comércio internacional de entorpecentes e crime organizado (unodc)

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11º MINI ONU Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) Comércio Internacional de Entorpecentes e Crime Organizado Guia de Estudos Diretora Letícia Vargas Bento Diretores Assistentes Elis Palmeira Leandro Gomes Ferreira

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Page 1: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

11º MINI ONU

Escritório das Nações Unidas

sobre Drogas e Crimes

(UNODC) Comércio Internacional de Entorpecentes e Crime

Organizado

Guia de Estudos

Diretora Letícia Vargas Bento

Diretores Assistentes Elis Palmeira

Leandro Gomes Ferreira

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Carta de Apresentação

Prezados delegados, é com imensurável prazer que eu, Letícia Vargas Bento, dou-lhes as

boas vindas ao 11º Mini Onu e ao nosso comitê. O tema foi escolhido cuidadosamente a fim de

deixá-los à vontade ao debater um assunto que está arraigado em nosso cotidiano e que merece

grande atenção por seu alcance tanto na nossa sociedade quanto internacionalmente. E é por trazer

tantas implicações que acredito que a simulação trará bons debates e excelentes resultados.

Apresento-lhes a diretoria:

Meu nome é Elis Palmeira, Diretora Assistente do Escritório das Nações Unidas sobre

Drogas e Crimes. Estou no 4º período de Relações Internacionais na PUC-MG. Gostaria de desejar-

lhes boas-vindas a esta 11ª edição do MINI ONU, projeto que certamente lhes proporcionará um

enriquecimento acadêmico e uma experiência pessoal única. Espero dos senhores delegados

dedicação para tornar o debate profícuo e as negociações intensas, possibilitando a elaboração de

propostas eficazes ao se tratar do comércio internacional de entorpecentes e do crime organizado.

Meu nome é Leandro Gomes Ferreira, Diretor Assistente do Escritório das Nações Unidas

sobre Drogas e Crimes. E estou no 3º período de Relações Internacionais na PUC-MG. Sejam muito

bem vindos ao nosso comitê. Espero que o tema instigue-os a procurar conhecer mais sobre a

sociedade e os problemas que nós enfrentamos com relação as organizações criminais e o tráfico de

drogas. Espero dos senhores muito empenho e dedicação na sua preparação e nos debates a serem

realizados em outubro.

Agradecimentos especiais à minha mãe, que me apoiou desde a minha proposta até a

formulação do comitê e desse guia, às minha amigas, Gabi, Patty e Erika, que souberam me dar

suporte e coragem para enfrentar o desafio e aos meus amigos que me inspiraram na busca do tema.

Muito se discursa sobre as drogas e sobre o crime organizado no mundo, mas, por trás dos

filmes hollywoodianos que retratam o problema de forma excitante, está a realidade da falta de

coordenação entre os países e da inexistência de políticas realmente eficazes aplicadas em âmbito

mundial. Sejam todos bem-vindos ao UNODC do 11º Mini Onu!

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1. Histórico

Há indícios de que a cannabis já era consumida em 4.000 a.C. na Ásia Central, que o cultivo

e uso da folha da coca estavam presentes na região dos Andes em 3.000 a.C., e evidências de que

existia ópio na Europa em 4.200 a.C. As drogas sempre estiveram presentes na história da

humanidade, sejam usadas para fins medicinais, sejam em rituais religiosos, seu consumo data de

muitos anos de experimentação e domínio sobre tais substâncias.

A primeira vez que os narcóticos se tornaram alvo de preocupação por parte dos governantes

foi no início do século XX com a epidemia do ópio chinesa. A Conferência de Xangai (1909) foi

um dos primeiros esforços internacionais para confrontar um problema global. Nessa época,

governos e empresas lucravam com o comércio do ópio através das fronteiras, especialmente na

Ásia. Em 1912 foi elaborado o primeiro tratado internacional, com base nas discussões ocorridas

em Xangai.

O escopo de substâncias controladas foi aumentando gradualmente, desde a Conferência na

China, preocupada com o ópio e a morfina, para a cocaína, cannabis, opiáceos sintéticos,

substâncias psicotrópicas e precursores químicos, nessa ordem, que foram entrando no âmbito de

vários tratados que definiam como ilegais seu uso e comércio. Por controle, os vários tratados

existentes nesse sentido, definiram como repressão à produção e ao tráfico e, muito da crítica que se

faz ao sistema internacional de controle de drogas, está na ausência de atenção à demanda, aos

usuários presente nesses tratados. As autoridades nacionais vieram sendo encaradas como melhor

equipadas para tratar do assunto que qualquer outro mecanismo internacional.

Desde sua criação, a ONU já contava com um organismo para políticas relacionadas às

drogas, a Comissão de Narcóticos (CND), estabelecida pelo Conselho Econômico e Social das

Nações Unidas em 1946. A base para o atual regime internacional de controle de drogas, a

Convenção Única de Narcóticos, foi estabelecida em 1961, agrupando todos os acordos existentes

para o controle de drogas e listando todas as substâncias controladas.

As outras duas convenções que também são base para o atual regime, são a Convenção

sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971, que colocou sob controle substâncias como anfetaminas,

alucinógenos, ansiolíticos, antidepressivos e analgésicos. A outra é a Convenção contra o Tráfico de

Narcóticos e Substâncias Psicotrópicas, interessada em lidar com a ameaça à segurança advinda do

aumento do tráfico de drogas em diversas regiões, de 1988. Hoje, as convenções de controle de

drogas contam com uma aderência quase universal, com mais de 180 estados parte.

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2. Definição do problema

Nenhuma dessas convenções citadas no Histórico foi capaz de alcançar o objetivo almejado

de “livrar o mundo das drogas” de acordo com pesquisadores e acadêmicos da área. Tal fracasso foi

devido à política proibicionista que não conseguiu proteger a saúde pública e ainda agravou a

pandemia da AIDS e a situação social dos países periféricos (BOITEUX, 2009).

Toda essa contestação se deve ao fato de as políticas relacionadas ao controle de drogas

envolverem, mais que um viés securitário, uma preocupação com a saúde dos cidadãos. É por esse

motivo que as drogas continuam desempenhando um papel relevante na formulação de políticas

domésticas e na busca por soluções no âmbito internacional, por envolverem, diretamente, vidas

humanas. Os argumentos relacionados às políticas de drogas giram em torno de três áreas:

segurança, saúde e economia.

2.1. Economia

O argumento econômico encontra respaldo em diversos economistas que defendem a

legalização como melhor forma de acabar com os custos gerados pelo tráfico, como Milton

Friedman e editores da revista The Economist. De acordo com esses, o uso de drogas não é o ideal,

mas a proibição é pior, já que gera custos para os cofres públicos. Esses custos derivam da

criminalidade observada tanto entre os usuários (assalto, roubo, violência, etc.) quanto nas grandes

máfias e poderosos traficantes. Além disso, há um descontrole do mercado e do uso das drogas por

parte das autoridades públicas competentes.

