argumentos favoráveis à legalização da maconha

41
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE DIREITO BEATRIZ SILVEIRA DA SILVA FABIANI FERREIRA MAURICIO GEORGIA MENDES DA AGOSTIN KARINE SOUZA ALFREDO LETICIA VEFAGO ALBINO LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA

Upload: karine-souza

Post on 06-Jun-2015

17.356 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE DIREITO

BEATRIZ SILVEIRA DA SILVA

FABIANI FERREIRA MAURICIO

GEORGIA MENDES DA AGOSTIN

KARINE SOUZA ALFREDO

LETICIA VEFAGO ALBINO

LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA

CRICIÚMA, SETEMBRO DE 2013

Page 2: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

BEATRIZ SILVEIRA DA SILVA

FABIANI FERREIRA MAURICIO

GEORGIA MENDES DA AGOSTIN

KARINE SOUZA ALFREDO

LETICIA VEFAGO ALBINO

LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA

Trabalho Acadêmico apresentado à disciplina de Sociologia Geral e do Direito, por solicitação do professor Ismael Francisco de Souza, para obtenção de nota na 2ª fase do curso de Direito da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).

CRICIÚMA, SETEMBRO DE 2013

Page 3: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

2 CANNABIS SATIVA.................................................................................................4

2.1 História e seu uso medicinal..............................................................................4

2.2 Dependência química..........................................................................................5

2.3 Desregulamentação da comercialização da maconha.....................................6

2.4 Fatores a favor da legalização da maconha......................................................7

3 METODOLOGIA DA PESQUISA.............................................................................9

3.1 População.............................................................................................................9

3.2 Amostra..............................................................................................................10

3.3 Instrumento de coleta de dados.......................................................................10

3.4 Processo de coleta de dados...........................................................................10

3.5 Análise e interpretação de dados.....................................................................10

4 RESULTADOS OBTIDOS......................................................................................11

4.1 Gênero................................................................................................................11

4.2 Idade................................................................................................................... 12

4.3 Pessoas que já utilizaram Cannabis sativa.....................................................12

4.4 Qual a frequência do uso..................................................................................13

4.5 Posição pessoal a cerca da legalização da maconha....................................14

4.6 Principal benefício que traria a legalização da maconha...............................15

4.7 Principal malefício que traria a legalização da maconha...............................17

6 CONCLUSÃO.........................................................................................................18

REFERÊNCIAS.........................................................................................................19

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO...............................................................................21

ANEXO A - JURISDIÇÃO A CERCA DO TEMA.....................................................22

Page 4: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

3

1 INTRODUÇÃO

A Cannabis sativa, mas conhecida popularmente como Maconha, é um

dos maiores tabus da sociedade por se tratar de algo proibido, porém de fácil acesso

nos grandes centros urbanos e com baixo custo. Conhecida há séculos, cresce

naturalmente em várias partes do planeta podendo ser facilmente cultivada.

Muitos estudos são feitos a respeito se a maconha causa ou não a

dependência, mas ainda não se teve um resultado exato, pois enquanto alguns

usuários podem desenvolver uma síndrome de uso compulsivo, outras pessoas que

consumem maconha diariamente não desenvolvem o vício.

Nos séculos passados, a maconha era utilizada como analgésico,

antidepressivo, antibiótico e sedativo. Atualmente, seus efeitos nocivos permanecem

inconclusivos, por essa razão, muitas pessoas pedem para que ela seja legalizada e

possua uma regulamentação especial, a fim de ser usada como medicamento no

tratamento de algumas doenças, como o câncer e a AIDS (combate as náuseas e

estimula o apetite), no Canadá, por exemplo, seu uso já é permitido para tais fins.

Além disse, tem-se um alto índice de violência relacionado ao tráfico de drogas, fator

que também diminuiria com a legalização da Cannabis no Brasil.

Portanto, o presente trabalho visa esclarecer alguns pontos trazendo

argumentos favoráveis à legalização e regulamentação do uso da maconha no

Brasil, visto que em outros países como a Holanda e o Uruguai este fato já é real.

Também apresenta uma pesquisa por meio de questionário realizada pelas

acadêmicas do grupo e em seguida uma jurisdição envolvendo o caso.

Page 5: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

4

2 CANNABIS SATIVA

Neste capítulo será apresentada a fundamentação a respeito da Cannabis

sativa e também argumentos favoráveis a sua legalização.

2.1 História e seu uso medicinal

A maconha é uma droga derivada da planta Cannabis sativa, “essa planta

tanto macho como fêmea, produz mais de 400 produtos químicos, sendo 61

canabindis, dos quais alguns são psicoativos (psicotrópicos), como THC.” (TIBA,

1998. P, 11).

De acordo com Araujo et al. (2006) e Colares (2007) o nome científico da

maconha é Cannabis sativa lineum, substância esta parecida com o tabaco,

resultante da secagem das fibras da planta. Em latim, Cannabis significa cânhamo,

que denomina o gênero da família da planta, e sativa, que significa plantada ou

semeada, indica a espécie e a natureza do desenvolvimento da planta.

