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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Leonardo Zilli APLICAÇÃO DE TAXA DE DESGASTE TRIDIMENSIONAL PARA DETERMINAÇÃO DE CUSTOS EM SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA NO PROCESSO DE TORNEAMENTO DE AÇOS ENDURECIDOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título em Engenharia área Mecânica, habilitação Produção Mecânica. Orientador: Prof. Carlos Ernani Fries, Dr. Coorientador: Prof. Denis Boing, Dr. Florianópolis 2018

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Page 1: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

SISTEMAS

Leonardo Zilli

APLICAÇÃO DE TAXA DE DESGASTE

TRIDIMENSIONAL PARA DETERMINAÇÃO DE CUSTOS EM

SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA NO PROCESSO DE

TORNEAMENTO DE AÇOS ENDURECIDOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas

da Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito parcial para

obtenção do título em Engenharia

área Mecânica, habilitação Produção

Mecânica.

Orientador: Prof. Carlos Ernani

Fries, Dr.

Coorientador: Prof. Denis Boing, Dr.

Florianópolis

2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

da UFSC.

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Leonardo Zilli

APLICAÇÃO DE TAXA DE DESGASTE

TRIDIMENSIONAL PARA DETERMINAÇÃO DE CUSTOS EM

SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA NO PROCESSO DE

TORNEAMENTO DE AÇOS ENDURECIDOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e

aprovado, em sua forma final, pelo Curso de Graduação em

Engenharia de Produção Mecânica, da Universidade Federal de

Santa Catarina.

Florianópolis, 5 de novembro de 2018.

________________________

Prof. ª Marina Bouzon, Dra.

Coordenadora dos Cursos de

Graduação em Engenharia de Produção

Banca Examinadora:

________________________

Prof. Carlos Ernani Fries, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Denis Boing, Dr.

Coorientador

Centro Universitário de Brusque

________________________

Prof. Glauco Garcia Martins Pereira da Silva, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado à minha

família e aos meus amigos.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, especialmente meus pais, Carlos Afonso Zilli e

Maria Rosaria Prudêncio Zilli, pela educação, suporte e oportunidades em

todas as esferas da minha vida.

Ao professor Carlos Ernani Fries pela dedicação na orientação,

conselhos, ensinamentos e paciência durante as muitas horas de reuniões.

Ao professor Denis Boing pela oportunidade de trabalhar com este

tema, pelo incentivo e confiança.

Ao engenheiro Fernando Luiz Castro, pela amizade e ideia do tema

deste trabalho.

Ao técnico Luiz Carlos Santana de Freitas pela ajuda nos ensaios

deste trabalho.

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pelos anos de

aprendizado, oportunidades e transformação pessoal e profissional.

Aos amigos e colegas dentro e fora da UFSC, por todo o suporte e

contribuições diretas e indiretas para realização deste estudo.

Ao Centro de Tecnologia e Inovação em Fabricação (CTIF) pela

estrutura fornecida para a realização dos procedimentos experimentais.

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A persistência é o caminho do êxito. (Charlie

Chaplin)

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RESUMO

Os Sistemas Flexíveis de Manufatura (SFMs) buscam absorver

rapidamente variações de demanda impostas pelo mercado ao incorporar

tecnologias de informação e comunicação diretamente na manufatura.

Nos departamentos de usinagem, além da utilização de SMFs é necessário

também agilidade na definição dos parâmetros de corte mais eficientes.

O torneamento de aços endurecidos é empregado principalmente em

processos de acabamento que exigem alta precisão e se apresenta como

uma opção mais flexível à retificação. Na usinagem de aços endurecidos,

as ferramentas mais utilizadas são as de PCBN ou cerâmicas mistas.

Ferramentas de metal-duro revestidas e com grãos ultrafinos são uma

alternativa, porém somente em menores velocidades de corte. O objetivo

deste trabalho é adotar um modelo matemático que determina a vida de

ferramenta com base na extrapolação da taxa de desgaste tridimensional

para comparar o custo de fabricação ao utilizar ferramentas de metal-

duro, cerâmica e PCBN na região de transição de usinagem convencional

para aços endurecidos. A partir dos resultados de vida foram feitas

análises das condições econômicas de corte de ferramenta e uma célula

flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais

favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados ensaios de

vida no faceamento no aço AISI 52100, com dureza de 50 HRC, com as

ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN. Os resultados dos ensaios

de vida das ferramentas comprovaram a estabilidade, confiabilidade e

agilidade do modelo matemático baseado na taxa de desgaste. A

ferramenta de cerâmica foi economicamente dominante no intervalo de

velocidade de corte ensaiado. O modelo de custos de usinagem tradicional

se mostrou limitado para SFMs. As metodologias de troca rápida de

ferramentas, os elevados custos de hora homem-máquina e a relação

custo/desempenho das ferramentas atuais refletiram em velocidades de

corte de mínimo custo e de máxima produção maiores do que a velocidade

de corte limite da máquina-ferramenta e das ferramentas utilizadas nos

ensaios. Resultados da simulação da célula flexível de usinagem

mostraram o menor custo de produção dos lotes da família de produtos

no cenário com a ferramenta de cerâmica, enquanto que num segundo

cenário com ferramentas de PCBN, a aplicação da ferramenta de metal-duro na máquina-ferramenta mais ociosa reduziu o custo em 17% e a

aumentou a taxa de utilização em 12% para o mesmo ritmo de produção.

Palavras-chave: Torneamento de materiais endurecidos. Sistemas

flexíveis de manufatura. Ferramentas de corte. Taxa de desgaste.

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ABSTRACT

The Flexible Manufacturing Systems (SFMs) seek to quickly absorb

variations in demand imposed by the market by incorporating information

and communication technologies directly into manufacturing. In

machining departments, besides the utilization of FMS, it is also

necessary to be agile when determining the most efficient cutting

parameters. The turning of hardened steels is applied mainly in finishing

processes that require high precision and is presented as a more flexible

option to grinding. In the machining of hardened steels, the most

commonly used tools are PCBN or mixed ceramics. Coated cemented

carbide tools with ultra-fine grains are an alternative, although only at

lower cutting speed. This work aims to adopt a mathematical model that

determines tool life based on the extrapolation of the three-dimensional

wear rate to compare manufacturing costs when using cemented carbide,

ceramic and PCBN tools at the boundary between conventional and hard

machining. From the tool life results by the extrapolation of the wear rate,

analyzes of the economical cutting condition were made and a flexible

machining cell was simulated using the most economically cutting

parameters. In this study, life tests were performed on the AISI 52100

steel, with a hardness of 50 HRC, with the cemented carbide, ceramic and

PCBN tools. The results of the tool life tests proved the stability,

reliability, and agility of the mathematical model based on the wear rate.

The ceramic tool presented a better economic performance for the speed

range tested. The traditional machining costs model was deemed limited

to SMFs. Quick tool changeover methodologies, high labor-machine hour

costs and cost performance ratio of current tools, have resulted in

minimal-cost and optimal-time cutting speeds greater than the cutting

speed limits of the machine and the tools used in the tests. The results of

the flexible machining cell simulation model presented lowest cost of

production of the product batches in the scenario with the ceramic tool.

While in a second scenario with PCBN tools, the application of the metal

carbide tool in the lathe with lower utilization reduced the cost by 17%

and increased the utilization rate by 12% for the same production rate.

Keywords: Turning of hardened steels. Flexible manufacturing systems.

Cutting tools. Wear rate.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Gráfico de Pareto do número de citações de artigos Scopus. 32 Figura 2 - Volume versus variedade em sistemas de manufatura. ........ 40 Figura 3 - Layout funcional. .................................................................. 41 Figura 4 - Tecnologia de grupo (flow shop). ......................................... 42 Figura 5 - Arquitetura genérica do SFM. .............................................. 44 Figura 6 - Comparação qualitativa das características do torneamento e

da retificação no processo de usinagem de materiais endurecidos. ....... 48 Figura 7 - Morfologia do cavaco de acordo com a dureza e a velocidade

de corte. ................................................................................................. 50 Figura 8 - Campo de aplicações das ferramentas de corte. ................... 51 Figura 9 – Ferramentas e porta-ferramentas de torneamento. ............... 52 Figura 10- Classificação das cerâmicas de corte. .................................. 54 Figura 11 - Efeitos do teor de CBN e tamanho de grão nas propriedades

da ferramenta de PCBN. ........................................................................ 55 Figura 12 - Principais áreas de desgaste de uma ferramenta de corte. .. 56 Figura 13 – Representação esquemática da forma formas e dimensões dos

tipos de desgaste em uma ferramenta de corte. ..................................... 57 Figura 14 - Mecanismos de desgaste em ferramentas de corte ............. 58 Figura 15 - Curva típica de desgaste de ferramenta de corte. ................ 60 Figura 16 - Curva de desgaste ............................................................... 60 Figura 17 - Curva de vida em um sistema logarítmico.......................... 62 Figura 18 - Linhas de vida de ferramenta. ............................................. 63 Figura 19 – Curvas de vida das ferramentas de metal-duro e PCBN em

função da velocidade de corte para o aço AISI D2. .............................. 64 Figura 20 - Metodologia utilizada para avaliação do desgaste das

ferramentas. ........................................................................................... 67 Figura 21 - Morfologia do desgaste da ferramenta de metal-duro aplicada

no torneamento do aço AISI 52100. ...................................................... 68 Figura 22 - Tendência da atuação dos mecanismos de desgaste para as

ferramentas de metal-duro. .................................................................... 69 Figura 23 - Tendência da atuação dos mecanismos de desgaste as

ferramentas de PCBN. ........................................................................... 70 Figura 24 - Resultado global da aplicação das ferramentas de metal-duro

e PCBN.................................................................................................. 70 Figura 25 - Tempo de usinagem para as ferramentas de metal-duro em

função da classe e da dureza dos materiais usinados............................. 71 Figura 26 - Região de transição de aplicação das ferramentas de metal-

duro e PCBN no torneamento de aços endurecidos. ............................. 72

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Figura 27 - Representação gráfica dos critérios de progressividade e

estabilidade. .......................................................................................... 74 Figura 28 - Representação do intervalo de máxima eficiência. ............ 81 Figura 29 - Geometria dos corpos de prova. ......................................... 83 Figura 30 - Sistema de fixação do corpo de prova. ............................... 83 Figura 31 - Ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN,

respectivamente. .................................................................................... 84 Figura 32 - Centro de torneamento GL240. .......................................... 85 Figura 33 - Infinite Focus G5 (Alicona®). ........................................... 85 Figura 34 - Medição de rugosidade da peça (SJ-310 - Mitutoyo®). ..... 86 Figura 35 – Banho de 𝐻2𝑆𝑂4. .............................................................. 87 Figura 36 - Visão geral dos procedimentos experimentais. .................. 87 Figura 37 - Medição da ferramenta. ...................................................... 88 Figura 38 - Torneamento do corpo de prova. ........................................ 89 Figura 39 - Medição de desvio de batimento do corpo de prova. ......... 90 Figura 40 - Fluxograma dos ensaios. .................................................... 90 Figura 41 - Discos da família de produtos. ........................................... 92 Figura 42 - Célula flexível de usinagem. .............................................. 95 Figura 43 - Desgaste ferramenta de metal-duro. ................................... 98 Figura 44 - Desgaste da ferramenta de cerâmica. ............................... 100 Figura 45 - Desgaste da ferramenta de PCBN. ................................... 102 Figura 46 - Cálculo da taxa de desgaste da ferramenta de PCBN a 234

m/min. ................................................................................................. 104 Figura 47 - Curvas de taxa de desgaste das ferramentas de metal-duro,

cerâmica e PCBN. ............................................................................... 106 Figura 48 - Curvas de vida das ferramentas de metal-duro, cerâmica e

PCBN. ................................................................................................. 107 Figura 49 - Tempo total de usinagem para face da peça A. ................ 108 Figura 50 - Custo de fabricação por peça para face da peça A. .......... 110 Figura 51 - Intervalo de Máxima Eficiência da ferramenta de cerâmica.

............................................................................................................ 113 Figura 52 - Intervalo de Máxima Eficiência da ferramenta de PCBN. 113 Figura 53 - Intervalo de Máxima Eficiência da ferramenta de metal-duro.

............................................................................................................ 114 Figura 54 - Comparação entre os Intervalos de Máxima Eficiência das

ferramentas. ......................................................................................... 115 Figura 55 - Modelo para a simulação da célula flexível de usinagem. 118 Figura 56 - Custo total de fabricação dos lotes de peças. ................... 125

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resultado do portfólio de leitura pela base Scopus. ............ 33 Quadro 2 - Resultados do portfólio de leitura pela base Emerald Insight.

............................................................................................................... 34 Quadro 3 - Portfólio de leitura. ............................................................. 35 Quadro 4 - Parâmetros de desgaste tridimensionais. ............................. 65 Quadro 5 - Classificação das classes de material endurecido. .............. 66 Quadro 6 – Valores de aquisição das ferramentas. ................................ 93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características gerais dos tipos de arranjo físico.................. 43 Tabela 2 - Dimensões dos discos. ......................................................... 92 Tabela 3 - Parâmetros fixos de tempo. .................................................. 93 Tabela 4 - Parâmetros de cálculo de hora homem máquina S. .............. 94 Tabela 5 - Distâncias en A persistência é o caminho do êxito.tre estações.

............................................................................................................... 95 Tabela 6 - Sequência de operações das peças A, B e C......................... 96 Tabela 7 - Volume de material removido da ferramenta por velocidade de

corte ao final de cada ensaio. .............................................................. 103 Tabela 8 - Médias dos resultados de taxa de desgaste de vida de

ferramenta. .......................................................................................... 105 Tabela 9 - Constantes da Equação de Taylor. ..................................... 107 Tabela 10 - Velocidades máxima produção. ....................................... 109 Tabela 11 - Velocidade de mínimo custo. ........................................... 111 Tabela 12 - Limites do Intervalo de Máxima Eficiência. .................... 112 Tabela 13 - Características modelo da célula flexível de usinagem. ... 117 Tabela 14 - Tempos de processamento cenário da ferramenta de cerâmica.

............................................................................................................. 119 Tabela 15 - Peças por gume da ferramenta de cerâmica no torno CNC 1.

............................................................................................................. 119 Tabela 16 - Peças por gume da ferramenta de cerâmica no torno CNC 2.

............................................................................................................. 120 Tabela 17 - Taxas de utilização das estações - cenário com cerâmica. 120 Tabela 18 - Custos de usinagem por peça e dos lotes com cerâmica. . 120 Tabela 19 - Tempos de processamento do cenário da ferramenta de

PCBN. ................................................................................................. 121 Tabela 20 - Peças por gume da ferramenta de PCBN no torno CNC 1.

............................................................................................................. 122 Tabela 21 - Peças por gume da ferramenta de PCBN no torno CNC 2.

............................................................................................................. 122 Tabela 22 - Taxas de utilização das estações cenário com PCBN. ..... 122 Tabela 23 - Custos de usinagem por peça e dos lotes com PCBN. ..... 123 Tabela 24 - Tempos de processamento cenário da ferramenta de PCBN e

metal-duro. .......................................................................................... 123 Tabela 25 - Peças por gume da ferramenta de metal-duro no torno CNC

1. .......................................................................................................... 124 Tabela 26 - Taxas de utilização das estações cenário com PCBN e metal-

duro. .................................................................................................... 124

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Tabela 27 - Custos de usinagem por peça e dos lotes para PCBN e metal-

duro. .................................................................................................... 124

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SFMs – Sistemas Flexíveis de Manufatura

PCBN – Polycrystalline Cubic Boron Nitride

GUME – Grupo de Usinagem de Materiais Endurecidos

LMP – Laboratório de Mecânica de Precisão

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

CTIF – Centro de Tecnologia e Inovação em Fabricação

UNIFEBE – Centro Universitário de Brusque

LAbMCDA – Laboratório de Metodologias Multicritério em Apoio à

Decisão

UFF – Universidade Federal Fluminense

CNC – Comando Numérico Computadorizado

AGV – Automated Guided-Vehicle

AGVS – Automated Guided-Vehicle System MMQ – Método dos Mínimos Quadrados

MEV – Microscópio Eletrônico de Varredura

IME – Intervalo de Máxima Eficiência

FIFO – First In First Out

HRC – Dureza Rockwell AISI - American Iron and Steel Institute

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LISTA DE SÍMBOLOS

Letras minúsculas:

𝑎𝑝 [mm] Profundidade de corte

𝑓 [mm] Avanço

𝑗 Taxa anual de juros

𝑛𝑓𝑡 Número de peças usinadas por gume

𝑛𝑡 Número de troca de gumes

𝑡𝑎𝑝/𝑎𝑓 [min] Tempo de aproximação e afastamento da

ferramenta

𝑡𝑐 [min] Tempo de corte

𝑡𝑐𝑔/𝑑𝑔 [min] Tempo de carga e descarga

𝑡𝑐𝑞 [min] Tempo para controle de qualidade da peça

𝑡𝑓𝑡 [min] Tempo de troca de ferramenta

𝑡𝑝𝑎𝑠𝑠 [min] Tempos passivos

𝑡𝑝𝑟 [min] Tempo de preparação

𝑡𝑡 [min/peça] Tempo total de usinagem por peça

𝑣𝑐 [m/min] Velocidade de corte

𝑣𝑐𝑚𝑐 [m/min] Velocidade de mínimo custo

𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 [m/min] Velocidade de máxima produção

𝑥 Constante de Taylor

Letras maiúsculas:

𝐶1 [R$] Custos passivos

𝐶2 [R$] Custo de máquina e operador

𝐶3 [R$] Custo de ferramenta

𝐶𝑎 [R$] Custo de ferramenta por gume

𝐶𝑎𝑖 [R$] Custo de aquisição da máquina

𝐶𝑐𝑚 [R$] Custo anual previsto com manutenção da

máquina

𝐶𝑑𝑖 [R$] Custo previsto com meios auxiliares

𝐶𝑝 [R$/peça] Custo de fabricação por peça

𝐶𝑣 Constante de Taylor

𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒 Coeficiente de velocidade de corte

constante para faceamento

𝐻 [horas] Número de horas previstas de trabalho por

ano

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𝐼𝑚𝑎𝑞 [anos] Idade da máquina

𝐾𝑇 [mm] Profundidade de cratera

𝑅0 [mm] Raio inicial

𝑅 Coeficiente corretivo

𝑅𝑖 [mm] Raio interno

𝑆 [R$/hora] Custo de mão de obra e máquina

𝑆ℎ [R$/hora] Custo hora homem

𝑆𝑚 [R$/hora] Custo hora máquina

𝑇 [min] Vida da ferramenta

𝑇𝑚𝑎𝑞 [anos] Vida prevista da máquina

𝑉𝐵𝐵 [mm] Desgaste de flanco médio

𝑉𝐵𝑚á𝑥 [mm] Desgaste de flanco máximo

𝑉𝐵𝐶 [mm] Desgaste de ponta

𝑉𝐵𝑁 [mm] Desgaste de entalhe

𝑊𝐴𝐴 [𝜇𝑚2] Área afetada da ferramenta em relação à

superfície de referência.

𝑊𝐴𝑀 [𝜇𝑚3]

Volume de material adicionado a

ferramenta em relação à superfície de

referência.

𝑊𝑀𝐷 [𝜇𝑚] Máxima profundidade de defeito em

relação à superfície de referência.

𝑊𝑀𝐻 [𝜇𝑚] Máxima altura de defeito em relação à

superfície de referência.

𝑊𝑅𝑀 [𝜇𝑚3] Volume de material removido da

ferramenta em relação à superfície de

referência.

𝑊𝑅𝑅𝑀 [𝜇𝑚3/𝑠] Taxa de desgaste da ferramenta

𝑍 Tamanho do lote de peças

Letras gregas:

δ [graus] Fator de estabilidade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 25 1.1 OBJETIVOS ......................................................................... 26

1.1.1 Objetivo geral ...................................................................... 26

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................... 27

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO .................................... 27

1.3 LIMITAÇÃO DO TRABALHO ........................................... 28

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................... 28

2 PESQUISA BIBLIOMÉTRICA ........................................ 31 2.1 ANÁLISE DO PORTFÓLIO DE LEITURA ........................ 35

2.2 REFLEXÃO SOBRE A PESQUISA BIBLIOMÉTRICA .... 38

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................... 40 3.1 SISTEMAS DE MANUFATURA ........................................ 40

3.2 SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA (SFM) ....... 43

3.3 TORNEAMENTO DE MATERIAIS ENDURECIDOS ...... 47

3.4 FERRAMENTAS DE USINAGEM ..................................... 50

3.4.1 Metal-duro ........................................................................... 52

3.4.2 Cerâmicas ............................................................................ 53

3.4.3 PCBN .................................................................................... 54

3.5 MECANISMOS DE DESGASTE ........................................ 55

3.6 VIDA DE FERRAMENTA .................................................. 59

3.7 REGIÃO DE APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE

METAL-DURO E PCBN ...................................................................... 65

3.8 MODELO MATEMÁTICO PARA DETERMINAÇÃO DA

VIDA DA FERRAMENTA PELA EXTRAPOLAÇÃO DA TAXA DE

DESGASTE .......................................................................................... 73

3.9 CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE ........................ 76

3.9.1 Tempo de usinagem por peça (𝐭𝐞) ..................................... 77

3.9.2 Custo de fabricação por peça (𝐂𝒑) .................................... 78

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3.9.3 Intervalo de máxima eficiência .......................................... 80

4 METODOLOGIA ............................................................... 82 4.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ............................ 82

4.1.1 Visão geral dos ensaios ....................................................... 82

4.1.2 Sequenciamento dos ensaios............................................... 88

4.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE

90

4.2.1 Determinação da vida das ferramentas (T) ...................... 91

4.2.2 Tempo total de usinagem por peça (𝐭𝐭) ............................. 91

4.2.3 Custo de fabricação por peça (𝐂𝒑) .................................... 93

4.3 SIMULAÇÃO ....................................................................... 94

4.3.1 Modelo da célula flexível de usinagem .............................. 94

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................... 97 5.1 TAXA DE DESGASTE ........................................................ 97

5.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ECÔNOMICAS DE CORTE

103

5.2.1 Determinação de vida das ferramentas ........................... 103

5.2.2 Tempo total de usinagem por peça (𝐭𝒕) ........................... 108

5.2.3 Custo de fabricação por peça (𝐂𝐩) .................................. 109

5.2.4 Intervalo de Máxima Eficiência (IME) ........................... 112

5.3 SIMULAÇÃO DA CÉLULA FLEXÍVEL DE USINAGEM

115

5.3.1 Modelo da célula flexível de usinagem ............................ 116

5.3.2 Cenário com ferramenta de cerâmica ............................. 119

5.3.3 Cenário com ferramenta de PCBN e metal-duro. .......... 121

6 CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS

FUTUROS ......................................................................................... 126

Page 25: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

25

1 INTRODUÇÃO

A principal característica do ambiente em que a indústria

automotiva está inserida é a alta competitividade. A dificuldade de

previsão da demanda, somada à redução de ciclo de vida dos produtos e

à crescente necessidade de diferenciação dos produtos exige respostas

ágeis e flexíveis por parte dos sistemas de produção. A absorção destas

exigências pode ser feita através da implantação de Sistemas Flexíveis de

Manufatura (SFMs) que são compostos por máquinas conectadas a um

sistema de movimentação de materiais controlado por computadores. Os

SMFs são capazes de produzir vários tipos de peças, ao agrupa-las em

famílias de produtos, sem intervenção externa como mudanças

significativas de maquinário ou fluxo do processo (ASKIN et al., 1993).