Sendo assim, a legalização seria a melhor forma de controlar as drogas, já que propiciaria

benefícios de viés econômico como a supressão do mercado ilícito, que estaria então, desencorajado

a continuar um negócio que não traria mais lucros, devido ao fornecimento legal das drogas antes

proibidas. Além disso, empresas legais poderiam se dedicar ao negócio, gerando todo um ciclo de

renda e emprego que qualquer outra empresa pode gerar, além de promover competitividade no

setor, propiciando melhor qualidade das substâncias comercializadas. O direito dos consumidores

seria respeitado, tornando-se livres para escolher quais substâncias consumir e, da mesma forma,

abastecendo a economia com renda para as empresas. E, ainda, haveria a geração de impostos para

o governo, que poderá financiar campanhas contra as drogas (assim como as já existentes contra o

tabaco) e ajudará a tratar adictos (RODRIGUES, 2009).

No entanto, tal argumento é muito criticado por possuir um caráter antiético. Primeiramente,

os críticos garantem que os custos com a saúde pública ultrapassarão os ganhos com impostos,

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interrompendo a lógica fiscal dos defensores da legalização. A questão ética está mesmo no alcance

da legalização de um crime na sociedade apenas para gerar impostos. Questiona-se se isso não será

um estímulo para criação de impostos sobre outros crimes como tráfico de pessoas (UNODC,

2009c). Além disso, o papel do Estado de assegurar a saúde e a segurança dos seus cidadãos ficará

deturpado, já que o próprio se encarregará de propiciar bases legais para o comércio de substâncias

sabiamente prejudiciais à saúde. Sem contar que não é explícito nos defensores da legalização qual

será a fonte de abastecimento. Pergunta-se se o Estado deverá fazer acordos com traficantes,

possibilitar a venda apenas das substâncias apreendidas (e então se questiona o que fazer quando

não houver apreensões) ou então, encorajar o plantio de tais substâncias em seu território.

A abordagem econômica enfoca então a geração de ganhos econômicos para o Estado como

um todo (governo e empresas) versus o incentivo ao consumo e os problemas gerados por ele caso a

legalização ocorra.

2.2. Saúde Pública

No âmbito da saúde pública, a argumentação relacionada às drogas encara o velho dilema da

epidemia de drogas que pode ser desencadeada com uma possível legalização. Para os que

enxergam as drogas liberadas como uma ameaça à sociedade é claro que a facilidade de acesso

culminará em um maior consumo e, possivelmente, em uma epidemia. Para tais céticos dos

benefícios da legalização, a regulação estatal do mercado de drogas não será capaz de deter os

incômodos, já que quanto mais controle, maior e mais rápido se desenvolve um mercado criminoso

paralelo. Ou seja, quanto mais as autoridades tentarem controlar o uso, mais rapidamente os

criminosos acharão saídas para driblar a vigilância.

Além disso, apenas países ricos estariam aptos a desenvolver controles elaborados para tais

substâncias, deixando de fora, todos os países em desenvolvimento (maioria) incapazes de agir em

prol de tratamentos para seus cidadãos (UNODC, 2009c). Válido lembrar aqui que além de oferecer

riscos por seus próprios efeitos (doenças respiratórias, cardiovasculares, digestivas, etc.), o uso de

drogas também gera riscos ao propiciar aos usuários facilidade de contágio de outras doenças como

AIDS e hepatite C. O vírus HIV, em especial, está sob constante atenção por parte dos países que

possuem altas taxas de infectados.

No entanto, estudos indicam que a dependência de drogas lícitas, como o álcool, se explicita

com muito maior gravidade que a de maconha, por exemplo. A grande maioria das internações por

abuso ou dependência de substâncias, assim como as internações em hospitais psiquiátricos devido

a transtornos relacionados a tal abuso, acontece pelo uso indevido de drogas lícitas (PALOMO,

2009). O problema está então nas duas faces desse dado. Ao mesmo tempo em que defensores da

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legalização apontarão as drogas ilícitas como não causadoras dos maiores problemas de saúde

atuais e, portanto, passíveis de entrarem para o grupo das substâncias lícitas, os que não acreditam

nos benefícios da legalização apontarão a legalidade como incentivadora de maiores problemas (se

legalizarmos as drogas atualmente proibidas não estaríamos causando mais transtornos para a saúde

dos cidadãos?).

Há ainda outro dado importante. Estima-se que haja entre 60 e 70% de outro diagnóstico

psiquiátrico no momento em que o dependente é avaliado. Ou seja, na maioria das vezes, a

dependência de substâncias está associada a doenças como depressão, ansiedade, fobias, transtornos

psicóticos, de personalidade e neurocognitivos1. A substância química estaria funcionando como

uma tentativa de automedicação. Não seria a legalização o melhor meio de levar mais informações e

mais esclarecimentos aos cidadãos?

O debate acerca dos problemas relacionados às drogas no campo da saúde se configura

como uma tentativa de salvar a sociedade da sua própria atitude. Um debate acerca de quais

medidas o governo deve tomar a fim de preservar a vida dos seus cidadãos e de preveni-los de um

risco causado por eles mesmos. A questão é se a legalização gerará incentivos à demanda ou se ela

estancará o problema por meio do esclarecimento e do maior controle das autoridades.

2.3. Segurança

O assunto mais sério, no entanto, é o relacionado ao crime organizado. Estima-se que o

mercado ilegal de drogas movimenta 8% de todo o comércio mundial (NAÍM, 2006). A proibição

das drogas gera um mercado paralelo de transações ilegais que, inevitavelmente, serve de

nascedouro para o crime organizado. As dimensões macroeconômicas desse tipo de crime incluem

violência e corrupção mediando a oferta e a demanda. Sendo assim, a legalização das drogas faria

com que o crime organizado perdesse sua fonte mais rentável dentre suas atividades.

No entanto, para os que não acreditam na legalização como solucionadora desse problema, o

crime organizado transnacional não vai terminar apenas com a legalização das drogas. As máfias

possuem outras fontes de renda como o tráfico de armas, de pessoas, falsificação, contrabando,

agiotagem, extorsão, seqüestro, pirataria e crimes contra o meio ambiente (como exploração ilegal

da madeira e despejo de resíduos tóxicos). Hoje em dia, o crime organizado é menos um grupo de

indivíduos envolvidos em atividades ilícitas e mais um grupo de atividades ilícitas em que os

indivíduos estão envolvidos (UNODC, 2009c). A dispersão e a difusão da atuação do mercado

negro podem ser exemplificadas dessa forma:

1 PALOMO, 2009

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“Quando um traficante de drogas nepalês opera na Tailândia em nome de grupos nigerianos

que refinam um produto em Laos antes de exportá-lo para os Estados Unidos em bagagens

de mulheres européias, é quase certo que alguns dos envolvidos nessa seqüência estejam

igualmente negociando outros bens – talvez peles de animais exóticos do Sudeste Asiático,

CDs piratas ou mão-de-obra infantil” (NAÍM, 2006)

Visto por esses ângulos, é impossível dissociar o crime organizado do comércio

internacional de entorpecentes nas atuais discussões sobre drogas. Independentemente do viés de

argumentação, é evidente que os dois assuntos devem ser tratados sob uma mesma linha de

discussões, que busque soluções conjuntas para estratégias e cooperação. A maior parte das

discussões acerca desse problema é caracterizada por generalizações e soluções simplistas.