Em épocas antigas a droga não era símbolo de perigo. Segundo Gikovate

(1943, p. 7) “na maioria das vezes a droga era usada como remédio, ou seja, para

diminuir o sofrimento das pessoas.” E com a Cannabis não foi diferente. Era utilizada

para enfermidades e também inebriante em rituais religiosos e festivos.

Segundo Ribeiro (1999, pag. 33 e 34):

Que não conhecia ainda nenhum tratamento tão eficaz para os sintomas de doenças infecciosas como raiva, tétano, e cólera. (...) cujo uso se espalhou pela Europa e Estados Unidos de tal forma que, já nas primeiras décadas do século XX, dezenas de remédios à base de maconha estavam sendo produzidas pelos mais importantes laboratórios farmacêuticos, sendo recomendados pelos médicos para os mais variados problemas, incluindo: enxaqueca, dor de dente, cólicas menstruais, hemorragia menstrual e pós-parto, risco de aborto, úlcera gástrica, indigestão, inflamação crônica, reumatismo, eczema, estímulo do apetite e tratamento de anorexia decorrente de doenças exaustivas, disenteria, insônia, depressão, ansiedade, delirium tremens(crise de abstinência de álcool), epilepsia, convulsões e espasmos causados por tétano e raiva, febre alta, tremor senil, tumores cerebrais, tiques nervosos, neuralgia, vertigem, tosse, formigamento e dormência causados por gota, bócio, palpitação cardíaca, frigidez feminina e impotência sexual.

Page 6: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

5

Após algum tempo é que ela começou a ser utilizada para outros fins,

envolvendo as polêmicas relacionada ao seu uso.

2.2 Dependência química

Apesar dos diversos estudos, não se tem um resultado exato se a

maconha causa ou não a dependência, pois como álcool, a maconha pode ser

usada de modo não permanente por muitas pessoas sem lhes causar dependência

química.

Segundo o Dr. Drauzio Varella numa entrevista:

Embora do ponto de vista científico não esteja claro que a maconha possa provocar dependência química, não existe consenso popular da existência ou não dessa dependência. Muitos defendem tratar-se de uma droga que não vicia e que a dependência é meramente psicológica. Outros asseguram que vicia sim e, por isso, deve ser mantida na ilegalidade. Há os que acreditam não ter cabimento prender um adolescente por estar portando um cigarro de maconha o que no Brasil é considerado crime.

Segundo uma pesquisa da SECRETARIA NACIONAL ANTIDROGAS,

“9% dos jovens já utilizaram a Cannabis...”

O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DO BRASIL (2007) afirma que “...Nunca

houve relato de morte por intoxicação aguda de THC, ou seja, não há dados que

provem a existência da morte de um usuário por overdose de maconha”.

Não apenas a maconha, mas toda droga lícita possui elementos

negativos e positivos.

Fazendo uma comparação da Cannabis sativa com o álcool que é

considerado uma droga lícita, vemos que este que parece ser algo tão normal e

inofensivo em nossa sociedade traz maiores consequências.

Como cita Meloni e Laranjeira (2004):

baixo peso ao nascimento, câncer, depressão e outras desordens psiquiátricas relacionadas ao consumo do álcool, epilepsia, hipertensão arterial, isquemia miocárdica, doença cérebro-vascular, diabetes, acidentes com veículos, quedas, intoxicações.

No livro “Drogas Opção de Perdedor” o autor Gikovate (1943, p.7) faz

uma ressalva intrigante: “estou convencido que o primeiro vicio de todos nós é a

chupeta!” Até que ponto podemos nos deixar pensar dessa forma? A sociedade e

Page 7: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

6

nosso governo tratam a maconha como uma droga com danos gravíssimos e

alegam fazer mal a saúde publica causando dependência, mas o que seria essa

dependência? Será que outras drogas como álcool, cigarros não são piores que a

própria maconha? Como na citação a cima vícios existem em vários contextos e o

autor usou essa frase para impactar.

Pensa-se em dependência, mas não se imagina o mundo sem o consumo

do álcool, por exemplo, no qual possui apenas pontos negativos em relação à saúde

publica e ao bem estar e mesmo assim as pessoas não deixam de consumi-lo. No

caso da maconha os danos não são gigantescos e o usuário ao tentar adquirir a

mercadoria atualmente precisa fazer isso de forma ilegal o que gera a ocorrência de

outros delitos relacionados ao tráfico de drogas, justamente por não haver um

controle e fiscalização dessas negociações.

2.3 Desregulamentação da comercialização da maconha

Ao ser tratado o tema da insustentabilidade jurídica da criminalização das drogas, e ao serem sopesados os custos político, econômico, social, educacional, sanitário e, sobretudo, individual da opção político-criminal proibicionista no campo dos entorpecentes, inúmeros argumentos jurídicos foram levantados no sentido de desconstruir, sob o ponto de vista da principiologia constitucional-penal, as normas punitivas. Foi ressaltado naquele momento que a permanência da lógica bélica e sanitarista nas políticas de drogas no Brasil é fruto da opção por modelos punitivos moralizadores e que sobrepõem a razão de Estado à razão de direito, pois desde a estrutura do direito penal constitucional, o tratamento punitivo do uso de entorpecentes é injustificável. Para tanto, invoca-se o postulado da secularização e os princípios da lesividade, da intimidade e da vida privada como desqualificadores destas normas criminalizadoras. (CARVALHO, 1996, p. 253)

Cabe questionar então quem são os verdadeiros prejudicados pela prática

do tráfico.

