“de nada a forte gente se temia” é o lema da esquadra 301 ... · “intervenção aérea” é...

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“De nada a forte gente se temia” é o lema da Esquadra 301 Jaguares desde a Guerra do Ultramar. Em 2005, a Fortis e a Força Aérea Portuguesa lançaram os cronógrafos B42 Jaguares para honrar um passado rico e celebrar o presente. REPORTAGEM ‘3’ porque a sua missão é de ataque ao solo. ‘0’, porque lida com aviões. ‘1’, porque foi a primeira a aparecer com a mis- são de ataque ao solo. Pega-se nos três algaris- mos, juntam-se, e com uma pitada de adrenali- na e outra medida igual de aventura obtemos 301: Esquadra 301 Jaguares. No currículo (e orgulho) desta esquadra com sede na Base Aérea número 11, em Beja, con- stam uma medalha de ouro de Serviços Distin- tos, dois Silver Tiger e muitas, muitas peripécias (de voo e não só). Consta também um currícu- lo recheado (ver caixa «História de felinos») em África, Portugal e outros países da Europa. Em Outubro, para comemorar 20 mil horas de voo em aviões Alpha-Jet, reunir actuais e antigos ele- mentos da Esquadra e fazer brilhar uma herança rica, a Fortis e a Força Aérea Portuguesa lança- ram em conjunto o cronógrafo B42 Jaguares (ver caixa «Os jaguares da Fortis»). “Queríamos um relógio de qualidade, robus- to e, ao mesmo tempo, elegante. Por isso, lem- brámo-nos deste modelo da Fortis”. É Fernando Costa, Major Piloto-Aviador e Comandante da 301, quem fala à Espiral do Tempo dos cronó- grafos. Neles pretendiam também ver incluídos alguns detalhes, como o emblema da esquadra e o seu símbolo gravado a laser no vidro. Era importante constar um outro ícone: “quase não se nota, mas é muito original e é ou- tro dos nossos símbolos, com que também nos texto Mónica Franco > fotos Nuno Correia Fortis pelos ares ESPIRAL DO TEMPO > 67

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“De nada a forte gente se temia” é o lema da Esquadra 301 Jaguares desde a Guerra

do Ultramar. Em 2005, a Fortis e a Força Aérea Portuguesa lançaram os cronógrafos

B42 Jaguares para honrar um passado rico e celebrar o presente.

REPORTAGEM

‘3’porque a sua missão é deataque ao solo. ‘0’, porque lidacom aviões. ‘1’, porque foi aprimeira a aparecer com a mis-

são de ataque ao solo. Pega-se nos três algaris-mos, juntam-se, e com uma pitada de adrenali-na e outra medida igual de aventura obtemos301: Esquadra 301 Jaguares.

No currículo (e orgulho) desta esquadra comsede na Base Aérea número 11, em Beja, con-stam uma medalha de ouro de Serviços Distin-tos, dois Silver Tiger e muitas, muitas peripécias(de voo e não só). Consta também um currícu-lo recheado (ver caixa «História de felinos») emÁfrica, Portugal e outros países da Europa. EmOutubro, para comemorar 20 mil horas de voo

em aviões Alpha-Jet, reunir actuais e antigos ele-mentos da Esquadra e fazer brilhar uma herançarica, a Fortis e a Força Aérea Portuguesa lança-ram em conjunto o cronógrafo B42 Jaguares(ver caixa «Os jaguares da Fortis»).

“Queríamos um relógio de qualidade, robus-to e, ao mesmo tempo, elegante. Por isso, lem-brámo-nos deste modelo da Fortis”. É FernandoCosta, Major Piloto-Aviador e Comandante da301, quem fala à Espiral do Tempo dos cronó-grafos. Neles pretendiam também ver incluídosalguns detalhes, como o emblema da esquadra eo seu símbolo gravado a laser no vidro.

Era importante constar um outro ícone:“quase não se nota, mas é muito original e é ou-tro dos nossos símbolos, com que também nos

t e x t o Món i c a F r a n c o > f o t o s Nuno C o r r e i a

Fortis pelos ares

ESPIRAL DO TEMPO > 67

identificamos muito”, diz-nos o comandante, de-sapertando a bracelete em aço e exibindo o seunúmero 1 (de 80 da série limitada). Lá estava ela,a pata de um jaguar, impressa no vidro posteriordo mostrador.