Além da variabilidade de seus produtos, o setor automotivo

trabalha com a busca constante de processos produtivos mais eficientes e

de menor custo. Neste cenário, a utilização da estrutura dos SMFs deve

ser concomitante com definições rápidas de parâmetros de processos para

a fabricação de um novo produto ou utilização de uma nova ferramenta,

especialmente em processos de usinagem onde a variação do par

ferramenta-peça influencia significativamente na determinação nas

condições econômicas de corte e seleção de ferramentas. A metodologia

tradicional de Taylor para determinação de vida de ferramenta possui

mais de 100 anos e novas tecnologias podem ser incorporadas para sua

adequação à ambientes modernos de manufatura, como SFMs, reduzindo

os erros e quantidade de tempo necessária dos ensaios.

O setor automobilístico foi pioneiro no torneamento de aços

endurecidos, o qual é geralmente realizado em processos de acabamento

de alta precisão (ASTAKHOV, 2011). Materiais com dureza acima de 50

HRC são classificados endurecidos (KLOCKE et al., 2011). O aço AISI

52100 endurecido é o principal material utilizado para fabricação de

rolamentos devido à sua alta resistência ao desgaste e propriedades

favoráveis para tratamentos térmicos.

Os tipos de ferramentas recomendadas para suportar as condições

severas de corte na usinagem de materiais endurecidos são ferramentas

de PCBN (Polycrystalline Cubic Boron Nitride – Nitreto de Boro Cúbico

Policristalino) ou cerâmicas mistas. Apesar de possuírem menor resistência a quente que as ferramentas de cerâmica e PCBN, classes de

metal-duro com grãos ultrafinos podem ser aplicadas na usinagem de

materiais endurecidos em velocidades menores de corte (KLOCKE et al., 2011). A utilização de ferramentas de metal-duro pode ser justificada em

termos econômicos por se mostrar, geralmente, um tipo de ferramenta

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26

menos custosa quando se compara com ferramentas de PCBN e cerâmica.

Deste modo especificamente para o aço AISI 52100, Boing (2016)

determinou que a dureza de 50 HRC representa a região de transição para

a aplicação de ferramentas de metal-duro e PCBN.

Castro et al. (2018) definiram um modelo matemático para

determinação de vida de ferramentas baseado na extrapolação da taxa de

desgaste a partir de parâmetros tridimensionais de desgaste como o

volume de material removido da ferramenta. O modelo se mostra

interessante para ambientes flexíveis devido à sua agilidade na

determinação da vida da ferramenta por necessitar de poucos valores de

desgaste medidos em comparação à metodologia tradicional de Taylor

por parâmetros bidimensionais como profundidade e comprimentos, para

a qual, torna-se necessário criar toda a curva de desgaste da ferramenta –

situação dispendiosa, principalmente em ambientes de manufatura.

O trabalho apresenta a comparação dos custos de fabricação em

uma célula flexível de usinagem do aço AISI 52100, com dureza de 50

HRC, com ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN. As condições

econômicas de corte foram calculadas com base na vida das ferramentas

obtidas por procedimentos experimentais e pelo modelo matemático de

Castro et al. (2018). Além disso, simulações da fabricação de uma família

de produtos utilizando materiais de ferramentas de metal-duro revestido,

PCBN e cerâmica em diferentes cenários de produção foram realizadas

no intuito de avaliar o impacto da utilização das ferramentas nos custos e

taxas de ocupação das máquinas.

Este trabalho faz parte de uma linha de pesquisa do Grupo de

Usinagem de Materiais Endurecidos (GUME) do Laboratório de

Mecânica de Precisão (LMP) da UFSC em parceria com o Centro de

Tecnologia e Inovação em Fabricação (CTIF) do Centro Universitário de

Brusque (UNIFEBE).

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é avaliar as condições econômicas mais

favoráveis no processo de torneamento de uma família de peças de aço AISI 52100 endurecido a partir da análise da taxa de desgaste de

ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN.

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27

1.1.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo deste trabalho, os seguintes objetivos

específicos devem ser alcançados:

• avaliação da vida das ferramentas de metal-duro, cerâmica e

PCBN no torneamento do aço AISI 52100, com dureza de 50

HRC, a partir de um modelo matemático de extrapolação da taxa

de desgaste tridimensional;

• determinação das condições econômicas ótimas de corte do aço

AISI 52100, com dureza de 50 HRC, em função de parâmetros

de corte e materiais para ferramentas de metal-duro, cerâmica e

PCBN;

• definição dos pontos de transição econômicos da utilização de

ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN no torneamento do

aço AISI 52100, com dureza de 50 HRC;

• modelagem com auxílio do software Rockwell Arena® e testes

de validação do modelo de simulação de uma célula de usinagem

típica, utilizando as condições ótimas de corte das ferramentas

de metal-duro, cerâmica e PCBN;

• proposição de um modelo de balanceamento da célula de

usinagem que vise minimizar o tempo de usinagem com o menor

custo possível, considerando os pontos de transição econômicos

determinados.

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

Na indústria automotiva, os processos de usinagem têm uma

parcela significativa nos custos totais de fabricação de componentes, onde

somente de 3 a 4% dos gastos estão relacionados com ferramentas de

corte (WEINERT et al., 2004). Porém em termos do montante gasto com

ferramentas, em 2017 o consumo mundial de ferramentas de corte cresceu

4,5%, em relação a 2016, para o total de US$ 82,2 bilhões. Segundo a The

World Machine Tool Survey, esse crescimento de consumo foi o maior

desde de 2011 e a tendência deve seguir para 2018. Tendo em vista os

valores gastos em ferramentas mundialmente, a otimização do consumo

de ferramentas tem sido alvo permanente para empresas do ramo. Através

da análise das variáveis que influenciam no processo pode-se determinar

as condições de usinagem que geram o mínimo custo de fabricação.

Entretanto, a singularidade da performance de cada par ferramenta-peça

Page 28: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

28

gera a necessidade da realização dos dispendiosos, em termos de tempo,

ensaios de vida de ferramenta que não estão alinhados com a dinâmica

atual dos sistemas flexíveis de manufatura.

Com a realização deste trabalho espera-se aplicar a metodologia de

determinação de vida pela taxa de desgaste como uma alternativa mais

ágil de avaliação de processos de usinagem e de obtenção de resultados

de previsão de vida de ferramenta confiáveis. Em relação aos custos, o

trabalho também visa a verificação da aplicação dos modelos de custos

tradicionais de usinagem em sistemas flexíveis de manufatura.

1.3 LIMITAÇÃO DO TRABALHO

Destaca-se a importância de discorrer sobre algumas das

limitações relacionadas com a metodologia adotada no trabalho.

Primeiramente para a definição do tempo de vida das ferramentas,

a amostra dos procedimentos experimentais foi limitada devido a

questões relacionadas com a disponibilidade de recursos financeiros e de

tempo do CTIF. Para cada velocidade de corte ensaiada com as

ferramentas de cerâmica e PCBN, foram realizadas duas réplicas. No caso

da ferramenta de metal-duro a disponibilidade de tempo limitou os

procedimentos e foi realizada somente uma réplica, a qual se mostrou

estável e seu resultado foi considerado satisfatório para o modelo

matemático de previsão de vida de ferramenta a partir da extrapolação da

taxa de desgaste.

Outro fator limitante foi a faixa de velocidades de corte escolhidas

para os procedimentos experimentais entre 120 e 234 m/min. Deste modo,

as análises restringiram-se ao intervalo de velocidades de corte ensaiadas

devido à não garantia do comportamento das ferramentas em outros

cenários. O tempo de troca de ferramenta estipulado influenciou em

valores impraticáveis velocidade de máxima produção, o ponto de

inflexão da curva de tempo total de usinagem, para o torno usado nos

procedimentos experimentais. Assim sendo, a velocidade de corte de

máxima produção do estudo foi limitada à maior velocidade ensaiada, 234

m/min.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é divido em seis capítulos. O primeiro capítulo está

relacionado com a contextualização do tema e definição dos objetivos,

limitações e estrutura do trabalho. O segundo capítulo trata da pesquisa

bibliométrica, a qual é identifica o estado da arte atual relativo ao assunto

Page 29: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

29

de estudo através de um portfólio de leitura de artigos de bases de dados

internacionais relevantes. Em seguida a fundamentação teórica é

apresentada no terceiro capítulo, onde os conceitos referentes aos

sistemas flexíveis de manufatura, usinagem de materiais endurecidos e

condições econômicas de corte são explicados e aprofundados. O quarto

capítulo apresenta a metodologia e abordagem realizadas para os ensaios,

análises de custos e simulações. Os resultados do trabalho são mostrados

e analisados no quinto capítulo. No sexto e último capítulo são

apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

Page 30: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados
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31

2 PESQUISA BIBLIOMÉTRICA

Procedimentos de pesquisa bibliométrica permitem um

levantamento de dados que leva à construção de um portfólio de

referências relevantes para trabalhos científicos através de uma revisão

teórica robusta. A bibliometria utiliza métodos estatísticos para analisar e

selecionar informações de cunho científico (PRITCHARD, 1969). Neste

sentido, a pesquisa bibliométrica deste trabalho foi baseada nas

metodologias do Laboratório de Metodologias Multicritério em Apoio à

Decisão da UFSC (LAbMCDA) e do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo

ambas as metodologias, esse processo de pesquisa é desenvolvido em

duas fases: a primeira foca na busca, filtragem e normalização dos dados

e a segunda é voltada para análise e síntese dos resultados.

A implementação dessas metodologias, de forma simplificada, foi

composta pelas seguintes etapas: escolha das bases de dados, definição

das palavras-chave, busca nas bases de dados, aplicação de filtros nos

resultados das buscas, seleção por alinhamento de título, seleção por

reconhecimento científico, leitura de resumos, repescagem de referências

excluídas e seleção final dos artigos para o portfólio de leitura.

O objetivo da realização da pesquisa bibliométrica foi identificar

artigos relacionados com o tema da presente pesquisa: análise de custos

em simulações de célula de usinagem de materiais endurecidos.

Inicialmente, identificou-se duas bases de dados internacionais,

nomeadas Scopus e Emerald Insight. A primeira consiste de uma base

multidisciplinar enquanto a segunda base de dados enfatiza a produção

acadêmica nas áreas de engenharia mecânica, elétrica e de produção.

Ambas as bases de dados permitem que os dados sejam exportados

facilmente para softwares como EndNote, proporcionando assim,

manipulação facilitada dos resultados.

Para identificar áreas de estudo e linhas de pesquisa mais amplas

sobre o tema foram definidas as seguintes palavras-chave:

• machining

• cost

• manufacturing systems

• simulation Na base de dados Scopus, além das palavras-chave, foram

aplicados os seguintes filtros à busca: subáreas de pesquisa (engineering,

computer science, decision sciences e business and management and accounting), língua (inglês), tipo de fonte (periódico ou conference

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paper) e ano de publicação (início em 1993). Como resultado dessa etapa

foram encontrados 199 artigos.

Os artigos foram exportados para o software EndNote onde foram

selecionados aqueles artigos que possuíam em seus títulos pelo menos

uma das palavras a seguir: machining, simulation, cost, flexible. A

utilização da palavra flexible teve o objetivo de filtrar artigos que abordam

sistemas flexíveis de manufatura. Essa etapa gerou um total de 82 artigos.

A base de dados Scopus permite o rastreamento das citações de

cada artigo feitas dentro da própria base. Assim, é possível saber quantas

vezes o artigo foi citado e verificar a sua relevância no meio acadêmico.

Neste sentido, foi utilizado o Princípio de Pareto na identificação dos

artigos cujas citações correspondem a 80% do total de citações de todos

os artigos encontrados na busca. O gráfico de Pareto é apresentado na

Figura 1.

Figura 1 - Gráfico de Pareto do número de citações de artigos Scopus.

Fonte: Autor.

A partir do gráfico de Pareto foi constatado que as citações de 37

artigos, dentre a seleção de 199, correspondem a 80% do total de citações.

Estes 37 artigos, juntamente com os 82 artigos selecionados na etapa

passada, tiveram seus títulos e resumos analisados. A análise focou nos artigos publicados nos últimos 10 anos que possuíam uma forte relação

com a simulação de sistemas de usinagem flexíveis, resultando em 3

artigos a serem lidos.

Notou-se que nenhum dos três artigos abordava usinagem de

materiais endurecidos. Então, foi realizada uma repescagem nos

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33

resultados da base Scopus procurando por artigos que possuíssem a

palavra hard em seu título. Somente um artigo foi encontrado e

adicionado aos outros 3 artigos para o portfólio de leitura. Todas as etapas

da pesquisa bibliométrica na base de dados Scopus estão apresentadas no

Quadro 1.

Quadro 1 - Resultado do portfólio de leitura pela base Scopus.

SCOPUS

Busca e Filtragem, palavras-chave:

(machining, cost, manufacturing

systems, simulation)

Filtros:

- Subárea de pesquisa: engineering,

computer science, decision sciences

e business and management and

accounting;

- Língua: inglês;

- Tipo de fonte: Periódico ou

Conference Paper;

- Ano de publicação: início em 1993.

Resultado: 199 artigos.

Seleção de artigos por

alinhamento do título

Título que contém: machining,

simulation, cost, flexible

Resultado: 82 artigos

Seleção por

reconhecimento

científico

Regra de Pareto: 80% das citações,

pela Busca e Filtragem,

corresponderam a 19% dos artigos.

Resultado: 37 artigos.

Leitura de resumos e

fichamento

Seleção por título de interesse:

artigos relacionados com simulação

de sistemas de usinagem flexíveis.

Foco nos artigos mais recentes:

últimos 10 anos.

Resultado: 3 artigos.

Repescagem de referências por título Título que contém: hard

Resultado: 1 artigo.

Seleção dos artigos para

compor o portfólio de

leitura

Resultado: 4 artigos a serem lidos.

Fonte: Autor.

Page 34: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

34

No caso da base de dados Emerald Insight, foram realizadas as

mesmas etapas utilizadas na base Scopus na construção do portfólio de

leitura, porém com pequenas diferenças na parametrização das escolhas

dos filtros dentro da própria base. A Emerald Insight não disponibiliza o

número de citações para um grupo de artigos como a Scopus. Assim, a

realização da análise de Pareto foi inviabilizada devido ao grande volume

de artigos encontrados na busca. As etapas da pesquisa bibliométrica na

base Emerald Insight podem ser encontradas no Quadro 2.

Quadro 2 - Resultados do portfólio de leitura pela base Emerald Insight.

Emerald Insight

Busca e Filtragem, palavras-chave:

(machining, cost, manufacturing

systems, simulation)

Filtro: simulation

Língua: inglês;

Tipo de fonte: Periódico;

Ano de publicação: início em 1993.

Resultado: 237 artigos.

Seleção de artigos por

alinhamento do título

Título que contém: machining,

simulation, cost, flexible

Resultado: 127 artigos

Leitura de resumos e

fichamento

Seleção por título de interesse: artigos

relacionados com simulação de

sistemas de usinagem flexíveis.

Foco nos artigos mais recentes:

últimos 10 anos.

Resultado: 1

Repescagem de referências por título Título que contém: hard

Resultado: 0 artigo.

Seleção dos artigos para

compor o portfólio de

leitura

Resultado: 1 artigo a ser lido.

Fonte: Autor.

Os resultados das duas pesquisas bibliométricas foram cruzados

para a construção do portfólio final de leitura. Coincidentemente, o artigo

selecionado da base de dados Emerald Insight fazia já parte dos quatro

artigos escolhidos na base Scopus. Portanto, o portfólio de leitura ficou

composto de quatro artigos e pode ser visto no Quadro 3.

Page 35: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

35

Quadro 3 - Portfólio de leitura.

Autor Ano Título Publicação

Park, H. S.

Nguyen, T. T.

Dang, X. P.

2016

Multi-objective optimization of

turning process of hardened

material for energy efficiency

SpringerOpen

Al ithawi, K.

Ali, A.

Hussain, M. I.

2016

Modeling and optimization in a

new machining production line by

using manufacturing system

simulation

IEOM Society

Diaz, N.

Dornfeld, D.

2012

Cost and energy consumption

optimization of product

manufacture in a flexible

manufacturing system

Springer-

Verlag

Larek, R.

Brinksmeier,

E.

Meyer, D.

Pawletta, T.

Hagendorf, O.

2011

A discrete-event simulation

approach to predict power

consumption in machining

processes

Springer-

Verlag

Fonte: IOEM Society, Springer, Springer-Verlag.

2.1 ANÁLISE DO PORTFÓLIO DE LEITURA

Os artigos selecionados pela pesquisa bibliométrica foram lidos

para um melhor entendimento do estado da arte atual relacionado com o

tema do trabalho. A seguir, é apresentado um resumo desenvolvido de

cada artigo lido oriundo da pesquisa bibliométrica supracitada.

O primeiro artigo (PARK et al., 2016) do Quadro 3 tem como

objetivo otimizar os parâmetros de corte no processo de torneamento do

aço AISI 4140, endurecido, para reduzir o consumo de energia e aumentar

a eficiência energética. A contribuição do estudo visa tornar o processo

de usinagem de materiais endurecidos menos impactante ao meio

ambiente. Segundo estes autores, o torneamento de materiais endurecidos

possui benefícios em relação a processos abrasivos, que normalmente são

utilizados para usinagem de peças de alta dureza. Consegue-se maior taxa

de remoção de material, menor tempo de processamento, eliminação de

fluidos refrigerantes e rugosidade de mesma classe. Porém, as energias

especificas durante a usinagem dura, com ferramentas de geometria

definida, são maiores que as da usinagem convencional. Deste modo, é

necessário encontrar maneiras que aumentem a eficiência energética do

processo.

Page 36: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

36

Park et al. (2016) afirmam que as principais abordagens para a

redução do consumo de energia no processo de usinagem são: melhorias

na máquina-ferramenta e otimização de parâmetros de corte. A última é

considerada economicamente mais viável, devido ao menor investimento

e esforço comparado com a atualização, ou compra, de uma nova

máquina-ferramenta. Além dos parâmetros de corte, o estudo também

pondera a geometria da ferramenta, que é considerada um fator

importante relacionado às forças de corte. Para otimizar o consumo de

energia, foi realizada uma simulação utilizando o método de elementos

finitos para a obtenção das forças de corte, a potência e finalmente o

consumo de energia do processo. Observou-se a grande influência na

variação do consumo de energia pelos seguintes parâmetros: velocidade

de corte, avanço, raio de quina, ângulo de saída, de quina e de flanco.

O resultado do trabalho de Park et al. (2016) foi a redução de 16%

da energia específica de corte e 11% na eficiência energética de um

cenário arbitrariamente selecionado.

O segundo artigo selecionado no levantamento bibliométrico (AL

ITHAWI et al., 2016) apresentado no Quadro 3 mostra uma boa

fundamentação sobre sistemas flexíveis de manufatura (SFM), ou

Flexible Manufacturing Systems (FMS). Objetivo do projeto apresentado

no artigo é a construção de um novo modelo de sistema de manufatura

em um fábrica de motores automotivos. Os requerimentos do sistema são:

flexibilidade, confiabilidade e máximo de 1% de refugo. Três cenários

foram propostos e foram feitas análises da produção em termos de custo,

ocupação de máquinas e jobs por hora, através do software Rockwell

Arena®. Os resultados deram suporte à diretoria para a tomada de

decisão sobre a configuração do layout.

Segundo Al ithawi et al. (2016), o SFM é um sistema complexo e

custoso onde todas as máquinas que realizam o processo são controladas

por computadores. Esse sistema é capaz de produzir tipos diferentes de

peças ao realizar rapidamente seus setups físicos e de processo. Duas ou

mais máquinas de Comando Numérico Computadorizado (CNC) são

consideradas uma célula flexível de manufatura, e duas células ou mais

formam um SFM. Ao aumentar a flexibilidade, o sistema de

planejamento, operação e controle se torna naturalmente mais complexo.

De acordo com Josephet et al. (2011), a flexibilidade pode ser classificada em oito tipos: flexibilidade de máquina, processo, produto,

rota, volume, expansão, operação e produção. Os autores afirmam que a

flexibilidade pode ser analisada pela variedade de produtos produzidos

utilizando as mesmas máquinas, pela capacidade de variar os níveis de

produção e a capacidade de trabalhar com lead times curtos e a habilidade

Page 37: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

37

de trabalhar com lead times curtos e variados. É destacada também, a

importância da flexibilidade na manufatura como um fator chave para o

sucesso de empresas em ambientes altamente competitivos que requerem

respostas rápidas às demandas do consumidor. Na área de custos, o artigo

relata que estudos feitos por Toile et al. (2013) e Carlo et al. (2012)

demonstraram que abordagens de reconfiguração de sistemas de

manufatura, visando minimizar custo relacionados ao equipamento,

reduziram em média 25% dos custos totais. Falcone et at. (2013)

propuseram a utilização de otimização discreta para minimizar custos de

manuseio e movimentação em sistemas flexíveis de manufatura.

Após as simulações dos três cenários, foram analisados os

parâmetros de taxa de produção anual de componentes e

consequentemente o lucro. Um dos cenários de reconfiguração do sistema

de produção, utilizando a mesma quantidade de equipamentos, resultou

em um aumento de 16% na taxa de produção anual.

O artigo de Diaz et al. (2016), terceiro artigo do Quadro 3,

apresenta uma metodologia para otimização do consumo de energia e

custos a partir da simulação de um sistema de manufatura flexível

composto por máquinas CNC. O consumo de energia é abordado através

de uma visão de impacto ambiental. Foram descritos os estágios para o

planejamento de um produto usinado seguindo etapas como seleção de

máquinas-ferramenta, condições de corte e trajetória da ferramenta. O

sequenciamento foi realizado através de simulação de eventos discretos e

análise de diversos cenários, onde o número de máquinas nas cinco

células foram alterados. O custo total foi calculado a partir do somatório

de custos de aquisição da máquina-ferramenta, de mão de obra e de

energia elétrica. Segundo os autores, o custo de compra da máquina

ferramenta pode ser negligenciado, mesmo sendo de grande magnitude,

devido à amortização e o custo de propriedade. Diaz et al. (2012) afirmam

que o custo de energia em comparação ao custo de mão de obra foi

extremamente menor durante as simulações. O custo de mão de obra

depende do salário do operador, que é fixo, e do tempo de processamento.