Se analisado a venda da droga em si não acarreta em nenhum dano a

população, os jovens, da mesma forma que podem arruinar suas vidas abusando de

drogas ilícitas, podem o fazer usando drogas lícitas.

“[...] estamos diante de uma infração ‘sem vítima’. O ato de portar

entorpecente para uso próprio não lesa a outra pessoa, portanto, é muito discutível a

intervenção penal’’ (GOMES, 2007)

Page 8: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

7

Gilberta Acselrad, pesquisadora do Laboratório de Políticas Públicas da

UERJ, (2011), afirma que:

Proibir o que faz parte da condição humana é uma contradição e agrava o problema porque relega ao abandono os que não conseguem, não podem ou não querem parar de usar drogas; desqualifica o usuário como sujeito de sua história, capaz de se proteger; penaliza a pobreza potencializando vulnerabilidades; deixa ao léu famílias que sofrem, têm vergonha dos seus familiares usuários; permite a circulação de substâncias fora de qualquer controle.

2.4 Fatores a favor da legalização da maconha

Existem vários movimentos a favor da legalização da maconha e dentre

seus fatores defendidos podem-se citar alguns defendidos pelo MLM (Movimento

legalização da maconha):

Não causa dependência química. Pelo contrário, é utilizada em várias

partes do mundo como auxiliar no tratamento da dependência química;

Não é inteiramente inofensiva, mas é muito menos danosa do que

outras substâncias legalizadas, como álcool e tabaco;

Livre comércio da erva, por se tratar de uma planta natural;

Diminuição do tráfico desta droga nas grandes cidades, já que a venda

se tornaria um comércio legal, com pagamentos de impostos/tributos,

que inclusive poderiam ser adicionados a economia do Brasil;

Diminuição da corrupção de policiais, políticos e outras pessoas que se

beneficiam com a ilegalidade cobrando taxas para facilitar a venda da

maconha;

A liberação em outros países mostra que o consumo diminuiu.

Existe diferença entre a legalização e a liberação, legalizar seria liberar

com regulamentação diferente de simplesmente liberar sem impor regras. No Brasil,

comércio da maconha é ilegal. Muitos argumentos são colocados contra e a favor

desta decisão. Existem outros países que após a legalização, obtiveram uma

melhoria na qualidade de vida da sociedade, no entanto, deve-se destacar que para

tal fim, o país tem que ter uma boa organização social.

Page 9: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

8

Países como Holanda e Uruguai já legalizaram a maconha e o que os

levou a essa mudança? Em seu blog uma Jornalista formada na Universidade

Federal da Bahia comenta essa questão, onde defende que o tráfico da maconha

será eliminado. Ela diz que “[...] Ninguém vai precisar mais recorrer ao traficante, à

ilegalidade, ao ser diminuído o tráfico a legalização irá contribuir para reduzir a

violência no país.” (CYNARA MENEZES, 2013)

Page 10: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

9

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para a realização

da pesquisa:

Quanto à forma de abordagem, foi realizada uma pesquisa quantitativa,

que “é o conhecimento de modo quantificável, ou seja, o conhecimento traduzido em

números, opiniões e informações com vistas à análise.” (LUCIANO, 2001, p.12 apud

STEINER, 2011, p.9).

Enquanto ao objetivo, utilizou-se uma pesquisa exploratória. Segundo Gil

(2008), o objetivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com um assunto

ainda pouco conhecido, pouco explorado. Ao final de uma pesquisa exploratória,

você conhecerá mais sobre aquele assunto, e estará apto a construir hipóteses.

Em relação aos procedimentos técnicos, foram utilizadas pesquisa

bibliográfica e de campo. A pesquisa bibliográfica, segundo Martins e Theóphilo

(2009, p. 54):

Trata-se de estratégia de pesquisa necessária para a condução de qualquer pesquisa científica. Uma pesquisa bibliográfica procura explicar e discutir um assunto, tema ou problema com base em referências publicadas em livros, periódicos, revistas, enciclopédias, dicionários, jornais, sites, CDs, anais de congressos etc. Busca conhecer, analisar e explicar contribuições sobre determinado assunto, tema ou problema.

E o levantamento, segundo Gil (2008), é a interrogação direta das

pessoas a fim de que conheçamos os seus comportamentos. Procede-se à

solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema

estudado para, em seguida, através de análise quantitativa, obterem-se as

conclusões correspondentes aos dados coletados.

3.1 População

A população refere-se ao sul do estado de Santa Catarina.

Page 11: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

10

3.2 Amostra

A amostra refere-se a 50 pessoas do âmbito familiar e empresarial das

acadêmicas do grupo.

3.3 Instrumento de coleta de dados

O instrumento de coleta de dado utilizado foi um questionário com seis

perguntas fechadas, sendo duas de identificação.

