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DESCRIÇÃO DE UMA ESTRUTURA E
DIRETRIZES PARA UM LABORATÓRIO
DE ENSINO E PESQUISA EM GESTÃO
DA PRODUÇÃO
Renato de Campos (UNESP)
Alessa Berretini da Silva (UNESP)
O uso e disponibilidade de estrutura de laboratórios para ensino e
pesquisa em cursos como engenharia mecânica ou engenharia elétrica
é comum. Porém, em áreas relacionadas a engenharia de produção
existe uma carência de tal estrutura. Jogo de empresa é uma
ferramenta que possibilita simular algumas condições relacionadas a
tomada de decisão em uma empresa. Este artigo propõe uma estrutura
e diretrizes para o desenvolvimento de um Laboratório para Gestão da
Produção, que possibilite simular de forma mais realista e holística o
cenário de uma empresa. Assim são descritas as características de
alguns elementos para compor um ambiente simulado de empresa, a
integrado a um jogo de empresa. Ao final são tecidas considerações
sobre a proposta, no que tange o possível desenvolvimento modular do
laboratório, e uso gradativo de diferentes procedimentos, experimentos
e testes, para diferentes objetivos e complexidades, relativos a pesquisa
e ensino na área de gestão da produção.
Palavras-chaves: Laboratório, gestão da produção, ensino-
apredizagem, jogos de empresa, modelagem de empresas, sistemas de
informações
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
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1 - Introdução
Assim como as áreas científicas desenvolvem-se com o aparecimento de novas tecnologias,
novos métodos de ensino-aprendizagem vêm sendo desenvolvidos para acompanhar o
crescimento e as novas realidades impostas pela sociedade. Um dos principais indicadores
desse crescimento é a ampliação do uso de computadores e uma conseqüente facilidade de
acesso à transmissão de dados possibilitada pela internet. Como cada vez mais os
computadores estão presentes na vida cotidiana existe a necessidade de desenvolvimento dos
mais variados softwares para diversas finalidades, como os educativos, usados como
ferramenta de apoio ao processo de ensino-aprendizagem (ORNELLAS; CAMPOS, 2008;
BERNARD, 2006; SAUAIA, 2008).
A criação e uso de laboratórios de ensino e pesquisas em algumas áreas acadêmicas, tais
como Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica, são comuns. Porém algumas áreas, como a
Gestão da Produção, carecem de laboratórios que permitam a professores e alunos o ensino e
pesquisa de técnicas e ferramentas relacionadas, por exemplo, à tomada de decisão.
A experiência mostra que jogos de empresas é uma importante ferramenta na simulação de
processos que envolvam decisões típicas de gestão de empresa, mas o seu uso pode ser feito
em conjunto com outros componentes de forma a potencializar os seus benefícios e ajudar no
ensino e pesquisa de outras áreas de pesquisa e ensino.
Por exemplo, pode-se adaptar um sistema de informação para o suporte a tomada de decisões
pelos jogadores do jogo de empresas.
Outra possibilidade é a simulação de processos operacionais de produção, através de
softwares de simulação ou mesmo a criação de mini-fábrica simulando fisicamente a
produção de produto na suposta empresa. Isto pode permitir uma visão mais integrada e
holística, além de uma melhor compreensão das conseqüências de eventos típicos ocorridos
em um sistema de manufatura.
Também, ao invés de fazer um manual que se concentre apenas em mostrar quais os passos a
serem cumpridos para realizar o jogo, pode se fazer uso de modelos de empresas que
explicitem conhecimentos relativos às possíveis regras dos processos de negócio simulados no
jogo. Ainda, modelos de empresas podem ser usados, não só para servir como guia e suporte
para o processo de tomada de decisão durante a operação dos sistemas, mas em todo o ciclo
de desenvolvimento de sistemas de empresa, desde a definição de estratégias e requisitos do
sistema, passando pelo seu projeto e implementação. Sistemas de empresas podem ser
desenvolvidos utilizando-se arquiteturas de engenharia de empresa (MINOLI, 2008;
VERNADAT, 2002), assim como no contexto do projeto de ambientes simulados de empresa.
