser resistente ao microambiente
criado na zona imobilizada. Se, por outro lado, é utilizada apenas uma enzima redox e
o sinal a ser “traduzido” é a transferência de electrões, então, têm de estar
asseguradas as condições devidas para que se dê uma transferência eficaz entre a
enzima e o transdutor.
Figura 4: Esquema reaccional de uma enzima redox
Por vezes essa eficácia não é facilmente obtida recorrendo apenas ao simples
contacto entre a superfície do eléctrodo e a proteína redox, nesses casos recorre-se
ao uso de mediadores que promovem o transporte de electrões entre a enzima e o
eléctrodo. De uma forma genérica, o mediador deve ser um composto de baixo peso
molecular e com um par de electrões próximos do grupo prostético da enzima15.
Scheler et al.18, entre outros, classificaram os biossensores em três gerações de
acordo com o método de reconhecimento e tipo de imobilização da molécula. A
abordagem mais simples consiste em aprisionar a biomolécula de reconhecimento
entre o transdutor e uma membrana de diálise (primeira geração). A adsorção directa
ou fixação covalente da biomolécula de reconhecimento à superfície do transdutor
permite a eliminação de camadas inactivas. A ligação adicional do co-substrato,
através de ligações covalentes, é uma pré-condição das medições na ausência de
reagentes19, bem como o abandono do uso de O2 como mediador/dador electrónico
por dadores sintéticos como as quinonas, os viologénios ou o ferroceno20 (segunda
-Capítulo 1-
10
geração). A eliminação da dependência de O2 deve-se ao facto de a maioria das
enzimas oxidases não serem selectivas no respeitante ao agente oxidante permitindo
a sua substituição. Particularmente nos casos em que os biossensores recorrem a
técnicas electroquímicas, isto permite escolher um mediador adequado a gamas de
potencial nas quais não existam outros componentes da matriz a serem reduzidos ou
oxidados. Isto permitiu também o uso de enzimas desidrogenases e peroxidases que
não conseguem usar o O2.
Por fim temos os biossensores (de terceira geração) que se baseiam na co-
imobilização do biocomponente e do mediador directamente no meio electrónico,
transístor de efeito de campo (Field Effect Transistor – FET) que capta directamente e
amplifica as variações nas propriedades da superfície e processo o sinal electrónico.
Esta imobilização pode ser feita tanto por deposição directa, deposição num polímero
redox ou imobilização num polímero condutor. Isto permite maior numero de usos do
biossensor devido á natureza auto-contida do biossensor.20,21,22
Como foi referido anteriormente, vários mecanismos de transdução têm sido usados.
Na Tabela 2 resumem-se alguns dos mecanismos de transdução mais importantes:
Tabela 2: Principais sistemas de transdução usados em biossensores5
BIOSSENSORES
Principais sistemas de transdução usados em biossensores
Sistema de transdução Medida Electroquímico Amperometria (corrente a potencial constante)
Potenciometria (potencial a corrente zero)
Eléctrico Condutividade
Óptico Luminescência
Fluorescência
Índice de refracção
Térmico Calorimetria
Piezoeléctrico Massa - Microbalanças de quartzo cristalino
- Ondas acústicas de superfície
-Capítulo 1-
11
1.1.3 Detecção amperométrica Método de detecção em que a corrente é proporcional à concentração da espécie geradora
de corrente
de ”IUPAC Compendium of Chemical Terminology 2nd Edition (1997)”23
Nos métodos de detecção amperométrica é aplicado uma diferença de potencial ao
eléctrodo de trabalho, conseguindo-se assim que a espécie a ser determinada reaja e
uma corrente seja gerada. Se esse potencial tiver sido escolhido convenientemente, a
intensidade da corrente é directamente proporcional à concentração. Nos casos em
que se usa convecção constante, então obtém-se um sinal constante caso a
concentração de espécies electroactivas seja uniforme. O uso de microeléctrodos
permite, também, a obtenção de correntes de estado estacionário. No geral esta
técnica permite limites de detecção da ordem dos micromolar24.
O sistema fundamental de medida é constituído, tipicamente, por três eléctrodos. Um
eléctrodo de trabalho onde vai ocorrer a reacção que se quer seguir, um eléctrodo de
referência que regula o potencial aplicado no primeiro, e um contra-eléctrodo que
fornece a corrente ao primeiro. Na prática, para algumas aplicações, apenas os dois
primeiros eléctrodos serão suficientes. Naturalmente a escolha de potencial é
influenciada pela presença de ruído de fundo, possíveis interferentes (outras espécies
electroactivas) e pelos limites de detecção que seja necessário atingir.
1.1.3.1 Oxidorredutases como enzimas
Os biossensores que usam métodos de transdução electroquímicos, em particular os
métodos amperométricos, são de longe os mais frequentemente citados5. A maior
vantagem desta família de métodos reside na possibilidade de uso em meios
fortemente corados ou turvos, o que permite que por exemplo amostras de sangue
sejam analisadas sem tratamento prévio5,25. Para além disto existe uma vasta gama de
sistemas substrato-enzima que permitem modificar um ou outro componente redox
(como exemplo podemos citar os biossensores para a glucose26,27 , lactato28,29,
piruvato30, ureia31, l-alanina5, fenil-alanina5 e colesterol32).
Particularmente importante é o facto de as reacções das oxo-enzimas (tais como a
glucose oxidase) poderem ser seguidas através da monitorização tanto do consumo
-Capítulo 1-
12
de oxigénio como; sendo isto preferível, pela detecção do produto (peróxido de
hidrogénio) (Eq. 1 e Eq. 2). No caso de se utilizar um eléctrodo com uma oxo-enzima e
um eléctrodo de referência Ag/AgCl o sinal voltamétrico correspondente à presença de
H2O2 pode ser medido a +650 mV:
Substrato + O2 → Produto + H2O2 Eq. 1
H2O2 → O2+ 2H+ + 2e
Eq. 2
As enzimas desidroxigenases oferecem uma maior flexibilidade comparadas com as
outras famílias de biomoléculas usadas17 (coenzimas, anticorpos, células, tecido
biológico, etc.). No entanto, apesar de poderem ser utilizadas como agentes de
reconhecimento para biossensores, apresentam algumas dificuldades quanto à sua
aplicação.
O maior problema que se põe reside nos elevados potenciais de polarização
(+800mV contra Ag/AgCl) necessários à oxidação de NADH/ NAD+ par iónico usados
pelas desidrogenases e a correspondente degradação da superfície do eléctrodo
devida a reacções laterais de radicais gerados electroquimicamente.
Substrato + NAD+ ↔ Produto + NADH + H+ Eq. 3
Assim poucos eléctrodos enzimáticos baseados em desidrogenases têm sido
explorados o que não impede que algumas possibilidades promissoras surjam com o
aparecimento de novos reagentes capazes de acelerar o fluxo electrónico entre o co-
factor e o eléctrodo.
1.1.3.2 Selectividade e controlo da medida de metabolitos
Um dos maiores problemas de trabalhar com amostras clínicas, ainda que a
potenciais moderadamente oxidantes, é a presença de espécies redutoras como o
ascorbato e o ureato que, sendo eles próprios electroactivos, interferem quando se
-Capítulo 1-
13
usam as condições para a detecção do peróxido de hidrogénio (Eq. 2). Várias
estratégias têm sido desenvolvidas de modo a ultrapassar este problema. Assim, as
superfícies dos eléctrodos passaram a ser protegidas com membranas ultra-finas
directamente polimerizadas (electroquimicamente) na superfície destes (como por
exemplo o uso de polifenóis5). Esses filmes são formados pela oxidação de um
monómero fenólico na superfície do eléctrodo de modo a criar uma camada protectora
que confere tanto características de selectividade como de longevidade. Os filmes
polifenólicos reduzem a interferência tanto de ascorbatos como de ureato e
paracetamol em concentrações encontradas em amostras clínicas. Isto é conseguido
através da exclusão tanto por diferenciação de tamanho como de carga, permitindo o
acesso aos produtos do processo enzimático (normalmente peróxido de hidrogénio)
(ver Figura 5).
Figura 5 : Localização da enzima (E) num filme electro-polimerizado , indicando a rejeição do interferente (I) e a conversão do substrato (S) no produto electro-activo (P) 5.
Outras membranas como por exemplo as membranas de acetato de celulose,
poliuretano e policloreto de vinil são também usadas com vista a proteger os
eléctrodos de trabalho5 e reduzir o efeito de interferentes. Devido à estrutura da
superfície destes filmes é ainda possível aumentar a biocompatibilidade (importante
em dispositivos que têm de operar em amostras de sangue ou com grandes
quantidades de colóides.
Um ponto importante a referir é a contaminação por deposição de proteínas e células
na superfície do dispositivo. De modo a poder evitar a contaminação biológica foram
desenvolvidos modificadores de membrana que minimizam as interacções superficiais.
De referir, por exemplo, o uso de organosilanos para reduzir a coagulação superficial,
carbono vítreo para obter superfícies amorfas e surfactantes para conseguir fluidez
superficial.
-Capítulo 1-
14
1.1.3.3 Tipos de eléctrodos enzimáticos
As características de alguns eléctrodos enzimáticos amperométricos são
apresentadas na Tabela 3. Dos analitos incluídos, os mais importantes continuam a
ser a glucose e em menor grau o lactato. No entanto muitos dos sensores requerem
diluição da amostra (no caso de uso clínico) e carecem de melhorias tanto em termos
de tempo de vida, como no tocante ao uso em amostras de sangue de densidade
variável antes de poderem ser comercializados.
O aparecimento das técnicas de impressão de eléctrodos em painéis em que se faz
uso de tintas com carga metálica (metais em suspensão) para deposição de camadas
metálicas em suportes planos abriu o caminho à produção em massa de eléctrodos,
aumentando a precisão e reprodutibilidade durante a manufactura. Devido à variedade
de materiais de suporte disponível as possibilidades são muitas, desde plástico à
cerâmica. Os custos individuais dos eléctrodos são mantidos baixos recorrendo às já
referidas técnicas de impressão permitindo assim que o uso de sensores descartáveis
reduzindo ainda os problemas com contaminações.
-Capítulo 1-
15
Tabela 3: Características de alguns eléctrodos enzimáticos
BIOSSENSORES
Características de alguns eléctrodos enzimáticos
Analito Amostra Gama de linearidade
Limite de detecção
Tempo de vida em armazém
Tempo de resposta
Referência
Glucose Sangue 2µmol/L-3mmol/L
0.5µmol/L >3 meses T95 = 10s 26
Glucose In vivo - >3 meses 3-7 min 27
Lactato Sangue 0.4±0.15 mmol/L
- T95 = 80 s 28
Lactato Sangue - - T98 = 2min
29
Lactato Solução tamponada
0.2µmol/L >3 semanas T95 < 10 s 33
L-alanina Sangue - >1 mês < 5 min 30
L-fenilalanina
Soro 5µmol/L 1 mês 45-60 s 34
Piruvato Sangue - >1 mês <5min 30 Salicilato Tampão - >10 dias 40 s 35 Ureia Plasma 1.0µmol/L 2 semanas - 31
Creatinina Soro 30µmol/L >3 meses T95 = 1min
36
No caso dos sensores amperométricos, a superfície do eléctrodo de trabalho é muito
importante tornando-se necessária uma superfície fisicamente bem definida e
reprodutível. No entanto a introdução de enzimas nestes sensores complica o
processo ao adicionar um componente com falta de estabilidade. Para a resolução
deste problema surgiram várias aproximações, entre as quais se destaca a
imobilização numa matriz polimérica polielectrólitica de açúcares (polióis) que tem
vindo a mostrar-se particularmente vantajosa37. Nestes casos, o complexo enzima-
polielectrólito tendem a formar um arranjo em que a primeira é estabilizada numa
“gaiola electroestática” que suporta a conformação da enzima ao longo do tempo
-Capítulo 1-
16
(apesar de por vezes alterar a cinética do processo). Alguns trabalhos publicados
relatam a existência de eléctrodos enzimáticos com tempos de vida até 2 meses em
uso e de armazenamento a -18 ºC até 2 anos ou até um ano à temperatura
ambiente38.
1.1.3.3 Imunossensores amperométricos
Os sensores que empregam marcadores enzimáticos com detecção amperométrica
têm vindo a surgir para algumas classes de analitos orgânicos39,40 permitindo, em
alguns casos, determinar quantidades inferiores a 1x10-18mol.dm-3 41.
Outros sensores que despertaram as atenções são os sensores pré-carregados de
anticorpos para detecção electroquímica42,43 que permitem construir imunossensores
sensíveis a vários analitos44. Um dos maiores problemas de adaptar a adsorção de um
analito numa superfície de um sensor no caso de ensaios com duas fases, reside na
necessidade de lavagem que separe o marcador livre do fixo, o que introduz
complexidade no método analítico. Existindo, no entanto, alguns métodos que
dispensam esse passo45,46.
1.2 Enzimas
1.2.1 Generalidades Enzima n.-qualquer número de proteínas ou proteínas conjugadas produzidas por organismos vivos e, que funcionem como catalisadores bioquímicos. O termo enzima provem do grego zymosis, a palavra grega para fermentação, um processo realizado pelas leveduras e, à muito conhecido da indústria cervejeira que ocupou a atenção dos químicos do século XIX.47
As enzimas são, na sua maioria, proteínas globulares que apresentam elevada
actividade catalítica. Como todos os catalisadores, aumentam a velocidade de
determinadas reacções diminuindo a sua energia de activação através da ligação
temporária a um ou mais dos reagentes da reacção que catalisam. Ao fazê-lo verifica-
se o abaixamento na energia de activação necessário e assim aumenta a velocidade
da reacção.
-Capítulo 1-
17
Figura 6: Contraste de perfis energéticos de uma reacção exotérmica não catalisada – (verde) e
catalisada – (azul).
As enzimas são constituídas por aminoácidos que determinam a sua estrutura. A
sequência e organização desses aminoácidos resultam na sua estrutura
tridimensional, que, por sua vez é responsável pela especificidade e actividade da
enzima como catalisador. Este tipo de moléculas consiste, frequentemente, em várias
cadeias peptídicas ligadas numa estrutura quaternária (estrutura formada pela
interacção não covalente de duas ou mais macromoléculas, tal como a formada por
quatro moléculas de globina para formar a hemoglobina48), variando em tamanho
desde 10.000 até vários milhões de Daltons.
Para além de aminoácidos, muitas enzimas possuem grupos prostéticos, por
exemplo Flavina Adenina Dinucleótido (FAD). A actividade das enzimas é,
frequentemente, dependente da presença de um co-substrato (co-enzima), por
exemplo Nicotinamida Adenina Dinucleótido (NAD(H)), o qual se liga reversivelmente à
estrutura proteica aumentando a actividade enzimática. Outras podem ainda ter
ligados grupos Heme e iões metálicos (Ca2+ , Mg2+, etc.)16. as enzimas são
sintetizadas a nível celular em todos os organismos vivos estando envolvidas nas mais
variadas reacções relacionadas com o metabolismo. Frequentemente possuem
actividade a pH aproximadamente neutro, ao qual estão limitadas devido à sua
natureza proteica (noutras condições que não as ideais é comum dar-se a
desnaturação e perda de actividade), estão também limitadas a uma gama
temperaturas específica (geralmente correspondente às condições do ser vivo de onde
são originárias) não produzindo produtos secundários.
-Capítulo 1-
18
1.2.2 Especificidade enzimática e nomenclatura
Além da capacidade das enzimas de aumentarem substancialmente a velocidade de
uma reacção, estas possuem uma especificidade quer para com um substrato quer
para o tipo de reacção a ser catalisada. São também estéreo-selectivas e estéreo-
especificas o que faz com que sejam usadas com alguma frequência para aplicações
analíticas.
A IUPAC (International Union for Pure and Applied chemistry) e a IUBMB
(International Union of Biochemistry and Molecular Biology (antigo IUB)) adoptaram
regras para a classificação sistemática de enzimas tendo por base a especificidade da
sua actividade. De acordo com a 6ª revisão (1992) da nomenclatura enzimática
devemos considerar as seguintes classes:
1. Oxidorredutases
2. Transferases
3. Hidrolases
4. Liases
5. Isomerases
6. Ligases
Cada classe é depois subdividida em subclasses específicas do tipo de reacção. Por
exemplo especificando o dador de electrões de uma reacção redox ou o grupo
funcional transportado por uma transferase. Por sua vez cada subclasse é dividida em
sub-subclasses, no caso das oxidorredutases temos, por exemplo, os aceitadores
electrónicos. Cada enzima possui um número sistemático, pois, frequentemente, têm nomes
sistemáticos longos. Visto que as enzimas com diferentes origens biológicas, quase
sempre, diferem nas suas propriedades, a fonte, quando conhecida, é também
especificada. Por exemplo a Glucose Oxidase obtida a partir do Aspergillus niger tem
o número sistemático EC 1.1.3.449 e a nitrato redutase [NAD(P)H] EC 1.7.1.2 (1.6.6.2
em algumas publicações mais antigas).
-Capítulo 1-
19
1.2.3 A nitrato redutase
A nitrato redutase (NaR), que cataliza a reacção de NO3- a NO2
-, é produzida por
uma grande variedade de plantas, animais e microorganismos incluindo fungos. Está
ligada a duas vias metabólicas importantes: a assimilação e absorção de NO3- com
propósitos biossintéticos, e a utilização deste anião como oxidante na cadeia
respiratória em condições anaeróbias. A reacção global que a NaR catalisa é:
NO3- +NAD(P)H + H+ → NO2
- + H2O +NAD(P)+ Eq. 4
A enzima é um homo-dímero composto de duas subunidades idênticas de cerca de
100kDa, contendo cada uma dessas subunidades três co-factores, flavina adenina
dinucleótido (FAD -local onde se dá a oxidação do NAD(P)H ), um grupo Heme (heme-
Fe) e Mo-molibdenopterina (Mo-MPT local onde se dá a redução do nitrato) na razão
1:1:150. Cada co-factor constitui um elemento estrutural autónomo, e, mesmo que
isolado, retém a sua actividade parcial. Assim o co-factor Mo-MPT é o responsável
pela redução do nitrato sendo também activo na presença de dadores de electrões
sintéticos1.
Todas as sequências conhecidas de NR contêm um resíduo de cisteína (cys)
localizado no citocromo-b da enzima, não sendo no entanto essencial ao
funcionamento da enzima, tanto na ligação com NADH como na actividade
NADH:NaR, mas essencial para a transferência electrónica de alta eficiência entre
NAD(P)H e FAD. Foi também determinada a existência de outros resíduos Cys
presentes na maioria das enzimas NaR que estão envolvidos na ligação do grupo Mo-
MPT e na junção das subunidades enzimáticas. A presença destes vários resíduos de
Cys na enzima tornam-na altamente susceptível a sofrer inibição da parte de metais
pesados, pois muitos destes metais, tais como Cu e Pb, têm grande afinidade com os
grupos tiol das cadeias laterais da Cys.
-Capítulo 1-
20
Figura 7 : NADH-nitrato redutase (do milho) complexo com FAD e ADP 51
A enzima produzida pelo Aspergillus niger é uma forma bi-específica à NAD(P)H de
NaR assimilatória (NR (EC 1.7.1.2)52 (1.oxido-redutase; 1.7.usa outros compostos
nitrogenados como dadores; 1.7.1. com NAD+ ou NADP+ como aceitador; 1.7.1.2
Nitrato redutase[NAD(P)H] ).
Devido à sua reacção particular a sua actividade pode ser facilmente determinada
por um ensaio colorimétrico que é amplamente utilizada (tendo devido a essa relativa
abundância de bibliografia sido seleccionada para este trabalho). Esta nitrato redutase
apresenta um valor de KM (constante de Michaelis-Menten) de aprox. 199µmol/L em
tampão fosfato, pH 7,5 contendo 100µmol/L NAD(P)H e 2,5 µmol/L de FAD a 25Cº
As propriedades gerais destas enzimas estão mais detalhadamente referidas na
bibliografia53.
