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GUIA BÁSICO DE INVESTIGAÇÃO CORPORATIVA

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GUIA BÁSICO DE

INVESTIGAÇÃO CORPORATIVA

ÍNDICE PÁGINAS

INTRODUÇÃO 3

APROFUNDAR O CASO PARA QUE SE TENHA NOÇÃO REAL DA SITUAÇÃO 4

RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS 5

PLANO DE INVESTIGAÇÃO 8

ENTENDIMENTO DOS PROCESSOS ENVOLVIDOS 10

MONITORAMENTO DIGITAL 11

PROCEDIMENTOS PARA CÓPIA DE HD CORPORATIVO 12

COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES EM CAMPO 13

ENTREVISTA MODERNA (EXPLORATÓRIA OU CONFIRMATÓRIA) 14

DESDOBRAMENTO DO TRABALHO (CONTINUAÇÃO DAS ATIVIDADES) 15

ORGANIZAÇÃO DE INDÍCIOS E EVIDÊNCIAS 16

LIMITAÇÕES 17

RECOMENDAÇÕES SOBRE O RISCO DE FRAUDES 18

RELATÓRIO FINAL 19

POTENCIAIS AÇÕES POSTERIORES A UMA INVESTIGAÇÃO 20

INTRODUÇÃO

A presente metodologia tem como objetivo principal servir como guia à condução de investigações corporativas em empresas

públicas ou privadas. As diretrizes aqui apresentadas são de caráter genérico. Detalhes operacionais e escopo de trabalho serão

sempre definidos conforme as particularidades de cada caso.

A aplicação de uma metodologia é fundamental para garantir a qualidade das provas produzidas e efetividade da investigação. A

partir de um trabalho sistemático e organizado, contemplando todas as etapas necessárias ao esclarecimento de casos de fraudes

e desvio de conduta, torna-se viável a assertiva tomada de decisão, quer na esfera administrativa ou judicial.

Na prática, há diversos canais de comunicação para recebimento de denúncias que podem afetar a reputação e demonstrações

financeiras de uma empresa. Tais canais podem ser utilizados por funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, clientes e

quaisquer outras partes interessadas, conforme a seguir:

1. Canal de Ética (telefone);

2. Endereço Eletrônico (e-mail);

3. Correspondência (endereço físico);

4. Denúncia via site (formulário vinculado ao endereço eletrônico da empresa);

5. Denúncia Verbal (conversas pessoais).

3

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4

O QUE MOTIVOU A FRAUDE E DESENCADEOU SEUS RESULTADOS

Ação maciça

Pressão

Racionalização

Capacidade

Oportunidade

Disposição

Falhas

Hábitos

DENÚNCIA OU

SUSPEITA DE FRAUDE

APROFUNDAR O CASO PARA QUE SE TENHA NOÇÃO REAL DA SITUAÇÃO

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RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS (1/3)

5

Registro da

denúncia no 0800

Transcrição e

avaliação preliminar

da denúncia

É possível trabalhar com os

dados registrados?

Registro de resposta com

questionamento(s) ao

denunciante – prazo de 15 dias

Registro de novos dados?

A partir do recebimento de uma denúncia deverá ser realizada uma análise preliminar a fim de qualificar seu conteúdo, avaliando se as

informações recebidas são suficientes e se as afirmativas são verídicas, além da sua relevância (ex: nomes de fornecedores,

funcionários, etc.). A seguir, apresentamos um exemplo de macro-fluxo para tratamento de denúncias, descrevendo as etapas do

processo de apuração:

sim

não

não

Arquivo para monitoramento

Qualificação da denúnciasim

As informações foram

confirmadas?

não

Análise de dados e elaboração

do plano de investigação

sim

Aprovação para investigar e

definição de programação

Realização dos procedimentos

de investigação

Emissão do Relatório

Encerramento da denúncia

Registro do Caso como

procedente, improcedente ou

parcialmente procedente.

Adoção de medidas

remediativas, inclusive para

evitar a reincidência

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6

Todo relato recebido (com ou sem anexo/ evidência) e identificado efetivamente como relevante (denúncia procedente) é cadastrado

em um controle interno, arquivado em pasta específica e seguro dentro da área responsável na empresa (Exemplo: Departamento de

Compliance).

Caso a denúncia tenha sido recebida por carta, esta deverá ser digitalizada e armazenada, conforme procedimento já descrito.