3.4 Processo de coleta de dados

Os questionários foram entregues a 50 pessoas do âmbito familiar e

empresarial das acadêmicas durante o mês de setembro de 2013.

3.5 Análise e interpretação de dados

As respostas obtidas por meio do questionário foram digitadas e avaliadas

pelo grupo de acordo com as fundamentações teóricas no dia 23 de setembro de

2013.

Page 12: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

11

4 RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através das

respostas dos questionários.

4.1 Gênero

Este questionamento tem como objetivo distinguir a porcentagem de

homens para mulheres que responderam o questionário.

Gráfico 1 - Gênero

58%

42%

Gênero

Feminino Masculino

Fonte: pesquisa

De 50 pessoas entrevistadas, a maioria é composta por mulheres, que

são 29 e 21 são homens, indicando 58% e 42%, respectivamente.

4.2 Idade

Page 13: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

12

Esta pergunta tem como principio conhecer qual a principal faixa etária

das pessoas entrevistadas.

Gráfico 2 - Idade

10%

28%

24%

28%

10%

Idade

14 à 18 anos 18 à 22 anos 22 à 30 anos

30 à 50 anos Acima de 50 anos

Fonte: pesquisa

Percebe-se então que a maioria das pessoas entrevistadas tem de 30 a

50 anos ou de 18 a 22 anos, ambas com 14 pessoas em cada e com porcentagem

igual. O restante é composto por 12 pessoas que relataram ter de 22 a 30 anos

(24%), 5 pessoas entre 14 a 18 anos (10%) e também 5 pessoas acima de 50 anos

(10%). Conclui-se que a faixa etária foi bem ampla, incluindo pessoas de várias

idades.

4.3 Pessoas que já utilizaram Cannabis sativa

Essa pergunta tem como finalidade saber o índice de utilização da

Cannabis pelas pessoas entrevistadas.

Gráfico 3 – Pessoas que já utilizaram Cannabis sativa

Page 14: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

13

26%

74%

Pessoas que já utilizaram Cannabis sativa

Sim Não

Fonte: pesquisa

A maioria dos entrevistados, composta por 37 pessoas (74%) nunca fez

uso da maconha, nem sequer uma vez, e o restante composto por 13 pessoas

(26%) já utilizou a droga, denotando uma diferença satisfatória.

4.4 Qual a frequência do uso

O objetivo desta pergunta é saber por quanto tempo as pessoas que já

utilizaram a droga permaneceram consumindo.

Gráfico 4 – Qual a frequência

Page 15: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

14

22%

4%

74%

Qual a frequência

Apenas uma vez Constante consumo passado

Constante consumo presente Não

Fonte: pesquisa

Dentre 26% das pessoas entrevistadas, percebeu-se nenhuma faz

constante consumo presente, provando que muitas vezes o pensamento das

pessoas de que a maconha causa dependência química pode estar equivocado. A

maioria dos entrevistados provou a droga somente uma vez, sendo 11 pessoas

(22%) e os 4% restantes é composto por duas pessoas que fizeram constante

consumo passado.

4.5 Posição pessoal a cerca da legalização da maconha

Esta pergunta tem como objetivo saber se a maioria dos entrevistados é a

favor ou contra a legalização da cannabis sativa, estando diretamente relacionada

com o objetivo do trabalho.

Gráfico 5 – Posição a cerca da legalização da maconha

Page 16: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

15

52%48%

Posição a cerca da legalização da maconha

A favor Contra

Fonte: pesquisa

Para a nossa felicidade a maioria dos entrevistados responderam que

sim, são a favor da legalização da maconha pelos vários motivos que serão

apresentados no subtitulo a seguir. Porém, houve quase um empate, pois das 50

pessoas entrevistadas 26 são a favor (52%) e 24 são contra (48%), demonstrando a

polêmica que esse tema envolve, como já citado no inicio do trabalho. Algumas

pessoas ao simplesmente ser entregue o questionário falavam ser um absurdo a

legalização da maconha, mas estas, por seus preconceitos, desconheciam os

diversos benefícios que a legalização traria, e depois do preenchimento do

questionário claro, estas pessoas foram esclarecidas de acordo com nossos

argumentos e concordaram que realmente não existe somente o lado ruim.

4.6 Principal benefício que traria a legalização da maconha

Esta pergunta tem como objetivo saber qual o principal benefício que os

entrevistados acreditam que traria a legalização da maconha, dentro vários

existentes.

Gráfico 6 – Principal benefício que traria a legalização da maconha

Page 17: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

16

40%

4%

10%

42%

4%

Principal benefício que traria a legalização da maconha

Nenhum

Redução da superlotação nos presídios

Diminuição do consumo

Diminuição do tráfico

Diminuição da violência

Fonte: pesquisa

O principal benefício que a amostra acreditou que a legalização traria

seria a diminuição do tráfico, foram 21 pessoas que destacaram essa questão

(42%), pois como já explicito no presente trabalho, a legalização da maconha

deveria vir acompanhada com a regulamentação de seus pontos de vendas,

diminuindo então seu comércio ilegal e estipulado faixa etária para a compra, como

no caso do cigarro. Em segundo lugar vem a diminuição do consumo, podendo ser

referente ao fato de que os jovens têm a ideia de que tudo que é proibido é mais

legal, como uma psicologia reversa. Em terceiro, mas não menos importante ficaram

a opção de diminuição da violência e redução da superlotação nos presídios,

decorrentes do comércio ilegal. O restante, que assinalaram a opção “nenhum”

acredita que nenhum benefício iria ter o nosso país, por ser contra a legalização da

maconha.