Este artigo apresenta uma estrutura e diretrizes para o projeto de um laboratório para o ensino
e pesquisa na área de Gestão da Produção, contemplando um jogo de empresa integrado a um
modelo de referência para gestão da produção, uma infraestrutura de integração e suporte a
decisão, e um sistema simulado de produção. O desenvolvimento do projeto é baseado em
uma arquitetura de engenharia de empresa.
2 - Jogos de Empresa
A simulação por meio de jogos de empresa é um meio de se experimentar idéias e conceitos
sob condições que estariam além das possibilidades de serem testados na prática, devido ao
custo, demora ou riscos envolvidos (DAVIS, 1997; MARTINELLI, 1987; ORNELLAS;
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CAMPOS, 2003).
Com os jogos os participantes podem vivenciar e testar condições simuladas da realidade
analisando, posteriormente, as conseqüências de suas escolhas. Isso abre a possibilidade de se
poder, virtualmente, errar e voltar atrás em um mercado competitivo que pune cada vez mais
severamente os erros cometidos (ORNELLAS; CAMPOS, 2003).
A simulação usa de modelos para o estudo de problemas reais de natureza complexa através
da experimentação computacional. O seu uso implica, portanto, no processo de construção de
um modelo que replica o funcionamento de um sistema real ou idealizado e na condução de
experimentos computacionais com este modelo objetivando: melhor entendimento do
problema em estudo, testar diferentes alternativas para sua operação, e assim propor melhores
formas de executá-lo (SALIBY, 2000).
No tocante ao uso de Jogos no processo ensino/aprendizagem é um método simulado em que
o treinando é inserido em determinado ambiente, que deve ser o mais próximo possível da
realidade. Jogos de Empresa explora a faceta competitiva da personalidade do ser humano,
pela qual ele se sente estimulado a disputar com outras pessoas, utilizando todas as
ferramentas possíveis para vencer o jogo (KOPITTKE, 1992). Fries (1995) indica ser de
importância fundamental, para o processo de aprendizagem, a participação daquele que
aprende, em especial tratando-se de programas que se destinam ao desenvolvimento de
habilidades de caráter prático.
Para uma melhor tomada de decisão, assim como geralmente fazem algumas empresas na
realidade, torna-se importante o uso de sistemas de informações para o suporte na tomada de
decisões em um jogo, visando a gestão da produção em uma empresa fictícia.
3 - Gestão e Integração de Empresas
Já há algum tempo, é clara a necessidade de se pensar e mudar as operações das empresas
conforme as necessidades geradas pela globalização e concorrência entre países (HAMMER;
CHAMPY, 1992). A Tecnologia de Informação passou a ser essencial nesse processo de
mudança possibilitando automatizar e integrar seus processos (DAVENPORT, 1994). Em
específico, a tecnologia da informação proporcionou alternativas para a melhoria das
operações da empresa, tornando projetos de trabalho mais ágeis, menos onerosos e mais
eficazes, e viabilizando uma grande quantidade de novos procedimentos e técnicas ou
metodologias administrativas (RODRIGUES, 1999). Ela possui um papel fundamental na
gestão e integração de empresas.
Inicialmente, as necessidades de gestão da produção das empresas puderam ser satisfeitas em
parte por sistemas isolados como o sistema MRP. Como uma evolução do MRP, foram
criados os sistemas MRPII que integraram as principais funções e informações relacionadas
com o Planejamento e Controle da Produção através de um único sistema de informação
(SCHEER, 1989; CORRÊA et al., 2001). Devido a necessidade de integração de toda
empresa, surgiu o conceito de ERP, ou sistemas integrados de gestão empresarial (SIGs). Eles
possibilitaram as empresas integrarem todas as suas áreas atingindo a gestão global da
empresa através de uma base de dados única que consolida toda a operação do negócio em um
único ambiente (CHUNG; SNYDER, 2000).