Assim, Diaz et al. (2012) sugerem que, para redução de custos no

processo de usinagem, o foco deve estar no tempo de processamento que

é obtido através da seleção da ferramenta e das condições ótimas de corte,

necessitando avaliar custo e desempenho das ferramentas. A simulação do job shop foi baseada na produção de 1.000 peças

utilizando 11 máquinas-ferramentas distribuídas em 5 células. Foram

configurados 7 cenários, mudando a quantidade de máquinas em cada

célula. As mil peças foram compostas por 3 produtos em proporções

diferentes. Cada tipo de produto demandava uma taxa de remoção de

Page 38: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

38

material e um tempo de processamento específicos. Diferentes células

podiam fabricar o mesmo produto. A estratégia para o sequenciamento

foi baseada nas restrições de compatibilidade entre peça e máquina, taxa

de remoção de material e tempo de processamento. O modelo de

simulação discreta visou aumentar a utilização das máquinas e diminuir

o tempo de espera de máquinas ligadas consumindo energia. O melhor

cenário encontrado reduziu o consumo de energia em 8,5% em relação ao

primeiro caso.

A partir da ideia de sustentabilidade, o último artigo do Quadro 3

(LAREK et al., 2011) propõe uma abordagem baseada em simulação

discreta para quantificar o consumo de energia durante a usinagem.

Assim, foi possível identificar oportunidades de melhoria para otimização

do processo.

Foi utilizado a ferramenta SimEvents do software Matlab para a

simulação do consumo de energia na máquina ferramenta. Para cada

subsistema da máquina foi assumida uma abordagem binária (ou está

ligado ou desligado), com consumo constante. A partir do código de

fabricação foi possível identificar quando o subsistema era utilizado e por

quanto tempo/duração. Os subsistemas considerados na análise foram o

acionamento do eixo principal, avanço e refrigeração.

A simulação demonstrou que em um cenário típico de usinagem a

contribuição do acionamento do eixo principal é muito mais relevante que

a do sistema de avanço. Pode-se concluir que, em termos de parâmetros

de corte, a velocidade de corte tem a maior influência no consumo de

energia durante a usinagem.

2.2 REFLEXÃO SOBRE A PESQUISA BIBLIOMÉTRICA

Primeiramente destaca-se a atualidade do tema deste trabalho,

visto que o artigo mais antigo do portfólio, oriundo do levantamento de

dados gerado pela pesquisa bibliométrica, foi publicado em 2011. Essa

característica é reforçada pela abordagem de sustentabilidade no processo

de fabricação percebida na maioria dos artigos. Em um primeiro

momento, a análise do consumo de energia na usinagem pareceu estar

ligada principalmente com os custos de processo. Porém, após a leitura

detalhada dos artigos, observou-se que a questão energética está mais relacionada ao impacto ambiental. A afirmação de Diaz et al. (2012)

sobre o foco da redução dos custos de usinagem estar na seleção de

ferramentas e parâmetros de corte indica que este trabalho está alinhado

conforme os resultados obtidos por estes autores.

Page 39: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

39

Com relação aos sistemas flexíveis de manufatura, o artigo de Al

ithawi et al. (2016) apresenta solidamente as definições de um SFM e será

uma fonte de referências para um estudo maior sobre o tema.

Durante a pesquisa bibliométrica constatou-se um número

reduzido de artigos relacionados, especificamente, à simulação de

usinagem de materiais endurecidos. Isto gerou uma motivação adicional

para a realização desse trabalho, no intuito de explorar mais

profundamente o assunto em termos de sistemas flexíveis de manufatura.

Page 40: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

40

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os seguintes tópicos serão explicados e fundamentados por suas

respectivas teorias: sistemas de manufatura, sistemas flexíveis de

manufatura, processos de torneamento de aços endurecidos, ferramentas

de usinagem, mecanismos de desgaste, ensaios de vida de ferramentas,

região de aplicação de ferramentas de metal-duro e PCBN, modelo

matemático para determinação de vida de ferramentas de corte pela

extrapolação da taxa de desgaste e as condições econômicas de corte.

3.1 SISTEMAS DE MANUFATURA

Empresas que possuem instalações fabris já passaram, ou passarão,

por processos de decisão ligados ao modo de manufaturar seus produtos.

Estas decisões são baseadas no trade-off, ou solução de compromisso,

relacionado aos sistemas de produção na questão de produtividade versus

flexibilidade (RAOUF et al, 1995). A Figura 2 mostra essa relação em

função do volume e da variedade de produtos para os tipos de sistema de

manufatura.

Figura 2 - Volume versus variedade em sistemas de manufatura.

Fonte: Lindberg (1977), adaptado.

Segundo Askin et al. (1993), os sistemas posicionados no

quadrante superior esquerdo da Figura 2 como linhas de

Page 41: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

41

produção/montagem possuem arranjos físicos voltados para o produto. As

linhas de produção são sistemas contínuos de movimentação de material

dispostos por estações de trabalho em sequência. Ao passar pela linha de

produção, com maquinário totalmente dedicado ao produto, a matéria-

prima é completamente transformada em produto acabado. Projetado para

produção em massa, este tipo de arranjo é considerado o mais eficiente

em termos de produção, devido aos baixos níveis de sortimento de

produtos, tempos de operação e estoques intermediários.

O quadrante inferior direito da Figura 2 é composto pelos sistemas

com arranjo físico orientado ao processo, conhecido como layout funcional ou job shop. Este arranjo é disposto em departamentos, ou

grupos, de máquinas com funções semelhantes. Cada lote a ser produzido

tem sua própria sequência, geralmente única, de máquinas necessárias

para sua confecção. Assim, o sistema é capaz de produzir uma vasta

variedade de tipos de peças com diferentes sequências de processamento.

Entretanto, o layout funcional é caracterizado por de longos ciclos de

fabricação, grande movimentação de material e altos estoques

intermediários. A Figura 3 apresenta um layout funcional e exemplifica

os fluxos de diferentes produtos dentro do arranjo físico.

Figura 3 - Layout funcional.

Fonte: Hyer et al. (1982).

Nota-se na Figura 3 a movimentação das peças por todo o arranjo,

o que dificulta o sequenciamento, o controle de materiais e a definição de

prioridade dos lotes, ou jobs (ASKIN et al., 1993).

Page 42: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

42

Na região intermediária da Figura 2 estão os sistemas flexíveis de

manufatura (SFMs), o foco deste trabalho. O arranjo físico do sistema é

feito por tecnologia de grupo, ou manufatura celular, visando melhorar o

fluxo de produtos em fabricação ao diminuir sua movimentação. Uma

célula típica de manufatura contém, geralmente, um centro de usinagem

com sistemas de inspeção e monitoramento, sistema de armazenamento

de peças e ferramentas, um robô para manuseio de peças e uma unidade

de controle do sistema. O arranjo celular agrupa em famílias produtos que

possuem geometrias similares e necessitam do mesmo grupo de máquinas

para sua fabricação. É uma configuração mais apropriada para ambientes

com volume e variabilidade médios de produtos. Um exemplo de arranjo

por tecnologia de grupo em flow shop pode ser visto na Figura 4. Em um

flow shop, todos os lotes passam pela a mesma sequência de estações com

proporção relativa de tempo de operação em cada máquina para cada lote.

Figura 4 - Tecnologia de grupo (flow shop).

Fonte: Hyer et al. (1982).

Ao comparar o job shop (Figura 3) e o flow shop (Figura 4), é

visível a grande diferença de movimentação dos produtos entre os dois.

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43

Em geral, a tecnologia de grupo simplifica e padroniza a manufatura. As

linhas de fluxo do flow shop não se cruzam e existe uma rastreabilidade

na produção devido à dedicação exclusiva das máquinas na célula para

uma dada família de produtos. Ao trabalhar com família de produtos, o

tempo de setup é reduzido. A utilização de lote de uma unidade reduz o

tempo de operação e o estoque intermediário. O armazenamento das

ferramentas pode ser feito na própria célula, visto que a máquina

processará somente aquele tipo de peça. As trocas de ferramentas

dependerão exclusivamente do desgaste das ferramentas, dado que não há

troca do tipo de peça ou mudança no processamento (ASKIN et al., 1993).

Deste modo, pode-se realizar um melhor controle sobre o desempenho e

vida da ferramenta.

A Tabela 1 lista de forma mais detalhada, para comparação, as

características dos três tipos de arranjo físico supracitados.

Tabela 1 - Características gerais dos tipos de arranjo físico

Característica Produto Processo Tec. Grupo

Tempo de operação Baixo Alto Baixo

Estoque intermediário Baixo Alto Baixo

Qualificação do operador Depende Alto Médio-alto

Flexibilidade de produto Baixo Alto Médio-alto

Flexibilidade de demanda Médio Alto Médio

Utilização de máquina Alto Médio-baixo Médio-alto

Utilização de operador Alto Alto Alto

Custo unitário Baixo Alto Baixo

Fonte: Askin et al. (1993), adaptado.

3.2 SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA (SFM)

O ambiente competitivo onde estão inseridas muitas das empresas

de grande porte possui demandas crescentes e variadas, com produtos

com ciclos de vida cada vez mais curtos. Assim, as empresas precisam ser

capazes de responder rapidamente a mudanças sendo mais flexíveis,

melhorando a capacidade de produção e mantendo a qualidade do produto

(KIDD, 1995; RAOUF et al., 1995; GOLDMAN et al., 1995; AL

ITHAWI et al., 2016). Sistemas flexíveis de manufatura são modelos organizacionais de produção que procuram atender estas necessidades

incorporando tecnologias de informação e comunicação diretamente na

manufatura.

Os SFMs são sistemas de alto custo de implantação e complexos

na sua operação, porém capazes de processar uma variedade de peças sem

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intervenção externa como mudanças significativas de maquinário ou

fluxo do processo. Estes sistemas são caracterizados por um conjunto de

máquinas conectadas a um sistema de movimentação de materiais

controlado por computadores. Geralmente sistemas compostos por uma

ou duas máquinas são nomeados células de manufatura (JHA, 1991;

ASKIN et al., 1993; RAOUF et al., 1995; AL ITHAWI et al., 2016). Jha

(1991) e Askin (1993) citam alguns exemplos de componentes de um

SFM: máquinas-ferramentas automaticamente reprogramáveis, sistemas

automáticos de troca de ferramenta e pallets, sistemas de inspeção de

ferramentas e peças, estações de lavagem de peças, robôs para montagem

peças e realização de setups, entre outros. Jha (1991) também destaca as

situações mais apropriadas para a utilização do SFM, as quais são as

seguintes: produção de uma família de peças, processamento de ordens

de produção aleatórias, lead time reduzidos, estoque intermediários

reduzidos, diminuição da ociosidade das máquinas, redução de mão de

obra direta e indireta, e melhor controle da gestão. A Figura 5 apresenta

um SFM genérico composto de sete máquinas-ferramentas CNCs e dois

Automated Guided-Vehicles (AGVs).

Figura 5 - Arquitetura genérica do SFM.

Fonte: Buzacott et al. (1986), adaptado.

Em sua extensa revisão da literatura, Raouf et al. (1995)

identificaram as principais técnicas de modelagem para solucionar os

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problemas dos SFMs: programação matemática, simulação, teoria das

filas, métodos heurísticos, métodos de clusterização ou agrupamentos,

abordagem de teoria de controle, e inteligência artificial. Segundo Jha

(1991) e Carrie (1988), a maioria dos SFMs é projetada através de

simulação.

Raouf et al. (1995) classificaram cinco macroetapas de tomadas de

decisão na concepção dos sistemas flexíveis de manufatura. As seguintes

etapas apresentam os pontos que devem ser observados para a elaboração

de um SFM: projeto, implantação, aspectos operacionais, avaliação de

performance e flexibilidade, e inteligência artificial e sistemas

especialistas.

As decisões, no projeto do SFM, são focadas em: seleção do

equipamento, layout, manuseio de material e questões relacionadas à mão

de obra. A seleção do equipamento compreende a determinação do

número de robôs, dos tipos de máquinas e equipamentos de

movimentação de material com ênfase na integração dos equipamentos e

minimização dos custos de produção. É importante avaliar a

sincronização dos equipamentos, especialmente entre os de manuseio de

material com as taxas de produção das máquinas. No caso do layout, os

autores consideram a questão do arranjo físico como uma das de maior

importância e que deve ser avaliada já no início do projeto,

principalmente considerando os elevados investimentos em maquinário

de tecnologia avançada que compõe um SFM. Os processos de decisão

relacionados ao layout são: disposição das máquinas no chão de fábrica

de modo que o tempo de movimentação entre máquinas seja minimizado,

caminho dos sistemas de manuseio de material e espaçamento entre

máquinas. O manuseio de material em SFMs é realizado por Automated

Guided-Vehicle Systems (AGVS) controlados por uma central de

computadores. As questões relacionadas com a movimentação de

materiais são regras de despacho e sequenciamento, padrões de tráfego,

quantidade e capacidade de carga dos AGVs. Segundo Raouf et al.

(1995), não é clara a locação das atividades entre humanos e

computadores em SFMs. A mão de obra em um SFM difere da

convencional, pois não há operadores de máquinas para cada máquina.

Neste caso, as operações do sistema de alimentação são realizadas por

robôs ou pelas próprias máquinas, não há movimentação manual dos materiais e o trabalho necessita de alta qualificação em uma ou mais

tarefas.

A segunda etapa apontada foi a de implantação de sistemas

flexíveis de manufatura. Os aspectos analisados no modelo estão

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relacionados com as justificativas econômicas e técnicas para o

investimento de uma tecnologia custosa inerente à implantação de SFM.

A terceira etapa refere-se aos aspectos operacionais de um SFM. O

alto investimento em SFM requer que o sistema trabalhe eficientemente

em termos de taxa de utilização. Os aspectos apontados pelos autores são:

planejamento agregado, seleção de tipo de peça, determinação da taxa

produção, e alocação de recursos e carregamento. A produtividade é

melhor alcançada no SFM quando as peças são agrupadas em famílias a

partir de características geométricas e de processo, assim peças de uma

mesma família podem ser processadas simultaneamente. Métodos de

tecnologia de grupo são utilizados para o agrupamento de famílias de

produtos, pode-se citar os métodos visuais, métodos heurísticos, a

classificação e codificação, e a análise do fluxo de produção. O

agrupamento também depende da capacidade dos pallets e da

disponibilidade de ferramentas. A questão da determinação da taxa de

produção tem sido resolvida através de modelos matemáticos e

simulações. A taxa de produção deve estar sincronizada com o sistema de

manuseio de material considerando o tempo de carregamento e

descarregamento das peças.

A quarta etapa indicada por Raouf et al. (1995) é baseada na

avaliação da flexibilidade e performance do sistema de manufatura

flexível. Son et al. (1991) determinaram que os custos de oportunidades

associados aos setups, peças e equipamentos em espera e estoques são

medidas importantes de flexibilidade no SFM.

A última etapa é baseada na operação do SFM através de sistemas

de controle, em tempo real, autônomos que utilizam inteligência artificial

ou sistemas especialistas, os quais devem facilitar a integração do

sequenciamento com as tarefas de controle.

Segundo Askin et al. (1993), apesar do alto custo de implantação,

os SFMs oferecem diversas vantagens econômicas. A taxa de utilização

das máquinas pode chegar a 85% em comparação aos 30% de sistemas

convencionais. O número de máquinas é reduzido, devido sua maior

tecnologia, capacidade e flexibilidade. Com menos máquinas, menor é a

necessidade de operadores e supervisão. Um operador pode monitorar

diversas máquinas. Além disso, o espaço ocupado pelo sistema é

geralmente reduzido em até um terço. Talavage et al. (1998) apresentaram diversos casos de economia ao implantar sistemas flexíveis de

manufatura, entre eles, o de um SFM composto de 10 máquinas que

substituiu 25 máquinas CNCs com 70% do custo original. A utilização de

um sistema de controle conectado com todos os componentes permite a

mudança de planejamento da produção instantaneamente, adequando o

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sistema de produção ao modelo just-in-time de manufatura para contribuir

no aumento da competividade da empresa.

3.3 TORNEAMENTO DE MATERIAIS ENDURECIDOS

O processo de torneamento de materiais endurecidos foi

primeiramente utilizado na indústria automotiva para a melhora da

produção de componentes de transmissão como rolamentos engrenagens,

eixos, comandos de válvulas, juntas de eixo-cardã, e pinhões

(ASTAKHOV, 2011). Esses componentes são tratados termicamente

durante o ciclo de fabricação para atingir a resistência mecânica

necessária para aplicação, especialmente em termos de resistência ao

desgaste, e tensão admissível.

Segundo Machado et al., (2015), são considerados materiais

endurecidos aqueles com dureza acima de 45 HRC1, ou 50 HRC conforme

Klocke et al., (2011), os quais se incluem várias ligas de aço endurecido,

aços ferramentas e superligas. Boing (2016), afirma que esta transição

depende das características microestruturais dos materiais e varia entre 45

e 50 HRC. O torneamento de materiais endurecidos é geralmente

realizado em materiais com dureza a partir de 60 HRC, como por exemplo

aços para rolamentos (ASTAKOHV, 2011).

A usinagem de materiais endurecidos é utilizada principalmente

em processos de acabamento quando se deseja atingir alta precisão

dimensional, de forma e acabamento de superfície (ASTAKHOV, 2011).

Esses processos de acabamento são geralmente realizados abrasivamente

por ferramentas de geometria não definida. Entretanto, com o

desenvolvimento de máquinas-ferramenta com boa estabilidade dinâmica

e ferramentas de geometria definida construídas em materiais que

suportam as condições tribológicas 2do processo como altas temperaturas

e altas tensões de ruptura de cavaco (MACHADO et al., 2015). Segundo

Astakhov (2011), atualmente o torneamento endurecido não é mais visto

apenas como uma alternativa à retificação e sim como processos que se

complementam, tanto que máquinas-ferramenta modernas que realizam

usinagem de materiais endurecidos possuem rebolos em seu porta-

ferramentas. Klocke et al. (2003) afirmam que para algumas aplicações,

esta combinação do torneamento com a retificação pode realizar a operação de modo mais rápido do que se fosse feita somente por um único

processo.

1 HRC: Dureza Rockwell escala C. 2 Condições relacionadas com atrito na superfície do material.

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Algumas das vantagens do torneamento de matérias endurecidos

em relação à retificação são a facilidade de realizar processos de

geometrias complexas, setups mais rápidos, realizar diversas operações

em um único setup e obter maior remoção de cavaco (ASTAKHOV,

2011). O uso de fluido de corte não é necessário na maioria dos casos,

garantindo uma vantagem em termos ambientais à retificação

(MACHADO et al., 2015). As vantagens supracitadas afetam

positivamente no custo de peça produzida. Segundo Momper (2000), este

custo pode ser reduzido em até 60%.

Em termos de desvantagens da usinagem de materiais endurecidos,

Astakhov (2011) cita que a verificação da razão comprimento/diâmetro

(𝐿/𝐷) da peça para que não ocorra altas vibrações durante o processo e

assim prejudicar o acabamento, a necessidade de máquinas especialmente

rígidas para a realizar o processo, principalmente para minimizar braços

de alavanca em termos de extensões das ferramentas, de natureza frágil,

e partes da máquina.

Os estudos de caso retratados por Klocke et al. (2003) também

permitiram comparar as principais vantagens e desvantagens entre

torneamento duro e retificação. Os resultados deste trabalho estão

apresentados, qualitativamente, na Figura 6.

Figura 6 - Comparação qualitativa das características do torneamento e da

retificação no processo de usinagem de materiais endurecidos.

Fonte: Klocke et al. (2005), adaptado.

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Nota-se, pela Figura 6, o melhor desempenho do processo de

retificação em relação à qualidade da rugosidade da superfície, tensão

residual de tração, precisão de forma e dimensão, e confiabilidade do

processo. Este último é considerado por Klocke et al. (2003) como a

principal vantagem da retificação sobre o processo de torneamento de

materiais endurecidos. As vantagens do torneamento duro, como já

supracitadas, foram maior flexibilidade do processo, menor tempo de

setup, alta taxa de remoção de material, menor dano à camada da

subsuperfície e impacto ambiental.

Com relação à manufatura, no início de sua utilização o

torneamento de materiais endurecidos era realizado em lotes pequenos ou

únicos. Atualmente, o processo tende em direção aos grandes lotes e

produção em massa (KLOCKE et al., 2011).

O trabalho de Poulachon et al. (2001) mostrou que além do valor

de dureza em HRC do material da peça a ser usinada, pode-se definir o

torneamento de materiais endurecidos pela morfologia do cavaco. Nos

experimentos de torneamento longitudinal realizados com aço DIN

100Cr6 (AISI 52100), variando a dureza entre 10-62 HRC, observou-se

que entre 10 e 50 HRC o mecanismo de formação de cavaco foi do tipo

contínuo, característica de materiais dúcteis devido à grande deformação

plástica do cavaco. Para valores acima de 50 HRC os cavacos gerados

foram do tipo dente de serra, essa morfologia indica a ocorrência da

nucleação de trincas, na formação do cavaco, relacionadas ao

comportamento frágil do material endurecido. A Figura 7 mostra essa

relação entre a morfologia do cavaco e a dureza do aço 100Cr6 e a

transição do mecanismo de formação de cavaco a partir de 50 HRC, ou

seja, o momento em que o torneamento passa do processo convencional

para o torneamento de materiais endurecidos.

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Figura 7 - Morfologia do cavaco de acordo com a dureza e a velocidade de corte.

Fonte: Poulachon et al. (2001), adaptado.

Com relação às condições de corte, no torneamento de materiais

endurecidos são recomendadas altas velocidades de corte, baixos valores

de avanço e profundidade de corte, 𝑣𝑐 ≈ 100-200 m/min, 𝑓 ≈ 0,05-0,15

mm e 𝑎𝑝 ≈ 0,1-0,5 mm) (KLOCKE et al., 2011).

3.4 FERRAMENTAS DE USINAGEM

Na usinagem de aços endurecidos as ferramentas mais utilizadas

são as de PCBN (Polycrystalline Cubic Boron Nitride – Nitreto de Boro

Cúbico Policristalino) ou cerâmicas mistas. Ambas possuem alta dureza

e resistência ao desgaste. Mesmo com menor resistência ao desgaste, as

ferramentas de metal-duro com grãos ultrafinos podem também ser

utilizadas, porém em menores velocidades de corte (KLOCKE et al.,

2011). A Figura 8 mostra os diferentes tipos de materiais de ferramentas

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de usinagem e seu desempenho em termos de velocidade de corte e

avanço, tenacidade e resistência ao desgaste.