É necessário ainda lembrar que a atuação do crime organizado não acontece apenas através

das fronteiras. Muita da violência gerada por esses criminosos acontece dentro da sociedade, no

tráfico entre cidades, na atração provocada nos jovens para a vida de crime, na relação com a

polícia local, no comando de certas áreas por traficantes e, até mesmo, em guerrilhas armadas.

A crítica que recai nesse sentido é que muitos governos utilizam-se das leis punitivas contra

as drogas para reprimir determinados grupos sociais. De acordo com John Grieve, comandante da

unidade de inteligência criminal da Scotland Yard, as pessoas negras correm dez vezes mais risco

de serem presas por uso de drogas que as pessoas brancas, sendo as prisões por uso de droga

notoriamente discriminatórias, alvejando um grupo em particular. A maioria dos criminosos estão

entre as classes pobres e entre subversivos (contestadores, hippies, artistas e desajustados)2. Essa é

uma realidade não só no Brasil, mas em diversos outros países que mantêm uma política repressiva

para controlar certos grupos sociais.

Sendo assim, é possível verificar o alcance e a importância do crime organizado ao se

discutir as conseqüências das drogas na sociedade. Sua atuação é nacional, provocando problemas

securitários para as autoridades públicas competentes; e internacional, gerando um comércio ilegal

que exige esforços conjuntos para deter tal fenômeno através das fronteiras.

2.4. Realidades diferentes para drogas diferentes

Há uma tendência comum de tratar o universo das drogas em uma única via de soluções,

sendo que cada tipo de entorpecente envolve uma realidade diferente de produção, consumo, tráfico

e problemas sociais. Raramente, no entanto, diferentes tipos de entorpecentes são alvo de diferentes

estratégias de controle. Entre os problemas sociais mais comuns relacionados ao uso de drogas, que

sempre são base para a implementação de programas de ação, estão a questão do consumo entre os

jovens (parcela da população em que se inicia o consumo); a questão das drogas injetáveis (que

2 RODRIGUES, 2009.

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pode gerar demais problemas de saúde como a AIDS); e a questão do crime urbano (que, diferente

do crime organizado transnacional, afeta o cotidiano das pessoas que são usuárias). Em certos

países, a repressão contra as drogas acaba servindo como funcional para que os Estados consigam

repreender minorias e populações marginalizadas, infringindo, inclusive, os Direitos Humanos

(UNODC, 2009c).

3. Questões Contemporâneas

3.1. Dispositivos jurídicos

Debate prolífico nos dias atuais é sobre as formas como cada país deve lidar com os usuários

de drogas em seu território. Na convenção contra o Tráfico Ilícito De Drogas Narcóticas e

Substâncias Psicotrópicas de 1988, artigo 3º, fica expresso que “cada uma das partes adotará as

medidas necessárias para caracterizar como delitos penais em seu direito interno, quando cometidos

internacionalmente” a produção, fabricação, importação, exportação, cultivo, entre outras ações que

caracterizam o processo do tráfico (produção e venda). No entanto, quando se trata de consumo

pessoal, a convenção, ainda no seu artigo 3º, afirma que cada Parte, “reservados os princípios

constitucionais e os conceitos fundamentais do seu ordenamento jurídico” deve adotar as medidas

necessárias para “caracterizar como delito penal, de acordo com seu direito interno” a aquisição ou

o cultivo de entorpecentes para uso pessoal (Convenção de 1988). Ou seja, a convenção, ainda que

enquadre o consumo pessoal como delito penal, deixa margem para que cada Estado resolva, como

bem lhe aprouver, qual serão as medidas de sanções para tais usuários.

Sendo assim, hoje em dia vários países divergem da forma como devem tratar seus usuários

de drogas, variando desde uma posição mais restritiva a uma mais “humanitária”. O principal

debate gira em torno da falha do proibicionismo, levando os países a se questionarem se a melhor

saída seria uma despenalização ou uma descriminalização das substâncias em seu território.

A legalização simples consiste em descriminalizar o fato e tirá-lo do rol da ilegalidade.

Nenhum tipo de sanção é aplicada sobre qualquer ação relacionada à determinada droga (consumo,

produção, venda, etc.). É o que acontece hoje com as bebidas alcoólicas e o tabaco em alguns países

(drogas lícitas) (GOMES, 2010). Entretanto, há formas mais suaves ou alternativas de penalização e

a escolha pela manutenção ou não do fato como crime.

O chamado “proibicionismo moderado” se caracteriza pela despenalização da posse de

drogas para uso próprio, ou seja, mantém a conduta como crime previsto na lei, mas exclui a pena

de prisão (BOITEUX, 2009). Há a manutenção da repressão ao tráfico e, ainda, propões sanções

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alternativas ao usuário (advertência, prestação de serviços à comunidade, comparecimento a

programas educativos e, até mesmo, multa). Essa opção de estratégia se baseia na premissa de que a

prisão não produz efeitos benéficos ao simples usuário e vem sendo adotada por muitos países

europeus3. Dessa forma, essa via de ação não vai contra os tratados internacionais. A crítica está por

conta do alcance de tal medida já que não impede a estigmatização do usuário que ainda estará fora

da lei, com registro de passagem pela justiça.

Uma opção que está ganhando mais adeptos é a descriminalização. Mais ampla que a opção

anterior, prevê a retirada da conduta do rol dos crimes e está fundada “na defesa do direito à

privacidade e à vida privada, e na liberdade de as pessoas disporem de seu próprio corpo, em

especial na ausência de lesividade do uso privado de uma droga4”. No entanto, percebe-se que os

países que adotaram tal estratégia se preocuparam com o conceito de uso e posse não problemáticos

de droga, que se configura pela ausência de danos a terceiros, o uso privado por maiores de idade e

sem causar desordem pública. Questiona-se a contradição dessa medida, já que tolera o usuário,

mas mantém o comércio ilegal.

A discussão maior, porém, é sobre quais drogas devem ser descriminalizadas. A tendência é

aceitar a descriminalização da cannabis, considerada uma droga leve, que causa menos risco de

dependência, possui maior aceitação social, é menos danosa que drogas lícitas (tabaco e álcool) e,

até mesmo, possui indicações terapêuticas. Considera-se, no entanto, que o ideal seria

descriminalizar todas as drogas (como fez Portugal, que ainda submeteu seus usuários a um

controle administrativo5), por ser mais coerente e pelas possibilidades de mudança de paradigma

(BOITEUX, 2009). Devem ser determinadas as quantidades cuja posse e plantio seja permitido para

evitar subjetividade da lei e recomenda-se que tais medidas sejam acompanhadas de campanhas de

conscientização e esclarecimento, acesso a tratamento voluntário no sistema público de saúde e

políticas de redução de danos.