Ainda assim, apesar do grande salto em termos de integração proporcionado por esses
sistemas, algumas questões ainda devem ser tratadas. Essa integração se deu principalmente
no nível da TI (integração física e de aplicativos), o que não garante que os processos
negócios da empresa estejam sendo realizados da melhor maneira, e que os sistemas de
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informações estejam realmente integrando e suportando e atendendo corretamente os
requisitos dos processos de negócios.
Uma maneira de melhor analisar, projetar e integrar as atividades de processos de empresas
sistemas de empresas, assim como dar suporte a tomada de decisões durante a gestão da
produção é o uso de modelos de empresas. Ou seja, a modelagem de empresa pode dar
suporte a todo o ciclo de vida no desenvolvimento de sistemas de empresas, desde a definição
de estratégia e requisitos, passando pelo projeto e implementação. Assim também pode dar
suporte no ciclo de vida de desenvolvimento deste laboratório sendo proposto neste artigo.
4 - Modelagem e Integração de Empresas
Conforme Vernadat (1996), a modelagem de empresas, dentre outras definições, é um
conjunto de atividades ou processos usados para desenvolver partes de um modelo de empresa
para se chegar a alguma finalidade desejada. Para o autor os propósitos da modelagem de
empresas podem ser: melhor representar e entender como a empresa funciona; capitalizar o
conhecimento para uso futuro; melhorar o fluxo de informação; projetar ou melhorar sistemas
de empresa (operações, informação, organização,...); analisar e simular parte da empresa; e
controlar, coordenar ou monitorar processos da empresa.
Para Kalpic e Bernus (2002), a formalização dos conhecimentos envolvidos nos processos de
negócios das empresas contribui para a competitividade e fornece a base para o
desenvolvimento e sobrevivência da organização. Vários formalismos vêm sendo propostos
para a representação de aspectos de empresas (CARNAGHAN, 2006).
A Integração de Negócios trata da integração completa da empresa, isto é, coordenação de
processos de negócios e compartilhamento de conhecimento. Para obtê-la é necessária uma
análise detalhada das operações, regras e estrutura da empresa em termos de funções, sistemas
de informações, recursos, aplicativos e unidades de organizações. Portanto, para atingir esta
integração, é necessário incorporar o nível de conhecimento da empresa, isto é, entender sua
organização e como os processos de negócios devem ser realizados, modelá-los e integrá-los.
Vários projetos na área de modelagem e integração de empresas foram realizados por
programas financiados por entidades governamentais nos EUA na Europa (MINOLI, 2008;
CIMOSA, 1996; IFIP-IFAC, 1999; SCHEER, 2000).
CIMOSA (Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture) é uma arquitetura
para o projeto de empresas que fornece, entre outros conceitos e componentes, uma
linguagem e um processo de modelagem que define atividades para a modelagem dos
aspectos de uma empresa (KOSANKE; ZELM, 1999).
A arquitetura GERAM – Generalized Enterprise Reference Architecture and Methodology
(IFIP-IFAC, 1999; NORAN, 2003; MINOLI, 2008) é uma generalização das arquiteturas
propostas por GIM, PERA e CIMOSA, se utilizando das melhores partes dessas últimas, com
o intuito de servir como referência para todos os envolvidos na área de engenharia e
integração de empresa.
