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História em quadrinhos: proposta de construção de infância
Resumo Obras da literatura infantil do Programa Nacional Biblioteca da Escola ‐ PNBE estão presentes em bibliotecas de escolas públicas brasileiras, mas são restritos os estudos sobre elas visando a contribuir para o letramento literário. Nesse sentido, esta comunicação reflete sobre articulações entre educação, cultura, linguagem e práticas leitoras, analisando Grande Junim, de Ziraldo, uma história em quadrinhos pertencente ao acervo do Programa. Pretende‐se contribuir para discutir a noção de criança que subjaz ao título e ainda, pelo sincretismo de linguagens, apontar procedimentos empregados na construção do leitor presente na estrutura textual apresentada ao leitor real. O caráter descritivo‐analítico predomina, contemplando aspectos visuais e verbais presentes em uma das histórias do título. A análise fundamenta‐se, entre outros, em estudos de Eisner (2001), Ramos e Panozzo (2011, 2012a, 2012b), Costa (2012). Palavras‐chave: Leitura, infância, história em quadrinhos, PNBE, letramento
Flavia Brocchetto Ramos
Universidade de Caxias do Sul [email protected]
Eliana Cristina Buffon Universidade de Caxias do Sul [email protected]
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Na atualidade, a formação de leitores competentes exige a interação com
diferentes códigos e deveria iniciar na infância. As crianças convivem com diversos
objetos culturais constituídos por mais de uma linguagem, como a verbal e a visual, por
exemplo, em livros de literatura infantil, na propaganda, no desenho animado, no jornal,
na revista infantil, na internet, entre outros exemplos. Ou seja, o estudante dos anos
iniciais está em contato com uma série de materiais de leitura formados por mais de uma
linguagem e, para entendê‐los, precisa interagir com todos os códigos presentes no
produto em questão. No que tange à leitura da literatura infantil, há outras
demandas pontuais que implicam desafios para a construção de sentido de cada texto,
como: a densidade da linguagem verbal; a cultura representada nas obras, muitas vezes,
diversa daquela do leitor; a integração entre as linguagens verbal e visual; o ludismo
presente nas duas linguagens e também no modo de abordar determinados temas; a
diversidade de forma (ou subgêneros) em que são veiculadas as manifestações literárias,
sugerindo pactos distintos entre obra e leitor.
Frente ao exposto, o projeto de pesquisa “Desafios e acolhimentos da literatura
infantil: a mediação de leitura literária” elege como objeto de estudo obras que já
passaram pela seleção do Programa Nacional Biblioteca da Escola1 ‐ PNBE, respeitando
critérios postos no Edital, e que estão alocadas em bibliotecas de escolas públicas. A
pesquisa é desdobramento de estudos2 já realizados em investigações anteriores. Entre
as várias questões abordadas neste projeto, cabe a este artigo analisar a composição
discursiva de uma história em quadrinhos e discutir concepções de infância presentes no
enredo. O texto eleito, Grande Junim, de Ziraldo, pertence ao acervo dos anos iniciais do
Ensino Fundamental do PNBE 2010.
Para realizar o estudo, discutimos inicialmente a construção do sentimento de
infância na sociedade, aspectos composicionais da história em quadrinhos e, por fim,
1O Programa Nacional Biblioteca da Escola ‐ PNBE foi criado em 1997 e desde então vem selecionando e
distribuindo obras, predominantemente, literárias aos diversos níveis de ensino das escolas públicas brasileiras. Esses títulos são destinados a compor um acervo alocado na biblioteca escolar. O Programa almeja incentivar a leitura e democratizar o acesso aos livros. Desde 2006, nos anos pares, envia às bibliotecas escolares obras para estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
2 Reflexões acerca da natureza da literatura infantil contemporânea podem ser consultados, entre outros estudos, em RAMOS; PANOZZO (2011), RAMOS; PANOZZO (2012a e 2012b)
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analisamos a obra escolhida, a fim de discutir o processo de construção de sentido e
ainda a visão de infãncia que subjaz à narrativa.
