desafios da docÊncia no constante movimento cultural e social

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1 DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO CONSTANTE MOVIMENTO CULTURAL E SOCIAL Jackeline Monteiro Sousa Curso de Pós-Graduação em Formação Docente para o ensino Superior Polo de Taguatinga, DF. Orientador: Dr. Mario Nishikawa RESUMO O século XXI é marcado por características pouco vistas em tempos anteriores. A globalização, a emergência e a nova sociedade do conhecimento, o avanço tecnológico, a importância à informação e o processo comunicacional trouxeram mudanças significativas no cenário da vida humana. A fugacidade com que esse movimento cultural tem acontecido torna-se um desafio para a docência no ensino superior e a partir dessa nova realidade empírica, onde o ensinar e o aprender muda frequentemente, o docente precisa compreender o atual contexto social e principalmente acompanhar de forma prática esse movimento. O Objetivo dessa pesquisa é conhecer e apresentar os principais desafios da atuação docente num contexto social que se encontra em constantes mudanças.

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TCC da Pós-Graduação em Formação Docente para o Ensino Superior

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Page 1: DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO CONSTANTE MOVIMENTO CULTURAL E SOCIAL

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DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO CONSTANTE MOVIMENTO

CULTURAL E SOCIAL

Jackeline Monteiro Sousa

Curso de Pós-Graduação em

Formação Docente para o ensino Superior

Polo de Taguatinga, DF.

Orientador: Dr. Mario Nishikawa

RESUMO

O século XXI é marcado por características pouco vistas em tempos anteriores. A globalização, a emergência e a nova sociedade do conhecimento, o avanço tecnológico, a importância à informação e o processo comunicacional trouxeram mudanças significativas no cenário da vida humana. A fugacidade com que esse movimento cultural tem acontecido torna-se um desafio para a docência no ensino superior e a partir dessa nova realidade empírica, onde o ensinar e o aprender muda frequentemente, o docente precisa compreender o atual contexto social e principalmente acompanhar de forma prática esse movimento. O Objetivo dessa pesquisa é conhecer e apresentar os principais desafios da atuação docente num contexto social que se encontra em constantes mudanças.

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por foco apresentar informações e novas questões

sobre o trabalho docente na atualidade, onde pode ser obsevados diversos desafios.

É evidente que a sociedade atual mostra-se em constante movimento, há

mudanças de valores, conceitos e práticas sociais com maior frequência que no

século passado quando uma simples mudança no modo de cumprimentar alguém na

rua ou na maneira de se enviar um recado demorava décadas para que houvesse

alguma mudança e esta ser aceita.

Com o as novas tecnologias, que evoluem com muita rapidez, a sociedade

tem mudado sua maneira de refletir, de criar novos valores e tem revisto conceitos

que já foram considerados modernos. As formas de ensinar e aprender não têm

ficado afora desse movimento, portanto, os métodos de ensino usados hoje,

possivelmente, não serão usados nos próximos cinco ou dez anos.

Acredita-se que no ensino superior esses desafios sejam mais aparentes,

pois, o discente, é um adulto disposto ao diálogo e ao questionamento inclusive

sobre as técnicas docentes. Porém, a atual realidade do movimento cultural não

elimina a atuação reflexiva, crítica, responsável e competente do docente.

À vista disso, justifica-se esta pesquisa pela intenção de discutir as teorias e

práticas relacionadas à docência num ambiente cultural que está em constante

movimento. Diante da realidade cultural e social quais os principais desafios para

uma atuação docente e como enfrentá-los?

Portanto o objetivo geral é conhecer e apresentar os principais desafios da

atuação docente num contexto social que se encontra em constantes mudanças. Os

objetivos específicos são: Pesquisar sobre os desafios da atuação docente ao longo

do século; Investigar quais são os desafios da atuação docente atualmente;

Apresentar possíveis soluções que o constante movimento cultural oferece para uma

atuação docente eficaz.

Pressupõe-se que a atuação docente precisa passar por todos os processos

de evolução e mudanças da sociedade. Por isso, diante da atual realidade social, o

educador tem enfrentado desafios para acompanhar as constantes mudanças nas

formas de ensinar e aprender, isso está ligado principalmente com os avanços

tecnológicos que levam às novas formas de obter conhecimentos.