GERAM fornece uma descrição de todos os elementos recomendados na engenharia e
integração de empresas e assim prepara o padrão para uma coleção de ferramentas e métodos
da qual qualquer empresa se beneficiaria com mais sucesso ao cuidar do projeto de
integração, ou um processo de mudança (melhoria) que pode acontecer durante o tempo de
vida operacional da empresa. A sua metodologia não impõe uma coleção de ferramentas ou
métodos em particular, mas define critérios a serem satisfeitos por qualquer coleção de
ferramentas e métodos selecionados. Ela considera modelos de empresas como um questão
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essencial para a integração e engenharia de empresas; isto inclui várias técnicas formais de
descrição de projetos – como modelos computacionais, textuais e gráficos para representações
do projeto. Ela é constituída de componentes considerados essenciais e complementares para
a integração de empresas, que são apresentadas a seguir (IFIP-IFAC, 1999):
GERA (Generic Reference Architecture): Arquitetura Genérica de Empresa;
EEMs (Enterprise Engineering Methodology): Metodologias de Engenharia de Empresa;
EMLs (Enterprise Modeling Languages): Linguagens de Modelagem de Empresa;
EMs (Enterprise Models): Modelos de Empresa;
EETs (Enterprise Engineering Tools): Ferramentas de Engenharia de Empresa;
GEMCs (Generic Enterprise Modeling Concepts): Conceitos Genéricos de Modelagem de
Empresa;
PEMs (Partial Enterprise Models): Modelos Parciais de Empresa;
EMOS (Enterprise Modules): Módulos de Empresa;
EOSs (Enterprise Operational Systems): Sistemas Operacionais de Empresa.
GERAM encara modelos de empresas como um componente essencial para a integração e
engenharia de empresas. GERA provê uma estrutura de análise e modelagem que é baseada
no conceito de ciclo-de-vida e identifica três dimensões para definir o escopo e o conteúdo da
modelagem de empresa, semelhante à de CIMOSA:
- Dimensão de Ciclo-de-vida: sustentando o processo controlado de modelagem de entidades
de empresa de acordo com as atividades do ciclo-de-vida (fases de Identificação, Conceito,
Requisitos, Projeto, Implementação, Operação e Retirada de Operação);
- Dimensão de Generalidade: sustentando o processo controlado de particularização
(instanciação) do genérico e parcial para o particular;
- Dimensão de Vistas: sustentando a visualização controlada de vistas específicas da entidade
de empresa (vistas de modelagem de Funções, de Informações, de Recursos e da
Organização).
A seguir são descritas as diretrizes para o desenvolvimento do laboratório, sendo que, assim
como se pode usar uma arquitetura de referência para se fazer a engenharia de uma empresa,
propomos o uso de GERAM como arquitetura de referência para nossa proposta.
5 – Estrutura e Diretrizes para o Desenvolvimento do Laboratório
Nesta seção são apresentadas algumas diretrizes para o desenvolvimento do Laboratório para
pesquisa e ensino em gestão e integração (de processos) de empresas, com foco na gestão da
produção.
Primeiramente são apresentados os passos para se chegar a definição de uma arquitetura
particular para engenharia de empresas, até a definição do modelo de empresa (EM) que será
utilizado na construção do laboratório. Após são apresentadas as diretrizes para o
desenvolvimento de um Ambiente Simulado de Empresa. Finalmente são tecidas algumas
considerações sobre o Jogo de Empresa, ferramenta a ser usada de forma integrada e para dar
dinâmica aos demais componentes do laboratório.
5.1 - Desenvolvimento de uma Arquitetura Particular
A arquitetura GERAM deve ser usada para definir os principais conceitos e componentes
metodológicos para se chegar ao modelo do Ambiente Simulado de Empresa (incluindo os
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aspectos de processos, informações, recursos e organização). Assim, baseados na referida
arquitetura (GERA), devem ser definidos cada um dos seguintes componentes particulares ao
laboratório (ver Figura 1):
- uma metodologia (EEM) para desenvolvimento de sistemas do laboratório. Para se chegar à
metodologia (ou processo de desenvolvimento), devem ser consideradas no estudo as
metodologias CIMOSA para a modelagem geral do laboratório e a metodologia UP (Unified
Process) para o desenvolvimento ou adaptação de sistemas de informação para o apoio a
decisões;
Jogo de
Empresa
GERA Arquitetura de Empresa
Generalizada
Identifica conceitos de
integração de empresas
EOS:
Ambiente
Simulado de
Empresa
EMOs (Exemplo, o ERP5) Fornece módulos
implementáveis para um
sistema de informação
EMs Modelos de Empresa
Projeta empresas e modelos para apoiar análises e
operações
EETs Ferramentas de
Engenharia de Empresas Apóia a engenharia de
empresas
PEMs Modelos Parciais de
Empresas Fornece modelos de referência reutilizáveis e projeta funções
humanas, processos e tecnologias.