3.2. Redução de danos

“Redução de danos refere-se a políticas, programas e práticas que tem como objetivo reduzir

danos associados ao uso de drogas psicoativas em pessoas incapazes ou que não desejam parar. As

características são o foco na prevenção do dano, do que na prevenção da droga propriamente; e o

foco nas pessoas que continuam a usar drogas” (IHRA, 2009)6. Essa estratégia passou a ser

discutida depois que foi reconhecida a ameaça de propagação do vírus HIV entre os usuários de

3 Mais detalhes vide seção 6. Posição dos principais atores. 4 BOITEUX, Luciana. 2009.

5 Vide seção 6. 6 Tradução livre.

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drogas injetáveis, mas atualmente se aplica a várias outras drogas. Ainda, tem como objetivo

complementar outras abordagens que buscam prevenir ou reduzir o nível de consumo de drogas.

Muitas das pessoas que são incapazes ou não querem parar de consumir drogas não tem acesso a

tratamento oferecido pelos estados, logo é necessário prover a essas pessoas a opção de minimizar

os riscos desse ato. O objetivo é manter as pessoas saudáveis e seguras. Ou seja, o

comprometimento é com a saúde pública e com os direitos humanos.

Para os defensores, as abordagens para redução de danos são possíveis, efetivas, seguras, na

maioria das vezes baratas, fáceis de implementar e com alto impacto na saúde individual e da

comunidade. Crêem ainda que as pessoas estão mais aptas a dar “muitos pequenos passos” que “um

ou dois grandes passos”7. São contrários à estigmatização do usuário e procuram ter como base a

dignidade e a compaixão com essas pessoas que possuem uma vida e interagem com outras pessoas.

Além disso, concluíram que os programas de redução de danos são consistentes com, e não em

violação às, obrigações dos Estados dentro das três convenções da ONU contra as drogas8.

Tal política se baseia em diversas estratégias de conscientização, campanhas educativas à

população além de programas de trocas de seringas e agulhas (com o objetivo de se reduzir a

quantidade de indivíduos afetados pelas doenças transmitidas por contato sanguíneo como hepatite

C e AIDS), terapia de substituição de opiáceos (na qual, a fim de se evitar os efeitos marcantes da

abstinência nos usuários, um tratamento baseado na gradual diminuição da dosagem é ministrado),

e salas de consumos de drogas (conhecidas também como narco-salas, onde os usuários contam

com controle médico e assistencial para consumir certas drogas)9, dentre outras iniciativas, que

objetivam manter os usuários seguros.

Nesse ponto há uma divergência recorrente entre os países que apóiam essas medidas, os

que não apóiam e os que, mesmo possuindo estratégias e programas de redução de danos em

andamento no seu território, são contrários ao termo que consideram ambíguo. A questão se dá em

torno da estratégia ser ou não um incentivo para o consumo ao invés de uma forma de ajudar a

reduzi-lo. Questiona-se se políticas nesse sentido não estariam simplesmente postergando a

resolução e a definitiva exclusão do problema das drogas ou se elas conseguem alcançar o objetivo

de diminuir, gradualmente, o consumo e a dependência, juntamente com todos os problemas

sociais, econômicos e financeiros associados.

3.3. Direitos Humanos

7 IHRA, 2009.

8 IHRA and HRW, 2009 9 MENA, 2004.

Page 11: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

“[…] nós não estamos contando feijões aqui: nós estamos contando vidas. Política

econômica é a arte de contar feijões (dinheiro) e de escolha de ações financeiras. (...) Vidas

são diferentes. Se nós começarmos a escolher ações, terminaremos violando os direitos

humanos de alguns. Não se pode haver trocas, ou quid pro quos quando saúde e segurança

estão em jogo: a sociedade moderna deve, e pode proteger ambos esses assuntos com uma

absoluta determinação.”(UNODC, 2009c. Tradução livre)

Esse trecho de Antônio Maria Costa, diretor executivo do UNODC, traduz bem qual a

argumentação dos que buscam uma visão mais humana acerca dos direitos humanos quando se trata

de drogas, usuários e a sociedade geral. Em alguns países, a repressão contra as drogas acaba

servindo como funcional para que os Estados reprimam e controlem minorias e populações

marginalizadas. A maioria dos criminosos está entre as classes mais pobres e entre subversivos

(RODRIGUES, 2009).

Além disso, atenta-se para a proporcionalidade empregada aos usuários. Muitas ONGs

defendem um tratamento mais humano aos dependentes, que, muitas vezes, estão incapazes de se

livrar da situação de vinculação à substância e acabam sendo estigmatizados e recebem uma

penalização não adequada à sua postura (HRW, 2010). Essa visão humanitária dos usuários e das

classes repreendidas está relacionada às argumentações já apresentadas nesse guia quanto à redução

de danos e dispositivos jurídicos disponibilizados.

3.4. Uso terapêutico

Curiosamente, nicotina, álcool e cafeína, na linguagem comum e na retórica política, quase

nunca são chamados de drogas. Uma droga é um agente químico que afeta funções biológicas,

geralmente usadas para tratar ou prevenir doenças. As drogas psicoativas agem no cérebro para

alterar o humor, processos mentais ou comportamento. Essas drogas são definidas pelo fato de que

são auto-administradas sem prescrição médica, repetidamente, compulsivamente e destrutivamente

(GOLDSTEIN, 2001).

Há alguns anos, a maconha foi liberada em Israel para fins médicos e, hoje em dia, é

possível seguir um tratamento com essa erva em hospital público, com acompanhamento médico.

Os principais pacientes são os que sofrem de doenças crônicas e os que têm câncer, já que a

maconha reduz as náuseas da quimioterapia e aumenta o apetite, reduzindo a perda de peso. O

tratamento não funciona para todos e não é recomendado para menores de 20 anos (que podem

desenvolver esquizofrenia quando mais velhos). Outros países já incentivam estudos e tratamentos

semelhantes, como Holanda, Canadá e Estados Unidos. Além disso, alucinógenos também são

usados para tratar distúrbios como depressão, ansiedade e transtornos de compulsão. Pesquisadores

Page 12: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

alertam que a barreira do preconceito ainda é muito grande para que a pesquisa possa ser

transformada em tratamento10

.

Atualmente, tem sido levantado o debate acerca da necessidade de legalização para que as

drogas ilícitas sejam incluídas no rol de substâncias terapêuticas. Pesquisas conduzidas por

estudiosos do campo da saúde concluíram que existe uso medicinal para boa parte das drogas

consumidas e que, impossibilitados de usar dessas drogas de forma comercial, acabam restringindo

a esfera terapêutica de inúmeras doenças (GOLDSTEIN, 2001). A discussão gira em torno da falta

de acesso, tanto dos médicos, quanto dos possíveis pacientes, às drogas ilícitas, que poderiam ser

aproveitadas de forma plena no seu potencial terapêutico.