-Capítulo 1-
21
1.2.4 Cinética enzimática
O conceito de complexo enzima-substrato (denominado por ES) é fundamental para a
compreensão das reacções enzimáticas, tendo este sido introduzido em 1913 por
Michaelis e Menten54. A formação do complexo e a posterior separação deste podem
ser resumidas pela equação:
PEESSE +↔↔+3
4
1
2
k
k
k
k
Eq. 5 A constante de dissociação do equilíbrio envolvendo o complexo ES é conhecida pela
constante de Michaelis-Menten, KM, em que:
41
32
kkkkKM +
+=
Eq. 6 Todavia, o passo E + P ES é tão lento que pode ser negligenciado, assim,
para o estado estacionário temos que:
[ ] [ ] [ ]( ) [ ] [ ] 0231 =−−−= ESkESkESEkdtESd
Eq. 7 verifica-se então que:
[ ] [ ]( ) [ ]
[ ] MKES
SESEk
kk=
×−=
+
1
32
Eq. 8
rearranjando esta última expressão, vem que:
[ ] [ ] [ ][ ]ES
SESKM×
=+
Eq. 9
Por definição, a velocidade de formação de produto é proporcional à concentração do
complexo ES.
-Capítulo 1-
22
[ ]ESkv 3=
Eq. 10
O que substituindo na Eq. 9, dá:
[ ] [ ]
[ ]SKSEkv
M +×
= 3
Eq. 11
Para a condição em que [S] >> KM , atinge-se a velocidade máxima, Vmax . Em que:
[ ]EkV 3max =
Eq. 12
O que substituindo na Eq. 11, dá:
[ ][ ]SKSV
vM +×
= max
Eq. 13
Esta equação é conhecida como a equação de Michaelis-Menten. Através dela é
possível obter o valor de KM e a velocidade máxima, se utilizarmos concentrações de
substrato suficientemente elevadas. Verifica-se que para Vmax/2 o valor de KM é
numericamente igual à concentração de substrato correspondente.
A actividade catalítica é afectada por vários factores, como:
presença de inibidores;
pH;
temperatura;
Estes factores podem aumentar, diminuir ou até mesmo suprimir a velocidade da
reacção catalítica. Uma alteração destes parâmetros conduz a uma não-linearidade da
equação de Michaelis-Menten. Surge então uma variante que acrescenta um factor de
correcção à equação, denominada de representação de Hill55, descrita pela Eq. 14:
-Capítulo 1-
23
[ ]
α
+
=
SK
Vvapp
M1
max
Eq. 14
Em que α representa um desvio do comportamento ideal da equação de Michaelis-
Menten, esta assim passa a ser representada por KMapp, v é a velocidade da reacção
enzimática, Vmax é a velocidade máxima da reacção para uma determinada
concentração de enzima, em que a enzima se encontra saturada com substrato.
1.2.5 Co-factores enzimáticos
Análises rigorosas da estrutura de várias enzimas demonstraram que muitas delas
não são constituídas apenas por cadeias de aminoácidos. Para além da estrutura
proteica encontram-se, como referido acima, iões metálicos e/ou moléculas orgânicas
de natureza não proteica de baixo peso molecular.
Para exibirem actividade muitas enzimas requerem a presença de um ou mais
destes co-factores Estes constituintes não proteicos são assim denominados co-
factores. Assim temos que os co-factores se dividem em duas categorias:
1. Grupos prostéticos
2. Cosubstratos
A diferença entre eles reside na ligação do grupo à enzima. No primeiro caso os
grupos prostéticos estão fortemente ligados à enzima mantendo-se assim durante a
catálise, contrariamente, um co-substrato liga-se apenas de um modo temporário e
fraco à enzima sendo necessário para as reacções que existam em quantidades
estequiométricas.
Um exemplo de grupo prostético é a FAD presente em várias enzimas estando
envolvido em reacções de transferência de electrões. Quanto a co-factores temos, por
exemplo, o NADH do qual a nitrato redutase está dependente.
Os iões metálicos são também co-factores muito importantes para muitas enzimas,
podendo contribuir para a estabilização conformacional desta ou terem uma
participação na ligação ao substrato participando nas reacções de catálise como
ácidos de Lewis ou dadores electrónicos
-Capítulo 1-
24
Os grupos prostéticos podem estar localizados à superfície ou no interior da
estrutura da enzima. No último caso, a carga “aprisionada” não é facilmente transferida
para o eléctrodo pois a transferência electrónica decai exponencialmente com a
distância. Assim torna-se improvável conseguir transferir electrões do centro activo de
uma grande enzima se este for muito “blindado”. A dificuldade da transferência de
electrões para o ou do centro activo coloca um problema grave à aplicação de
enzimas no desenvolvimento de biossensores. Para o resolver recorre-se a
mediadores (por exemplo o ferroceno) que são capazes de aceder ao centro activo e
são, frequentemente, usados para assistir na transdução da actividade enzimática
numa resposta amperométrica mensurável.
1.2.6 Efeitos da temperatura, pH e força iónica
As enzimas são moléculas anfotéricas que contêm um elevado número de grupos
ácido e básicos à superfície. As cargas destes grupos variam, de acordo com as suas
constantes de acidez, e consequentemente com o pH do meio. Isto vai afectar a carga
total e a sua distribuição na superfície das enzimas tal como os seus grupos com
actividade catalítica. Assim as mudanças de pH podem afectar a actividade,
estabilidade estrutural (provocar desnaturação) e solubilidade da enzima.
Cada enzima possui um pH característico no qual a carga total na molécula é zero.
Este é o chamado ponto isoeléctrico no qual a solubilidade da enzima em solução
aquosa é mínima. De um modo semelhante o pH da solução também vai afectar o
substrato, os produtos e os co-substratos (quando presentes). O aumento da
concentração de H+ vai, adicionalmente, aumentar a competição dos iões hidrogénio
pelas ligações de qualquer metal catiónico presente na enzima reduzindo a
concentração de metal ligado. Diminuir a concentração de H+ pode, por sua vez,
aumentar a concentração de ião hidróxido que compete com os ligandos da enzima
pelos catiões di e trivalentes formando hidróxidos e, a pH’s elevados acaba por causar
a sua remoção da enzima.
A temperatura é também um parâmetro com um efeito marcante, dependendo do
seu efeito sobre as entalpias de ionização dos grupos em questão. A relação entre a
mudança de pKa e a mudança de temperatura é dada pela seguinte equação derivada
da equação de Gibbs-Helmholtz que relaciona a mudança de pKa e a temperatura:
-Capítulo 1-
25
Eq. 15
Em que T é a temperatura absoluta em Kelvin, R a constante dos gases (8.314
J.mole-1.K-1), ∆H é entalpia de ionização e a constante numérica (2.303) é o logaritmo
neperiano de 10 (pois os valores de pKa são baseados em logaritmos de base 10).
Variando a temperatura 50 ºC consegue-se deslocar o ponto isoeléctrico até uma
unidade na direcção de pH’s mais baixos. Assim o pH ao afectar a enzima vai também
afectar o valor de Vmax e KM (ao afectar as constantes de equilíbrio). O efeito do pH na
actividade de uma enzima pode (na generalidade dos casos) ser descrito por56:
221 aa
óptimopKpKpH +
=
Eq. 16
Assim, apesar de a Eq. 16 ser bastante simplificada e ignorar os efeito da ionização
tanto do substrato como do(s) produto(s) e co-substrato, produz uma variação de Vmax
com o pH, tipicamente, com a forma de uma curva sinusoidal sendo um modelo para
enzimas em que se assume que só um dos estados carregados apresenta actividade
(neste caso EH-).
-Capítulo 1-
26
Figura 8: Esquema geral (normalmente aplicável) da variação de Vmax de uma reacção catalisada
por uma enzima com o pH da solução56.
O centro (pH óptimo) e largura desta curva dependem fortemente das constantes de
dissociação dos grupos principais da enzima. Variações de pH de duas a três
unidades em qualquer uma das direcções a partir do ponto isoeléctrico são,
essencialmente, reversíveis, mais do que isso verifica-se a desnaturação da enzima.
A força iónica é outro parâmetro bastante importante ao lidar com enzimas. O que é
particularmente notório porque a catálise depende do movimento de moléculas
carregadas. Tanto a ligação de substratos carregados às enzimas como o movimento
de grupos carregados no centro activo vão ser influenciados pela composição iónica
do meio. No caso de reacções em que a constante reaccional depende da
aproximação de cargas pode-se aplicar a seguinte relação entre a força iónica e a
constante da reacção57:
Eq. 17
Em que K é a constante efectiva, K0 é a constante da reacção para uma força iónica
de zero, za e zb são as cargas electroestáticas das espécies em causa, e I a força
iónica da solução. Quando as cargas za e zb são de sinal idêntico verifica-se um
aumento na constante efectiva, no caso contrário verifica-se uma diminuição. Mesmo
-Capítulo 1-
27
no caso de relações mais complexas entre as constantes e a força iónica é claramente
importante controlar a força iónica das soluções em paralelo com o pH.
A temperatura além dos efeitos já referidos influi nas constantes reaccionais de
todas as reacções, incluindo as de catálise enzimática. Em geral verifica-se um
aumento com a temperatura de acordo com a equação de Ahrrenius: RTGAek /*∆−=
Eq. 18
Em que k é a constante de velocidade da reacção, A a constante de Ahrrenius, ∆G*
é a energia de activação padrão (KJ.mol-1), R a constante dos gases e T a temperatura
absoluta. Para energias de activação típicas (15 - 70 kJ.mol-1) observam-se aumentos
na constante cinética da ordem de 1,2 a 2,5x por cada 10ºC de aumento de
temperatura. Em geral seria óptimo poder usar as enzimas a temperaturas elevadas
mas, nesse caso, surge o problema da desnaturação (alteração conformacional que
resulta na perda de actividade biológica). O processo de desnaturação tem energias
de activação da ordem dos 200 - 300 kJ.mol-1 o que corresponde a factores de
aumento na constante reaccional de 6 a 36x por cada 10ºC o que torna a perda de
actividade muito rápida limitando assim os incrementos de temperatura possíveis.
Figura 9 : Diagrama esquemático mostrando o efeito da temperatura na actividade de uma enzima catalisadora de uma reacção.
De um modo geral a desnaturação das enzimas deve-se principalmente às suas
interacções proteicas com o ambiente aquoso. Como regra, as enzimas são mais
-Capítulo 1-
28
estáveis em solução concentrada e no estado desidratado, podendo manter a
actividade por longos períodos de tempo mesmo a temperaturas superiores a 100ºC57.
1.2.7 Processos de imobilização de moléculas
As enzimas em solução são normalmente utilizadas uma única vez. A utilização
repetida, imposta pelos biossensores, conduziu à procura de metodologias que
favoreçam uma reutilização da enzima. Factores como a natureza da reacção
enzimática, das espécies a determinar, do tipo de transdutor utilizado, ou das
condições de funcionamento do biossensor, conduzem à diversificação das técnicas
de imobilização. A Figura 10 apresenta um organograma que faz uma síntese das
metodologias mais utilizadas58.
Figura 10: Organograma das técnicas de imobilização de enzimas mais utilizadas
De uma forma esquemática, as diferentes formas de imobilização de enzimas,
encontram-se representadas na Figura 11:
Enzimas
Imobilizadas Livres
Ligação Aprisionadas “Crosslinking”
Covalente Adsorção Matriz Encapsuladas
-Capítulo 1-
29
Figura 11: esquema representativo dos quatro principais métodos de imobilização enzimática. (a)
adsorção, (b) ligação covalente, (c) Matriz (aprisionamento) (d) encapsulação57 .
O objectivo de qualquer metodologia de imobilização é reter a máxima actividade da
biomolécula na superfície do transdutor. Contudo, existem três parâmetros que
condicionam ou melhoram a imobilização: a cinética da reacção, o pH e temperatura.
Normalmente os processos de imobilização conduzem a uma diminuição da
velocidade da reacção, o que conduz à necessidade de maiores concentrações de
substrato para atingir o mesmo nível de resposta. A mesma situação é verificada
quando se utilizam agentes funcionais, reflectindo-se na diminuição ou aumento da
KMapp, consoante a afinidade do substrato para com a matriz. A influência do pH
traduz-se no deslocamento do pH óptimo da enzima para a região alcalina em grupos
carregados negativamente, enquanto que grupos carregados positivamente induzem
valores de pH mais baixos. Quanto à temperatura, enzimas aprisionadas e ligadas a
grupos funcionais são, normalmente, termicamente mais estáveis.
-Capítulo 1-
30
Analisando os factores que influenciam as biomoléculas, como as condições do meio
ou o procedimento de imobilização, é possível definir a técnica que possui as
condições mais adequadas ao sistema em estudo. As técnicas de imobilização de
maior utilização são as de ligação covalente e adsorção. A adsorção física da
biomolécula baseia-se na formação de forças atractivas de Van der Waals entre as
biomoléculas e o eléctrodo. Este método, não exige qualquer modificação química e
possui a vantagem da simplicidade, requerendo apenas uma solução contendo a
enzima a utilizar. Todavia, facilmente poderá ocorrer uma perda da enzima adsorvida
se ocorrem alterações do meio durante as medições como, por exemplo, variações de
pH, força iónica ou temperatura59. Relativamente à ligação covalente, esta técnica
baseia-se na reacção entre grupos funcionais terminais da enzima, não essenciais à
actividade catalítica, e grupos reactivos da superfície. Embora esta técnica possua a
vantagem de dificilmente a enzima se desprender da matriz de suporte, durante a
utilização, a eficiência relativa da ligação de uma quantidade de enzima no estado
imobilizado deve ser sempre comparada com a actividade de uma quantidade idêntica
de enzima em solução. Vários métodos são apontados para a formação da ligação
covalente, por exemplo a formação de ligações via grupos acilo, diazónio e tióis60.
A técnica de aprisionamento é mais utilizada em enzimas de elevada massa
molecular, sendo estas são aprisionadas, por exemplo em géis em contacto directo
com a superfície de um eléctrodo selectivo de iões (ESI). Usualmente esta camada é
separada da solução teste por uma membrana semipermeável, de forma a retardar a
lixiviação da enzima. Todavia, para enzimas de baixo peso molecular o
comportamento não se encontra próximo do desejado. Ogawa e colaboradores
descrevem, por exemplo, no seu trabalho o aprisionamento da urease em um novo
sistema de microgéis61 e a co-imobilização de duas enzimas (gluconolactonase e
glucose oxidase) para a melhoria da cinética do processo enzimático de géis de
polielectrólitos62.
Assim esta técnica é também apropriada para processos que envolvam substratos e
produtos de baixo peso molecular apresentando problemas óbvios para substratos e
produtos de maiores pesos moleculares. Quantidades até 1g de enzima por grama de
gel ou fibra podem ser aprisionadas. Este processo pode ser puramente físico ou
envolver ligações covalentes.
A técnica de “crosslinking” baseia-se na imobilização como resultado da reacção da
enzima com um agente bifuncional em que se forma uma ligação covalente63. Os
-Capítulo 1-
31
reagentes que permitem o uso desta técnica contêm grupos reactivos terminais
específicos para os grupos funcionais (por exemplo aminas) que se encontram nas
outras moléculas a imobilizar. A escolha do agente de “crosslinking” é feita, assim, de
acordo com os grupos funcionais presentes na enzima sendo, no entanto, a escolha
final feita de uma maneira empírica. Para a maioria das aplicações é necessário
manter a estrutura original da proteína, por isso o “crosslinking” é feito em condições
pouco agressivas tanto de pH como de tampões. É também importante obter um grau
de conjugação entre o agente de “crosslinking” e a proteína pois nalguns casos
(incluindo enzimas em particular) é conveniente que não seja muito elevado de modo
a permitir a manutenção da actividade biológica do fixado. A metodologia mais
utilizada na aplicação é o mergulhar da superfície de suporte (por exemplo um
eléctrodo) numa solução activa contendo a enzima e o agente bifuncional (p. ex.
glutaraldeído, carbodiimida, etc.) de forma a cobrir toda a superfície, esperar que se
forme uma película (períodos que variam entre poucos minutos e várias horas
dependendo do agente) seguindo-se períodos de lavagem e secagem da superfície
tratada. Tabela 4: Tabela comparativa das diferentes técnicas de imobilização de enzimas57.
Enzimas
Características de alguns métodos de imobilização de enzimas
Características Adsorção Ligação covalente
Aprisionamento Encapsulação
Preparação Simples Difícil Difícil Simples Custo Baixo Alto Moderado Alto Estabilidade da ligação
Variável Forte Fraco Forte
Perdas de enzima
Sim Não Sim Não
Aplicabilidade Elevada Selectiva Elevada Muito Elevada Problemas de Operação
Altos Poucos Altos Poucos
Efeito de Matriz
Sim Sim Sim Não
Barreiras de difusão
Não Não Sim Sim
Protecção microbiana
Não Não Sim Sim
-Capítulo 1-
32
1.3 ITIES – Interfaces Entre Duas Soluções Electrolíticas Imiscíveis
Uma interface entre duas soluções de electrólitos imiscíveis (ITIES - Interface
between Two Immiscible Electrolyte Solutions) é formada entre dois solventes com
uma solubilidade mútua baixa, contendo cada um deles um electrólito. Um desses
solventes é, normalmente a água, e o outro um solvente orgânico pouco polar com
uma permitividade dieléctrica moderada ou alta tal como o nitrobenzeno ou o 1,2-
dicloroetano (DCE), o que permite, pelo menos, a dissociação parcial do electrólito em
iões. A electroquímica das ITIES é uma temática que tem suscitado elevado interesse
devido ao seu elevado número de aplicações incluindo as suas aplicações
biomiméticas. Apesar de serem estudadas há já algum tempo, só num passado
recente o estudo electroquímico das duplas camadas nas interfaces líquido-líquido e
líquido-gel se traduziram em algumas aplicações64,65,66,67,68, em grande parte devido às
dificuldades experimentais no manuseamento destas interfaces. A investigação
desenvolvida actualmente nesta temática visa a compreensão dos mecanismos de
transferência de carga nas microinterfaces líquido-líquido e líquido-gel, juntamente
com a procura de aplicações práticas das ITIES, temática esta subjacente a este
trabalho.
1.3.1 Evolução
A primeira referência ao estudo electroquímico das interfaces líquido-líquido reporta
a 1902, no trabalho desenvolvido por Nernst e Riesenfeld69, em que são descritos os
fenómenos de difusão e de migração na passagem de uma intensidade de corrente
constante através de uma interface líquido-líquido. Surge, posteriormente, em 1939 o
primeiro modelo para a estrutura na interface formada entre dois líquidos imiscíveis,
através do estudo realizado a diferentes sistemas por Verwey e Niessen70. Estes
sugeriram que a dupla camada era constituída por duas camadas de difusão paralelas,
mas só uns anos mais tarde, em 1968, com o trabalho desenvolvido por Gavach e
colaboradores71, em interfaces polarizáveis, é que se clarificaram alguns aspectos dos
fenómenos de transporte de massa nas interfaces líquido-líquido.
Mas a grande revolução, em termos electroquímicos, surge em 1976 com o trabalho
realizado por Koryta e colaboradores72 em que estes demonstraram a possibilidade de
-Capítulo 1-
33
utilização das ITIES como modelos simplificados de membranas biológicas, abrindo
assim a porta para inúmeras aplicações. Esta possibilidade já tinha sido abordada em
1848 por Du Bois-Reymond73, em que este sugere que as superfícies de sistemas
biológicos teriam propriedades semelhantes às de um eléctrodo de uma célula
galvânica. Recentemente, Volkov74 no seu livro refere a utilização da transferência
iónica nas ITIES como base ou modelo de vários sistemas importantes como as
biomembranas, os industriais e os analíticos.
1.3.2 Aplicações analíticas das ITIES
Samec et al75, em 1977 introduziram a utilização do potenciostato de quatro
eléctrodos com compensação óhmica no estudo das ITIES. Este trabalho conduziu à
aplicação de várias técnicas electroquímicas, entre as quais, a voltametria
cíclica76,77,78, a cronoamperometria79, a espectroscopia de impedância electroquímica80
e a voltametria diferencial de impulsos, sendo esta utilizada na determinação do catião
acetilcolínio, no primeiro artigo de utilização das ITIES com fins analíticos, publicado
em 1981 por Mareček et al64,81.
