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 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1       PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO REGULAR: CONCEPÇÕES DOCENTES    Resumo Este estudo originase de pesquisa intitulada “Concepções Docentes sobre o processo de inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais na Rede Municipal de Canoas/RS” e está vinculado à linha de pesquisa de Formação de Professores, Teorias e Práticas Educativas do curso de Mestrado em Educação do Centro Universitário La Salle. Objetivou analisar quais as concepções docentes na na inclusão de alunos/as que apresentam alguma Necessidade Educacional Especial no ensino regular. O suporte teórico foi construído a partir de autores como Skliar (2012), Silva (2012), Sassaki (2012), Mazzotta (2005), Mittler (2003), Mantoan (2009), Carvalho (2010) e Beyer (2010), dentre outros. Metodologicamente, utilizamos a abordagem qualitativa, com suporte de dados quantitativos e foi realizada em quatro escolas da rede municipal de ensino de Canoas com docentes do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental. Os dados foram coletados através dos instrumentos diário de campo, questionário e entrevista semi aberta. A análise dos dados realizouse a partir dos pressupostos da Análise de Conteúdo com base nos estudos de Bardin (2011). Deste estudo foi possível identificar algumas limitações e possibilidades que se apresentam no cotidiano escolar em relação ao processo inclusivo, buscando garantir o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos os alunos e alunas. A pesquisa revela a necessidade de outros estudos acerca de experiências e práticas de inclusão escolar, entre elas verificarse como os alunos com NEE estão sendo avaliados e como eles estão apreendendo. Constatamos que as possibilidades de desenvolvimento do trabalho pedagógico que corresponda às aspirações do atendimento à diversidade, a flexibilização curricular vem se destacando no contexto escolar. Tornase imprescindível averiguar se  realmente uma formação inicial ou continuada capaz de garantir as competências necessárias e suas implicações para a prática pedagógica.   Palavraschave: Palavraschave: Educação Inclusiva. Necessidades Educacionais Especiais. Concepções docentes sobre a   Denise Da Rosa Wedman Secretaria Municipal da Educação  de Canoas/RS [email protected]      

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

  PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO REGULAR: CONCEPÇÕES DOCENTES     

Resumo Este estudo origina‐se de pesquisa intitulada “Concepções Docentes sobre  o  processo  de  inclusão  de  Alunos  com  Necessidades Educacionais  Especiais  na  Rede  Municipal  de  Canoas/RS”  e  está vinculado à linha de pesquisa de Formação de Professores, Teorias e Práticas Educativas do  curso de Mestrado  em Educação do Centro Universitário  La  Salle.  Objetivou  analisar  quais  as  concepções docentes  na  na  inclusão  de  alunos/as  que  apresentam  alguma Necessidade  Educacional  Especial  no  ensino  regular.  O  suporte teórico  foi  construído  a  partir  de  autores  como  Skliar  (2012),  Silva (2012),  Sassaki  (2012),  Mazzotta  (2005),  Mittler  (2003),  Mantoan (2009),  Carvalho  (2010)  e  Beyer  (2010),  dentre  outros. Metodologicamente,  utilizamos  a  abordagem  qualitativa,  com suporte de dados quantitativos e foi realizada em quatro escolas da rede municipal de  ensino de Canoas  com docentes do primeiro  ao quinto  ano  do  Ensino  Fundamental.  Os  dados  foram  coletados através dos instrumentos diário de campo, questionário e entrevista semi  aberta.  A  análise  dos  dados  realizou‐se  a  partir  dos pressupostos  da  Análise  de  Conteúdo  com  base  nos  estudos  de Bardin (2011). Deste estudo foi possível identificar algumas limitações e possibilidades que se apresentam no cotidiano escolar em relação ao processo inclusivo, buscando garantir o acesso, a permanência e a aprendizagem  de  todos  os  alunos  e  alunas.  A  pesquisa  revela  a necessidade de outros estudos acerca de experiências e práticas de inclusão  escolar,  entre  elas  verificar‐se  como  os  alunos  com  NEE estão sendo avaliados e como eles estão apreendendo. Constatamos que  as  possibilidades  de  desenvolvimento  do  trabalho  pedagógico que  corresponda  às  aspirações  do  atendimento  à  diversidade,  a flexibilização  curricular  vem  se  destacando  no  contexto  escolar. Torna‐se  imprescindível  averiguar  se  há  realmente  uma  formação inicial ou continuada capaz de garantir as competências necessárias e suas implicações para a prática pedagógica.   Palavras‐chave: Palavras‐chave: Educação Inclusiva. Necessidades Educacionais Especiais. Concepções docentes sobre a  

 Denise Da Rosa Wedman 

Secretaria Municipal da Educação  de Canoas/RS 

[email protected]      

PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO REGULAR: CONCEPÇÕES DOCENTES  Denise Da Rosa Wedman 

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INTRODUÇÃO 

Atualmente a escola está sendo chamada a lidar com a diversidade, como é o caso 

dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) que, apesar dos avanços legais, 

não  constituem um  avanço  significativo,  cuja  finalidade  visa buscar  a universalização e 

democratização escolar, designada a atender as suas necessidades únicas que conduzam 

a resultados satisfatórios de aprendizagem. Nesse contexto percebe‐se a necessidade de 

aprofundar  reflexões  em  torno  dessa  temática  que,  na  prática  do  cotidiano  escolar, 

envolve  aspectos  políticos,  culturais,  sociais,  filosóficos  e  pedagógicos.  O  termo 

“inclusão”  no  cenário  das  discussões  educacionais  está  relacionado  aos  alunos  que 

apresentam alguma NEE. Muitas vezes, mesmo sem uma preparação adequada, tanto de 

estrutura  física como docentes habilitados e de apoio de profissionais especializados, a 

escola  busca  garantir  o  acesso,  a  permanência  e  a  aprendizagem  de  todos  os  alunos. 