Durante o processo de análise preliminar, os seguintes aspectos gerais deverão ser verificados:

1. Identificar o denunciante, sempre que possível, bem como a motivação de sua denúncia – uma denúncia pode ser verdadeira

ou não, sua motivação pode ser baseada em valores éticos/morais ou para desviar a atenção da companhia e/ou prejudicar

alguém, entre outras razões;

2. Levantar todas as informações disponíveis do(s) denunciado(s) nos sistemas/bancos de dados da companhia e, se

pertinente, em fontes abertas de pesquisas públicas para traçar o perfil da(s) pessoa(s) citada(s). Recomenda-se a

elaboração de uma “Rede de Relacionamentos” e de uma “Linha do Tempo” do(s) denunciado(s), registrando eventuais

informações conflitantes (fatos, pessoas, contratos, empresas, superiores, subordinados, áreas/departamentos, etc.). Essas

iniciativas permitirão, além da consolidação dos detalhes da investigação em um único documento, o entendimento geral do

contexto sob análise;

3. O trabalho de investigação deve ser preciso, objetivo e neutro aos fatos descritos. É importante observar se o fato narrado se

configura como fraude, erro, reclamação ou engano, pois o tratamento de cada uma destas questões é diferenciado.

RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS (2/3)

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7

Confirmada a aparente legitimidade da denúncia (denúncia de boa-fé), deve-se classificar a ocorrência, o que pode contemplar, dentre

outras coisas, áreas afetas, unidade da empresa onde ocorreu a fraude, natureza da fraude denunciada e origem da denúncia (fonte

interna ou externa). Estas informações são importantes para fins de acompanhamento estatístico e de resgate histórico de dados (ou

tendência/ comportamental) no futuro, se necessário. Também, para identificação das áreas de maior risco na empresa e que,

eventualmente, merecem maior atenção pela equipe de Compliance.

Após a investigação, o parecer/ relatório (Procedente, Improcedente ou Desqualificado), que terá como estrutura, sumário, conclusão

e recomendações, deve também ser arquivado e integrado aos controles, no último caso, quando confirmam a necessidade de ações

pontuais ou continuadas. Este documento também será oportuno à elaboração de estatísticas, avaliação da curva de amadurecimento

dos públicos de interesse – relativo à confiabilidade no canal, conhecimento das diretrizes da empresa e medidas adotadas, sem

retaliação, no tratamento de denúncias – e do Programa de Compliance. Os resultados estatísticos finais, senão o relatório por si,

poderão ser apresentados aos Comitês de Ética e Auditoria.

Esta classificação também é relevante para que a empresa possa compor relatórios gerenciais, com o objetivo de mapear áreas de

risco e para a tomada de decisões estratégicas além das pertinentes ao Programa de Compliance.

RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS (3/3)

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8

Após avaliação preliminar da denúncia, é preciso desenhar o planejamento operacional dos trabalhos de investigação.

Recomenda-se que o plano, antes de executado, seja submetido à Diretoria e/ou Comitê de Ética para, dentre outras coisas, chancela

das ações (e investimento) propostas.

Este plano deverá conter, necessariamente:

1. Informações de identificação do caso, tais como data, autor, para quem se destina o plano, número da denúncia e assunto;

2. Contexto sobre o caso, com a clara identificação do que está sendo denunciado, onde ocorrem os fatos relevantes e quem

são os envolvidos (incluindo eventuais testemunhas);

3. Escopo de Trabalho, incluindo um diagrama com a visão geral dos principais passos em linha cronológica e o detalhamento

operacional, em formato de planilha, contendo os campos “fato a ser apurado”, “documentos / fontes a serem verificados”,

“procedimento previsto” e “detalhamento do que se pretende fazer e resultados esperados”;

4. Organograma das pessoas envolvidas, identificando quem são os alvos iniciais, seus superiores, subordinados e/ou outros

terceiros relacionados;

5. Se envolver empresas e contratos, uma planilha contendo, dentre outras coisas, quais são as empresas mencionadas,

valores envolvidos (contraprestação pelo(s) produto(s) vendido(s) e/ou serviço(s) ofertado(s), e eventuais reembolsos),

origem da relação comercial (área/ pessoa solicitante, responsável pelo recebimento produto(s) ou acompanhamento do(s)

serviço(s), etc.;

PLANO DE INVESTIGAÇÃO (1/2)

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PLANO DE INVESTIGAÇÃO (2/2)

(Cont.)