O primeiro trabalho que descreve uma aplicação das ITIES em biossensores foi
relatado por Osakai et al82 e mostra o desenvolvimento de um biossensor baseado na
detecção do catião amónio proveniente da decomposição da ureia. A transferência
assistida deste catião através das ITIES origina um sinal amperométrico, proporcional
à concentração de ureia (1 a 2000 µM).
A utilização das ITIES em estudos analíticos encerra ainda alguns problemas,
essencialmente devido à dificuldade experimental no manuseamento da interface
líquido-líquido e a outras limitações, como:
Natureza tóxica dos solventes orgânicos;
Queda óhmica elevada;
Instabilidade da interface;
Estas dificuldades experimentais na preparação das células electroquímicas
traduzem-se, sobretudo, na falta de reprodutibilidade das áreas interfaciais e com a
elevada resistência observada no sistema electroquímico.
-Capítulo 1-
34
Uma das formas de minimizar alguns destes problemas é o da utilização de
microeléctrodos83,84
1.3.3 Polarizabilidade das ITIES
Quando uma diferença de potencial é aplicada através de uma interface líquido-
líquido, é possível distinguir dois comportamentos distintos das interfaces
electrificadas: as interfaces idealmente polarizáveis e as interfaces idealmente não
polarizáveis. A diferença reside na aplicação de uma grande diferença de potencial
gerar uma pequena corrente através da interface, nas interfaces polarizáveis,
enquanto que nas idealmente não polarizáveis, uma corrente elevada pode ser obtida
pela aplicação de uma pequena diferença de potencial. Esta polarizabilidade das
ITIES está directamente relacionada com a energia de Gibbs de transferência dos sais
electrolíticos85.
Para o caso em que um sal hidrofílico é dissolvido na fase aquosa e um sal
hidrofóbico na fase orgânica (casos em que se verifica que a concentração dos
respectivos sais nas fases opostas é negligenciável comparativamente à concentração
do sal da respectiva fase), considera-se a interface como idealmente polarizável.
Nesta situação é possível polarizar a interface através de uma fonte de potencial
exterior, sem modificar quimicamente a composição química das fases adjacentes.
Assim, é possível estabelecer a denominada “janela de potencial”, possibilitando a
polarização da interface para um ponto em que a diferença de potencial galvânica
aplicada é suficiente para a transferência do ião através da interface.
. A amplitude da janela de potencial é então determinada pela natureza dos iões dos
electrólitos de suporte. A Figura 12 representa um voltamograma cíclico típico de um
interface líquido/líquido, onde se esquematizam os vários processos que podem
ocorrer nessa interface por aplicação de uma diferença de potencial, nomeadamente
os processos de transferência iónica que ocorrem nos limites da janela de potencial.
-Capítulo 1-
35
Figura 12:Esquema do processo interfacial dentro da janela de potencial 85
1.4 Tensão superficial e ângulos de contacto
A caracterização das propriedades de superfície é muito importante particularmente
em termos industriais. A medição de ângulos de contacto e a tensão superficial
fornece uma melhor compreensão das interacções entre sólidos e líquidos ou entre
líquidos. Estes parâmetros proporcionam informações necessárias para o
desenvolvimento e modificação de materiais com os fins mais variados.
As moléculas no interior de um sólido ou líquido são afectadas em todas as
direcções por forças de atracção iguais, pelo contrário as moléculas que se encontram
na superfície dos mesmos não estão numa situação de equilíbrio de forças se
considerarmos apenas o sólido ou líquido em questão. Estas não possuindo moléculas
na vizinhança excepto as da fase gasosa, são por isso sujeitas a maiores forças
atractivas na direcção do sólido ou líquido do que do ar. A Figura 13 apresenta um
esquema que ilustra as forças às quais as moléculas de um sólido ou líquido estão
sujeitas. Nesta figura é possível observar a “ausência” de forças de atracção externa
-Capítulo 1-
36
sofrida pelas moléculas exteriores bem como as forças superiores que têm com o
resto do sólido ou líquido.
Figura 13: Esquema do equilíbrio de forças numa interface líquido /gasoso86
Devido ao desequilíbrio das forças na interface a estrutura e composição desta não
será a mesma do interior do sólido ou líquido em questão. As interacções em
superfícies e interfaces resultam, deste modo, numa orientação particular das
moléculas podendo-se verificar a acumulação de alguns tipos de moléculas na
interface e separação de cargas positivas e negativas. Isto leva a que,
frequentemente, as características internas sejam completamente diferentes das da
interface. Assim a análise de tensão superficial combinada com a de ângulos de
contacto fornece informação acerca da camada externa de uma superfície de um
modo relativamente simples. Existe uma gama variada de instrumentos dedicados à
caracterização de superfícies, entre eles a espectroscopia de raios X, a espectrometria
de massa secundária, difracção de raios X, espectroscopia Raman e espectroscopia
de infra vermelho. No entanto, todas estas técnicas penetram em alguma extensão na
superfície enquanto que a tensiometria e a goniometria proporcionam acesso apenas
à camada mais externa de uma superfície. Em termos de custo as primeiras têm
custos na ordem das centenas de milhares de euros enquanto que as últimas podem
ser obtidas por “apenas” algumas dezenas de milhar. Claro que a informação obtida
por estas técnicas não é tão completa nem exacta como a proporcionada pelas
-Capítulo 1-
37
técnicas mais dispendiosas, mas são técnicas rápidas, simples e razoavelmente
precisas úteis para verificações rápidas.
O ângulo de contacto, θ; é uma medida quantitativa da “molhagem” de um sólido por
um líquido. É definido geometricamente como o ângulo formado por um líquido na
zona em que sólido, líquido e gás coexistem como se vê abaixo:
Figura 14: Esquema ilustrativo das diferentes formas de gotas87
Para valores de θ baixos os líquidos espalham-se pela superfície, valores mais
elevados indicam que o líquido não se espalha, formando gotas. Se θ for menor que
90º diz-se que o líquido molha o sólido, se for maior diz-se que o líquido não molha.
Um ângulo de contacto de 0º significa que o líquido molha o sólido totalmente. Para a
obtenção deste valor θ não se devem considerar apenas ângulos estáticos (ângulos
obtidos com a gota estática não permitindo evaporação). Para cada interacção
sólido/líquido existe uma gama de diferentes ângulos dependentes da história recente
dessa interface87. Quando uma gota se expandiu recentemente o ângulo diz-se
avançado, quando pelo contrário sofreu uma contracção o ângulo diz-se recuado.
Estes ângulos definem a gama de ângulos para cada interacção sendo o ângulo
avançado próximo do valor mínimo e, o ângulo recuado próximo do valor máximo. É
também possível medir esses ângulos com o ponto de fronteira (sólido/líquido/gás) em
movimento sendo nesse caso designados por ângulos em avanço ou em recuo
podendo ser obtidos a várias velocidades87.
Estes ângulos podem também ser considerados de um ponto de vista
termodinâmico. Assim esta análise envolve as energias livres das interfaces entre as
três fases dado pela equação de Young88:
-Capítulo 1-
38
slsvlv γγθγ −=cos
Eq. 19
onde γlv , γsv e γsl se referem as energias interfaciais dos interfaces líquido/vapor,
sólido/vapor e sólido/líquido.
Existem dois métodos comummente usados para medir ângulos de contacto em
sólidos não porosos, a goniometria e a tensiometria. A primeira envolve a observação
de uma gota séssil de um líquido de teste num substrato sólido, a segunda envolve a
medição de forças de interacção quando o sólido é posto em contacto com o líquido.
Visto que apenas a primeira técnica foi utilizada será a única a ser descrita.
1.4.1 A goniometria
A análise da forma de uma gota de um líquido de teste sobre um sólido é, como já
foi referido, a base da goniometria ( do grego gonio metron - medição de ângulos)87,89.
Os elementos básicos de um goniómetro para medições de gota séssil incluem a fonte
luminosa, o suporte da amostra, a lente e um aparelho de aquisição de imagem. O
ângulo de contacto é medido directamente medindo o ângulo formado entre o sólido e
a tangente à superfície da gota.
A produção de gotas com ângulos avançados e recuados envolve uma de duas
estratégias: os ângulos recuados podem ser produzidos simplesmente permitindo a
evaporação do líquido ou retirando uma porção do líquido, os ângulos avançados
podem ser medidos ao acrescentar líquido ou, alternativamente, os ângulos, tanto
recuados como avançados, podem ser obtidos inclinando o suporte da amostra até
produzir movimento no líquido e utilizando velocidades de captura de imagem
elevadas87,90.
A goniometria pode ser usada em situações bastante variadas. É possível usar uma
grande variedade de substratos sólidos desde que estes tenham uma zona
relativamente plana que permita o teste e possa ser colocada no suporte. Permite
analisar substratos com curvatura regular (tais como lentes de contacto). O teste pode
ser feito usando quantidades muito pequenas de líquido, permitindo também testar
líquidos a alta temperatura (como plástico fundido)
-Capítulo 1-
39
Atribuir uma linha tangente à gota de modo a definir o ângulo de contacto é um
factor que limita a reprodutibilidade dos ângulos. A goniometria convencional baseia-
se na consistência do operador nessa atribuição o que pode levar a erros
significativos, especialmente entre diferentes utilizadores (a análise por computador
pode ser uma forma de diminuir este factor). As condições utilizadas na obtenção de
ângulos recuados e avançados são, por vezes, difícil de reproduzir. Embora gotas em
movimento possam fornecer os ângulos de contacto dinâmicos, a velocidade não pode
ser controlada. A superfície analisada em cada ensaio é limitada e pode obrigar à
realização de grande número de ensaios (como se verificou no nosso caso).
1.4.2 Medição dos ângulos de contacto
Verifica-se que o ângulo θ teórico nem sempre corresponde aos valores obtidos
experimentalmente, sendo que este e a tensão superficial da interface líquido vapor,
γlv, são as únicas quantidades mensuráveis. De modo a determinar γsv e γsl, torna-se
necessário procurar outras relações entre estas quantidades88.
No entanto, no presente caso, o ângulo de contacto foi utilizado como um parâmetro
característico de cada superfície. É de notar que, para que o ângulo de contacto
observado possa ser considerado, é necessário que a superfície seja absolutamente
lisa, pois qualquer superfície rugosa automaticamente invalida o seu uso. No entanto
não existe nenhum critério que defina quando é que o ângulo experimental deixa de
ser uma boa aproximação.
1.5 Constantes dieléctricas e de relaxação dieléctrica
Os dieléctricos (ou isoladores) são materiais em que não existem cargas livres que
se possam movimentar com facilidade. Na presença de um campo eléctrico externo,
este é atenuado pelo dieléctrico. Surge então um parâmetro denominado de constante
dieléctrica relativa, ε que indica quantas vezes mais fraco é o campo eléctrico de um
material, comparativamente ao vácuo, determinado pela relação91:
-Capítulo 1-
40
material
vácuor E
E∆∆
=ε
Eq. 20
Esta atenuação do campo eléctrico deve-se à polarização induzida no material. Em
sólidos ou líquidos pouco polares, as moléculas têm uma orientação aleatória,
designada por movimento estocástico ou browniano. A ordem obtida com a aplicação
de um campo eléctrico nunca é perfeita, mas mesmo assim a matéria fica polarizada.
Num condensador com um dieléctrico, o campo eléctrico no seu interior fica ε vezes
mais fraco, sendo a diferença de potencial entre as placas ε vezes menor. Portanto
quanto maior ε, maior será a capacidade do condensador. Assim é possível obter uma
relação entre a capacidade de um condensador plano e a constante dieléctrica
relativa:
vrCC ε=
Eq. 21
em que Cv é a capacidade utilizando o vazio como dieléctrico e εr a constante
dieléctrica relativa do meio em estudo.
Contudo, esta relação linear é válida apenas quando estamos na presença de um
dieléctrico ideal. Normalmente existem perdas dieléctricas por condução e assim a
constante dieléctrica relativa é um número complexo dado por:
( ) ( ) ( )ωεωεωε ''' j−=
Eq. 22
em que a parte imaginária (ε’’) representa as perdas relativas do meio. Calculando a
corrente total no circuito (I=Icond+I0), em que Icond representa a corrente de condução e
I0 a corrente do dieléctrico ideal, obtém-se:
-Capítulo 1-
41
vCC
='ε
Eq. 23
vcCRωε 1'' =
Eq. 24
em que ω é a frequência e Rc a resistência de condução. Este resultado mostra que
estas perdas são muito mais significativas a baixas frequências92.
Na Figura 15 encontram-se representados os circuitos equivalentes de um
dieléctrico e as respectivas correntes, definidas anteriormente e Ir a corrente associada
ao processo de relaxação dieléctrica.
a) b) c)
Figura 15: Circuitos eléctricos equivalentes de dieléctricos: a) ideal; b) com perdas por condução; c) com relaxação dieléctrica.
Contudo, os dipolos eléctricos do dieléctrico apresentam uma relaxação dieléctrica
que advém da variação da polarização induzida pela aplicação do campo eléctrico. A
variação destes parâmetros com a frequência encontra-se representada de forma
genérica na Figura 1693:
-Capítulo 1-
42
Figura 16: Variação dos parâmetros ε’ e ε’’ com o logaritmo da frequência.
Analisando a curva da figura é possível verificar que a variação de ε’ com o
logaritmo da frequência dá origem a uma curva de dispersão sigmoidal, enquanto que
a representação de ε’’=f(ln f) origina uma curva de absorção parabólica. No entanto, a
projecção de ε’’=f(ε’), conhecida por diagrama de Cole-Cole94, dá origem a uma
representação em semicírculo, prevista para os processos de relaxação simples,
descritos pela teoria de Debye. É característico dos dieléctricos, para estes processos
de relaxação simples, prever uma mudança da velocidade de polarização,
proporcional à diferença de polarização do valor de equilíbrio. Nestes casos a
constante dieléctrica pode ser expressa pela conhecida equação de Debye:
rjωτεεε
+∆
+= ∞ 1
Eq. 25
em que ∆ε=ε0-ε∞ sendo designada como amplitude dieléctrica e τr é o tempo de
relaxação dieléctrica.
É então possível escrever a equação para a constante dieléctrica, associando as
contribuições das equações Eq. 24, Eq. 25 e Eq. 26:
cr jj ωτωτεεε 1
1+
+∆
+= ∞
Eq. 26
em que τc=CvR é o tempo de condução dieléctrica. A contribuição para a constante
dieléctrica para baixas frequências está associada à condução dieléctrica enquanto
-Capítulo 1-
43
que a contribuição para altas-frequências é devida predominantemente ao processo
de relaxação dieléctrica.
No entanto, os processos de relaxação dieléctrica podem apresentar uma dispersão
do tempo de relaxação, contrariamente ao previsto pela teoria de Debye. É então
possível observar, à mesma temperatura, vários modos de relaxação que contribuem
para a constante dieléctrica. Considerando que estes modos são independentes, a
equaçãoEq. 26 pode ser reescrita como:
( ) ( ) ( )∑=
∞ ++
∆+=
n
i cr
i
jj i
i1
11 λβ ωτωτ
εεωε
Eq. 27
Em que n é o número de modos de relaxação independentes, βi o parâmetro
polidispersivo do sistema e λ um parâmetro que mede a dispersão dos tempos τc.
Samec et al80 descrevem teoricamente no seu trabalho a relação que existe entre a
capacidade da interface e a constante dieléctrica. Pelo estudo das propriedades
dieléctricas é então possível obter uma melhor compreensão dos fenómenos inter e
intramoleculares, permitindo uma análise mais profunda dos processos físico-químicos
que decorrem e que dependem dos solventes orgânicos utilizados.
Como se pode observar na Figura 16 a representação de ε’’=f(ε’), designada por
representação de Cole-Cole, tem a forma de um semicírculo para uma relaxação do
tipo de Debye (modo de relaxação monodispersivo), que pode ser descrito
matematicamente por92:
( ) 222 ''' ca =+− εε Eq. 28
Em que a e c são constantes. Todavia, é frequente encontrarem-se modos de
relaxação com alguma dispersão na frequência de relaxação, designados por modos
polidispersivos. Para estes, o diagrama de Cole-Cole é parte de um semicírculo, em
que o centro não se encontra sobre o eixo ε’, mas abaixo dele; a expressão
matemática que representa esta situação é:
-Capítulo 1-
44
( ) ( ) 222 ''' cba =−+− εε Eq. 29
Em que a, b e c são constantes. O ajuste dos valores experimentais da
representação de Cole-Cole a esta equação permite calcular os valores de ∆ε, os
termos ε(0), ε(∞) e o parâmetro βa, através das seguintes expressões:
( ) 220 bca −+=ε Eq. 30
( ) 22 bca −−=∞ε Eq. 31
( ) ( ) 2220 bc −=∞−=∆ εεε Eq. 32
−=
cbarcsen
πβ 21
Eq. 33
Na prática é mais fácil obter estes parâmetros ajustando uma função teórica aos
valores experimentais de ε’(ω) e de ε’’(ω). Para isso, considerando que existem um ou
mais modos de relaxação independentes, as expressões da contribuição dieléctrica
ε’(ω) e ε’’(ω) têm a seguinte forma:
( ) λββ
β
ωω
λπ
ωωπβ
ωω
πβωω
εεωε
+
+
+
+
∆+= ∑=
∞
c
n
i
r
i
r
i
ri i
i
i
i
i
ig 2cos
2cos21
2cos1
'1
2
Eq. 34
a Parâmetro que mede o carácter polidispersivo do modo. Se:
β = 1 o modo é monodispersivo; 0 < β < 1 o modo é polidispersivo;
-Capítulo 1-
45
( ) λββ
β
ωω
λπ
ωωπβ
ωω
πβωω
εωε
+
+
+
∆= ∑=
c
n
i
r
i
r
i
ri
sensen
gi
i
i
i
i
i 2
2cos21
2''
12
Eq. 35
Em que βi e λ são factores adimensionais (entre 0 e 1) que definem,
respectivamente, o carácter polidispersivo do sistema e a existência de defeitos na
malha, gi é o factor adimensional característico do modo de relaxação i, sendo que
, e são as frequências de relaxação e condução92.
1.6 Desenho factorial
As técnicas analíticas, frequentemente, têm de detectar quantidades vestigiais de
analitos, é importante que os níveis dos parâmetros experimentais dos quais a
resposta depende sejam escolhidos de modo a maximizar a resposta obtida. O
processo que permite encontrar os níveis desses factores é a optimização e, o
primeiro passo nesse processo é a determinação de quais os factores e interacções
entre factores são relevantes para a resposta obtida. Isto pode ser feito usando a
técnica denominada por desenho factorial. Este método tem vantagens relativamente
à tradicional optimização feita à medida que se vão fazendo experiências, sendo as
maiores:
• O desenho factorial detecta e estima todas as interacções ao invés da
optimização tradicional;
• Nos casos em que os efeitos são aditivos, o desenho factorial precisa de
menos medições que a aproximação clássica oferecendo a mesma ordem de
precisão.
O objectivo principal da elaboração de um desenho factorial é o de conduzir a
pesquisa laboratorial no sentido de obter o máximo de informação com um mínimo de
∑=
=n
iig
1
1i
ir
r τω 1
=c
c τω 1
=
-Capítulo 1-
46
trabalho95. Um dos problemas essenciais do planeamento reside na escolha do tipo de
desenho que melhor permite caracterizar a superfície de resposta a explorar. Ora este
é um problema de lógica circular pois, para poder escolher os melhores pontos a
analisar seria necessário conhecer a superfície de resposta, o que constitui o objectivo
da investigação.
Outro problema particular, característico dos sistemas químicos, são as variações de
resposta relativamente suaves, que não apresentam variações bruscas ou
descontinuidades (ou então são já previamente conhecidas).
Para efectuar um planeamento experimental completo seria necessário conhecer
previamente os seguintes parâmetros:
• Quais são os parâmetros importantes;
• Em que domínio devem ser estudados;
• Como se relacionam os parâmetros com a função de resposta.
Ainda assim pode não ser simples escolher os pontos mais adequados para realizar
o planeamento experimental. É evidente que o experimentalista tem muito mais
facilidade em responder a estes problemas no final dum planeamento experimental do
que no seu início. Isto justifica que seja desejável adoptar uma sequência de desenhos
experimentais moderados, orientando os passos futuros da pesquisa à medida que os
resultados de cada experiência vão sendo conhecidos.