A pesquisa exploratória mostrou-se mais eficaz para abordagem do tema,

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podendo assim explicar pontos sobre o trabalho docente, para isso, foi feito o

levantamento bibliográfico, tendo como fontes livros, artigos e material digital. Após

catalogar os dados, foram apresentados e discutidos, buscando sempre diversificar

com opiniões de autores diferentes.

1 DESAFIOS DA ATUAÇÃO DOCENTE AO LONGO DO SÉCULO XX I

Neste tópico da pesquisa encontra-se a abordagem de alguns pontos que se

tornam desafios para o trabalho docente diante das mudanças sociais reveladas no

século XXI.

Ao longo do século pôde ser observadas mudanças em diversas áreas da

sociedade, em relação ao ensino e aprendizagem não foi diferente. Pode-se afirmar

que as mudanças aconteceram com muita rapidez nos últimos anos, inclusive na

formação docente. Visto que o professor difere de outros profissionais por ser um

incentivador aos novos conhecimentos e novas formas de pensar, ou seja, o

docente no século XXI é agente de um ensino ativo e participativo.

Para Roldão:

Do nosso ponto de vista, a dialéctica do ensino transmissivo versus o ensino activo faz parte de uma história relevante, mas passada, e remete, na sua origem, para momentos e situações contextuais e sócio-históricas específicas. À luz do conhecimento mais actual, importa avançar a análise para um plano mais integrador da efectiva complexidade da acção em causa e da sua relação profunda com o estatuto profissional daqueles que ensinam: a função específica de ensinar já não é hoje definível pela simples passagem do saber, não por razões ideológicas ou apenas por opções pedagógicas, mas por razões sócio-históricas. (ROLDÃO, 2007. p.95)

No atual contexto da educação, onde o acesso à informação e de uma

sociedade em constante reavaliação de valores e novas formas de viver em

sociedade, a concepção de ensinar remete, em muitos casos, ao passado, quando

socialmente, os indivíduos alimentam o aprendizado pelas próprias descobertas ou

criações. Tudo isso não descarta o papel fundamental do professor, onde é visto

como um mediador e organizador desse aprendizado.

Essa afirmação pode ser confirmada pelo artigo publicado no portal Sala,

onde a autora afirma que:

A década de 1990 trouxe consigo várias expectativas a respeito da

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revolução do ensino por meio das novas tecnologias de comunicação, informação e expressão. No entanto, embora a adoção das tecnologias aplicadas ao cotidiano da sala de aula tenha sido incentivada, isso não garantiu a qualidade da aprendizagem (LÉTTI, 2014. s/p).

Logo, pode-se afirmar que não é suficiente trazer as novas tecnologias para

sala de aula, mas é fundamental uma atuação e aceitação do docente, onde

acompanhe a implantação dessas tecnologias levando o discente a obter,

armazenar e reproduzir novos conhecimentos por meio delas. Ainda segundo a

autora (LÉTTI, 2014. s/p), não basta inserir as tecnologias em sala, mas sim usá-la

em benefício da forma das formas de aprender “autônomo, personalizado, menos

invasivo e mais processual”.

Ensinar apenas transmitindo conhecimentos não é mais aceitável nesse

novo contexto social. Segundo Roldão (2007. p.95), atualmente a função de ensinar

é representada pela “figura da dupla transitividade e pelo lugar de mediação”. Logo,

ensinar é a especialidade de fazer aprender alguma coisa (currículo), a alguém

(destinatário da ação).

O autor afirma ainda que:

saber produzir essa mediação não é um dom, embora alguns o tenham; não é uma técnica, embora requeira uma excelente operacionalização técnico-estratégica; não é uma vocação, embora alguns a possam sentir. É ser um profissional de ensino, legitimado por um conhecimento específico exigente e complexo. (ROLDÃO, 2007. p. 102)

Com base na afirmação acima, pode-se afirmar que, a atuação docente não

dispensa uso de técnicas, estratégias e, principalmente, conhecimento sendo um

mediador nos novos meios de aprendizagem. O processo formativo do professor

deve estar focado nessas mudanças sem desvalorizar a importância do

conhecimento e técnicas.

Segundo Pacheco (1995, p.45), a formação de um docente “é um processo

dinâmico e evolutivo que compreende um conjunto variado de aprendizagens e de

experiências ao longo das diferentes etapas formativas”, ou seja, a sociedade atual

não dispensa o professor, pelo contrário, é necessário um agente adepto desse

processo evolutivo para incentivar os novos conhecimentos, ainda que de forma

autônoma na sua aplicação, o individuo precisa ser guiado a esse caminho.

