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  • O homem-memria brasileiro, recordista latino-americano de memorizao

    Alberto Dell'Isola

    Treinamento Prtico em

    LeituraDinmica

    Coleo Mentes

    Brilhantes

    Volume 1

    So Paulo2010

    C

    M

    Y

    CM

    MY

    CY

    CMY

    K

    rosto.pdf 5/4/2010 17:22:39rosto.pdf 5/4/2010 17:22:39

  • Universo dos Livros Editora Ltda.Rua Haddock Lobo, 347 12 andarCerqueira Csar CEP: 01414-001Telefone: (11) 3217-2600 Fax: (11) 3217-2616www.universodoslivros.com.bre-mail: [email protected]

    2010 by Universo dos LivrosTodos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorizao prvia por escrito da editora, poder ser reproduzida ou trans-mitida sejam quais forem os meios empregados: eletrnicos, mecnicos, fotogrcos, gravao ou quais-quer outros.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Diretor EditorialLuis Matos

    Coordenao EditorialRenata Miyagusku

    Assistncia EditorialCarolina EvangelistaNoele RossiTalita Gnidarchichi

    Preparao dos OriginaisFernanda Batista dos Santos

    RevisoMarlia FerroLetcia Vendrame

    ArteFabiana PedrozoStephanie Lin

    CapaMarcos Mazzei

    IlustraoLucas Ed

    D357l DellIsolla, Alberto. Treinamento Prtico em Leitura Dinmica / Alberto DellIsolla. 2a ed. So Paulo : Universo dos Livros, 2010. 144 p.

    ISBN 978-85-7930-104-9

    1. Leitura Dinmica. 2. Memorizao. I. Ttulo.

    CDD 418.43

  • A Ben Pridmore, campeo mundial de memria em 2004, pelos conselhos e incentivo.

    A Dominic OBrien, oito vezes campeo mundial de memria, pelas dicas dadas no Mundial de Memria

    de 2007.

    A Dra. Ana Alvarez, pelo apoio constante em minha carreira.

    A Dra. Carmen Flores, professora e pesquisadora da UFMG, por incentivar minha iniciao cientca.

    A Dr. Lair Ribeiro, grande nome da PNL no Brasil, pelos conselhos e incentivo ao lanamento deste

    livro.

    A Edmo Magalhes por ter gentilmente cedido um dos mapas mentais contido no livro.

    A Eduardo Costa, companheiro da MAD Equipe Brasileira de Memria pelas incontveis discusses sobre

    sistemas mnemnicos e sua aplicao.

    A Srgio Monteiro, chairman do grupo Uptime Consultants, por acreditar em meus projetos e apoiar os campeonatos de memria.

    Ao Sistema Carrier de Ensino de Belo Horizonte pelo suporte no comeo de tudo.

    A Valdins Rodrigues pela imensa ajuda no incio da minha jornada.

    Agrade

    cimen

    to

    Dedicado aos meus pais, minha irm e Valria, meu grande amor e responsvel por todas as minhas lembranas mais doces.

  • MAD MEMRIA, ARTE E DESPORTO

    Com o objetivo de trocar informaes sobre sistemas e tcnicas de memria foi criado o grupo MAD

    (Memria, Arte e Desporto).

    Estamos recrutando mentatletas (atletas da mente) para integrar nossa equipe. Se voc capaz de me-

    morizar um baralho em menos de cinco minutos ou 100 dgitos em menos de trs minutos, entre em contato

    conosco pelo site: http://www.supermemoria.com.br.Para contratar palestras, treinamentos ou cursos com o autor, envie um e-mail para albertodellisola@gmail.

    com ou entre em contato pelo telefone (31) 3226-3967.

  • Sumrio

    Introduo .....................? 7

    Captulo 1 Um referencial inicial ...........................................................................................11

    Captulo 2 O que leitura dinmica? ...............................................................................15

    Captulo 3 Etapas da leitura .....................................................................................................19

    Captulo 4 Motivao ......................................................................................................................21

    Captulo 5 Reconhecimento .......................................................................................................25

    Captulo 6 Skimming .......................................................................................................................43

    Captulo 7 Fluncia ..........................................................................................................................51

    Captulo 8 O regulador de leitura ........................................................................................61

    Captulo 9 Seu treinamento .......................................................................................................71

    Captulo 10 Consideraes finais ..........................................................................................91

    Bibliografia ..................? 93

  • Meus lhos tero computadores, sim, mas antes tero livros. Sem livros, sem leitura, os nossos lhos sero incapazes de escrever inclusive a sua prpria histria.

    Bill Gates

    Introd

    uo

    Este livro surgiu ao ouvir alguns comentrios

    de colegas que zeram cursos de leitura dinmica

    e sentiram sua motivao esvair completamente nas

    semanas seguintes ao curso. Para que ler dinamica-

    mente se eu entenderei menos?, Leitura dinmica

    bobagem, no serve para um advogado que precisa

    ler pginas e pginas de material muito complexo,

    por exemplo. Ao conversar com essas pessoas, per-

    cebi que elas haviam se submetido a treinamentos

    de leitura dinmica totalmente incompatveis com

    a rotina de um concurseiro, rodeado por livros e

    apostilas de contedos complexos o bastante para

    no serem lidos na velocidade que os cursos de leitu-

    ra dinmica prometiam.

    Assim, este livro no o tornar apenas um leitor

    mais rpido, mas tambm aumentar sua capacida-

    de de compreenso. Ao nal de seu treinamento,

    voc ser como um maratonista, capaz de denir

    a velocidade de leitura de acordo com o terreno em

    que voc correr. No entanto, tenho certeza de que,

    aps o curso, sua velocidade mais baixa de leitura

    certamente ser bem acima da velocidade que voc

    utiliza para ler hoje.

    OLHE PARA A BOLAO tnis est entre meus esportes favoritos. Se

    voc joga tnis, provavelmente seu tcnico j lhe

    disse milhares de vezes que voc deveria olhar bem

    para a bola antes de rebat-la. No entanto, isso

    sicamente impossvel! Durante uma partida de t-

    nis, a velocidade da bola sempre ultrapassa a veloci-

    dade de nosso pensamento consciente em ao menos

    meio segundo. Esse atraso em nosso pensamento

    acontece porque a imagem capturada pela retina

    leva um dcimo de segundo para chegar ao nosso

    crebro e outros 400 milissegundos para que con-

    sigamos formar uma percepo consciente da bola.

    Se os jogadores de tnis realmente olhassem para a

    bola, esta atingiria a quadra antes mesmo que eles

    pudessem mover suas raquetes.

    Outra situao em que nosso crebro mostra seu

    poder durante uma de nossas mais triviais ativi-

    dades: atravessar a rua. Voc j parou para pensar

    sobre como atravessar a rua algo complexo? Antes

    de atravessar a rua, voc calcula em frao de se-

    gundos:

    a velocidade instantnea de cada carro;

    a identicao do tipo de movimento de cada

    carro (uniforme, acelerado ou retardado);

    a distncia at o outro lado da rua;

    o tempo disponvel para atravessar a rua;

    a velocidade que voc deve utilizar para conse-

    guir atravessar a rua sem ser atingido.

    Aps realizar todos esses clculos, ns somos ca-

    pazes de atravessar com segurana.

    Ainda que atingir uma bola de tnis ou atravessar

    a rua sejam feitos realmente incrveis, eles so apenas

    exemplos das tarefas fantsticas que nosso crebro

    capaz de realizar.

    Na Grcia Antiga, os gregos cavam to impres-

    sionados com os poderes da mente humana que os

    atribuam a uma entidade separada do ser humano:

    os daemons. Os daemons eram espritos enviados

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    por Zeus para auxiliar as pessoas, dando conselhos

    ou at mesmo agindo em benefcio dos homens.

    At o ultrarracionalista Scrates dizia que ele no

    teria sido capaz de vencer a guerra entre Atenas e

    Esparta se no fosse com a ajuda de seu daemon. Os romanos costumavam chamar esses espritos sbios

    de genii (gnio). Assim, os povos da antiguidade atribuam toda a sua sabedoria e inspirao exis-

    tncia desses espritos.

    No entanto, essa viso no to distante da rea-

    lidade. O matemtico John von Neumann uma vez

    calculou que o crebro humano poderia armazenar

    um nmero acima de 280 quintilhes 280.000

    .000.000.000.000.000 de bits de memria. Es-

    tima-se que nosso crebro tenha 1012 neurnios e

    que o nmero das possveis combinaes entre eles

    (sinapses) seja maior que o nmero de partculas do

    universo.

    Em contrapartida, ainda que tenhamos um ver-

    dadeiro computador em nossas cabeas, muitos de

    ns temos diculdade em realizar multiplicaes

    envolvendo nmeros de apenas dois dgitos sem uti-

    lizar a calculadora ou at mesmo de nos lembrarmos

    do nmero do prprio celular. Dado o desleixo in-

    telectual de nossa gerao, acabamos contemplando

    a gnios como Einstein ou Leonardo Da Vinci da

    mesma maneira que os povos antigos: como se fos-

    sem seres dotados de poderes sobrenaturais.

    PERFORMANCE E POTENCIALConforme visto at agora, seu crebro tem um

    potencial incrvel. No entanto, grande parte das

    pessoas muito ctica em relao a todo esse poten-

    cial, alegando que se o crebro fosse to poderoso,

    por que somente poucas pessoas realmente mostra-

    riam esse potencial?

    Tony Buzan, criador dos mapas mentais e dos

    campeonatos de memria, fez uma pesquisa em

    que os sujeitos deveriam responder a cada uma das

    perguntas a seguir. Abaixo de cada pergunta est a

    resposta encontrada em mais de 95% de todos os

    relatos de participantes da experincia.

    Na escola, j lhe ensinaram alguma coisa so-

    bre o crebro, suas funes e a maneira como

    ele compreende novas informaes, memoriza,

    pensa etc?

    No.

    Voc j aprendeu alguma coisa sobre como a

    memria funciona?

    No.

    Voc aprendeu alguma coisa sobre mnemotc-

    nica?

    No.

    Voc aprendeu alguma coisa sobre como os

    olhos funcionam e como utilizar esse conheci-

    mento em seu benefcio?

    No.

    Voc aprendeu alguma coisa sobre a natureza

    da concentrao e maneiras para exercit-la?

    No.

    Voc aprendeu a importncia de utilizar pala-

    vras-chave em suas anotaes?

    No.

    Voc aprendeu algo sobre criatividade?

    No.

    De acordo com as respostas listadas anterior-

    mente, creio que no deva existir mais qualquer d-

    vida sobre o motivo pelo qual o potencial de nossos

    crebros no corresponde performance alcanada

    pela maioria das pessoas.

    OS GNIOSDe acordo com a psicologia, gnios so pessoas

    que produzem uma obra de valor inestimvel, ca-

  • Intro

    du

    o

    9

    paz de mudar os paradigmas da humanidade. Mas,

    o que tornaria um gnio to diferente de ns? Se-

    riam eles mais inteligentes? A psicologia entende a

    inteligncia como uma capacidade muito geral que

    permite raciocinar, planejar, resolver problemas,

    pensar de maneira abstrata, compreender ideias

    complexas e aprender (FLORES-MENDOZA,

    COLOM, 2006). claro que existem pessoas mais

    inteligentes do que outras pessoas agraciadas pela

    loteria que a gentica promove a cada nascimento.