Um desenho factorial é um conjunto sistematizado de experiências realizadas de
acordo com um esquema simples, que cobre uma parte do espaço de variação de
cada parâmetro considerado. Para levar a cabo um desenho factorial escolhem-se os
níveis a testar para cada parâmetro, realizando depois as experiências
correspondentes a todas as combinações possíveis dos diferentes níveis para todos
os parâmetros. Assim: se existirem n1 níveis para o factor 1, n2 níveis para o factor
2,..., e nk níveis para o último, será necessário realizar n1 x n2 x ... x nk experiências para
se obter o desenho factorial n1xn2x...xnk. (por exemplo para um desenho factorial 3x4x2
são necessárias 3x4x2=24 experiências.
Deste modo uma escolha adequada dos pontos a estudar permite frequentemente
extrair relações e avaliar o efeito dos diferentes parâmetros e formular modelos para
compreensão dos sistemas em estudo.
-Capítulo 1-
47
1.6.1 Desenhos factoriais a dois níveis
Entre os desenhos factoriais os que utilizam dois níveis para cada factor são
particularmente úteis e importantes porque:
• Requerem poucas experiências para o parâmetro em estudo (apesar de
permitir explorar uma vasta região da superfície de resposta, podem,
geralmente, identificar tendências e portanto sugerir as futuras linhas de
investigação);
• Podem ser aumentados (desenhos compostos), para permitir uma
exploração local mais profunda, ou contraídos (desenhos factoriais
fraccionários) para realizar as explorações iniciais sem um grande esforço
experimental;
• A interpretação dos resultados é simples, bastando senso comum e
aritmética elementar.
A tabela onde se representam as experiências realizadas e os seus resultados
designa-se geralmente por matriz de desenho factorial e pode ser usada tanto com os
sinais + e – para os níveis superior e inferior como 1 e 0 (tendo-se optado pela
primeira no nosso caso). Assim para um desenho factorial de 2x2x2 (ou 23)
envolvendo os parâmetros A, B e C vem:
Tabela 5: matriz genérica de um desenho factorial 23 95,96
Exp A B C
1 - - - 1 2 + - - a 3 - + - b 4 + + - ab 5 - - + c 6 + - + ac 7 - + + bc 8 + + + abc
Neste caso por exemplo, teríamos que na experiência 1 os factores A, B e C teriam
todos o nível negativo ( por exemplo falta do elemento) , e na experiência 2 os factores
Be C mantêm-se mas o factor A terá o seu nível superior.
-Capítulo 1-
48
O efeito de um parâmetro reflecte a variação na resposta do sistema quando,
mantendo os valores dos outros parâmetros, se altera de – para + o valor do
parâmetro em causa. Tendo que Y1, Y 2..., Y n são as respostas às experiências 1 a n e
sendo α1, α2..., αn os componentes do efeito A (neste caso). As respostas
)( 8642 YYYY +++ têm assim um peso positivo pois o factor A tem um peso positivo e,
contrariamente, )( 7531 YYYY +++ têm um peso negativo pois o factor em causa tem
um peso negativo (como se pode notar nas tabelas anteriores Tabela 5 e Tabela 6).
Assim para se calcular o efeito do parâmetro A devemos elaborar a Tabela 6:
Tabela 6: Efeito de um factor individual num desenho factorial 23
Diferença Nível de B Nível de C Nível de A
Y2-Y1=α1 -
Y4-Y3=α2 + -
Y6-Y5=α3 -
Y8-Y7=α4 + +
+ -
Efeito A = α
Ou então
4/)(4/)( 75318642 YYYYYYYYAEfeito +++−+++=
Eq. 36 (Assim teremos a diferença entre todos os resultados em que o factor tem um nível
superior e o nível inferior normalizado)
Note-se que todas as observações são utilizadas no cálculo de cada efeito principal.
Também é importante saber que, caso os factores não se comportem de maneira
puramente aditiva (o efeito de A e o efeito de B separadamente são iguais aos seus
efeitos quando juntos) o desenho factorial permite estimar as suas interacções.
Acontece que ao separar o efeito de um parâmetro para os dois níveis de um outro
estes sejam muito diferentes podendo-se calcular a diferença, esses dois parâmetros
são ditos não aditivos.
Considerando os efeitos A e B, caso não haja interacção entre eles a mudança de
resposta entre dois níveis de A deve ser independente do nível de B. Por convenção o
efeito de interacção entre dois factores A e B representa-se por AxB. Na tabela
anterior (Tabela 6) o primeiro e terceiros valores da primeira coluna ( 1Y e 3Y )
-Capítulo 1-
49
correspondem às mudanças de B de nível alto para o nível baixo enquanto A está no
nível baixo tal como o quinto e sétimo ( 5Y e 7Y ). Do mesmo modo os quatro valores
restantes ( 468 ,, YYY e 2Y ) correspondem à mesma mudança quando A está no nível
elevado. Caso não haja nem interacção nem erros as estimativas do efeito A devem
ser iguais. Caso não se dê um caso de igualdade, metade da diferença é considerado
o valor da interacção, obtendo-se (neste caso) por:
2/2
)()(2
)()( 13572468
−+−
−−+−
=×YYYYYYYYBAEfeito
Eq. 37
ou:
4/)(4/)( 76328541 YYYYYYYYBAEfeito +++−+++=×
Eq. 38
O cálculo para as restantes interacções entre dois factores é feito de modo
semelhante. (Note-se que na equaçãoEq. 38 para calcular o peso negativo ou positivo
a dar a cada resposta se multiplicam os níveis + ou -. Por exemplo para Y1 temos A –
e B – obtendo-se, por isso, uma contribuição positiva para a equação anterior).
Considerando cada interacção de 2º grau verifica-se ainda que podem haver duas
medidas para o feito com o terceiro factor. Metade da diferença entre elas define a
interacção entre os três factores. Podendo-se, como nos casos anteriores calcular da
seguinte forma:
4/)(4/)( 76418532 YYYYYYYYCBAEfeito +++−+++=××
Eq. 39
-Capítulo 1-
50
1.6.2 O algoritmo de Yates
O cálculo do efeito de cada parâmetro pode ser simplificado usando uma tabela de
sinais ou um algoritmo de Yates96. A tabela de coeficientes é obtida a partir da matriz
do desenho factorial (Tabela 5).
Tabela 7:Formas simplificadas de calcular os efeitos – Tabelas de coeficientes
Exp Média A B C AB AC BC ABC Resposta 1 + - - - + + + - Y1 2 + + - - - - + + Y2 3 + - + - - + - + Y3 4 + + + - + - - - Y4 5 + - - + + - - + Y5 6 + + - + - + - - Y6 7 + - + + - - + - Y7 8 + + + + + + + + Y8
As colunas referentes aos efeitos principais obtêm-se directamente a partir da coluna
de matriz referente a cada parâmetro e as interacções obtêm-se a partir destas por
multiplicação directa de cada parâmetro. Todos os efeitos podem então ser obtidos
calculando o valor médio do produto do sinal de cada coluna pelo valor da resposta
correspondente (sendo a divisão por 8 no cálculo e por 4 nos restantes)97.
Para utilizar o algoritmo de Yates é necessário começar por colocar as colunas dos
tratamentos por uma ordem padrão: os factores são inseridos numa tabela
verticalmente, um de cada vez e vão sendo combinados com todos os factores
anteriores pela ordem determinada:
• 22:I, a,b,ab
• 23:I, a,b,ab,c,ac,bc,abc
• 24:I ,a,b,ab,c,ac,bc,abc,d,ad,bd,abd,cd,acd,bcd,abcd
Seguidamente introduz-se uma coluna (1) onde:
• Os primeiros 2n-1 elementos são calculados através da soma dos pares de
respostas adjacentes (o primeiro elemento é calculado pela soma das duas
primeiras, o segundo pelas soma da terceira e quartas, etc..)
• Os restantes 2n-1 elementos são calculados de forma análoga através da
diferença de pares de respostas adjacentes.
-Capítulo 1-
51
• As colunas (2) e (3) calculam-se de forma análoga à usada para a coluna (1)
mas usando os valores da coluna (1) e (2) respectivamente. O número de
colunas é igual ao expoente do desenho factorial (n)
• Na coluna final a divisão é feita do mesmo modo que na tabela de
coeficientes.
• O resultado final é o mesmo que o obtido não usando o algoritmo.
O grande problema dos desenhos factoriais completos reside na multiplicação
exponencial no número de medições a fazer com o número de factores a testar. Assim
se tivermos k factores teremos 2k experiências. Quando o número de factores
ultrapassa os 3 tornam-se possíveis economias de tempo se se desprezar a
possibilidade de existirem interacções de nível superior a três sendo essa a técnica
desenho factorial fraccionário.
-Capítulo 2-
52
2 Procedimento Experimental
2.1 Material e reagentes utilizados ao longo do trabalho
De seguida apresenta-se uma tabela com o resumo de todos os materiais e
reagentes utilizados na realização das diferentes determinações experimentais.
Tabela 8: Tabela de materiais e reagentes utilizados Material
- Filme poliéster Millinex
- Gobelés
- Agitador magnético Magnestir, Lab-line Instrum. Inc.
- Placa aquecimento MR3001 Heidolph
- Fonte de tensão ±15V, CFUP
- Balança AG245, Mettler Toledo
- Saco de luvas
- Tubo teflon
- Tubo de vidro
- Microespátula
- Secador ar quente
- Potenciostato SI 1287 – Solartron Instrum.
- Potenciostato EG&G Model 273
- pH Meter Crison-MicropH 2000
- Banho termostatizado type SU5 – Grant Instrum.
- Célula de vidro de 4 eléctrodos
- Eléctrodos de Ag/AgCl
- Eléctrodos de platina
- Fios de prata, Aldrich
- Parafilme M®
- Silicone Bricobi
- Analisador da Resposta de Frequência (ARF) SI 1250 – Solartron Instrum.
-Capítulo 2-
53
Reagentes
- 1,2-dicloroetano (1,2-DCE), 99%, Aldrich - 1,3:2,4-dibenzilideno sorbitol (DBS), Milliken
- 1,4-Dibromobutane (1,4-DBB), >=98.00%,bdh
- 3-(2-piridil)-5,6-difenil-1,2,4-triazina (PDT), Sigma
- 5,6-Difenil-3-(2-piridil)-1,2,4-triazina (DPT), >=99.00%, Aldrich - Acetato de Sódio (CH3COONa), 99.00%, Merck
- Acetona Pronalab - Àcido Clorídrico (HCl) , puro. pronalab/panreac - Agár Bacto, DIFCO Lab.
- Água ultra pura Millipore - Amoníaco (NH3), puro. Pronalab - Bis(trifenil phosphoranilideno) Amónio Tetraquis(4-Clorofenil)-Borato(BTPPATPBCl),
- Borohidreto de Sódio(NaBH4) , >96.00%, for synthesis. Merck-schuchardt
- Cloreto de Bis(trifenil fosphoranilideno) Amónio (BTPPACl), 97.00%, Aldrich - Cloreto de sódio (NaCl), 99,5%, Merck
- Decametilferroceno (C20H30Fe), >95.00%, for synthesis. Fluka
- Diidrogenofosfato de Sódio (NaH2PO4),p.a. Aldrich - Etanol, 99.8%, Merck
- Éter o-nitrofeniloctílico (o-NPOE), Fluka - Fenosafranina (C18H15ClN4),for microscopy. Fluka - Glucose oxidase, 23 U de aspergillus níger, Fluka - Hidrogenofosfato de Sódio (Na2HPO4),p.a. Merck - Hidróxido de lítio (LiOH), 98%, Merck - Hidróxido de Sódio (NaOH), 99.00%,Puro. Merck - Metilviologénio Dicloro Hidrato, 98.00%,aldrich-chemie - Nitrato de Potássio(KNO3) , 99.00%, M&B - Nitrato redutase (NaR), 97.00%, Aldrich - Policloreto de Vinil(PVC) de elevada massa molecular, Sigma - Sal de Fenosafranina e Tetraquis(4-Clorofenil)-Borato (Ps-TPB), - Sal de Fenosafranina e Bis(trifenil fosphoranilideno) Amónio (BTPPA-Ps)
- Solução tampão, pH=4,01
- Solução tampão, pH=7,02 - ß-Nicotinamida Adenina Dinucleótido,forma reduzida sal dissódico (NADH), 97.00%,Sigma - Tetrafenilborato de sódio (NaTPB), 99,5%, Merck - Tetraoctilamónio Tetra Fenil Borato (TOATPB)
-Capítulo 2-
54
- Tetraquis-(4-Clorofenil)-Borato de Potássio , >=98.00%, Fluka - Tetraquis(4-Clorofenil)-Borato de Potássio(KTPBCl c24h16BCl4K), 9.00%, Merck - α-Nicotinamida adenina núcleótido(C21H27N7O14P2), 95.00%,Sigma
2.2 Métodos utilizados ao longo do trabalho
2.2.1 Preparação dos eléctrodos de Ag/AgCl
Após soldar um fio de prata a um fio de cobre, une-se o último pela extremidade a
uma resistência de 85 kΩ que se encontra ligada ao pólo positivo da fonte. Mergulha-
se o fio de prata num gobelé contendo uma solução 3M de cloreto de sódio à qual se
adicionam umas gotas de ácido clorídrico concentrado, para evitar a formação de
hidróxidos. A solução é colocada sob agitação contínua, e coloca-se um outro fio de
prata ligado ao pólo negativo da fonte. Aplica-se então uma diferença de potencial de
10 V durante algumas horas. Quando o fio de prata se encontrar revestido por uma
camada cinzenta, considera-se que o eléctrodo de Ag/AgCl está pronto a ser utilizado.
2.2.2 Síntese do tetrafenilborato de tetraoctilamónio (TOATPB)
O TOATPB utilizado nas diferentes experiências electroquímicas foi sintetizado de
acordo com o procedimento utilizado neste grupo de investigação, relatado por Pereira
et al98, e que a seguir se descreve:
- Prepara-se uma solução de NaTPB em água/etanol 50% (v/v), sendo que a
quantidade de NaTPB depende apenas da quantidade de TOATPB que se pretende
prepara.
- Prepara-se uma outra solução de TOABr em água/etanol 50% (v/v).
- Misturam-se bem estas duas soluções, observando-se a precipitação do TOATPB.
- Deixa-se a solução repousar durante 4 horas e filtra-se o precipitado usando vácuo.
- Purifica-se o TOATPB por re-cristalização com acetona. Solubiliza-se o composto e
remove-se a acetona por evaporação à temperatura ambiente com arejamento,
formando-se os cristais de TOATPB.
-Capítulo 2-
55
2.2.3 Preparação dos géis
Gel orgânico
Transfere-se uma dada quantidade (≅ 10 ml) de o-NPOE para um gobelé, em
atmosfera de azoto, pela utilização de um saco de luvas. Pesa-se a quantidade de o-
NPOE. Após pesagem coloca-se o gobelé sobre uma placa de aquecimento a 150 ºC.
Agita-se a solução até que todos os compostos se dissolvam completamente e deixa-
se arrefecer, formando-se o respectivo gel.
Gel aquoso de referência
Pesam-se 0.2 g de agár Bacto para um gobelé e adicionam-se 10 ml de solução
aquosa de referência 10 mM NaCl e 10 mM NaTPB. Coloca-se o gobelé sobre uma
placa de aquecimento a uma temperatura de 90 ºC e agita-se até que o agár se
encontre completamente dissolvido e deixa-se arrefecer.
2.2.4 Preparação da célula electroquímica de 4 eléctrodos
A utilização de células de vidro no estudo das ITIES prende-se com a facilidade da
montagem experimental, maior rapidez na sua preparação, pela reprodutibilidade do
valor da área da interface e pelos pequenos volumes de solventes presentes nas
diferentes fases. Todavia, a utilização de um solvente orgânico introduz uma elevada
queda óhmica na interface entre as duas fases imiscíveis. A utilização de quatro
eléctrodos vem corrigir esse efeito facilitando o estudo electroquímico da interface
formada. Na Figura 17 descreve-se em pormenor os constituintes da célula de vidro
usada para as medições electroquímicas de interfaces líquido-líquido.
-Capítulo 2-
56
Figura 17: Representação esquemática da célula de vidro de 4 eléctrodos utilizada nas
determinações de impedância. 1. Interface de área interna igual a 0.28 cm2; 2. Eléctrodo de platina; 3. Capilares de Luggin; 4. Fase aquosa; 5. Fase orgânica; 6. Fase orgânica de referência; 7.
Eléctrodos de Ag/AgCl; 8. Eléctrodo de platina.
Célula electroquímica
Figura 18: Diagrama esquemático da célula usada nas medições electroquímicas
Para a preparação da célula representada utilizou-se o seguinte procedimento:
- Lava-se a célula muito bem utilizando, alternadamente etanol, água e acetona após
o que se seca a célula com a ajuda de um secador de ar quente durante cerca de 5
minutos e deixa-se arrefecer;
- Prende-se a célula num suporte no interior da hotte e com a ajuda de uma pipeta
de Pasteur coloca-se um volume de solvente orgânico suficiente para atingir a
interface.
- Adiciona-se fase orgânica de referência até a fase orgânica ultrapassar
ligeiramente a interface e adiciona-se fase aquosa até a fase orgânica se separar, mas
sem que a fase aquosa atravesse o limite inferior da interface.
- Adiciona-se, alternadamente, fase orgânica de referência e fase aquosa até
perfazer os volumes pretendidos e mergulham-se os eléctrodos.
1. 2. 3.
3.
7. 7.8.
4.
5.
6.
5.
4.
100mM LiClx µM NaR
(aq.) 10mM TOATPB
(1,2-DCE)
10 mM NaTPB10 mM NaCl
(aq.) AgCl/Ag’
AgCl/Ag 10 mM NaTPB10 mM NaCl
(aq.)
-Capítulo 2-
57
- Deixa-se a célula em repouso durante cerca de 30 minutos antes de se dar inicio
às determinações de impedância, de modo a permitir que se estabeleça uma situação
de equilíbrio.
2.2.5 Técnica: Voltametria cíclica
A voltametria cíclica é uma técnica voltamétrica que pode ser considerada como
uma variação, mais elaborada, da voltametria linear. Embora possa ser aplicada com
fins quantitativos, é mais utilizada como técnica qualitativa. Nesta técnica aplica-se
uma rampa de potencial a um eléctrodo de trabalho, variando entre de um valor
máximo e mínimo de potencial que correspondem ao início e término do varrimento,
em cada um dos sentidos no potencial. Esta rampa apresenta a forma descrita na
Figura 19:
Figura 19: Relação potencial-tempo em voltametria cíclica99.
Durante o varrimento do potencial, o potenciostato, para além de controlar o
potencial do eléctrodo de trabalho (relativamente ao do eléctrodo de referência), mede
a intensidade de corrente resultante dos fenómenos que ocorrem através da interface.
A Figura 20 apresenta um voltamograma típico de transferência iónica em interfaces
líquido-líquido. A partir deste obtém-se os parâmetros mais importantes, como os
valores da intensidade de corrente para a transferência iónica (Ip+ e Ip-) e o potencial de
pico (Ep+ e Ep-). Esta intensidade de corrente sob a forma de pico surge quando os
processos de difusão são predominantemente lineares.
-Capítulo 2-
58
Figura 20: Voltamograma cíclico teórico para uma transferência iónica. (A) a espécie não se encontra transferida; (B) Transferência de um catião Aq-Org ou anião Org-Aq; (C) inversão do sentido do potencial; (D) Transferência de um anião Aq-Org ou catião Org-Aq;
É possível relacionar a intensidade de corrente de pico para reacções de
transferência iónica directa de iões, reversíveis e controladas por difusão linear,
através da equação de Randles-Sevčik:
21
212
1
4463,0 vDRT
FzFAczI iib
iip
=
Eq. 40
Em que Ip corresponde à intensidade de corrente de pico em amperes, A a área
interfacial em cm2, v é a velocidade de varrimento em V.s-1, bic é a concentração do ião
na solução em mol.cm-3 e Di é o coeficiente de difusão do ião em cm2.s-1.