Page 18: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

17

4.7 Principal malefício que traria a legalização da maconha

Este questionamento tem como objetivo conhecer qual o principal

malefício que a legalização da maconha poderia trazer a sociedade.

Gráfico 7 – Principal malefício que traria a legalização da maconha

38%

26%

10%

18%

8%

Principal malefício que traria a legalização da maconha

Nenhum

Aumento do consumo

Aumento da violência

Dependência química

Aumento do índice de câncer de pulmão

Fonte: pesquisa

38% dos entrevistados, que constituem 19 pessoas acreditam que

nenhum malefício traria a legalização da maconha, por defenderem os argumentos

já citados no decorrer da análise. Portanto, o principal malefício seria o aumento do

consumo, assinalado por 13 pessoas (26%), o que pode ser solucionado com a

regulamentação dos pontos de vendas e estipulação de faixa etária para o consumo.

O segundo item procurado foi a dependência química, o que ainda gera

repercussões grandiosas, sendo mais provável que outras drogas mais pesadas

como a cocaína e craque é levam a dependência química. Os outros pontos também

foram assinalados, sendo a minoria mas não menos importante que é o aumento da

violência e do índice de câncer de pulmão.

Page 19: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

18

6 CONCLUSÃO

O consumo da maconha sempre esteve presente na história da

humanidade, o homem a utiliza há vários anos, tanto para fins medicinais quanto

para lazer, porem, não era vista com tanto perigo como é encarada hoje. A

sociedade a negativou tanto que pode desperceber a sua comparação com o álcool

e o cigarro, estes que são mundialmente os principais causadores de câncer de

pulmão e acidentes de trânsito.É muito comum, ver pais incentivando os filhos a

tomarem seu primeiro gole de bebida alcoólica e sentem repúdio só por tocarem no

assunto que envolva o uso da maconha.

Não se deve fechar os olhos para esse problema social que afeta a

sociedade, que é o uso da maconha em larga escala e o fato de ela ser encontrada

facilmente por qualquer pessoa que se interesse. O seu comércio ilegal alimenta

problemas na sociedade como o tráfico de drogas e a violência, pois os traficantes

perseguem os usuários sem piedade de tirá-los a vida em caso de débito.

Com sua legalização e regulamentação, a Cannabis passaria a ser uma

droga considerada lícita, como o álcool e o cigarro, e o seu comércio agiria de forma

legal, gerando tributos que poderiam ser acrescentados na economia do país. Há

ainda o fato da diminuição do consumo, pelo que muitos acreditam ser a psicologia

reversa, como se “tudo que é proibido é mais divertido” e também pela

regulamentação de faixa etária para comprar e consumir a droga, sendo a idade

mínima 18 anos.

Ou seja, seria apenas deixar de ser crime uma coisa que já existe e que é

comum. Quanto mais existir descriminalização e preconceitos maiores são as

chances de aumentar o trafico e a marginalização. Conclui-se então que a

sociedade ainda possui uma ideia ultrapassada a respeito da maconha e dos

benefícios que traria a sua legalização.

Page 20: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

19

REFERÊNCIAS

ACSELRAD, Gilberta. A construção social do “problema” das drogas. abr. 2011 Disponível em: <http://asaudequetemososusquequeremos.wordpress.com/2011/04/21/a-construcao-social-do-%E2%80%9Cproblema%E2%80%9D-das-drogas-gilberta-acselrad/> Acesso em: 23 set. 2013

BERNARDI, Daniela; PELLEGRINI, Marcelo. Legalizar a maconha seria a solução? Disponível em: <http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2011/06/legalizar-a-maconha-seria-a-solucao/> Acesso em: 23 set. 2013.

BRASIL. 2007. Ministério da Justiça do Brasil. Maconha. Disponível em:<http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/conteudo/index.php?id_conteudo=11294&rastro=INFORMA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+DROGAS%2FTipos+de+drogas/Maconha> Acesso em: 24 set. 2013

CARLINI, Elisaldo Araújo. A história da maconha no Brasil. 2006, vol.55, n.4, 314-317p.

CARVALHO, Salo. A política criminal de drogas no Brasil: do discurso oficial às razões da descriminalização.3. ed. Rio de Janeiro: Luam, 1996.

CARVALHO, Salo. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008

GIKOVATE, Flávio. Drogas: Opção de Perdedor, 9ª ed. São Paulo: Ed. Moderna, 1943. 7p.

GOMES. Luiz Flávio. Lei de drogas comentada artigo por artigo: Lei 11.343/2006, de 23/08/2006. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.

MARTINS, Gilberto de Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 247 p.