    Tambm inegvel que uma inteligncia alta pre-

    ditora de um grande sucesso pessoal e acadmico.

    No entanto, seria a inteligncia a nica explicao

    para certas pessoas serem to fantsticas em seus

    campos de atuao? Voc certamente discordaria

    disso se olhasse o boletim escolar ou o histrico

    prossional de alguns dos grandes cientistas de

    nosso passado.

    Raramente um grande cientista se destacava

    na infncia. Muitos deles eram rotulados como

    lentos, incapazes ou at mesmo estpidos. O

    renomado matemtico Henri Poincar foi julgado

    como imbecil aps se submeter ao teste de QI

    de Binet. Thomas Edison, inventor da lmpada e

    de outras 1.903 invenes, foi considerado lento

    na escola.

    Albert Einstein, dislxico, tambm mostrava

    problemas de aprendizagem na infncia, sendo

    considerado muito lento ao ser comparado aos seus

    irmos. Ele tinha tanta diculdade com o uso da

    linguagem que sua famlia temeu que ele nunca

    aprendesse a falar. Assim, devido a sua diculdade

    com o uso da linguagem, seu professor de grego

    uma vez lhe disse que ele nunca seria capaz de ser

    algum na vida. No entanto, aos 26 anos de idade,

    Einstein surpreendeu a comunidade cientca ao

    publicar, no vero de 1905, a teoria da relativida-

    de. Dezesseis anos mais tarde, Einstein ganhou o

    prmio Nobel devido descoberta do efeito foto-

    eltrico, tornando-se no apenas uma celebridade

    internacional, mas tambm sinnimo de intelign-

    cia e dedicao.

    GNIOS EM LABORATRIO A maioria das pessoas entende que os gnios so

    frutos da gentica e no do esforo. No entanto, na

    dcada de 1980, Marian Diamond, uma neuroana-

    tomista da Universidade da Califrnia, em Berke-

    ley, anunciou uma descoberta fantstica e capaz de

    revolucionar todos os paradigmas da poca acerca

    de aprendizagem e dos gnios.

    Em um de seus famosos experimentos, Diamond

    colocou ratos em um ambiente superestimulante,

    cheio de escadas, esteiras e outros brinquedos de

    todos os tipos. Um outro grupo de ratos cou con-

    nado em jaulas comuns. Aqueles ratos que viveram

    em um ambiente mais estimulante, alm de viverem

    por trs anos (o equivalente a 90 anos para os seres

    humanos), tambm tiveram seus crebros aumen-

    tados em seu tamanho. Esse aumento foi devido s

    novas conexes criadas entre os diversos neurnios

    dos crebros desses animais. Em contrapartida, os

    ratos que viveram nas jaulas comuns morreram mais

    jovens e tiverem menos conexes celulares em seus

    crebros.

    Desde a descoberta do neurnio, a genialidade

    sempre foi associada ao nmero de neurnios que

    cada indivduo possua. No entanto, no ano de

    1911, Santiago Ramon e Cajal, pai da neuroanato-

    mia, descobriu que, ao contrrio do que se imagina-

    va, o nmero de conexes entre neurnios (sinap-

    ses) eram os verdadeiros preditores da genialidade.

    O experimento de Diamond, citado antes, mostrava

    que, ao menos em ratos, era possvel criar gnios em

    laboratrios, atravs de exerccios mentais.

    Ser que esses princpios se aplicariam s pessoas?

    Era o que Diamond queria descobrir. Ela obteve di-

    versos cortes do crebro de Einstein e os examinou.

    Conforme suas expectativas, Diamond encontrou

    um nmero maior de clulas gliais no lobo parietal

    esquerdo do crebro de Einstein. As clulas da glia,

    geralmente chamadas neurglia ou simplesmente

    glia (grego para cola), so clulas no neuronais do

    sistema nervoso central que proporcionam suporte e

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    nutrio aos neurnios. Geralmente arredondadas,

    no crebro humano as clulas da glia so cerca de

    dez vezes mais numerosas que os neurnios. Alm

    disso, essas clulas tambm ajudam na transferncia

    de sinais eletroqumicos entre neurnios. Diamond

    j esperava encontrar uma alta concentrao dessas

    clulas no crebro de Einstein, visto que ela tambm

    encontrou uma alta concentrao dessas clulas nos

    crebros de seus ratos gnios. A presena dessas

    clulas no crebro de Einstein sugeriria que um pro-

    cesso de enriquecimento similar ocorreu durante a

    vida do famoso fsico.

    Ao contrrio dos neurnios, que se reproduzem

    pouqussimo ao longo de nossa vida, clulas gliais,

    axnios e dendritos podem aumentar em nmero,

    de acordo com a maneira com que ns usamos nosso

    crebro. O trabalho de Diamond sugere que, quan-

    to mais aprendemos, mais conexes so criadas.

    PARA QUE PENSAR?Para voc ter uma ideia, antes da inveno do pri-

    meiro alfabeto linear (por volta de 1700 a.C., pelos

    fencios) todo o processo de transferncia de infor-

    mao era basicamente oral e, para tanto, esses povos

    precisaram desenvolver tcnicas ecazes de memori-

    zao de forma a assegurar sua unidade poltica, social

    e religiosa.

    Assim, os povos antigos foram as mentes mais

    brilhantes que j surgiram no planeta. Atualmente,

    existem diversas facilidades que cobem nosso desen-

    volvimento intelectual. H uns dias, perguntei a um

    amigo qual era o seu novo nmero de telefone celular.

    Em vez de me responder, ele disse: s um minuto.

    Em seguida, consultou a agenda de seu celular, onde

    havia cadastrado um telefone com o nome de meu

    nmero. claro que, por eu ser um campeo de me-

    mria, o fato rendeu boas risadas em nossa roda de

    amigos. No entanto, esse fato nos exemplica clara-

    mente como nossa sociedade est pensando cada vez

    menos. Ainda que estejamos na era da informao, os

    seres humanos esto pensando cada vez menos.

    Uma vez, em uma palestra, ao mostrar minha

    indignao perante essa preguia mental que pare-

    ce contaminar nossa sociedade, um senhor me fez

    a seguinte pergunta: Mas, se eu posso anotar tudo

    no meu celular, para que iria me dar ao trabalho de

    guardar na cabea meus compromissos ou nme-

    ros de telefone? Ao contrrio do que se pode ima-

    ginar, eu no pretendo voltar para a antiguidade.

    Eu realmente gosto das invenes da atualidade,

    como o computador e o celular. Desse modo, o que

    proponho no o m aos modernos equipamentos

    eletrnicos. Pelo contrrio, se no fossem os avan-

    os tecnolgicos eu dicilmente poderia me co-

    municar com Dominic OBrien ou Ben Pridmore,

    campees mundiais de memria, para discutirmos

    sobre a criao de novas tcnicas para vencer os

    campeonatos de memria ou para quebrar a banca

    nos cassinos! O grande problema est no uso da

    tecnologia como muleta e no como ferramenta

    para o desenvolvimento humano. Quando come-

    amos a utilizar essas muletas tecnolgicas de ma-

    neira cada vez mais sistemtica, nos tornamos cada

    vez menos capazes de pensar, nos tornando presas

    fceis para as diversas doenas degenerativas, como

    Alzheimer e Parkinson.

    Assim, espero que nosso curso no o torne ape-

    nas capaz de passar nas provas ou nos concursos

    que voc deseja, mas tambm torne sua vida mental

    cada vez mais saudvel.

  • Um referencial inicial A leitura engrandece a alma.

    Voltaire

    Cap

    tulo 1

    Em qualquer processo de aprendizagem, im-

    portante que se tenha um referencial inicial. Sem ele

    no possvel denir nossas metas dirias de apren-

    dizagem e avaliar nosso desempenho.

    Para avaliar seu referencial inicial e seu progresso

    ao longo das semanas de seu treinamento, usaremos

    alguns parmetros:

    PCL: Palavras Contidas na Linha. Esse par-

    metro se refere mdia da quantidade de pala-

    vras existentes por cada linha do seu texto. Para

    calcul-lo, voc inicialmente contar a quanti-

    dade de palavras existentes em trs linhas de seu

    texto. Entende-se por palavra no apenas os

    substantivos, mas qualquer elemento que apa-

    rea na linha, incluindo artigos, preposies ou

    at mesmo pronomes. Aps somar a quantidade

    de palavras existentes nas trs linhas, voc ir

    calcular a mdia de palavras por linha. Assim,

    dividir o nmero de palavras encontradas nas

    trs linhas pelo nmero trs. Esse ser o seu

    PCL.

    PCT: Palavras Contidas no Texto. Para cal-

    cul-lo, basta multiplicar o nmero de linhas

    encontradas no texto (ou a mdia de linhas, se

    o texto for muito extenso) pelo nmero de Pala-

    vras Contidas na Linha (PCL). Assim, se o texto

    contm cerca de 11 palavras por linha, e contm

    uma mdia de 76 linhas, o seu PCT ser 836

    palavras.

    PLM: Palavras Lidas por Minuto. Para calcu-

    l-lo, voc dividir o nmero de Palavras Conti-

    das no Texto (PCT) pelo tempo necessrio para

    l-las. Assim, se o texto tiver 590 palavras e voc

    tiver despendido 2,5 minutos (2 minutos e 30

    segundos), seu PLM ser 590/2,5, que ser 236

    palavras lidas por minuto.

    PC: Percentual de Compreenso do Texto. Ao

    nal deste livro, voc encontrar uma srie de

    textos especialmente projetados para calcular sua

    velocidade de leitura e compreenso. Aps cada

    um desses textos, voc encontrar um questio-

    nrio com algumas perguntas, capazes de avaliar

    seu nvel de compreenso em cada texto. O PC

    ser calculado a partir da porcentagem de acer-

    tos obtidos no teste. Assim, se voc tiver acerta-

    do cinco dentre sete questes, seu PC ser de:

    5 = 0,70 = 70%.

    7

    PCM: Palavras Compreendidas por Minuto.

    Esse parmetro o nmero de palavras que voc

    capaz de compreender em cada um minuto de

    leitura. Para calcul-lo, basta seguir a seguinte

    frmula:

    PCM = PLM x PC

    100

    Para car mais claro, vamos a um exemplo. Supo-

    nha que voc obteve 236 para PLM e 70% para PC.

    Logo, seu PCM ser calculado da seguinte maneira:

    PCM = 236 x 70 = 165,2

    100

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    Resultado: 165,2 palavras compreendidas por

    minuto.

    Para avaliar seu referencial inicial, escolhi um

    texto para que voc leia e, posteriormente, responda

    s perguntas referentes a ele. A nica recomendao

    de leitura que farei a seguinte: no acelere sua lei-

    tura. Se voc ler mais rpido do que l normalmen-

    te, voc no ser capaz de estabelecer um referencial

    inicial de leitura realmente dedigno em relao

    sua condio inicial.

