dossiÊ crime organizado

Upload: antunes-marcus-vinicius

Post on 05-Apr-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    1/14

    DOSSI CRIME ORGANIZADO

    Muita politicagem, pouca poltica os problemas da

    polcia so

    Jacqueline de Oliveira Muniz; Domcio Proena Jr.

    RESUMO

    A partir de uma tematizao crtica do que seja, ou possa ser, o "crimeorganizado", este ensaio contextualiza e desenvolve a trajetria profissional deum(a) hipottico(a) jovem policial, compartilhando uma viso de base etnogrficasobre as "frgeis fronteiras" entre convenincia, convivncia e conivncia diante deatividades ilcitas. Segue a pista de uma expresso cotidiana dos policiaisfluminenses: "a polcia tem vrios patres", que serve para criticar, contemporizar,explicar ou justificar o que compreendem como o "comprometimento" ou o"envolvimento" de policiais com os mais diversos interesses, incluindo os que se

    associam ao chamado "crime organizado". Compartilha elementos de umdiagnstico da clientelizao policial que contextualizam e conformam as condiesde possibilidade do uso do mandato policial para fins particulares e suasimplicaes.

    Palavras-chave: Poder de polcia, Mandato policial, Clientelismo, Crimeorganizado, Corrupo.

    ABSTRACT

    The presente essay departs from a critical appraisal of what is, or would be, the"organized crime" to develop and contextualize the professional trajectory of ahypothetical young police officer, showing an ethnographic perception of the "frailfrontiers" that separate police convenience, coexistence and connivance with illicitactivities. It follows the lead provided by a common saying of Rio de Janeiro policeofficers "the police have many bosses" in order to criticize, palliate, explain or

    justify their "connection" or "involvement" with a wide variety of interests, includingsome that are associated with the so-called "organized crime". It also mentions theelements of a diagnosis of police "clientelization", which contextualize and shapethe conditions of the possibility of using the police mandate for private purposesand its implications.

    Keywords: Police power, Police mandate, Clientelism, Organized crime, Corruption.

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    2/14

    Prembulo

    ASSIM como no caso do "totemismo" (Lvi-Strauss, 1975), "crime organizado" uma palavra-perfomance que habita o nosso imaginrio como uma espcie deentidade mitolgica, uma esfinge que demanda "decifra-me ou te devoro". Trata-sede uma categoria-exlio cuja virtude simblica plasmar fenmenos distintos, porvezes dspares, numa metonmia unificadora. Por isso mesmo, admite toda sorte decontedos e interpretaes to realistas quanto os filmes de ao, to ficcionais

    quanto a reconstruo de nossas vivncias cotidianas.

    Sua enunciao cria as prprias realidades que ambiciona descrever ou explicar,servindo quase como uma invocao. Trata-se de uma noo fantsmica, queproduz uma sensao de inteligibilidade. "Crime organizado" um operador desentidos, capaz de oferecer aparente unidade ao que so reunies arbitrrias deprticas, traos ou aspectos sensveis emancipados de seus contextos e histrias.

    As mais distintas definies de "crime organizado" e suas derivaes ou variantestm em comum o fato de serem descritores funcionais, expressionistas e quase-empricos de caractersticas, atributos ou qualificativos extrados de casos, notcias,depoimentos ou relatos. Conformam uma listagem heterclita, mais ou menos

    inclusiva, de achados para-arqueolgicos de cacos, fragmentos e especulaes.Esse rol mais ou menos consistente conforme o olhar de quem se ocupa de fazertal inventrio. Agrega observaes e inferncias sobre a participao de agentes do

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    3/14

    Estado; os vnculos de pertencimento dos membros; a abrangncia ou aespecializao das atividades; o tipo de controle e contrapartida das organizaescriminosas; o carter domstico ou transfronteira de seu alcance; o controle de umdeterminado territrio ou a gesto de uma determinada rede; a materialidade(coisas e pessoas) ou a virtualidade (finanas, papis) dos objetos de crime; e oque mais se puder encontrar num determinado caso, para um determinado fim.

    Esse estado de coisas evidente na literatura de ambio cientfica sobre o tema(Walker, 2004). H autores que situam a percepo da existncia do "crimeorganizado" como parte da mitologia contempornea sobre o crime e a justia(Kappeler et al., 2000); como leitura ps-moderna da retrica conservadora das"classes perigosas" (Klockars, 1999b) ou das "novas ameaas" da globalizao(Gilham & Marx, 2000) ou do terrorismo (Schlesinger Junior, 2003); como

    justificativa da priorizao poltica no uso dos recursos policiais (VVAA, 1998;Doerner & Stephens, 1999); ou como mera instrumentalidade na persecuo penal(Schweizer et al., 2003; Koenig, 2003). Chega-se mesmo conclusodesconfortvel de que ou bem existem tantos "crimes organizados" quanto esforosinvestigativos ou processos penais exitosos (Nash, 1993; Albanese et al., 2003), ou

    bem tal coisa revela-se como narrativas culturalmente situadas em diferentescontextos e sociedades (Lyman & Porter, 1999).