Infância – conceito produzido culturalmente
A infância é um conceito produzido culturalmente, e os modos de representá‐la
vão se alterando à medida que o entendimento acerca dessa fase da vida também vai
mudando. Conforme Philippe Ariès (1981), apenas durante a Idade Média, as fases da vida
passam a ocupar destaque nos tratados pseudocientíficos. Naquela época, as etapas
eram denominadas: "infância e puerilidade, juventude e adolescência, velhice e
senilidade" (p. 33). Aries lembra que, na Idade Média, as fases da vida são classificas em:
infância até os 7 anos; pueritia até os 14 anos; adolescência, para Constantino, até 21, para
Isidoro, até 28, podendo estender‐se até os 30 ou 33 anos; juventude até os 45 anos,
conforme Isidoro, ou até 50, segundo os outros; senectude, de acordo com Isidoro, está
no meio caminho entre a juventude e a velhice; já a velhice, para alguns, dura até os 70
anos e, para outros, até a morte (1981, p. 36). A divisão da vida não corresponde a etapas
biológicas, mas a um "sentimento popular e comum" que a sociedade possui sobre a
mesma, e naquele contexto, como se pode constatar, a infância designa um longo
período da existência humana, ligado à noção de dependência e não a fenômenos
biológicos:
(...) a longa duração da infância, tal como aparecia na língua comum, provinha da indiferença que se sentia então pelos fenômenos propriamente biológicos: ninguém teria a idéia (sic) de limitar a infância pela puberdade. A idéia (sic) de infância estava ligada à idéia (sic) de dependência: as palavras 'fils', 'valets' e 'garçons' eram também palavras do vocabulário das relações feudais ou senhoriais de dependência. Só se saía da infância ao se sair da dependência, ou, ao menos, dos graus mais baixos da dependência (ARIÈS, 1981, p. 42).
Infância é, pois, um conceito elaborado pela sociedade a partir de peculiaridades
dessa fase da vida. Se o conceito é produzido, certamente vai se modificando de acordo
com o entendimento das pessoas. Nas últimas décadas, por exemplo, ocorre uma
alteração profunda no entendimento acerca dessa fase da vida em virtude da
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globalização. Stearns (2006) argumenta que a televisão e a Internet foram fatores que
impactaram diretamente nas crianças e na juventude. Além disso, toda a economia passa
a ser globalizada. Vivemos uma era de contatos e interações intensas entre as sociedades
de todo o mundo (p. 183). O autor alerta que o consumismo global foi a faceta mais
importante da globalização, afetando valores e comportamentos das crianças (STEARNS,
2006, p. 192‐195).
A globalização, por volta dos anos 2000, agrega vários fatores de rápida mudança
na infância e a aldeia global abraça tipos diferentes de infância (STEARNS, 2006, p. 198),
sendo possível, na atualidade, encontrar crianças em diversas regiões do mundo
interagindo com brinquedos similares. Meninas brincam com bonecas barbie no Peru,
Brasil, Estados Unidos, China, ou seja, as peculiaridades regionais e culturais não
impedem que as crianças acessem aos modelos globais que lhe são destinados,
independentemente de onde vivam.
História em quadrinhos – produto cultural para criança
Desde o surgimento da noção de criança, há um investimento na produção de
livros destinados a esse público. Primeiramente, os livros para os infantes tinham a
intenção de educá‐los, estando mais a serviço das intenções do adulto do que dos
interesses do destinatário.
Entre os impressos produzidos para a criança, uma modalidade narrativa tende a
se destacar pela preferência dos pequenos. Trata‐se da história em quadrinhos (HQs),
que, como gênero textual3, caracteriza‐se em especial por: (a) “interação dinâmica,
criativa e harmoniosa entre história (v.), palavras e imagens/desenhos/ilustrações”; (b)
3Entende‐se que gêneros são “eventos textuais altamente maleáveis e plásticos. Surgem emparelhados a
necessidades e atividades sócio‐culturais (sic), bem como na relação com inovações tecnológicas (...).” (MARCUSCHI, 2003, p. 19). Nesse sentido, a publicidade infantil é tomada neste texto como um gênero discursivo. A atualização de Marcuschi fundamenta‐se em Bakhtin (2003), para quem os gêneros do discurso resultam em formas‐padrão “relativamente estáveis” de um enunciado, determinadas sócio‐historicamente. O autor alerta que interagimos por meio de gêneros do discurso. Os sujeitos têm um infindável repertório de gêneros os quais são cosntruidos, conforme Bakhtin (2003, p. 282), “quase da mesma forma com que nos é nos é dada a língua materna, a qual dominamos livremente até começarmos o estudo da gramática”.
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forte presença da modalidade narrativa na sua composição; e, ainda, (c) suporte
manuseável, portátil e, em geral, impresso em papel (COSTA, 2012, p. 144).
No Brasil, a revista “O Tico‐tico”, publicada pela editora “O Malho”, em 1905,
marca o nascimento do gênero por ser a primeira revista dedicada inteiramente ao
público mirim e que se manteve até o ano de 1962 (DE MOYA, 1993). O periódico
contribuiu muito para a disseminação do hábito de leitura e também para o interesse na
produção da literatura infantil nacional. As HQs brasileiras são incrementadas pelas
produções de Ziraldo (1960), com a Turma do Pererê, e Maurício de Sousa, que publica,
na década de 70, a Revista da Mônica, seguida de novas personagens que, até hoje,
integram a sua Turma. O mercado atual dos quadrinhos é diversificado e, dentre tantos,
apontam‐se ainda as personagens da Disney, que se mantêm atuais.