    No se preocupe se voc obtiver notas baixas

    no teste de leitura ou de compreenso. Lembre-se

    de que este livro destinado pessoas que querem

    melhorar suas habilidades de leitura. Desse modo,

    notas baixas no so apenas comuns, mas tambm

    esperadas.

    Assim, faa sua leitura da maneira como voc

    l normalmente, sem aumentar a velocidade, sem

    se preocupar em reter todos os detalhes do texto e

    sem se preocupar com o resultado. Coloque um cro-

    nmetro ao seu lado e faa voc mesmo a medio

    de seu tempo uma terceira pessoa marcando seu

    tempo certamente vai atrapalhar seu desempenho.

    Respire fundo e comece agora.

    Inicie o cronmetro agora.

    Aougues Linharenses apre-sentam diferena de preos de at 32%

    Franklin Cirino

    O preo das carnes de maior consumo do-

    mstico apresenta variaes em Linhares.

    A diferena de preo entre os 11 aougues

    pesquisados pela reportagem de O Pioneiro

    chega a 15,94% para o quilo do acm e a

    32% para o quilo de frango. H aougues

    que vendem o acm a R$ 8,00 e outros que

    comercializam a carne a R$ 6,90. Quanto

    ao frango, que outrora foi smbolo do Plano

    Real e vendido a 99 centavos em 1994, os

    preos variaram entre R$ 3,75 e R$ 4,95.

    Para a domstica Cristiane da Cruz, de

    32 anos, a diferena no to signicati-

    va. Deveriam vender mais barato ainda.

    De um tempo pra c os preos aumenta-

    ram muito. Arivaldo Costa, montador

    de andaimes, de 36 anos, discorda com

    Cristiane sobre a variedade de preos.

    Se eu economizar dez centavos, j est

    bom. Qualquer quantia menor vlida.

    Adriano Peroba Taquetti, proprietrio de

    um dos aougues pesquisados, disse que

    os preos no so iguais em todos os esta-

    belecimentos porque os comerciantes de-

    pendem dos frigorcos que os abastecem

    para fazerem seus preos. Em Linhares

    h inmeros fornecedores que repassam o

    produto a custos diversos, por isso o preo

    nal destoa tanto. Ele aponta o aumento

    do valor da arroba de boi no mercado como

    responsvel pela inao da mercadoria.

    Arivaldo aconselha s pessoas que pesqui-

    sem mais e que pechinchem. Peguem este

    jornal, mostrem ao dono do aougue que

    vende mais caro e pechinchem.

    (Jornal O Pioneiro, Linhares, E.S.,

    27/07/2008)

    Pare o cronmetro agora!

  • Um re

    fere

    ncia

    l ini

    cial

    13

    Agora, sem retornar ao texto, tente responder as

    seguintes questes:

    1. Quanto variao do quilo do acm na cidade de Linhares, conforme apresentado no texto, podemos dizer que:

    a) O preo varia de R$ 8,00 a R$ 3,90 o quilo.

    b) O preo varia de R$ 8,00 a R$ 6,90 o quilo.

    c) O preo varia de R$ 8,00 a R$ 5,90 o quilo.

    d) O preo varia de R$ 8,00 a R$ 4,95 o quilo.

    2. No ano de 1994, o quilo do frango chegou a ser

    vendido a que preo?

    a) R$ 2,99.

    b) R$ 1,99.

    c) R$ 0,99.

    d) R$ 1,19.

    3. Qual a prosso de Arivaldo Costa, de 36 anos,

    um dos entrevistados?

    a) Servente de pedreiro.

    b) Proprietrio de aougue.

    c) Jornalista.

    d) Montador de andaimes.

    4. Segundo Adriano Peroba Taquetti, um dos en-

    trevistados, qual o fator responsvel pela inao da

    mercadoria?

    a) O aumento do valor da arroba de boi no

    mercado.

    b) O aumento no consumo de carnes pelos

    brasileiros.

    c) A escassez do gado de corte na indstria

    agropecuria.

    d) Os problemas surgidos aps o Plano Real que

    culminaram em prejuzos ao setor alimentcio.

    5. Quantos aougues foram pesquisados em Li-

    nhares?

    a) Dez.

    b) Onze.

    c) Doze.

    d) Treze.

    6. Qual o nome do autor do texto?

    a) Franklin Macedo.

    b) Rick Gonalves.

    c) Franklin Cirino.

    d) Rick Campos.

    7. A porcentagem mxima que varia os preos das

    carnes nos aougues Linharenses, conforme informado

    no ttulo do texto de:

    a) 22%.

    b) 32%.

    c) 42%.

    d) 52%.

    Respostas

    1. b.

    2. c.

    3. d.

    4. a.

    5. b.

    6. c.

    7. b.

    Nmero total de palavras

    Tempo de leitura

    PLM

    PC

    PCM

    253

    Tabela 1.1.

    VELOCIDADES DE LEITURAAps calcular o seu PLM atual, marque um X

    na velocidade em que voc se encontra atualmente

    e outro X na velocidade a que voc quer alcanar ao

    nal de seu treinamento.

  • Trei

    nam

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    ra D

    inm

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    14

    Tabela 1.2.

    Velocidade em Palavras Lidas por Minuto(PLM/plm)

    1 100 plm

    100 200 plm

    200 a 250 plm

    250 a 350 plm

    350 a 500 plm

    500 a 800 plm

    800 a 1000 plm

    1000 a 4000 plm

    Comentrios sobre a velocidade

    Provavelmente voc acabou de ser alfabetizado ou pos-sui muito pouco contato com a leitura. Voc acha difcil compreender o que l.

    Baixa velocidade de leitura para adultos. a velocida-de mdia de leitura para crianas de 6 a 12 anos. Baixa compreenso.

    Velocidade mdia de leitura dos adultos. Geralmente ga-rante cerca de 50% de compreenso do material lido.

    Velocidade de leitura levemente acima da mdia. a ve-locidade de leitura encontrada em grande parte dos uni-versitrios. Voc geralmente compreende mais da meta-de do que l.

    Excelente velocidade de leitura. Voc gosta de ler e pos-sui taxa de compreenso relativamente alta.

    a velocidade de leitura encontrada em acionados por li-vros. possvel alcanar a essa velocidade sem treinamen-tos especcos. Compreenso acima de 75% do material.

    Incrvel velocidade de leitura. Sua compreenso prxi-ma do mximo. Provavelmente fez algum treinamento de leitura dinmica e pratica exerccios com frequncia.

    Velocidade de campees mundiais de leitura dinmica. Se voc consegue obter essas velocidades com alta compreen-so, certamente deve comear a competir em campeona-tos desse tipo.

    Atual Objetivo

  • O que leitura dinmica?

    Qual Ioga, qual nada! A melhor ginstica respiratria que existe a leitura, em voz alta, dos Lusadas.Mrio Quintana

    Cap

    tulo 2

    Por que ler mais rpido?

    Atualmente, existem no mercado diversos cursos

    de leitura dinmica, com mtodos que variam entre

    livros, CDs, programas de computador e at mesmo

    verdadeiras mquinas para leitura. Alguns desses pro-

    gramas alegam ensin-lo a ler com velocidades que

    variam entre 2.000 a 25.000 palavras por minuto.

    Atualmente, s conhecemos uma pessoa capaz de

    ler a essas velocidades e com alta compreenso: Kim

    Peek. Ao contrrio do que voc possa imaginar, Kim

    jamais frequentou qualquer um desses cursos de lei-

    tura dinmica. Na verdade, Kim nasceu em 1951,

    com uma cabea bem maior do que o normal, em

    cuja parte posterior havia uma encefalocele (uma

    bolha, do tamanho de uma bola de beisebol), que

    desapareceu. Havia tambm outras anormalidades,

    incluindo uma deformao do cerebelo, responsveis

    por suas grandes diculdades motoras. No entanto, a

    mais notvel era a ausncia do corpo caloso, a grande

    placa de tecido nervoso que normalmente interliga os

    hemisfrios cerebrais. Os cientistas no sabem ao cer-

    to, mas essa combinao de anomalias tornou seu c-

    rebro capaz de desenvolver uma habilidade de leitura

    e memorizao realmente impressionantes.

    Kim capaz de ler duas pginas ao mesmo tem-

    po, cada uma com um olho. Ele capaz de evocar

    com preciso qualquer trecho dos mais de 7.600 li-

    vros que j leu desde os trs anos de idade. A maioria

    desses livros, ele leu apenas uma vez. Infelizmen-

    te, apesar de Kim ser continuamente estudado por

    cientistas do mundo inteiro, incluindo cientistas da

    NASA, ningum sabe ao certo como ele consegue

    executar essas proezas. Desse modo, assim como

    ningum sabe como Kim consegue ler e memorizar

    to facilmente, ningum capaz de ensinar essas ha-

    bilidades a outras pessoas.

    O design de nossos olhos e sistema nervoso de-

    ne alguns limites fsicos para a leitura dinmica.

    Ao contrrio do que voc possa imaginar, nossos

    olhos no mexem suavemente sobre cada linha de

    palavras. Caso queira vericar essa propriedade de

    nossos olhos, preste ateno aos olhos de algum

    que est lendo algum material. Durante a leitura,

    nossos olhos fazem pequenos saltos, ou xaes.

    O nmero mximo de xaes fsicas que o olho

    pode fazer de 300 por minuto. Em leitores din-

    micos (ecientes), a distncia entre cada xao de

    aproximadamente uma polegada. Isso signica que

    eles conseguem ver e registrar, aproximadamente

    trs palavras por xao.

    Essa a principal razo pela qual srios especia-

    listas costumam estimar que a maior velocidade de

    leitura possvel, com total compreenso e sem pular

    palavras, de 900 palavras por minuto. Muitas ve-

    zes, para aumentar nossa familiaridade com o ma-

    terial a ser lido, fazemos uma pr-leitura chamada

    skimming. Durante o skimming, simplesmente cor-

    remos os olhos pelo texto em busca de termos ou

    tpicos importantes. No entanto, ainda que voc

    tenha excelentes habilidades em fazer esse tipo de

    leitura, ela nunca ser capaz de substituir a leitura

    propriamente dita.

    Assim, sugiro que voc trate com certo ceticis-

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    mo qualquer curso de leitura dinmica que anuncia

    velocidades de leitura acima de mil palavras por mi-

    nuto com total compreenso.

    Se voc acredita j ter uma boa velocidade de

    leitura, isso talvez acontea porque voc tenha o

    hbito de saltar palavras durante sua leitura,

    ainda que inconscientemente. Voc talvez des-

    cubra que sua velocidade de leitura abaixo da

    mdia e passe a saltar palavras para melhorar sua

    velocidade de leitura. Esse hbito de saltar pala-

    vras geralmente diminui a compreenso. Nos ca-

    ptulos seguintes, voc aprender tcnicas que lhe

    permitiro aumentar sua velocidade de leitura sem

    prejudicar o seu entendimento.