    Num texto brasileiro recente, Mignardi (2006) identificou o mito mais pervasivo eenganoso da questo: a idia do "poderoso chefo", de que existiria um centrodiretivo e ordenador das diversas atividades criminosas. E tambm apontou o quepode ser muito bem o elemento emprico mais recorrente (Nash, 1993, Albanese &Das, 2003), talvez mesmo onipresente (Lyman & Porter, 1999), nessas diversastentativas de identificao do que seja o "crime organizado": uma medida de"simbiose com o Estado".

    Isso situa a relevncia de uma apreciao crtica da interface entre a "mquina do

    Estado" e prticas, organizaes ou economias ilcitas para o entendimento do quequer que venha a ser o "crime organizado". Trata-se de buscar iluminar alguns dosprocessos pelos quais se vivificam formas de tolerncia e de envolvimento deagentes pblicos. Dentre esses, destacam-se os agentes policiais, que materializama capacidade coercitiva legal e legtima do Estado. A proximidade ou mesmo ocomprometimento com prticas criminosas descrita no jargo policial brasileirocomo correspondendo s frgeis fronteiras entre "convenincia", "convivncia" e"conivncia". Este ensaio exploratrio aprecia essas fronteiras e suas fragilidadesmediante uma narrativa de base etnogrfica que toma como fio condutor o trajetoprofissional de um(a) policial hipottico(a).

    A tal da poltica

    Dizem os policiais: "o problema a poltica". S compreendendo o quanto aquesto tem uma raiz poltica que se pode ter esperana de controle dasoportunidades de violao, venalidade e violncia policiais que no seja a angstiade "enxugar gelo" ou o frenesi da remoo das "mas podres" (Goldstein, 1990;Klockars, 1999a; Walker, 2005). O uso do "poder de polcia" e sua apropriao empoder da polcia ou dos policiais obedecem a dinmicas macro e micropolticas,desde a governana at o policiamento na esquina (Bittner, 1970, 1974; MuirJunior, 1977; Klockars, 1985; Bayley, 1994; Skolnick, 1994; Manning, 1999).

    Discutir o "poder de polcia", suas virtudes e vcios , em termos amplos, inquirirsobre o quanto concordamos com os contedos do mandato policial e as formas de

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    4/14

    seu exerccio no Brasil. questionar, alterar ou validar os termos concretos dospoderes delegados ao Estado para a coero legal e legtima. estabelecer o que desejvel, o que tolervel, na ao policial. se pr de acordo sobre quais sejamos fins, os meios e os modos do agir policial como instrumento de sustentao,defesa e garantia dos Direitos Fundamentais. pactuar sobre as alternativas deproduo de obedincia socialmente consentida, com respaldo da fora, sob o

    Imprio da Lei. assegurar a capacidade da polcia de cumprir o seu mandato semque ela sirva tirania do governante, a opresso por seus procuradores, ou seja,apropriada por interesses privados (Bayley & Shearing, 2001; Brooks, 2001; Jones& Newburn, 2002; Feltes, 2003; Manning, 2003). estabelecer o que desejvel etolervel na ao policial, e as polticas pblicas capazes de produzi-lo.

    No temos, no Brasil, expresso clara e inequvoca do mandato policial. O artigo144 da Constituio restringe-se a delimitar quase-monoplios funcionais entrecorporaes para o exerccio do policiamento pblico. O artigo 78 do CdigoTributrio, de 1966, que define o poder de polcia, quase tudo o que se tem. toabrangente e abstrato que poderia servir a qualquer Estado, forma de governo ouregime, autorizando todo tipo de coero estatal, desde que ela se afirmasse "em

    razo de interesse pblico". Fora disso, h ainda menos: h limbos. No se temestabelecido no Brasil o que , o que pode, o que no pode no exerccio do poderde polcia.

    O poder de polcia "acontece" nas ruas. Essa "a tal da poltica" para as polcias deque falam os policiais. Vaga, fugidia, e circunstancial, cujas visibilidade e

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    5/14

    materialidade se reduzem a "mais do mesmo": "mais efetivo, viaturas, armamento,munio". O mandato policial quase um cheque em branco, na ausncia dapactuao poltica da governana que reflita o que seja e deva ser esse mandatopara a democracia ps-1988. Como a demanda pblica por segurana inadivel ediuturna, polcias e policiais seguem construindo o seu fazer a partir de refernciaslegais frgeis, diante de entendimentos polticos fugazes, e da institucionalidade

    dbil das suas regras administrativas e procedimentos operacionais, sob baixavisibilidade social.