6. O mapeamento dos processos envolvidos;

7. Os nomes dos profissionais designados para o trabalho;

8. Os nomes dos responsáveis que supervisionarão os trabalhos e servirão de suporte às atividades em âmbito

corporativo (profissionais que não estejam diretamente envolvidos na investigação, por exemplo, CEO, Diretor de

Auditoria);

9. Verificação de eventual histórico de denúncias relativos aos investigados;

10. A Rede de Relacionamentos e a Linha do Tempo deverão estar no Plano de Investigação, se necessários;

11. Formalização de possíveis limitações que impediram a realização de determinada atividade.

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ENTENDIMENTO DOS PROCESSOS ENVOLVIDOS

Para que uma apuração seja bem-sucedida é fundamental que o processo, onde se insere

a suposta fraude, seja mapeado, antes mesmo que ações específicas de investigação

sejam tomadas.

O mapeamento e compreensão de outros processos eventualmente conexos ao principal

também é pertinente, vez que garantirá a assertividade dos testes e dos passos a serem

executados durante a apuração.

Para mapeamento dos processos, a equipe de investigações NÃO deverá, em um primeiro

momento, entrevistar os responsáveis pela área onde a suposta fraude ocorreu. Isso, para

evitar prejuízos às atividades posteriores - incorrer no risco de entrevistar eventual

envolvido na potencial irregularidade.

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MONITORAMENTO DIGITAL

11

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Um dos recursos que poderá ser adotado como ferramenta

de investigação é o monitoramento dos e-mails corporativos

e das estações de trabalho dos denunciados, que deverá ser

previamente autorizado pela alta gestão da empresa.

Destaca-se que, no Brasil, há entendimento judicial de que a

empresa, para o exercício integral do seu poder diretivo,

especificamente quanto a fiscalização e controle das

atividades de seus empregados, deve adotar políticas claras

quanto ao uso de seus sistemas de mensageria,

equipamentos e rede. Por essa razão, torna-se prudente

avisar os empregados, com antecedência, que não há

privacidade, dentre outras coisas, no uso do e-mail

corporativo e que este é de uso exclusivo para assuntos do

trabalho.

PROCEDIMENTOS PARA CÓPIA DE HDCORPORATIVO

Além do monitoramento digital, os computadores corporativos utilizados pelos funcionários denunciados são uma relevante fonte de informação, bem como os backups dos servidores de rede e exchange da Companhia. A coleta de informações em meio digital deverá seguir, sempre, as melhores práticas da ciência forense digital, mantendo a respectiva “cadeia de custódia” dos arquivos digitais, conforme “Procedimento Forense Digital”.

O procedimento de cópia dos HDs envolvidos na investigação poderá ser realizado diante de um Tabelião de Notas de Registro Civil, sempre que necessário, a fim de que sua validade seja inquestionável.

Reitera-se a importância de existência de uma política prévia e clara sobre esses tipos de atividades (monitoramento digital e cópia forense de HD corporativo). Os funcionários da empresa devem ter a ciência de que a companhia tem o direito legal de monitorar seus ativos – informações, processos, e-mails, computadores e etc.-, sem a necessidade de aviso prévio ao colaborador.

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COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES EM CAMPO

A etapa de coleta de dados/informações poderá ser realizada por meio de entrevistas, pesquisa em sistemas/bancos de dados da

companhia, documentos e registros oficiais, dentre outros meios. Além disso, pesquisas em fontes abertas de informação,

disponibilizadas pela rede mundial de computadores também devem ser consideradas.

A seguir, alguns exemplos de fontes de coleta:

1. Dados obtidos em entrevistas com denunciantes e testemunhas, envolvidos ou não na suposta fraude;

2. Documentos oficiais da companhia relacionados aos fatos, tais como contratos, notas fiscais, relatórios, prontuário de

funcionários, etc.

3. Fotografias a serem registradas pela equipe de investigação de rua (engenharia social), se pertinentes e úteis;

4. Documentos digitais de qualquer tipo, se transitados na infraestrutura da companhia;

5. Relatórios antigos e casos reincidentes ou correlacionados.

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ENTREVISTA MODERNA

(EXPLORATÓRIA OU CONFIRMATÓRIA) Após a identificação de indícios e evidência na etapa anterior,

deve ser avaliada a necessidade de realização de entrevistas

modernas. Estas deverão ser previamente organizadas pela

elaboração de um roteiro/ questionário, a ser validado pela alta

gestão da empresa.

Cuidados especiais com entrevistas investigativas também

deverão ser considerados, tais como, sempre que possível, a

preparação do local onde serão realizadas, revisão das técnicas

a serem aplicadas, designação de testemunha, observação e

anotação de linguagem corporal e reações fisiológicas dos

entrevistados, etc.

