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DESEMPENHO DE MUNICÍPIOS PARAIBANOS SEGUNDO AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO DA Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências da Saúde Programa de Pós-graduação em Enfermagem AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA - 2005 Claudia Luciana de Sousa Mascena Veras

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DESEMPENHO DE MUNICÍPIOS PARAIBANOS SEGUNDO AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO DA

Universidade Federal da ParaíbaCentro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-graduação em Enfermagem

AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA - 2005

Claudia Luciana de Sousa Mascena Veras

INTRODUÇÃO

• Na Paraíba, as primeiras cinco equipes do PSF foram implantadas, em 1994, nomunicípio de Campina Grande. Em 1999 o número de equipes foi ampliado para73 e no final do ano 2000 atuavam na Paraíba 348 equipes;

• No final de 2005 estavam em atividade 1.134 ESF, distribuídas nos 223 municípiosdo Estado, o que representa uma cobertura populacional de 79,6%;

• A estratégia Saúde da Família, portanto, configurou-se como a principal forma deorganização da rede de atenção básica nos municípios paraibanos;organização da rede de atenção básica nos municípios paraibanos;

• Supõe-se que esse processo ocorreu de forma distinta nos diversos municípios doEstado;

• É importante conhecer quais os principais aspectos relacionados à organização daatenção e identificar seus limites e suas potencialidades na perspectiva datransformação das práticas sanitárias.

OBJETIVO

Avaliar as características da organização daatenção básica de alguns municípiosparaibanos, classificando-os segundo oparaibanos, classificando-os segundo odesempenho da organização da gestão.

METODOLOGIA• Estudo avaliativo, do tipo normativo de corte transversal;• AMOSTRA: 15 municípios do Estado da Paraíba;• ANO: 2005;

• Envolvendo quatro aspectos da dimensão da organização dagestão da atenção básica:gestão da atenção básica:

ü métodos e instrumentos de gestão;ü mecanismos de controle e avaliação da atenção básica;ü qualificação de pessoal; e,ü fortalecimento do controle social.

METODOLOGIA• As informações foram obtidas através de entrevistas semi-

estruturadas realizadas com os secretários de saúde:

• 1. as respostas obtidas para cada critério foram pontuadas em 0, 2 ou 4;

• 2. para cada município obteve-se uma pontuação resultado da soma dos nove critérios;da soma dos nove critérios;

• 3. a amplitude dos escores possíveis (0 – 36) foi dividida em tercis;

• 4. e posteriormente classificadas em: satisfatória (os municípios que pontuaram entre 25 e 36), intermediária (aqueles entre 13 e 24) e insatisfatória (os com pontuação entre 0 e 12);

RESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃO

CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOSREGIÃO MUNICÍPIO POPULAÇÃO* Nº ESF COBERTURA SF

AGRESTE

PB01 17.324 7 92,4

PB02 6.015 3 100,0

PB03 19.180 5 72,6

PB04 20.964 6 77,1

PB07 16.281 7 99,4

PB08 28.527 11 94,7

PB09 24.421 8 91,0PB09 24.421 8 91,0

PB10 10.778 4 83,2

PB13 38.210 15 100

PB15 8.512 4 100

BORBOREMAPB06 15.867 7 99,7

PB12 18.820 6 96,5

MATA PARAIBANAPB11 26.075 9 89,9

PB14 4.988 2 100,0

SERTÃO PB05 2.777 1 100,0

MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO

TERRITORIALIZAÇÃO

• O processo de territorialização da área de abrangência deuma unidade básica de saúde envolve as seguintes etapas:

1. a análise das condições de vida e de saúde da população sobsua responsabilidade;

2. o mapeamento da área e das micro-áreas; e,3. o planejamento local das atividades.