    O prprio contedo tcnico do fazer policial est muito mais em aberto no Brasil doque se poderia imaginar. Est entregue ao "empiricismo" da "prtica pela prtica naprtica" de trajetos policiais especficos de grupos ou indivduos. O que se consenteque as polcias faam ou devam fazer algo que beira o mistrio para todos.Quando se tem "cada cabea, uma sentena", a interao entre governantes,policiais e cidados se d num ambiente de mtuo desconhecimento, de mtuasuspeita.

    Alimentados que somos pelos seriados americanos em que requisitos legais,

    prioridades polticas, tcnicas e rotinas da ao policial so pactuados, explcitos econhecidos, tendemos a perder de vista quo diferente a nossa realidade.Acabamos por desconsiderar, subestimar ou mesmo ignorar como, no cotidiano dasprticas policiais, as indefinies, imprecises e invisibilidades no exerccio do"poder de polcia" contribuem para que diversas formas de convivncias econivncias com ilegalidades privilegiadas encontrem lugar nas rotinas dopoliciamento pblico. Possibilitam o surgimento de intermedirios, atravessadoresou mercadores do poder de polcia que se beneficiam e exploram a vagueza domandato policial. Contextualizam o "envolvimento" episdico ou o"comprometimento" continuado de policiais com atividades, grupos ou redescriminosas. Conformam um ambiente de tolerncias e permissividade, em queflorescem variedades de corrupo, nas quais intimidaes e violncias se

    apresentam como moedas de troca.

    Fala-se muito das "mas podres" e se exercita a catarse de que a remoo dos"alguns maus policiais", corruptos ou violentos, o limite do que a poltica podefazer. Fala-se pouco de por que as mas apodrecem. que no barril h lugares,h relacionamentos que convidam ao apodrecimento.

    Sobre o apodrecimento de mas: patres e clientelas

    "A teoria na prtica outra". Essa uma importante lio nas academias de polcia,nas ruas, na fala dos policiais calejados. um alerta: para "tirar polcia", se manterna carreira, preciso saber lidar com as "carteiradas" de dentro e de fora dapolcia. Na "prtica", cada policial tem que inventar, a cada nova circunstncia, seuprprio equilbrio entre a "convivncia" e a "conivncia" com os interesses enegcios que atravessam o fazer policial. Saber lidar com os momentos em que oque se aprendeu e deseja praticar da patrulha, da investigao, da inteligncia, doatendimento emergencial, das atividades assistenciais ou das operaes especiaispode ser posto em xeque por algum "acerto", antes, durante ou mesmo depois deuma ao policial. Esse um aprendizado doloroso para os jovens policiais, que vodescobrindo a desencantada realidade do trabalho policial no Brasil: "a polcia temvrios patres".

    Logo em seus primeiros dias de trabalho, um policial aprende que preciso dar "oseu jeito" e "correr atrs" da sua alimentao, porque a sua polcia "tem cobertor

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    6/14

    curto" e no pode custear todas as refeies previstas. Na sua zona de trabalho hque encontrar um bar, ou um lugar qualquer, que possa garantir "quentinhas" paraquem "est de servio", sem "levar problema" para as chefias da sua organizao.No dia-a-dia, constata que essa cortesia pode ser estendida a outras amenidades:um cigarro, uma cervejinha depois do expediente, um "0800" ou "por conta dacasa" em alguma celebrao. Pode, ainda, ser expandida para incluir agrados

    eventuais a um superior, um amigo, um familiar, ou algum que se querimpressionar.

    Aos poucos, um jovem policial tambm aprende que, para fazer o seu trabalho, temque atender a outras carncias, e ampliar a sua rede de conhecidos ecolaboradores. Esses podem "quebrar um galho", ofertando passagens gratuitas emnibus ou vans, fazendo pequenos consertos de lanternagem e mecnica, oumesmo completando o combustvel da viatura ou de seu carro particular.

    Isso demanda deferncia para quem "tem considerao" com o policial: umapresena mais freqente neste ou naquele local, a rapidez de um "B.O.", a "quebrade uma multa", o abrandamento de uma investigao, a soluo de uma "questo

    na Justia". Pode vir a incluir o respaldo do policial na soluo de querelas, seuconselho ou indicao de um "pistolo" que possa encaminhar esta ou aquelapendncia: o alvar vencido, a falta da nota fiscal desta mercadoria, o "gato" dofornecimento da luz ou da gua. Enfim, contraprestaes acompanhadas ou no porum agrado a mais ou, eventualmente, por algum pagamento para o policial por ter"quebrado um galho" ou "dado uma fora". Logo o jovem policial percebe que essateia de relacionamentos abre um sem-nmero de oportunidades, facilidades erecompensas, to mais expressivas quanto mais distantes da obrigao do trabalhopolicial, to mais rentveis quanto mais prximas de suas competnciasprofissionais nesse convvio com sua "clientela de baixo".