GEMCs Conceitos Genéricos de
Modelagem de Empresas
(Tecnologias e Definições) Define o objetivo dos construtores de
modelagem de empresas
EEM Metodologia de
Engenharia de Empresas
Descreve processos de engenharia de empresas
EMLs Linguagens de
Modelagem de Empresas Fornece construtores de modelagem
para modelagem de funções
humanas, processos e tecnologias
emprega
usada para construir
Implementado em
utiliza
apóia
usada para implementar
LABORATÓRIO DE GESTÃO DA PRODUÇÃO
Figura 1 – Relações entre os componentes do projeto do Laboratório (baseado em IFIP-IFAC, 1999).
- uma linguagem de modelagem (EML) deve ser definida, considerando-se as linguagens
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CIMOSA, UEML, a norma ISO 19440, e também as extensões de Eriksson e Penker, a ser
implementada através da UML;
– uma ferramenta de suporte à modelagem (EET) deverá ser desenvolvida ou adaptada de
forma compatível com a metodologia e linguagem definida;
– deverão ser definidos modelos de processos e modelos particulares (EMs) de todos os
aspectos (vistas ou visões) dos sistemas a serem considerados no Laboratório;
– conceitos de empresas (GEMCs) podem ser usados para ajudar a definir os modelos
particulares (EMs);
– modelos parciais ou de referência (PEMs) encontrados na literatura serão usados como base
para ajudar a definir os modelos (EMs), sendo que no caso do laboratório esses modelos serão
relacionados à área de Gestão da Produção (a princípio se propõe simular decisões
relacionadas a uma hierarquia de Planejamento e Controle da Produção – ver seção 5.3);
– módulos de sistemas operacionais de empresas (EMOS), tais como módulos de ERPs ou
como computadores e componentes automatizados para o projeto de um sistema de montagem
simulando a produção, encontrados no mercado, podem ser considerados para serem
configurados e adaptados conforme os modelos definidos (EMs), e assim se obter o Ambiente
Simulado de Empresa (no caso, o EOS).
5.2 - O Ambiente Simulado de Empresa
O projeto do Ambiente Simulado de Empresa será baseado nos modelos de empresa (EMs)
definidos e deve proporcionar condições e recursos para que se estude, pesquise e desenvolva
conhecimentos e tecnologias para a gestão e integração de empresas; além de permitir o
estudo e testes de sistemas (por exemplo, desenvolvimento de módulos de softwares ou ERPs
livres de códigos aberto, ou testes em softwares ou ERPs comerciais). Ele pode ser dividido
em três maiores componentes: uma Infra-estrutura de Integração, um Sistema Físico de
Montagem, e um Modelo de Referência para Gestão de Empresa (Figura 2). Este ambiente
também deve prever recursos permitindo não só a integração interna como a integração de
supostos elementos externos a uma empresa (simulação de fornecedores e clientes).
O Modelo de Referência para Gestão de Empresa se refere aos conhecimentos e regras de
negócios relativos aos processos de gestão (modelos de processos de decisão que constam nos
modelos de empresa - EMs), a serem definidos conforme seção anterior deste artigo. Eles
deverão ser implementados e simulados no jogo de empresa, permitindo o estudo e pesquisa
no ambiente simulado de empresa.
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Figura 2 – Estrutura para o Ambiente Simulado de Empresa.