Figura 8 - Campo de aplicações das ferramentas de corte.

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

Alguns modelos de ferramentas, ou insertos, típicos de

torneamento, juntamente com os porta-ferramentas utilizados para a

fixação das ferramentas, são apresentados na Figura 9.

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Figura 9 – Ferramentas e porta-ferramentas de torneamento.

Fonte: Sandvik Coromant.

3.4.1 Metal-duro

A descoberta, na década de 1920 na Alemanha, do metal-duro

permitiu o aumento em praticamente dez vezes na velocidade de corte em

relação ao aço rápido (MACHADO et al., 2011). O metal-duro é um

material compósito constituído de carboneto de metais de ligação e uma

fase ligante de cobalto e/ou níquel (KLOCKE et al., 2011). Segundo

Machado et al. (2011), este material combina resistência ao desgaste,

resistência mecânica e tenacidade de forma excelente. A alta resistência

ao trabalho a quente das ferramentas de metal-duro é exemplificada por

Klocke et al. (2011) ao afirmar que na temperatura de 1000℃ o metal-

duro possui dureza semelhante a uma ferramenta de aço-rápido.

Originalmente o metal-duro foi desenvolvido com carboneto de

tungstênio (WC) e cobalto (Co). Esta composição se mostrou eficiente ao

usinar ferros fundido cinzentos, mas apresentando baixa resistência ao

desgaste de aços (MACHADO et al., 2011). Deste modo, foram

adicionados ao WC + Co outros carbonetos com o objetivo de diminuir o

desgaste da ferramenta durante a usinagem de aços. Klocke et al. (2011)

descrevem a influência da adição dos seguintes carbonetos:

• Carboneto de titânio (TiC): entrega alta resistência ao

trabalho a quente, devido à baixa tendência à difusão. A

ferramenta tende a ficar mais frágil;

• Carboneto de tântalo (TaC) e/ou carboneto de nióbio

(NbC): em pequenas porções promove a diminuição do

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tamanho de grão, aumentando a tenacidade e resistência

do gume da ferramenta;

• Nitrito de titânio (TiN): possui resistência à difusão maior

que o TiC por ser menos solúvel. O nitrogênio aumenta a

resistência ao desgaste.

Especificamente para usinagem materiais endurecidos,

ferramentas metal-duro revestidas e com grãos ultrafinos podem ser

aplicadas, porém em velocidades menores de corte (KLOCKE et al.,

2011)

3.4.2 Cerâmicas

Materiais cerâmicos são compostos por elementos metálicos com

elementos não metálicos do grupo III A e VII A da tabela periódica,

podendo ser observados nas formas de óxidos, carbonetos, nitretos,

(KLOCKE et al., 2011). Segundo Machado et al. (2011), as cerâmicas

são mais conhecidas por suas propriedades do que por uma definição

clássica. Estas propriedades são: alta resistência ao trabalho a quente e ao

desgaste durante a usinagem, fragilidade, baixa condutividade térmica,

boa estabilidade química e térmica, boa resistência à fluência, alta

resistência à compressão e baixa resistência à tração. A Figura 10

apresenta a classificação das cerâmicas de corte.

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Figura 10- Classificação das cerâmicas de corte.

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

Com relação ao processo de usinagem, cerâmicas à base de

alumina (𝐴𝑙2𝑂3) possuem alta inércia química ao usinar materiais

ferrosos. No caso da usinagem de materiais endurecidos, sua aplicação é

amplamente utilizada no corte contínuo como na maioria dos processos

de torneamento. A utilização de cerâmicas mistas, cerâmicas reforçadas

com SiC (whiskers) e cerâmicas à base de nitreto de silício diminuiu a

fragilidade das ferramentas, assim possibilitando a usinagem em corte

interrompidos como fresamento de ferros fundidos cinzentos em altas

velocidades de corte e avanço (MACHADO et al., 2011).

Klocke et al. (2011) citam que as ferramentas de corte de cerâmica,

à base de nitreto de silício, são utilizadas, na indústria automotiva para

produção em massa de discos de freio e volantes de motor.

3.4.3 PCBN

Dentre os materiais considerados ultraduros o CBN (Cubic Boron

Nitride – Nitreto de Boro Cúbico) está apenas abaixo do diamante em

termos de dureza. Este material não é encontrado na natureza, sendo sua

fabricação, através da metalurgia do pó, necessária. Para ferramentas de

corte, o CBN é utilizado em sua fase policristalina (PCBN) devido sua

tenacidade ser superior à dos monocristais (MACHADO et al., 2011).

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Segundo Klocke et al. (2011), as ferramentas de nitreto de boro cúbico

são divididas em dois grupos a partir do teor de CBN em sua composição.

O primeiro diz respeito a materiais com alto teor de CBN (80-90%), fase

ligante metálica ou cerâmica e tamanho de grão entre 0,5-10 µm. O

segundo grupo, por sua vez, é formado por materiais com baixo teor de

CBN (45-65%), fase ligante cerâmica e tamanho de grão menor que 2 µm.

Em operações de acabamento de corte contínuo, é indicado o uso de

ferramentas com baixo teor de CBN devido à melhor qualidade do gume

da ferramenta. No caso do corte interrompido, são indicadas ferramentas

do grupo de alto teor de CBN (KLOCKE et al., 2011). A relação entre o

teor de CBN e o tamanho de grão sobre as propriedades da ferramenta é

apresentada na Figura 11.

Figura 11 - Efeitos do teor de CBN e tamanho de grão nas propriedades da

ferramenta de PCBN.

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

3.5 MECANISMOS DE DESGASTE

Segundo Machado et al. (2011), uma ferramenta com alta dureza

e resistência ao desgaste sofrerá um processo de desgaste mesmo ao

usinar peças com baixa resistência mecânica. Deste modo, em um dado

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momento qualquer ferramenta de corte que seja utilizada, em processos

de usinagem, necessitará ser substituída.

Klocke et al. (2011) afirmam que na região de corte existem

processos de deformação, separação e atrito, que geram carregamentos

extremamente complexos na ferramenta caracterizados por altas tensões

compressivas, velocidades de corte e temperaturas. Em condições

normais de operação, as ferramentas exibem um desgaste progressivo na

superfície de saída e no flanco principal até o seu fim de vida. Dearnley

et al. (1982) apresentam (Figura 12) as principais áreas de desgaste de

uma ferramenta de corte.

Figura 12 - Principais áreas de desgaste de uma ferramenta de corte.

Fonte: Dearnley et al. (1982), adaptado.

Pode-se identificar na Figura 12 três formas de desgaste: desgaste

de cratera (A), desgaste de flanco (B) e desgaste de entalhe (C e D). Para

quantificar os degastes, os parâmetros bidimensionais mais utilizados

segundo a norma DIN ISO 3865 (1993) são: profundidade de cratera

(𝐾𝑇), desgaste de flanco médio (𝑉𝐵𝐵), desgaste de flanco máximo

(𝑉𝐵𝑚á𝑥), desgaste de entalhe (𝑉𝐵𝑁) e degaste de ponta (𝑉𝐵𝐶). Os critérios

recomendados de fim de vida da ferramenta, pela ISO (1993), para

ferramentas de aço rápido, metal-duro e cerâmica são:

• 𝐾𝑇 = 0,06 + 0,3𝑓𝑐, onde 𝑓𝑐 é o avanço [mm/rot];

• 𝑉𝐵𝐵 = 0,3 𝑚𝑚;

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• 𝑉𝐵𝑚á𝑥 = 0,6 𝑚𝑚;

• 𝑉𝐵𝐶 𝑒 𝑉𝐵𝑁 = 0,1 𝑚𝑚;

• falha catastrófica.

Ao ultrapassar qualquer um dos critérios de fim de vida é

recomendado substituir a ferramenta (MACHADO et al., 2011). Segundo

Ferraresi (1977), em operações de acabamento a ferramenta deve ser

substituída muito antes de valores que gerem falhas catastróficas para

satisfazer as exigências em termos de tolerâncias das dimensionais e

acabamento de superfície da peça. A Figura 13 apresenta as formas e

dimensões dos tipos de desgaste em uma ferramenta de corte conforme a

norma DIN ISO 3865 (1993).

Figura 13 – Representação esquemática da forma formas e dimensões dos tipos

de desgaste em uma ferramenta de corte.

Fonte: Binder et al. (2017) / DIN ISO 3867, adaptado.

A Figura 14 mostra um diagrama relacionado às principais causas

de desgaste em função da temperatura. Os mecanismos de desgaste

adesão, abrasão, difusão e oxidação são apresentados neste diagrama.

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Figura 14 - Mecanismos de desgaste em ferramentas de corte

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

A difusão envolve a transferência de material, no nível atômico.

Esse processo depende fortemente da temperatura (MACHADO et al.,

2011). As altas temperaturas e pressões na zona de contato durante o corte

geram um cenário ideal para a difusão entre a ferramenta e a peça. Deste

modo, o processo tende a ser acentuado em altas velocidades de corte,

como apresentado na Figura 14 (KLOCKE et al., 2011). No caso da

abrasão, o processo acontece tanto em baixas como em altas velocidades

de corte como visto na Figura 14. O desgaste abrasivo ocorre a partir da

remoção ou deslocamento do material na superfície da ferramenta por

partículas duras como óxidos, carbonetos e nitretos presentes no material

da peça. Este mecanismo de desgaste apresenta ranhuras no material

desgastado através de processos de microssulcamento, microcorte ou

microlascamento (MACHADO et al., 2011).

Segundo Klocke et al. (2011), a adesão é caracterizada por ligações

atômicas em forma de microsoldas na região de contato da peça com a

ferramenta. A adesão é responsável pelo fenômeno do gume postiço, onde

material da peça é transferido para a superfície ferramenta e atua como

gume da ferramenta prejudicando o acabamento da usinagem. Em altas

velocidades de corte, a alta temperatura da região de corte desfavorece o

aparecimento do gume postiço ao atingir o ponto de fusão do material aderido. A tribo-oxidação está relacionada com reações químicas entre o

material da peça e da ferramenta com o ambiente de corte ativadas pelo

atrito na região de contato da ferramenta com a peça. Este processo muda

as propriedades da superfície da ferramenta podendo aumentar ou reduzir

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o desgaste da ferramenta. Para ferramentas de metal-duro a oxidação

inicia em altas temperaturas, em torno de 700-800ºC (KLOCKE et al., 2011).

3.6 VIDA DE FERRAMENTA

O parâmetro de corte com maior significância na vida da

ferramenta é a velocidade de corte. Ela está diretamente relacionada com

a temperatura na região de contato entre a peça e a ferramenta. Quanto

maior a velocidade maior é a temperatura na região de formação de

cavacos e assim os mecanismos de desgaste são intensificados

(MACHADO et al., 2011).

No início do século XX, Taylor descreveu, após extensivos

experimentos, a curva de vida de ferramentas em termos da velocidade de

corte (FERRARESI, 1977). Além do tempo de vida da ferramenta estar

diretamente relacionado com a velocidade de corte, essa relação também

depende do par ferramenta-peça (MACHADO et al., 2011). Os ensaios

para a obtenção da curva de vida de ferramenta, de forma simples,

consideram a velocidade de corte como único parâmetro variável.

Entretanto, existem formas expandidas da equação de Taylor que levam

em conta o avanço e a profundidade de corte (KLOCLE et al., 2011).

Após os ensaios, primeiramente são geradas as curvas de desgaste em

função do tempo para cada velocidade de corte escolhida. A curva típica

de desgaste possui três estágios, conforme a Figura 15. O primeiro estágio

é caracterizado pela adequação do sistema tribológico do par ferramenta-

peça, onde ocorre uma alta taxa de desgaste decrescente na ferramenta.

Após o processo de acomodação do gume da ferramenta, inicia-se o

segundo estágio. Neste estágio, o sistema tribológico está em equilíbrio,

assim promove uma taxa de desgaste constante crescente. No estágio III,

como consequência do maior contato da ferramenta com a peça, mais

calor é gerado. Deste modo, os mecanismos de desgaste termicamente

ativados são intensificados, o que favorece a aceleração da taxa de

desgaste e colapso da ferramenta (BINDER et al. (2017).

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Figura 15 - Curva típica de desgaste de ferramenta de corte.

Fonte: Binder et al. (2017), adaptado.

A Figura 16 apresenta um exemplo de curva de desgaste a partir

da largura do desgaste de flanco (𝑉𝐵𝐵), de 0,3 mm, na usinagem de um

aço utilizando uma ferramenta de metal-duro não revestida.

Figura 16 - Curva de desgaste

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

Nota-se na Figura 16 que existe um critério de fim de vida da

ferramenta como o limitante da largura desgaste de flanco. Este critério é

adotado assumindo que acima do limite, a ferramenta não gera o

acabamento requerido e a probabilidade de uma falha catastrófica e

custosa acontecer é maior. O aumento da velocidade de corte (𝑣𝑐) faz com

que o desgaste de flanco ocorra mais rapidamente, e assim cruzando a

linha de critério de vida em um tempo de corte (𝑡𝑐) menor.

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61

A partir da curva de desgaste é construída a curva de vida de

ferramenta com os pares 𝑣𝑐 e 𝑡𝑐, que possui característica exponencial

(MACHADO et al., 2011). Taylor colocou a curva em um gráfico

bilogarítmico, para representá-la linearmente, utilizando a seguinte

equação que leva seu nome:

𝑇 = 𝐶𝑣 . 𝑣𝑐𝑘 (1)

Onde:

𝑇 = 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝑚𝑖𝑛]

𝑣𝑐 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 [𝑚/𝑚𝑖𝑛]

As constantes 𝐶𝑣 e k são particulares de cada par ferramenta-peça.

A curva de vida de uma ferramenta e a linearização proposta por Taylor

podem ser vistas na Figura 17.

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62

Figura 17 - Curva de vida em um sistema logarítmico

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

Deste modo, a equação de Taylor permitiu que com alguns ensaios

de vida de ferramenta, em velocidades de cortes selecionadas, pode-se

prever a vida da ferramenta de um par ferramenta-peça para uma faixa de

velocidades de corte. Klocke et al. (2011) mostraram a diferença das curvas de vida de

diferentes tipos de ferramenta no torneamento de materiais ferrosos. Na

Figura 18 observa-se que materiais de ferramenta mais sensíveis à

temperatura como o aço rápido possuem curvas mais inclinadas. Apesar

de ter uma curva de vida similar em termos em inclinação ao do aço

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rápido, o metal-duro atinge maiores velocidades de corte justamente pela

sua maior resistência ao trabalho a quente. No caso da ferramenta de

cerâmica, a sua menor inclinação da curva de vida demonstra que sua

faixa de operação é maior e a suas propriedades mecânicas permitem

velocidades de corte mais altas.

Figura 18 - Linhas de vida de ferramenta.

Fonte: Klocke et al. (2011), adaptado.

A vida de ferramentas de metal-duro revestido e PCBN no

torneamento de materiais endurecidos, especificamente o aço D2 a 52

HRC, foi analisada por Dosbaeva et al. (2014).

O aço D2 possui alto teor de cromo e alta resistência mecânica e ao

desgaste e fração volumétrica de carbonetos de aproximadamente de

10%. Assim, para contextualização do estudo de Dosbaeva et al. (2014),

o aço AISI D2 é da Classe C conforme o Quadro 4 (Seção 3.7), e em

relação ao aço AISI 52100 (Classe B) - objeto de estudo deste trabalho -

promove maior desgaste à ferramenta por ter maior fração volumétrica de

carbonetos em sua estrutura.

As ferramentas de corte utilizadas nos ensaios de Dosbaeva et al. foram: PCBN com baixo teor de CBN (60%) e fase ligante de TiN e

insertos de metal-duro com revestimento triplo de TiCN/𝐴𝑙2𝑂3/TiN. Os

ensaios foram realizados variando a velocidade de corte (𝑣) em

60/100/175 m/min e mantendo a profundidade de corte (𝑎𝑝) e o avanço

(𝑓) constantes nos respectivos valores de 0,06 mm e 0,1 mm. O critério

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de fim de vida estipulado foi 𝑉𝐵𝐵 = 0,2 mm. A Figura 19 apresenta as

curvas de vida das ferramentas de metal-duro e PCBN obtidas.

Figura 19 – Curvas de vida das ferramentas de metal-duro e PCBN em função da

velocidade de corte para o aço AISI D2.

Fonte: Dosbaeva et al. (2014), adaptado.

Os resultados do estudo mostraram que o metal-duro pode ter

melhor desempenho que o PCBN, com relação à vida de ferramenta, em

uma certa faixa de velocidades de corte, entre 60 m/min e 100 m/min. Em

termos de condições econômicas de corte, este fato se mostra interessante

pelo menor custo de aquisição das ferramentas de metal-duro em relação

às ferramentas de PCBN. Entretanto, estas condições de aplicação de

ferramentas metal-duro promovem um menor volume de produção.

A partir de uma velocidade próxima a 100 m/min, a ferramenta de

PCBN começa a apresentar maior tempo de vida em comparação com a

ferramenta de metal-duro. Deste modo, a utilização de ferramentas de

PCBN, mais custosas, deve ser justificada em processos que requerem

maior produtividade.

Assim, o estudo de Dosbaeva et al. (2011) promove o interesse na

análise das condições econômicas de corte de materiais endurecidos com

ferramentas de metal-duro e PCBN. A análise econômica de processos de

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65

usinagem depende de diversas variáveis, podendo se tornar bastante

complexa. Esse assunto é discutido em mais detalhes na Seção 3.9.

3.7 REGIÃO DE APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE METAL-

DURO E PCBN

O estudo de Boing (2016), principal referência e motivação deste

trabalho, determinou a região de transição de aplicação das ferramentas

de metal-duro e PCBN. O trabalho foi feito em duas etapas.

Primeiramente realizou-se uma análise do desgaste das ferramentas,

utilizando parâmetros tridimensionais, no estágio de acomodação do

gume (estágio I, Figura 16). Para a segunda etapa foram feitos ensaios de

vida nas ferramentas de metal-duro com o intuito de identificar seus

limites de aplicação nos materiais ensaiados e validar os fenômenos

ocorridos na primeira etapa com o estágio de desgaste estável (estágio II,

Figura 16).

Os parâmetros tridimensionais propostos por Boing (2016) podem

ser vistos no Quadro 4, onde a superfície de referência é a superfície da

ferramenta sem desgaste.

Quadro 4 - Parâmetros de desgaste tridimensionais.

Parâmetro Unidade Definição

𝑊𝑅𝑀 𝜇𝑚3 Volume de material removido da ferramenta

em relação à superfície de referência.

𝑊𝑀𝐷 𝜇𝑚 Máxima profundidade de defeito em relação à

superfície de referência.

𝑊𝐴𝐴 𝜇𝑚2 Área afetada da ferramenta em relação à

superfície de referência.

𝑊𝐴𝑀 𝜇𝑚3 Volume de material adicionado a ferramenta

em relação à superfície de referência.

𝑊𝑀𝐻 𝜇𝑚 Máxima altura de defeito em relação à

superfície de referência.

Fonte: Boing (2016).

Os parâmetros 𝑊𝑅𝑀 e 𝑊𝑀𝐷 estão relacionados com a perda de

material da ferramenta, estes fenômenos ocorrem abaixo da superfície de

referência. Já os parâmetros 𝑊𝐴𝑀 e 𝑊𝑀𝐻 indicam o desgaste ocorrido pela

adição de material na ferramenta. O parâmetro 𝑊𝐴𝐴 representa qualquer

alteração feita na superfície da ferramenta.

Os ensaios foram realizados em três aços: AISI 4340, AISI 52100

e AISI D2 em seis patamares de dureza, no intervalo de 35 a 60 HRC.

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Para a análise, os aços foram classificados em classes conforme Boing

(2011). A classificação das classes de materiais endurecidos é feita pela

estimativa da fração volumétrica de carbonetos do material e está

apresentada no Quadro 5.

Quadro 5 - Classificação das classes de material endurecido.

Classes Material base

Estimativa da

fração

volumétrica dos

carbonetos

Fração

volumétrica de

carbonetos nas

classes

Classe A AISI 4340 0% Menor que 1%

Classe B AISI 52100 ≈ 4% Entre 1 e 5%

Classe C AISI D2 ≈ 10% Entre 5 e 15%

Classe D FoFo de alto teor

de cromo

≈ 26% Maior que 15%

Fonte: Boing (2010).

A presença de carbonetos no material torna as condições de corte

mais instáveis. Estas partículas, durante o corte, colidem contra o gume

da ferramenta gerando maior desgaste na ferramenta (KLOCKE et al.,

2011).

A Figura 20 apresenta a metodologia utilizada para a avaliação do

desgaste das ferramentas através da sobreposição das imagens obtidas por

um microscópio de foco infinito da fabricante Alicona®.

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Figura 20 - Metodologia utilizada para avaliação do desgaste das ferramentas.

Fonte: Boing (2016).

A morfologia dos desgastes foi avaliada em um microscópio

eletrônico de varredura (MEV). Segundo Boing (2016), a partir do MEV

é possível compreender, em detalhes, a região específica que representa a

interface cavaco-ferramenta e verificar a presença, ou não, de elementos

químicos estranhos à natureza do material da ferramenta de corte. A

Figura 21 apresenta um exemplo da metodologia de análise em MEV de uma ferramenta de metal-duro ao usinar o aço AISI 52100 em diferentes

durezas.

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Figura 21 - Morfologia do desgaste da ferramenta de metal-duro aplicada no

torneamento do aço AISI 52100.

Fonte: Boing (2016).

A partir das imagens do desgaste da ferramenta pelo microscópio

de foco infinito e microscópio eletrônico de varredura, Boing (2016)

avaliou qualitativamente a intensidade dos mecanismos de desgaste nas

ferramentas de metal-duro e PCBN, para as três classes de materiais

endurecidos ensaiados. Apesar de serem variáveis discretas, os materiais

usinados foram tratados como variáveis contínuas considerando a fração

volumétrica de carbonetos.

Na ferramenta de metal-duro, Figura 22a, os principais

mecanismos de desgaste até 50 HRC são adesão e abrasão. Nota-se que

até este valor, ambos os mecanismos tendem a diminuir de intensidade.

Após 50 HRC, ocorre o aumento de todos os mecanismos de desgaste,

exceto a adesão, e a abrasão apresenta maior relevância.

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Figura 22 - Tendência da atuação dos mecanismos de desgaste para as

ferramentas de metal-duro.

Fonte: Boing (2016).

A Figura 22b mostra que com o aumento da fração volumétrica de

carbonetos os mecanismos de desgaste de abrasão e solicitação mecânica,

em forma de microlascamentos, tendem a aumentar. Já a difusão e

deformação plástica tendem a diminuir com o aumento da fração

volumétrica de carbonetos devido à barreira térmica formada pelos

carbonetos da microestrutura do material. O aumento súbito da adesão na

transição do aço AISI 52100 para o aço AISI D2 pode estar relacionado

com a composição química dos materiais usinados (BOING, 2016).