    Provavelmente, voc j foi abordado por pessoas

    que alegavam que, para ler dinamicamente, voc pre-

    cisaria comprar mquinas, programas especializados

    ou participar de treinamentos carssimos. Isso no

    verdade. Cada um desses recursos traz algumas falhas,

    devendo ser utilizados apenas como complementos

    para o seu treinamento. Por exemplo, frequentemente

    esses mtodos de leitura foram uma velocidade xa

    (ritmo) de leitura. Conforme voc aprender neste

    livro, voc precisa variar

    o seu ritmo de leitura

    enquanto l. Outros sis-

    temas no so capazes de

    simular no computador

    as diculdades encontra-

    das durante a leitura de

    material impresso alvo

    principal de nossas leitu-

    ras. As tcnicas que sero

    ensinadas neste livro so to ecientes, ou talvez mais

    ecientes, que qualquer uma dessas ferramentas que

    voc possa adquirir. Tenho desenvolvido alguns estu-

    dos sobre linguagem e leitura na UFMG e jamais vi

    qualquer artigo que armasse que essa parafernlia

    seja mais eciente que as simples tcnicas que lhes

    ensinarei neste livro.

    Algumas pessoas lhe diro que realmente

    possvel ler em velocidades entre 2.000 e 25.000

    palavras por minuto. Elas tentaro lhe conven-

    cer utilizando algumas frases feitas como voc

    desconhece o seu verdadeiro potencial, para

    nosso crebro, nada impossvel ou voc est

    criando barreiras para seu desenvolvimento.

    Essas pessoas provavelmente esto lhe tentando

    vender algum sistema que no qualquer cien-

    tista que realmente entende. Assim, faro algu-

    ma proposta entre R$ 2.000 e R$ 15.000 para

    que voc aprenda como esses fantsticos sistemas

    funcionam. Esses sistemas realmente funcionam:

    para os seus vendedores e seus criadores, que re-

    cebem milhares de dlares anualmente pelos seus

    livros e cursos. No entanto, engraado que esses

    mesmos empresrios no invistam nem um d-

    lar em pesquisas cientcas que possam abalizar

    seus mtodos. Se voc zer uma pesquisa minu-

    ciosa em portais cientcos como Sciencedirect

    ou Scielo, ver que no existe qualquer meno a essas tcnicas maravilhosas de leitura.

    Segue abaixo a tabela com os resultados do lti-

    mo campeonato de leitura dinmica, realizado em

    2003 na Inglaterra.

    Posio

    123

    Nome

    Anne L. JonesAndrew HaveryHenry Hopking

    Palavras Com-preendidas por Minuto (PCM)

    1285623610

    Taxa decompreenso

    56,30%56,30%45,80%

    Palavras Lidas por Minuto (PLM)

    228411081330

    Adivinhe qual o mtodo que Anne Jones ensina

    para seus alunos? As mesmas tcnicas que sero en-

    sinadas neste livro. Se esses sistemas de leitura aci-

    ma de 20.000 palavras por minuto funcionam, por

    que nunca vemos resultados mais altos que esses nos

    campeonatos de leitura dinmica?

    Tabela 2.1

  • O qu

    e

    leitu

    ra d

    inm

    ica?

    17

    Mitos sobre leitura dinmica

    Antes de iniciarmos nosso treinamento, im-

    portante que alguns mitos sobre leitura dinmica

    sejam derrubados:

    Se eu ler mais rpido, minha compreenso

    vai diminuir. Isso no necessariamente verda-

    de. Leitores muito lentos geralmente sobrecarre-

    gam a nossa memria operacional, no sobrando

    espao para o entendimento. Voc pode aumen-

    tar a sua velocidade de leitura, sem pular pala-

    vras e ainda assim aumentar sua compreenso.

    Preciso ler o livro inteiro. Falso! Livros so

    uma maneira de capturar e transferir informa-

    es, conhecimento e ideias de um autor para

    o leitor. No entanto, muitas vezes nos interes-

    samos apenas por alguns tpicos ou passagens

    abordados no livro. Alm disso, a inteno do

    autor ao escrever o livro no necessariamente a

    mesma que a sua para l-lo. Tenha isso em mente

    e faa uma verdadeira caa ao tesouro, buscan-

    do apenas aquilo que realmente ser compatvel

    com seus objetivos. Se voc no estiver encon-

    trando alguma informao que valha seu precio-

    so tempo, tenha coragem de saltar pargrafos,

    captulos ou at mesmo livros inteiros.

    J tenho uma boa velocidade de leitura. No

    vejo motivo para melhorar minha velocida-

    de de leitura. Essa armao tambm, quase

    sempre, equivocada. Pesquisas mostram que os

    ganhos alcanados com o treinamento do globo

    ocular so permanentes. Ainda que voc seja um

    bom leitor, sua velocidade de leitura certamente

    pode melhorar.

    Histria da leitura dinmica

    Os primeiros cursos de leitura dinmica surgi-

    ram no incio do sculo XX, perodo em que houve

    uma verdadeira exploso editorial, e que a cada dia

    apareciam mais e mais livros sobre diversos assun-

    tos. A leitura tradicional, carregada de vcios como

    vocalizao e subvocalizao, no era mais adequada

    para a quantidade de material a ser lido. A maioria

    desses cursos pioneiros de leitura dinmica surgira

    de uma fonte completamente inesperada: a Fora

    Area norte-americana.

    Naquela poca, alguns tcnicos tticos observa-

    ram que, durante o voo, um certo nmero de pilo-

    tos estava tendo diculdades em distinguir os avies

    aliados e inimigos, durante o combate. Essa inabi-

    lidade trazia tanta desvantagem para os Estados

    Unidos que psiclogos e pedagogos da Fora Area

    norte-americana comearam a investigar possveis

    solues para esses problemas. Aps bastante pes-

    quisa, esses estudiosos desenvolveram uma mquina

    chamada taquitoscpio. O taquitoscpio uma m-

    quina bem simples, capaz de projetar diversas ima-

    gens em uma tela, uma aps a outra, com intervalos

    de tempo bem denidos.

    Para estudar a capacidade de identicao das ae-

    ronaves, os cientistas projetaram na tela diversas fo-

    tos de aeronaves aliadas e inimigas. Inicialmente, as

    imagens eram projetadas com intervalos de tempo

    bem grandes. No entanto, gradativamente, eles iam

    diminuindo o tamanho das imagens e o tempo de ex-

    posio. Aps um tempo de treinamento, os cientis-

    tas descobriram que qualquer indivduo era capaz de

    identicar em no mximo 15 centsimos de segundo

    e com altssima preciso at as mais minsculas fotos

    de aeronaves inimigas e aliadas.

    Essas descobertas sobre as possibilidades de per-

    cepo visual levaram os cientistas a criarem estudos

    anlogos, envolvendo a leitura. Usando o mesmo trei-

    namento e equipamento, eles inicialmente projetaram

    na tela uma apenas uma palavra, que cou exposta

    por cinco segundos. Aps esses cinco segundos, essa

    palavra foi substituda por uma palavra um pouco

    menor, que foi exposta por um tempo ainda menor.

    Gradativamente, os cientistas foram aumentando

    o nmero de palavras e diminuindo seu tamanho e

    tempo de exposio. Os cientistas descobriram que o

    ser humano era capaz de identicar at mesmo quatro

    palavras simultaneamente, em um tempo de exposi-

    o de apenas 15 centsimos de segundo.

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    Essa descoberta levou a criao de diversos cur-

    sos de leitura dinmica. Como esses cursos eram

    baseados no treinamento da Fora Area, todos uti-

    lizavam o taquitoscpio em seu treinamento.

    Esses cursos geralmente ofereciam ao aluno um

    grco onde eram anotados seus progressos. No eixo

    das ordenadas, encontrvamos uma escala de eci-

    ncia de leitura, graduada de 100 a 400 palavras por

    minuto. A maioria das pessoas, inicialmente com

    uma velocidade de 200 palavras por minuto, eram

    capazes de atingir at mesmo 400 palavras por mi-

    nuto, com o treinamento adequado. Infelizmente, foi

    constatada uma grande insatisfao dos estudantes,

    semanas aps o treinamento. Muitos dos estudantes

    que se submeteram a esse treinamento, em um curto

    espao de tempo, voltaram a ter suas antigas veloci-

    dades de leitura.

    Anos mais tarde, pesquisadores descobriram que

    o leitor mediano capaz de ler de 200 a 400 pala-

    vras por minuto, sem qualquer esforo ou treina-

    mento especial. Desse modo, foi constatado que esse

    aumento vericado aps esse treinamento no tinha

    nenhuma relao com o uso do taquitoscpio. Na

    verdade, esse aumento foi decorrente da motivao

    que os alunos tinham por estar participando de um

    treinamento de leitura.

    Foi apenas no nal dos anos 50 que seria de-

    senvolvido um mtodo realmente prtico de leitura

    dinmica. Evelyn Wood, professora e pesquisadora,

    passou a investigar o motivo pelo qual algumas pes-

    soas, naturalmente, liam bem mais rpido do que

    as outras. Desse modo, ela passou a buscar tcnicas

    que a possibilitassem ler mais rpido. No entanto,

    os relatos dos leitores dinmicos naturais no eram

    muito teis: grande parte deles no sabia como eram

    capazes de ler to rpido.

    Um dia, enquanto limpava alguns livros, ela

    percebeu que o movimento de suas mos sobre o

    livro chamou a ateno de seus olhos, permitindo

    que eles percorressem com mais suavidade por toda

    a pgina. Assim, ela passou a utilizar uma das mos

    como um guia para a leitura dinmica. Estava cria-

    do o Mtodo Wood de leitura. Evelyn tambm foi

    a responsvel pela criao do termo speed reading, termo utilizado nos pases de lngua inglesa para se

    referirem a leitura dinmica.

  • Etapas da leitura Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro.

    Henry Thoreau

    Cap

    tulo 3

    Pense por alguns instantes o que voc acha que

    a leitura, e escreva logo abaixo a sua denio.

    Geralmente as pessoas costumam denir leitura

    como entendimento das ideias do autor ou a as-

    similao de informaes impressas. No entanto,

    essas denies so apenas parte da verdadeira de-

    nio do que leitura.

    O modelo de dupla rota

    Atualmente, existem diversos pressupostos teri-

    cos que buscam compreender os processos mentais

    envolvidos tanto na pronncia quanto na compre-

    enso de palavras isoladas e sentenas.

    O modelo de dupla rota o pressuposto teri-

    co mais estudado. Segundo esse processo, a leitura

    acontece por dois caminhos, ou rotas: a rota fono-

    lgica e a rota lexical. A rota fonolgica se carac-

    teriza pela decodicao segmentada das palavras,

    por meio da converso grafema-fonema (letra-som).

    Para que haja compreenso, a mediao fonolgi-

    ca fundamental, e o signicado resgatado pela

    fala interna. Se usar apenas essa rota, o leitor pode

    no compreender o que est escrito pelo fato de no

    acessar o contedo semntico.