Além dos desafios pedagógicos e políticos envolvidos nesse processo, percebemos que é 

preciso abandonar as concepções culturais e históricas que privilegiam o aluno  ideal, a 

turma homogênea, o  sujeito normal que “revogam”,  imobilizando e  frustrando o  fazer 

docente. 

O  paradigma  da  Educação  Inclusiva  surgiu  desse  movimento  constante  de 

transformações,  que  envolve  aspectos  éticos,  políticos,  antropológicos  e médicos. Na 

Educação quando nos deparamos com alunos com NEE surgem inúmeras dúvidas e todos 

os esforços e investimentos parecem utópicos se vistos de forma imediata. Esta temática 

ao  longo dos tempos suscitou debates e discussões que conduziram a uma divergência 

de opiniões muito variadas. Encontramos, assim, aqueles que acreditam nas vantagens da 

inclusão no ensino regular e aqueles que questionam sua validade e consequências. Desse 

modo, o processo de  inclusão de alunos com NEE no ensino regular  implica, na prática, 

rever  questões  complexas  que  só  serão  resolvidas  a  partir  de  profundas  reflexões  de 

aspectos multifatoriais presentes inclusive ao longo da história educacional. 

Neste  campo  temático,  o  texto  que  apresentamos,  foi  produzido  a  partir  da 

pesquisa  intitulada “Concepções Docentes sobre o processo de  inclusão de Alunos com 

Necessidades Educacionais Especiais na Rede Municipal de Canoas/RS” vinculado à  linha 

de  pesquisa  de  Formação  de  Professores,  Teorias  e  Práticas  Educativas  do  curso  de 

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Mestrado em Educação do Centro Universitário La Salle. O suporte teórico foi construído 

a  partir  de  autores  como  Skliar  (2012),  Silva  (2012),  Sassaki  (2012), Mazzotta  (2005), 

Mittler (2003), Mantoan (2009), Carvalho (2010) e Beyer (2010) dentre outros. A pesquisa 

empregou  a  combinação  dos métodos  qualitativo  e  quantitativo  realizada  em  quatro 

escolas da rede municipal de ensino de Canoas com docentes do primeiro ao quinto ano 

do Ensino Fundamental. Os dados  foram  coletados através dos  instrumentos diário de 

campo,  questionário  e  entrevista.  A  análise  dos  dados  realizou‐se  a  partir  dos 

pressupostos da Análise de Conteúdo com base nos estudos de Bardin (2011). 

  Apresentamos  um  recorte  desta  experiência  com  o  objetivo  de mostrar  que,  a 

partir  das  concepções  docentes  do  processo  de  inclusão  de  alunos  com NEE  na Rede 

Municipal de Canoas/RS, foi possível identificar algumas limitações e possibilidades que se 

apresentam  no  cotidiano  escolar  do  ensino  comum  em  relação  ao  processo  inclusivo 

buscando  garantir  o  acesso,  a  permanência  e  a  aprendizagem  de  todos  os  alunos  e 

alunas.   

 

Princípios da educação inclusiva: da integração a inclusão escolar  

Sendo a educação ferramenta básica para a  inserção de qualquer pessoa em seu 

meio social, ela imprime a cultura, constrói o cidadão, amplia conhecimentos apontando à 

construção de um mundo melhor para todos. É a base fundamental para a participação, 

independência,  conhecimento  e  autorrealização,  tornando‐se  indispensável  para  a 

realização plena de todos os cidadãos. Historicamente, durante muito tempo, as pessoas 

“diferentes”  foram excluídas da  sociedade  impedidas de participar dos espaços  sociais 

onde se transmitiam conhecimento.  

A  política  de  inclusão  surgiu  nos  Estados Unidos  da  América  (EUA)  a  partir  da 

segunda metade dos anos 70, visando “inserir” não só as pessoas com deficiência, mas 

todas  as pessoas  “excluídas” da  escola  e da  sociedade,  como os negros, os  índios,  as 

mulheres, os pobres e as demais minorias sociais (MENDES, 2006). Depois de passar pelo 

princípio  da  normalização  difunde‐se  a  possibilidade,  por  meio  de  leis  e  demais 

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instrumentos  jurídicos,  igualar  os  homens  entre  si.  Dessa  forma,  surge  o  princípio  da 

integração.   

Sassaki (2010) postula que “[...] durante o primeiro período dos anos 70  ocorreu o 

processo denominado de integração, onde crianças e jovens com deficiência, mais aptos, 

eram  encaminhados  às  escolas  regulares,  sendo  que  permaneciam  neste    local  se 

conseguissem  acompanhar  o  processo  educacional  comum”.  (p.  39).  Assim,  neste 

período,  foram  criadas  as  classes  especiais  dentro  das  escolas  comuns,  para  atender 

alunos  com  deficiências  inclusive  com  dificuldades  de  aprendizagem.  Porém  mesmo 

oportunizando vários tipos de atendimentos em espaços diferenciados “[...] trata‐se de 

uma  inserção  parcial,  porque  o  sistema  prevê  serviços  educacionais  segregados” 

(MANTOAN, 2006, p.  18). Apesar disso, Sassaki  (2010)  reconhece que a  integração  teve 

muitos méritos por promover a inserção de pessoas com deficiência na sociedade.  