No caso da ferramenta de PCBN, Figura 23a, percebe-se que o

comportamento dos mecanismos de desgaste é similar ao metal-duro, pois

existe um ponto comum de inflexão da abrasão em torno de 50 HRC. As

tendências de aumento e diminuição dos mecanismos de desgaste também

são semelhantes em função da dureza, porém com menores intensidades.

Com relação à fração volumétrica de carbonetos, Figura 23b,

percebe-se que os mecanismos de desgaste também apresentam

tendências semelhantes aos da ferramenta de metal-duro. O aumento da

fração volumétrica de carbonetos promove a intensificação da abrasão e

da solicitação mecânica e a diminuição do mecanismo de desgaste de

difusão. A adesão apresenta, novamente, um aumento abrupto na

transição do aço AISI 52100 para o aço AISI D2.

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Figura 23 - Tendência da atuação dos mecanismos de desgaste as ferramentas de

PCBN.

Fonte: Boing (2016).

Fica evidenciado que, até uma dureza na região de 50 HRC, pode-

se utilizar ferramentas de metal-duro. Acima deste valor, o desgaste é

demasiado, especialmente pela exposição do substrato após o consumo

do revestimento da ferramenta. Deste modo, faz necessário o uso de

ferramentas de PCBN, as quais suportam as condições de corte mais

severas (BOING, 2016). A Figura 24a ilustra de forma mais clara a região

transição de aplicação, caracterizada pela inflexão da curva de desgaste,

entre as ferramentas de metal-duro e PCBN em termos do somatório do

desgaste.

Figura 24 - Resultado global da aplicação das ferramentas de metal-duro e PCBN.

Fonte: Boing (2016).

Observa-se na Figura 24b que o ponto de transição da aplicação de ferramentas de metal-duro para PCBN varia conforme a classe de material

usinado entre os valores de dureza de 45-55 HRC. Segundo Boing (2016),

isso está relacionado à presença de carbonetos primários na

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71

microestrutura de cada classe, o que promove impactos diferentes nos

mecanismos de desgaste das ferramentas.

Com o objetivo de identificar os pontos de transição da aplicação

entre ferramentas de metal-duro e PCBN e validar os resultados obtidos

a partir da análise dos mecanismos de desgaste, Boing (2017) realizou

ensaios de vida com ferramentas de metal-duro de diferentes classes

(1105 e 4315).

Os ensaios foram feitos na região de transição de aplicação

identificada (45-55 HRC), porém para cada classe de material endurecido,

a dureza variou conforme os resultados dos experimentos da primeira

etapa. A ferramenta de metal-duro não suportou o percurso adotado ao

usinar as classes de aço de maior fração volumétrica de carbonetos com

maior dureza. A Figura 25 apresenta o resultado geral dos ensaios de vida

das ferramentas de metal-duro.

Figura 25 - Tempo de usinagem para as ferramentas de metal-duro em função da

classe e da dureza dos materiais usinados.

Fonte: Boing (2016).

Especificamente para o aço 4340 a 55 HRC a ferramenta de classe

1105 foi considerada mais adequada. Nos outros casos, observa-se um melhor desempenho da classe 4315, ou seja, uma maior vida da

ferramenta ao usinar as classes de materiais endurecidos.

Após a análise da vida das ferramentas de metal duro ao usinar as

três classes de aço, segunda etapa do estudo de Boing (2016), os limites

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da aplicação de ferramentas de metal-duro em materiais endurecidos

foram definidos e podem ser vistos na Figura 26.

Figura 26 - Região de transição de aplicação das ferramentas de metal-duro e

PCBN no torneamento de aços endurecidos.

Fonte: Boing (2016)

Conforme a Figura 26, o aumento da fração volumétrica de

carbonetos implica em uma menor região de transição da aplicação de

ferramentas de metal-duro para PCBN. Os limites de aplicação de

ferramentas de metal-duro dependem da dureza e da fração volumétrica

de carbonetos dos materiais usinados. Pode-se observar que o limite de

aplicação de ferramentas de metal-duro para o aço AISI 4340 é 55 HRC,

no caso do AISI 52100 o limite é 50 HRC e para o aço AISI D2 o limite

é 45 HRC.

O ponto de transição da aplicação de ferramentas de metal-duro

para PCBN do aço AISI 52100 ocorre na dureza de 50 HRC. Assim,

justifica-se escolha específica deste material visando um dos objetivos

deste trabalho: a análise econômica comparativa da performance de

ferramentas de metal-duro, em seu limite de aplicação, com ferramentas

de cerâmica e PCBN que são, geralmente, de melhor desempenho e de maior custo.

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73

3.8 MODELO MATEMÁTICO PARA DETERMINAÇÃO DA

VIDA DA FERRAMENTA PELA EXTRAPOLAÇÃO DA

TAXA DE DESGASTE

Castro et al. (2018) desenvolveram um modelo matemático, a partir

dos resultados obtidos por Boing (2016) para a determinação da vida da

ferramenta pela extrapolação da taxa de desgaste utilizando parâmetros

tridimensionais. O modelo matemático foi baseado no torneamento radial

do aço AISI 52100. Este aço, segundo Boing (2016), apresenta baixa

tendência do mecanismo de desgaste de adesão.

O parâmetro de desgaste tridimensional avaliado no modelo

matemático foi o 𝑊𝑅𝑀, a partir da metodologia de sobreposição das

imagens da ferramenta obtidas pelo microscópio de foco infinito descrita

por Boing (2016), conforme a Figura 20.

As medições, para a formação da curva de desgaste, foram

validadas seguindo dois critérios: progressividade e estabilidade.

O critério de progressividade (Equação 2) garante que o desgaste

em uma ferramenta com menor tempo de usinagem, instante de tempo i, é menor do que o de uma ferramenta com maior tempo de usinagem,

instante de tempo i+1. Assim, assegura-se que o desgaste não diminui ao

longo do tempo. Este critério se faz necessário pois a metodologia de

avaliação de desgaste, através do microscópio de foco infinito, não

considera o material aderido na ferramenta durante a usinagem, o que

pode impactar no valor de volume de material removido (𝑊𝑅𝑀) medido.

𝑊𝑅𝑀𝑖 < 𝑊𝑅𝑀𝑖+1 (2)

O critério de estabilidade foi criado para garantir a confiabilidade

das medições para um cenário estável de desgaste, o qual pode ser afetado

por outros mecanismos de desgaste além da adesão. Primeiramente é

calculada a taxa de desgaste absoluto (��𝑅𝑀) entre valores sucessivos de

𝑊𝑅𝑀 conforme a Equação 3.

��𝑅𝑀𝑖 =𝑊𝑅𝑀𝑖+1−𝑊𝑅𝑀𝑖

𝑡𝑖+1−𝑡𝑖 (3)

Na segunda etapa do critério de estabilidade as taxas de desgaste

absoluto (��𝑅𝑀) são normalizadas baseadas nas taxas de desgaste absoluto

da primeira (��𝑅𝑀1) e da última medição (��𝑅𝑀𝑛) e seus ângulos (𝜔𝑖)

calculados. A Equação 4 apresenta o cálculo do ângulo (𝜔𝑖), em graus,

para um número n de medições.

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𝜔𝑖 = 𝑡𝑎𝑛−1 (��𝑅𝑀𝑖 ∙𝑡𝑛−𝑡1

𝑊𝑅𝑀𝑛−𝑊𝑅𝑀1) (4)

Caso dois valores sucessivos de 𝑊𝑅𝑀 tiverem a mesma inclinação

do primeiro e do último ponto medido, o valor de 𝜔𝑖 será 45°. O critério

de estabilidade é uma faixa de tolerância (±δ) ao redor do ângulo de 45°.

Segundo Castro et al., o valor do fator de estabilidade (δ) pode ser

definido empiricamente baseado no balanço dos mecanismos de

desgastes atuantes no processo analisado. O critério de estabilidade é

expressado matematicamente conforme a Equação 5.

45° − 𝛿 ≤ 𝜔𝑖 ≤ 45° + 𝛿 (5)

Ambos critérios devem ser validados para cada medição de 𝑊𝑅𝑀.

Caso um dos critérios não seja satisfeito, uma nova medição deve ser feita

e o valor de 𝑊𝑅𝑀 não conforme, descartado. A Figura 27 sintetiza

graficamente os critérios de validação das medições de desgaste para o

modelo matemático proposto por Castro et al. (2018).

Figura 27 - Representação gráfica dos critérios de progressividade e estabilidade.

Fonte: Castro et al. (2018), adaptado.

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75

Após a validação dos pontos medidos por ambos critérios de

progressividade e estabilidade, a taxa de desgaste da ferramenta 𝑊𝑅𝑅𝑀

para modelo matemático é calculada através da regressão linear pelo

método dos mínimos quadrados (MMQ). A Equação 6 apresenta o cálculo

do valor de 𝑊𝑅𝑅𝑀.

𝑊𝑅𝑅𝑀 =∑(𝑡𝑖∙𝑊𝑅𝑀𝑖)−

∑𝑊𝑅𝑀𝑖∙∑𝑡𝑖𝑛

∑𝑡𝑖2−

(∑𝑡𝑖)2

𝑛

.1

60 (6)

A taxa de desgaste da ferramenta 𝑊𝑅𝑅𝑀 é o coeficiente angular do

modelo matemático linear, da quantidade de material removido da

ferramenta (𝑊𝑅𝑀) em função do tempo, expressado pela Equação 7.

𝑊𝑅𝑀(𝑡) = 𝑊𝑅𝑅𝑀 ∙ 𝑡 +𝑊 (7) 𝑊 = 𝑊𝑅𝑀

− (𝑊𝑅𝑅𝑀 ∙ 60). 𝑡 (7.1)

Onde:

𝑊𝑅𝑀 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝜇𝑚3]

𝑊𝑅𝑅𝑀 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑔𝑎𝑡𝑒 𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝜇𝑚3/s]

𝑡 = 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 [𝑚𝑖𝑛]

𝑊 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 [𝜇𝑚3]

Por fim, a vida da ferramenta (𝑇) pode ser determinada ao isolar a

variável 𝑡 da Equação 7 considerando como critério de fim de vida o

máximo volume de material removido da ferramenta (𝑊𝑅𝑀 𝑚á𝑥). A

expressão matemática para a vida da ferramenta é apresentada pela

Equação 8.

𝑇 =𝑊𝑅𝑀 𝑚á𝑥−𝑊

𝑊𝑅𝑅𝑀∙(1+𝑅) (8)

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76

Onde:

𝑇 = 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝑚𝑖𝑛]

𝑊𝑅𝑀 𝑚á𝑥 = 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑜 [𝜇𝑚3]

𝑅 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜

Segundo Castro et al., a inclusão do coeficiente corretivo na

Equação 8 se deve pelo fato de que o desgaste modifica a geometria da

ferramenta e assim o contato entre ferramenta e peça é maior conforme a

duração da usinagem. Logo, a taxa de desgaste não é constante e

aumentaria com o tempo de usinagem. O modelo linear não contabiliza

este aumento da taxa de desgaste por considerá-la constante. Este fato e a

pequena quantidade de pontos utilizada no modelo determinam uma vida

de ferramenta maior que a realidade. Assim, o coeficiente relativo corrige

o modelo para a tendência exponencial do aumento da taxa de desgaste

tridimensional. Castro et al. (2018) sugerem um valor de 7% para o

coeficiente corretivo.

O modelo matemático proposto por Castro et al. (2018) apresenta-

se como uma alternativa mais rápida para a determinação da vida de

ferramentas comparado com a metodologia convencional discutida na

Seção 3.6. Além disso, o modelo utiliza valores reais de desgaste de

ferramenta para o processo de usinagem em estudo.

3.9 CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE

A velocidade de corte, como visto anteriormente, tem forte relação

com o desgaste e consequentemente com a vida da ferramenta. Segundo

Machado et al. (2011), a influência da velocidade de corte é mais

significativa em termos econômicos do processo. Assim para a melhoria

do processo, inicialmente se aumenta a profundidade de corte; em seguida

o avanço e, por último, a velocidade de corte. Essas mudanças devem

sempre respeitar as características das máquinas-ferramenta e a qualidade

requerida da peça. Entretanto, em processos de acabamento, os

parâmetros profundidade de corte e avanço são fixos, tendo assim

somente a velocidade de corte como variável. Ao aumentar a velocidade

de corte, o tempo de processo dentro da máquina diminui e

consequentemente os custos relacionados com a utilização da máquina

são reduzidos. Porém, com a aceleração do processo, a taxa de desgaste

da ferramenta também aumenta causando a diminuição da vida da

ferramenta e aumentando os custos relacionados com a ferramenta

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77

(FERRARESI, 1977). Quando as velocidades de corte utilizadas são

significativamente baixas, o desgaste da ferramenta é pequeno e as trocas

de ferramenta são feitas em menor frequência. Nessa situação, o tempo

efetivo de usinagem tende a ser alto, assim como os custos para a

operação da máquina. Na análise de custos de torneamento, o tempo total

de usinagem por peça (tt) é determinado em uma primeira etapa para

depois ser efetuado o cálculo do custo de fabricação unitário (C𝑝).

3.9.1 Tempo de usinagem por peça (𝐭𝐞)

Segundo Machado et al (2011), o ciclo básico de usinagem é

composto das seguintes fases: 1) preparo da máquina para usinagem de

um lote de Z peças, 2) colocação e fixação da peça na máquina, 3)

aproximação e posicionamento da ferramenta, 4) corte da peça, 5)

afastamento da ferramenta, e 6) soltura e retirada da peça usinada. O

tempo de usinagem depende de três parcelas de tempo das etapas

supracitadas: total de tempos passivos (𝑡𝑝𝑎𝑠𝑠), tempo de corte para

fabricação de uma peça (𝑡𝑐) e a parcela relacionada com o tempo de troca

de ferramenta (𝑡𝑓𝑡) (COPPINI, 2015). O tempo total de usinagem por

peça, para torneamento radial em velocidade de corte constante, (𝑡𝑡) pode

ser calculado pela Equação 9.

𝑡𝑡 = 𝑡𝑝𝑎𝑠𝑠 + 𝑡𝑐 + 𝑛𝑡

𝑍. 𝑡𝑓𝑡 (9)

𝑡𝑝𝑎𝑠𝑠 = 𝑡𝑝𝑟

𝑍+ 𝑡𝑐𝑔/𝑑𝑔 + 𝑡𝑎𝑝/𝑎𝑓 + 𝑡𝑐𝑞 − (

1

𝑍+ 𝑡𝑓𝑡) (9.1)

𝑡𝑐 = 𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒

𝑣𝑐 (9.2)

𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒 = 𝜋.(𝑅0

2−𝑅𝑖2)

1000.𝑓 (9.2.1)

𝑛𝑡

𝑍=

𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒.𝑣𝑐𝑥−1

𝐶𝑣 (9.3)

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78

Onde:

𝑡𝑡 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑢𝑠𝑖𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑒ç𝑎 [𝑚𝑖𝑛/𝑝𝑒ç𝑎]

𝑡𝑝𝑎𝑠𝑠 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜𝑠 [𝑚𝑖𝑛]

𝑡𝑐 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 [𝑚𝑖𝑛]

𝑡𝑓𝑡 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝑚𝑖𝑛]

𝑛𝑡/Z = número de trocas de gumes para corte do lote Z

𝑡𝑝𝑟 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑝𝑎çã𝑜 [min]

𝑡𝑐𝑔/𝑑𝑔 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 [𝑚𝑖𝑛]

𝑡𝑎𝑝/𝑎𝑓 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎çã𝑜/𝑎𝑓𝑎𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝑚𝑖𝑛]

𝑡𝑐𝑞 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 𝑑𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑒ç𝑎 [𝑚𝑖𝑛]

𝑍 = 𝑡𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑒ç𝑎𝑠

𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑐 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑅0 = 𝑟𝑎𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 [𝑚𝑚]

𝑅𝑖 = 𝑟𝑎𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜[𝑚𝑚]

𝑓 = 𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜 [𝑚𝑚/𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜]

𝑣𝑐 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 [𝑚/𝑚𝑖𝑛]

𝐶𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑇𝑎𝑦𝑙𝑜𝑟

𝑥 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑇𝑎𝑦𝑙𝑜𝑟

3.9.2 Custo de fabricação por peça (𝐂𝒑)

Ao calcular os custos de usinagem, Coppini (2015) considerou em

sua análise somente os custos que diretamente relacionados com o tempo

de usinagem. Assim, o custo de fabricação unitário é divido em três

partes: custos passivos (C1), custo de máquina e operador (C2) e os custos

de ferramenta (C3). Logo, o custo de fabricação unitário (𝐶𝑝) pode ser

calculado pela Equação 10.

𝐶𝑝 = 𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3 (10)

𝐶1 = 𝑡𝑝𝑎𝑠𝑠. 𝑆 (10.1)

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𝐶2 = 𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒

𝑣𝑐. 𝑆 (10.2)

𝐶3 = [𝐺𝑣𝑓𝑎𝑐𝑒.𝑣𝑐

𝑘−1

𝐶𝑣] (𝐶𝑎 +

𝑡𝑓𝑡

60. 𝑆) (10.3)

Onde:

𝐶𝑝 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑏𝑟𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑒ç𝑎 [𝑅$/𝑝𝑒ç𝑎]

𝐶1 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜𝑠 [𝑅$]

𝐶2 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 [𝑅$]

𝐶3 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 [𝑅$]

𝑆 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚ã𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑏𝑟𝑎 𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 [𝑅$/ℎ𝑜𝑟𝑎]

𝐶𝑎 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑔𝑢𝑚𝑒 [𝑅$]

Os custos de mão de obra e máquina (𝑆) são calculados pela

Equação 11 (COPPINI, 2015).

𝑆 = (𝑆𝑚 + 𝑆ℎ) (11)

𝑆𝑚 = 1

𝐻[(𝐶𝑎𝑖 − 𝐶𝑎𝑖

𝐼𝑚𝑎𝑞

𝑇𝑚𝑎𝑞) . 𝑗 +

𝐶𝑎𝑖

𝑇𝑚𝑎𝑞+ 𝐶𝑐𝑚 + 𝐶𝑑𝑖𝑣] (11.1)

Onde:

𝑆ℎ = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 [𝑅$/ℎ𝑜𝑟𝑎]

𝑆𝑚 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 [𝑅$/ℎ𝑜𝑟𝑎]

𝐻 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑛𝑜 [ℎ𝑜𝑟𝑎]

𝐶𝑎𝑖 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 [𝑅$]

𝐼𝑚𝑎𝑞 = 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 [𝑎𝑛𝑜]

𝑇𝑚𝑎𝑞 = 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 [𝑎𝑛𝑜]

𝑗 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠

𝐶𝑐𝑚 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 𝑑𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 [𝑅$]

𝐶𝑑𝑖𝑣 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑒𝑖𝑜𝑠 𝑎𝑢𝑥𝑖𝑙𝑖𝑎𝑟𝑒𝑠 [𝑅$]

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O custo anual com meios auxiliares (𝐶𝑑𝑖) contabiliza a utilização

de fluído de corte, energia elétrica, lubrificantes, materiais de limpeza,

suporte de ferramentas intercambiáveis e outros.

3.9.3 Intervalo de máxima eficiência

As representações das curvas do 𝑡𝑐 e 𝐶𝑝, em função da velocidade

de corte, são mostradas na Figura 28. O intervalo de máxima eficiência

(IME) está localizado entre a velocidade de corte de mínimo custo (𝑣𝑐𝑚𝑐) e a velocidade de máxima produção (𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝). As velocidades 𝑣𝑐𝑚𝑐 e

𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 são obtidas ao substituir a equação de Taylor, Equação 1, nas

Equações 9 e 10. Após a substituição, ambas equações são derivadas em

relação à velocidade de corte (𝑣𝑐) e por fim igualadas à zero. Deste modo,

os pontos de inflexão das curvas de 𝑡𝑡 e 𝐶𝑝 são encontrados. As

velocidades de corte 𝑣𝑐𝑚𝑐 e 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝, em metros por minuto, podem ser

calculadas pelas equações 12 e 13 (COPPINI, 2015).

𝑣cmc = √𝐶𝑣.𝑆

−(𝑘−1).60.(𝐶𝑎+𝑡𝑓𝑡

60.𝑆)

𝑘 (12)

𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 = √𝐶𝑣

−(𝑘−1).𝑡𝑓𝑡

𝑘 (13)

Onde:

𝑣𝑐𝑚𝑐 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 [𝑚/𝑚𝑖𝑛]

𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 [𝑚/𝑚𝑖𝑛]

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Figura 28 - Representação do intervalo de máxima eficiência.

Fonte: Machado (2015), adaptado.

Para Machado et al. (2015), é fundamental que as operações de

usinagem em um fábrica estejam dentro deste intervalo. Na região do

IME, ao aumentar a velocidade a partir da 𝑣𝑐𝑚𝑐 em direção à 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 os

custos crescem, porém são compensados com o maior volume da

produção. Em velocidades menores que 𝑣𝑐𝑚𝑐, os custos aumentam em

função dos longos tempos de corte, que geram maior custo de operação

de máquina e operadores, juntamente com a produção sendo reduzida. Ao

trabalhar em velocidades maiores que 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝, os custos aumentam devido

à alta frequência de trocas de ferramentas, e com mais paradas, a produção

acaba também diminuindo.

Coppini (2015) apresentou as variações de seleção dos limites do

IME para diferentes cenários de fabricação. No caso de sistemas flexíveis,

o autor destaca que a utilização do conceito Just in Time diminui

consideravelmente o tempo de troca de ferramentas. Dispositivos de troca

rápida de ferramenta ou trocas automáticas de ferramentas pré-montadas

em magazines fazem com que o tempo de troca de ferramenta (𝑡𝑓𝑡) tenda

a zero. Deste modo, a velocidade de máxima produção (𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝), Equação

13, passa a assumir valores que tendem ao infinito e a 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 acaba

limitada pela rotação máxima da máquina-ferramenta, pelo diâmetro a ser

usinado da peça e em função das características e propriedades das

ferramentas.

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4 METODOLOGIA

A metodologia foi dividida em três partes: procedimentos

experimentais, análise das condições econômicas de corte e simulação da

célula de flexível de manufatura. Primeiramente foram feitos os ensaios,

onde as taxas de desgaste e, consequentemente, a vida das ferramentas

foram determinadas. A partir dos resultados dos ensaios foram calculadas

as condições econômicas de corte e o Intervalo de Máxima Eficiência

para cada ferramenta foi estabelecido, conforme a Seção 3.9. A

simulação da célula flexível, composta de dois tornos CNC e um centro

de inspeção, foi feita no software Rockwell Arena® considerando os

dados de velocidade de corte obtidos na análise das condições.