Ver passar aviõesMas o Major não é propriamente um estreantenestas ligações relojoeiras à Força Aérea: “Fui ooriginador dos relógios dos Falcões (também daFortis), em 1999, e, quando aqui cheguei, acheique a Esquadra 301 devia ter um relógio dignodo seu peso, da sua história e do seu espólio”.

Fernando Costa comanda a 301 desde o anopassado. Até então, tinha estado sete anos na es-quadra de F-16 em Monte Real, onde era oficialde operações (o número 2). Quando se mudoupara Beja, subiu na carreira e nas funções e mu-dou de avião (de F-16 para Alpha-Jet). E passoua ser aquilo a que ironicamente chama de “soltei-ro geográfico”. Deixou a mulher e os dois filhosno Barreiro para estar cinco dias por semana rodeado pela vastidão da planície alentejana – epelo céu imenso que desbrava aos comandos doseu avião.

Major Piloto-Aviador: a última parte da pa-tente é resultado de pura paixão. Desde a adoles-cência que sonhava ser piloto e, para o fazer,tinha de ser na Força Aérea, a “voar aviões asério”, declara. Costuma dizer que faz o que oscivis fazem por necessidade (descolar, ir e aterrar).Mas, segundo ele, é aquele momento central…«o facto de estar num cenário e numa missãocomplexos, com uma série de informação a bordo – nas pernas, nas mãos –, a voar o avião, acumprir tempos ao segundo, com reports rádiocomplicados, uma confusão no ar…esse stress... A essência é estar no ar com essas dificuldadestodas.”

Pés assentes em BejaCom os pés assentes na terra, Fernando Costa, opiloto, transforma-se em comandante. Para alémdaquilo a que chama de “grandes decisões”, hámuitos aspectos administrativos e logísticos deque tem de se encarregar. Na Esquadra 301, aocontrário de outras, está também a seu cuidadoa manutenção dos aviões e os equipamentos devoo de toda a Base Aérea. “Tento estar por den-tro de tudo, mas é impossível”, confessa.

Para o ajudar tem quatro oficiais de manu-tenção (e cerca de 100 sargentos e praças), seis pilotos (oficiais), um oficial de informações equatro sargentos e praças.

A equipa é pequena, diz-nos, mas é a escassezde pilotos que complica mais o funcionamentodiário da esquadra.

“Temos diversas secções – Planeamento ope-racional, Logística, Publicações, Tiro, Reconheci-

Jaguares

quando aqui cheguei,

achei que a Esquadra

301 devia ter um

relógio digno do seu

peso, da sua história

e do seu espólio

...

...

A Esquadra 301 está sempre a postos

para qualquer solicitação. Numa questão

de momentos os seus pilotos equipam-se

e levantam voo rumo à sua missão.

<

Fernando Costa, Major piloto-aviador e comandante da Esquadra 301

68 < ESPIRAL DO TEMPO

Fernando Costa

mento, Informações, Uniformização e avaliação,Segurança de voo – e cada um de nós é res-ponsável por diferentes chapéus (secções). Comosomos tão poucos, cada um tem pelo menos doischapéus a seu cargo. Daí a escassez de pilotos setornar mais penalizante nas tarefas de chão”, ex-plica-nos. (O exemplo é ainda mais paradigmáti-co se soubermos que, noutros tempos, já ali hou-ve mais de 20 pilotos).

O trabalho duplica, é certo, mas não é porisso que deixam de ter menos vontade de voar…Todos os dias, às vezes mais de uma vez, sobemaos céus para treinar e testar perícias.

Sempre a qualificarPrimária, secundária e terciária. As missões daEsquadra 301 Jaguares estão bem definidas eescalonadas. À cabeça surge o “apoio aéreo-ofen-sivo” e, para percebermos melhor do que se trata,o comandante lembra as últimas missões noKosovo e na Bósnia: “São operações em conjun-to com um ramo do exército, onde há indivídu-os no solo a identificarem alvos e a conduziremos aviões até esses alvos. Através da largada de armamento (normalmente guiado), esses alvos,que aparecem no momento, são destruídos”.