MELONI, José Nino; LARANJEIRA, Ronaldo. Custo social e de saúde do consumo do álcool. Rev. Bras. Psiquiatr.,  São Paulo ,  v. 26,  maio  2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000500003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23  set.  2013.

MENEZES, Cynara, Socialista Morena. Disponível em: <http://socialistamorena.cartacapital.com.br/viva-o-uruguai-legalizar-a-maconha-e-bom-para-quem-fuma-e-para-quem-nao-fuma/ >. Acesso em: 22 SET. 2013.

Page 21: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

20

TIBA, Içami. Saiba mais sobre maconha e jovens: um guia para leigos e interessados no assunto, 4ª ed. Ver. Ampl. São Paulo: Ágora, 1998. 11p.

VARELLA, Drauzio. Dependência Química. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/maconha>. Acesso em: 24 SET. 2013.

Page 22: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

21

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

2ª FASE CURSO DE DIREITO – NOTURNO – TURMA 01

DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA GERAL E DO DIREITO

QUESTIONÁRIO SOBRE A LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS SATIVA

Obs.: responda a apenas uma alternativa.

1. Gênero:

( )Feminino ( )Masculino

2. Idade

( )14 à 18 anos ( )18 à 22 anos ( )22 à 30 anos ( )30 à 50 anos ( )acima de 50 anos

3. Você já fez uso cannabis sativa (maconha)?

( )Sim ( )Não

4. Se sim, com que frequência?

( )Apenas uma vez ( )Constante consumo passado ( )Constante consumo presente

5. Você é a favor ou contra a legalização e regulamentação da maconha?

( )A favor ( )Contra

6. Qual o principal benefício você acredita que traria a legalização da cannabis?

( )Nenhum ( )Redução da superlotação nos presídios ( )Diminuição do consumo

( )Diminuição do tráfico ( )Diminuição da violência

7. Qual o principal malefício você acredita que traria a legalização da cannabis?

( )Nenhum ( )Aumento do consumo ( )Aumento da violência ( )Dependência química

( )Aumento do índice de câncer de pulmão

Page 23: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

22

ANEXO A – JURISDIÇÃO A CERCA DO TEMA

Apelação Cível n. 2013.000089-7, da Capital

Relator: Des. Fernando Carioni

APELAÇÃO CÍVEL. SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA. REGISTRO DE ESTATUTO SOCIAL. ASSOCIAÇÃO CIVIL DE DIREITO PRIVADO CUJO OBJETIVO PRINCIPAL É INSTAURAR DEBATE SOBRE A DESCRIMINALIZAÇÃO DO USO DA CANNABIS SATIVA LINNAEUS. ALEGADA ILICITUDE DO OBJETO PELO REPRESENTANTE DO PARQUET. APOLOGIA AO CRIME (ART. 287 DO CÓDIGO PENAL). DEFESA DA LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS QUE NÃO TIPIFICA O CRIME. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO CONFORME A CONSTITUIÇÃO. JULGAMENTO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. LICITUDE VERIFICADA. REGISTRO AUTORIZADO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

À luz do decidido pela Suprema Corte, o artigo 287 do

Código Penal deve ser interpretado "de forma a excluir qualquer

exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da

legalização das drogas, ou de qualquer substância

entorpendente específica, inclusive através de manifestações e

eventos públicos" (STF, ADPF n. 187/DF, rel. Ministro Celso de

Mello, Tribunal Pleno, j. em 15-6-2011).

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n.

2013.000089-7, da comarca da Capital (Vara de Sucessões e Reg Pub da Capital),

em que é apelante Ministério Público do Estado de Santa Catarina, e apelado

Cartório do Registro Civil Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas da Capital:

A Terceira Câmara de Direito Civil decidiu, por votação unânime,

negar provimento ao recurso. Custas legais.

Participaram do julgamento, realizado no dia 19 de fevereiro de 2013,

os Exmos. Srs. Des. Marcus Tulio Sartorato e Maria do Rocio Luz Santa Ritta.

Funcionou como representante do Ministério Público o Exmo. Sr. Dr. Francisco José

Fabiano.

Florianópolis, 1º de março de 2013.

Fernando Carioni

PRESIDENTE E RELATOR

Page 24: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

23

RELATÓRIO

A Oficial do Cartório de Registro Civil, Títulos e Documentos e Pessoas

Jurídicas da Capital, Iolé Luz Faria, apresentou suscitação de dúvida, na qual relatou

que o Instituto da Cannabis (InCa), associação civil de direito privado, pretende

registrar seu estatuto social perante o 1º Ofício do Registro de Títulos e Documentos

e Pessoas Jurídicas.

Afirmou que o objeto principal do instituto, dentre outros, é instaurar o

debate aberto acerca da descriminalização do uso da cannabis. Acrescentou que o

objeto social descrito, em si, não é ilícito, contudo a formalização de um instituto com

a finalidade específica de laborar em prol da permissão de uso de droga, mesmo

que de forma recreativa ou medicinal, pode dar causa a atos ilegais.

Mencionou, ainda, que a sigla escolhida pelo instituto é a mesma do

Instituto Nacional do Câncer (INCA), o que poderá causar constrangimentos ao

INCA original.