    Mesmo antes de "ser polcia", um jovem sabe que "fazer segurana" uma opo

    de quem tem arma e distintivo. O "direito adquirido" do "bico" parte rotineira davida policial. "Todo mundo tem" e "s no tem quem no precisa". Ainda que noseja assim em outros pases, fazer segurana privada proibido aos policiais noBrasil, porque se entende ser um conflito de interesses com a misso pblica.Contudo, o "bico" tolerado por governos e polcias e, em boa medida, tratadocomo uma poltica salarial informal e velada. O segundo emprego est todisseminado que a definio de turnos e escalas de policiamento pode considerar os"bicos" dos policiais, j que "tirar algum por fora no bico" visto como um meiodecente de "honrar compromissos" sem "cair na bandidagem". "S no pode mexerno bico" uma poderosa regra de mo para quem quer se manter em algumaposio de chefia dentro das polcias, j que viol-la pode motivar "grevesbrancas", "operaes-padro", ou at a revolta dos policiais de ponta,

    comprometendo a proviso de policiamento pblico.

    Com o tempo, o policial que "faz um bico na segurana" vai se dando conta de queingressou num mundo de barganhas que ultrapassam sua ambio de melhorar arenda sem se envolver com "bandas podres". Percebe que vai se enredando numamalha invisvel de favores e favorecimentos que se estabelece e se expande almda confiana, da honra e da amizade profissionais cujas conexes e latitude no soaparentes, manifestando-se sem aviso. O privilgio do bico pe em circulaorelaes de mtua dependncia. Quem "entra no bico" acaba por "estar em dvida"com o colega que "arrumou a segurana", o superior que acomoda o turno, o"imediato" que garantiu a transferncia de setor ou unidade, o colega que "dobra afolga" ou "tira planto" no seu lugar, o funcionrio que abonou suas faltas ou

    facilitou uma licena mdica. Quem faz "bico" "deve muito e a todo mundo napolcia", e no est em "condio de criticar a conduta do colega". Torna-segradualmente refm e partcipe de uma troca cruzada, mltipla e ampliada de

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    7/14

    favores e gentilezas, revezando entre cliente e patro. V-se compelido a respeitaro "cdigo do silncio", a fazer vistas grossas diante de "desvios de conduta"entendidos como mais graves que o "bico".

    O "bico" pode adquirir diversas formas eventuais ou regulares de reciprocidadesque entrelaam, direta ou indiretamente, as redes domsticas de conhecidos e

    colaboradores dos policiais com outras clientelas dentro e fora das polcias: umsimples arranjo com algum dos gentis fornecedores de comida ou amenidades, umtrabalho em alguma firma de vigilncia privada, ou at o empreendimento de umpolicial que fornece vigilantes, policiais ou no, para grupos ou indivduos. Issosustenta diversas articulaes entre policiais de distintas patentes e funes quecorrem em paralelo e que, com o tempo, atravessam e comprometem a estruturaformal de comando das polcias.

    No mundo do "bico", tem-se, em muitos casos, a inverso das esferas formais desubordinao, uma vez que muitos policiais so patres ou padrinhos de pares esuperiores hierrquicos, e adquirem sobre eles essa ascendncia informal. Essa uma dinmica que, uma vez estabelecida, desafia, ou melhor, sabota a expectativa

    da governabilidade da polcia. Faz nascer e sustenta grupelhos dentro e ao redor dapolcia, que se fazem aliados ou rivais diante de seus interesses e negciosparticulares, configurando uma rede de elos transversais e laterais mais ou menoscoesos, mais ou menos estveis, mais ou menos longevos.

    A convenincia do "bico" coloca o policial entre a convivncia e a conivncia com osabusos e apropriaes do poder de polcia. Uma "convivncia forada" com prticasclandestinas e ilegais, que fomenta conivncias mais ou menos envergonhadas comoutras "irregularidades".

    Esse o caso das "milcias" que se anunciam como ligas comunitrias de"autodefesa" e de "combate aos criminosos", e que atuam como "estados paralelos"em algumas favelas no Rio de Janeiro em substituio ou complemento aopoliciamento pblico deficitrio ou negligente. Trata-se de grupos armadosorganizados por policiais e afins que monopolizam recursos pblicos de segurana eos redistribuem como arranjos particulares de proteo mediante a cobrana detaxas e outras contribuies dos moradores. "Empresrios morais", que podem vira se beneficiar dos desdobramentos do seu domnio armado: assegurar oudesapropriar moradias e bens; impor as diversas formas de resoluo violenta eilegal de conflitos, at mesmo o justiamento e a execuo sumrias.

    O "negcio" da "venda de proteo" sob ameaas pelas "milcias" possibilita"ganhos" que exploram a ausncia ou a prestao precria de servios essenciaispblicos ou privados nas favelas, articulando uma clientela de baixo cativa s

    clientelas de dentro e de fora das polcias. "garantia" da continuidade dofornecimento clandestino de luz e gua corresponde mais uma taxa. Outra taxaassegura o monoplio da venda de bujo de gs a uma determinada distribuidora.Uma outra autoriza trajetos e pontos de circulao de transporte alternativo feitopor vans, kombis ou mototxis. Outra, ainda, incide sobre o acesso pirata a TV acabo, o "gatonet", considerado uma das maiores fontes de receita.