3.5. Questões culturais

O presidente boliviano, Evo Morales, chamou a atenção do mundo ao mascar folhas de coca

em frente a representantes de diversos países durante a 52ª reunião da Comissão de Entorpecentes

em Viena, no ano passado. Morales admitiu, em seu discurso, que a folha de coca não é cocaína e

que não traz os malefícios dessa. Além disso, mostrou sua luta contra a estigmatização do cultivo da

folha de coca, que é considerada uma planta sagrada na Bolívia e que se consumo é tradicional e

terapûtico11

.

O presidente boliviano é um dos mais fervorosos defensores da retirada da folha de coca da

lista internacional de substâncias proibidas pela ONU. O argumento dos defensores dessa retirada é

que, para se chegar à cocaína, é necessário acrescentar 41 produtos químicos à folha de coca cujas

patentes pertencem aos países do Norte (LEVY, 2009). Apontam a culpa para a grande mídia e para

o governo americano que criminalizam os plantadores da América do Sul, por utilizar desse cultivo

para sobrevivência.

Para os camponeses dependentes desse cultivo, a retirada da folha de coca do rol das

substâncias proibidas seria a valorização de que necessitam para que ela possa ser comercializada

no mundo inteiro, trazendo segurança tanto física quanto econômica. Os maiores produtores dessa

planta (Colômbia, Peru e Bolívia) são conclamados pelos órgãos da ONU a buscar modificações em

suas legislações para suprimir o cultivo e consumo da folha em seu território.

Tais reivindicações a favor do cultivo legalizado de plantas tradicionais como a coca, por

pequenos agricultores e para consumo próprio, não se restringem à América do Sul. São observadas

também na Ásia Central, referente ao cultivo de papoula e na África referente à cannabis. Essas

plantas vêm sendo utilizadas a milênios por civilizações antigas e seu cultivo vêm sendo

10

Site do fantástico 11 G1: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1038027-5602,00-

EVO+MORALES+MASCA+FOLHAS+DE+COCA+NA+ONU+PARA+DEFENDER+SUA+LEGALIZACAO.html

Page 13: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

desenvolvido como um ritual de tradição. Questiona-se aqui até que ponto substâncias como essas

devem ser enquadradas na lista proibitiva da ONU e se os direitos das sociedades que possuem esse

cultivo como parte de sua cultura não devam ser preservados e respeitados.

3.6. Sistema Financeiro

Um dos principais crimes antecedentes à lavagem de dinheiro é o tráfico de drogas. A

lavagem de dinheiro consiste em introduzir no sistema financeiro do país o montante gerado por

atividades ilícitas de forma a parecer legal, disfarçando-os, para que eles sejam usados sem que a

atividade que o gerou seja descoberta. Os bancos e instituições financeiras são os primeiros a

receber o dinheiro proveniente do tráfico. Assim, a lavagem de dinheiro constitui-se na forma mais

fácil e “segura” de se incorporar capital ilícito à sociedade (ALVARENGA).

O dinheiro sujo que entra no país é utilizado para realimentar o crime, já que o dinheiro

proveniente das drogas não pode ficar ocioso e, posteriormente, será utilizado para novos

investimentos, levando-se em conta que o crime organizado se configura como uma grande

corporação que gera lucros. Sendo assim, e tendo como base o grande volume de capitais que o

narcotráfico movimenta, muitos países permitem-se ser paraísos fiscais, abrindo mão da tributação

para ter dinheiro em seus caixas, impedindo déficits em transações correntes (ODON, 2003), entre

eles Suíça, países caribenhos e asiáticos.

Além disso, o comércio de drogas nunca ocorre de forma solitária, como exposto nesse

trecho de Tiago Ivo Odon:

“Entre grupos de traficantes normalmente viceja o comércio em domicílio de roupas de

grife, jóias, CDs, aparelhos eletrônicos e, ultimamente, também modernos equipamentos de escuta e de comunicação. Desse âmbito local para fora, a estrutura vai-se tornando mais

complexa, e passa a envolver carros, caminhões, barcos, aviões, material e equipamento

para refino de cocaína e prensagem de maconha, profissionais especializados, aeroportos

clandestinos ou não, documentação, comércio de armas e de dólares, pirataria, evasão fiscal

etc. Cria-se um Estado paralelo, informal [...]” (ODON, 2003).

Sendo assim, é importante salientar o papel dos países na prevenção do narcotráfico ao

utilizar-se de meios e medidas cooperativas para alcançar os grupos criminosos a partir de seus

investimentos e utilização do mercado financeiro. Debate-se uma maior interação internacional a

fim de neutralizar as organizações criminosas por meio do compartilhamento de informações e

flexibilidade de acesso a bens e ativos de traficantes dentro do sistema financeiro de cada país,

principalmente junto aos paraísos fiscais.

4. Perspectivas Futuras

Page 14: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Especialistas argumentam que o proibicionismo falhou, que o atual modelo de controle de

drogas não foi capaz de alcançar seu objetivo de livrar o mundo das drogas. Para esses, não há

como negar essa realidade e é necessário pensar em alternativas (BOITEUX, 2009). Claramente, há

várias nuances de discussão e vários assuntos incrustados no escopo da realidade das drogas no

mundo atual. Sendo assim, vias de ação novas, alternativas de controle, espaços para discussão,

além de um pensamento e de uma retórica diferenciados, se fazem essenciais para se pensar a

questão dos entorpecentes e do crime organizado hoje.

A diretoria espera que os senhores delegados tenham isso claramente definido para defender

o interesse de suas representações e pensar as alternativas possíveis para o problema apresentado.

5. Apresentação do comitê

5.1. Estrutura

Criado em 1997, o UNODC tem por objetivos criar base técnica de cooperação para os

países deterem o problema das drogas ilícitas, do crime e do terrorismo. Buscam proporcionar aos

membros a expansão do entendimento dos mesmos acerca do campo das drogas e do crime e

ajudam a desenvolver as bases domésticas para enfrentar o problema.

Os senhores estarão participando de uma simulação da Comissão sobre Narcóticos, o corpo

central de formulação de políticas das Nações Unidas para assuntos relacionados às drogas. A

Comissão executa as funções que lhe são atribuídas pelos tratados internacionais de controle de

drogas e supervisiona a aplicação das convenções internacionais e acordos relacionados aos

narcóticos. Ainda, a comissão permite aos membros analisar a situação global das drogas e

desenvolver propostas para reforçar o sistema internacional de controle de drogas para combater o

problema mundial. Os senhores irão prover um guia político para o programa de controle de drogas

da ONU e deverão redigir recomendações práticas aos países membros.