No entanto para que esta relação seja válida é necessário que se satisfaçam as
seguintes condições:
Os potenciais de transferência sejam independentes da velocidade de
varrimento;
A diferença entre os potenciais de pico seja igual a 59/z mV, a 25 ºC, em que z
representa a carga da espécie iónica que se transfere através da interface;
-Capítulo 2-
59
2.2.6 Técnica: Espectroscopia de Impedância Electroquímica
A Espectroscopia de Impedância Electroquímica (EIE) é uma técnica importante na
caracterização de sistemas electroquímicos, bastante utilizada na investigação de
reacções de transferência de espécies através de membranas lipídicas100, de
transferência iónica em interfaces água|1,2-DCE101, nos estudos de semicondutores102,
na caracterização da natureza e propriedades de filmes óxido103 ou em biossensores
para a determinação de glucose baseados em células eucarióticas104. Um artigo de
revisão recente105, descreve os avanços que continuam a surgir nas aplicações da
espectroscopia de impedância, não só na caracterização da estrutura e funcionalidade
de vários tipos de biossensores, tais como, imunossensores, sensores de ADN e
biossensores biocatalíticos baseados em enzimas, mas também no acompanhamento
da construção de estruturas biológicas em suportes condutores multicamadas, na
observação da afinidade das interacções de biomoléculas e na monitorização de
reacções biocatalíticas.
O princípio da EIE, ou impedância electroquímica como é por vezes conhecida,
baseia-se na aplicação de uma perturbação sinusoidal de pequena amplitude e na
determinação da resposta do sistema a essa perturbação, quando este se encontra
em estado estacionário. Se for sobreposta uma onda sinusoidal de baixa amplitude
( )tEsen ω∆ , a uma dada frequência angular ω , ao potencial de polarização dc E0,
deverá ocorrer como resposta uma onda sinusoidal ( )φω +∆ tIsen , que pode ser
relacionada com o potencial aplicado, em φ que representa o ângulo de fase. A
resposta à perturbação pode sofrer efeitos na sua amplitude e no ângulo da fase,
dependendo das características e dos processos que ocorrem no sistema em estudo.
Na figura seguinte (Figura 21) representa-se esquematicamente a curva de resposta
típica de um sistema electroquímico.
-Capítulo 2-
60
Figura 21: Representação esquemática da resposta de um sistema electroquímico a uma
perturbação sinusoidal102.
Esta relação difere de acordo com o potencial aplicado: ac ou dc. Na teoria dc, caso
especial da teoria ac em que a frequência é igual a 0 Hz, é possível utilizar a lei de
Ohm para se obter relação entre o potencial (V) e a corrente (I).
IVR =
Eq. 41 Na teoria ac, na qual a frequência difere de 0 Hz, esta relação é definida por:
ac
ac
IVZ =
Eq. 42
em que Z é definido como sendo a impedância, o equivalente ac da resistência (R).
Existem, no entanto, duas formas de representar a impedância:
Através da utilização de números complexos, em que a impedância é
definida por:
-Capítulo 2-
61
''' iZZZ −= Eq. 43
em que Z’ e Z’’ são, respectivamente, as componentes real e imaginária da
impedância;
Através de uma representação vectorial, utilizando coordenadas
Cartesianas:
Figura 22 : Representação vectorial da impedância de um sistema.
Neste sistema de eixos a projecção da impedância sobre o eixo das coordenadas dá
origem à componente imaginária ( ''Z ), enquanto que a projecção sobre o eixo das
abcissas corresponde à componente real ( 'Z ) da impedância.
A impedância total de um sistema é assim resultado da adição vectorial da impedância
de cada um dos componentes que compõe o sistema. A Tabela 9 sistematiza as
impedâncias associadas aos elementos mais frequentes que compõem os circuitos
equivalentes usados para caracterizar sistemas electroquímicos:
-Capítulo 2-
62
Tabela 9: Resumo dos elementos presentes em circuitos eléctricos equivalentes106,107.
Componentes Impedância º/φ
R, Resistência R 0
C, Capacidade
Cjω1
90
L, Indutância Ljω 90
Q, Elemento de Fase Constante
( )njQ ω1
45 a 90
n = 0.5 a n = 1
W, Warburg
(Camada de difusão infinita) ωσj
j)1( − 45
A caracterização de um sistema electroquímico através da EIE pressupõe, portanto,
a interpretação dos resultados por meios de modelos adequados. O modelo descrito
por um circuito equivalente é então ajustado aos resultados experimentais para se que
possa prever o comportamento do sistema em várias condições. Não sendo mais que
um circuito constituído por vários componentes eléctricos, nomeadamente,
resistências, condensadores, indutores e por outros elementos como o elemento de
fase constante (Q) e a impedância de Warburg (Tabela 9) que simulam o
comportamento da interface. A combinação destes elementos em série ou em paralelo
entre si dá origem aos referidos circuitos equivalentes aos quais se atribui um
determinado significado físico. Teoricamente, é possível representar qualquer sistema
em que apenas ocorram processos químicos utilizando resistências e capacidades.
A aplicação da EIE no estudo dos diversos sistemas electroquímicos só é possível
fazendo uso de modelos que são designados por circuitos eléctricos equivalentes. O
comportamento das ITIES submetido a uma perturbação sinusoidal poder ser descrita
pelo circuito eléctrico equivalente que se encontra representado na Figura 23, e que é
normalmente utilizado no ajuste dos resultados experimentais de reacções de
transferência de carga, o circuito de Randles, em que Cd é a capacidade da interface,
Zf a impedância faradaica e Rs a resistência da solução entre as pontas dos capilares
de Luggin.
-Capítulo 2-
63
Figura 23: Circuito equivalente representativo das ITIES, denominado de circuito de Randles.
Os elementos Zf e Cd são introduzidos em paralelo porque a corrente total através da
interface é a soma de uma parcela faradaica, If, devida à transferência de iões e de
uma parcela capacitiva, relativa ao processo de carga da dupla camada. Para
sistemas em que as reacções de transferência podem ser consideradas relativamente
rápidas, a impedância faradaica transforma-se na impedância de Warburg Zw,
particularmente para baixos valores de frequência.
Experimentalmente, as determinações são efectuadas a vários potenciais d.c. e a
frequência da perturbação sinusoidal é variada num intervalo definido, por isso é que a
impedância electroquímica é denominada normalmente de espectroscopia de
impedância electroquímica.
Contudo, a impedância que se obtém é a impedância global da interface, devida às
contribuições dos vários componentes presentes, cuja relação com a respectiva
impedância é conhecida (ver Tabela 9). É então possível pela análise da forma como
a impedância total, Z, varia com a frequência angular (obter os valores dos
componentes presentes no circuito equivalente. Esta análise é determinada pela
representação no plano complexo de -Z’’ vs. Z’ para diferentes frequências angulares
(e é denominada de diagrama de Nyquist).
2.2.7 Caracterização da interface
Nas experiências de impedância electroquímica é necessária a utilização de um
potenciostato e de um analisador de resposta da frequência (ARF). Numa primeira
fase aplica-se uma rampa de potencial ao sistema electroquímico com o objectivo de
se obter o intervalo de potencial no qual a interface apresenta o comportamento
Ic
If
(Ic+If)
Cd
Zf
Rs
-Capítulo 2-
64
apropriado para as determinações da capacidade (Cdc) por Espectroscopia de
Impedância Electroquímica, isto é, no intervalo onde a interface se comporta como
idealmente polarizável, a chamada “janela de potencial”.
Após a obtenção do voltamograma cíclico para, acciona-se o ARF e aplica-se um
varrimento de frequência entre 1 e 300 Hz, a vários potenciais d.c. cujos limites são
determinados pela rampa de potencial aplicada anteriormente, no intervalo
correspondente à “janela de potencial”.
A interpretação dos resultados da EIE é realizada pela representação do diagrama
de Nyquist, à qual se ajustam os circuitos equivalentes possíveis de descrever o
comportamento da curva experimental, utilizando o programa Equivalent Circuit
desenvolvido por B.A. Boukamp, (versão 3.97 de 1989). A Figura 24: Circuito
equivalente utilizado no ajuste da célula electroquímica : R(C(RW)).esquematiza o
circuito equivalente utilizado no ajuste da maioria das curvas experimentais da célula
electroquímica, e como podemos ver é um caso especial do circuito representado na
Figura 23: Circuito equivalente representativo das ITIES, denominado de circuito de
Randles. quando a impedância faradaica se encontra associada a uma resistência de
transferência de carga e à impedância de Warburg representando o processo de
difusão.
Figura 24: Circuito equivalente utilizado no ajuste da célula electroquímica : R(C(RW)).
-Capítulo 2-
65
2.2.8 Técnica: Goniometria, medição de ângulos de contacto
Um dos problemas ao preparar sensores baseados em microinterfaces
líquido/líquido é o da possibilidade de a enzima adsorver no poliéster usado para
suportar as interfaces. A goniometria poderá ser uma forma de avaliar a existência ou
não de adsorção da enzima à superfície da membrana.
Para a determinação dos ângulos de contacto começou-se por alinhar o sistema de
medição.
Figura 25: imagem do goniómetro
Seguidamente procedeu-se à preparação dos filmes de PET ou lâminas de gel
orgânico, conforme o caso fazendo-se uma simples limpeza com etanol e acetona
quando se usam os filmes de PET e, quando se usam géis orgânicos, obtendo-se por
corte fresco uma superfície de teste o mais lisa possível, podendo-se em ambos os
casos depositar outras substâncias.
-Capítulo 2-
66
Seguidos estes passos, realiza-se a aquisição da imagem após cada nova gota
depositada na superfície em teste. A imagem obtida é tratada pelo software. Primeiro a
imagem da gota é digitalizada e convertida num conjunto de pontos correspondentes à
interface líquido-gasosa aparecendo como uma função em forma de U invertido,
seguidamente é feito um ajuste linear aos 50 pontos de cada extremidade, sendo
esses os pontos mais próximos do ponto triplo, (sendo este o 2º método de
interpretação usado). Inicialmente de modo a obter o ângulo de contacto tentou-se
ajustar um polinómio do terceiro grau e encontrar as derivadas nos pontos triplos, mas,
devido aos erros mais elevados, optou-se por, paralelamente, obter o ângulo de
contacto correspondente a cada ponto triplo a partir do declive de cada uma das
rectas). É feita a média dos dois valores de cada gota para se compensar quaisquer
possíveis desvios à horizontalidade do eixo da câmara. Seguidamente são removidos
os “outlyers” (são removidos os ajustes com um R menor que 0,9 e os conjuntos de
ângulos com mais de 10º de diferença por indicarem irregularidades na superfície) e
finalmente é feita uma média dos ângulos de contacto corrigidos, sendo assim
possível eliminar a parte dos desvios devidos ao analista.
Figura 26: imagem do perfil de uma gota em repouso num filme de PET
Base
-Capítulo 3-
67
3 Resultados
3.1 Optimização da concentração de Enzima
Sendo que um dos principais factores que contribui para a versatilidade e
aplicabilidade de um biossensor amperométrico, bem como para o seu custo de
fabrico, é a quantidade de enzima, procurou-se fazer um estudo de forma a optimizá-
la.
Assim, e visto que o pH das soluções a usar era próximo do pretendido optou-se por
estudar soluções apenas de enzima e electrólito de modo a eliminar quaisquer
complicações. Começou-se por aplicar voltametria cíclica numa célula de quatro
eléctrodos com a seguinte composição:
Célula electroquímica
Figura 27: Diagrama esquemático da célula usada nas medições electroquímicas
Na tentativa caracterizar o comportamento da enzima que se pretendia utilizar
(aspectos como a adsorção na interface e a eventual acumulação de carga à
superfície), determinaram-se as curvas de capacidade da dupla camada para
diferentes concentrações de NaR numa macrointerface líquido-líquido. Para tal
utilizou-se uma célula de vidro de 4 eléctrodos (esquematizada na Figura 17) com uma
macrointerface água|1,2-DCE de 0.28 cm2 de diâmetro.
Assim, na Figura 28 representam-se os voltamogramas cíclicos obtidos usando a
célula electroquímica representada na Figura 27:
100mM LiClx µM NaR
(aq.)
10mM TOATPB (1,2-DCE)
10 mM NaTPB10 mM NaCl
(aq.)
AgCl/Ag’
AgCl/Ag
-Capítulo 3-
68
Figura 28: Voltamogramas cíclicos prévios feitos na ausência e na presença de NaR
A resposta obtida nos ensaios prévios de voltametria permite determinar a janela de
potencial que será usada nas medições de impedância para determinar o
comportamento da enzima num interface H20/DCE (1,2-dicloroetano).
-Capítulo 3-
69
Figura 29: Espectro de impedância típico e (em cima) circuito equivalente usado na análise.
Tendo-se obtido uma série de medições de impedância, e, usando um dos circuitos
equivalente representados nas figuras Figura 23 e Figura 24, calcula-se a capacidade
do circuito para aquele potencial, tornando-se possível construir uma curva de
capacidade/potencial para cada concentração.
Para o cálculo dos valores de capacidade, o ajuste de um circuito equivalente do tipo
R(C(RW)), como representado na Figura 24, foi o mais adequado à maioria dos pontos
da curva experimental. De acordo com este resultado é possível atribuir a este sistema
electroquímico um significado físico para os vários elementos. Verifica-se a existência
uma resistência Rsol devida à resistência da solução entre as pontas dos capilares de
Luggin, da capacidade da interface Cdc pela acumulação de carga na dupla camada
interfacial e devido à transferência de iões através da interface a presença de uma
impedância de Warburg e de uma resistência à transferência de carga Rtc. A
representação de Cdc=f(E) dá-nos as curvas de capacidade, como representadas na
Figura 30 para diferentes concentrações de NaR.
-Capítulo 3-
70
Curvas de capacdade obtidas numa interface água/1,2-dichloroetano. Efeito da concentração de NaR usando EIS
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 100 200 300 400 500 600
potencial de medida / mV
Cap
acid
ade
/ µF
1000nM NaR
100nM NaR
10nM NaR
1nM NaR
0nM NaR
Figura 30: Curvas de capacidade obtidas numa interface água/1,2-dicloroetano. Efeito da concentração de NaR. (é de notar que este conjunto de ensaios foi realizado num aparelho diferente sendo a escala de potencial aplicado diferente)
Analisando a Figura 30 é possível verificar que o comportamento das várias curvas
se sobrepõem até certo ponto em parte do intervalo de polarização, no entanto essa
sobreposição não se verifica numa região significativa do intervalo de polarização
indicando a existência de fenómenos de adsorção de NaR na interface para valores
menos positivos de potencial.
O aumento de concentração de NaR resulta no decréscimo de capacidade a
potenciais menos positivos em particular até 300mV. Isto é geralmente atribuído à
adsorção de moléculas na interface líquido/líquido. Para concentrações de NaR acima
de 100nM aparecem efeitos de saturação (notando-se a diminuição da capacidade da
dupla camada). Isto permite optimizar o sensor pois mostra que a enzima é
suficientemente lipofílica para ser adsorvida, não havendo tendência para que a
reacção se dê no seio da solução. De notar que após montagem da célula,
aguardaram-se 30 minutos antes de realizar as determinações para permitir a
adsorção da enzima na interface.
-Capítulo 3-
71
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
14.00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
[NaR] / nM
Cd /
µF.
cm-2
E = 200mV E = 250mV E = 300mV
Figura 31: Comparação dos valores de capacidade obtidos na interface água/1,2-dicloroetano a vários potenciais e para diferentes concentrações de enzima.
A realização dos voltamogramas cíclicos antes do início das determinações de
impedância electroquímica comprova também que não há transferência de NaR
protonada através da interface.
A partir das curvas de capacidade é possível calcular o grau de cobertura da
interface pela enzima. Considerando que para concentrações de NaR acima de 100nM
1=θ temos que nM
lbenz
CCC
100
−=θ (em que θ é o grau de cobertura interfacial, enzC é a
capacidade obtida para determinada concentração da enzima, lbC é a capacidade
obtida para a linha de base e nMC100 é a capacidade obtida para uma situação
estacionária). Considerando que a adsorção de uma enzima pode ser representada
pela isotérmica de Langmuir108 é possível obter-se a seguinte relação:
βθθθ ln2)1.(ln +=
− a
CNaR
Eq. 44
-Capítulo 3-
72
A representação da Eq. 44 permite avaliar a energia de Gibbs do processo de
adsorção.
Onde a representa o parâmetro interacção entre as moléculas e β pode ser
relacionado com o parâmetro AdsG∆ da seguinte forma
RTG∆−
=βln
Eq. 45
Representando
− )1.(ln θθ
NaRCem função de θ vem que:
Título do gráfico
y = 5.4429x + 16.259R2 = 0.4916
10
12
14
16
18
20
22
24
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
θ
ln(θ
/CN
aR(1
-θ))
Figura 32: Avaliação de parâmetros de adsorção na interface água/1,2-dicloroetano obtidos a vários potenciais entre -500 e -150 mV ( -500; -400; -350; -300; -250; -200; e -150mV).
Obtendo β por regressão linear e aplicando a equaçãoEq. 45 obtêm-se os resultados
representados na Figura 33:
-Capítulo 3-
73
-50
-49
-48
-47
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100
Potencial / mV
∆G /
kJ.m
ol-1
Figura 33: Variação da energia de Gibbs com o potencial.
Neste caso obteve-se uma energia de Gibbs que varia entre -47kJ/mol e -55 kJ/mol
(-49.8±2.3 kJ/mol) no intervalo em que se verifica fenómenos de adsorção que é da
ordem de magnitude dos valores de ∆G encontrados para a adsorção de lípidos em
interfaces líquido/ líquido.
100
120
140
160
180
200
220
240
0 20 40 60 80 100 120
[NaR] / nM
∆Фca
p.pi
co/ M
V
Figura 34: Variação do mínimo de capacidade com a concentração de NaR até saturação da interface
-Capítulo 3-
74
355
360
365
370
375
380
385
390
0 200 400 600 800 1000
[NaR] / nM
∆Фm
in.c
ap./
MV
Figura 35 Variação do mínimo de capacidade com a concentração de NaR até formação de bi-camada
O potencial mínimo mantém-se constante entre 15 e 100 nM da enzima em solução,
todavia para concentrações muito maiores aumenta a capacidade, o que pode a
formação de uma bicamada. Não houve no entanto tempo para aprofundar a
investigação.
A presença do anião Nitrato poderia também ter efeitos, tanto na capacidade da
dupla camada como na janela de potencial utilizável. Assim procurou-se observar o
seu efeito numa solução de NaR 50nM. De modo a poder fazer a comparação e tendo
em conta que qualquer adição altera a posição da interface realizaram-se ensaios em
branco numa célula idêntica mas em que a adição era apenas de electrólito.
-Capítulo 3-
75
Figura 36: Efeitos da presença de Nitrato numa solução de 3mL sol com 10mM de LiCl + 50 nM NaR + 50mM MV em que (a) e (ak) são as linhas de base com uma composição semelhante mas em que o interface está em posições diferentes, (bk) contém 10 µM KNO3, (ck) contém 50 µM KNO3 tendo em (c) sido adicionado um volume semelhante de solução 10mM LiCl, (dk) contém 500 µM KNO3 tendo em (d) sido adicionado um volume semelhante de solução 10mM LiCl, (ek) contém 1000 µM KNO3 tendo em (e) sido adicionado um volume semelhante de solução 10mM LiCl,
Apesar de existirem diferenças entre as linhas de base que dificultam a comparação,
analisando o gráfico (Figura 36) verifica-se que a presença de nitrato provoca o
aumento do pico de transferência e uma ligeira diminuição do intervalo de potencial a
ser usado não impossibilitando no entanto a continuação do estudo.
3.2 Dadores Enzimáticos A presença de dadores electrónicos na proximidade da enzima permite que esta
passe da sua forma oxidada de novo para a sua forma reduzida que apresenta
actividade catalítica (estes dadores electrónicos serão eles próprio oxidados, podendo,
posteriormente ser reduzidos por acção electroquímica). Assim, de modo a manter a
concentração da forma activa da enzima o mais constante possível ao longo do tempo
é necessário que no biossensor exista uma grande quantidade de dador. Isto leva-nos
a tentar encontrar o dador mais eficiente e estudar o seu efeito no comportamento
global do biossensor.
Testaram-se três dadores: o NAD(H), o Metil viologénio (MV) e a fenosafranina (PS).