Castelli e Pedrini (2012, p. 01) afirmam:

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A chamada sociedade da informação e do conhecimento exige uma resignificação da educação, à luz das novas configurações sociais, dos ambientes educativos, bem como, atentar para a complexidade do processo de educação, que assume a responsabilidade de educar ao longo da vida e, para tanto, necessita reinventar-se e se reconfigurar diante das novas necessidades que se apresentam no cotidiano no qual estamos inseridos.

Nesse contexto, o educador é o formador desta sociedade que se

transforma aceleradamente, tem o desafio de se preparar profissionalmente uma

prática docente reflexiva e com autonomia intelectual, assumindo seu papel

fundamental de intelectual transformador e incentivador.

Essa posição será determinante nas percepções, interpretações e ações,

permitindo-lhe enfrentar os novos paradigmas e desafios encontrados no cotidiano

do trabalho docente com conhecimento científico, saberes, habilidade e criatividade.

Desta maneira, os desafios apresentados acima, que são da nova visão do

trabalho docente como um mediador para obtenção de novos conhecimentos, das

constantes reavaliações de valores sociais e novas formas de viver em sociedade

que remetem aos métodos de ensino, a necessidade do docente de permanecer

aberto aos novos processos evolutivos, a necessidade de reinventar-se diante das

novas necessidades da comunidade na qual o docente está inseridos geram o

desafio de estar preparado profissionalmente para uma prática reflexiva do trabalho

docente assumindo seu papel indispensável de intelectual transformador e

incentivador

2 DESAFIOS DO TRABALHO DOCENTE ATUALMENTE

Neste ponto da pesquisa encontra-se a exposição de alguns desafios mais

atuais do profissional em educação. A exploração desses desafios trouxe à reflexão

o questionamento quanto à formação e atuação do docente no presente momento

sociocultural.

Freire (2002) afirma que:

É na minha disponibilidade à realidade que construo a minha segurança, indispensável à própria disponibilidade. É impossível viver a disponibilidade à realidade sem segurança, mas é impossível também criar a segurança fora do risco da disponibilidade (FREIRE, 2002. p.152).

Expor os desafios não significa necessariamente focar nos problemas, mas

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sim em quais pontos precisam ser evoluídos e melhorados, pode trazer à realidade o

trabalho docente visando o aperfeiçoamento e o desenvolvimento, mas para isso é

preciso que haja disposição.

Para dar início a este tópico, podem-se citar alguns desafios eminentes na

área de tecnologias: Comunicação; Informação; e Expressão.

É inegável que a sociedade dos anos 80 e 90 se comunicava ou mesmo via

a comunicação de forma bem diferente, grande parte da sociedade brasileira ainda

se comunicava pessoalmente, por serviço de telefonia, fixo ou público e cartas,

recebiam seus comunicados comercias, de lazer ou informativos pela televisão,

rádio e jornais impressos. Entende-se por comunicação “como um processo de troca

simbólica no qual os papéis de falante e ouvinte são intercambiáveis” (CYRINO,

1997, p. 160). Na educação Paulo Freire (1975, p. 69) reforça que “educação é

comunicação, é diálogo”.

Atualmente as redes sociais, portais, sites, canais virtuais de vídeos, entre

outros são os maiores meios de comunicação usados pelos individuas, empresas e

governo. Ou seja, a comunicação atual é feita, em grande parte, por meio da

internet. Nota-se também que a sociedade deseja e espera estar em constante

comunicação e o trabalho docente não pode eximir-se de acompanhar esse novo

meio de se comunicar.

Informar no trabalho docente também pode ser um desafio, é notável a

velocidade com as quais as informações circulam pelo mundo, o individuo espera

que as informações o alcance por todos os meios de comunicação. O aluno espera

o mesmo do educador, ele quer ter em fácil acesso todas as informações

necessárias sobre o que está sendo estudado.

As novas tecnologias de informação e comunicação no ensino superior

inovaram as práticas educacionais, modificando principalmente o paradigma da

educação superior. A utilização do microcomputador e da Internet propiciou o

desenvolvimento de um modelo pedagógico mais interativo. Tais tecnologias podem

ser um desafio para o trabalho docente, porém pode ser visto com muito mais

ênfase como oportunidade de melhorias e avanços do desenvolvimento do trabalho,

levando o aluno ao autodesenvolvimento.