5.2. Membros

Os membros estão apresentados no anexo I desse Guia.

5.3. Escopo temático

Page 15: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Caros delegados, durante a simulação a mesa diretora recomenda que os senhores discutam,

principalmente, se o modelo atual de controle de drogas deve mudar e em que medida isso deve

ocorrer. Como exposto durante o guia, o tema é complexo por envolver várias áreas de ação estatal

e, como delegados, é necessário que percebam o quão substancioso é o controle das drogas e do

crime organizado internacional.

A análise sobre qual a nova realidade do narcotráfico, do consumo de substâncias

entorpecentes e do escopo das organizações criminosas transnacionais é de vital importância para

que a simulação e o debate ocorram de forma prolífica. Logo, espera-se que os senhores busquem

uma convergência entre as medidas utilizadas pelos países rumo a uma maior cooperação nessa

esfera de debates.

Sendo assim, espera-se que os senhores elaborem propostas para aprofundar e aprimorar o

atual sistema de controle de drogas defendido pelas Nações Unidas que é, ao mesmo tempo,

questionado e defendido por diversos países e organizações.

5.4. Regras

As regras que definiram o procedimento que ocorrerá durante a simulação estará de acordo

com as regras gerais do Mini Onu e será apresentado em momento posterior oportuno.

6. Posição dos principais atores

6.1. Conservadores

Em geral, os países representantes do grupo conservador possuem políticas importantes de

serem observadas, uma vez que são os que possuem organizações criminosas e máfias em se

território, e que tentam incessantemente, passando por cima de resultados negativos e não

contabilizando suas perdas, alocar uma política de repressão à usuários e integrantes das máfias.

No entanto, nunca a melhor opção é a falta de alternativa e de adequação de penas à

infratores no que diz respeito aos direitos humanos. Os Estados Unidos possuem um programa de

ação que já vinha sendo realizado, mas que só na década de 80 teve sua real implementação.

Chamado de “guerra contra as drogas”, o qual prevê de forma repressora a ação do Estado em

relação a usuários e traficantes de droga, que de forma geral são tratados quase que da mesma

Page 16: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

forma. Acreditando que coibir o uso é uma medida eficaz, que atinge o objetivo para o qual foi

criada, os EUA, e outros países que utilizam de política similar, como a China, Rússia, Japão, Itália

e parte do oriente médio, tomam como pressuposto a política de guerra às drogas. Contudo não tem

sido satisfatória no que diz respeito à eficiência. O narcotráfico e as organizações criminosas ainda

agem. (BACOCCINA, 2009)

O gasto é alto e o desgaste do país também, é como se os direitos humanos tivesse uma

baixa representatividade nesses estados que buscam a erradicação dessa prática. Mas sem um

possível auxílio à reintegração social de ex-dependentes descobertos, a conscientização da

população dos danos causados pelas drogas, e de um programa que promova a reintegração da

sociedade e o ex-usuário, é importante e indispensável. (BACOCCINA, 2009)

Os problemas com as organizações criminosas também é outro ponto que faz com que o

combate as drogas não se consolide. Muitos dos países que possuem políticas repressivas têm em

seu território a presença de máfias ou facções que promovem não somente o tráfico de drogas, mas

também o de pessoas, assassinatos, roubos, desvios de dinheiro, pirataria dentre os mais diversos.

Aqueles estados que possuem máfias instaladas, como Itália, Japão, China, Rússia e EUA dentre

outros, procuram mesmo que a duras penas implantar políticas que procurem julgar e condenar

severamente os mafiosos. Mas muitas das vezes a própria população, é chantageada e obrigada a

não prestar informações concisas sobre a atuação, ou o local de permanência das organizações

criminosas. (KUHN-OSIUS, 2008)

Os conservadores não são um grupo radical, também se preocupam com o bem estar da

população, e almejam antes de tudo isso. Entretanto a luta contra o crime organizado é dificultada

pela falta de cooperação entre os estados. O que evita uma ação internacional capaz de promover o

bem – estar de cada indivíduo, e de fato um combate eficaz ao crime e as drogas, respeitando os

limites dos direitos humanos. (KUHN-OSIUS, 2008)

6.2. Liberais

Um modelo de políticas de drogas, de cunho mais liberal, vem sendo desenvolvido em

contraposição à política expressivamente repressiva. Neste sentido, alguns países se propõem a

adotar uma política de redução de danos, a reduzir o controle (despenalização ou descriminalização)

dos usuários de drogas, a aplicar a proporcionalidade de penas e a reconhecer os direitos individuais

que são eventualmente relativizados pelos tratados de controle de drogas.

Page 17: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

A política de redução de danos, que se refere à prevenção ou redução de consequências

negativas à saúde decorrentes do uso de drogas, vem sendo amplamente difundida por vários países

da Europa Ocidental, pelo Canadá, pela Nova Zelândia e pela Austrália. A distribuição de agulhas e

seringas esterilizadas ou de produtos para desinfectá-las - no que se refere às drogas injetáveis - é

uma medida adotada pela maioria deles. O oferecimento de tratamento aos dependentes químicos

pelo sistema de saúde pública, assim como a promoção da educação sobre as drogas, é comum a

todos que defendem essa posição. Neste grupo de países encontram-se, além dos supracitados,

alguns países da América Latina, como Brasil, Argentina e Equador. Já a criação de narcosalas (ou

salas-seguras), medida mais polêmica, foi adotada pela Austrália, Suíça, Alemanha, Espanha,

Holanda, Noruega e Luxemburgo. Alguns países muçulmanos, por sua vez, também declararam,

mais recentemente, apoio à política de redução de danos. O Irã, por exemplo, relatou esforços em

relação às prisões e aos ambulatórios de atenção básica, e o Marrocos mencionou parceria com o Irã

para estabelecer uma resposta ao comportamento dos usuários de drogas injetáveis (UDI).

(MINISTÉRIO DA SAÚDE)

A descriminalização, a qual retira as violações referentes à posse ou ao uso pessoal de

drogas do domínio criminal a as inserem no domínio administrativo, foi adotada, em relação a todas

as drogas, por Portugal, Espanha e Itália; e em relação à maconha, pela Bélgica, Irlanda e

Luxemburgo. Já a Holanda despenalizou, além da posse de drogas, o comércio e o pequeno cultivo

de cannabis. (BOITEUX, 2009b). Ao contrário das expectativas pessimistas, pôde-se perceber que

a taxa de usuários de alguns países, como Portugal, permaneceram semelhantes ou decresceram,

quando comparados com outros Estados da União Europeia, e, ainda, que patologias associadas ao

uso de drogas- como doenças sexualmente transmissíveis e mortes decorrentes do abuso da droga -

decresceram dramaticamente após a adoção destas medidas. (GREENWALD, 2009)

O princípio da proporcionalidade estabelece os parâmetros para penalização de acordo com

o delito cometido, proibindo o “excesso” da intervenção do Estado sobre o cidadão. Neste sentido,

hierarquiza-se ou padroniza-se, de forma objetiva, as condutas relacionadas às drogas,

impossibilitando a infração aos direitos humanos, por parte do policial, que irá autuar o usuário ou

traficante, ou por parte do juiz, que irá penalizá-lo. “Na Holanda, por exemplo, não há persecução

penal pela posse de até 5g de cannabis e 0,2g de outras drogas, enquanto que para 5 a 30g de

maconha a punição é apenas multa.” (BOITEUX, 2009b) Já no Brasil, não é especificada uma

quantidade para o porte de drogas em que se possa diferenciar o “traficante profissional” do

“traficante ocasional” e do mero usuário, dependendo, portanto, da interpretação da lei pelo juiz.