    J a rota lexical permite o reconhecimento da

    palavra como um todo, no sendo necessria a con-

    verso grafema-fonema, uma vez que a representa-

    o ortogrca das palavras estaria armazenada no

    input ortogrco. Nesse caso, o reconhecimento or-togrco direto, e o acesso ao contedo semntico

    ocorre sem mediao fonolgica, tornando a leitura

    mais rpida e ecaz. Se usar apenas essa rota, o leitor

    pode no ser capaz de ler palavras novas ou de baixa

    frequncia de ocorrncia na lngua. (NIKAEDO,

    KURIYAMA, MACEDO, 2007).

    Leitores competentes, dinmicos ou no, fazem

    uso das duas rotas. Desse modo, ao visualizar uma

    palavra muito corriqueira como casa ou escola,

    o leitor competente no faz qualquer silabao. Ele

    simplesmente identica visualmente essas palavras.

    No entanto, quando esse mesmo leitor visualiza

    uma palavra estrangeira como business, diet, ou uma palavra de baixa frequncia em nosso idioma como

    dilatrio ou at mesmo pseudopalavras (palavras

    que no existem) como calona ou pemota, ele

    faz uso da rota fonolgica para poder l-las. Assim,

    palavras de alta frequncia so ecientemente reco-

    nhecidas e lidas via rota lexical, enquanto para lei-

    tura de palavras novas, pseudopalavras ou palavras

    de baixa frequncia, necessria a converso dos

    grafemas em seus fonemas correspondentes, sendo

    utilizada a rota fonolgica.

    Independente da rota utilizada (fonolgica ou

    lexical), a leitura pode ser denida como um pro-

    cesso de assimilao de informaes impressas, que

    se constitui dos seguintes passos:

    1. Motivao: processo que leva o leitor a querer

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    ler o texto. Grande parte dos problemas de leitu-

    ra se concentra nessa etapa.

    2. Reconhecimento: essa etapa se refere ao

    conhecimento prvio que o leitor tem sobre os

    smbolos e palavras a serem lidas. Essa etapa an-

    tecede o processo fsico da leitura.

    3. Assimilao: um processo fsico no qual os

    olhos captam a luz reetida pelas palavras, en-

    viando esses dados ao crebro, atravs do nervo

    ptico.

    4. Intraintegrao: o equivalente a uma leitu-

    ra bsica, na qual o leitor integra todas as infor-

    maes contidas no texto.

    5. Extraintegrao: essa etapa inclui a anlise,

    crtica, apreciao, seleo e rejeio. o pro-

    cesso no qual o leitor integra as informaes

    contidas no texto a todo conhecimento prvio

    do leitor, sendo capaz de interpret-lo de ma-

    neira crtica.

    6. Reteno: processo bsico de armazenamen-

    to de informaes.

    7. Evocao: a habilidade em extrair as infor-

    maes armazenadas no processo de reteno.

    8. Comunicao: o uso que feito das infor-

    maes armazenadas. Pensar criticamente.

    Pense por alguns instantes sobre seus problemas

    pessoais durante o processo de leitura e escreva-os

    a seguir:

    Observe que, certamente, eles se encontram em

    uma das etapas citadas anteriormente. Ao longo de

    nosso curso, iremos eliminar todas essas diculdades.

  • Motivao A leitura uma fonte inesgotvel de prazer mas por incrvel que parea, a quase totalidade, no sente esta sede.

    Carlos Drummond de Andrade

    Cap

    tulo 4

    Por que muitas pessoas de-testam ler?

    Conforme dito no captulo anterior, a motivao

    a primeira etapa para o processo de leitura. O gran-

    de problema da maioria dos concurseiros e estu-

    dantes se encontra justamente nessa primeira etapa.

    Geralmente, quando pequenos, no temos qualquer

    incentivo para criarmos gosto pela leitura. Pelo con-

    trrio, em toda nossa vida escolar, a leitura sempre

    parte do repertrio de ferramentas utilizadas para nos

    punir. No fez o dever de casa? Ento leia os Cap-

    tulos 1 e 2 e faa um resumo. Por favor, leiam o

    livro X at a prxima semana, para fazerem a prova.

    Em nossa vida escolar, so poucos os momentos em

    que realmente existe alguma atividade que envolva a

    leitura de maneira ldica e divertida. Desse modo, os

    estudantes que realmente gostam de ler adquiriram

    esse hbito apesar da escola e no por causa dela.

    Assim, muitos de ns carregamos, por toda a vida,

    averso leitura. No entanto, possvel adquirir o h-

    bito de leitura aps a escola? Como fazer isso?

    Escolha dos livros

    Se voc faz parte do grupo de alunos que detesta

    ler, no se envergonhe. A culpa certamente no

    sua. No entanto, cabe a voc inverter essa situao.

    A escolha adequada do livro um importante passo

    para adquirir-se o hbito de leitura. Quais os temas

    que lhe interessam? Suspense? Autoajuda? Fico?

    No importa! Escolha um livro que lhe dar prazer em ler. bvio que interessante criar o hbito de ler obras como Machado de Assis ou Kant. No en-tanto, insistir na leitura dessas obras antes de se criar o hbito de leitura pode no ser to produtivo, caso no surja um interesse do prprio leitor em l-las.

    J ouviu falar do bruxinho Harry Potter? Esse pequeno bruxo, criado pela escritora J. K. Rowling um dos maiores sucessos bibliogrcos de todos os tempos. Uma vez, vi professores criticando a leitura das aventuras de Harry Potter. Diziam que era uma leitura vazia e supercial. No entanto, Harry Potter foi capaz de causar uma verdadeira revoluo no h-bito de leitura das crianas, levando crianas de seis ou sete anos de idade a lerem livros com mais de 500 pginas! Tornei-me f do pequeno bruxo quando vi um garoto de 10 anos lendo o livro Harry Potter e a Cmara Secreta em ingls! vidos em saber o que aconteceria com o heri, as crianas no conseguiam esperar para a leitura da obra traduzida, sendo ca-pazes de l-la em ingls! O interesse em conhecer a saga do pequeno bruxo foi o suciente para in-centivar no apenas o hbito de leitura nas crianas, mas at mesmo o interesse no aprendizado de um novo idioma. Aps a leitura de todos os sete livros da saga do pequeno bruxo, as crianas comearam a sentir falta de acompanharem de perto as aventuras de algum heri. Desse modo, passaram a ler outros livros, adquirindo o hbito de leitura.

    Assim, creio que a escolha de um tema que lhe interesse o primeiro passo para a aquisio do h-bito de leitura. Gosta de suspense? Qual o problema

    em gostar de Stephen King ou de Sidney Sheldom?

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    Gosta de policiais? Oras, ento escolha Arthur Co-

    nan Doyle, criador de Sherlock Holmes ou Agatha

    Christie, criadora do detetive Poirot. O importante

    comear a gostar daquilo que se l. Posteriormen-

    te, deve-se trabalhar no aumento da qualidade do

    material a ser lido, escolhendo clssicos da literatura

    brasileira e internacional.

    Motivo de leitura

    Todas as aes que voc realiza, em todos mo-mentos do dia, so motivadas algo o impele a faz-las. H uma razo, uma necessidade, um desejo; o que quer que seja, pode ser denido por um motivo. Eu odeio lavar loua ou qualquer atividade que se baseie na desleal luta entre o sa-bo e a gordura. Interessante que muita gente realmente adora lavar loua. Existem pessoas que no podem ver uma leiteira suja que logo partem para a cozinha para lav-la. Por que ser que exis-te essa diferena to grande de opinies? Ser que a loua das pessoas que gostam de lavar loua so mais atraentes e menos nojentas que a minha?

    Certamente no. O que acontece que as pessoas

    que gostam de arrumar a cozinha no veem apenas

    uma pia suja. Elas veem uma pia que vai car limpa.

    O principal motivo de leitura algo chamado resulta-

    do. Ainda que o processo para chegar em nosso obje-

    tivo demande algumas atitudes que no gostaramos

    de fazer (deixar de sair com os amigos, estudar mais,

    comer menos...), o resultado que desejamos alcan-

    ar que deve guiar nossas aes. William Douglas,

    juiz federal e palestrante, diz que, nos seus tempos

    de estudo, ele usava um xerox do contracheque de

    um amigo defensor pblico: sempre que comeava a

    hesitar, olhava o contracheque e lembrava o quanto

    desejava ter um com seu nome. Ns no devemos

    fazer apenas o que gostamos, mas devemos gostar do

    que fazemos. Assim, se voc no gosta de qualquer

    atividade importante, crie um motivo que o incen-

    tive a fazer com prazer o que voc detesta. Se voc

    acha chata alguma matria da escola ou faculdade,

    lembre-se de que seu futuro depende daquilo.

    Sejam quais forem seus objetivos em sua vida,

    importante que voc escolha um motivo que funcio-

    ne como o motor de sua ao transformadora. Desse

    modo, o motivo para a leitura dinmica essencial

    para iniciarmos nosso treinamento. Esse motivo de

    leitura ser o responsvel por acabar com a averso

    leitura ou at mesmo a preguia que pode estar

    parasitando sua vida acadmica. Neste momento,

    talvez seja difcil encontrar seus verdadeiros motivos

    de leitura. Aqui esto algumas perguntas que po-

    dem lhe auxiliar nessa tarefa:

    Quando se olha no espelho, voc est satisfeito

    com o que v?

    Voc est satisfeito com os rumos que sua vida

    tem tomado?

    Voc o verdadeiro protagonista de sua vida

    ou um mero coadjuvante?

    Se o mundo acabasse hoje, o que voc faria?

    De todas essas perguntas, creio que a ltima seja

    a mais importante. Sinceramente, se voc mudaria

    completamente sua vida frente ao m do mundo,

    voc no feliz. Por que esperar o m dos tempos

    para realmente comear a viver sua vida? Quais so

    seus maiores sonhos? Atualmente, voc v alguma

    perspectiva de realmente alcan-los? Se vivemos

  • Mot

    iva

    o

    23

    para poder realizar nossos sonhos, qual o motivo

    para continuar vivendo, se nunca poderemos reali-

    z-los?

    Bem, sinto que agora conseguimos alcanar seus

    sonhos mais distantes. Desse modo, creio que agora

    voc est pronto para responder a seguinte pergunta:

    Quais os motivos que voc tem para comear a ler

    mais rpido e melhor?

    Liste a seguir alguns motivos para melhorar sua

    velocidade e compreenso na leitura:

    Metas de estudo bem definidas

    A denio de metas de estudo primordial.

    Diversas experincias j demonstraram que mui-

    to mais fcil executar tarefas quando temos alguma

    meta ou objetivo bem denidos. Desse modo, quan-

    to mais prximos estamos desse objetivo ou modo,

    mais rapidamente executamos nossa tarefa. Joyce

    Brothers, famosa psicloga dos anos 1950, costuma-

    va dizer que uma meta bem denida se parece com

    um im: quanto mais perto o m se encontra de um

    pedao de metal, mais forte ser a atrao. Qualquer

    que seja a tarefa que voc deseja fazer, voc trabalha-

    r de maneira mais eciente e ecaz conforme for

    se aproximando do nal da tarefa. Ou seja, quanto

    mais prximo do nal da tarefa, mais rpido voc

    trabalhar e estar sujeito a menos erros.