Devido ao longo tempo de espera de cada ensaio (até 13h) optou-se por elaborar um
-Capítulo 3-
76
planeamento experimental que permitisse avaliar os efeitos e interacções dos três
elementos participantes na reacção: a concentração de nitrato redutase e a presença
de anião nitrato (KNO3) e do dador minimizando o tempo gasto e maximizando a
informação obtida.
Para tal usou-se a seguinte célula electroquímica:
Figura 37: Célula electroquímica usada para a caracterização do comportamento de adsorção da NaR.
Tabela 10: Planeamento experimental utilizado para testar o efeito dos dadores
68.8 µM LiNO3
6.88 µM LiNO3
Bloco a
Bloco b
Bloco c
Bloco d
2.10nM NaR a-x b-x
0.5 mM NAD(H) Sem dador 0.5 mM
MV 0.5 mM
PS 10.00 nM NaR c-x d-x
0.5 mM NAD(H) Sem dador 0.5 mM
MV 0.5 mM
PS 100.0 nM NaR e-x f-x
0.5 mM NAD(H) Sem dador 0.5 mM
MV 0.5 mM
PS 0.00 nM NaR h-x g-x
0.5 mM NAD(H) Sem dador 0.5 mM
MV 0.5 mM
PS
Em que o x em a-x por exemplo vai corresponder a a, b, c ou d conforme o dador
que está ou não presente. Este género de planeamento experimental permite verificar
a existência de efeitos entre os vários parâmetros experimentais. É ainda possível a
identificação de factores com efeitos sinérgicos (neste caso até 3ª ordem)
encontrando-se na Tabela 10 descrito o planeamento utilizado no nosso caso. Assim,
aplicando EIS nas diferentes condições de partida foram obtidos os seguintes
resultados para os vários blocos:
10 mM NaTPB 10 mM NaCl
(Aq.)
10 mM TOATPBDBS 1.8 %
(1,2-DCE)
Ag/AgCl AgCl/Ag’
10 mM NaCl x nM NaR
x mM KNO3 0.5 mM Dador
(Aq.)
-Capítulo 3-
77
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
-900 -800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0
potencial de medida / mV
Capa
cida
de /
µF
aa
ba
ca
db
ea
fa
ga
hb
Figura 38: Capacidades da interface obtidas para o bloco A em que se varia os níveis de NAD(H), NaR e anião nitrato e usando EIS.
Nas figuras 28 a 41 mostram-se os resultados experimentais obtidos para os
diferentes blocos experimentais. Nestas figuras encontra-se representada a
capacidade da interface da célula electroquímica mencionada na Figura 37.
-Capítulo 3-
78
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
-900 -800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0
potencial de medida / mV
Cap
acid
ade
/ µF
ab
bb
cb
da
eb
fb
gb
ha
Figura 39: Capacidades da interface obtidas para o bloco B em que não se faz uso de dadores e em que se varia os níveis de NaR e anião nitrato e usando EIS.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-900 -800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0
potencial de medida / mV
Capa
cida
de /
µF
ac
bc
cc
dc
ec
fc
gc
hc
Figura 40: Capacidades obtidas para o bloco C em que se faz uso do metil viologénio (Versão não ajustada aparece centrada nos picos)
-Capítulo 3-
79
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-900 -800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0
potencial de medida / mV
Capa
cida
de /
µF
ac
bc
cc
dc
ec
fc
gc
hc
Figura 41: Capacidades obtidas para o bloco C em que se faz uso do metil viologénio (com acerto semelhante aos outros blocos, pelo lado menos negativo)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-900 -800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0
potencial de medida / mV
Capa
cida
de /
µF
ad
bd
cd
dd
ed
fd
gd
hd
Figura 42: Capacidades obtidas para o bloco D em que se faz uso da fenosafranina
De modo a permitir uma analise numérica dos resultados, a partir dos espectros de
impedância obtidos para cada bloco (Figura 38 a Figura 42, respectivamente NAD(H),
ausência de dador (branco), MV e PS), de modo a compensar as variações diárias nas
-Capítulo 3-
80
condições e facilitar comparações foram obtidos pontos por amostragem a potenciais
fixos em todos eles. Estes pontos encontram-se expostos na Tabela 16 ( ver anexo)
Apesar de na prática serem blocos de experiências 2x2x4 (sempre usando os dados
de um bloco com dador e os do bloco B ou linha de base), é possível interpreta-los
apenas como vários blocos 2x2x2. Assim, de modo a permitir a interpretação, cada
bloco foi dividido em três, um para cada concentração de NaR. Usando o algoritmo de
Yates para este planeamento obtêm-se os seguintes efeitos (valores na Tabela 17, ver
anexos):
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (2,1 nM)
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
-525 -425 -325 -225 -125
Potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF
médiaNAD(H)NaRNAD(H)+NaRNitratoNAD(H)+NitratoNaR+NitratoNAD(H)+NaR+Nitrato
Figura 43: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (2,1 nM)
-Capítulo 3-
81
-500
-350
-250
-150
NAD(H)
NAD(H)xNaR
NAD(H)xNitrato
NAD(H)xNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (2,1 nM)
normalizadosNAD(H)
NaR
NAD(H)xNaR
Nitrato
NAD(H)xNitratoNaRxNitrato
NAD(H)xNaRxNitrato
Figura 44: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (2,1 nM) normalizados em relação à média.
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (10 nM)
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
-525 -475 -425 -375 -325 -275 -225 -175 -125
Potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF
médiaNAD(H)NaRNAD(H)+NaRNitratoNAD(H)+NitratoNaR+NitratoNAD(H)+NaR+Nitrato
Figura 45: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (10 nM)
-Capítulo 3-
82
-500
-350
-250
-150
NAD(H)
NAD(H)xNaR
NAD(H)xNitrato
NAD(H)xNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (10 nM)
normalizados
NAD(H)
NaR
NAD(H)xNaR
Nitrato
NAD(H)xNitratoNaRxNitrato
NAD(H)xNaRxNitrato
Figura 46: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (10 nM) normalizados em relação à média.
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (100 nM)
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
-525 -425 -325 -225 -125
Potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF média
NAD(H)NaRNAD(H)+NaRNitratoNAD(H)+NitratoNaR+NitratoNAD(H)+NaR+Nitrato
Figura 47: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (100 nM)
-Capítulo 3-
83
-500
-350
-250
-150
NAD(H)
NAD(H)xNaR
NAD(H)xNitrato
NAD(H)xNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (100 nM)
normalizados
NAD(H)
NaR
NAD(H)xNaR
Nitrato
NAD(H)xNitratoNaRxNitrato
NAD(H)xNaRxNitrato
Figura 48: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, NAD(H) e de NaR (100 nM) normalizados em relação à média.
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
0
5
10
15
20
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
média
2,1nM10nM100nM
Figura 49: Evolução da capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-400
-350
-300
-250
-200
-150
2,1nM
100nM
-15
-10
-5
0
5
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NAD(H)
2,1nM10nM100nM
Figura 50: Evolução do efeito do dador na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-Capítulo 3-
84
-500
-400
-350
-300
-250
-200
-150
2,1nM
100nM
-10
-5
0
5
10
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NaR
2,1nM10nM100nM
Figura 51: Evolução do efeito da enzima na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração desta.
-500
-400
-350
-300
-250
-200
-150
2,1nM
100nM
-10
-5
0
5
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
Nitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 52: Evolução do efeito do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
Usando como dador o NAD(H) e analisando as tendências do efeito tanto dele
próprio como dos outros elementos, torna-se evidente que para os potenciais de
fronteira (nos quais o interface começa a não se comportar idealmente e , visto a
capacidade ser maior, se perder resolução) se consegue maiores valores de
capacidade e efeitos. A falta de um pico claro e de uma variação linear da capacidade
com a concentração de nitrato dificultam a possibilidade de aplicação efectiva no
biossensor. Os efeitos de primeiro grau são, exceptuando nos potenciais fronteira,
pouco significativos o que demonstra a pouca sensibilidade no intervalo de potencial
usado. As zonas de potencial de fronteira, em que se tem um grau de incerteza
bastante superior ( devido aos acertos necessários para realizar ao ajuste), implicam
fortes possibilidades de erro humano ou de ajuste devendo por isso ser evitadas se
possível.
Analisando o efeito do factor nitrato o uso de NAD(H) deveria ser feito para uma
concentração de NaR máxima de pois no intervalo de potenciais intermédios é o que
apresenta maiores efeitos ( comparando com as outras concentrações de enzima).
Os gráficos correspondentes aos efeitos de grau superior encontram-se em anexo
(Figura 90Figura 91Figura 92 Figura 93).
Pretendia-se testar ainda outros dadores tendo-se optado por recorrer ao metil
viologénio, aliás recomendado na literatura referente ao uso de NaR1,109,110. Deste
modo procedeu-se a testes recorrendo ao já referido, metil viologénio, tendo-se usado
concentrações semelhantes às de NAD(H) e seguindo um planeamento semelhante (
ver Tabela 10) e obtendo-se os seguintes resultados (valores na Tabela 18, ver
anexos):
-Capítulo 3-
85
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (2,1 nM)
-30
-10
10
30
50
70
90
-525 -475 -425 -375 -325 -275 -225 -175 -125
potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF
MédiaNAD(H)NaRNAD(H)+NaRNitratoNAD(H)+NitratoNaR+NitratoNitrato
Figura 53: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (2,1 nM)
-500
-350
-250
-150
MV
MVxNaR
MVxNitrato
MVxNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (2,1
nM) normalizados MV
NaR
MVxNaR
Nitrato
MVxNitrato
NaRxNitrato
MVxNaRxNitrato
Figura 54: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (2,1 nM) normalizados em relação à média.
-Capítulo 3-
86
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (10 nM)
-30
-10
10
30
50
70
90
-525 -475 -425 -375 -325 -275 -225 -175 -125
potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF
MédiaNAD(H)NaRNAD(H)+NaRNitratoNAD(H)+NitratoNaR+NitratoNitrato
Figura 55: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (10 nM)
-500
-350
-250
-150
MV
MVxNaR
MVxNitrato
MVxNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (10
nM) normalizados MV
NaR
MVxNaR
Nitrato
MVxNitrato
NaRxNitrato
MVxNaRxNitrato
Figura 56: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (10 nM) normalizados em relação à média.
-Capítulo 3-
87
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR
(100 nM)
-30
-10
10
30
50
70
90
-525 -475 -425 -375 -325 -275 -225 -175 -125
Potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF
média
NAD(H)
NaR
NAD(H)+NaR
Nitrato
NAD(H)+Nitrato
NaR+Nitrato
NAD(H)+NaR+Nitrato
Figura 57 Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (100 nM)
-500
-350
-250
-150
MV
MVxNaR
MVxNitrato
MVxNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR
(100nM) normalizados MV
NaR
MVxNaR
Nitrato
MVxNitrato
NaRxNitrato
MVxNaRxNitrato
Figura 58: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, MV e de NaR (100 nM) normalizados em relação à média.
-Capítulo 3-
88
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
0
20
40
60
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
média
2,1nM10nM100nM
Figura 59: Evolução da capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-200
20406080
100
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
Metil Viologénio (MV)
2,1nM10nM100nM
Figura 60 Evolução do efeito do dador na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-40
-20
0
20
40
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
Nitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 61 Evolução do efeito do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-200
20406080
100
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NaR
2,1nM10nM100nM
Figura 62: Evolução do efeito do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
Usando como dador o MV, ao analisar as tendências dos efeitos tanto dele próprio
como dos outros elementos, contrariamente ao caso da NAD(H) em que em ambos os
potenciais de fronteira se obtiveram maiores valores de capacidade e efeitos na
generalidade, apenas para os potenciais superiores se observa um efeito pronunciado
do dador. Apesar de apresentar um pico claro mesmo sem se realizar as experiências
em atmosfera inerte, visto que este não se encontra a um potencial constante, ao
amostrar a capacidade a potenciais fixos não se observam efeitos a potenciais
intermédios. A variação do efeito do nitrato na capacidade , neste caso, é muito
pequena impossibilitando aplicações efectivas em biossensores. Os efeitos de
primeiro grau são, exceptuando para potenciais mais elevados, pouco significativos o
que demonstra (de modo semelhante ao que se obteve usando a NAD(H) ) a pouca
sensibilidade no intervalo de potencial de uso possível. As zonas de potencial elevado,
em que, como já se referiu, se tem um grau de incerteza bastante superior, são, no
entanto, as únicas em que se tem efeitos nas capacidades elevados.
-Capítulo 3-
89
Analisando o efeito do factor nitrato o uso de MV deveria ser feito para uma
concentração de NaR baixa de pois é aquela à qual se observam maiores efeitos na
capacidade (particularmente, comparando com as outras concentrações de enzima).
Os gráficos correspondentes aos efeitos de grau superior encontram-se em anexo
(Figura 94,Figura 95Figura 96 Figura 97).
Procedeu-se ainda a testes com outros dadores tendo-se optado por recorrer ao
Fenosafranina, cujo uso se encontra também documentado na literatura referente ao
uso de NaR111. Deste modo procedeu-se a testes usando o já referido dador tendo-se
usado, igualmente, concentrações semelhantes às de NAD(H) e seguindo um
planeamento semelhante ( ver Tabela 10) e obtendo-se os seguintes resultados
(valores na Tabela 19, ver anexos):
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (2,1 nM)
-10
-5
0
5
10
15
20
25
-525 -425 -325 -225 -125
potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF Média
PSNaRPS+NaRNitratoPS+NitratoNaR+NitratoPS+NaR+Nitrato
Figura 63: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (2,1 nM)
-Capítulo 3-
90
-500
-350
-250
-150
PS
PSxNaRPSxNitrato
PSxNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (2,1
nM) normalizados PS
NaR
PSxNaR
Nitrato
PSxNitrato
NaRxNitrato
PSxNaRxNitrato
Figura 64: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (2,1 nM) normalizados em relação à média.
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos núiveis de anião nitrato, PS e NaR (10nM)
-10
-5
0
5
10
15
20
25
-525 -475 -425 -375 -325 -275 -225 -175 -125
potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF Série1
PS
NaR
PSxNaR
Nitrato
PSxNitrato
NaR+Nitrato
PS x NaR x Nitrato
Figura 65: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (10 nM)
-Capítulo 3-
91
-500
-350
-250
-150
PS
PSxNaRPSxNitrato
PSxNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (10 nM)
normalizados PS
NaR
PSxNaR
Nitrato
PSxNitrato
NaRxNitrato
PSxNaRxNitrato
Figura 66: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (10 nM) normalizados em relação à média.
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (100 nM)
-10
-5
0
5
10
15
20
25
-525 -425 -325 -225 -125
potencial de medida / mV
efei
to n
a ca
paci
dade
/ µF Média
PSNaRPS+NaRNitratoPS+NitratoNaR+NitratoPS+NaR+Nitrato
Figura 67: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (100 nM)
-Capítulo 3-
92
-500
-350
-250
-150
PS
PSxNaRPSxNitrato
PSxNaRxNitrato
-50.0
0.0
50.0
100.0
normalização do efeito em
relação á média / % capacidade
Potencial de medição / mV
Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (100
nM) normalizados PS
NaR
PSxNaR
Nitrato
PSxNitrato
NaRxNitrato
PSxNaRxNitrato
Figura 68: Efeitos na capacidade da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato, PS e de NaR (100 nM) normalizados em relação à média.
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
0
10
20
30
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
média
2,1nM10nM100nM
Figura 69: Evolução da capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
0
10
20
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
Fenosafranina (PS)
2,1nM10nM100nM
Figura 70: Evolução do efeito do dador na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-10
0
10
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NaR
2,1nM10nM100nM
Figura 71: Evolução do efeito da enzima na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de Na
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-10
0
10
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
Nitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 72: Evolução do efeito do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-Capítulo 3-
93
Usando como dador a fenosafranina, ao analisar as tendências dos efeitos tanto
dele próprio como dos outros elementos, contrariamente aos casos anteriores
(NAD(H) e MV) em que apenas nos potenciais de fronteira se obtinham maiores
valores de capacidade e efeitos, pode-se verificar o efeito desta mesmo a potenciais
intermédios. No entanto continua-se, como aliás seria de esperar, a obter efeitos
relativos as outros factores apenas para os potenciais de fronteira. Apesar de na
literatura a fenosafranina apresentar um pico claro, o facto de, por indisponibilidade de
equipamento, não se realizarem as experiências em atmosfera inerte este não está
presente (foram feitas tentativas em ambiente inerte usando sais de fenosafranina
tanto na fase orgânica como na fase aquosa mas não se obtiveram resultados que
justificassem a realização de um bloco adicional de experiências). A variação do efeito
do nitrato na capacidade , neste caso, é pequena mas mais elevada em potenciais
intermédios abrindo lugar a aplicações efectivas em biossensores devido a uma maior
reprodutibilidade. Os efeitos de primeiro grau são, excepto para o nitrato, elevados em
potenciais mais elevados e intermédios (para a NaR apenas em concentrações
baixas) o que demonstra a sensibilidade no intervalo de potencial de uso possível. As
zonas de potencial elevado, em que, como já se referiu, se tem um grau de incerteza
bastante superior, devem ser evitadas podendo-se neste caso recorrer aos potenciais
intermédios que têm também efeitos nas capacidades elevados.
Analisando o efeito do factor nitrato o uso de MV deveria ser feito para uma
concentração de NaR baixa de pois é aquela à qual s em que se observa efeitos na
capacidade (comparando com as outras concentrações de enzima).
Os gráficos correspondentes aos efeitos de grau superior encontram-se em anexo
(Figura 98Figura 99Figura 100Figura 101).
No caso do metil viologénio é também possível fazer a transdução da reacção
seguindo a redução do pico presente112, assim, aplicando o mesmo desenho factorial
obtiveram-se os seguintes resultados (valores na Tabela 20, ver anexos):
-Capítulo 3-
94
Em que as siglas correspondem a: Tabela 11: Desenho factorial para o Metil viologénio (ver Tabela 10) [NO3
-] / mM [NaR] / nM 68.8 6.88
1 ac bc 10 cc dc
100 ec fc 0 hc gc
0.5mM MV
Visto que não se pode comparar o pico que aparece no bloco C com a linha de base
(bloco B) o passamos a ter um planeamento de apenas 2x2. Assim aplicando o
algoritmo de Yates vem que (valores na Tabela 11 e Tabela 23 ver anexos):
Efeitos na capacidade de pico da interface produzidos pela variação dos níveis de anião
nitrato e de NaR ( pico positivo)
-300.00-200.00-100.00
0.00100.00200.00300.00400.00500.00
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de enzima NaR / nM
Ca
paci
dade
/ (µ
F)
NaRNitratoNaRxNitrato
Figura 73: Efeitos na capacidade de pico (pico positivo) da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato e de NaR na presença de MV
-Capítulo 3-
95
Efeitos na capacidade de pico da interface produzidos pela variação dos níveis de anião
nitrato e de NaR ( pico negativo)
-300.00-200.00-100.00
0.00100.00200.00300.00400.00500.00
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de enzima NaR / nM
C
apac
idad
e / (
µF)
NaRNitratoNaRxNitrato
Figura 74: Efeitos na capacidade de pico (pico negativo) da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato e de NaR (2.1 nM) na presença de MV
Efeitos na capacidade de pico da interface normalizados em relação á média (Pico positivo)
-100.00
-50.00
0.00
50.00
100.00
150.00
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de enzima NaR / nM
% d
o va
lor
méd
io
NaRNitratoNaRxNitrato
Figura 75: Efeitos na capacidade de pico (pico positivo) da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato e de NaR na presença de MV
-Capítulo 3-
96
Efeitos capacidade de pico da interface normalizados em relação á média (Pico negativo)
-200.00-150.00-100.00-50.00
0.0050.00
100.00150.00200.00
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de enzima NaR / nM
% d
o va
lor m
édio
NaRNitratoNaRxNitrato
Figura 76: Efeitos na capacidade de pico (pico negativo) da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato e de NaR na presença de MV
Ao analisar as tendências deste caso particular os efeitos tanto da enzima como do
próprio nitrato pode notar-se a obtenção de efeitos na capacidade mais marcados para
concentrações de enzima maiores o que é contrário ao obtido nos efeitos gerais do
MV. No entanto continuam-se a obter valores de efeito do nitrato elevados para
concentrações baixas de Enzima.