Por essas razões, requereu o recebimento da suscitação de dúvida,

sobrestando os registros desde já, para que ao final se esclareça a dúvida apontada,

com a manifestação sobre a legalidade do registro requerido.

Instado, o Ministério Público, por seu Promotor, Dr. Henrique Limongi,

sob o fundamento de que a associação que pretende o registro se dedica à apologia

de crime (art. 287 do Código Penal), opinou pela procedência da dúvida, com

remessa de cópia do processado a uma das Promotorias Criminais da comarca da

Capital (fls. 18-19).

Após, sobreveio sentença, na qual o Magistrado a quo Dr. Alexandre

Morais da Rosa julgou parcialmente procedente a suscitação de dúvida para

autorizar o registro do Instituto, mediante exclusivamente a modificação de sua sigla

(fls. 20-22).

Inconformado, o Ministério Público, por seu representante, interpôs

recurso de apelação.

Lavrou parecer pela douta Procuradoria-Geral de Justiça o Exmo. Sr.

Dr. Mário Gemin, que reiterou o pedido de conhecimento e provimento do recurso (fl.

43).

Este é o relatório.

Page 25: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

24

VOTO

Cinge-se a controvérsia sobre a possibilidade de registro, perante o 1º

Ofício do Registro de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas da comarca da

Capital, do estatuto social da associação civil de direito privado intitulada de Instituto

Cannabis – InCa.

O objetivo principal da referida associação vem declarado no art. 2º,

inc. V, de seu instrumento de constituição, vejamos:

Art. 2º [...]

V – ser um instrumento de expressão, em âmbito regional ou nacional, na

forma da lei, das contribuições e propostas, opiniões e alternativas frente ao desafio

da descriminalização da cannabis, como expressão do direito à livre manifestação

do pensamento, o livre desenvolvimento da pessoa humana e a liberdade

individual.

Consta, ainda, no parágrafo único do mencionado artigo que, para

cumprir seus objetivos, o InCa poderá, entre outras iniciativas:

a) promover oficinas, seminários, encontros, foros de debates e grupos de

trabalho, para o aprofundamento do tema;

b) produzir publicar, editar, distribuir e divulgar mensagens, seja por meio de

camisetas, informativos, livros, revistas, vídeos, filmes, programas de radiofusão e

televisivos, entre outros;

c) atuar judicial ou extrajudicialmente na defesa de quaisquer direitos difusos,

coletivos e individuais homogêneos, relacionados à finalidade e aos objetivos da

associação;

d) promover estudos e pesquisas sobre os temas correlatos com suas

diversas atividades.

Sabe-se que a Constituição Federal assegura, em seu art. 5º, inc. XVII,

a liberdade de associação para fins lícitos, bem como determina que a criação de

associações independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu

funcionamento (art. 5º, XVIII).

O "direito de associação é o direito público subjetivo que permite a

coligação voluntária de algumas ou várias pessoas físicas, por longo tempo, com o

propósito de alcançar objetivos lícitos, sob direção unificante" (Uadi Lammêgo Bulos.

Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 593).

Como visto, a liberdade de associação está condicionada à licitude de

seu objeto, pelo que, na presente hipótese, cumpre examinar o objeto apresentado

Page 26: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

25

pelo Instituto da Cannabis, diante do ordenamento vigente.

A esse respeito, defende o ilustre representante do Ministério Público,

ora apelante, que a mencionada associação se dedicaria à apologia de crime,

infração penal prevista no art. 287 do Código Penal, verbis:

Art. 287. Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de

crime:

Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.

Ocorre que, recentemente, o Supremo Tribunal Federal apreciou a

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 187/DF, com o intuito de

dar interpretação conforme a Constituição, com efeito vinculante, ao art. 287 do

Código Penal, "de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a

criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância

entorpendente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos"

(ADPF 187/DF, Relator Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, j. em 15-6-2011).

Como bem advertido pelo ilustre Ministro Relator o "processo de

controle de constitucionalidade não tem por objetivo discutir eventuais propriedades

terapêuticas ou supostas virtudes medicinais ou, ainda, possíveis efeitos benéficos

resultantes da utilização de drogas ou de qualquer substâncias entorpecentes

específica, mas, ao contrário, busca-se, na presente causa, proteção a duas

liberdades individuais, de caráter fundamental: de um lado, a liberdade de reunião e,

de outro, o direito à livre manifestação do pensamento, em cujo núcleo acham-se

compreendidos os direitos de petição, de crítica, de protesto, de discordância e de

livre circulação de idéias".

A partir desses pressupostos, decidiu o insigne Ministro Celso de Mello,

em voto acompanhado por unanimidade de seus pares:

Em suma, Senhor Presidente: a liberdade de expressão, considerada em seu

mais abrangente significado, traduz, ela própria, o fundamento que nos permite

formular ideias e transmiti-las com o intuito de promover a reflexão em torno de

temas que podem revelar-se impregnados de elevado interesse social.

As idéias, Senhor Presidente, podem ser fecundas, libertadoras, subversivas

ou transformadoras, provocando mudanças, superando imobilismos e rompendo

paradigmas até então estabelecidos nas formações sociais.