 A partir de 1975, surge o princípio da inclusão, que visa integrar não só as pessoas 

com  deficiência  e  altas  habilidades/superdotados, mas  todos  os  alunos  anteriormente 

excluídos  das  escolas  regulares.  Os  princípios  da  integração  e  da  inclusão  têm  sido, 

atualmente, os eixos das discussões em congressos, seminários, eventos e publicações na 

área  da  educação  por  estudiosos  e  pesquisadores  tanto  em  nível  nacional  quanto 

internacional. A inclusão de alunos com NEE no ensino regular é uma questão histórica e 

paradoxalmente atual nas instituições escolares. Observa‐se que nos últimos anos, nunca 

houve  tanto  destaque  em  termos  de  reflexões,  debates,  publicações  de  livros  que 

culminaram num verdadeiro aparato legal.  A temática inclusão não se restringe apenas à 

área da educação, a própria sociedade como um todo vem caminhando para o consenso 

de direitos para todas as pessoas nos mais diversos segmentos seja: cultural, educacional 

ou social.  

Com  a  ampliação da discussão  surge  a defesa de perspectivas mais  inclusivistas 

tendo  como  perspectiva  “[...]  suprimir  a  subdivisão  dos  sistemas  escolares  em 

modalidades de ensino especial e ensino regular. Onde as escolas atendem as diferenças 

sem discriminar ou trabalhar a parte com alguns alunos” (MANTOAN, 2006, p. 19). Dessa 

forma, a partir de diversas  leis e declarações aprovadas tanto em nível nacional quanto 

internacional  evidencia‐se  uma  evolução  na  superação  da  segregação,  passando  pela 

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institucionalização,  sinalizando  uma  política  de  inserção  de  pessoas  com  NEE 

primeiramente  através  da  integração  e  posteriormente  da  inclusão. A  inclusão  implica 

uma mudança de perspectiva educacional, porque “[...] não atinge apenas os alunos com 

deficiência, mas  todos  os  demais,  para  que  obtenham  sucesso  na  corrente  educativa 

geral” (MANTOAN, 2006, p. 19).  

Com  a  promulgação  da  nova  Constituição  Federal  em  1988  foi  posto  que  a 

educação é direito social de todo cidadão brasileiro. O artigo 208 prevê como dever do 

Estado “o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de 

ensino”. Esse dispositivo  legal aparece revisto,   posteriormente, na Lei nº 9.394/96, que 

reafirma  ser  dever  do  estado  promover  “o    atendimento  educacional  especializado 

gratuito  aos  educandos  com  necessidades    educativas  especiais,  preferencialmente  na 

rede  regular  de  ensino”  (art.  nº4º,  inc.  III).  Essa  mesma  lei  prevê  serviços  de  apoio 

especializado  e  abre  possibilidades  ao  atendimento  em    classes,  escolas  ou  serviços 

especializados,  quando  não  houver  possibilidade  de  integração  na    classe  comum. 

Ressalta‐se  que  essa  Lei  avança  no  sentido  de  destacar  a  Educação  Especial  como 

modalidade  de  ensino,  concedendo  um  capítulo  específico  para  suas  deliberações.  A 

implementação efetiva desses dispositivos de  lei requer a participação coletiva, visando, 

primeiramente, a mudanças atitudinais de todos os envolvidos no processo de  inclusão. 

Novas propostas de gestão educacional também devem ser implementadas, assim como 

à suspensão de barreiras arquitetônicas, além de visar à criação de suporte especializado 

para  atender  as  especificidades  desses  educandos.  A  inclusão  compreende  um  valor 

constitucional, ou seja, as pessoas com necessidades especiais em decorrência ou não de 

alguma deficiência possuem os mesmos direitos perante a sociedade, amparados por leis 

e declarações universais. Porém, como  todas as  transformações sociais, necessita‐se da 

conscientização, da mobilização e principalmente da sensibilização de cada um. 

A  inclusão da pessoa com Necessidades Educacionais Especiais no espaço escolar 

tem  gerado  discussões,  controvérsias  e  muitas  angústias.  Assim,  faz‐se  necessário 

promover a reflexão sobre novas possibilidades no ato de ensinar e aprender.   Ressalta‐

se que a nova proposta de educação  inclusiva surgiu com a Conferência Mundial sobre 

Educação  para  Todos  (1990),  realizada  em  Jomtien,  na  Tailândia.    Tendo  como meta 

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principal  a  de  garantir  a  democratização  da  educação,  independentemente  das 

particularidades dos alunos. Sendo assim, todas as ações pedagógicas da escola devem 

estar voltadas para o atendimento desse público, promovendo a  intervenção necessária 

para a democratização da educação.  

     A inclusão da pessoa com Necessidades Educativas Especiais na escola regular foi 

assinalada  pela Declaração  de  Salamanca  (1994),  reafirmando  que,    pedagogicamente, 

além das  características democráticas,  a educação deverá  ser pluralista. Cabe  ressaltar 

que não basta garantir apenas o acesso, mas a permanência com qualidade do aluno nos 

diversos  níveis  de  ensino,  respeitando  fundamentalmente  sua  identidade  social, 

concebendo que a escola precisa considerar essas múltiplas diferenças, promovendo as 

condições e adaptações necessárias, que atendam as necessidades de aprendizagem de 

cada educando no processo educativo. A inclusão promove uma mudança de perspectiva 

educacional, pois não se limita a auxiliar somente os alunos que apresentam dificuldades 

na  escola,  mas  oferece  condições    para  que    todos  obtenham  sucesso  no  processo 

educativo geral.  

 

 Procedimentos metodológicos  

Metodologicamente, utilizamos a abordagem qualitativa,  com  suporte de dados 

quantitativos. Optamos pela na combinação das abordagens quantitativas e qualitativas 

de pesquisa, que de acordo com Creswell (2010, p. 238), “[...] pode‐se obter mais insights 

com  a  combinação  das  pesquisas  qualitativas  e  quantitativas.  Seu  uso  combinado 

proporciona  uma maior  compreensão  dos  problemas  de  pesquisa”.  Do  ponto  de  vista 

metodológico, a abordagem escolhida teve como objetivo abarcar questões sociais, políticas e 

filosóficas  da  realidade  pesquisada,  enriquecendo  e  complementando  dados.  Dessa 

forma,  a  abordagem  quantitativa  serviu  para:  “[...]  identificar  a  população  do  estudo. 