Mas para Castells (2003, p.212), o sistema educacional ainda não estaria

preparado para as mudanças oriundas da difusão e do uso de novas tecnologias de

informação e comunicação, principalmente da Internet. Ressalta que o acesso aos

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conteúdos da Internet tem como condição básica o nível educacional dos indivíduos.

Ainda segundo o autor (CASTELLS, 2003) para uma adaptação do trabalho

docente às exigências da “Era da Internet”, o sistema educacional teria que

modificar tanto as metodologias quanto as práticas educacionais. A falta de

equilíbrio educacional existente no país pode ter como consequência a exclusão

digital, ou seja, um contingente significativo de pessoas, poderiam a ser excluídas do

acesso ao uso de tecnologias de informação e comunicação.

Quando o trabalho docente acompanha essas mudanças nas áreas de

comunicação e informação exige dos estudantes mais autonomia e independência,

além de um conhecimento sobre as tecnologias, podendo ser um obstáculo quase

inexistente nos últimos anos no ensino superior, pois é observado o Brasil passou

em 2014 para quinto país mais conectado do mundo segundo a pesquisa do

ComScore1.

Por outro lado, o uso das tecnologias de informação e comunicação nas

práticas educacionais exige mais tempo de dedicação no trabalho docente na

formulação de conteúdos para as disciplinas e no atendimento dos estudantes.

Outro ponto que tem se tornado um desafio no trabalho docente são as

novas formas que os indivíduos têm usado para se expressar, a capacidade de

expressão tomou uma relevância fundamental para a sociedade, para isso a grande

maioria usa as redes sociais para expor suas satisfações e insatisfações.

Há algumas décadas atrás o indivíduo não dispunha de muito espaço para

se expressar, estava limitado ao círculo de amigos e familiares, mas atualmente

querem ter à disposição espaço, tempo e meios para expor suas ideias, sentimentos

e opiniões “é pela palavra, que o homem vem ao mundo e a si próprio, e esta

palavra, que o singulariza entre todos os seres vivos, faz dele um ser de expressão,

dependente, no mais íntimo de si, do assentimento ou da desaprovação de outrem”

(GUSDORF, 1956, p. 281).

Na atuação docente o educador precisa estar preparado e aberto para atuar

com pessoas querem expressar suas opiniões, desejam e esperam que o ambiente

educacional proporcione essa oportunidade. O novo aluno exige um professor que

dialogue com ele, que proponha novas metodologias de ensino e aulas em que não

se depositem tão somente informações em suas mentes.

1 Disponível em: http://olhardigital.uol.com.br/noticia/40022/40022

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Segundo Nóvoa, os educadores são obrigados a cruzar, superar e enfrentar

muitas situações, “O profissional competente possui capacidades de auto-

desenvolvimento reflexivo [...]. A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao

desenvolvimento de uma práxis reflexiva” (1997, p.27).

Outros desafios na área sociocultural são: Novas definições de preconceito e

Criatividade em foco.

Na sociedade atual as mudanças nas relações entre indivíduos são cada vez

mais variadas e complexas. “Ensinar exige disponibilidades para o diálogo. É no

respeito às diferenças entre mim e eles ou elas, na coerência entre o que faço e o

que digo que me encontro com eles ou elas.” (FREIRE, 2002, p.152).

O Portal Sala2 publicou na coluna Educadores Globais o artigo: Raça, etnia,

preconceito, onde encontramos um depoimento de uma educadora que afirma:

Raça e etnia fazem parte daqueles assuntos, que como religião e política, a gente aprendeu que deveria evitar. Confesso que me esqueci de desconsiderar esses ensinamentos arraigados de boas maneiras quando me tornei professora. Desde que assumi a função de educadora de cidadãos e, mais recentemente, com perfil globalizado, considero que é imprescindível expandir a visão sociocultural do aluno, e do professor, para que estejam adequados às demandas de ensino-aprendizagem e mercadológicas do século XXI. (SALA. s/p, 2013)

O trabalho docente no ensino superior deve acompanhar o apelo global

contra o preconceito em todas as suas formas e conhecer a realidade sociocultural

onde atua, reconhecendo a liberdade de expressão, onde o educador precisa

diferenciá-la do preconceito, respeitando as diferenças. A sociedade deste século

não tem aprovado preconceitos também em relações as novas formas de se

relacionarem, espera-se do cidadão não a aceitação geral dessas novas formas,

mas sim o respeito e a ausência de preconceito.

Desta forma, o trabalho docente é desafiado a conhecer a realidade de sua

atuação, construído no contexto de uma prática social formas de se expressar e

educar.