A apresentação de determinadas evidências e/ou indícios

diretamente para aos suspeitos de terem cometido a fraude

pode ser adotada como estratégia, com o objetivo de, pela

análise das respostas e reações, obter novos elementos, nome

de outras pessoas envolvidas ou, até mesmo, uma confissão.

Em casos de confissão, recomenda-se que o procedimento seja

formalizado mediante carta de próprio punho, escrita pelo

funcionário que afirma ter cometido a fraude.

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DESDOBRAMENTO DO

TRABALHO

(CONTINUAÇÃO DAS

ATIVIDADES)

Após a fase de entrevistas, se houver, e/ou análise dos dados,

é possível que novos ciclos de coletas sejam necessários, o que

exigirá novas verificações e sua eventual consolidação em um

report, seguindo o mesmo procedimento já descrito.

Caso haja a necessidade de alteração do escopo de trabalho,

recomenda-se anotar em papéis de trabalho tais alterações,

validando-as com a gerência e/ou diretoria, para que novas

etapas de trabalho, ou novas fases de investigação, sejam

oficiais e devidamente organizadas de forma clara e objetiva

e/ou integradas à investigação preliminar, quando conveniente.

15

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ORGANIZAÇÃO DE INDÍCIOS E

EVIDÊNCIAS

Encerradas as etapas de coleta, de processamento e análise, surge a necessidade de iniciar a confecção dos relatórios conclusivos e organização dos indícios (rastros) e evidências (provas).

Neste momento é fundamental que todo o material seja classificado por tipo (se indício ou evidência) e por grau de importância/ sensibilidade e prioridade.

Todas as evidências deverão ser arquivadas como papéis de trabalho e deverão ser apresentadas para a alta direção da empresa, Comitê de Ética e/ou Auditoria. Nesse caso, é de extrema importância que os papéis de trabalho sejam arquivados de forma segura e padronizada, para que em caso de necessidade futura, esta documentação esteja disponível para subsidiar ações futuras de interesse da companhia.

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LIMITAÇÕES

17

Em determinados casos, as ações planejadas e não realizadas devem entrar no campo de limitações com as suas respectivas

justificativas, visando resguardar possíveis questionamentos de autoridades legais ou setores da companhia.

Assim, deve-se criar um capítulo específico no relatório onde serão explicadas as principais ações que não foram realizadas, bem

como seus motivos, preservando a transparência institucional das atividades de investigação da empresa, bem como o corpo técnico

envolvido.

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RECOMENDAÇÕES SOBRE RISCOS

18

Recomenda-se que, em todos os

casos de fraudes ou desvios de

conduta, um capítulo do relatório

final seja dedicado à analise do

risco da fraude constatada ou na

iminência de ocorrer, indicando

suas consequências primárias e

secundárias, além do risco residual

(risco absoluto/inerente

ponderado pelo grau de

controle/exposição).

Assim sendo, os relatórios deverão

contemplar recomendações e/ou

planos de ação voltados para

melhoria de processos de

governança corporativa, controles

internos e prevenção à fraudes,

colaborando de forma efetiva para

a melhoria das atividades da

companhia, sua perenidade, além

de evitar a reincidência do(s)

fato(s) apurado(s).

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RELATÓRIO FINAL

A última etapa do trabalho é a confecção do relatório final de apuração. Esse relatório deverá conter, de forma resumida, o teor da

denúncia, informações históricas sobre o objeto denunciado, os principais procedimentos e ações tomadas durante a investigação, as

pessoas eventualmente entrevistadas, os resultados das apurações e a apresentação dos indícios e evidências, além da conclusão

final sobre o caso e a descrição das recomendações, planos de auditoria e ações disciplinares (se aplicável).

O relatório final do trabalho de investigação deve identificar de forma geral:

1. Quem (mapear os envolvidos);

2. Fez o que e como (modus operandi);

3. Quando (mapear os períodos dos aspectos narrados, organizando, conforme informações disponíveis, o que aconteceu de

forma cronológica, verificando a coerência das informações existentes e disponibilizadas);

4. Onde (sob qual diretoria/unidade/área);

5. Porque (procurar entender a motivação do caso).

É importante que o relatório indique os responsáveis pela execução das ações acordadas e os respectivos prazos, para fins de

gerenciamento de follow up.

19

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Demissão simples

Demissão por justa causa

Recuperaçãodos valores

Processos cíveis e criminais

Confissão

POSSÍVEIS AÇÕES POSTERIORES A UMA INVESTIGAÇÃO

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