A Infra-estrutura de Integração deve ser composta por hardwares (computadores,...) e
softwares tais como sistemas ERP, sistemas de Planejamento Fino da Produção e software de
Simulação. Neste ambiente pode se fazer a adaptação e uso de ERP proprietários ou ERP livre
e de código aberto, o que pode trazer redução de custos e criar a oportunidade de se alterar e
adaptar mais facilmente o modo de funcionamento do sistema. Também existe a possibilidade
de se considerar o uso de Sistemas de Planejamento Fino da Produção (como o Preactor) e
softwares de simulação (como o ProModel ou ARENA), para o apoio a tomada de decisão
inerentes à área de produção. Computadores podem ser dedicados a cada uma das funções
típicas de uma empresa (planejamento e controle da produção, compras, vendas, controle de
estoque, contabilidade e custos,...). Assim, essas funções devem ser apoiadas por módulos do
sistema ERP, ou sistemas mais específicos como um sistema de planejamento fino ou de
simulação.
O Sistema Físico de Montagem deve simular uma a montagem de produtos fictícios (pode-se
considerar o uso de peças padrão - LEGO). Os postos de trabalhos devem ser constituídos de
elementos eletro-pneumático reais de pequenas dimensões, e as estações de trabalho e
sistemas de movimentação devem ser modulares para simular diferentes processos produtivos
(com características de processos contínuos ou intermitentes) e diferentes tipos de
configurações (como o arranjo celular, por produto,...). Um possível arranjo para esse sistema
é mostrado na Figura 3, onde se ter postos de trabalhos de carregamento, montagens e
descarregamento (manual, e/ou automático, e/ou semi-automático) de peças a serem operadas.
Assim, pode-se simular encomendas customizadas para esses produtos fictícios feitas por
clientes virtuais, em função de uma demanda pré-determinada ou probabilística. Diferentes
produtos e processos (ou estações de trabalho) podem ser simulados em função das posições
em que pode-se montar os cubos da LEGO. A utilização de placas padrão LEGO, ao mesmo
tempo em que permite a simulação de um problema real, torna-o facilmente desmontável e
reutilizável, fazendo com que a esse sistema não tenha gastos com insumo.
Então, temos alguma complexidade relacionada com o gerenciamento de produtos,
equipamentos e processos, criando um cenário propício para a aplicação de conceitos e
ferramentas na área de gerência da produção.
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Figura 3 – Possível arranjo para o Sistema Físico de Montagem.
5.3 – O Jogo de Empresa
O Jogo de Empresa deve ser projetado levando-se em consideração o Modelo de Referência
para a Gestão de Empresa, que são processos relacionados com decisões do modelo de
empresa (EM), tais como os processos de Previsão de Demanda, Planejamento e Controle da
Produção, Controle de Estoques, entre outros possíveis. Os supostos processos da empresa
estarão relacionados, e uma decisão deve interferir em outras, permitindo uma visão o mais
holística possível de uma dada área da organização.
Assim, neste ambiente será possível criar situações diversas permitindo aos alunos estudar,
pesquisar e comparar estas diferentes técnicas e ferramentas de Gestão da Produção. Por
exemplo, na área de Planejamento da Produção pode-se implementar e testar técnicas como o
Just In Time, MRPII e a Teoria de Restrições, em diferentes cenários.
A princípio, é proposta a simulação das decisões referentes a uma hierarquia de Planejamento
e Controle da Produção (PCP), conforme a Figura 4. Para Corrêa et al. (2001) a decomposição
hierárquica da função do planejamento da produção parte da compreensão dos conceitos
básicos relacionados com os seguintes níveis de decisões:
- Planejamento de Vendas e Operações ou S&OP (Sales & Operations Planning);
- Planejamento Mestre da Produção ou MPS (Master Production Scheduling);
- Planejamento dos Requisitos de Materiais ou MRP (Material Requirements Planning);
- Programação da Produção (PP).
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Figura 4 - Hierarquia do planejamento e controle da produção (adaptado de Corrêa et al., 2001).