Indissociáveis da identidade destes atores sociais, os saberes da experiência constituem os fundamentos da prática docente e da competência profissional refletindo tanto a dimensão individual quanto a coletivados seus autores. Legitimados na práxis, a verdade que eles

2 http://www.sala.org.br/

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carregam refere à situação e ao grupo social que lhe dá significado (THERRIEN. 1997, p.18)

Esses conhecimentos refletem as contradições e conflitos do sistema

sociocultural do momento, sendo dinâmico e às vezes, contraditórios devido as

mudanças constantes.

Seguindo para o último desafio citado neste artigo, observa-se que a

criatividade é o foco no mundo de hoje e segundo Cowan (2002. p. 52):

necessitamos do desenvolvimento das capacidades superiores de ser capaz de aplicar informações e mesmo entendimento mecânicos, de ser capaz de analisar situações e ver potenciais para desenvolvimento, de ser criativo, sugerindo maneiras em que o desenvolvimento deva ocorrer e possa ser amparado, e de ser avaliativo, julgando atividades recentes de maneira formativa e criando propostas de julgamento para atividades ainda não traduzidas para a realidade da ação. Cada vez mais apreciamos a importância das habilidades interpessoais e do entendimento de relações que sempre foram importantes [...] (COWAN, 2002. p. 52).

Se o trabalho docente no ensino superior não acompanhar o desejo social

pelo novo, pelo ainda não visto e pelas novas formas de fazer, poderá ter grandes

dificuldades de passar e incentivar o aluno ao conhecimento através de habilidades

interpessoais. Torna-se fundamental estar aberto às próprias criatividades na prática

docente tanto quanto possibilitar os alunos a serem criativos.

3 ATUAÇÃO DOCENTE EFICAZ NA ATUALIDADE

Neste ponto o foco dar-se na eficácia do trabalho docente diante dos

desafios apresentados neste artigo.

Na educação superior os desafios podem se mostrar mais evidentes, pois se

trata de alunos adultos e que ao ingressarem no ensino superior esperam

comunicarem-se de maneira moderna, receber informações de todas as maneiras

inovadoras possíveis e de ter oportunidade se expressarem com liberdade e

receberem respeito diante de suas expressões.

Estes alunos esperam também que o ambiente educacional esteja livre de

preconceitos quanto às suas escolhas e que esse ambiente estimule e incentive à

criatividade. Diante dessa veracidade o professor pode interpretar erroneamente que

perdeu sua autoridade como mestre em sala mas, Paulo Freire (2003) explica que:

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[...] a autoridade do professor deve estar sempre lá, mas ela muda quando os estudantes mudam e o estudo evolui, quando eles emergem como sujeitos críticos do ato de conhecimento. Se o processo funciona, o professor também se recria (FREIRE, 2003, p. 117).

Segundo a afirmação do autor (FREIRE, 2003) o trabalho docente não perde

sua autoridade ao se atualizar, mas sim sofre adaptações que a reforça, de acordo

com a realidade sociocultural. Gusdorf (1995, p. 18) explica que: “todo professor, na

Universidade, é um mestre na sua especialidade, mas todo professor deve ser

também, por vocação, um mestre da totalidade”.

Para que o trabalho docente mantenha-se atualizado sem perder a

qualidade de um bom ambiente de aprendizado é importante que o professor

coloque-se como discutidor da realidade e faça processos de reflexão permanente

sobre sua formação, atuação e situação sociocultural do momento. Logo a

formação e a construção de saberes dos docentes que atuam na docência do ensino

superior constituem-se em um processo de preparação político/pedagógica que não

pode ser desvinculado do desenvolvimento pessoal e institucional.

Schön (apud ALACARTÃO) afirma que:

o desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto constitucional. O professor tem de se tornar um navegador atento à burocracia [...] estes são os dois lados da questão – aprender a ouvir os alunos e aprender a fazer da escola um lar no qual seja possível ouvir os alunos – devem ser olhados como inseparáveis (1997, p. 87).

Para ser considerado eficaz, no presente momento, o trabalho docente deve

ter sido precedido por uma formação que prepare o profissional para realidade, mas

o professor não deve limitar-se aos conhecimentos adquiridos durante sua

formação. Benincá e Caimi (2004), atenta sobre a necessidade de pensar a

formação dos professores como ato desafiador onde os professores assumem

aceitar o progresso na formação que ultrapassa o tempo da graduação e o ambiente

universitário gerando um crescimento progressivo na sua atuação.