Também declarar o tamanho dessa população e os meios para identificar os indivíduos na 

população” (CRESWELL, 2010, p. 180).  

A pesquisa qualitativa é um meio para explorar e para entender o significado que 

os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humano onde, conforme o 

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mesmo autor, “proporciona uma lente geral de orientação para o estudo de questões de 

gênero, classe e raça ou outras questões de grupos marginalizados” (CRESWELL, 2010, p. 

90).  

Com  base  nesses  aspectos,  as  combinações  dos  métodos  quantitativo  e 

qualitativo  estiveram  conectadas  durante  as  fases  de  pesquisa,  o  que  aumentou  o 

conhecimento  sobre o  tema  a  ser pesquisado,  contribuindo para  alcançar os objetivos 

traçados, assim como compreender a realidade estudada. 

 

 Sujeitos da pesquisa 

Participaram  como  sujeitos da pesquisa as   docentes que atuam do primeiro ao 

quinto ano do ensino fundamental que compõem o quadro das unidades. A escolha das 

docentes se deu pelo  fato de ser nesses primeiros anos do Ensino Fundamental que se 

concentram alunos com NEE.   Segundo Creswell (2010, p. 212), “[...] a  ideia que está por 

trás da pesquisa qualitativa é a  seleção  intencional dos participantes ou dos  locais que 

melhor ajudarão o pesquisador a entender o problema e a questão de pesquisa”. Nesse 

contexto, ressalta‐se a importância dessas docentes do primeiro ao quinto ano do ensino 

fundamental,  em  apresentar,  anteriormente  ou  no momento  da  coleta  de  dados,  um 

aluno ou mais com NEE na sala de aula em que leciona ou que já tenha lecionado. 

 

 Instrumentos para coleta de dados 

A pesquisa teve início em abril de 2013. A coleta de dados foi realizada através dos 

seguintes instrumentos: A primeira etapa consistiu na elaboração de um Diário de Campo 

realizado  através  de  observações  onde  “[...]  o  pesquisador  faz  anotações  de  campo 

sobre o comportamento e as atividades dos indivíduos no local de pesquisa” (CRESWELL, 

2010, p. 214). Ao observar e anotar situações do cotidiano escolar, coube ao pesquisador 

ficar atento em relação às práticas pedagógicas desenvolvidas, condições existentes para 

realizar ações educativas  inclusivas como  infraestrutura,  recursos humanos e materiais. 

Também foi observado os processos  de comunicação/relação entre docentes e discentes 

como receptividade, postura, e  linguagem em relação aos alunos com NEE. Os registros 

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dessa  fonte  auxiliaram  na  caracterização  das  escolas  que  participaram  do  estudo, 

auxiliando nas próximas etapas, principalmente, na elaboração das categorias.  

A segunda etapa foi a aplicação de um questionário visando identificar o perfil das 

docentes  participantes  do  estudo.  Desta  etapa  participaram  vinte  e  seis  docentes.  O 

roteiro de perguntas apresentou questões fechadas em relação a dados pessoais como: 

idade, sexo, estado civil, nível de  formação acadêmica, se possui alguma deficiência ou 

não, tempo de atuação, carga horária exercida e cursos específicos na área da  inclusão, 

contemplando  a  perspectiva  quantitativa  onde  os  dados  coletados  foram  analisados 

através da estatística descritiva.  

Na  terceira  e  última  etapa,  foram  realizadas  entrevistas  semiestruturadas  com 

onze  docentes  participantes  nomeadas  da  seguinte  forma:  D1  (Entrevista  1),  D2 

(Entrevista  2),  e  assim  sucessivamente  até  Docente  11  (Entrevista  11).  Dessa  forma, 

respeita‐se a identidade das entrevistadas, conforme as questões éticas apresentadas no 

TCLE da pesquisa. Para  identificação dos depoimentos das  entrevistas  no  texto,  serão 

apresentados,  ao  longo  deste  trabalho,  grifados  em  itálico. As  entrevistas  envolveram 

questões que se destinam a suscitar concepções e opiniões dos participantes. Em relação 

à elaboração de entrevistas, Goldenberg (2005) ressalta a importância em estar atento a 

esse  instrumento de pesquisa por  estar  lidando  com o que o  indivíduo deseja  revelar, 

ocultar e a imagem que quer projetar de si mesmo e de outros. 

As  entrevistas  foram  realizadas  de  acordo  com  a  prévia  combinação  com  as 

Orientadoras  Educacionais  que  direcionaram  os  docentes  participantes  do  estudo 

durante um período vago, intervalo ou reunião pedagógica das mesmas, para a realização 

da coleta que ocorreu em espaços diferenciados em cada escola.  

Diante  do  exposto,  os  instrumentos  para  a  coleta  de  dados  elencados  foram 

utilizados  de  forma  complementar  para  ampliar  o  entendimento  das  questões 

pesquisadas passando pelo tratamento e sistematização apontados a seguir. 

  

 

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Procedimentos sobre a análise dos dados 

A  partir  dos  Diários  de  Campo,  dos  vinte  e  seis  questionários  e  das  onze 

entrevistas  gravadas,  formou‐se  um  conjunto de  instrumentos  facilitadores do próprio 

registro,  imprescindíveis para a  sistematização e análise das  informações. Realizou‐se a 

ordenação desse material ligando a integração dos conteúdos. 