“Intervenção aérea” é a missão secundária,que envolve a destruição de alvos pré-planeados(quando descolam já sabem o que vão fazer e a que alvos se vão dirigir). Por fim, em último

Jaguares

História de felinosEscorpiões, Tigres, Jaguares. Falar da

Esquadra 301 passa por mencionar es-

tes nomes, mas passa também pela

marcante presença Fiat-G91 ao longo

dos anos…

Dezembro 1965 – Chegam os primei-

ros 40 aviões, colocados na Base Aé-

rea 5, atribuídos à Esquadra 51.

Abril 1966 – Forma-se a Esquadra 121

Tigres na Base Aérea 12 Bissalanca, na

Guiné.

Novembro 1968 – Cria-se a Esquadra

502 Jaguares, em Moçambique; mais

tarde, surge a Esquadra 702 Escor-

piões.

Outubro 1972 – Ocupam a antiga Es-

quadra 93, dos velhos F-84, em Ango-

la.

Agosto 1974 – Os F-G91 começam a

concentrar-se na Base Aérea 6, no

Montijo, vindos da Guiné, formando-se

a Esquadra 62, que se organizou em

moldes NATO.

Mais tarde, a Esquadra 93, formada

em Angola, com pilotos e aviões das

Esquadras 502 (Jaguares) e 702 (Es-

corpiões), vieram reforçar a Esquadra

62 e, na altura, surgem o nome e em-

blema actuais – Jaguares.

1978 – Alterou-se a designação da Es-

quadra para a actual (301), tendo como

principal missão o apoio aéreo próxi-

mo, a interdição do campo de batalha

e o reconhecimento táctico; participou

pela primeira vez no Tigermeet, em

Kleine Brogel, na Bélgica.

A partir de 1980 – O número elevado

de G-91 R3 permitiu que a Esquadra

formasse um destacamento na Base

Aérea 4, nas Lages, nos Açores, cons-

tituindo a Esquadra 303 Tigres.

27 de Junho 1993 – Foi efectuado o

último voo oficial em G-91, ao mesmo

tempo que a Esquadra se transferiu

para a Base Aérea 11, em Beja.

30 de Junho 1993 – Dá-se início à

conversão em Alpha-Jet.

6 de Outubro 1993 – Primeiro voo da

Esquadra 301 em Alpha-Jet.

São inúmeros os aspectos da vida dos

Jaguares, bem como os meetings e as

operações nacionais e internacionais.

<

Pessoal de terra e pilotos formam um

conjunto ligado pelo desejo de precisão

e eficiência agora materializado no

imponente Cronógrafo B42 Jaguares

da Fortis.

<

ESPIRAL DO TEMPO > 71

lugar na lista de prioridades e valências dos Ja-guares, aparece o “reconhecimento aéreo”, a missão terciária. Com o equipamento fotográfi-co próprio, fazem o reconhecimento de alvos.

Em todas as missões, são “puros executantes ecumpridores de ordens”. De acordo com Fernan-do Costa, “quem determina as funções é a cadei-ra hierárquica. Recebemos, por processos codifi-cados, toda a informação de que necessitamospara a missão; depois temos de trabalhar o pla-neamento.” É neste capítulo que a informática eas suas maravilhas ganham protagonismo. Como software de apoio, marcam a missão.

O resto faz o computador – inclusive o pla-neamento para o GPS que é inserido no com-putador do avião. Et voilá. O destino está tra-çado.

Quando os tigres se juntamO objectivo diário da Esquadra 301 é manter asqualificações na sua missão. Traduzido por miú-dos: têm de treinar de maneira a manter semprea qualidade necessária para executar as missões,simulando-as. “Temos de fazer o briefing (expli-cação breve da missão, do que vamos fazer, paratoda a gente poder compreender perfeitamente enão cometer erros) e o debriefing (a análise doque fizemos, no final). A qualificação mantém-nos aptos para a nossa missão, para aquilo queestamos designados a fazer.” Dito assim, peloMajor, até parece fácil…

Exercícios, exercícios, exercícios. As rotinasdo quotidiano ganham outras proporções quan-

Jaguares

O Alpha-JetPortugal, Alemanha, Bélgica e França:

o que têm em comum? São os princi-

pais utilizadores do Alpha-Jet, uma má-

quina dos ares muito especial… Ora

vejamos: quando a Armée de l’Air o

solicitou, em 1967, pretendia um apa-

relho que fosse capaz de operar na

função de ataque ligeiro ao solo (na

altura, o Jaguar era muito caro para ser

utilizado como avião de treino básico).