Pimenta e Anastasiou (2008, p.173) afirmam que o trabalho docente precisa

“aprender a olhar em seu entorno, a compreender e assimilar os fenômenos, a

produzir respostas às mudanças sociais, a preparar globalmente os estudantes para

as complexidades que se avizinham [...]”.

O trabalho docente exige criatividade no dia a dia para driblar as dificuldades

e superar desafios. Ser parceiro dos alunos, ter acesso a uma rede informatizada e

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ser um articulador no processo de aprendizagem dos alunos poderá fazer muita

diferença. Logo, será possível superar os constantes desafios que os alunos trazem

para o ambiente educacional.

Diante da realidade apresentada os desafios atuais poderão não ser

permanentes, haverá novos desafios a serem superados conforme a realidade social

se altera. A solução diante dessa realidade é que o trabalho docente precisa

acompanhar as constantes mudanças da situação sociocultural na realidade de sua

atuação sem descartar a primazia de qualidade de ensino.

Portanto, acredita-se que o trabalho docente é fundamental para o

desenvolvimento de uma sociedade, onde seus cidadãos terão uma formação

moderna e eficaz que os prepare para o momento sociocultural.

CONCLUSÃO

Com o objetivo de apresentar informações referentes sobre o trabalho

docente na atualidade, o presente artigo trouxe alguns dos pontos mais relevantes

que se tornam desafios a serem superados pelos educadores.

O objetivo geral era conhecer e apresentar os principais desafios da atuação

docente num contexto sociocultural que se encontra em constantes mudanças.

Esses desafios foram apresentados como sendo diversos e, pontuado e discutido às

questões referentes à comunicação, informação e expressão. Também foram

abordado pontos desafiantes referentes às novas definições de preconceito e

criatividade em foco. Esses desafios não fazem o trabalho docente dispensável e

não desvaloriza sua participação no processo de aprendizagem.

Para alcançar os objetivos específicos pesquisou-se sobre os desafios da

atuação docente ao longo do século, que foi impactada pelo aumento do uso das

tecnologias, alcançado inclusive o ambiente escolar, onde também o acesso à

informação, reavaliação de valores e novas formas de viver em sociedade mudaram

a perspectiva de atuação do trabalho docente, que se mostra muito mais como um

mediador do conhecimento.

Com base na questão inicial “Diante da realidade cultural e social quais os

principais desafios para uma atuação docente e como enfrentá-los?” investigou-se

quais são os desafios da atuação docente atualmente, esses desafios foram

apresentados como sendo diversos e, pontuado e discutido às questões referentes à

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comunicação, informação e expressão. Também foram abordados pontos

desafiantes referentes às novas definições de preconceito e criatividade em foco,

mostrando que o trabalho docente precisa acompanhar esse foco.

Como soluções para o trabalho docente no constante movimento

sociocultural, destacaram-se a importância do uso das novas tecnologias, a

exigência criatividade no dia a dia para driblar as dificuldades, superar desafios e

receber informações de todas as maneiras inovadoras possíveis, criar oportunidades

para os alunos se expressarem com liberdade e receberem respeito diante de suas

expressões. Tudo isso sem dispensar a qualidade no ato de ensinar, pois a atual

realidade do movimento cultural não elimina a atuação reflexiva, crítica, responsável

e competente do docente.

Logo, confirma-se a suposição de que a atuação docente precisa passar por

todos os processos de evolução e mudanças da sociedade. É necessário

compreender como a sociedade se comunica, aprende, ensina, informa e se

relaciona, pois esses indivíduos esperam um ambiente educacional que atua de

acordo com a realidade social que se encontra. Como afirma Consolaro (2005, p.

17) “se a educação é o ponto chave nesse início de século XXI, é preciso mudar

drástica e rapidamente os instrumentos de ensino”.

A pesquisa abordou inclusive que os desafios apresentados não

desvalorizam o trabalho docente, pelo contrário, e neste momento sociocultural que

o educador faz ainda mais necessário, pois diante das mudanças o conhecimento é

cada vez mais importante. A partir dessa compreensão, os educadores podem

desempenhar o seu papel de intelectuais transformadores que contribuem para o

desenvolvimento social.

Portanto, considera-se a pesquisa satisfatória atingindo o objetivo geral e os

específicos respondendo a questão da pesquisa.

REFERÊNCIAS

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