Entendemos, a partir de Will Eisner (2001, p. 38), que HQs formam‐se por meio de
uma arte sequencial. A função fundamental da arte dos quadrinhos (tiras ou revistas) é
comunicar ideias e/ou histórias por meio de palavras e figuras, envolvendo movimento de
certas imagens (tais como pessoas e coisas) no espaço. Para lidar com a captura ou
encapsulamento desses eventos no fluxo da narrativa, eles são decompostos em
segmentos sequenciados, chamados quadrinhos, os quais, no ato da leitura, são
articulados pela ação do leitor, para que o texto adquira sentido.
Conforme Vergueiro e Ramos (2009), na segunda metade do século passado, as
HQs foram consideradas apenas como fonte de entretenimento e lazer para os alunos, o
que os distanciava de leituras consideradas adequadas para a formação do leitor. A partir
da criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, as HQs
começaram a ser valorizadas no contexto escolar. A oficialização do uso desse gênero
aconteceu de forma mais sistemática apenas com a concepção dos Parâmetros
Curriculares Nacionais4 (PCNs). Os PCNs orientam que o docente deve trabalhar as várias
linguagens existentes no universo cultural, não se restringindo a um único tipo de
linguagem, no caso, a verbal. Por meio da utilização das HQs em sala de aula, o docente
4Os PCNs preconizam o ensino de língua materna a partir de gêneros textuais, uma vez que eles estão
presentes na interação sociocomunicativa. Os gêneros noteariam o ensino da língua, especialmente o trabalho com análise, interpretação e produção de textos e, para tanto, seriam contemplados também aqueles gêneros presentes no cortidiano infantil, no caso, a história em quadrinhos.
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proporcionaria aos alunos o contato com a linguagem verbal e visual imbricadas e, ainda,
o acesso a diferentes modalidades narrativas. Conforme Ramos e Panozzo (2012b, p.
360), os quadrinhos:
[...] se mostram como um recurso para a compreensão do texto que se apresenta de modo híbrido na articulação entre palavras e ilustrações, neste caso, com ênfase nas imagens e nos seus elementos gráficos, pelo seu importante papel no gênero. Trata‐se de uma parceria que promove modos de apropriação de natureza diferenciada, ativando dimensões cognitivas, linguísticas, visuais e socioculturais, tanto de leitores iniciantes quanto daqueles proficientes. Ao apostar no acesso a diferentes modalidades narrativas, os dinamizadores da leitura concorrem para promover uma inserção mais pertinente ao processo de abordagem da multiplicidade de objetos de leitura que compõe as práticas comunicativas na cultura contemporânea, sem perder seus elementos fundantes, mas valorizando‐os em novos contextos.
As HQs têm a mesma importância de outras obras classificadas como literatura
infantil. Além de elas facilitarem a aproximação dos alunos ao mundo da leitura, devido às
ilustrações e ao formato narrativo quadro a quadro, ampliam a capacidade de observação
e de expressão criativa das crianças, propiciando a vivência da fantasia e transformando o
ato de ler em atividade prazerosa. Ramos e Panozzo (2012b) argumentam que história em
quadrinhos reúne elementos artísticos e técnicos para compor uma forma de
comunicação diferenciada, enquanto se constitui como produto da indústria cultural, cuja
linguagem específica se manifesta pela narrativa quadrinizada, pelo uso de balões de fala
ou de pensamento, legendas (no caso do narrador), onomatopeias, enquadramentos,
tudo em um conjunto articulado.
Como textos sincréticos, a leitura do gênero exige do leitor a interação com as
duas linguagens que o constituem para que ocorra a significação da proposta textual. Em
geral, são narrativas consideradas fáceis de serem lidas e quase não há orientação para a
leitura, pois se pressupõe que a crianças leia de modo autônomo. Além disso, as HQs
estão muito associadas à infância, em virtude da forte presença da visualidade e do
dinamismo, aspectos que tendem a mobilizar os pequenos.
A visualidade é um elemento fundamental na construção do livro como produto
cultural dedicado à infância (RAMOS; PANOZZO, 2011). No caso das HQs, a visualidade é
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fator constitutivo. Assim, dos quadrinhos presentes no acervo de anos iniciais do Ensino
Fundamental/PNBE 2010, selecionamos para discutir neste artigo Grande Junim, título
publicado por Ziraldo, já que o autor é precursor dessa modalidade narrativa no País.
A criança em Grande Junim
Quem é a criança representada em Grande Junim? O conceito de infância vai
se alterando com o passar do tempo e, consequentemente, os produtos culturais
destinados a esse período da vida e os modos de representar os infantes. Cabe‐nos, nesse
sentido, entrar em uma história em quadrinhos produzida no Brasil, buscando estabelecer
diálogo, primeiramente, com a criança brasileira. O livro escolhido para análise narra
episódios de histórias da Turma do Menino Maluquinho, personagens criados por Ziraldo.