O primeiro material analisado foi o Diário de Campo. Dele foi realizada uma leitura 

preliminar. Para visibilizar as questões observadas e foram realizadas análises no sentido 

de  como  todas  essas  informações  foram  percebidas.    A  partir  das  observações 

correspondentes  a  cada  escola,  ressaltaram‐se  as  questões  que  mais  apareceram  na 

totalidade das  informações, auxiliando na caracterização das escolas e, posteriormente, 

favorecendo na análise das categorias construídas. 

A  segunda  etapa  consiste  em  um  questionário  visando  identificar  o  perfil  das 

docentes  composto  por  um  conjunto  de  doze  questões  fechadas  e  uma  aberta 

abrangendo identificação, a formação e trajetória profissional que contemplará a análise 

quantitativa.   O  tratamento  desses  dados  foi  realizado  por meio  de  análise  estatística 

descritiva, que “[...] permite organizar, resumir e apresentar os dados” (BARBETTA, 2006, 

p. 65).   

As onze entrevistas gravadas foram transcritas fidedignamente com o cuidado de 

não perder a subjetividade das falas, dos silêncios, das interrupções. A agregação de todo 

material  coletado  foi  desenvolvida  a  partir  do  conjunto  das  respostas  em  relação  ao 

elemento  teórico  pesquisado.  Para  análise  das  entrevistas  foi  utilizada  a  proposta  de 

análise  de  conteúdo  de  Laurence  Bardin,  por  entender‐se  ser  um  excelente  suporte 

teórico capaz de  facilitar a compreensão e sustentar o que  foi proposto a  investigar. A 

análise de conteúdo, conforme Bardin  (2011, p. 37), “[...] é um conjunto de  técnicas de 

análise  das  comunicações.  Não  se  trata  de  um  instrumento,  mas  de  um  leque  de 

apetrechos, [...] marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo 

de aplicação muito vasto: as comunicações”.   Deste modo, foram seguidos os caminhos 

propostos  pela  autora,  visando  desvelar  o  que  poderia  estar  oculto  nos  discursos 

diversificados. 

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A  organização  do  método,  conforme  Bardin  (2011),  consiste  em  três  etapas, 

iniciando com a pré‐análise, onde se buscou a organização dos documentos propriamente 

dita. Conforme a autora, a pré‐análise equivale a organização do material. Ela tem  início 

na própria elaboração do projeto propriamente dito, desde o  levantamento de material 

bibliográfico,  sobre o objeto de  estudo  até  a determinação do  corpus ou  conjunto de 

dados a ser analisado.  

A  segunda etapa  consiste na  codificação desses dados a partir das unidades de 

registro,  que,  de  acordo  com  a  mesma  autora,  trata‐se  de  uma  “[...]  fase,  longa  e 

fastidiosa,  consiste  essencialmente  em  operações  de  codificação,  decomposição  em 

função  de  regras  previamente  formuladas”  (p.  131).  A  codificação  corresponde  a  uma 

transformação dos dados brutos do  texto que permitem atingir uma  representação do 

seu conteúdo que servem para dar significação às mensagens e assim chegar no processo 

de definição das categorias. 

A  terceira e última  etapa  consiste na  categorização, ou  seja,  a  classificação dos 

elementos  segundo  suas  semelhanças  e por diferenciação,  através do  reagrupamento, 

considerando  suas  características mais  comuns.  Neste  processo  de  categorização,  foi 

considerada a dimensão de maior abrangência ou termo‐chave que  indica a significação 

central do conceito que se quer apreender. 

 E,  por  fim,  o  tratamento  dos  resultados  que  diz  respeito    à  interpretação  dos 

dados. Nesta etapa, buscou‐se a generalidade para apreender os aspectos mais comuns 

de todos os depoimentos. Inicialmente, são agrupados os temas, retirados das unidades 

de significados, colocados em um quadro de categorias, de  ideias gerais, originadas das 

convergências  dos  depoimentos.  Seguindo  essa  trajetória,  realizou‐se  a  análise  dos 

significados identificados nessas categorias para apreender a essencialidade da “fala” dos 

entrevistados. 

 

 

 

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 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 

Após  a  consolidação  dos  dados  coletados,  procedeu‐se  a  caracterização  das 

escolas,  o  perfil  das  docentes  que  participaram  da  pesquisa,  bem  como  as  categorias 

construídas junto à realidade investigada, visando responder aos objetivos propostos. 

    

Campo empírico 

A  pesquisa  foi  desenvolvida  em  quatro  escolas  da  Rede  Pública Municipal  de 

Canoas – RS. O critério de escolha foi pautado nas unidades de maior porte da Rede que 

consiste em escolas com mais de um mil e quinhentos alunos matriculados. Cabe ressaltar 

que,  de  acordo  com  a  atual  administração,  o município  foi  dividido  pelos  quadrantes 

Sudoeste,  Sudeste,  Noroeste  e  Nordeste  para  fins  de  organização,  localização  e 

assessoramento geral.  

Dessa  forma, optou‐se por uma escola por quadrante,  levando em consideração 

que  a  pesquisa  qualitativa  não  se  baseia  no  critério  numérico  para  garantir  sua 

representatividade, conforme assinala Minayo (2001). A opção justifica‐se pelo intuito em 

contemplar  realidades  variadas  no  que  se  refere  ao  contexto  em  que  a  escola  está 

inserida. Entende‐se que seus  indicadores podem espelhar a realidade predominante na 

Rede  de  ensino  municipal  por  contemplar  realidades  variadas  no  que  se  refere  ao 

contexto em que a escola está inserida.  