    A extrao desse pacote lucrativo de "impostos informais" tem sido objeto dedisputas territoriais entre bandos armados, entre as chamadas "milcias" e "facescriminosas". A tomada de territrio e seu controle por "milicianos" tmcorrespondido a um substancial aumento desses "impostos informais". A

    justificativa de que a proteo das "milcias" seria uma soluo superior, mais

    estvel que a ofertada pelos "bandidos", uma vez que impede a "guerra de faces"e, sobretudo, porque teria um tipo especial de suporte de parte das polcias.

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    8/14

    Aos poucos, as fronteiras entre o "bico" e outros negcios "mais irregulares" voficando pouco ntidas, mais difceis de estabelecer, distinguir e sustentar do que onosso jovem policial imaginava. O policial que "faz bico na segurana" e o policialque est "envolvido numa milcia" situam-se numa ampla zona cinzenta cujasmatizes so redutveis ao aluguel do mandato policial, ao "negcio da proteo".Ilegalidades e licenciosidades privilegiadas vinculam, dentro e ao lado das polcias,

    patres e clientes que convertem, de forma deliberada ou no, o poder de polciaem mercadoria: a "clientela do lado".

    A essa altura, pode-se imaginar que o jovem policial, arredio e tomado porsuspeitas quase paranicas, comece a "confiar desconfiando" de seus prpriospares e dos cidados que policia. E adote um auto-isolamento sofrido para seproteger da possibilidade de traies, "tiros amigos" ou de situaes nas quaispossa ser a "paga" ou o "alvo" de um "acerto de contas", de uma "quebra deacordo" que desconhece, ou um "culpado" em alguma punio arbitrria. Afinal,diante do "bico", seja como praticante seja como tolerante, "todo mundo estdevendo". No meio policial fala-se da "vida curta" daqueles que se envolvem com"ganhos fceis"; por exemplo, o recebimento de "comisses" de casas de

    prostituio ou jogos ilegais, "acertos" na apreenso de drogas, armas oumercadorias roubadas. Se esses no chegam Justia, esto "marcados" dentro efora das polcias e so sentenciados pelas regras de justiamento de seus scios,clientes ou patres.

    O receio de vir a ser envolvido, de estar com colegas errados na situao e horatambm erradas, leva o jovem policial a considerar a possibilidade de "conseguiruma colocao" fora das atividades de policiamento ou da polcia. Mas para "virarpeixe" preciso "mexer os pauzinhos", ter um "Q.I. alto", ter "Quem Indique". Issoporque os trajetos policiais de carreira esto sujeitos barganha polticamanobrada de dentro e de fora da mquina do Estado, por aqueles que podem daruma "carteirada do alto". H nomes, grupos e aparatos partidrios dos que

    estiveram, esto ou podem estar em posio de mando, ou de controle, ou deconduo dos casos policiais, e cujos interesses, quando atendidos, podem serretribudos com acessos a "cargos de confiana", transferncias para outros rgospblicos, licenciamentos, promoes. Uma rede de trfico de influncia e prestgio,constituda por aqueles cujas carreiras polticas ou pblicas identificam e aparelhampotencialidades e facilidades dos recursos policiais: a "clientela de cima".

    Constroem-se vnculos entre atores polticos e grupos de policiais que seconcretizam nos variados "desvios de funo" que vo desde motorista, "ajudantede ordens", at guarda-costas e assessor de autoridades. H, tambm, instnciasde relacionamento que mobilizam, com alguma medida de discrio, policiais paraatividades de campanha eleitoral. Uma ilegalidade corriqueira da clientela de cima

    a feitura de "caixa dois" com as contribuies eleitorais. A tolerncia para com o"caixa dois" mais matizada do que a do "bico", mas nem por isso deixa de seruma realidade. O transporte e, logo, a captao de fundos no declarados, emdinheiro vivo, convidam a que isso seja feito por quem pode portar legalmente umaarma e est protegido tanto pela sua "condio de autoridade" quanto por seutrnsito com a clientela do lado e a baixo. E essa uma contraprestao muitovaliosa, pois quem poderia melhor encarnar o papel de "coletor de impostosinformais", moda antiga ou patrimonial, que os investidos do poder de polcia?

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    9/14

    H outras demandas para as competncias profissionais de quem exerce o "poderde polcia": a fabricao de "dossis", a maquiagem legal para violao deprivacidade, a converso de desafetos polticos em "suspeitos" pela "construo deprovas" do seu envolvimento, a manipulao do sigilo investigativo ou de Justia deacordo com os interesses desta ou daquela "panela" de policiais e seus patronos ouclientes. Da surgem prioridades pessoais e tcitas a serem atendidas, que soemanadas daqui ou dali, que podem perpassar, e mesmo conformar, o trabalhopolicial. Relacionamentos em que deferncias, favores e quantias trocam de mos,e o policial pode se beneficiar desse fluxo, ou mesmo se espera que ele compartilheum pedao da ao, uma mordidela, um pouquinho "para molhar o bico".