É por isso que se impõe construir espaços de liberdade, em tudo compatíveis

com o sentido democrático que anima nossas instituições políticas, jurídicas e

sociais, para que o pensamento não seja reprimido e, o que se mostra fundamental,

Page 27: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

26

para que as ideias possam florescer, sem indevidas restrições, em um ambiente de

plena tolerância, que, longe de sufocar opiniões divergentes, legitime a instauração

do dissenso e viabilize, pelo conteúdo argumentativo do discurso fundado em

convicções divergentes, a concretização de um dos valores essenciais à

configuração do Estado democrático de direito: o respeito ao pluralismo político.

A livre circulação de idéias, portanto, representa um signo inerente às

formações democráticas que convivem com a diversidade, vale dizer, com

pensamentos antagônicos que se contrapõem, em permanente movimento

dialético, a padrões, convicções e opiniões que exprimem, em dado momento

histórico-cultural, o “mainstream”, ou seja, a corrente dominante em determinada

sociedade.

É por isso que a defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas,

longe de significar um ilícito penal, supostamente caracterizador do delito de

apologia de fato criminoso, representa, na realidade, a prática legítima do direito à

livre manifestação do pensamento, propiciada pelo exercício do direito de reunião,

sendo irrelevante, para efeito da proteção constitucional de tais prerrogativas

jurídicas, a maior ou a menor receptividade social da proposta submetida, por seus

autores e adeptos, ao exame e consideração da própria coletividade.

Decidiu, ainda, o Supremo Tribunal Federal:

ACÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE

“INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO” DO § 2º DO ART. 33 DA LEI

Nº 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS CONDUTAS DE “INDUZIR, INSTIGAR

OU AUXILIAR ALGUÉM AO USO INDEVIDO DE DROGA”.

[...]

A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 como fundamento para a

proibição judicial de eventos públicos de defesa da legalização ou da

descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito fundamental de

reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º da Carta Magna.

Regular exercício das liberdades constitucionais de manifestação de pensamento e

expressão, em sentido lato, além do direito de acesso à informação (incisos IV, IX e

XIV do art. 5º da Constituição Republicana, respectivamente).

Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode blindar-se contra a discussão do

seu próprio conteúdo. Nem mesmo a Constituição está a salvo da ampla, livre e

aberta discussão dos seus defeitos e das suas virtudes, desde que sejam

obedecidas as condicionantes ao direito constitucional de reunião, tal como a prévia

comunicação às autoridades competentes.

Impossibilidade de restrição ao direito fundamental de reunião que não se

Page 28: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

27

contenha nas duas situações excepcionais que a própria Constituição prevê: o

estado de defesa e o estado de sítio (art. 136, § 1º, inciso I, alínea “a”, e art. 139,

inciso IV).

Ação direta julgada procedente para dar ao § 2º do art. 33 da Lei 11.343/2006

“interpretação conforme à Constituição” e dele excluir qualquer significado que

enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca da

descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância que

leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado, das suas

faculdades psicofísicas (ADI 4274, Relator Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno, j.

em 23-11-2011) (sublinhei).

Assim, conclui-se, como bem assentou a Suprema Corte, que a mera

proposta ou discussão acerca de descriminalização do uso de drogas, aí incluída a

maconha, não se confunde com o ato de incitação à prática do delito, nem com o de

apologia ao crime, razão pela qual não pode ser considerado ilícito o objeto da

associação civil que se destina a instaurar o debate acerca da descriminalização do

uso da Cannabis Sativa Linnaeus.

Salienta-se, por oportuno, as razões do Excelentíssimo Juiz de primeiro

grau, Dr. Alexandre Morais da Rosa, que, com propriedade, enfatizou: "Longe,

portanto, de qualquer crime de apologia, o debate proposto é democrático, bastando

ver o objeto e finalidades do Instituto (artigo 2º, do Estatuto). Reafirmo que o

Estatuto proposto indica a finalidade de buscar a Liberdade de Manifestação.

Somente. Eventuais atos criminosos praticados pessoalmente ou pela pessoa

jurídica demandam apuração posterior, não se podendo falar em vedação de

registro. Isso porque não se pode punir uma conduta que não ocorreu, baseando-se

apenas na possibilidade de que ocorra" (fl. 21).

Por essas razões, entende-se como plenamente viável o registro do

Instituto da Cannabis.

Por fim, urge salientar que, com o presente julgamento, não se almeja

discutir ou defender a legalização do uso de qualquer substância entorpencente,

tampouco questionar os incontestáveis malefícios que o uso da maconha causa aos

indivíduos, tão bem descritos pelo ilustre representante do Parquet. Mas, tão

somente, examinar a licitude do objeto da associação que pretende oficializar seu

registro à luz do entendimento proclamado pelo Supremo Tribunal Federal.

Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso para o fim de manter

intacta a sentença de primeiro grau que julgou parcialmente procedente a suscitação

Page 29: Argumentos favoráveis à legalização da maconha

28

de dúvida para autorizar o registro do Instituto, mediante exclusivamente a

modificação de sua sigla.

Este é o voto.