    Uma experincia realizada sobre esse assunto

    teve como objeto de estudo um grupo de fazendei-

    ros em um campo de trigo. Nesse grupo, todos eram

    igualmente capacitados para manejar uma foice e

    ceifar o trigo de maneira adequada. Dividiram-se

    os fazendeiros em dois grupos, cada qual trabalhan-

    do em um lado oposto do campo de trigo. Os dois

    lados do campo de trigo eram idnticos na forma e

    rea, diferenciando-se apenas na existncia de ban-

    deiras vermelhas de dez em dez metros, ao lado de

    um dos campos.

    Os dois grupos comearam a ceifar o trigo no

    mesmo instante e velocidade. No entanto, vericou-

    se que o grupo que trabalhava no lado do campo mar-

    cado por bandeiras trabalhava muito mais depressa.

    Alm disso, quanto mais perto estavam de uma das

    bandeiras, maior era a rapidez e ecincia do servio.

    Para vericar a dedignidade dos dados obtidos,

    a experincia foi repetida no dia seguinte inverten-

    do-se os dois grupos. Dessa vez o segundo grupo,

    agora trabalhando no lado que continha as bandei-

    ras, saiu-se bem melhor do que o primeiro.

    Assim, vericou-se o poder que as metas tm

    sobre os indivduos durante a execuo de uma ta-

    refa. Isso acontece porque sentimos certa exaltao

    ao percebermos que estamos nos aproximando de

    nossa meta. Desse modo, passamos a trabalhar de

    maneira ainda mais eciente em direo meta de-

    nida inicialmente.

    Essa motivao no curso de aproximao de

    nossas metas j foi observada experimentalmente

    em ratos treinados a percorrer um labirinto em bus-

    ca da sada. Esses ratos eram capazes de eliminar

    mais rapidamente as passagens sem sada no m do

    labirinto que as passagens perto da entrada. Des-

    se modo, ao atravessarem o labirinto, os ratos an-

    dam cada vez mais depressa, medida que vo se

    aproximando da sada. Esse aumento de velocidade,

    devido proximidade da meta, conhecido como

    gradiente de meta.

    Um exemplo comum de como opera esse gra-

    diente de meta ocorre nas las para shows de algu-

    ma banda conhecida. Dependendo da popularida-

    de da banda, o pblico costuma chegar bem mais

    cedo que o horrio de incio do espetculo. Todos

    esperam calmamente, at se aproximar a hora do

    incio do show. Quando a hora do show comear

    se aproxima, as pessoas comeam a se comprimir

    perto da entrada embora saibam que no vo po-

    der entrar naquele momento. Isso um exemplo

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    do gradiente de meta funcionando, enquanto o

    alvo se aproxima.

    Uma boa maneira de eliminar a procrastina-

    o fragmentar suas metas em objetivos meno-

    res. Desse modo, no veja todas as suas obriga-

    es como apenas um grande projeto. Fragmente

    seus objetivos, projetos ou tarefas em partes pe-

    quenas. Estabelea um prazo (data e hora) para

    cada parte.

    Como utilizar o gradiente de metas para a leitura?

    Se voc deseja criar o bom hbito da leitura,

    importante que voc crie metas bem denidas di-

    rias de leitura.

    Exemplos de metas bem denidas dirias:

    ler 30 pginas do livro diariamente; ler dois captulos do livro por dia;

    ler o livro at a pgina 100 hoje.

    Perceba que, durante sua sesso de leitura, ao se

    aproximar de cada uma dessas metas, sua ecincia

    apenas aumentar mais uma vez o gradiente de

    meta estar funcionando a seu favor. No entanto,

    preciso que voc seja bem especco ao criar as

    suas metas dirias de leitura. Caso incorra nesse

    erro de no ser especco, o gradiente de meta di-

    cilmente funcionar a seu favor, j que voc nun-

    ca saber se realmente est terminando a tarefa.

    Exemplos de metas mal denidas dirias:

    ler Shakespeare;

    ler sobre Direito Constitucional;

    estudar Matemtica.

    Repare que essas metas no permitem que o

    gradiente de metas atue em seu favor: como sa-

    ber se voc j est terminando de ler Shakespeare

    ou de ler sobre Direito Constitucional se voc no

    determinou o ponto em que essa tarefa termina?

    Dena bem suas metas dirias de leitura e torne o

    gradiente de meta seu grande companheiro na sua

    vida de estudante ou concurseiro.

  • Reconhecimento Sempre imaginei que o paraso fosse uma espcie de livraria.

    Jorge Luis Borges

    Cap

    tulo 5

    Conforme dito anteriormente, a etapa de reco-

    nhecimento se refere ao conhecimento prvio que o

    leitor tem sobre os smbolos e palavras a serem lidas.

    De acordo com o modelo de dupla-rota, explanado

    anteriormente, a leitura feita por duas rotas: fono-

    lgica ou lexical.

    Observe que, de acordo esse modelo, o melhor

    exerccio para essa etapa de reconhecimento a

    prpria leitura. O hbito constante de leitura favo-

    rece ao aumento do nmero de palavras familiares

    ao leitor (palavras de alta frequncia), levando ao

    maior uso da rota lexical, acelerando a velocidade

    de leitura e o entendimento. Ao longo de nosso cur-

    so, aprenderemos diversos exerccios para aumentar

    a velocidade e a qualidade da leitura. No entanto,

    basta salientar que o exerccio mais importante o

    hbito de leitura.

    O texto a seguir um divertido experimento

    onde vericamos o uso da rota lexical durante a lei-

    tura. Quase todas as letras das palavras abaixo esto

    misturadas (com exceo da primeira e da ltima).

    No entanto, por serem palavras de alta frequncia

    (no ingls), so rapidamente identicadas.

    I cdnuolt blveiee taht I cluod aulaclty uesdnatnrd waht I was rdanieg. The phaonmneal pweor of the hmuan mnid Aoccdrnig to a rscheearch at Cmabrigde Uinervtisy, it deosnt mttaer in waht oredr the ltteers in a wrod are, the olny iprmoatnt tihng is taht the frist and lsat ltteer be in the rghit pclae. The rset can be a taotl mses and you can sitll raed it wouthit a porbelm. Tihs is bcuseae the huamn mnid deos not raed ervey lteter by istlef, but the wrod as a wlohe. Amzanig huh? yaeh and I awlyas thought slpeling was ipmorantt!

    Dssee mdoo, fcil cmpnroedeer que ler dvgaear deiams no audja a comrnepeso, dveido a sbcrearoga da memria de tarblaho, atnado recuorss dstneaidos a comrnepeso.

    O texto anterior foi criado utilizando-se apenas

    palavras de alta frequncia. Desse modo, ainda que

    as letras estivessem fora de ordem, voc foi capaz de

    decodic-lo utilizando-se da rota lexical. Assim, se

    voc deseja melhorar sua velocidade de leitura, im-

    portante que voc crie o hbito de leitura.

    Os exerccios de leitura dinmica que voc apren-

    der ao longo do curso dicilmente podero ajudar

    nessa etapa de reconhecimento. Alm de criar o h-

    bito de leitura, o mximo que voc pode fazer ter

    certeza de que seus olhos e seu crebro esto vendo o

    texto de maneira adequada. Para otimizar a aquisio

    e codicao das imagens capturadas por seus olhos,

    importante que voc tome os seguintes cuidados:

    Checar e proteger a viso: consulte seu mdico

    e verique se voc tem algum problema de viso.

    Otimizao de material impresso: escolha a

    melhor maneira de imprimir o material a ser lido.

    Otimizao da tela do computador: con-

    gure seu computador da maneira mais adequada

    para a leitura.

    LEITURA IMPRESSA OUNA TELA DO COMPUTADOR?

    H alguns anos, era correto dizer que era mais

    fcil ler material impresso do que ler qualquer texto

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    na tela do computador. No entanto, o progresso tec-

    nolgico fez a qualidade de exibio dos monitores

    de computador crescerem de maneira muito signi-

    cativa. Desse modo, os equipamentos modernos,

    congurados adequadamente, facilmente conseguem

    se igualar ao material impresso no que tange a

    qualidade da leitura. O fator mais importante para

    a leitura no monitor do computador a resoluo.

    Se voc possui um monitor com ao menos 17 ou

    mais e uma alta resoluo (1024x768x16K), mas uma

    impressora de baixa qualidade (matricial ou deskjet

    de resoluo menor), a leitura na tela do computador

    certamente a melhor opo. No entanto, se voc ti-

    ver um monitor pequeno e com baixa resoluo, mas

    uma impressora de alta qualidade (impressora laser

    ou deskjet com resoluo acima de 600 dpi pontos

    por polegada), ento a impresso a melhor escolha.

    Se voc possui ambos os equipamentos com qua-

    lidade, sua escolha depender dos seguintes fatores:

    Versatilidade: o material impresso pode ser

    lido em qualquer lugar, na sua casa, no seu ser-

    vio ou at mesmo dentro do nibus. Ainda que

    alguns PDAs sejam bastante versteis, sabemos

    que no muito seguro utiliz-los demasiada-

    mente nas ruas de nossas cidades.

    Marcaes: geralmente muito mais fcil

    fazer anotaes ou grifos em textos impressos.

    Ainda que alguns e-books ofeream a possibili-

    dade de se anotar ou grifar, sabemos que no a

    mesma coisa.

    Busca: muito mais fcil efetuar buscas por

    palavras-chave em verses eletrnicas do seu

    texto. Desse modo, se voc est escrevendo uma

    monograa, tese ou um artigo, talvez seja mais

    fcil fazer leitura de sua bibliograa no prprio

    computador.

    Custo: muito mais barato ler na prpria tela

    do computador.

    Independente das suas prioridades, siga as orien-

    taes a seguir para otimizar sua leitura de material

    impresso ou pela tela do seu computador.

    Otimizando o material impresso

    Na maioria das vezes, ns no temos controle

    sobre a forma como o texto aparece, visto que re-

    vistas e jornais j chegam diagramados e paginados.

    Nesses casos, o mximo que se pode fazer obter

    uma iluminao adequada, evitar locais barulhen-

    tos e colocar o material a uma distncia confortvel

    (geralmente entre 30 e 40 cm).

    No entanto, se voc tiver controle sobre o mate-

    rial que voc vai imprimir, interessante considerar

    as dicas a seguir. As mesmas dicas so aplicveis na

    diagramao de material a ser impresso e lido por

    outras pessoas.

    Fonte mais adequada: ainda que no exista

    consenso sobre o tipo de fonte mais adequada,

    uma pesquisa feita entre leitores americanos ran-

    queou as fontes mais agradveis para a leitura. Em

    ordem decrescente de interesse, elas so: Arial, Ti-

    mes New Roman, Times, Verdana e Georgia.

    Tamanho da fonte: 10 a 12 pontos, dependen-

    do da fonte. Fontes menores que 10 ou maiores

    que 12 pontos geralmente afetam negativamente

    a qualidade da leitura.

    Espaamento entre linhas: estudos mostram

    que um maior espaamento entre linhas torna a

    leitura mais agradvel. Geralmente, prero utili-

    zar espaamentos de 1,5 em vez de espaamentos

    simples, em meus textos.