Apesar de, como já foi referido, não se ter usado uma atmosfera inerte, apresenta-se
um pico claro, o que permite obter resultados mesmo que com valor limitado. O facto
de o pico se manifestar a potenciais intermédios torna-se conveniente mesmo que
obrigue à interpretação individual de cada pico de modo a obter valores de ∆C.
-Capítulo 3-
97
Figura 77: Efeitos na intensidade de corrente de pico ( pico positivo) da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato e de NaR na presença de MV
Figura 78: Efeitos na intensidade de corrente de pico (pico negativo) da interface produzidos pela variação dos níveis de anião nitrato e de NaR na presença de MV
-Capítulo 3-
98
Efeitos na intensidade de corrende de pico da interface normalizados em relação á média (Pico
positivo)
-25.00
-20.00
-15.00
-10.00
-5.00
0.00
5.00
10.00
0 20 40 60 80 100 120
Concentração de enzima NaR / nM
% d
o va
lor m
édio
NaRNitratoNaRxNitrato
Figura 79: Efeitos na intensidade de corrente do pico positivo que se apresenta ao aplicar voltametria cíclica ao interface H2O/DCE normalizados
Pico negativo
-25.00
-20.00
-15.00
-10.00
-5.00
0.00
5.00
10.00
15.00
0 50 100 150
Concentração de enzima NaR / nM
In
tens
idad
e de
cor
rent
e /
(A)
NaRNitratoNaRxNitrato
Figura 80: Efeitos na intensidade de corrente do pico negativo que se apresenta ao aplicar voltametria cíclica ao interface H2O/DCE normalizados
De modo a complementar a análise do pico por EIS realizou-se um estudo por
voltametria cíclica no qual se encontrou também um pico. Ao analisar as tendências
desse pico os efeitos diferem nos dois picos (sentido negativo e positivo) tanto a
enzima como o nitrato, causam comportamentos diferentes. Podendo notar-se no pico
positivo uma variação do efeito do nitrato em forma de ∆ sendo o efeito negativo para
-Capítulo 3-
99
concentrações altas e baixas e positivo a intermédias. Os efeitos para o pico negativo
são todos semelhantes sendo no entanto de maior valor absoluto a valores de enzima
baixos.
No geral apesar de estes valores serem mais simples e rápidos de obteros efeitos
dos factores são também menores dificultando o estudo mas não impossibilitando a
sua utilização mais tarde, particularmente devido à apresentação de comportamentos
que indicam o seu uso possível nas concentrações enzimáticas em que se aplica o
método anterior sendo usado talvez como método de rastreio prévio qualitativo ou
menos exacto.
3.3 Caracterização dos suportes enzimáticos
Depois de se ter procedido à calibração inicial do goniómetro (como visto no ponto
2.2.8) determinaram-se os ângulos de contacto de um filme de PET, e de um gel
orgânico usado depois de mergulhados numa solução de GOx (devido à falta de NaR
no momento de realização da experiência ao tempo) por diferentes períodos de tempo.
Assim obtiveram-se os seguintes resultados para gotas de 10 microlitros em gel
imerso em GOx por diferentes tempos: Tabela 12: resultados obtidos por goniometria para cortes de gel mergulhados previamente em soluções de GOx.
Nº do ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 x s s rel
% 2h 76,14 77,33 59,33 77,80 70,94 74,30 66,22 46,87 80,21 77,67 70,68 10,50 14,86 17h 70,74 68,85 73,89 78,63 62,64 64,52 69,71 61,19 73,01 69,24 5,67 8,19
Sendo estes resultados para um ajuste à curva completa determinando-se a
derivada nos pontos de contacto (método inicial ver ponto 2.2.8).
Tabela 13: resultados obtidos por goniometria para cortes de gel mergulhados previamente em soluções de GOx Nº do ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 x s s rel
% 2h 73.5 71.7 74.1 72.5 71.3 73.6 72.7 1.1 1.5 17h 62.3 65.5 71.5 68.7 65.6 62.3 61.3 70.1 69.3 69.2 67.1 3.6 5.3
Os resultados representados na Tabela 13 foram obtidos para dois ajustes lineares
aos 50 pontos terminais da curva completa considerando-os uma recta e
-Capítulo 3-
100
determinando-se o declive (método final, ver ponto 2.2.8). Os pontos que foram
retirado foram-no por um de três motivos, por a fotografia não ser de qualidade (desvio
dos ângulos ser maior ou igual a 15º), por serem estatisticamente diferentes ou por,
usando critérios visuais serem outlyers.
Assim comparando estes valores (Tabela 12 e Tabela 13) verifica-se que as duas
técnicas apresentam valores de variância diferentes entre elas para uma certeza de
95% apenas para os ensaios com duas horas decorridas e sendo que os valores das
médias para a mesma experiência não são estatisticamente diferentes o seu uso seria
indiferente, no entanto apenas a técnica 2 permite distinguir (para o mesmo grau de
confiança) as duas médias. Visto que a primeira técnica apresenta também desvios
padrão mais elevados e a tendência é igual em ambas serão os resultados da
segunda a serem levados em conta.
Assim pode-se concluir que a primeira técnica usada apresenta uma dispersão de
resultados maior. Pode-se todavia concluir que o tempo de contacto com a enzima
altera o ângulo de contacto, reflexo das diferenças na superfície parecendo indicar a
adsorção da GOx à superfície com o passar do tempo.
Seguidamente passou-se a estudar as diferenças de ângulos avançados e recuados
de modo a ser possível avaliar a relevância e necessidade de obter ambos para cada
medição. Para tal, usando um filme de PET e vários volumes obtiveram-se algumas
séries de resultados que se traduzem nas Figura 81 Figura 82:
-Capítulo 3-
101
Figura 81: Comparação dos valores obtidos por goniometria para placas de PET com GOx sendo os ângulos de contacto observados recuados ou avançados usando o método inicial.
45
50
55
60
65
70
75
80
0 20 40 60 80 100
Volume da gota (microlitros)
Âng
ulo
(gra
us)
PET e GOx ADV PET e GOx REC
Figura 82: comparação dos valores obtidos por goniometria para placas de PET com GOx sendo os ângulos de contacto observados recuados ou avançados usando o método final.
Mais uma vez os valores foram obtidos pelos dois métodos, apresentando diferenças
tanto a nível de erro como mesmo dos valores obtidos.
-Capítulo 3-
102
Os resultados para os ângulos de contacto avançados, de ambos os métodos, estão
próximos dos valores de 72º 113 e 73,44º ± 0.12º 114 (para um volume de 0,1234 cm3
neste último caso) encontrados na literatura, particularmente se tivermos em conta as
diferentes condições de temperatura e características das superfícies.
Este estudo permitiu verificar as diferenças de valor esperadas entre os ângulos
avançados e recuados. Devido ao maior erro nos ângulos recuados, e ao facto de a
literatura valorizar sobretudo o uso de ângulos avançados além de considerações de
simplicidade experimental, decidiu-se medir apenas estes últimos.
Depois deste processo passou-se a utilizar um filme de PET modificado com tiofeno
para avaliar o comportamento dos ângulos de contacto do PET quando é modificado
com um material cuja cobertura do filme é possível verificar visualmente. Para além
deste aspecto algumas experiências efectuadas em tinas de langmuir mostraram a
incorporação de GOx em filmes de tiofeno o que sugere a possibilidade de
incorporação de enzimas numa camada deste composto no filme de PET. Para tal
prepararam-se três filmes distintos com diferentes exposições a soluções de tiofeno,
tendo-se obtido os seguintes resultados:
Tabela 14: resultados obtidos por goniometria para slides de PET com diferentes tratamentos.
Volume da gota /µL x s s rel %
Polietileno limpo 10 59,1 2,0 3,3 20 62,5 1,3 2,1 40 62,8 2,9 4,7 80 66,5 1,5 2,3
Polietileno com monocamada tiofeno 10 57,8 1,8 3,1 20 60,5 1,5 2,4 40 61,5 0,9 1,4 80 63,6 0,7 1,0
Polietileno com gota de tiofeno seca 10 44,8 3,0 6,8 20 46,9 5,4 11,5 40 58,0 1,9 3,2 80 53,1 3,2 6,1
-Capítulo 3-
103
40455055606570
0 50 100Volume da gota (microlitro)
Âng
ulo
de c
onta
cto
(gra
u)
polietileno polietileno+tiofeno polietileno+tiofeno seco
Figura 83: resultados obtidos por goniometria para slides de PET limpos e tratados previamente com tiofeno (ver Tabela 14) usando o método inicial (Polinomialização e derivação).
Assim na Tabela 14 e Figura 83 encontram-se os resultados obtidos para placas de
polietileno limpo que sofreram apenas um processo de limpeza e secagem prévio, as placas
com monocamada de tiofeno que foram tratadas na tina de langmuir sendo-lhe aplicada uma
monocamada deste composto, e por fim as ultimas placas foram preparadas colocando uma
gota de solução de tiofeno e deixando evaporar até à secura.
Os resultados para a regressão linear das porções finais são muito semelhantes aos
apresentados na Figura 83, inclusive em termos de erro, não sendo, por isso,
apresentados. O que parece indicar de forma clara que o tiofeno se mantém no filme
quando deixado a secar a temperatura ambiente. Restava mostrar que a camada de
tiofeno não se degrada e mantém as propriedades de incorporação da GOx.
De modo a testar a reprodutibilidade dos resultados foi testado para uma placa de
PET limpo possíveis modificações nos valores determinados em dois dias diferentes
estudando a placa e depois de esta ficar guardada ao abrigo da luz e poeiras até ao
dia seguinte até ser estudada de novo, tendo-se obtido os seguintes resultados:
-Capítulo 3-
104
55
57
59
61
63
65
67
69
71
73
0 20 40 60 80 100
volume das gotas em microlitros
ângu
lo d
e co
ntac
to e
m g
raus
petdia1 petdia2 petplaca1 petplaca2
Figura 84: Resultados obtidos por goniometria para um slide de PET limpo com um dia de intervalo (petdia 1 e petdia 2) e resultados para duas placas distintas observadas no mesmo dia (petplaca1 e petplaca2).
Comparando os resultados obtidos para as placas estudadas com um dia de
intervalo estatisticamente demonstra-se que, visto que o teste F para 95% e 90%
consideram os pontos diferentes (contrariamente às placas estudadas no mesmo dia
que se encontram representadas apenas para permitir comparar as diferenças entre
placas diferentes com as entre placas iguais mas dias diferentes), não é válido
continuar com experiências com uma duração superior a um dia mesmo considerando
um erro médio de %92.1± e demonstrando-se assim que há modificação da
superfície com o tempo.
Para efeitos de comparação verificou-se também se as diferenças entre dois slides
de PET seriam significativas tendo-se também feito uma experiência com uma placa
de vidro como se pode observar pela análise da Figura 85 praticamente não há
diferenças entre os ensaios feitos com PET (para um grau de confiança de 90% não
existem diferenças estatísticas entre os dois resultados).
No caso da comparação com os resultados obtidos para o vidro, existe uma
diferença significativa entre a hidrofobicidade destes dois materiais.
-Capítulo 3-
105
40
45
50
55
60
65
70
75
0 20 40 60 80 100
volume das gotas em microlitros
ângu
lo d
e co
ntac
to e
m g
raus
petplaca1 petplaca2 vidro
Figura 85: resultados obtidos por goniometria para slides de PET limpos e uma placa de vidro para comparação.
Estes resultados mostram ainda que o uso de um sistema de digitalização de
imagem pode ser usado facilmente para a medição de ângulos de contacto que por
sua vez podem ser usados para a caracterização da superfície e para a avaliação das
modificações introduzidas na superfície.
3.4 Determinação dos parâmetros associados às propriedades dieléctricas
Para a determinação dos valores das propriedades dieléctricas utilizou-se uma
célula de vidro constituída por duas placas de vidro separadas por uma distância de 25
µm, contendo no seu seio uma superfície quadrada de óxido de índio e estanho (ITO)
de 4 mm2 de área, no interior da qual se insere a amostra por capilaridade. Coloca-se
esta célula no forno (ver Figura 86) e realizam-se as ligações entre a célula e o forno
através de tiras de alumínio, fixas nas extremidades com laca de prata.
Prepara-se a restante montagem, como se mostra na Figura 86, e realiza-se a
determinação de ε para uma gama de frequências entre 20 Hz e 1 MHz, sendo que a
capacidade é lida no LCR METER e as temperaturas calculadas a partir da diferença
de potencial de um termopar de cromel-alumel.
-Capítulo 3-
106
Figura 86: Montagem utilizada para a determinação dos parâmetros associados às propriedades
dieléctricas.
Utiliza-se uma diferença de potencial de 0,25 V de forma a se obter um campo
eléctrico o mais baixo possível, neste caso 0,01 V.µm-1.
O valor dos parâmetros foi obtido através do ajuste das curvas experimentais às
expressões Eq. 34 eEq. 35, utilizando a função Solver do Microsoft Excel; o
procedimento informático pode ser consultado no artigo de Walsh e Diamond115. Neste
caso, o ajuste dos valores experimentais foi realizado utilizando a programação
desenvolvida pelo Grupo Ferroeléctricos do Departamento de Física.
Na parte superior direita da Figura 87 encontra-se a representação da parte
imaginária da constante dieléctrica (ε’’) em função da parte real (ε’), conhecida por
diagrama de Cole-Cole. O ajuste dos valores experimentais de ε’(ω) e de ε’’(ω) às
expressões anteriores, permite determinar os parâmetros experimentais associados às
propriedades dieléctricas λωβωε eg ciri i,,,,∆ .
-Capítulo 3-
107
10 100 1000 10000 100000 1000000
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1,4-DBB 1,6-DCH 1,6-DBH 1,2-DCE
ε'' /
F
ω / Hz
0 1000 2000 3000 40000
500
1000
1500
2000
2500
3000
1,4-DBB 1,6-DCH 1,6-DBH 1,2-DCE
ε''
ε'
Figura 87: Representação dos valores das partes real e imaginária da constante dieléctrica para
diferentes solventes orgânicos.
Os valores para a parte imaginária da constante dieléctrica, representados
graficamente na Figura 87, indiciam o deslocamento dos modos de relaxação para
menores frequências (inferiores a 20 Hz) para os solventes de maior cadeia alifática e
maior massa molecular do halogéneo. Este efeito pode ser explicado pelo aumento
dos tempos de relaxação devido a um aumento do volume das moléculas dos
solventes, que condiciona o reajuste das moléculas perante a aplicação de um
pequeno campo eléctrico alternado.
Embora estes modos de relaxação sejam apenas claramente visíveis nos géis de
1,2-DCE e 1,4-DBB, o facto de o diagrama de Cole-Cole apresentar a forma de um
semicírculo, bem como os ajustes efectuados, sugerem precisamente a existência de
tais fenómenos de relaxação. É então possível, a partir do ajuste e extrapolação dos
valores experimentais do diagrama de Cole-Cole às equações Eq. 34 e Eq. 35,
quantificar os valores dos parâmetros dieléctricos para os vários solventes utilizados,
sendo que apenas aqueles que apresentam maior significado físico se encontram
esquematizados na Tabela 15.
-Capítulo 3-
108
Tabela 15: Valores dos parâmetros dieléctricos de solventes orgânicos puros.
Solvente
Orgânico
Temperatura
/ ºC λ ∆ε β ωr / Hz
1,2-DCE 25.6 0.98
3080.1
2342.9
6.4
0.99
0.96
1.00
26
62
600 000
1,4 - DBB 25.0 0.98 3294.4
2259.5
1.00
0.98
18
39
1,6 - DCH 22.3 0.32 2129.9
329.9
1.00
0.98
10
38
1,6 - DBH 22.6 0.97 2640.1
9.0
0.99
1.00
11
599 999
Embora não se tenham determinado os valores de ε para os diferentes solventes à
mesma temperatura, devido a algumas limitações experimentais, considera-se que
estes desvios de temperatura não introduzem contribuições significativas. Assim, pela
comparação dos valores de γ verifica-se que apenas o 1,6-DCH apresenta um
resultado dissonante, apresentado um valor bastante baixo para este parâmetro. Este
resultado, de algum modo imprevisível, surge na sequência do comportamento obtido
para o diagrama de Cole-Cole no qual o semicírculo obtido para o 1,6-DCH apresenta
uma curvatura diferente da dos restantes solventes, contudo não é possível com os
dados disponíveis retirar qualquer conclusão relativamente a este aspecto.
Relativamente aos modos de relaxação, a Tabela 15 apresenta para todos os
solventes um modo de relaxação de baixa frequência próximo dos 20 Hz, constituindo
uma extrapolação aos dados em análise. Estes modos de relaxação têm uma grande
contribuição para a constante dieléctrica relativa dado que apresentam os valores mais
elevados para a amplitude dieléctrica sendo que, no caso dos halohexanos, a sua
contribuição é quase plena. No caso do diclorohexano o valor da amplitude dieléctrica
do segundo modo de relaxação é bastante menor enquanto que para o
dibromohexano o segundo modo de relaxação é conhecido e deve-se aos eléctrodos
de ITO da célula.
-Capítulo 3-
109
O valor da amplitude dieléctrica, ε∆ , para cada solvente é obtido pela contribuição
ponderada (pelo factor gi) das amplitudes dieléctricas de cada modo de relaxação.
Verifica-se que à medida que diminuem a cadeia alifática e a massa molecular de
halogéneo presente na molécula o valor de ε∆ vai aumentando de modo que os
solventes apresentam uma maior polarizabilidade como descreve Vanýsek 116,117.
Na Figura 88 encontram-se representadas as curvas da parte imaginária de ε em
função da frequência, para várias fases orgânicas preparadas a partir do solvente 1,4-
DBB. Verifica-se que a introdução de PVC provoca um deslocamento da curva para
frequências mais elevadas. Este desvio para frequências mais elevadas deve-se aos
menores tempos de relaxação da estrutura molecular, que pode ser relacionado com
as interacções intermoleculares. É possível relacionar este resultado com uma
interacção das moléculas de solvente com a malha tridimensional formada pelo PVC.
Devido a essa interacção as moléculas reagem mais rapidamente à aplicação do
campo eléctrico, diminuindo os tempos de relaxação e deslocando o modo de
relaxação para frequências mais elevadas.
10 100 1000 10000 100000 1000000
0
2000
4000
6000
8000
10000
1,4-DBB 1,4-DBB + 3% PVC 1,4-DBB + 3% PVC + 10 mM BTPPATPBCl 1,4-DBB + 3% PVC + 10 mM BTPPATPBCl + 5mM PDT 1,4-DBB + 10 mM BTPPATPBCl
ε'
ω / Hz
(a)
10 100 1000 10000 100000 1000000-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
1,4-DBB 1,4-DBB + 3% PVC 1,4-DBB + 3% PVC + 10 mM BTPPATPBCl 1,4-DBB + 3% PVC + 10 mM BTPPATPBCl + 5mM PDT 1,4-DBB + 10 mM BTPPATPBCl
ε''
ω / Hz
(b)
Figura 88: Representação das curvas das de constante dieléctrica para diferentes fases orgânicas em 1,4-DBB. a) Componente real; b) Componente imaginária.
Relativamente à introdução do sal de BTPPATPBCl, este não só altera os tempos de
relaxação, pelos mesmos motivos, como também introduz um forte aumento dos
-Capítulo 3-
110
valores de ε’’, relacionados com o aumento da condução da solução, e dos valores de
ε’, que se relacionam com a capacidade da solução, devido ao carácter iónico desta
solução, introduzido pela dissociação do sal. O mesmo efeito é obtido pela introdução
do BTPPATPBCl no gel orgânico para as curvas de ε’’, considerando que as
contribuições do PVC e do sal são aditivas, enquanto que para as curvas de ε’ a
contribuição deve-se exclusivamente ao carácter iónico introduzido pela adição do sal.
Relativamente à introdução do ligando, este também contribui para uma maior
interacção das moléculas do solvente, contudo esta sua contribuição é pouco
significativa e deve-se somente a um ligeiro aumento da capacidade do sistema, como
o demonstra a curva de ε’.