    O amadurecimento de um policial inclui o prudente reconhecimento de distintas

    redes de padrinhos e apadrinhados, patres e clientes com os quais vai deparando.Como agir? O que fazer? Como lidar com as carteiradas? Fechando os olhos,resistindo, aceitando, negociando? Como equilibrar-se, no se deixando "fazer debobo" ou "se enrolar demais" com as transaes na, da e ao redor da sua polcia?Sua escolha corresponde, em cada caso, ao que venha a fazer olhando para baixo,para cima, para o lado, diante dos olhares do pblico ao redor. "O que atrapalha a poltica" ou "falta vontade poltica e sobra politicagem" o desabafo sincero, quesintetiza todo esse emaranhado de patronos e suas carteiradas.

    Policiais: fora de controle?

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    10/14

    Um jovem policial logo percebe que os mecanismos internos e externos quedeveriam controlar a polcia deixam a desejar, e que h ausncias e tibiezas no quedeveria ser presente e firme. V que a prioridade da poltica pblica no incidesobre a politicagem. De sua parte, patres e clientelas resistem a que taisinstrumentos produzam resultados e buscam ocultar prticas reprovveis. Mas,quando ocasionalmente elas vm tona, vive-se um momento de glria fugaz da

    identificao de culpados e do "tirar as mas podres". At a prxima vez. O quesobra, ento, da expectativa de controle?

    Sobra um barril contaminante, com algumas mas podres a menos. A tomada dedeciso, o monitoramento, a avaliao, premiao e punio policiais ficamentregues ao voluntarismo, convivncia conivente e ao mandonismo daautoridade superior, s suspeitas de conchavo. Quando prevalecem expedientesinformais, heterodoxos e invisveis de controle, esses ficam abertos acusao deserem apenas "politicagem" entre padrinhos e apadrinhados. Tem-se, como diz amxima policial, uma polcia "fraca para fortes e forte para os fracos", e que j"est dominada". Est sob controle "dos fortes", isto , dos patres e de suasclientelas, de alguns. Esses tm como pretenso comum a inoperncia de qualquer

    (outro) mecanismo de controle que possa vir a exp-los e que corresponda sprioridades da poltica pblica, por exemplo.

    O resultado uma Segurana Pblica sempre aberta privatizao de seus meios,que convive e sabotada por diversos arranjos de proteo. Tem-se uma polciavulnervel, deslegitimada, indulgente diante da impreciso de seu mandato, presanas teias de favorecimentos. Uma polcia cuja ao est sujeita barganha entre"muitos patres". Essa situao gera incerteza. Essa incerteza se expressa emriscos, mais ou menos manipulveis pelos envolvidos, para o melhor ou para o pior.Esses riscos produzem insegurana. O(a) cidado() sente-se inseguro(a) diante dasua polcia; a polcia, insegura em sua ao; o(a) governante, receoso dodesenrolar, dos resultados e das conseqncias de qualquer atividade policial; os

    parlamentares, temerosos do contedo de suas deliberaes e inermes em seupapel fiscalizador; o Judicirio, incapaz de avaliar o mrito da ao da polcia.

    Se no h critrios prvios e formalmente estabelecidos de accountabilityou demrito, se a responsabilizao pode simplesmente "acontecer", ento todos tendema aproximar sua ao do que quer que tenha sido valorado positivamente poralgum com mando. Para qualquer policial disposto a sobreviver em sua carreira, omelhor "ser reativo", s chegar quando tudo j se resolveu de um jeito ou deoutro. Acaba sendo mais prudente ser uma "polcia do depois", uma "polcia (quesabe participar) do espetculo" das clientelas. Isso porque a propagada(pro)atividade ou a desejada "autonomia operacional" pode vir a ser invasiva eindelicada, at mesmo "ingrata" com aqueles que se revezam como clientes e

    patres. A chamada "boa ocorrncia policial" tende a ser aquela que "ningum viu",que "passou despercebida", que no gerou registro, ou que "at o presentemomento, ningum reclamou". Aquela em que mtuas "consideraes" socapazes, se necessrio, de acobertar ou "acertar o resultado" construindo algum"saldo operacional" convincente, se possvel com "apresentao para a imprensa"de "procurados periculosos", ou de "partidas de drogas", ou de "armas pesadas", emelhor, com tudo isso junto: o "kitsucesso". Uma polcia "secreta", estatal e nopblica, que faz, mas no quer que saibam o que e como faz, a contrapartidainexorvel de um poder de polcia em aberto.