• Mais da metade dos gestores entrevistados desconheceucomo se deu este processo, embora tenham mencionando aexistência de “mapas”;

TERRITORIALIZAÇÃO

• Dois dos gestores relataram a experiência referindo-se aomapeamento das áreas e micro-áreas, a caracterização doterritório e o cadastramento das famílias;

• A análise deste aspecto evidenciou fragilidades em relação auma etapa considerada fundamental na implantação dasequipes de Saúde da Família.equipes de Saúde da Família.

PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE

• As decisões do gestor sobre as ações de saúde que serão desenvolvidas devemlevar em consideração as necessidades identificadas não apenas pela gestão, mastambém pela sociedade;

• Essas ações devem ser configuradas no Plano Municipal de Saúde e aprovadaspelo Conselho Municipal de Saúde;

• Em oito dos 15 municípios, inexiste o Plano Municipal de Saúde e em três este foielaborado apenas pela equipe da gestão municipal de saúde, sem considerar aselaborado apenas pela equipe da gestão municipal de saúde, sem considerar asnecessidades percebidas pela sociedade;

• É possível considerar que a grande parte dos municípios estudados não possuidefinição das diretrizes e metas pretendidas para as ações de saúde de um períodopré-determinado, não havendo evidência da participação efetiva da sociedade nadefinição destas ações.

RELATÓRIO DE GESTÃO• O Relatório Anual de Gestão deve mostrar as realizações, os resultados ou

os produtos obtidos em função das metas programadas, bem como oimpacto alcançado em função dos objetivos estabelecidos;

• Deve contemplar, também, o grau de eficácia e efetividade alcançado pelaestrutura e organização, em função dos recursos aplicados e dosresultados conseguidos, produzindo subsídios para a tomada de decisõesrelativas aos rumos da gestão;

• Em nenhum dos municípios estudados foi possível identificar a existência dos conteúdos esperados;

• Em 40% dos municípios, não existe nenhum relatório ou o gestordesconhece as informações que possam vir a estar contidas nele. Nosoutros municípios, os relatórios contêm apenas indicadores de saúde e asações desenvolvidas.

REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA

• A maioria dos municípios utilizam um instrumento dereferência intermunicipal - a Guia de Encaminhamento deReferência Ambulatorial (GERA), indicado pela SMS/JoãoPessoa;

• Um dos 15 municípios estudados utiliza um instrumento de• Um dos 15 municípios estudados utiliza um instrumento dereferência e contra-referência;

• A inexistência de tal mecanismo impossibilita a comunicaçãoefetiva entre os diferentes níveis de atenção, comprometendoo princípio da integralidade da atenção.

MECANISMOS DE CONTROLE E AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA

AVALIAÇÃO• No tocante às ações relacionadas ao campo da avaliação, foram analisados

aspectos referentes às normas e rotinas de avaliação da atenção básica, osindicadores utilizados e o seu método de análise;

• As principais deficiências referem-se à inexistência de rotinas para avaliação e autilização dos indicadores para a tomada de decisão;

• O Pacto dos Indicadores da Atenção Básica foi considerado como o principalinstrumento de avaliação identificado pelos gestores;instrumento de avaliação identificado pelos gestores;

• Em nenhuma das entrevistas, foram citadas outras dimensões da avaliação:cobertura e acessibilidade dos serviços, satisfação dos usuários e custo das ações;

• Fica evidenciada a necessidade de se incorporar a avaliação à gestão do sistema deserviços de saúde, de maneira que esta seja utilizada no processo de tomada dedecisão.

QUALIFICAÇÃO DE PESSOAL

QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS

• Na maioria dos municípios estudados existem ações decapacitação de pessoal, embora, em apenas quatromunicípios, essas ações sejam iniciativas próprias da gestãomunicipal;

• A maior parte dos gestores mencionou a qualificação dos ACS,• A maior parte dos gestores mencionou a qualificação dos ACS,em parceria com o MS e a SES, como “o projeto dequalificação de pessoal da atenção básica”;

• De modo geral, observou-se que as ações referentes àqualificação das equipes são bastante incipientes, apesar desua importância ter sido reconhecida pelos gestores.