A realização do trabalho de campo nestas quatro escolas teve a duração de três 

meses, tendo início em abril com término em julho, conciliando horários do pesquisador e 

pesquisados. O mesmo foi desenvolvido através de observações mediante o uso de um 

Diário de Campo, o preenchimento de um questionário com questões fechadas, visando 

caracterizar  os  sujeitos  da  pesquisa.  Mediante  o  uso  da  técnica  de  Entrevistas 

Semiestruturadas,  buscou‐se  captar  a  concepção  das  docentes  sobre  o  processo  de 

inclusão escolar de alunos com NEE no ensino regular. As entrevistas foram previamente 

agendadas  através  das  Orientadoras  Educacionais,  gravadas  e  transcritas 

posteriormente.  

 

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 Perfil das docentes  

Tendo  em  vista  a  abordagem  quantitativa,  que  compõe  a  segunda  etapa  da 

pesquisa,  foi  realizado  um  questionário  composto  por  doze  questões  fechadas  e  uma 

aberta. O  objetivo  do  instrumento  foi  traçar  o  perfil  docente,  a  partir  de  informações 

como idade, tempo de atuação, área de formação e carga horária semanal. O tratamento 

desses  dados  foi  realizado  por  meio  de  análise  estatística  descritiva.  O  questionário 

aplicado  nas  quatro  escolas  totalizou  a  contribuição  de  vinte  e  seis  docentes  do  sexo 

feminino. 

Com  relação à  faixa etária, constata‐se que a maioria das docentes participantes 

da pesquisa encontra‐se entre 40 a 49 anos de  idade. Tal  situação é  representativa de 

pessoas  com  significativa  experiência  pessoal  e  profissional.  A  faixa  etária  das 

profissionais  é  importante  elemento  de  crescimento  pessoal  e,  consequentemente, 

profissional, pois irá configurar   a vivência de cada uma.   

A  experiência  de  atuação  docente  também  aparece  como  característica  forte 

deste grupo. Observa‐se, através dos dados, que a metade dos professores entrevistados 

encontra‐se bem próximo da  aposentadoria. O que  leva  a  crer que, de  alguma  forma, 

estas  docentes  têm  acompanhado  as  mudanças  sociais  e  culturais  que  refletem 

diretamente na escola.  

Quanto à escolaridade, verifica‐se que a maioria das docentes 46,15% possui Pós‐

Graduação  Lato  Sensu  completo;  11,53%  possui  Nível  Médio  Magistério;  15,4%  Nível 

Superior  Completo;  11,53  Nível  Superior  Incompleto  e  15,4  possui  Pós‐Graduação  Lato 

Sensu  Incompleto. Os  dados  revelam,  em  termos  de  qualificação,  a  existência  de  um 

quadro  docente  na  rede  municipal  de  ensino  canoense  bastante  satisfatório.  O 

percentual de docentes apresentando formação adequada para o exercício do magistério 

é elevado atendendo, assim, os requisitos da LDB . 

Em  relação a   participação das docentes   em atividade de  formação  continuada 

nos últimos dois anos correspondendo a   92,30%   que participam e 7,7% não participam. 

Cabe ressaltar que a formação continuada de professores(as), conforme a LDB 9394/96, 

revelou  importantes  valores  no  sentido  de  qualificar  o  trabalho  docente  visando,  ao 

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alcance  de  melhores  níveis  de  aprendizado  na  escola  brasileira.  Conforme  os  dados 

coletados, a adesão é praticamente unânime. No entanto, no quadro seguinte, percebe‐

se  que  esta  formação  requer  amplas  reflexões  no  sentido  de mudar  efetivamente  as 

práticas pedagógicas docentes. 

 

Diálogos e concepções das docentes: análise interpretiva do estudo 

Atendendo aos nossos propósitos, neste artigo, a análise e interpretação a seguir 

teve  como  finalidade  refletir  acerca  de  um  recorte,  em  relação  aos  dados  coletados. 

Nesse  sentido  apontamos  a  análise  interpretativa  de    uma  das  categorias  analisada 

conforme o objetivos traçados que circulam entre as docentes. 

Seguindo  uma  das  questões  pesquisadas  que  diz  respeito  aos  “Aspectos 

imprescindíveis para viabilizar no cotidiano escolar a proposta da educação  inclusiva de 

alunos com NEE.” Permitiu descobrir a seguinte concepção que circula entre as docentes 

que participaram da pesquisa.  

 

 Falta de laudo/diagnóstico para saber o que fazer 

  Dentro  da  categoria  falta  de  laudo  e/ou  diagnóstico  do  aluno  público  alvo  da 

educação  inclusiva,  foram encontradas descrições negativas,  ressaltando a  importância 

que as docentes concebem para esse aspecto.  

 D9 coloca que: 

  [...] a gente não tem aquele  laudo pra saber o que fazer, entendeu. Até vê o que o 

aluno precisa, mas não sabe o que fazer ou não tem o que fazer porque não sabe o caminho 

a seguir porque não tem aquele laudo. A gente não pode ficar naquele achismo eu acho que 

é, mas eu não sei realmente o que é. Eu não sou o profissional certo para detectar o que é na 

real pra poder trabalhar certo.  

  Já D1 ilustra o seguinte: 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.14 

 

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  [...] como muitos alunos não têm um laudo, mas visivelmente têm alguma dificuldade 

especial,  algum  problema  então  eu  acho  que  a  primeira  coisa  a  ser  feita  é  investigar, 

diagnosticar e tratar para depois torná‐los aptos a estarem inseridos no contexto escolar.  

  Quaresma da Silva (2010) descreve que percebe claramente que, uma vez dado o 

diagnóstico, tanto a família como a escola param de  investir no sujeito. Já   Beyer (2010) 

enfatiza  que  este  paradigma  é  denominado  de  clínico‐médico  realçando  as  categorias 

médicas ou clínicas, em detrimento das pedagógicas.  