    diante da "politicagem" que se compreende o ceticismo policial em relao aos"planos de segurana" dos governantes, o cinismo policial diante da ambio de um

    controle real da ao policial no policiamento pblico. Do ponto de vista darealidade policial, estabelecer metas ou indicar rumos sem dar conta da"politicagem" faz suspeitar que o que se prope "para ingls ver". A poltica

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    11/14

    pblica se reduz sucesso de expedientes, a ofertas de proteo, cuja lgica ado resultado feliz mais prximo. Faz-se cada vez mais grandiloqente, buscandosegurana na impreciso do que se prope a fazer, e oportunista, apostando naexplorao de sucessos eventuais ou na resposta salvacionista a desastres. Tem-seum ambiente que pode confinar esforos de governabilidade a aesesquizofrnicas e pontuais. Compreende-se, assim, a adeso ao que quer que seja

    a "moda" do momento. O vcuo da poltica pblica favorece uma realidade em quea "politicagem" prospera, em que patres e clientelas empreendem monoplios dosrecursos pblicos de polcia para redistribu-los como mercadorias, gentilezas ougenerosidades privadas.

    "Cada sociedade tem a polcia que merece"

    o que se diz em crculos policiais. Apesar de ser um lugar-comum, dessa fraseapreende-se um entendimento profundo do que , do que deva ser a polcia. Cada

    sociedade tem a polcia que faz por merecer. A "melhor" polcia a que vivificacotidianamente seus modos de agir, aproximando o que a sociedade deseja quefosse feito em cada situao. No pode ser diferente. O objeto da polcia a prpriasociedade, que exercita o seu poder de outorgante do mandato policial parademandar as formas, os modos e os meios que deseja na ao das polcias. E issono pode ficar em aberto entregue a iniciativas missionrias, voluntaristas. NoBrasil, isso admite todos os recortes e diferenciaes locais e regionais expressasnuma repactuao federativa que esclarea os termos do mandato policial,qualificando na prxis policial o exerccio do poder de polcia. Dessa forma,podemos nos capacitar a lidar com os problemas do barril, e no apenas caaepisdica de "mas podres".

    Referncias bibliogrficas

    ALBANESE, J. S.; Das, K. Introduction: a framework for understanding. In:Albanese, J. S. et al. (Ed.) World Perspectives organized crime: 1-18. UpperSaddle River: Prentice-Hall Inc., 2003. [ Links ]

    ALBANESE, J. S. et al. (Ed.) World Perspectives organized crime. Upper SaddleRiver: Prentice-Hall Inc., 2003. [ Links ]

    BAYLEY, D. H.; SHEARING, C. Democratizing Police Abroad: what to do and how to

    do it. Washington: National Institute of Justice, 2001. [ Links ]

    BAYLEY, D. H. Patterns of Policing. New Haven: Rutdgers University Press, 1985.[ Links ]

    _______. Police for the Future. Oxford: Oxford University Press, 1994.[ Links ]

    BITTNER, E. The Functions of the Police in Modern Society. Rockville: Center for theStudy of Crime and Dellinquency, 1970. [ Links ]

    _______. Florence Nightingale in pursuit of Willie Sutton: a theory of the police. In:JACOBS, H. (Ed.) The Potential for Reform of Criminal Justice. Beverly Hills: Sage,1974. v.3. [ Links ]

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    12/14

    _______,Aspects of Police Work. Boston: Northeastern University Press, 1990.p.233-68. [ Links ]

    BROOKS, L. W. Police Discretionary Behavior a study of style. In:DUNHAM, R. G.;ALPERT, G. P. (Ed.) Critical Issues in Policing contemporary readings. 4.ed.Illinois: Waveland Press, 2001. p.117-31. [ Links ]

    BROOKS, L. W. Police Discretionary Behavior a study of style. In:DUNHAM, R. G.;ALPERT, G. P. (Ed.) Critical Issues in Policing. 4.ed. Illinois: Waveland Press, 2001.p.117-31. [ Links ]

    CHALON, M. et al. Urban Safety and Good Governance: the role of the police.Nairobi: International Centre for the Prevention of Crime, 2001. [ Links ]

    CRANK, J. P. Institutional theory of the police: a review of the state of theart. Policing: An International Journal of Police Strategies and Management, v.26,n.2, p.186-207, 2003. [ Links ]

    DOERNER, W. G.; STEPHENS, G. Do we need a war on crime or peace in the"hood?". In: SEWELL, J. D. (Ed.)Controversial Issues in Policing: 189-205. Boston:Allyn & Bacon, 1999. [ Links ]

    FELTES, T. Frischer Wind und Aufbruch zu neuen Ufern? Was gibt es Neues zumThema Polizeiforschung und Polizeiwissenschaft?(www.thomasfeltes.de/Literatur.htm), 2003. 9p. [ Links ]

    GILLHAM, P. F.; MARX, G. T. Complexity and Irony in Policing and Protest. SocialJustice, v.27, n.2, p.212-36, 2000. [ Links ]

    GOLDSTEIN, H. Policing a free society. Madison, WI: University of Wisconsin LawSchool, 1990. [ Links ]

    JONES, T.; NEWBURN, T. The transformation of policing? understanding currenttrends in policing systems. British Journal of Criminology, v.42, p.120-46, 2002.