FORTALECIMENTO DO CONTROLE SOCIAL

CONTROLE SOCIAL

• Segundo os gestores entrevistados os Conselhos de Saúdeestão implantados e funcionando regularmente, e as açõesdesenvolvidas envolvem a homologação de projetos ouavaliação das ações;

• Foi evidenciado o cumprimento formal da criação do• Foi evidenciado o cumprimento formal da criação doConselho, sem que se observe uma participação efetiva desseConselho na condução das políticas de saúde, evidenciando abaixa capacidade destes na formulação das políticas de saúdee a necessidade de fortalecimento do controle social.

CLASSIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

CONSIDERAÇÕES FINAIS• A metodologia utilizada apresenta algumas limitações que

podem introduzir algum viés na classificação dos municípios;

• Todas as respostas foram referidas pelos gestores, sem quefosse realizada a confirmação das afirmativas nos municípios;alguns secretários de saúde haviam assumido o cargo hámenos de seis meses;

• A partir dessa análise, foi possível observar uma fortetendência dos gestores municipais de saúde a utilizarem osinstrumentos de gestão de forma burocrática, onde somentese observa o cumprimento de algumas formalidades, mas sema apreensão do real potencial de uso destes instrumentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As melhorias possíveis na organização da gestão

da atenção básica guardam estreita relação com a

possível transformação da utilização dos instrumentos de

gestão da forma burocrática para uma forma dinamizada

e é nesta direção que devem apontar os esforços a

serem empreendidos pelos gestores de saúde.

REFERÊNCIAS1. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS. Para entender a

gestão do SUS. Brasília, DF 2003 .2. Teixeira, C.; Paim, J.; Vilasbôas, A. L. SUS, Modelos Assistenciais e Vigilância da Saúde. In: Teixeira, C.

(Org.) Promoção e Vigilância da Saúde. Salvador: ISC-CEPS, 2002. p.23-57.3. Mendes, E. V. A descentralização do sistema de serviços de saúde no Brasil: novos rumos e um outro

olhar sobre o nível local. In: Mendes, E. V. (Org.) A Organização da Saúde no Nível Local. São Paulo: Hucitec, 1998. cap. 1, p. 17-55.

4. Ministério da Saúde. Informações de Saúde. Disponível em www.datasus.gov.br. [acessado durante o ano de 2006, para as informações de Jan.-Dez. 2005]

5. Paraíba. (Estado) Secretaria de Saúde. Relatório de Gestão: 1996-1998. Relatório Técnico. João Pessoa, 1999.

6. Paraíba. (Estado) Secretaria da Saúde. Relatório de Gestão: 1999. Relatório Técnico. João Pessoa, 2000.6. Paraíba. (Estado) Secretaria da Saúde. Relatório de Gestão: 1999. Relatório Técnico. João Pessoa, 2000.7. Veras, C. L. S. M. et al. O Saúde da Família na Paraíba: do processo de implantação aos resultados.

Divulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, p. 26-34, 2000.8. Brasil. Ministério da Saúde. Manual para a Organização da Atenção Básica.Brasília: MS, 1999.9. Mendes, E.V.; Teixeira, C.F.; Araújo, E.C.; Cardoso, M.R.L. Distrito sanitário: conceitos-chave. In: Mendes,

E. V. (Org.). Distrito sanitário: O processo social de mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde. 3. ed. São Paulo: HUCITEC; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1995.

10. Aquino, R. Conhecendo o território. In: Manual para Treinamento Introdutório das Equipes de Saúde da Família. Salvador: Pólo de Capacitação, Formação e Educação Permanente de Pessoal para a Saúde da Família, 2001.

11. Brasil. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. Ministério da Saúde. Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde. Brasília, DF, 2006.

12. Bispo Júnior, JP, Sampaio JJC. Participação social em saúde em áreas rurais do Nordeste do Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2008:23 (6):403-9.