O Jogo de Empresa deve permitir simular vários meses (e até anos) de operação de uma
empresa e o seu mercado, no intervalo de poucas horas (OLIVARES; CAMPOS, 2004).
Assim, o pesquisador ou aluno poderá exercitar suas habilidades de tomador de decisão de
forma muito mais rápida do que na realidade concreta.
6 - Considerações finais
Este artigo apresentou diretrizes para o desenvolvimento de um Laboratório de Gestão da
Produção, área que é carente de ferramentas de ensino e pesquisas de caráter mais prático,
principalmente em comparação com outras áreas da engenharia.
Assim, foi proposto o projeto de um laboratório onde se busca integrar o uso de jogo de
empresa, com sistemas informação para de suporte a decisões, a simulação de processos
RRP
RCCP
CRP
Recursos
críticos,
tempos,
offset
Recursos
críticos,
tempos,
offset
Centros
produtivos,
roteiros,
tempos
Planejamento de Capacidade
Longo Prazo
Médio Prazo
Curto Prazo
Planejamento de Materiais
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
S&OP
MPS
Familia de
produtos
Produtos
finais
Programação da
ProduçãoComponentes
MRP Componentes
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operacionais em um ambiente simulado de empresa, e o uso de modelos desenvolvido com
base em uma arquitetura de referência para engenharia de empresas.
Utilizando a estrutura deste laboratório de pesquisa supõe-se possível uma nova dinâmica a
atividades de pesquisa e ensino, criando um ambiente para o desenvolvimento e simulação de
processos de negócios típicos de empresas. Com ele se espera pesquisar ou explorar no ensino
muitos aspectos da realidade que não seriam possíveis através de técnicas tradicionais de
pesquisa e ensino relacionados a gestão da produção.
Existe certa complexidade no projeto e operação dos sistemas propostos, porém se observa
que se pode montar ou operar inicialmente partes dos sistemas, de forma modular.
Por exemplo, opcionalmente não é necessário se usar arquitetura para modelagem de
empresas para o projeto e operação do laboratório.
O laboratório pode ser usado em várias disciplinas de um curso de engenharia de produção,
por exemplo, focando o planejamento da produção, ou a modelagem de processos de negócios
de empresas, ou o projeto e uso de sistemas de informações, ou na automação de sistemas,
etc, separadamente. Ou quando for possível e conveniente, em disciplinas mais avançadas do
curso, pode se fazer uso de conceitos e recursos de forma integrada.
Supondo a hierárquia de planejamento proposto, propõe se aplicar o jogo de empresa no
ensino de PCP em uma sequência de processos de decisões com gradativa complexidade ao se
considerar no jogo (Figura 4):
- apenas as decisões do nível de Planejamento de Vendas e Operações;
- as decisões do nível de Planejamento de Vendas e Operações e do nível de Planejamento
Mestre da Produção;
- as decisões do nível de Planejamento de Vendas e Operações até o nível de Planejamento de
Requisitos de Materiais;
- até ao final considerar o jogo com todas as decisões, do nível de Planejamento de Vendas e
Operações até o nível de Programação da Produção.
Ou seja, como em um dado laboratório na área de física, ou na área de engenharia mecânica,
se pode fazer diferentes procedimentos, experimentos e testes com diferentes objetivos e
complexidades, utilizando determinado conjunto de recursos, neste laboratório proposto pode-
se usar um determinado conjunto de recursos (não necessariamente todos) nele previsto para
diferentes procedimentos, experimentos e testes para diferentes objetivos e complexidades, na
área de gestão da produção.
Assim, espera-se que o ensino e a pesquisa nas áreas de jogos de empresas, modelagem de
empresas, gestão da produção e sistemas de informações, tais como ERPs, possam ser
potencializados e integrados em uma só estrutura. Pesquisadores com experiência e
conhecimentos nas áreas envolvidas devem formar uma equipe para levar adiante e
concretizar a implementação da estrutura e das diretrizes apresentadas para o laboratório, as
quais se julguem úteis e viáveis.
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