    [ Links ]

    KAPPELER, V. E. et al. 6: Blue smoke and mirrors: the "war" on organized crime.In: _______. The Mythology of Crime and Criminal Justice. Prospect Heights:Waveland Press Inc, 2000. p.99-120. [ Links ]

    KAPPELER, V. E. (Ed.) The Police and Society touchstone readings. 2.ed. Prospect

    Heights, Ill.: Waveland Press, 1999. [ Links ]

    KELLY, M. J. Legitimacy and the Public Security Function. In: OAKLEY, R. B. et al.(Ed.) Policing the New World Disorder. Washington: NDU Press, 1998. p.399-432.

    [ Links ]

    KLOCKARS, C. B. The Idea of Police. London: Sage, 1985. [ Links ]

    _______. 21: The Dirty Harry Problem. In: KAPPELER, V. E. (Ed.) The Police andSociety. 2.ed. Prospect Heights: Waveland Press Inc., 1999a. p.368-85.

    [ Links ]

    http://www.thomasfeltes.de/http://www.thomasfeltes.de/
  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    13/14

    _______. 22: The legacy of conservative ideology and police. In: KAPPELER, V. E.(Ed.) The Police and Society. 2.ed. Prospect Heights: Waveland Press Inc., 1999b.

    [ Links ]

    KOENIG, D. J. In: ALBANESE, J. S. et al. (Ed.) World Perspectives organizedcrime. Upper Saddle River: Prentice-Hall Inc., 2003. p.46-78. [ Links ]

    LVI-STRAUSS, C. Totemismo hoje. Petrpolis: Vozes, 1975. [ Links ]

    LIMA, R. K.A polcia da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Forense, 1994.[ Links ]

    LYMAN, M. D.; PORTER, G. W. Organized Crime. 2.ed. Upper Saddle River:Prentice-Hall Inc., 1999. [ Links ]

    MANNING, P. K. Mandate, Strategies and Appearances. In: KAPPELER, V. E.(Ed.) The Police and Society touchstone readings. 2.ed. Prospect Heights, Ill.:

    Waveland Press, 1999. p.94-122. [ Links ]

    _______. Policing Contigencies. Chicago; London: Chicago University Press, 2003.[ Links ]

    MIGNARDI, G. Inteligncia policial e crime organizado. In: LIMA, R. S. etal. Segurana pblica e violncia. So Paulo: Contexto, 2006. p.41-52.

    [ Links ]

    MUIR JUNIOR, W. K. Police. Chicago: The University of Chicago Press, 1977.[ Links ]

    MUNIZ, J. Ser policial sobretudo uma razo de ser. Rio de Janeiro, 1999. Tese(Doutorado) Instituto Universitrio de Pesquisas do Rio de Janeiro. [ Links ]

    NASH, J. R. World Encyclopaedia of Organized Crime. New York: Da Capo, 1993.[ Links ]

    PROENA JNIOR, D.; MUNIZ, J. Rumos para a Segurana Pblica no Brasil odesafio do trabalho policial. In: BARTHOLO, R.; PORTO, M. F. Sentidos do trabalhohumano. Rio de Janeiro: E-Papers, 2006a. p.257-68. [ Links ]

    _______. Stop or Ill call the Police! The Idea of Police, or the effects of policeencounters over time. British Journal of Criminology, v.46, p.234-57, 2006b.

    [ Links ]

    SCHLESINGER JUNIOR, A. M. Criticism as true patriotism. Whitman CollegeCommencement Address of 2003. [ Links ]

    SCHWEIZER, H. O. et al.In: ALBANESE, J. S. et al. (Ed.) World Perspectivesorganized crime. Upper Saddle River: Prentice-Hall Inc., 2003. p.22-45.

    [ Links ]

    SKOLNICK, J. H.Justice Without Trial. 3.ed. New York: Macmillan College PublishingCompany, 1994. [ Links ]

    VARENICK, R. O.Accountability: sistema policial de rendicion de cuentas. Ciudad deMexico: Instituto para la Seguridad y la Democracia, 2005. [ Links ]

  • 8/2/2019 DOSSI CRIME ORGANIZADO

    14/14

    VVAA. Crime organizado e poltica de segurana pblica no Rio de Janeiro.Arch,n.19, 1998. [ Links ]

    WALKER, S. Science and Politics in Police Research, reflections on their tangledrelationship. The Annals, v.593, n.1, p.137-55, 2004. [ Links ]

    _______. The New World of Police Accountability. New York: Sage, 2005.[ Links ]