    Largura das linhas: o tamanho ideal de uma

    linha gira em torno de 12 palavras por linha.

    No entanto, de acordo com a densidade do ma-

    terial, o uso de colunas pode tornar a leitura

    mais agradvel.

    Margens: se o seu material no for encadernado

    por espiral ou apenas grampeado, as margens no

    afetaro sua leitura. No entanto, encadernaes

    do tipo brochura ou capa dura geralmente cur-

    vam o papel na proximidade da encadernao,

    tornando a leitura menos agradvel. Nesses casos,

    o uso da margem facilita a qualidade da leitura.

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    Otimizando a leitura no computador

    Atualmente, cada vez mais comum encon-

    trarmos estudantes que, para economizar ou at

    mesmo por praticidade, preferem ler e estudar

    utilizando o monitor do computador. Assim,

    importante que tornemos essa leitura a mais agra-

    dvel possvel.

    Usando o monitor corretamenteIndependente do tipo de monitor que voc uti-

    lize para ler no computador, importante que voc

    siga as seguintes orientaes para tornar o processo

    de leitura menos cansativo.

    Coloque o monitor na sua frente, a uma distncia

    mdia de um brao e com uma leve inclinao da

    tela em sua direo. Se seu monitor grande (acima

    de 17), melhor que voc aumente a sua distncia

    em relao a ele. Se possvel, posicione o monitor

    de modo que seus olhos quem a cerca de duas ou

    trs polegadas abaixo da parte mais alta da tela. Se

    voc usa lentes bifocais, talvez seja melhor deixar o

    monitor um pouco mais baixo, de modo que seja

    possvel enxergar a parte de baixo da tela sem maio-

    res diculdades.

    Tambm importante que se tome cuidado com

    o brilho e reexo excessivos. Janelas e luzes costumam

    ser as principais fontes desses problemas. Para vericar

    a existncia desses problemas, desligue o monitor e olhe

    os brilhos e reexos existentes na tela. Posteriormente,

    basta ajustar o brilho de forma que ele se iguale ao bri-

    lho do reexo. Se o seu lugar de leitura for iluminado

    por luz ambiente, provvel que voc tenha que fazer

    diversos ajustes de luz ao longo do dia.

    Ajuste as configuraes

    do seu monitorAprenda a ajustar as conguraes do seu mo-

    nitor. Os monitores modernos possuem controles

    digitais que tornam o ajuste de brilho, contraste, ta-

    manho da tela e outras funes cada vez mais fcil.

    Geralmente, melhor utilizar um contraste maior e

    menos brilho. No entanto, claro que isso depende

    da luminosidade de seu ambiente de trabalho.

    Um problema comum que aige aos usurios

    de computador e as pessoas que compraram alguns

    desses novos monitores a diculdade em alterar o

    tamanho da imagem na tela. Nesses casos, grande

    parte da tela do monitor no aproveitada, desper-

    diando ao menos meia polegada em cada dimenso

    da tela do monitor. Assim, importante que voc

    sempre leia o manual de instrues de seu monitor,

    para aproveitar o mximo de suas possibilidades.

    Aumente a resoluo, refresh rate e configuraes de dpi

    Inicialmente, vamos entender o que signica

    resoluo da tela, refresh rate e dpi. A imagem da tela do seu computador composta por milhares

    de pontos chamados pixels. A resoluo se refere

    ao nmero de pixels utilizados na tela do seu mo-

    nitor. Desse modo, uma resoluo de 1024x768

    signica que existem 1.024 pixels na largura e

    768 pixels na altura da imagem criada pelo moni-

    tor. A refresh rate se refere a quantas vezes a ima-gem da tela se atualiza. Essa taxa de renovao da

    tela geralmente gira em torno de 50-120 hertz.

    Finalmente, dpi signica dots per inch, ou pon-tos por polegada, em portugus. Alguns sistemas

    operacionais lhe permitem utilizar uma dpi maior

    quando voc utiliza resolues maiores. Esse au-

    mento permite que a tela exiba mais elementos,

    tornando a leitura mais fcil.

    O uso dessas conguraes depende exclusi-

    vamente da congurao de sua mquina. Desse

    modo, se voc possui uma mquina poderosa, im-

    portante que voc saiba alterar essas conguraes

    para poder aproveitar o mximo do computador

    que voc adquiriu. Caso tenha diculdade em con-

    gurar essas parafernlias tecnolgicas, consulte um

    tcnico para ajud-lo.

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    ClearTypeClearType o nome de uma tecnologia de ren-

    derizao de subpixels, criada pela Microsoft, e que tem o objetivo de melhorar a aparncia do texto em

    certos tipos de telas de computador, fazendo com

    que o texto na tela tenha quase a mesma denio e

    nitidez de um texto impresso.

    A tecnologia ClearType foi anunciada pela pri-

    meira vez na feira de tecnologia Comdex, em no-

    vembro de 1998. No entanto, foi apenas em janeiro

    de 2000 que a tecnologia passou a gurar em um

    programa da Microsoft: o Microsoft Reader, pro-

    grama utilizado para a leitura de e-books. Posterior-

    mente, a tecnologia foi implementada no Windows

    XP, onde mantida desativada por default (padro). No sistema operacional Vista, lanado em novem-

    bro de 2006, a tecnologia mantida ativada por

    default. Essa tecnologia tambm encontrada em alguns outros aplicativos da Microsoft, como o In-

    ternet Explorer 7 e Microsoft Oce 2007.

    Para obter todos os benefcios do ClearType,

    necessrio um monitor de tela plana de alta quali-

    dade, como LCD ou plasma. Mesmo em um mo-

    nitor CRT possvel melhorar a legibilidade com

    ClearType.

    ClearType e a viso humanaClearType e tecnologias similares funcionam

    porque a viso humana muito mais sensvel a va-

    riaes de intensidade do que de cores. Desse modo,

    o olho humano trs vezes mais capaz de distinguir

    contrastes de intensidade do que contrastes de cor.

    A ClearType sacrica a dedignidade das cores com

    o objetivo de aumentar os detalhes das diferenas de

    contrastes de luz. Assim, quando ativada, a tecnolo-

    gia permite uma grande melhora na leitura do texto

    na tela do computador.

    Windows XPPara ativar a tecnologia ClearType no Windows

    XP, basta seguir os seguintes passos:

    1. Clique em Iniciar > Painel de Controle >

    Vdeo.

    2. Clique na guia Aparncia e depois em

    Efeitos....

    3. Clique na caixa Usar este mtodo para suavizar

    as bordas das fontes da tela: e selecione ClearType

    na lista.

    4. Clique em OK, e depois novamente em OK.

    VOCABULRIOSegundo o dicionrio Priberam, vocabulrio :

    Lista dos vocbulos de uma lngua, em geral desacom-panhados da respectiva denio ou com uma explica-o muito sucinta.

    Segundo o dicionrio Houaiss, o mais comple-to na lngua portuguesa, o idioma possui registra-

    dos cerca de 228.500 entradas, 376.500 acepes,

    415.500 sinnimos, 26.400 antnimos e 57.000

    palavras arcaicas. No dia a dia, costumamos utili-

    zar cerca de 3.000 palavras em nossas conversas. No

    entanto, cada adulto sabe em mdia apenas 50.000

    palavras, utilizando apenas cerca de 3.000 delas nas

    conversas do dia a dia.

    O que realmente impressionante que uma

    criana com idade entre seis e dez anos, geralmente,

    aprende cerca de 5.000 novas palavras no perodo

    de apenas um ano. O que no to impressionan-

    te assim o fato de adultos geralmente aprenderem

    apenas 50 novas palavras a cada ano.

    Por que o vocabulrio to importante? O voca-

    bulrio importante porque ele tem grande inuncia

    em sua velocidade de leitura. Quanto melhor o seu vo-

    cabulrio, mais rpido voc capaz de ler. Muitos cur-

    sos de leitura dinmica no costumam se preocupar

    em dar qualquer orientao nesse tpico. No entanto,

    as tcnicas de aumento de vocabulrio so to ecien-

    tes quanto todas as outras tcnicas que aprenderemos

    ao longo de nosso curso.

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    to

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    A relao entre vocabulrio e velocidade de leitu-

    ra se torna ainda mais forte quando estamos lendo

    sobre algum novo tpico. O motivo simples: toda

    vez que voc encontra uma palavra que voc desco-

    nhece o signicado, seu crebro automaticamente se

    foca nela. Em seguida, seu crebro analisa as palavras

    que esto em torno dela e tenta deduzir o signicado

    da palavra desconhecida a partir do contexto em que

    ela est inserida. Ainda que voc consiga deduzir o

    signicado pelo contexto, na prxima vez que voc

    visualizar a mesma palavra desconhecida, seu crebro

    mais uma vez vai dar uma pequena pausa e tentar

    novamente deduzir o seu signicado. Concluso:

    toda vez em que voc se depara com uma palavra

    desconhecida, a sua velocidade e compreenso caem

    drasticamente.

    Se isso no for o suciente para encoraj-lo a

    melhorar seu vocabulrio, veja uma outra razo. O

    quadro abaixo representa a mdia dos resultados em

    provas de vocabulrio, aplicadas nas 40 maiores em-

    presas norte-americanas. O que voc acha que eles

    representam?

    Cargo

    Presidentes e Vice-PresidentesGerentesSuperintendentesSupervisoresDiretores

    Mdia das notas do teste

    23616814011486

    Tabela 5.1.

    Essas so as mdias da pontuao obtida em um

    teste de vocabulrio, que totalizava 272 pontos. De

    acordo com esses resultados, bvia a relao en-

    tre uma alta posio hierrquica e seu domnio de

    vocabulrio. Em outros estudos, observou-se que a

    nica semelhana existente entre diversas pessoas de

    sucesso era a excelente performance em provas de

    vocabulrio.

    Assim, espero que esses estudos sejam o sucien-

    te para incentiv-lo no melhoramento contnuo de

    seu vocabulrio.

    Uso adequado do dicionrio

    Toda vez que voc se deparar com uma palavra

    cujo signicado voc desconhece, siga os seguintes

    passos:

    1. Gaste alguns segundos tentando descobrir o

    signicado da palavra pelo contexto em que ela est

    inserida.

    2. Faa um leve sublinhado abaixo da palavra e

    faa um pequeno N (de nova palavra) circulado no

    alto da pgina em que a palavra foi encontrada. Para

    facilitar a localizao dessa palavra, voc tambm

    pode anotar na contracapa do seu livro o nmero da

    pgina em que se encontra a palavra desconhecida.

    3. Escolha: voc precisa saber o signicado da

    palavra agora ou pode esperar para depois? Se voc

    j tiver deduzido o signicado da palavra, melhor

    que olhe o signicado da palavra apenas ao nal da

    leitura do captulo em que ela foi encontrada. O

    motivo simples: conforme explicado no meu livro

    Supermemria para Concursos, a ideia de conjunto uma importante ferramenta para a memria. Se

    voc cria o hbito de interromper a leitura a cada

    nova palavra encontrada, seu entendimento car

    comprometido. No entanto, se for essencial que

    voc olhe o signicado da palavra imediatamente,

    faa isso e anote uma pequena denio da palavra

    na margem da pgina em que ela foi encontrada.