4.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Procedimentos experimentais foram necessários para a

determinação da vida das ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN

no torneamento do aço AISI 52100 com 50 HRC através da extrapolação

da taxa de desgaste com parâmetros tridimensionais, conforme a Seção

3.8. Os procedimentos experimentais foram baseados nos ensaios

realizados por Boing (2016) e Castro et al. (2018).

Esta seção aborda os procedimentos experimentais de usinagem

em duas partes. Primeiramente é dada uma visão geral dos ensaios em

termos de corpos de prova, ferramentas, parâmetros de corte, maquinário

utilizados e resultados esperados. A segunda parte descreve o

sequenciamento das etapas necessárias para a realização dos ensaios.

4.1.1 Visão geral dos ensaios

O processo de usinagem realizado pelas ferramentas nos ensaios

foi o torneamento na direção radial um corpo de prova de aço AISI 52100

50 ± 2 HRC, fornecido pela empresa Villares Metals, em forma de disco

conforme a Figura 29. O disco possui chanfros nos diâmetros interno e

externo com dimensões de 1x45º com o objetivo de minimizar os choques

na entrada e na saída da ferramenta.

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Figura 29 - Geometria dos corpos de prova.

Fonte: Boing (2016).

Os corpos de prova foram fixados com um sistema de fixação

(Figura 30) especialmente desenvolvido para os ensaios. O material das

castanhas do sistema de fixação é o aço AISI 4340, tratado termicamente

com dureza de 40 HRC para não deformar a o corpo de prova (BOING,

2016).

Figura 30 - Sistema de fixação do corpo de prova.

Fonte: Acervo do grupo de pesquisa GUME.

As ferramentas utilizadas nos ensaios (Figura 31) foram fornecidas

pela empresa Sandvik Coromant®. O código da ferramenta de metal-duro

é SNMG 120408 - PM - classe 4315. A classe 4315 possui triplo

revestimento de TiCN/𝐴𝑙2𝑂3/TiN com espessura de aproximadamente 16

μm. A ferramenta de cerâmica possui o código SNGA120408T01020 -

classe 650 Esta cerâmica mista não é revestida e possui composição

química de 70% de 𝐴𝑙2𝑂3 e 30% de TiC. No caso do PCBN, o código é

SNGA 120408 S01030A - classe 7025. Esta ferramenta faz parte do grupo

ferramentas com baixo teor de CBN (60%) com fase ligante de cerâmica

e distribuição bimodal de grãos entre 1 e 3 μm. A Figura 31 ilustra os três

tipos de ferramentas utilizados nos ensaios.

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Figura 31 - Ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN, respectivamente.

Fonte: Sandvik Coromant®.

Com relação aos parâmetros de corte dos ensaios, a única variável

foi a velocidade de corte (𝑣) dado que o processo escolhido tem caráter

de acabamento, os ensaios foram realizados em quatro velocidades de

corte: 120/150/187,5/234 m/min. Os valores da profundidade de corte

(𝑎𝑝) e do avanço (𝑓) foram mantidos em 0,2 mm e 0,08 mm/rev,

respectivamente. Estes valores, de parâmetros de corte, foram escolhidos

com base na recomendação para usinagem de materiais endurecidos

indicada por Klocke et al. (2011) (𝑣𝑐 ≈ 100-200 m/min, 𝑓 ≈ 0,05-0,15 mm

e 𝑎𝑝 ≈ 0,1-0,5 mm).

Todos experimentos foram conduzidos no Centro de Tecnologia e

Inovação em Fabricação (CTIF) do Centro Universitário de Brusque

(UNIFEBE), utilizando o maquinário disponível. O processo de

torneamento foi realizado no centro de torneamento GL240 da fabricante

ROMI® (Figura 32). Esta máquina-ferramenta possui potência nominal

do eixo árvore de 15kW, placa de três castanhas de 210 mm de diâmetro

(Figura 30) com fechamento hidráulico de 26 bar e rotação máxima de

4500 rpm.

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Figura 32 - Centro de torneamento GL240.

Fonte: Autor.

A caracterização e análise do desgaste das ferramentas foram

realizadas através da metodologia de sobreposição de dados obtidos pelo

microscópio de foco infinito modelo Infinite Focus G5 da fabricante

Alicona® (Figura 33), conforme Boing (2016).

Figura 33 - Infinite Focus G5 (Alicona®).

Fonte: Boing (2017).

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Além do desgaste, a rugosidade foi medida durante os ensaios.

Apesar de não ser o foco do trabalho, a medição de rugosidade teve como

objetivo acompanhar a qualidade da superfície já que os ensaios têm

caráter de acabamento. As medições foram realizadas utilizando um

rugosímetro Mitutoyo® modelo SJ-310, conforme a Figura 34.

Figura 34 - Medição de rugosidade da peça (SJ-310 - Mitutoyo®).

Fonte: Autor.

O mecanismo de desgaste de adesão pode interferir na medição do

desgaste das ferramentas quando analisadas pela metodologia de

sobreposição das imagens da ferramenta obtidas pelo microscópio de foco

infinito. Como explicado anteriormente, a adesão pode alterar o resultado

da medição ao apresentar um volume de material removido (𝑊𝑅𝑀) menor

que o real devido à presença de material aderido na ferramenta

proveniente da peça. Deste modo, as medições dos parâmetros

tridimensionais foram realizadas após a limpeza das ferramentas. O

processo de remoção de material aderido foi realizado através de um

banho de ácido sulfúrico (𝐻2𝑆𝑂4) em uma cuba ultrassônica modelo

YX2000A da fabricante Ya Xun®, conforme a Figura 35.

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Figura 35 – Banho de 𝐻2𝑆𝑂4.

Fonte: Autor.

Conforme descrito no início da seção, os ensaios foram realizados

nos três tipos de ferramentas em quatro velocidades diferentes. Conforme

a limitação do trabalho (Seção 1.3), paras as ferramentas de PCBN e

cerâmica foram realizadas duas réplicas e somente uma réplica foi

ensaiada com a ferramenta de metal-duro. Deste modo, foram feitos 20

ensaios de vida de ferramenta neste estudo.

Após os ensaios, os valores de volume de material removido da

ferramenta (𝑊𝑅𝑀) medidos foram inseridos no modelo matemático de

Castro et al. (2018) para a determinação da taxa de desgaste e

consequentemente a vida da ferramenta.

A visão geral dos procedimentos experimentais, juntamente com

os resultados esperados, pode ser vista na Figura 36.

Figura 36 - Visão geral dos procedimentos experimentais.

Fonte: Autor.

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4.1.2 Sequenciamento dos ensaios

Inicialmente foram decididos a quantidade e os intervalos de

medição. Conforme o trabalho de Castro et al. 2018, após a medição da

superfície de referência, foram efetuadas 5 medições de desgaste das

ferramentas a cada dois passes. Sendo assim, cada gume realizou 10

passes no total. Os intervalos de medição, tempo de usinagem de dois

passes, variaram conforme a velocidade corte. Para as velocidades de

corte de 120/150/187,5/234 m/min os intervalos de medição foram de

144/116/92/72 segundos, respectivamente.

Os ensaios começaram com a escolha do gume da ferramenta a ser

avaliado. O gume foi limpo com álcool etílico 95% para a remoção de

qualquer impureza que pudesse afetar a medição do microscópio de foco

infinito. Primeiramente, efetuou-se a caracterização da microgeometria

da ferramenta e da superfície de referência da ferramenta. A Figura 37

demonstra a ferramenta de PCBN, em um porta-ferramenta dedicado,

sendo medida pelo microscópio de foco infinito.

Figura 37 - Medição da ferramenta.

Fonte: Autor.

Após a obtenção dos dados iniciais de referência da ferramenta

foram realizados os primeiros dois passes no corpo de prova. A Figura 38

apresenta o processo de torneamento radial realizado no corpo de prova.

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Figura 38 - Torneamento do corpo de prova.

Fonte: Autor.

Realizados os dois passes, a ferramenta e o corpo de prova foram

retirados do centro de torneamento para as medições. A rugosidade do

corpo de prova foi medida pelo rugosímetro (Figura 34), as medições

foram feitas em 3 pontos do corpo de prova (120°/240°/360°). Antes da

medição de desgaste, a ferramenta foi limpa em um banho de ácido

sulfúrico (𝐻2𝑆𝑂4) na cuba ultrassônica por 30 minutos (Figura 35). Após

a limpeza, os parâmetros tridimensionais de desgaste foram medidos.

A cada troca de ferramenta, a superfície do corpo de prova foi

preparada com um passe de correção utilizando uma ferramenta de metal-

duro, classe 4315. Durante todos os reposicionamentos das peças nas

castanhas um relógio comparador com base magnética foi utilizado para

verificar a existência de desvio de batimento3, conforme a Figura 39. Caso

necessário, o chanfro do corpo de prova era refeito.

3 O batimento representa a variação máxima admissível da posição de um elemento ao

girar em torno de um eixo de referência sem que haja deslocamento axial.

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Figura 39 - Medição de desvio de batimento do corpo de prova.

Fonte: Autor.

Com o corpo de prova devidamente preparado, um novo ciclo era

iniciado até atingir o décimo passe do gume. A Figura 40 apresenta um

fluxograma que resume todas as etapas do ciclo do ensaio para um gume

da ferramenta.

Figura 40 - Fluxograma dos ensaios.

Fonte: Autor.

4.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE

A análise das condições econômicas de corte foi composta pelas

seguintes etapas: determinação da vida das ferramentas, determinação do

tempo total de usinagem por peça (tt), cálculo do custo de fabricação por

peça (C𝑝) e estabelecimento do Intervalo de Máxima Eficiência para cada

ferramenta.

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4.2.1 Determinação da vida das ferramentas (T)

A determinação da vida das ferramentas foi feita utilizando o

modelo matemático, de extrapolação da taxa de desgaste a partir

parâmetros tridimensionais, descrito na Seção 3.8.

Os dados de entrada do modelo matemático foram as cinco

medições do volume de material removido da ferramenta (𝑊𝑅𝑀),

justamente com seus respectivos instantes de tempo de medição (𝑡𝑖), de

cada ensaio realizado. Assim, pode-se calcular a taxa de desgaste da

ferramenta (𝑊𝑅𝑅𝑀) a partir da Equação 6.

Conforme Castro et al. (2018), o valor do fator de estabilidade (δ)

e do coeficiente corretivo (𝑅) foi definido em 7° e 7%, respectivamente.

Para a determinação da vida da ferramenta a partir da 𝑊𝑅𝑅𝑀 foi utilizado

como critério de fim de vida da ferramenta o máximo volume de material

removido da ferramenta (𝑊𝑅𝑀 𝑚á𝑥). O valor de 𝑊𝑅𝑀 𝑚á𝑥 para as

ferramentas de cerâmica e PCBN foi de 8.800.000 𝜇𝑚3. No caso da

ferramenta de metal-duro, foi considerado o valor de 800.000 𝜇𝑚3 devido

à sua performance, no torneamento de materiais endurecidos, estar ligada

diretamente ao seu revestimento e com a exposição do substrato da

ferramenta o desgaste é demasiado. (BOING, 2016).

A equação de Taylor, Equação 1, apresentada na Seção 3.6

permitiu a criação das curvas de vida, dentro do intervalo de velocidades

de corte ensaiados, a partir dos valores de vida da ferramenta (T)

calculados pela Equação 8.

4.2.2 Tempo total de usinagem por peça (𝐭𝐭)

Primeiramente foram determinadas as características da família de

produtos a serem torneadas na célula flexível de manufatura composta de

dois tornos CNC. Conforme os ensaios realizados, optou-se por três tipos

discos com furos que passam pelo processo de faceamento com mesmo

estilo de geometria dos utilizados nos ensaios. A Figura 41 apresenta a

geometria dos discos da família de produtos considerada para as

simulações.

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Figura 41 - Discos da família de produtos.

Fonte: Autor.

O discos possuem diâmetros variados e são assimétricos, ou seja,

as dimensões dos furos em cada lado não são as mesmas. A intenção da

assimetria é obter tempos de processamento diferentes para cada lado da

peça. A Tabela 2 apresenta os três tipos de produtos e suas respectivas

dimensões de raio externo (𝑅0) e raios internos (𝑅𝑖), em milímetros.

Tabela 2 - Dimensões dos discos.

Produto 𝑅0 [mm] 𝑅𝑖1[mm] 𝑅𝑖2[mm]

A 62,5 12,5 25

B 100 50 75

C 150 50 -

Fonte: Autor.

Destaca-se, conforme o Tabela 2, que os produtos A e B

necessitam do processo de faceamento nos dois lados. Enquanto o

produto C pode ser considerado uma tampa que requer o acabamento em

somente uma de suas faces.

Os parâmetros fixos de tempo relacionados ao processo, como o

tempo de preparação (𝑡𝑝𝑟), tempo de troca de ferramenta (𝑡𝑓𝑡), tempo de

troca de carga e descarga (𝑡𝑐𝑔/𝑑𝑔), tempo de controle de qualidade (𝑡𝑐𝑞),

e o tempo de aproximação e afastamento da ferramenta (𝑡𝑎𝑝/𝑓𝑎), podem

ser visualizados no Tabela 3. Esses parâmetros foram baseados no

procedimento experimental realizado.

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Tabela 3 - Parâmetros fixos de tempo.

Parâmetro Valor determinado

tempo de preparação (𝑡𝑝𝑟) 25 min

tempo de troca de ferramenta (𝑡𝑓𝑡) 0,5 min

tempo de carga e descarga (𝑡𝑐𝑔/𝑑𝑔) 1 min

tempo de controle de qualidade (𝑡𝑐𝑞) 0,5 min

tempo de aproximação e afastamento (𝑡𝑎𝑝/𝑎𝑓) 0,2 min

Fonte: Autor.

Seguindo também os ensaios, os valores da profundidade de corte

(𝑎𝑝) e do avanço (𝑓) foram mantidos em 0,2 mm e 0,08 mm/rev,

respectivamente.

Definidos os valores de vida de cada ferramenta, a geometria das

peças e os parâmetros de tempo e de corte, o tempo total de usinagem por

peça (𝑡𝑡) foi calculado, pela Equação 9, para o intervalo de velocidade de

corte dos ensaios de 120-234 m/min. A velocidade máxima de produção

(𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝), que representa o limite superior do Intervalo de Máxima

Eficiência (IME), foi determinada pela Equação 13.

4.2.3 Custo de fabricação por peça (𝐂𝒑)

De acordo com a Equação 10, para o cálculo dos custos de

fabricação são necessários os valores dos custos de ferramentas por gume

(𝐶𝑎), sendo que todas as ferramentas possuem 8 gumes, e máquina e

operador por hora (S).

Os valores de aquisição das três ferramentas utilizadas nos ensaios,

conforme o catálogo da Sandvik Coromant®, e seus respectivos 𝐶𝑎 são

apresentados no Quadro 6.

Quadro 6 – Valores de aquisição das ferramentas.

Ferramenta Valor 𝐶𝑎

Metal-duro SNMG 120408 – PM4315 R$ 65,29 R$ 8,16

Cerâmica SNGA120408T01020 – 650 R$ 70,10 R$ 8,76

PCBN SNGA 120408 S01030A – 7025 R$ 1.106,53 R$138,32

Fonte: Autor.

Destaca-se o valor de aquisição da ferramenta de PCBN, aproximadamente quinze vezes maior do que o valor das ferramentas de

metal-duro e cerâmica.

A máquina considerada para o cálculo de custos foi o Centro de

Torneamento GL240 (Figura 32) utilizado nos ensaios com valor de

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aquisição de R$ 380.000,00. O horizonte de tempo considerado foi de

dois turnos (8 horas cada) nos 252 dias úteis do ano. A Tabela 4 apresenta

os demais parâmetros utilizados na Equação 13.1 para o cálculo do S.

Tabela 4 - Parâmetros de cálculo de hora homem máquina S.

Parâmetro Valor

𝐻 − ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑛𝑜 (2 turnos)

𝐶𝑎𝑖 − 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çã𝑜 𝑚á𝑞. 𝐼𝑚á𝑞 − 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚á𝑞.

𝑇𝑚á𝑞 − 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑚á𝑞.

4.032 horas

R$ 380.000,00

3 anos

10 anos

𝑗 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 12%

𝐶𝑐𝑚 − 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 R$ 12.000,00

𝐶𝑑𝑖𝑣 − 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑎𝑢𝑥. R$ 15.000,00

𝑆ℎ − 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑚 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑟𝑔𝑜𝑠 R$ 28,12/hora

Fonte: Autor.

O custo de hora homem 𝑆ℎ foi considerado a partir de o salário de

operador de R$ 2.500,00 mensais, trabalhando em um turno de 8 horas,

juntamente com o acréscimo de 80% do valor em encargos. O valor

calculado do custo hora máquina 𝑆𝑚, conforme a Equação 11.1, foi de R$

24,04 por hora. Somando-se o 𝑆𝑚 ao valor de R$ 28,12 de 𝑆ℎ, o custo

hora homem máquina (S) resultou em R$ 52,16.

O custo de fabricação por peça (𝐶𝑝) foi calculado pela Equação 10,

também para o intervalo de velocidade de corte dos ensaios, de 120-234

m/min, utilizando os parâmetros de custos e tempo supracitados e os

valores de tempo vida de ferramenta (T) obtidos na Seção 4.2.1. A

velocidade de mínimo custo (𝑣𝑐𝑚𝑐), a qual representa o limite inferior do

Intervalo de Máxima Eficiência (IME), foi determinada pela Equação 12.

4.3 SIMULAÇÃO

O software utilizado para as simulações da célula flexível de

manufatura foi o Rockwell Arena®. Este ambiente gráfico permite a

simulação discreta de eventos através da modelagem de processos,

animação, análise estatística e de resultados.

4.3.1 Modelo da célula flexível de usinagem

A célula flexível de usinagem modelada é composta por duas

estações de processamento contendo um torno CNC cada, uma estação de

inspeção e uma estação de carga e descarga da célula. Dois robôs fazem

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a movimentação das peças: um robô dedicado exclusivamente para a

estação de carga e descarga e um AGV que transporta peças por entre as

estações. A Figura 42 ilustra uma representação gráfica da célula flexível

de usinagem a ser modelada.

Figura 42 - Célula flexível de usinagem.

Fonte: Autor.

A Figura 42 mostra o arranjo físico escolhido para a célula flexível

de usinagem. As distâncias, em metros, entre as estações são apresentadas

na Tabela 5.

Tabela 5 - Distâncias entre estações.

Distâncias C/D Torno 1 Torno 2 Inspeção

C/D - 3 m 4,24 m 3 m

Torno 1 3 m - 3 m 4,24 m

Torno 2 4,24 m 3 m - 3 m

Inspeção 3 m 4,24 m 3 m -

Fonte: Autor.

As variações nas sequências de fabricação da família de produtos

na célula configuram o modelo job shop de movimentação de peças, ou

seja, não necessariamente unidirecional. A proximidade entre as estações

permite rápida movimentação das peças. A Tabela 6 apresenta a

sequência das operações do lote das peças A, B e C.

Page 96: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

96

Tabela 6 - Sequência de operações das peças A, B e C. Peça Operação 1 Operação 2 Operação 3 Operação 4 Operação 5

A C/D Torno 1 Torno 2 Inspeção C/D

B C/D Torno 1 Torno 2 Inspeção C/D

C C/D Torno 2 Inspeção C/D -

Fonte: Autor.

A proporção dos tipos de peças foi arbitrariamente escolhida em

30% do total de peças tipo A, 50% do tipo B e 20 % do tipo C. O intervalo

de chegada das peças ao sistema foi determinado por uma distribuição

exponencial com média de quatro minutos. As filas das estações tiveram

prioridade de processamento segundo a regra FIFO (First In First Out - Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) e as estações têm capacidade de

processar somente um produto por vez.

Os tempos de processamento das operações nos tornos de cada

peça dependem das velocidades de corte escolhidas com base nas Seções

5.2.2. e 5.2.3. A duração do processo de inspeção foi determinada em 30

segundos. O intervalo de troca de ferramentas também está relacionado

com a velocidade de corte escolhida e foi tratado como evento de falha

nas máquinas durante a simulação. Para a operação de carga e descarga

efetuada pelo robô no AGV considerou-se a duração de 15 segundos,

independentemente do tipo de peça. O transporte é realizado por um

sistema automatizado de movimentação do tipo AGV com capacidade de

carga uma peça e velocidade de 25 metros por minuto. O AGV realiza o

tempo de carga e descarga, das peças nos tornos CNC, em um minuto.

A simulação tem como objetivo avaliar a carga máquina dos tornos

CNC na velocidade de corte de mínimo de máxima produção (𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝) das

ferramentas ensaiadas e reduzir o custo de fabricação por peça (𝐶𝑃) ao

diminuir a ociosidade utilizando ferramentas e parâmetros de corte menos

custosos.

Page 97: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

97

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões seguem a sequência apresentada na

metodologia. Primeiramente são apresentados os resultados dos ensaios

de vida das ferramentas com base taxa de desgaste. Em seguida são

discutidos os resultados da análise das condições econômicas de corte e

das simulações.

5.1 TAXA DE DESGASTE

O desgaste das ferramentas durante os ensaios foi medido

conforme a metodologia utilizada para a avaliação do desgaste das

ferramentas pela sobreposição das imagens obtidas com o microscópio de

foco infinito da fabricante Alicona® (Figura 33) descrita na Seção 3.7.

As cinco medições ocorreram a cada dois passes. Em caso de quebra de

ferramenta, as medições foram interrompidas. O principal parâmetro

tridimensional analisado foi o volume de material removido da

ferramenta (𝑊𝑅𝑀) sendo que os valores considerados foram a média das

duas réplicas de cada ensaio.

Os resultados das sobreposições das imagens para a ferramenta de

metal-duro após os ensaios de torneamento são apresentados na Figura

43.

Page 98: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

98

Figura 43 - Desgaste ferramenta de metal-duro.

Fonte: Autor.

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99

Destaca-se a visível falha prematura da ferramenta, através do

grande volume de material removido da ferramenta (𝑊𝑅𝑀), no oitavo

passe e no quarto passe para as velocidades de corte de 187,5 (Figura 42c)

e 234 (Figura 42d) m/min, respectivamente. Deste modo, a análise da

ferramenta de metal-duro será limitada à velocidade de 150 m/min. O

resultado vai ao encontro da afirmação de Klocke et al. (2011) com

relação à utilização de ferramentas de metal-duro somente em

velocidades mais baixas.

Aa ferramenta de cerâmica suportou todas as velocidades de corte

ensaiadas devido à sua alta resistência à temperatura e elevado ponto de

fusão. Na condição mais extrema dos ensaios, velocidade de corte de 234

m/min, o desgaste apresentado pela ferramenta de cerâmica foi de

645.469 𝜇𝑚3. Os resultados de desgaste da ferramenta de cerâmica para

as velocidades ensaiadas são mostrados na Figura 44.