Assim,  percebe‐se  que  a  ótica  das  docentes  ainda  está  marcada  pela  cultura 

terapêutica  e  homogeneizadora.  A  tomada  de  decisões  sobre  como  proceder  para 

acompanhar o processo de escolarização depende da participação da equipe escolar, ou 

seja, do supervisor, do orientador e do professor da sala de recursos, em que o mesmo 

estiver envolvido.  

O pedagógico não pode se restringir aos limites de laudos e diagnósticos. Devendo 

ocorrer em conjunto com o serviço de apoio da escola, visando garantir a aprendizagem 

de todos os alunos e alunas. Mantoan (2009) confirma que tem encontrado barreiras na 

proposta de  incluir  todos os alunos e alunas, entre as quais a autora destaca a cultura 

terapêutica da Educação Especial.  

Neste sentido, o ensino adequado é aquele que se dirige ao aprendizado do aluno, 

ressaltando  a  importância da  intervenção pedagógica  através da  colaboração  entre os 

demais professores da própria escola como forma de propiciar avanços na aprendizagem 

do sujeito. Acreditar na potencialidade das crianças, com deficiência, desenvolver registro 

qualificado  e  ficar  atento  às  respostas  apresentadas,  passa  a  ser  fundamental  para 

compreender a necessidade do aluno com deficiência. 

Cabe ressaltar que o diagnóstico é um processo de múltiplas facetas que inclusive 

podem apresentar enganos que somente mais tarde com a entrada da criança na escola 

poderá  ser  elucidado.  O  essencial  para  o  professor  não  é  o  laudo  médico  e  sim  a 

observação,  estabelecer  uma  relação  afetiva  como  a  crença  na  superação  de  suas 

dificuldades  e  apostar  nas  potencialidades  desses  alunos  independente  de  qualquer 

Classificação Internacional de Doença.    

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A constatação primordial é que o compromisso com uma educação de qualidade 

para todos tem desafiado os profissionais de educação em pensar, planejar, organizar e 

atuar com o objetivo de construir alternativas pedagógicas desconsiderando o aspecto 

terapêutico.  Essas  questões  nos  remetem  a  repensar  o  processo  de  ensino  e 

aprendizagem  no  sentido  de  criar  e  consolidar  práticas  pedagógicas  que  garantam  o 

direito de todos à educação de qualidade.  

A inclusão escolar representa um direito que não diz respeito somente aos alunos 

com  deficiência,  envolve  o  acolhimento,  o  respeito  às  diferenças  e  o  apoio  às 

necessidades.  Entre  o  aprender  a  ler  e  escrever  encontra‐se  o  desenvolvimento  de 

potencialidades,  autonomia,  aceitação  em  sala  de  aula  entre  outros  aspectos que  não 

depende unicamente de um laudo/diagnóstico..  

Sassaki (2010) acredita que a semente do conceito de educação inclusiva parte da 

busca de uma sociedade para todos, onde o autor enfatiza a importância da  cooperação 

e da contribuição de todas as pessoas de forma a atingir os objetivos e princípios contidos 

nesta proposta.  Nesta nova perspectiva inclusiva é fundamental que a escola seja capaz 

de aceitar a responsabilidade do progresso de todos os alunos. 

Dentre  as  possibilidades  de  desenvolvimento  do  trabalho  pedagógico  que 

corresponda às aspirações do atendimento à diversidade, a flexibilização curricular vem 

se  destacando  no  contexto  escolar.  Das  discussões  que  a  educação  inclusiva  tem 

motivado observa‐se a importância da adaptação curricular visando assegurar que todos 

os  alunos  tenham  acesso  ao  currículo  de  forma  adequada  as  suas  características 

individuais.  

A  realização  de  adaptações  curriculares  é  o  caminho  para  o  atendimento  às 

necessidades específicas de aprendizagem dos alunos e alunas com NEE. Cabe ressaltar 

que essa proposta difere de enfatizar o déficit do aluno o que acarretaria a construção de 

um  currículo  empobrecido,  desvinculado  da  realidade  desse  aluno,  ou  seja,  este 

planejamento diferenciado não pode ser precário.  

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Carvalho  (2010)  afirma  neste  sentido  que  as Adaptações  Curriculares  consistem 

em estratégias intencionalmente organizadas para dar respostas às necessidades de cada 

aluno.  

Entende‐se que a ênfase está em  identificar as necessidades em  relação a esses 

alunos  para  efetuar  as  modificações  do  planejamento  como  um  todo  que  envolve 

modificar  objetivos,  as  atividades  e  formas  de  avaliar.    Dessa  forma,  os  sistemas 

educacionais precisam ser modificados para construir uma real escola para todos, que dê 

conta dessas especificidades. 

Aranha  (2005)  ressalta  que  as  Adaptações  Curriculares  são  os  ajustes  e 

modificações realizadas, para responder às necessidades de cada aluno. Diante do relato 

do autor a adaptação curricular visa favorecer as condições necessárias para o aluno com 

NEE efetive o máximo possível de aprendizagem. 

Blanco (2004) reforça a  importância de  levantar as necessidades e possibilidades 

de aprendizagem que os alunos com deficiência apresentam para ajustar as intervenções 

e desenvolver apoios pedagógicos.  

Ressalta‐se  que  as  estratégias  de  adaptações  curriculares  envolvem  ações  que 

oportunizem  o  acesso  do  aluno  tanto  ao  currículo,  como  nos  objetivos  de  ensino  e, 

principalmente, no método de ensino, no processo de avaliação e na  temporalidade. A 

prática de tais estratégias dependerá da criatividade e motivação do professor e devem 

sempre considerar as necessidades, potencialidades e interesses de cada aluno. 