Na Figura 89 encontram-se representadas as curvas para as componentes real e
imaginária da constante dieléctrica para diferentes concentrações de BTPPATPBCl
numa solução de 1,4-dibromobutano. Observa-se que o aumento da concentração do
sal não altera significativamente o comportamento das curvas. Torna-se possível
concluir, de acordo com o descrito na interpretação da figura anterior, que apenas tem
significado a contribuição introduzida pelo carácter iónico da solução com a
dissociação do sal na condução da solução, não sendo no entanto as alterações
verificadas ao alterar a concentração deste particularmente significativas. É por isso
possível que para maiores variações de concentração apareçam contribuições
relevantes.
10 100 1000 10000 100000
0
2000
4000
6000
8000
10000
1,4-DBB + 10 mM BTPPATPBCl 1,4-DBB + 5 mM BTPPATPBCl
ε'
ω / Hz
a)
10 100 1000 10000 100000
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
1,4-DBB + 10 mM BTPPATPBCl 1,4-DBB + 5 mM BTPPATPBCl
ε''
ω / Hz
b)
Figura 89: Representação das curvas das componentes da constante dieléctrica para diferentes concentrações de BTPPATPBCl em 1,4-DBB. a) Componente real; b) Componente imaginária.
-Capítulo 4-
111
4 Conclusões e sugestões de trabalho futuro
Antes de começar qualquer investigação duas questões importantes a colocar são: a
da informação disponível e a da gestão do tempo. Neste trabalho, conhecia-se desde
início a necessidade de passar pelas mais diversas fases, a saber: pesquisa, teste e
optimização antes de poder considerar o recurso estudado optimizado e pronto a ser
utilizado. Assim a duração prevista para a realização desta dissertação, revelou-se
insuficiente para ambicionar a realização de todos estes passos e ainda concretizar a
construção de uma forma funcional do biossensor que use a enzima e a interface
estudado.
Para além da construção do protótipo de acordo com os resultados da
pesquisa preliminar e da verificação de pontos em que o seu desempenho pode ser
melhorado, outros propósitos para o futuro, de carácter mais global apresentam-se
com o fim desta dissertação.
Projectam-se, desde já, fases de teste do protótipo construído, intervindo
directamente no mercado com o intuito de melhorar cada vez mais este recurso,
adaptando-o à realidade da indústria Química.
Prevê-se ainda, a médio prazo, divulgar os resultados do estudo científico
realizado. Tal como a realização de um artigo proposto pelo agrupamento dieléctricos
de Física da FCUP. Assim a hipótese de vir a aproveitar os dados de todo este estudo
para efectuar um artigo é real.
Para finalizar, completando um processo de simbiose entre esta dissertação e a
nossa experiência profissional, não poderíamos deixar de ter o propósito final de
utilizar este recurso cujas potencialidades se começou a explorar no futuro enquanto
químicos.
-Capítulo 4-
112
Reflexão final
No início do trabalho referiu-se que este seria um projecto de desafios. É com
agrado, que chegando ao fim desta etapa, se verifica que alguns dos desafios foram
concretizados com sucesso. Contudo, fica ainda por realizar uma pesquisa mais
aprofundada que dá a possibilidade de continuar a desenvolver o trabalho
Muito se aprendeu com a realização deste trabalho, quer a nível de competências
técnicas na área de caracterização de superfícies e electroquímica, quer no âmbito da
ciência Química. No campo experimental, salienta-se a evolução pessoal enquanto
investigador, estando actualmente mais atento e preparado para os desafios futuros
da profissão.
-Anexos -
113
Anexos
Tabela 16: Resultados obtidos usando EIE num interface H2O/DCE de modo a estudar os efeitos da enzima (NaR), do substrato (nitrato) e dos vários dadores (NAD(H), MV e PS). Note-se que as experiências Da, Db, Ha e Hb foram trocadas por lapso durante a execução estando por isso colocadas no local correcto mas mantendo as designações originalmente erradas. Note-se também que os pontos Cb500, Hb 150 foram obtidos por extrapolação e não interpolação e os pontos marcados com (a) não foram obtidos. NaR Potencial de medição / mV Exp -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
aa 5.9 6.1 5.1 2.6 3.6 14.6 5.9 ba 7.5 6.3 5.4 3.7 3.2 3.3 7.5 ca 10.6 8.0 6.6 4.0 4.5 22.1 10.6 db 9.3 7.1 6.3 4.0 5.1 24.5 9.3 ea 24.0 15.0 12.2 8.6 7.5 7.9 24.0 fa 7.9 5.9 4.7 3.6 3.8 10.6 7.9 ga 7.4 5.9 4.8 2.8 3.6 4.6 7.4 hb 6.2 3.6 3.4 3.5 4.5 13.8 6.2
Capacidade / µF
Linha de Base Potencial de medição / mV Exp -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
ab 9.6 7.8 6.0 3.9 2.4 21.8 9.6 bb 9.6 6.5 5.1 3.6 3.9 5.4 9.6 cb 9.0 6.3 5.1 2.5 1.3 17.4 9.0 da 8.4 7.1 5.7 3.5 4.7 15.0 8.4 eb 9.1 6.5 5.8 4.3 4.3 18.2 9.1 fb 9.0 7.1 5.0 3.9 4.3 17.5 9.0 gb 5.9 8.9 7.3 4.5 3.1 18.5 5.9 ha 9.4 7.5 6.3 3.9 4.4 29.9 9.4
Capacidade / µF
MV Potencial de medição / mV Exp -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
ac 10.0 144.3 6.7 5.3 4.3 13.7 10.0 bc 105.9 6.9 5.4 3.6 5.2 24.1 105.9 cc 10.4 34.4 7.9 4.2 3.7 5.1 10.4 dc 13.8 114.9 35.8 a a a 13.8 ec 32.9 481.5 16.7 5.2 4.5 10.3 32.9 fc 192.3 4.3 4.6 4.0 4.1 8.9 192.3 gc 12.5 13.9 10.8 6.6 6.3 8.0 12.5 hc 13.8 6.2 5.6 6.8 3.8 24.0 13.8
Capacidade / µF
-Anexos -
114
PS Potencial de medição / mV Exp -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
ad 11.6 7.3 7.4 6.1 8.7 11.3 11.6 bd 9.1 8.5 7.9 5.6 8.1 19.8 9.1 cd 11.2 8.1 8.4 11.2 19.3 27.4 11.2 dd 8.7 8.6 9.1 14.8 19.9 26.3 8.7 ed 26.7 9.1 9.9 11.8 15.7 34.6 26.7 fd 11.7 11.9 11.6 18.9 25.5 36.6 11.7 gd 13.4 12.3 13.0 17.4 20.8 22.4 13.4 hd 8.5 8.8 8.6 7.9 11.1 24.0 8.5
C
apacidade / µF
Tabela 17: Efeitos na capacidade da interface para diferentes concentrações da enzima (NaR) e usando como dador o sal dissódico de NAD(H) (ß-Nicotinamida adenina dinucleótido, forma reduzida) obtidos a diferentes potenciais NaR 0 e 2.1 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 9.8 7.5 6.2 4.4 4.4 15.1 9.8NAD(H) 3.0 0.1 0.2 0.5 0.8 -11.8 3.0NaR 5.3 2.2 1.5 1.4 1.1 -3.1 5.3NAD(H) x NaR 3.9 3.5 2.9 1.5 0.5 3.2 3.9NO3 3.5 3.0 2.7 1.3 0.4 -5.7 3.5NAD(H) x NO3 5.2 2.6 1.8 0.8 1.0 -0.3 5.2NaR x NO3 4.6 1.2 1.5 1.4 1.5 4.7 4.6NAD(H) x NaR x NO3 2.8 2.2 1.6 1.5 0.8 -1.4 2.8
NaR 0 e 10 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 8.3 6.8 5.7 3.6 3.9 18.2 8.3NAD(H) 0.2 -1.3 -0.8 0.0 1.1 -3.9 0.2NaR 2.1 0.7 0.5 -0.2 0.0 3.1 2.1NAD(H) x NaR 1.0 2.1 1.9 1.0 0.8 11.1 1.0NO3 -0.1 0.9 0.5 -0.3 -1.6 -5.1 -0.1NAD(H) x NO3 1.4 0.6 0.3 -0.1 0.8 -0.7 1.4NaR x NO3 1.1 -0.9 -0.7 -0.2 -0.4 5.2 1.1NAD(H) x NaR x NO3 -1.0 0.2 0.2 0.6 0.6 -1.7 -1.0
-Anexos -
115
NaR 0 e 100 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 9.8 7.5 6.2 4.4 4.4 15.1 9.8NAD(H) 3.0 0.1 0.2 0.5 0.8 -11.8 3.0NaR 5.3 2.2 1.5 1.4 1.1 -3.1 5.3NAD(H) x NaR 3.9 3.5 2.9 1.5 0.5 3.2 3.9NO3 3.5 3.0 2.7 1.3 0.4 -5.7 3.5NAD(H) x NO3 5.2 2.6 1.8 0.8 1.0 -0.3 5.2NaR x NO3 4.6 1.2 1.5 1.4 1.5 4.7 4.6NAD(H) x NaR x NO3 2.8 2.2 1.6 1.5 0.8 -1.4 2.8
-500
-400
-350
-300
-250
-200
-150
2,1nM
100nM
-5
0
5
10
15
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NAD(H)xNaR
2,1nM10nM100nM
Figura 90: Evolução do efeito conjunto do dador e da enzima na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500-400
-350-300
-250-200
-150
2,1nM10nM
100nM
-5
0
5
10
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV[NaR] /
nM
NAD(H)xNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 91: Evolução do efeito conjunto do dador e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500-400
-350-300
-250-200
-150
2,1nM10nM
100nM
-5
0
5
10
15
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV[NaR] /
nM
NaRxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 92: Evolução do efeito conjunto da enzima e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR.
-500-400
-350-300
-250-200
-150
2,1nM10nM
100nM
-5
0
5
Efeito na capacidade / µF
Potencial de medição / mV[NaR] /
nM
NAD(H)xNaRxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 93:Evolução do efeito conjunto do dador, da enzima e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-Anexos -
116
Tabela 18: Efeitos na capacidade da interface para diferentes concentrações da enzima (NaR) e usando como dador o Metil Viologénio (MV) obtidos a diferentes potenciais. (a) Devido a um resultado incompleto não foi possível separar a contribuição dos vários efeitos neste caso. NaR 0 e 2.1 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 22.1 25.2 6.6 4.8 4.2 18.2 22.1Média 26.9 35.2 1.0 1.6 1.4 -1.5 26.9MV 23.3 32.2 -1.7 -1.3 -0.4 -3.8 23.3NaR 21.4 33.3 -0.4 -0.9 0.1 6.8 21.4MV x NaR -25.2 36.9 2.1 0.6 -0.3 -5.4 -25.2NO3 -23.4 35.6 1.1 0.1 1.1 -7.9 -23.4MV x NO3 -22.7 32.4 -1.0 0.4 -0.9 8.3 -22.7NaR x NO3 -24.5 32.5 -1.0 0.6 -0.8 -5.6 -24.5
NaR 0 e 10 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 10.4 24.9 10.6 a a a 10.4MV 4.4 34.9 8.9 a a a 4.4NaR 0.0 31.6 6.1 a a a 0.0MV x NaR -1.1 33.0 7.5 a a a -1.1NO3 -1.9 -18.1 -5.6 a a a -1.9MV x NO3 -0.4 -18.4 -5.8 a a a -0.4NaR x NO3 0.5 -22.6 -8.7 a a a 0.5MV x NaR x NO3 -1.6 -21.5 -7.9 a a a -1.6
NaR 0 e 100 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 55.5 7.4 6.3 4.7 4.3 16.7 55.5MV 94.4 -0.3 0.3 1.2 0.6 -8.6 94.4NaR 90.3 -3.5 -2.5 -1.4 -0.2 -6.7 90.3MV x NaR 88.9 -2.2 -1.1 -1.3 -0.7 -0.4 88.9NO3 -1.2 2.1 1.7 0.2 0.3 -6.7 -1.2MV x NO3 0.5 1.7 0.8 -0.3 1.0 -1.3 0.5NaR x NO3 1.3 -2.4 -1.3 0.0 -0.3 7.0 1.3MV x NaR x NO3 -0.6 -1.4 -1.2 0.1 -1.0 1.0 -0.6
-Anexos -
117
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-40
-20
0
20
40
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
MVxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 94 Evolução do efeito conjunto do dador e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-200
20406080
100
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
MVxNaR
2,1nM10nM100nM
Figura 95: Evolução do efeito conjunto do dador e da enzima na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-40
-20
0
20
40
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NaRxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 96: Evolução do efeito conjunto do nitrato e da enzima na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-40
-20
0
20
40
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
MVxNaRxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 97: Evolução do efeito conjunto do dador, da enzima e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de Na
Tabela 19: Efeitos na capacidade da interface usando Fenosafranina (PS) como dador, diferentes concentrações da enzima NaR obtidas a diferentes potenciais. NaR 0 e 2.1 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 9.6 8.2 7.4 6.5 7.3 18.9 9.6PS 2.1 1.1 2.5 5.0 7.8 0.1 2.1NaR 0.7 -2.3 -2.7 -3.9 -5.0 -9.5 0.7PS x NaR -1.2 -1.3 -1.5 -3.5 -4.4 1.1 -1.2NO3 1.0 1.7 2.0 3.1 2.8 -0.9 1.0PS x NO3 2.8 0.4 1.0 2.6 4.3 -3.4 2.8NaR x NO3 0.3 -0.7 -0.7 -2.0 -1.4 5.6 0.3PS x NaR x NO3 -1.5 -0.6 -0.7 -1.9 -1.3 -8.3 -1.5
-Anexos -
118
NaR 0 e 10 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 9.3 8.5 7.9 8.2 10.5 22.6 9.3PS 2.3 2.0 3.7 9.2 14.4 4.8 2.3NaR 0.0 -1.9 -1.7 -0.5 1.4 -2.2 0.0PS x NaR -1.0 -0.4 -0.3 0.8 2.2 5.8 -1.0NO3 1.1 0.9 1.0 1.4 1.1 -2.4 1.1PS x NO3 2.6 0.6 0.8 1.6 3.5 2.1 2.6NaR x NO3 0.4 -1.6 -1.7 -3.7 -3.1 4.1 0.4PS x NaR x NO3 -1.7 -0.5 -0.9 -2.9 -2.1 -2.8 -1.7
NaR 0 e 100 nM Potencial de medição / mV Efeito -500 -400 -350 -300 -250 -200 -150
Média 11.7 9.0 8.4 9.1 11.1 25.2 11.7PS 6.7 3.1 4.7 9.8 14.3 8.4 6.7NaR 4.8 -0.7 -0.7 1.3 2.6 3.0 4.8PS x NaR 3.4 0.7 0.7 1.4 2.0 9.3 3.4NO3 4.1 0.4 1.1 0.9 -0.4 -3.6 4.1PS x NO3 5.8 0.0 0.2 0.4 0.3 1.8 5.8NaR x NO3 3.4 -2.1 -1.6 -4.2 -4.6 2.9 3.4PS x NaR x NO3 1.6 -1.1 -1.5 -4.1 -5.2 -3.1 1.6
Tabela 20: Capacidades no pico verificado ao usar MV como dador pico sentido
positivo base sentido
positivo pico sentido
negativo base sentido
negativo
Potencial /mV
Capacidade /µF
Potencial /mV
Capacidade /µF ∆ C1
Potencial /mV
Capacidade /µF
Potencial /mV
Capacidade /µF ∆ C2
ac -450 197.2 -476 6.4 190.9 -475 47.9 -496 9.7 38.3bc -500 141.7 -481 8.2 133.5 -475 76.7 -479 10.3 66.4cc -500 113.0 -489 9.7 103.3 -550 20.8 -489 7.6 13.2dc -450 226.5 -467 8.9 217.6 -475 71.5 -467 8.9 62.6ec -475 539.3 -514 8.3 530.9 -500 58.0 -513 7.3 50.7fc -475 587.0 -515 6.7 580.3 -500 478.9 -517 5.8 473.1gc -500 251.9 -503 9.2 242.6 -525 24.8 -525 9.8 14.9hc -500 122.7 -501 6.5 116.2 -475 28.8 -478 13.3 15.5
-Anexos -
119
Em que as siglas correspondem a: Tabela 21: Desenho factorial para o Metil viologénio (ver Tabela 10) [NO3
-] / mM [NaR] / nM 68.8 6.88
1 ac bc 10 cc dc
100 ec fc 0 hc gc
0.5mM MV
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-10
0
10
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
PSxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 98: Evolução do efeito conjunto do dador e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-10
0
10
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
NaRxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 99: Evolução do efeito conjunto da enzima e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-10
0
10
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
PSxNaRxNitrato
2,1nM10nM100nM
Figura 100: Evolução do efeito conjunto do dador, da enzima e do nitrato na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-500
-350
-250
-150
2,1nM100nM
-10
0
10
Capacidade / µF
Potencial de medição / mV
[NaR] / nM
PSxNaR
2,1nM10nM100nM
Figura 101: Evolução do efeito conjunto do dador, da enzima na capacidade de acordo com os potenciais para os diferentes blocos de concentração de NaR
-Anexos-
120
Tabela 22: Efeitos na capacidade da interface para o pico verificado aquando do uso de Metil viologénio como dador com diferentes concentrações de KNO3 da enzima NaR.
∆ C1 / µF ∆ C2 / µF Efeito divisor Efeito1 Efeito2 116.20 15.45 média 4 170.81 33.76 133.54 66.42 NaR 2 -17.21 37.16 242.64 14.92 NO3 2 91.89 -14.35 190.88 38.26 NaR x NO3 2 -34.55 -13.82
[NaR] varia
entre 0 e 2,1nM
∆ C1 / µF ∆ C2 / µF Efeito divisor Efeito1 Efeito2 116.20 15.45 média 4 169.92 26.56 217.56 62.61 NaR 2 -18.99 22.74 242.64 14.92 NO3 2 6.09 -24.95 103.30 13.25 NaR x NO3 2 -120.35 -24.42
[NaR] varia
entre 0 e 10nM
∆ C1 / µF ∆ C2 / µF Efeito divisor Efeito1 Efeito2 116.20 15.45 média 4 367.52 138.56 580.33 473.13 NaR 2 376.21 246.75 242.64 14.92 NO3 2 38.52 -211.47 530.92 50.73 NaR x NO3 2 -87.93 -210.94
[NaR] varia
entre 0 e 100nM
Tabela 23: Efeitos na intensidade de corrente do pico voltamétrico da interface para o pico verificado aquando do uso de Metil viologénio como dador com diferentes concentrações de NO3 da enzima NaR.
∆ I1 / A ∆ I2 / A Efeito divisor Efeito1 Efeito2 2.26E-05 -1.96E-05 média 4 2.19E-05 -1.77E-05 2.31E-05 -1.96E-05 NaR 2 -2.66E-06 3.16E-06 2.40E-05 -1.89E-05 NO3 2 -1.81E-06 3.91E-06
1.81E-05 -1.25E-05 NaR x NO3 2 -3.22E-06 3.17E-06
[NaR] varia
entre 0 e
2,1nM ∆ I1 / A ∆ I2 / A Efeito divisor Efeito1 Efeito2
2.26E-05 -1.96E-05 média 4 2.17E-05 -1.91E-05 1.92E-05 -1.90E-05 NaR 2 -3.22E-06 3.18E-07 2.40E-05 -1.89E-05 NO3 2 1.54E-06 4.67E-07 2.09E-05 -1.88E-05 NaR x NO3 2 1.33E-07 -2.77E-07
[NaR] varia
entre 0 e 10nM
∆ I1 / A ∆ I2 / A Efeito divisor Efeito1 Efeito2 2.26E-05 -1.96E-05 média 4 2.12E-05 -1.82E-05 2.12E-05 -1.94E-05 NaR 2 -4.15E-06 2.15E-06 2.40E-05 -1.89E-05 NO3 2 -1.41E-06 2.70E-06
1.70E-05 -1.48E-05 NaR x NO3 2 -2.82E-06 1.95E-06
[NaR] varia
entre 0 e
100nM
-Bibliografia-
121
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