    4. Ao terminar a leitura do livro ou do captulo,

    olhe os nmeros das pginas anotadas na contraca-

    pa: so as pginas que contm palavras desconheci-

    das e olhe o signicado de todas elas no dicionrio.

    Vamos agora treinar um pouco. Vamos supor

  • Trei

    nam

    ento

    Pr

    tico

    em L

    eitu

    ra D

    inm

    ica

    30

    que voc nunca tenha ouvido falar da palavra seri-

    caia e precisa ler o seguinte texto:

    Servimos uma sericaia deliciosa em nosso churrasco.

    Agora, siga os passos acima. Aps localizar o sig-

    nicado da palavra no dicionrio, responda: no di-

    cionrio, na pgina em que voc localizou a palavra

    sericaia, havia outra palavra desconhecida? Que

    tal anot-la tambm? Se precisar de alguma motiva-

    o para isso, lembre-se de que um bom vocabulrio

    pode signicar uma melhora razovel no seu salrio

    ao nal do ms!

    Glossrio particular

    Uma excelente maneira para manter as novas pa-

    lavras em sua memria manter um glossrio parti-

    cular. Para criar esse glossrio, voc s vai precisar de

    um bloco de notas ou caderno e uma caneta. Toda

    vez que voc se deparar com uma palavra nova, adi-

    cione essa palavra e sua denio ao seu glossrio.

    Para que voc no esquea dessas novas pala-

    vras, faa revises sistemticas em seu glossrio.

    Uma outra estratgia eciente utilizar algum pro-

    grama como o Supermemo para criar as repeties

    sistemticas para voc. Em pouco tempo, voc -

    car surpreso com a maneira como seu vocabulrio

    crescer.

    Para facilitar seu trabalho, mantenha em seu

    glossrio as palavras ordenadas de forma alfabtica.

    Se voc estiver estudando um material especco

    (Direito, Medicina, Psicologia...), interessante que

    voc crie sesses temticas em seu glossrio, para

    no misturar o vocabulrio tcnico e o vocabulrio

    do dia a dia.

    Mantenha seu glossrio perto de voc e no es-

    quea de sempre dar uma olhadinha nas palavras

    recm-descobertas.

    Aprendendo prefixos, radicais e sufixos

    Saber os prexos e radicais gregos e latinos pode

    ajud-lo bastante na deduo do signicado das pa-

    lavras sem precisar consultar o dicionrio. A seguir

    voc encontrar os prexos e radicais mais comuns

    da Lngua Portuguesa. Existem muitos outros! Con-

    sulte seu professor ou seu amigo Google e encontre

    alguns outros.

  • Reco

    nhec

    imen

    to

    31

    Sentido

    privao;negao

    afastamento;separao

    aproximao;tendncia;direo

    duplicidade

    repetio;separao;inverso;para cima

    duplicidade;ao redor;de ambos os lados

    posio anterior

    oposio,ao contrria

    separao;afastamento;longe de

    posio superior;excesso;primazia

    Exemplo

    ateu,analfabeto,anestesia

    abuso,abster-se,abdicar

    adjacente,admirar,agregar

    ambivalncia,ambidestro

    anlise,anatomia,anfora,anagrama

    anfbio,anteatro,anbologia

    antebrao,anteontem,antepor

    antibitico,anti-higinico,antitrmico,anttese,anticristo

    apogeu,apstolo,apstata

    arquitetura,arquiplago,arcebispo,arcanjo

    Origem

    Grega

    Latina

    Latina

    Latina

    Grega

    Grega

    Latina

    Grega

    Grega

    Grega

    Lista de Prexos

    A-, NA

    AB-, ABS-

    AD-, A-

    AMBI-

    ANA-

    ANFI-

    ANTE-

    ANTI-

    APO-

    ARQUI-, ARCE-

  • Trei

    nam

    ento

    Pr

    tico

    em L

    eitu

    ra D

    inm

    ica

    32

    benevolncia,benfeitor,bem-vindo,bem-estar

    bisav,biconvexo,bienal,bpede,biscoito

    catlise,catlogo,cataplasma,catadupa

    circunferncia,circum-adjacente

    compartilhar,consoante,contemporneo,coautor

    contra-ataque,contradizer

    decair,desacordo,desfazer,discordar,dissociar,decrescer

    dipolo,dgrafo

    diafragma,diagrama,dilogo,diagnstico

    dispneia,discromia,disenteria

    Latina

    Latina

    Grega

    Latina

    Latina

    Latina

    Latina

    Grega

    Grega

    Grega

    BENE-, BEN-,BEM-

    BIS-, BI

    CATA-

    CIRCUM-,CIRCUN-

    COM-,CON-, CO-

    CONTRA-

    DE-, DES-, DIS-

    DI-

    DIA-

    DIS-

    bem;muito bom

    duas vezes

    movimento para baixo;a partir de;ordem

    ao redor;movimento em torno

    companhia;combinao

    oposio;ao contrria

    movimento para baixo;afastamento;ao contrria;negao

    duas vezes

    atravs de;ao longo de

    mau funcionamento;diculdade

  • Reco

    nhec

    imen

    to

    33

    encfalo,emblema,elipse,endotrmico

    epiderme,eplogo

    euforia,evangelho

    xodo,eclipse

    exonerar,exportar,exumar,espreguiar,emigrar,escorrer,estender

    extraocial,extraordinrio,extraviar

    hemisfrio

    hiprbole,hipertenso

    hipotroa,hipotenso,hipodrmico

    enlatar,enterrar,embalsamar,intravenoso,intrometer,intramuscular

    Grega

    Grega

    Grega

    Grega

    Latina

    Latina

    Grega

    Grega

    Grega

    Latina

    EN-, EM-, E-,ENDO-

    EPI-

    EU-, EV-

    EX-, EC-,EXO-ECTO-

    EX-, ES-, E-

    EXTRA-

    HEMI-

    HIPER-

    HIPO-

    I-, EN-, EM-,INTRA-,INTRO-

    posio interna;direo para dentro

    posio superior;acima de.

    excelncia;perfeio;verdade

    movimento para fora;posio exterior

    movimento para fora;mudana de estado;separao

    posio exterior;superioridade

    metade

    posio superior;intensidade;excesso

    posio inferior;insucincia

    para um estado;movimento para dentro;tendncia;direo para um ponto

  • Trei

    nam

    ento

    Pr

    tico

    em L

    eitu

    ra D

    inm

    ica

    34

    inciso,inalar,injetar,impor,imigrar

    intocvel,impermevel,ilegal

    intercmbio,internacional,entrelaar,entreabrir

    justapor,justalinear

    metamorfose,metabolismo,metfora,metacarpo

    paradoxo,paralelo,pardia,parasita

    pericrdio,perodo,permetro,perfrase

    polinmio,poliedro

    ps-escrito,pospor,postnico

    prexo,previso,pr-histria,prefcio

    Latina

    Latina

    Latina

    Latina

    Grega

    Grega

    Grega

    Grega

    Latina

    Latina

    IN-, IM-,

    IN-, IM-, I-

    INTER-,ENTRE-

    JUSTA-

    META-

    PARA-

    PERI-

    POLI-

    POS-

    PRE-

    posio interna;passagem

    negao;falta

    posio intermediria;reciprocidade

    proximidade

    posteridade;atravs de;mudana

    proximidade;ao lado;oposto a

    em torno de;

    multiplicidade;pluralidade

    posio posterior;ulterioridade

    anterioridade;superioridade;intensidade

  • Reco

    nhec

    imen

    to

    35

    prlogo,prognstico

    proclamar,progresso,pronome,prosseguir

    realar,rebolar,refrescar,reverter,reuir

    retroativo,retroceder,retrospectivo

    semicrculo,semiconsoante,semianalfabeto

    sinfonia,simbiose,simpatia,slaba

    subconjunto,subcutneo,subsolo,sobpor,soterrar

    subconjunto,subcutneo,sobpor,soterrar

    superpopulao,sobreloja,suprassumo,sobrecarga,superfcie

    Grega

    Latina

    Latina

    Latina

    Latina

    Grega

    Grega

    Latina

    Grega

    PRO-

    PRO-

    RE-

    RETRO-

    SEMI-

    SIN-, SIM-

    SUB-, SOB-, SO-

    SUB-, SOB-, SO-

    SUPER-,SOBRE-, SUPRA

    posio anterior

    posio em frente;movimento para frente;em favor de

    repetio;intensidade;reciprocidade

    para trs

    metade

    simultaneidade;reunio;resumo

    posio abaixo de;inferioridade;insucincia

    posio abaixo de;inferioridade;insucincia

    posio superior;excesso

  • Trei

    nam

    ento

    Pr

    tico

    em L

    eitu

    ra D

    inm

    ica

    36

    superpopulao,sobreloja,supra-sumo,sobrecarga,superfcie

    transbordar,transcrever,tradio,traspassar,tresloucado,tresmalhar

    ultrapassar,ultrassensvel

    ultrapassar,ultrassensvel

    vice-reitor,visconde,vice-cnsul

    vice-reitor,visconde,vice-cnsul

    SUPER-,SOBRE-, SUPRA-

    TRANS-, TRAS-, TRA-, TRES-

    ULTRA-

    ULTRA-

    VICE-, VIS-

    VICE-, VIS-

    posio superior;excesso

    atravs de;posio alm de;mudana

    alm de;excesso

    alm de;excesso

    posio abaixo de;substituio

    posio abaixo de;substituio

    Latina

    Grega

    Grega

    Latina

    Grega

    Latina

    Exemplo

    aeronave

    agricultura

    ambidestro

    antropologia

    arborcola

    arqueologia

    autobiograa

    Origem

    Grega

    Latina

    Latina

    Grega

    Latina

    Grega

    Grega

    Lista de radicais

    AERO-

    AGRI-

    AMBI-

    ANTROPO-

    ARBORI-

    ARQUEO-

    AUTO-

    Sentido

    ar

    campo

    ambos

    homem

    rvore

    antigo

    de si mesmo

    Tabela 5.2.

  • Reco

    nhec

    imen

    to

    37

    biblioteca

    biologia

    bpede,bisav

    caligraa

    calorfero

    cosmologia

    cromossomo

    cronologia

    crucixo

    curvilneo

    datilograa

    decaedro

    democracia

    disslabo

    eletrom

    enegono

    equiltero,equidistante

    etnologia

    farmacologia

    ferrfero,ferrovia

    lologia

    sionomia

    Grega

    Grega

    Latina

    Grega

    Latina

    Grega

    Grega

    Grega

    Latina

    Latina

    Grega

    Grega

    Grega

    Grega

    Grega

    Grega

    Latina

    Grega

    Grega

    Latina

    Grega

    Grega

    BIBLIO-

    BIO-

    BIS-, BI-

    CALI-

    CALORI-

    COSMO-

    CROMO-

    CRONO-

    CRUCI-

    CURVI-

    DACTILO-

    DECA-

    DEMO-

    DI-

    ELE( C )TRO-

    ENEA-

    EQUI-

    ETNO-

    FARMACO-