 

Algumas considerações 

Compreende‐se que a implementação de políticas de inclusão educacional significa 

um  ganho  em  termos  de  oferta  educacional  pública  para  alunos  com  Necessidades 

Educacionais  Especiais.  Porém  faz‐se  necessário  refletir  como  de  fato  a  inclusão  está 

acontecendo  nas  escolas  de  ensino  regular.  Neste  sentido,  esta  pesquisa  teve  como 

objetivo geral analisar as concepções docentes sobre a  inclusão de alunos com NEE no 

ensino municipal regular de Canoas/RS.  

PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO REGULAR: CONCEPÇÕES DOCENTES  Denise Da Rosa Wedman 

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  Buscou‐se  identificar se existem e quais seriam as barreiras e/ou  impossibilidades 

escolares  no  processo  de  inclusão  dos/das  alunos/as  com  Necessidades  Educacionais 

Especiais a partir da concepção docente.  

Dessa  forma,  evidencia‐se,  a  partir  das  concepções  das  docentes  que  é  preciso 

desconstruir as barreiras atitudinais ou resistências humanas envolvidas no processo de 

inclusão. Pensar em  inclusão escolar como possibilidade de transformação social requer 

discutir,  inclusive, sobre o papel da escola na sociedade. A política  inclusiva considera as 

necessidades de todos os alunos, onde o sistema educacional é estruturado em virtude 

dessas  necessidades.  O  que  pressupõe  a  permanência  com  sucesso  e  qualidade 

pedagógica. Cabe ressaltar que não basta garantir apenas o acesso, mas a permanência 

com qualidade do aluno nos diversos níveis de ensino, respeitando, fundamentalmente, 

sua  identidade  social,  concebendo  que  a  escola  precisa  considerar  essas  múltiplas 

diferenças,  promovendo  as  condições  e  adaptações  necessárias,  que  atendam  as 

necessidades de aprendizagem de cada educando no processo educativo. 

Este aspecto envolve refletir se a importância dada ao diagnóstico pelas docentes 

não  está  associada  ao  valor  demasiado  conferido,  inconscientemente,  pela  própria 

sociedade acerca da classificação, dos rótulos e aspectos subjetivos onde tudo emana e 

do  qual  é  praticamente  impossível  resistir.  Nesse  sentido,  salienta‐se  a  interferência 

negativa  que  um  determinado  diagnóstico  possa  exercer,  inclusive  sobre  importância 

docente em manter boas expectativas em relação ao desempenho do aluno com NEE.  

Acredita‐se, no entanto, que todos os aspectos apontados pelas docentes sobre o 

processo  de  inclusão  não  podem  ser  vistos  isoladamente.  Garantir  as  condições 

necessárias  para  efetivar  a  inclusão  com  qualidade  para  todos,  envolve  investir  na 

formação  das  docentes,  aprimorar  a  participação  da  família,  ampliar  o  atendimento 

educacional especializado, disponibilizar adaptações curriculares adequadas, efetivar as 

redes de apoio aos sistemas educacionais, garantir a presença do profissional auxiliar de 

modo a viabilizar a permanência do aluno  com NEE no processo de escolarização  com 

qualidade.  Neste  sentido,  os  resultados  desta  pesquisa  permitiram  constatar  que  a 

concepção docente sobre o processo  inclusivo do aluno com NEE tem sido  influenciada 

pelo  paradigma  bio médico  embasado  numa  perspectiva  de  doença,  de  incapacidade 

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permanente,  que  limita  as  expectativas  de  investimento  e  alternativas  pedagógicas. 

Diante  dessa  premissa  arraigada  pelos  valores  culturais  impostos  e  concebidos  como 

verdades inquestionáveis, produzem‐se fragmentos de um passado seletivo.  

A  pesquisa  revela  a  necessidade  de  outros  estudos  acerca  de  experiências  e 

práticas de inclusão escolar, entre elas verificar‐se como os alunos com NEE estão sendo 

avaliados  e  como  eles  estão  apreendendo.  Torna‐se  imprescindível  averiguar  se  há 

realmente  uma  formação  inicial  ou  continuada  capaz  de  garantir  as  competências 

necessárias e suas  implicações para a prática pedagógica. A partir da demanda atual, a 

formação docente precisa abordar os aspectos sociológicos, políticos e culturais além das 

práticas  de  educação  inclusiva  vista  de maneira  ampla  que  proporcione  educação  de 

qualidade a todos os alunos. Fica a  indagação se os modelos de formação propostos na 

atualidade  terão condições  reais visando garantir processos de ensino e aprendizagem, 

que valorize as diferenças individuais auxiliando na remoção das barreiras que impedem o 

pleno desenvolvimento de alunos com NEE no ensino regular. 

É  oportuno  inferir  que  o  desejo  investigativo  é  cada  vez mais  instigado  pelos 

desafios  impostos  pela  realidade,  desafios  estes  que  apontam  a  necessidade  de 

compreender  o  processo  inclusivo  vivenciado  na  prática  docente  da  Rede  de  Ensino 

Municipal de Canoas. O movimento que estamos vivendo é de mudança paradigmática, 

de  perplexidade  frente  ao  novo,  talvez  o momento mais  rico  da    trajetória  docente. 

Importantes  passos  já  foram  dados  neste  sentido,  porém  o  mais  importante,  neste 

momento, não são os aspetos legais, mas a mudança de mentalidade relativa à temática. 

Embora esta discussão tenha lançado algumas luzes sobre a inclusão do ensino regular no 

cenário municipal,  esta  temática  continua  intrigante  e  desafiadora,  uma  vez  que  este 

estudo não  tinha a pretensão de esgotá‐la, mas contribuir com algumas  reflexões, que 

certamente terão continuidade, a partir de novos olhares, cenários e contextos políticos e 

históricos. 

 

 

 

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