A solução chegou na forma de um

caça táctico ligeiro com uma velocida-

de de 0,95 Mach ao nível do mar. Além

disso, consta da ficha técnica desta

aeronave um canhão Mauser de 27

mm, nariz em ponta e candeiras Sten-

cel; um bom sistema de navegação

(chamado LDN), tal como um bom

visor frontal que, para além de forne-

cer várias informações de voo, faculta

a resolução de tiro ar/ar e ar/solo.

Como se não bastasse, o Alpha-Jet tem

ainda capacidade de transportar vários

equipamentos de guerra electrónica e

de sobrevivência em combate, caracte-

rísticas de não somenos importância…

É um avião de ataque ao solo, de re-

conhecimento e de treino de conver-

são operacional.

Motor: 2 turbomeca Larzac 04C20

Potência: 3172 Lbs de impulso (cada)

Peso máximo à descolagem: 7500 kg

Velocidade máx.: 550 Kts/0,95 Mach

Tecto de serviço: 45 000’

Carga máxima: 1.700 kg

Alcance: 2.940 km

Envergadura: 9,11 m

Comprimento: 12,29 m

Altura: 4,19 m

Armamento: um pod na barriga que

aloja um canhão Mauser de 27 mm

com 150 munições. Quatro estações

nas asas com a possibilidade de as

estações internas transportarem um

adaptador duplo, transformando-se em

seis estações, com a panóplia grande

de combinações de armamento.

queríamos um relógio

de qualidade, robusto

e, ao mesmo tempo,

elegante. Por isso,

lembrámo-nos deste

modelo da Fortis

...

...72 < ESPIRAL DO TEMPO

Fernando Costa

Os Jaguares são uma equipa, em acção e

nos momentos de lazer.

<

do chega a hora de participar nos Tigermeet. AEsquadra 301 é membro NATO de EsquadrasTiger (por ter no símbolo um felino) e, junta-mente com as muitas outras espalhadas pela Europa, participa todos os anos num exercíciocom cerca de uma semana. Muita gente, muitosaviões, muita confusão, pelo menos duas deze-nas de esquadras reunidas num só local. Durantea semana são feitos exercícios (só com aeronavesdos membros Tiger) e deixa-se o fim-de-semanapara a componente social, com jogos e convívio.A troca de impressões e de prendas é tal que, nobar desta Esquadra, as paredes estão forradas aquadros, pinturas, diplomas, bandeiras e outrosque tais, frutos desses Tigermeet (dois já foramorganizados em Beja e um no Montijo). E os‘nossos’ Jaguares já foram agraciados com doisSilver Tiger, o prémio máximo dado à melhoresquadra nesses encontros.

Esses troféus decoram o gabinete do Co-mandante, lado a lado com a medalha de Servi-ços Distintos com que, em 1988, o Ministro daDefesa homenageou a Esquadra pelos serviçosprestados na Guerra de África e a toda uma vidade teatro de operações.

Este ano, a Fortis junta-se ao rol de homena-gens e, com os cronógrafos B42 Jaguares, faz comque as marcas dos tempos perdurem.

Jaguares

Os Jaguares da Fortis

Cronógrafo B42 Jaguares:

> Série limitada a 80 relógios;

> Movimento cronógrafo mecânico de

corda automática;

> Dia do mês e da semana;

> Escala rotativa unidireccional;

> Vidro em safira com tratamento anti-

reflexos de dois lados;

> Fundo em vidro, exibindo o movi-

mento e a gravação a laser da pata

dos Jaguares;

> Caixa e bracelete em aço;

> Mostrador com símbolo dos Jaguares

e dos Jaguares 2005;

> Gravação do número de série limita-

da na parte lateral da caixa.

Preço: € 2.220 com set completo (in-

clui bracelete em pele, bracelete em

velcro e ferramentas de substituição)

ou € 1.890 sem o set.

(Mais informações na pág. ??)

este ano, a Fortis

junta-se ao rol de

homenagens e, com

os cronógrafos B42

Jaguares, faz com

que as marcas dos

tempos perdurem

...

...Mesmo nos momentos de descontracção

o pessoal da Esquadra 301 Jaguares vive

rodeado de imagens reveladoras da sua

paixão: os aviões.

<

Uma recordação dos tempos da Guiné,

o símbolo da Esquadra 121 Tigres

formada em 1966.

<

ESPIRAL DO TEMPO > 75