Page 100: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

100

Figura 44 - Desgaste da ferramenta de cerâmica.

Fonte: Autor.

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101

A ferramenta de PCBN também suportou todas as velocidades de

corte ensaiadas. Entretanto, apresentou maior desgaste que a cerâmica em

velocidades de corte maiores. A Figura 45 mostra os resultados de

desgaste da ferramenta de PCBN nas velocidades de corte ensaiadas.

Page 102: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

102

Figura 45 - Desgaste da ferramenta de PCBN.

Fonte: Autor.

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103

A Tabela 7 compila os valores médios de volume de material

removido (𝑊𝑅𝑀) das ferramentas para as velocidades de corte ensaiadas.

Numa análise preliminar, nota-se o menor valor de 𝑊𝑅𝑀 na ferramenta de

cerâmica em velocidades mais altas. Para velocidades mais baixas, a

ferramenta de PCBN apresentou o menor desgaste. Tabela 7 - Volume de material removido da ferramenta por velocidade de corte

ao final de cada ensaio.

𝑣𝑐[m/min] Volume de material removido 𝑊𝑅𝑀 [𝜇𝑚3]

Metal-duro 4315 Cerâmica 650 PCBN 7025 120 198.090 307.279 129.861 150 248.579 400.093 298.484

187,5 - 535.083 636.617 234 - 645.469 1.191.764

Fonte: Autor.

5.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ECÔNOMICAS DE CORTE

5.2.1 Determinação de vida das ferramentas

Os dados e os intervalos de tempo de todas as cinco medições de

cada ensaio realizado foram inseridos em um aplicativo especialmente

desenvolvido pelo Centro de Tecnologia e Inovação em Fabricação

(CTIF) da UNIFEBE para o cálculo da taxa de desgaste tridimensional.

Os resultados gerados pelo aplicativo são baseados nas equações

propostas por Castro et al. (2018) apresentadas na Seção 3.8. A Figura 46

apresenta um exemplo da utilização do aplicativo para o ensaio da

ferramenta de PCBN na velocidade de corte de 234 m/min. Nota-se que

após o preenchimento dos valores de intervalo de tempo e 𝑊𝑅𝑀, o gráfico

da taxa de desgaste tridimensional é gerado. A partir do gráfico da taxa

de desgaste, os critérios de progressividade e estabilidade foram testados

e validados conforme a Seção 3.8.

Page 104: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

104

Figura 46 - Cálculo da taxa de desgaste da ferramenta de PCBN a 234 m/min.

Fonte: CTIF.

Os valores dos ângulos 𝜔𝑖 muito próximos de 45° demonstram o

alinhamento das medições na curva da taxa de desgaste e comprovam a

estabilidade do modelo matemático utilizado. A mesma tendência de

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105

estabilidade foi percebida nos outros cálculos dos ensaios realizados. No

caso do ensaio da ferramenta de PCBN a 234 m/min, a taxa de desgaste

(𝑊𝑅𝑅𝑀) calculada foi de 3.414 𝜇𝑚3/𝑠 e considerando o critério de fim

de 8.800.000 𝜇𝑚3 de volume de material removido da ferramenta o tempo

de vida da ferramenta foi determinado em 40 minutos.

A Tabela 8 compila os resultados das médias das réplicas da taxa

de desgaste e vida de ferramenta para as ferramentas de metal-duro,

cerâmica e PCBN nas quatro velocidades de corte ensaiadas. Tabela 8 - Médias dos resultados de taxa de desgaste de vida de ferramenta.

Metal-duro 4315 Cerâmica 650 PCBN 7025

𝑣𝑐[m/min] 𝑊𝑅𝑅𝑀

[𝜇𝑚3/𝑠]

Vida T

[min] 𝑊𝑅𝑅𝑀

[𝜇𝑚3/𝑠]

Vida T

[min] 𝑊𝑅𝑅𝑀

[𝜇𝑚3/𝑠]

Vida T

[min]

120 281 44 444 310 182 756

150 417 30 718 191 552 250

187,5 - - 1206 114 1486 93

234 - - 1878 73 3407 40

Fonte: Autor.

Baseada nos dados da Tabela 8, a Figura 47 apresenta graficamente

as curvas de taxa de desgaste para cada uma das três ferramentas na faixa

de velocidades de corte realizadas nos ensaios.

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106

Figura 47 - Curvas de taxa de desgaste das ferramentas de metal-duro, cerâmica

e PCBN.

Fonte: Autor.

Conforme a Figura 47, em velocidades mais baixas, ou seja, entre

120 e 150 m/min, as ferramentas possuem uma inclinação

aproximadamente constante da taxa de desgaste. Esta tendência é também

observada para as ferramentas de metal-duro, até seu limite de aplicação

de 150 m/min, e de cerâmica por toda a faixa de velocidade de corte do

procedimento experimental. Por outro lado, ferramenta de PCBN

apresenta o menor desgaste nas velocidades de corte mais baixas, porém

a partir de 150 m/min, a inclinação de sua curva aumenta

consideravelmente fazendo com que seja a ferramenta com maior

desgaste nas velocidades de corte mais altas, acima de 180 m/min, com

valor médio de 3.407 𝜇𝑚3/𝑠 na velocidade de corte de 234 m/min.

Os valores de vida (T) de cada ferramenta, determinados pela taxa

de desgaste, exibidos na Tabela 8 foram utilizados para criação das curvas

de vida das ferramentas (Figura 48) a partir da Equação de Taylor. Os

valores das constantes k e 𝐶𝑣 calculados, para cada ferramenta, podem ser

vistos na Tabela 9.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

100 150 200 250

Taxa

de

des

gast

e μ𝑚

3/s

Velocidade de corte

Cerâmica PCBN Metal-duro

𝑣𝑐 [m/min]

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107

Tabela 9 - Constantes da Equação de Taylor.

Ferramenta k 𝐶𝑣

Metal-duro SNMG 120408 – PM4315 -1.81 2.54E+05

Cerâmica SNGA120408T01020 – 650 -2.16 9.57E+06

PCBN SNGA 120408 S01030A – 7025 -4.39 9.96E+11

Fonte: Autor.

Figura 48 - Curvas de vida das ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN.

Fonte: Autor.

Destaca-se na Figura 48 a nítida diferença de vida entre as

ferramentas na velocidade de corte de 120 m/min. A ferramenta de PCBN

apresenta vida, aproximadamente, duas vezes maior que a cerâmica e

dezessete vezes maior que o metal-duro. Com relação à performance, a

ferramenta de metal-duro mostrou fraco desempenho comparado com as

outras ferramentas nas velocidades de corte em que é aplicável. Nesse

caso, sua utilização pode ser justificada somente por motivos econômicos.

Assim como no gráfico da taxa de desgaste (Figura 47), as ferramentas de

cerâmica e PCBN possuem ponto de transição, próximo de 180 m/min. A

partir deste ponto, em velocidades mais altas, a ferramenta de cerâmica

apresenta maior tempo de vida. Este fato se mostra interessante pelo valor

da ferramenta de cerâmica ser cerca de dezesseis vezes menor que o

PCBN, conforme o Quadro 6.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

100 120 140 160 180 200 220 240 260

Vid

a fe

rram

enta

T [

min

]

Velocidade de corte

Cerâmica PCBN Metal-duro

𝑣𝑐 [m/min]

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108

5.2.2 Tempo total de usinagem por peça (𝐭𝒕)

Conforme os parâmetros de tempo estabelecidos na Seção 4.2.2, o

tempo total de usinagem foi calculado para cada operação da família de

peças apresentada na Tabela 2. A face da peça A contendo o raio interno

(Ri) de 12,5 mm foi escolhida para exemplificar o comportamento dos

resultados obtidos. Os demais resultados para as outras peças, ver

Apêndice B, seguem a mesma tendência das relações entre as

ferramentas, porém com magnitudes diferentes visto que o tempo de corte

para as faces de cada peça varia. A Figura 49 apresenta os tempos de

usinagem da face da peça A para as velocidades de corte ensaiadas.

Figura 49 - Tempo total de usinagem para face da peça A.

Fonte: Autor.

Primeiramente, nota-se na Figura 49 que as curvas das três

ferramentas seguem a mesma tendência de redução do valor de tempo

com o aumento da velocidade de corte. As ferramentas de cerâmica e

PCBN têm praticamente os mesmos valores de t𝑡. Este comportamento é

observado devido aos altos tempos de vida T obtidos por ambas as

ferramentas na faixa de velocidades de corte ensaiadas, os quais acabam

gerando pouca variação na parcela de tempo 𝑛𝑡

𝑍. 𝑡𝑓𝑡 relacionada com a

com a frequência de troca de ferramenta da Equação 9. Por outro lado, a

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

110 130 150 170 190 210 230

Tem

po

to

tal

de

usi

nag

em p

or

peç

a [t

t]

Velocidade de corte vc [min]

Cerâmica PCBN Metal-duro

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109

ferramenta de metal-duro apresenta tempos de vida bem menores (Figura

48). Assim sendo, as trocas de ferramenta são mais frequentes

influenciando no aumento dos valores de t𝑡 na faixa de velocidades de

corte em que a ferramenta é aplicável.

É visível que nenhuma das três ferramentas atingiram a velocidade

de máxima produção (𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝) pois não há ponto de inflexão nas curvas,

as quais ainda estão na sua faixa descendente. Este resultado vai ao

encontro da afirmação de Coppini (2015) para sistemas flexíveis, onde o

tempo de troca de ferramenta (𝑡𝑓𝑡) próximo a zero faz com que a 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝

assuma valores tendendo ao infinito. Deste modo, utilizando a Equação

13 calculou-se a 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 para as três ferramentas. Conforme a Equação 13,

a 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 depende somente de 𝑡𝑓𝑡 e das constantes k e 𝐶𝑣. Logo, a

velocidade de máxima produção é única para o par ferramenta-peça e tipo

de operação, nesse caso o faceamento. Assim, a 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 não varia

conforme geometria das peças, variações dos diâmetros, A, B e C. A

Tabela 10 apresenta os valores de 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 para cada ferramenta ensaiada.

Tabela 10 - Velocidades máxima produção.

Ferramenta 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 [m/min]

Metal-duro SNMG 120408 – PM4315 1.617

Cerâmica SNGA120408T01020 – 650 2.201

PCBN SNGA 120408 S01030A – 7025 482

Fonte: Autor.

Conforme a Seção 4.2.2, o 𝑡𝑓𝑡 considerado para o estudo foi de 0,5

min. Destaca-se os valores de 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 muito superiores às velocidades de

corte dos procedimentos experimentais. Usando o exemplo para a face

com raio interno de 12,5 mm da peça A, para atingir a menor 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 entre

as ferramentas, ferramenta de PCBN (482 m/min), a rotação necessária

na máquina seria de 6.140 rpm. A máquina-ferramenta utilizada nos

ensaios possui rotação máxima na faixa de 4.500 rpm. Deste modo, é

inviável a utilização das 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 no estudo devido à limitação de

capacidade da máquina e também pelo fato de que ensaios os ensaios

foram feitos até a velocidade 234 m/min e não se pode garantir o

comportamento das ferramentas em velocidades de corte maiores.

5.2.3 Custo de fabricação por peça (𝐂𝐩)

A partir da Equação 10, os custos de fabricação por peça para as

três ferramentas foram calculados utilizando os principais parâmetros de

Page 110: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

110

custos de fabricação, 𝐶𝑎 e S, determinados na Seção 4.2.3. O valor do

custo de fabricação por peça também depende do tempo de corte (𝑡𝑐), assim cada operação da família de peças terá um custo diferente.

Novamente a face contendo o raio de 12,5 mm da peça A foi escolhida

para exemplificar os resultados. As demais curvas de custos encontram-

se no Apêndice B. Assim como nos resultados de 𝑡𝑡 as curvas de custos

apresentaram as mesmas tendências, variando somente a magnitude do

valor dos custos devido aos diferentes tempos de corte de cada operação.

A Figura 50 apresenta o resultado do 𝐶𝑝 para as três ferramentas nas

velocidades de corte ensaiadas.

Figura 50 - Custo de fabricação por peça para face da peça A.

Fonte: Autor.

Conforme a Figura 50, nota-se claramente a dominância da

ferramenta de cerâmica em relação às outras ferramentas para toda a faixa

de velocidades de corte ensaiadas. Observa-se que somente a ferramenta

de PCBN possui o ponto de inflexão, de velocidade de mínimo custo

𝑣𝑐𝑚𝑐, dentro da faixa de velocidades de corte ensaiadas. O alto valor de aquisição da ferramenta de PCBN (Quadro 6) juntamente com o grande

aumento da sua taxa de desgaste em velocidades de corte mais altas,

conforme Figura 47, contribuíram para este fenômeno. No caso das

ferramentas de metal-duro e cerâmica, suas curvas de taxa de desgaste

$2.00

$2.50

$3.00

$3.50

$4.00

$4.50

$5.00

110 130 150 170 190 210 230

Cust

o d

e fa

bri

caçã

o p

or

peç

a

Velocidade de corte

Cerâmica PCBN Metal-duro

𝑣𝑐 [m/min]

𝐶𝑝

Page 111: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

111

(Figura 47) apresentaram-se com inclinação praticamente constante não

atingindo os altos níveis de desgaste como o PCBN. Está tendência

juntamente com o baixo valor de aquisição faz com que as curvas de

custos de fabricação de ambas ferramentas estejam ainda na descendente

e seus valores de 𝑣𝑐𝑚𝑐 não atingidos. O metal-duro apresenta maior custo

por peça em relação à cerâmica devido ao menor desempenho em termos

de número de peças fabricadas por ferramenta pela sua menor vida nas

faixas de velocidade de corte em que é aplicável (Figura 48).

As velocidades de mínimo custo foram calculadas através da

Equação 12 e estão apresentadas na Tabela 11.

Tabela 11 - Velocidade de mínimo custo.

Ferramenta 𝑣𝑐𝑚𝑐 [m/min]

Metal-duro SNMG 120408 – PM4315 310

Cerâmica SNGA120408T01020 – 650 536

PCBN SNGA 120408 S01030A – 7025 129

Fonte: Autor.

Do mesmo modo que na análise do 𝑡𝑡, na Seção 5.2.2, as

velocidades de corte de mínimo custo, com exceção do PCBN, ficaram

limitadas pela capacidade da máquina-ferramenta e da faixa de

velocidades escolhida para os procedimentos experimentais. Com relação

à ferramenta de metal-duro, o limite já foi determinado diretamente pelos

ensaios em 150 m/min e a ferramenta não tem a capacidade de atingir sua

𝑣𝑐𝑚𝑐 de 310 m/min. No caso da cerâmica, sua 𝑣𝑐𝑚𝑐 de 536 m/min é

impraticável pela máquina-ferramenta utilizada e não é possível garantir

que a ferramenta suporta condições impostas por velocidades de corte

maiores que as ensaiadas nesse estudo. O modelo não prevê a quebra da

ferramenta, simplesmente determina os pontos de inflexão extrapolando

as curvas geradas pelos ensaios.

Nota-se, principalmente, o avanço das ferramentas atuais em

termos da relação preço e desempenho. As ferramentas de cerâmica e

metal-duro mostraram um comportamento mais estável com relação à

taxa desgaste nas velocidades de corte ensaiadas (Figura 47), do que a

ferramenta de PCBN, com um valor substancialmente menor. Este fato

apresentou-se em altas velocidades de mínimo custo (𝑣𝑐𝑚𝑐) no modelo

matemático da análise das condições econômicas de corte. Outro fator

que pode afetar a 𝑣𝑐𝑚𝑐 são os custos relacionados com a máquina e mão

de obra por hora (S). Em sistemas flexíveis de manufatura o valor de

aquisição e manutenção dos equipamentos assim como a qualificação da

Page 112: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

112

mão de obra são considerados custosos e influenciam no aumento do

valor de 𝑣𝑐𝑚𝑐, conforme a Equação 12.

5.2.4 Intervalo de Máxima Eficiência (IME)

A Seção 3.9.3 apresentou o conceito do intervalo de máxima

eficiência. Os cálculos dos limites inferiores e superiores do intervalo,

𝑣𝑐𝑚𝑐 e 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝, para cada ferramenta foram determinados nas Seções 5.2.2

e 5.2.3. Os limites dos IMEs calculados para as ferramentas são

apresentados na Tabela 12.

Tabela 12 - Limites do Intervalo de Máxima Eficiência.

Ferramenta 𝑣𝑐𝑚𝑐 [m/min] 𝑣𝑐𝑚𝑥𝑝 [m/min]

Cerâmica SNGA120408T01020 – 650 570 2.201

PCBN SNGA 120408 S01030A – 7025 134 482

Metal-duro SNMG 120408 – PM4315 334 1.617

Fonte: Autor.

Destaca-se, novamente, que a faixa de velocidade de corte

ensaiadas não englobou os intervalos de máxima eficiência das

ferramentas, com exceção da ferramenta de PCBN. Deste modo, para

melhor visualizar o intervalo de máxima eficiência, foram extrapoladas

as curvas de tempo e custos de cada ferramenta. As Figuras 51, 52 e 53

apresentam o IME para as ferramentas de cerâmica, PCBN e metal-duro,

respectivamente, a extrapolação das curvas é indicada pela linha

tracejada.

Page 113: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

113

Figura 51 - Intervalo de Máxima Eficiência da ferramenta de cerâmica.

Fonte: Autor.

Figura 52 - Intervalo de Máxima Eficiência da ferramenta de PCBN.

Fonte: Autor.

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

$2.00

$2.20

$2.40

$2.60

$2.80

$3.00

100 400 700 1000 1300 1600 1900 2200 2500

Tem

po

to

tal

de

usi

nag

em p

or

peç

a

Cust

o d

e fa

bri

caçã

o p

or

peç

a

Velocidade de corte

IME

𝑣𝑐 [m/min]

𝐶𝑝

𝑡 𝑡[m

in]

𝐶𝑝

𝑡𝑡

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

$2.50

$3.00

$3.50

$4.00

$4.50

$5.00

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Tem

po

to

tal

de

usi

nag

em p

or

peç

a

Cu

sto

de

fab

rica

ção

po

r p

eça

Velocidade de corte

IME

𝑣𝑐 [m/min]

𝐶𝑝

𝑡 𝑡[m

in]

𝐶𝑝

𝑡𝑡

Page 114: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

114

Figura 53 - Intervalo de Máxima Eficiência da ferramenta de metal-duro.

Fonte: Autor.

A comparação dos intervalos de máxima eficiência para as três

ferramentas é mostrada na Figura 54. Nesta comparação, fica clara a

dominância da ferramenta de cerâmica, tanto em termos de custos como

de tempo de fabricação, no processo de faceamento do aço SAE 52100

com dureza de 50 HRC.

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

$2.40

$2.60

$2.80

$3.00

$3.20

$3.40

100 400 700 1000 1300 1600 1900 2200 2500

Tem

po

to

tal

de

usi

nag

em p

or

peç

a

Cust

o d

e fa

bri

caçã

o p

or

peç

a

Velocidade de corte

IME

𝑣𝑐 [m/min]

𝐶𝑝

𝑡 𝑡[m

in]

𝐶𝑝

𝑡𝑡

Page 115: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

115

Figura 54 - Comparação entre os Intervalos de Máxima Eficiência das

ferramentas.

Fonte: Autor.

Com base nas Figuras 54, 53, 52, 51, é fato que o modelo ultrapassa

os limites físicos do par ferramenta-peça. Em termos econômicos, as

velocidades de corte que promoveram menores custos de fabricação por

peça para as ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN foram 150

m/min, 234 m/min e 129 m/min, respectivamente.

5.3 SIMULAÇÃO DA CÉLULA FLEXÍVEL DE USINAGEM

Conforme a metodologia da simulação apresentada na Seção 4.3,

foram feitas simulações, no software Rockwell Arena®, da célula flexível

de usinagem (Figura 42) utilizando os parâmetros obtidos nos cálculos

das condições econômicas de corte. As simulações visam realizar a

fabricação da família de produtos no menor tempo e custo possível. Assim

sendo, a abordagem escolhida para a simulação foi avaliar as taxas de

utilização dos tornos CNC aplicando, primeiramente, as velocidades de

corte para o menor tempo de produção. Deste modo, foi possível

identificar o torno mais ocioso no sistema e variar os parâmetros de corte

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

$2.00

$2.50

$3.00

$3.50

$4.00

$4.50

$5.00

100 400 700 1000 1300 1600 1900 2200 2500

Tem

po

to

tal

de

usi

nag

em p

or

peç

a

Cust

o d

e fa

bri

caçã

o p

or

peç

a

Velocidade de corte 𝑣𝑐 [m/min]

𝐶𝑝

𝑡 𝑡[m

in]

𝐶𝑝

𝑡𝑡

𝐶𝑝

𝐶𝑝

𝑡𝑡

𝑡𝑡

Page 116: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

116

e ferramentas para aumentar sua carga máquina e diminuir o custo total

de fabricação mantendo o mesmo ritmo de produção do sistema.

Os resultados obtidos nas Seções 5.2.2 e 5.2.3 mostraram a

dominância da ferramenta de cerâmica, em relação ao metal-duro e

PCBN, em toda a faixa de velocidade de corte ensaiadas para o tempo

total de usinagem por peça (𝑡𝑡) e principalmente para o custo de

fabricação por peça (𝐶𝑝). Como as velocidades corte ensaiadas não foram

suficientes para a cerâmica atingir seu IME, as Figuras 48 e 49

demonstram que a 234 m/, a ferramenta apresenta seu menor tempo e

custo de fabricação, respectivamente.

No caso das ferramentas de metal-duro e PCBN percebe-se, na

Figura 49, que há um ponto de transição próximo de 130 m/min. Após

esse ponto a ferramenta de metal duro apresenta menor custo de

fabricação por peça até seu limite de aplicação de 150 m/min.

Desta forma, decidiu-se simular dois cenários diferentes.

Primeiramente simular o cenário com a ferramenta de cerâmica para obter

o menor custo possível de fabricação dos lotes da família de produtos.

Para o segundo cenário, a ferramenta de cerâmica, dominante, foi retirada

e a célula flexível de manufatura foi simulada utilizando as ferramentas

PCBN e metal-duro no mesmo ritmo de produção que o primeiro cenário.