Page 18: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Baseando-se na defesa dos direitos humanos, ou seja, na noção de dignidade da pessoa

humana, os países devem assegurar um ambiente socioeconômico favorável, em que a pobreza é

reduzida e a oportunidade de educação e emprego são garantidas, a fim de evitar que os indivíduos

recorram às drogas como fuga do sofrimento ou ao tráfico como fonte de renda.

6.3. Moderados

Alguns países da América Latina, em especial a Bolívia, a Colômbia, a Venezuela, o

Equador e o Paraguai, assim como os países asiáticos Afeganistão, Miamnar, Laos, e o país europeu

Albânia, consideram injusto o regime atual com os produtores de drogas naturais (como a coca e o

ópio).

Um dos argumentos em que eles se baseiam é que o cultivo dessas drogas faria parte de sua

cultura. A Erythroxylon coca (folha de coca), por exemplo, trata-se de uma cultura milenar utilizada

pelas civilizações pré-incaicas e incaicas com finalidades religiosas e terapêuticas e que está

inserido há séculos nas culturas amazônicas e guaranis por seus efeitos energéticos e farmacêuticos.

Os povos indígenas que possuem o hábito de mastigar a folha de coca encontram-se na Argentina,

Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Dentre estes países, os últimos quatro

insistem que a associação negativa entre a coca e a cocaína (droga sintética) é relativamente

construída pelos Estados Unidos e, portanto, reclamam veementemente à ONU a exclusão da folha

de coca da lista de entorpecentes proibidos pelas Convenções internacionais.

Outra questão levantada pelos países produtores de coca e papoula é a importância do

cultivo para a sua economia. Centenas de milhares de camponeses andinos, afegãos, birmaneses e

laosianos encontraram nesse cultivo, ilegal de acordo com a ONU, uma alternativa ao desemprego e

à falta de competitividade das demais culturas agrícolas. Ademais, o comércio desses produtos

representa uma parcela muito significativa do PIB nacional. O comércio de ópio, inclusive,

representa quase 60% do PIB do Afeganistão (FILKINS).

Esses países ressaltam ainda a impossibilidade de um controle mais enérgico sobre a

produção, uma vez que é ilegal e os recursos à sua disposição são insuficientes - como policiais

treinados e informações precisas para executar as apreensões, um sistema penal e carcerário

adequado, e até mesmo recursos financeiros e tecnológicos. Neste contexto de incapacidade de os

países mais pobres lidarem com a droga, encontra-se a forte articulação dos grupos de crime

organizado. Grupos como o Talibã, no Afeganistão, e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias

Page 19: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

da Colômbia), na Colômbia, auferem grandes lucros com o narcotráfico advindo do ópio, no

primeiro caso, e da cocaína, no segundo. Esses grupos controlam uma grande parte da produção

dessas drogas, nos respectivos países, e chegam a ter o apoio de alguns agricultores, na medida em

que asseguram sua fonte de renda.

A noção de responsabilidade compartilhada, no entanto, é o argumento principal. Eles

preconizam que qualquer mercado, lícito ou ilícito, se baseia no princípio de oferta e demanda do

produto. E assim, a culpa não deve ser atribuída unicamente aos produtores de drogas, mas também,

e principalmente, aos consumidores.

Neste sentido, afirmam que não é necessária a erradicação ou a redução da produção dessas

drogas naturais, pois pode haver o redirecionamento do produto para fins benéficos, ou seja, para

pesquisas científicas e desenvolvimento de medicamentos legais terapêuticos e farmacêuticos,

assim como de produtos de caráter nutricional como alternativa para combater o problema da fome

que afeta milhões de pessoas, como é o caso da folha de coca.

Ainda baseado no princípio de responsabilidade compartilhada, estes países defendem a

necessidade de uma discussão acerca de uma possível reforma no sistema financeiro internacional,

uma vez que o sistema de sigilo bancário atual garante a proteção de redes criminosas de

narcotráfico assim como o usufruto dos recursos adquiridos ilicitamente. Ao flexibilizar as regras

daqueles países considerados paraísos fiscais, tais como a Suíça, alguns países caribenhos e

asiáticos, seria possível permitir buscas de criminosos e de seus bens.

Outro questionamento, levantado pelo comandante Jonh Grieve, especialista em Inteligência

Criminal da Scotland Yard, é que “a proibição permite também que os países desenvolvidos

mantenham um amplo poder político sobre as nações produtoras com o patrocínio de programas de

controle de drogas”. (GRIEVE, 2009)

6.4. Observadores

A complexidade desse grupo está nas nuances de vários observadores, com níveis de críticas

e análises diferentes. Não obstante, o que prevalece para todos, é que o uso de drogas deve ser

combatido pelos Estados a medida do possível.

O Human Rights Watch por diversas vezes é citado pelos atores representantes no grupo dos

observadores, por se tratar de uma ONG fundamental na elaboração de qualquer ação internacional.

De qualquer forma a real posição de cada observador é a Redução de Danos, ou seja, um combate

Page 20: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

respeitando cada ponto de evolução de cada lugar, tendo como meta não a eliminação, mas a

redução da taxa de usuários e traficantes. O que vem de encontro com o combate revolucionário

empregado por alguns países do grupo mais conservador. (HRW, 2009 – 2010)

A Interpol, OEA e UNICRI, realizam levantamento de dados referentes ao crime

organizado, e a promoção de uma justiça criminal mais segura e eficaz. Não ultrapassando nunca as

premissas dos direitos humanos, e procurando sempre manter o bem estar de indivíduo seja

dependente ou traficante.