5.3.1 Modelo da célula flexível de usinagem

As características gerais do modelo da célula flexível de usinagem

foram descritas na Seção 4.3.1. Com relação à simulação, foi considerado

um horizonte de tempo de 16 horas com 100 minutos de warm-up para

estabilização do sistema. A taxa de entrada de entidades do sistema foi

determinada por uma distribuição exponencial com média de quatro

minutos. Cada entidade criada tinha uma probabilidade, estipulada

arbitrariamente, de 30% de ser da peça A, 50% da peça B e 20% da peça

C. Deste modo, foram realizadas 10.000 replicações garantindo a

repetibilidade dos resultados. Conforme os parâmetros supracitados,

foram feitas pré-simulações para definir lotes médios de cada peça a partir

da quantidade de produtos gerados no modelo. Assim, o lote médio das

peças A, B e C foi de 64, 107 e 43, respectivamente. O parâmetro utilizado

pelo Arena para avaliar a variabilidade da criação das peças foi o half width, que consiste na meia largura do intervalo de confiança, ou seja,

para 95% das repetições, os valores de lotes médios obtidos estariam

dentro do intervalo de ± o valor de half width. Para as peças A, B e C o

valor do half width (Apêndice C) foi de 0,16, 0,20 e 0,13,

Page 117: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

117

respectivamente. Deste modo, pode-se julgar que os valores, de lote

médio das peças, obtidos nas 10.000 repetições é confiável. A Tabela 13

resume as principais características e parâmetros utilizados para a

definição do modelo de simulação.

Tabela 13 - Características modelo da célula flexível de usinagem.

Características Valor

Tempo de simulação 960 minutos

Período de Warm-up 100 minutos

Número de repetições 10.000

Intervalo de chegada de peças EXPO(4)

Lote médio Peça A (%) 64 ± 0,16 peças (30%)

Lote médio Peça B (%) 107 ± 0,20 peças (50%)

Lote médio Peça C (%) 43 ± 0,13 peças (20%)

Ordem de filas FIFO

Capacidade estações 1 peça

Tipo de falha da ferramenta Contagem de peças

Velocidade AGV 25 m/min

Capacidade AGV 1 peça

Fonte: Autor.

O modelo de simulação da célula flexível de usinagem foi criado

utilizando o princípio de elementos e blocos do software ARENA. A

Figura 55 mostra a visão macro do modelo da célula flexível de usinagem.

Page 118: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

118

Figura 55 - Modelo para a simulação da célula flexível de usinagem.

Fonte: Autor.

Page 119: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

119

5.3.2 Cenário com ferramenta de cerâmica

Conforme os gráficos de tempo e custos de usinagem (Figuras 49

e 50), ao utilizar a ferramenta de cerâmica na velocidade de corte de 234

m/min obtém-se o menor tempo e custo de usinagem por peça. De acordo

com as sequências das peças apresentadas na Tabela 6 e o cálculo de 𝑡𝑡 pela Equação 9 para a velocidade de corte de 234 m/min, a Tabela 14

apresenta os tempos de usinagem de cada operação da família.

Tabela 14 - Tempos de processamento cenário da ferramenta de cerâmica. Peça Carga

[min]

Torno 1

[min]

Torno 2

[min]

Inspeção

[min]

Descarga

[min]

A 0,25 2,72 2,64 0,5 0,25

B 0,25 3,20 2,67 0,5 0,25

C 0,25 - 5,65 0,5 0,25

Fonte: Autor.

A frequência de troca de ferramentas foi determinada a partir do

número de peças usinadas estipulada pelo tempo de vida da ferramenta de

cerâmica na velocidade de 234 m/min para cada torno CNC. De acordo

com a Equação 1 e Figura 48, para a velocidade de corte de 234 m/min, a

vida da ferramenta de cerâmica (T) é de 73,3 minutos. O total de peças

usinadas por gume (𝑛𝑓𝑡) foi determinado pela divisão do tempo de vida

da ferramenta (T) pelo tempo de corte 𝑡𝑐 para cada operação. A partir das

operações e proporção dos lotes de peças foi determinado o número

médio de peças usinadas por gume para cada torno CNC. Os resultados

deste cálculo são mostrados nas Tabelas 15 e 16 para os tornos CNC 1 e

2, respectivamente.

Tabela 15 - Peças por gume da ferramenta de cerâmica no torno CNC 1.

Peça 𝑡𝑐 Z Z% 𝑛𝑓𝑡 Peças/gume

A1 0,63 min 64 38% 116 44

B1 1,23 min 107 62% 60 37

T 73,3 min Soma 81

Fonte: Autor.

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120

Tabela 16 - Peças por gume da ferramenta de cerâmica no torno CNC 2.

Peça 𝑡𝑐 Z Z% 𝑛𝑓𝑡 Peças/gume

A2 0,55 min 64 30% 133 40

B2 0,73 min 107 50% 100 50

C 3,36 min 43 20% 22 4

T 73,3 min Soma 94

Fonte: Autor.

Conforme as Tabelas 15 e 16, o número de peças por gume dos

tornos CNC 1 e 2 é, em média, de 81 e 94 peças, respectivamente. Esse

valor foi usado como critério de falha da máquina, com tempo de duração

para a troca de ferramenta (𝑡𝑓𝑡) de 30 segundos, nas simulações.

A taxa média de utilização das estações, após as 10.000

simulações, pode ser vista na Tabela 17.

Tabela 17 - Taxas de utilização das estações - cenário com cerâmica.

Estação Média da taxa de utilização

Carga e descarga 12,47%

Torno CNC 1 60,39%

Torno CNC 2 81,27%

Inspeção 12,49%

Fonte: Autor.

O torno CNC 2 foi a estação com maior carga máquina média

(81,27%) e, consequentemente, o gargalo da célula flexível de usinagem.

Este resultado é plausível devido à quantidade de peças que são usinadas

no torno CNC 2 e seus respectivos tempos de fabricação. O valor de

próximo de 80% da utilização planejada da máquina pode ser considerado

aceitável na indústria, pois permite a absorção do aumento da demanda

sem a necessidade de terceirização.

O custo total de usinagem nos dois turnos simulados foi calculado

a partir da Equação 10 e do número dos lotes médios de cada peça (Z). A

Tabela 18 apresenta os valores de custos por operação das peças da

família de produtos e o custo total de usinagem no horizonte simulado.

Tabela 18 - Custos de usinagem por peça e dos lotes com cerâmica.

Peça Torno 1 Torno 2 Total/peça Z Custo lote

A R$ 2,44 R$ 2,36 R$ 4,80 64 R$ 307,20

B R$ 2,93 R$ 2,41 R$ 5,34 107 R$ 571,38

C - R$ 5, 31 R$ 5,31 43 R$ 228,33

Total R$ 5,37 R$ 10,08 R$ 15,45 214 R$ 1.106,91

Fonte: Autor.

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121

O custo total de usinagem por peça do cenário com a ferramenta

de cerâmica foi de R$ 15,45. Para produzir os três lotes de peças, o custo

total foi de R$ 1.106,91,

5.3.3 Cenário com ferramenta de PCBN e metal-duro.

O intuito deste cenário com as ferramentas de PCBN e metal-duro

foi avaliar a possibilidade de redução dos custos de usinagem por peça ao

aproveitar o tempo ocioso do torno CNC não gargalo. Primeiramente, foi

feita a simulação utilizando somente ferramentas de PCBN na velocidade

de corte de 234 m/min nos dois tornos CNC para manter o mesmo ritmo

de produção em relação ao primeiro cenário. Após simulação, foi

identificado o torno mais ocioso e feito outra simulação utilizando a

ferramenta de metal-duro, na velocidade de corte de 150 m/min, neste

torno. Assim, verificou-se a viabilidade em termos de carga máquina do

sistema e o impacto da aplicação da ferramenta de metal duro nos custos

totais de usinagem da célula.

Conforme os parâmetros de tempos estabelecidos na Seção 5.3.2,

foram feitos os mesmos procedimentos de cálculo do 𝑡𝑡 para cada

operação da sequência das peças da família de produtos. A Tabela 19

apresenta os tempos totais de usinagem por peça para cada operação da

família de produtos utilizando o PCBN a 234 m/min.

Tabela 19 - Tempos de processamento do cenário da ferramenta de PCBN.

Peça Carga

[min]

Torno 1

[min]

Torno 2

[min]

Inspeção

[min]

Descarga

[min]

A 0,25 2,72 2,64 0,5 0,25

B 0,25 3,21 2,67 0,5 0,25

C 0,25 - 5,67 0,5 0,25

Fonte: Autor.

O número de peças por vida de gume da ferramenta de PCBN para

este cenário foi calculada e é apresentada na Tabela 20 e 21 para os tornos

CNC 1 e 2. Conforme a Tabela 8, a vida da ferramenta (T) do PCBN na

velocidade de corte de 234 m/min é de 40,4 minutos.

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122

Tabela 20 - Peças por gume da ferramenta de PCBN no torno CNC 1.

Peça 𝑡𝑐 Z Z% 𝑛𝑓𝑡 Peças por gume

A1 0,63 min 64 38% 64 24

B1 1,23 min 107 62% 33 20

T 40,4 min SOMA 45

Fonte: Autor.

Tabela 21 - Peças por gume da ferramenta de PCBN no torno CNC 2.

Peça 𝑡𝑐 Z Z% 𝑛𝑓𝑡 Peças/ gume

A2 0,55 min 64 30% 73 22

B2 0,73 min 107 50% 55 28

C 3,36 min 43 20% 12 2

T 40,4 min SOMA 52

Fonte: Autor.

Conforme as Tabelas 20 e 21, o número de peças por gume de

PCBN nos tornos CNC 1 e 2 é, em média, de 45 e 52 peças,

respectivamente.

A taxa média de utilização das estações, após as 10.000

simulações, pode ser vista na Tabela 22.

Tabela 22 - Taxas de utilização das estações cenário com PCBN.

Estação Média da taxa de utilização

Carga e descarga 12,47%

Torno CNC 1 60,52%

Torno CNC 2 81,33%

Inspeção 12,48%

Fonte: Autor.

Os valores médios de taxa de utilização das estações na simulação

com ferramenta de PCBN são praticamente idênticos aos apresentados

para a ferramenta de cerâmica (Tabela 17). A ocorrência deste fato se

deve pelo fato de que ambas ferramentas apresentaram mesmo

comportamento da curva de tempo total de usinagem por peça (𝑡𝑡), conforme a Figura 48.

Assim como na simulação utilizando ferramentas de cerâmica, o

custo total de usinagem no horizonte simulado de dois turnos foi

calculado e é apresentado pela Tabela 23.

Page 123: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

123

Tabela 23 - Custos de usinagem por peça e dos lotes com PCBN.

Peça Torno 1 Torno 2 Total/peça Z Custo lote

A R$ 4,52 R$ 4,18 R$ 8,70 64 R$ 556,80

B R$ 7,10 R$ 4,84 R$ 11,94 106 R$ 1.277,58

C - R$ 16,42 R$ 16,42 43 R$ 706,06

Total R$ 11,62 R$ 25,44 R$ 37,06 213 R$ 2.540,44

Fonte: Autor.

Destaca-se o valor do custo total de usinagem de R$ 2.540,44 ao

se utilizar a ferramenta de PCBN para usinar os lotes da família de

produto. Este valor é 130% maior que o valor para ferramenta de cerâmica

nas mesmas condições. Deste modo, com o objetivo de reduzir o valor do

custo total foi utilizada a ferramenta de metal-duro no seu limite de

aplicação de 150 m/min no torno CNC 1, o qual mostrou-se mais ocioso

(Tabela 22).

Para a simulação com a ferramenta de metal-duro os parâmetros de

tempo de processamento, peças por gume e custos de usinagem por peça

necessitaram ser atualizados. Os tempos de processamento para o cenário

de combinação da ferramenta de PCBN e metal-duro pode ser visto na

Tabela 24. Nota-se o aumento do tempo de processamento no torno CNC

1 em relação ao da Tabela 19 devido à utilização da ferramenta de metal-

duro.

Tabela 24 - Tempos de processamento cenário da ferramenta de PCBN e metal-

duro.

Peça Carga

[min]

Torno 1

[min]

Torno 2

[min]

Inspeção

[min]

Descarga

[min]

A 0,25 3,08 2,64 0,5 0,25

B 0,25 3,93 2,67 0,5 0,25

C 0,25 - 5,67 0,5 0,25

Fonte: Autor.

Conforme a Tabela 8, a vida da ferramenta (T) do metal-duro na

velocidade de corte de 150 m/min é de 29,1 minutos. Assim sendo, foi

calculado o número de peças por gume de metal-duro no torno CNC 1. A

Tabela 25 apresenta o resultado do número de peças por gume.

Page 124: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

124

Tabela 25 - Peças por gume da ferramenta de metal-duro no torno CNC 1.

Peça 𝑡𝑐 Z Z% 𝑛𝑓𝑡 Peças por gume

A1 0,63 min 64 38% 47 18

B1 1,23 min 106 62% 24 15

T 29,1 min SOMA 33

Fonte: Autor.

A taxa de utilização das estações para o cenário com ferramentas

de PCBN e metal-duro é apresentada na Tabela 26.

Tabela 26 - Taxas de utilização das estações cenário com PCBN e metal-duro.

Estação Média da taxa de utilização

Carga e descarga 12,46%

Torno CNC 1 72,19%

Torno CNC 2 81,31%

Inspeção 12,48%

Fonte: Autor.

A aplicação da ferramenta de metal-duro aumentou a taxa de

utilização do torno CNC 1 em 12% em relação ao cenário somente com

PCBN. Não houve alteração na carga máquina do torno CNC 2, a qual

continuou em torno de 81%. Deste modo, pode-se validar a aplicação da

ferramenta de metal-duro no torno CNC 1 visto que não houve impacto

no ritmo de produção.

Os custos de usinagem por peça e custos totais dos lotes para o

cenário com PCBN e metal-duro estão apresentados na Tabela 27.

Tabela 27 - Custos de usinagem por peça e dos lotes para PCBN e metal-duro.

Peça Torno 1 Torno 2 Total/peça Z Custo lote

A R$ 2,95 R$ 4,18 R$ 7,13 64 R$ 45,32

B R$ 3,95 R$ 4,84 R$ 8,79 106 R$ 940,53

C - R$ 16,42 R$ 16,42 43 R$ 706,06

Total R$ 6,90 R$ 25,44 R$ 32,34 213 R$ 2.102,91

Fonte: Autor.

Primeiramente ao comparar com o cenário anterior, nota-se na

Tabela 30 a diminuição do valor do custo total por peça do torno CNC 1

de R$ 11,62 (Tabela 23) para R$ 6,90. O valor do custo total de usinagem

dos lotes da família de produtos foi reduzido de R$ 2.540,44 para R$

2.102,91. Esta diferença diária de R$ 437,53 acarreta em uma economia

de R$ 110.257,56 ao um ano, considerando 252 dias úteis, justificando

economicamente a aplicação da ferramenta de metal-duro. Ainda assim,

Page 125: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

125

o valor de custo total de usinagem do lote da família de produtos do

cenário com PCBN e metal-duro é aproximadamente o dobro do primeiro

cenário com cerâmica (R$ 1.106,91). A Figura 56 ilustra esta comparação

entre os cenários em termos de custos totais de usinagem dos lotes da

família de peças nos dois turnos simulados.

Figura 56 - Custo total de fabricação dos lotes de peças.

Fonte: Autor.

A duração de cada simulação, contabilizando as 10.000 repetições,

foi em torno de 8 horas num computador de média capacidade de

processamento.

R$ 0

R$ 500

R$ 1000

R$ 1500

R$ 2000

R$ 2500

R$ 3000

Cerâmica PCBN PCBN e metal-duro

Cust

o t

ota

l d

e fa

bri

caçã

o d

os

lote

s

de

peç

as.

Page 126: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

126

6 CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS

FUTUROS

O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar as condições

econômicas mais favoráveis no processo de torneamento de uma família

de peças de aço AISI 52100 endurecido a partir da análise da taxa de

desgaste de ferramentas de metal-duro, cerâmica e PCBN.

Os resultados foram obtidos através de três etapas sequenciadas:

determinação dos tempos de vidas das três ferramentas através de

procedimentos experimentais, análise das condições econômicas de corte

e simulação da célula flexível de usinagem.

Com relação aos ensaios de vida, os procedimentos experimentais

e modelo matemático de determinação de vida de ferramentas, baseado

na extrapolação da taxa de desgaste, realizaram a previsão de vida das

ferramentas com sucesso. Destaca-se a agilidade dos procedimentos

experimentais, em comparação à metodologia de Taylor pelo critério de

falha por desgaste de flanco médio, devido à necessidade de apenas 5

medições para alimentar o modelo matemático e obter o tempo de vida da

ferramenta. A partir dos resultados dos ensaios foi possível determinar a

velocidade de corte limite de 150 m/min da ferramenta de metal-duro no

torneamento do aço AISI 52100 a 50 HRC. Em velocidades maiores que

150 m/min, a ferramenta de metal-duro não suportou os ciclos dos

procedimentos experimentais. Quanto aos resultados da taxa de desgaste,

as ferramentas de metal-duro e cerâmica apresentaram maior estabilidade

na faixa de velocidades ensaiadas em comparação ao PCBN.

A determinação do tempo de vida das ferramentas permitiu o

cálculo de suas condições econômicas de corte. Os resultados dos

cálculos do tempo total de usinagem por peça foram similares para as três

ferramentas no intervalo de velocidades de corte ensaiado. O fator de

maior influência nos tempos totais de usinagem calculados foi o tempo de

troca de ferramenta, o qual foi estabelecido próximo a zero que reproduz

uma característica de SFMs. Desta forma o ponto de inflexão da curva de

tempo de usinagem não foi atingido por limitação técnica da máquina-

ferramenta.

A análise dos custos de fabricação por peça mostrou que a ferramenta de cerâmica é economicamente dominante em relação às

demais, para toda a faixa de velocidades de corte ensaiadas. Com relação

às ferramentas de PCBN e metal-duro foi identificado o ponto econômico

de transição em torno de 130 m/min, com PCBN sendo mais vantajosa

para velocidades inferiores.

Page 127: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

127

As simulações da célula flexível de usinagem confirmaram que a

ferramenta de cerâmica proporciona o menor custo de fabricação dos lotes

da família de produtos. A aplicação da ferramenta de metal-duro no torno

com maior ociosidade reduziu o custo de fabricação do lote em relação

ao PCBN além proporcionar ocupação mais balanceada dos tornos da

célula de manufatura em 12%.

Os resultados dos ensaios, análise econômica e simulação

mostraram que para os Sistemas de Manufatura Flexíveis, os pontos

ótimos do modelo de custos de usinagem tradicionais, as velocidades de

mínimo custo e velocidade de máxima produção são muitas vezes

impraticáveis pelas características limitantes da máquina-ferramenta.

Esta limitação está relacionada às metodologias de troca rápida de

ferramentas, custos elevados de hora-homem-máquina e com o avanço

tecnológico atual das ferramentas de corte em termos da relação custo de

aquisição e desempenho das ferramentas.

Tendo em vista a extensão do escopo e sua importância no contexto

da indústria automotiva e a assim denominada quarta revolução industrial,

sugere-se trabalhos futuros relacionados com:

• análise do comportamento da ferramenta de cerâmica em

cenários com maior velocidade de corte;

• realização de avaliações da morfologia de desgaste na ferramenta

de cerâmica para melhor entendimento do seu desempenho no

torneamento do aço AISI 52100 a 50 HRC;

• automatização dos cálculos de custos e determinação do intervalo

de máxima eficiência de corte a partir dos dados de taxa de

desgaste das ferramentas;

• criação de um modelo de custos de usinagem que limite os

valores ensaiados para determinação do custo real do processo;

• incorporação da metodologia de determinação da vida de

ferramenta pela taxa de desgaste na simulação de sistemas

produtivos como parte do processo.

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128

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APÊNDICE A – Resultados dos ensaios de vida

Os resultados das réplicas dos ensaios de vida, em termos de taxa

de desgaste e tempo de vida, para cada ferramenta são apresentados nas

Tabelas A.1, A.2, A.3. Destaca-se que a média das réplicas foi utilizada

para os cálculos do estudo.

Tabela A.1 – Resultados dos ensaios de vida para ferramenta de cerâmica.

Fonte: Autor.

Tabela A.2 – Resultados dos ensaios de vida para ferramenta de PCBN.

Fonte: Autor.

Tabela A.3 – Resultados dos ensaios de vida para ferramenta de metal-duro.

Fonte: Autor.

Cerâmica

Passe 1 Réplica Média Passe 1 Réplica Média

120 425 462 444 323 297 310

150 731 706 718 188 195 191

187.5 1204 1209 1206 114 114 114

234 1840 1916 1878 75 72 73

Taxa de desgaste T [min][ 𝑚3/s]

𝑣𝑐 [m/min]

PCBN

Passe 1 Réplica Média Passe 1 Réplica Média

120 175 188 182 784 728 756

150 524 580 552 262 237 250

187.5 1561 1411 1486 88 98 93

234 3414 3399 3407 40 41 40

Taxa de desgaste T [min][ 𝑚3/s]

𝑣𝑐 [m/min]

Metal-duro

Passe 1 Réplica Média Passe 1 Réplica Média

120 281 - 281 44 - 44

150 417 - 417 30 - 30

187.5 6479 - 6479 2 - 2

234 -7025 - -7025 -11 - -11

Taxa de desgaste T [min][ 𝑚3/s]

𝑣𝑐 [m/min]

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APÊNDICE B – Condições econômicas de corte

Os gráficos de tempo total de usinagem e custo de fabricação por

peça das demais operações realizadas nas simulações são apresentados

nas Figuras B.1 a B.8.

Figura B.1 - Tempo total de usinagem por peça da operação A2.

Fonte: Autor.

Figura B.2 – Custo de fabricação por peça da operação A2.

Fonte: Autor.

Page 135: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

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Figura B.3 - Tempo total de usinagem por peça da operação B1.

Fonte: Autor.

Figura B.4 – Custo de fabricação por peça da operação B1.

Fonte: Autor.

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Figura B.5 - Tempo total de usinagem por peça da operação B2.

Fonte: Autor.

Figura B.6 – Custo de fabricação por peça da operação B2.

Fonte: Autor.

Page 137: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas ...flexível de usinagem foi simulada utilizando os parâmetros de corte mais favoráveis economicamente. Neste estudo, foram realizados

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Figura B.7 - Tempo total de usinagem por peça da operação C.

Fonte: Autor.

Figura B.8 – Custo de fabricação por peça da operação C.

Fonte: Autor.

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APÊNDICE C – Relatórios das simulações

Os relatórios, extraídos diretamente do software ARENA, de peças

processadas e de taxa de utilização das máquinas para as simulações com

cerâmica, PCBN e PCBN e metal-duro são apresentados nas Figuras C.1,

C.2 e C.3.

Figura C.1 – Relatório simulação com ferramenta de cerâmica, 10.000 repetições.

Fonte: Autor.

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Figura C.2 – Relatório simulação com ferramenta de PCBN, 10.000 repetições.

Fonte: Autor.

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Figura C.2 – Relatório simulação com ferramenta de PCBN e metal-duro, 10.000

repetições.

Fonte: Autor.