A Santa Sé, num estudo bem científico respaldou suas opiniões acerca do narcotráfico,

caracterizando-o como um atentado a humanidade e que deve ser reduzido ao máximo sempre

respeitando os limites de cada ator/indivíduo. (Santa Sé, 2009 – 2010)

A UNAIDS junto a OMS discorre sobre a prevenção às doenças sexualmente transmissivas

derivadas do uso inconseqüente de mesma agulha para drogas injetáveis entre dependentes

químicos, ou daquelas que são causadas pelo uso de qualquer outro narcótico. Dentre suas várias

propostas, procura evitar a transmissão da doença a partir da distribuição de seringas descartáveis,

âmbito da redução de danos. Uma medida questionável, ao passo que diminui a contaminação de

doenças venéreas, não contabilizando a permanência do número de dependentes químicos e do

tráfico. (UNAIDS, 2009)

Já no Estado palestino, muitos dos conflitos iniciados internamente ou contra seu vizinho

Israel, têm suas derivações no tráfico e consumo de drogas. Notícias como a acusação de que o

governo israelita instiga jovens palestinos à utilização de entorpecentes ou a venda ilegal na Faixa

de Gaza são constantes. Caracterizando, além do tráfico, um problema fronteiriço também. O país

não somente sofre com isso, mas também pelo problema das facções do território.

(MAIEROVITCH, 2009)

A opinião de muitos dos observadores segue o pensamento de redução de danos como além

dos que já foram citados acima, Unifem, BID, OSCE e UA também apóiam tal política. Eles dão

maior importância a uma discussão tão banalizada, que merece sua devida atenção para que não

caia em mera descrição do que várias conferências já tentaram propor. Dispor de visões diferentes

de análise enriquece e permite mensurar uma proposta mais eficaz para o narcotráfico e o crime

organizado.

7. Questões relevantes

Page 21: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Segue as questões que a diretoria sugere para que sejam analisadas e discutidas por vocês

durante a simulação:

O atual sistema de controle de drogas proposto pela ONU é eficaz?

Deve-se reforçar o atual sistema de controle ou encontrar soluções alternativas e novas vias

de ação?

As proposições da ONU sobre o tema devem manter-se generalizantes ou deveriam possuir

abordagens diferentes para drogas diferentes?

Os meios legais para coibir o tráfico e o consumo devem ser revistos? Qual o melhor

dispositivo jurídico para enfrentar o problema?

Políticas de redução de danos são eficazes ou apenas evitam problemas maiores de saúde

sem equacionar o problema do consumo? Elas são um incentivo ou uma solução?

Os direitos humanos devem sobrepor-se ao problema das drogas na sociedade ou ele pode

ser relativizados quando se trata de segurança pública?

As vantagens econômicas propiciadas por uma liberalização das drogas compensam seus

danos? Os impostos e benefícios que o governo angariar serão suficientes para conter o

problema ou gerará uma epidemia?

Os direitos e tradição dos povos que se utilizam das substâncias proibidas pela ONU há

vários séculos devem ser respeitados ou são um incentivo à continuação da produção?

Deveria haver mais incentivo à pesquisa de substâncias psicotrópicas para fins terapêuticos

ou isso seria uma via de consumo alternativo?

O sistema financeiro internacional deveria adotar uma postura mais repressiva para conter

o narcotráfico e o crime organizado no geral?

Em que medida a economia, a saúde e a segurança pública devem ser tomadas para analisar

e formular políticas?

Quais são os maiores culpados do atual problema internacional das drogas: os países

produtores ou os consumidores? Em que medida essa culpa recai sobre cada um deles?

Page 22: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

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http://www.unaids.org/en/KnowledgeCentre/Resources/FeatureStories/archive/2008/20080311-

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UNICRI. Instituto de Investigação Inter-regional de Crime e Justiça das Nações Unidas –

UNICRI. 2008? Disponível em < http://www.unmozambique.org/por/Como-

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RODRIGUES, Thiago. Tráfico, guerras e despenalização. Le Monde Diplomatique Brasil n. 26,

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SUDOESTE Asiático: Talibã aufere $100 milhões ao ano da proibição das drogas. Disponivel em:

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Acesso em: 22 mai. 2010

Page 26: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Anexo I

Representações participantes

O comitê contará com as seguintes representações:

1. Afeganistão

2. África do Sul

3. Albânia

4. Alemanha

5. Angola

6. Arábia Saudita

7. Argentina

8. Arzebaijão

9. Austrália

10. Áustria

11. Bélgica

12. Bolívia

13. Brasil

14. Bulgária

15. Canadá

16. Cazaquistão

17. Chile

18. Colômbia

19. Costa do Marfim

20. Costa Rica

21. Croácia

22. Cuba

23. Dinamarca

24. Egito

25. El Salvador

26. Emirados Árabes Unidos

27. Equador

28. Eslováquia

29. Espanha

30. Estados Unidos da América

31. Etiópia

32. Federação Russa

33. Filipinas

34. Finlândia

35. França

36. Gana

37. Grécia

38. Guatemala

39. Holanda

40. Hungria

Page 27: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

41. Iêmen

42. Índia

43. Indonésia

44. Irã

45. Iraque

46. Irlanda

47. Israel

48. Itália

49. Japão

50. Jordânia

51. Líbia

52. Lituânia

53. Malásia

54. Marrocos

55. México

56. Mianmar

57. Namíbia

58. Nicarágua

59. Nigéria

60. Noruega

61. Nova Zelândia

62. Panamá

63. Paquistão

64. Paraguai

65. Peru

66. Polônia

67. Portugal

68. Quênia

69. RDP Coreia

70. RDP Laos

71. Reino Unido

72. República da Coreia

73. República Dominicana

74. República Popular da China

75. República Tcheca

76. Romênia

77. Sérvia

78. Síria

79. Sudão

80. Suécia

81. Suíça

82. Tailândia

83. Trinidad e Tobago

84. Turquia

85. Ucrânia

86. Uruguai

Page 28: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

87. Venezuela 88. Vietnã

E os observadores:

89. Human Rights Watch

90. Interpol

91. OEA

92. OMS

93. Autoridade Palestina

94. Santa Sé

95. UNAIDS

96. UNICRI

97. Unifem

98. BID

99. OSCE

100. UA

Page 29: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Anexo II

Opções de consulta

Caros delegados, atenção! A maior fonte de consulta que será disponibilizada a vocês pela diretoria,

além desse Guia, será o blog do comitê: www.unodc11minionu.wordpress.com

Além da comunidade no Orkut e o e-mail de contato da diretoria com os delegados, em que os

senhores poderão tirar suas dúvidas.

Sites:

Human Rights Watch: www.hrw.org

Internacional Harm Reduction Association: www.ihra.net

UNODC Brasil e Cone Sul: www.unodc.org/brazil

UNODC: www.unodc.org

INTERPOL: www.interpol.int/default.asp

Livro: Ilícito: o ataque da pirataria, da lavagem de dinheiro e do tráfico à economia global.

Moisés Naím. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

Relatório Mundial sobre Drogas.

Disponível em: http://www.unodc.org/southerncone/pt/drogas/relatorio-mundial-sobre-drogas.html

Page 30: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Anexo III

Mapas

Mapa 1

Principais problemas com drogas (como refletido no tratamento providenciado), 2007

Fonte: World Drug Report, 2009

Page 31: Comércio Internacional de entorpecentes e Crime Organizado (UNODC)

Mapa 2

Rota do tráfico de heroína e cocaína no mundo e instabilidade

Fonte: World Drug Report, 2009.