Essa turma é constituída pelo Menino Maluquinho, Junim, Bocão, Carolina, Lúcio, entre
outros, crianças com idades que variam entre 5 e 10 anos. Junim ocupa o papel do
pequeno entre os maiores, sofre por ser o menor e tenta ocultar ações que reiterem essa
sua condição.
Ziraldo5, o autor, é um reconhecido escritor brasileiro que, entre outros, valoriza
temas da cultura popular. Sua carreira começou na revista Era Uma Vez..., com
colaborações mensais. Em 1954, começou a trabalhar no Jornal A Folha de Minas, com
uma página de humor. Em 1957, publicou trabalhos na revista A Cigarra e,
posteriormente, em O Cruzeiro. Na década de 60, tornou‐se autor de HQs e publicou a
primeira revista brasileira do gênero feita por um só autor, reunindo uma turma chefiada
pelo Saci‐pererê, figura mais importante do imaginário brasileiro. Os personagens dessa
Turma eram um pequeno índio e vários animais que formam o universo folclórico
brasileiro, como a onça, o jabuti, o tatu, o coelho e a coruja. A Turma do Pererê marcou
época na trajetória das HQs no Brasil.
O projeto gráfico do exemplar selecionado favorece ao manuseio por parte do
público infantil ao qual se destina (alunos do Ensino Fundamental), devido ao formato e
dimensões 27,5cm x 18,5cm. A capa da HQ também é resistente ao manuseio e utiliza 5Dados obtidos no site http://www.educacional.com.br/ziraldo/biografia/detalhada.asp. Acesso em: 15 marc
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cores alegres e fortes em contraste – vermelho de fundo na parte superior da capa e na
camiseta do protagonista; título grafado em azul celeste na parte superior e o amarelo do
cabelo do protagonista e na camiseta de Maluquinho – mobilizam o olhar do observador
para a capa do livro.
O exemplar é formado por 15 histórias intercaladas por planos do menino
Maluquinho para aumentar o tamanho de Junim. As histórias narram situações
corriqueiras para a idade: “Banguela” (p. 5‐10), “Quatro olho” (p. 12‐17), “A distraída” (p.
19‐22), “O homem invisível” (p. 24‐31), “Fantasmices” (p. 33‐37), “Batatinha” (p. 39‐45),
“Calúnia” (p. 47‐52), “Vai de biscoitinho?” (p. 54‐59), “Um beijim pro Junim” (p. 61‐66),
“Abaixo a barriga” (p. 68‐72), “Paquera arriscada” (p. 74‐79), “Num piscar de óculos” (p.
81‐86), “Novela das nove” (p. 88‐95), “Cuidado que quebra!” (p. 97‐102), “Xi... Xiiii...” (p.
104‐112).
Os enredos revelam tanto
conflitos das crianças entre si
como delas com o adulto. Em
“Calúnia Junim faz”, Maluquinho
escreve num muro “Junim faz
xixi na cama”, fato que provoca
grande aflição em Junim por ser
calúnia, como é anunciado no
título da história. Em “A
distraída”, Junim, a partir da fala da amiga da mãe diz‐lhe: “E você é a primeira pessoa
que eu conheço que tem olhos mentirosos.” (p. 19). Nessa história, a expressão do
menino acerca do diálogo entre dois adultos provoca confusão. No mesmo exemplar,
outras narrativas discutem questões ligadas à infância, como a perda de dentes, a
franqueza infantil, o uso de óculos, entre outras. A história escolhida para a reflexão foi a
última ‐ “Junim em Xi...Xiiii...”, que narra, em 42 quadrinhos, o conflito em que o
protagonista faz xixi na cama e tenta ocultar o fato.
A narrativa “Junim em Xi...Xiiii...” tem viés humorístico, devido à proposta
veiculada. A história começa a ser contada já no quadro de abertura, em que consta o
Fig. 1: Abertura da história.
Fonte: Ziraldo (2009, p. 104)
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título (Fig. 1), e segue por 8 quadros mostrando a angústia do protagonista que precisa
urinar e não encontra um espaço adequado – o banheiro está ocupado. Apenas no
quadro 9, o leitor constata que o conflito ocorria no sonho de Junim. Ao mesmo tempo
em que o leitor solidariza‐se com o protagonista, constata – se observar atentamente
pela cor mais escura no lençol ‐ que o menino fez xixi. No quadro seguinte, o menino sorri
e diz: “Que alívio ... Foi só um sonho!”. Entretanto, seguindo o quadrinho, o olhar de
Junim, acompanhado do “Glup...” e novamente da cor mais escura em parte do lençol,
confirma que o menino fez xixi na cama.
A história é construída, aparentemente, a partir de duas histórias com
temporalidades e enredos distintos: o sonho do menino e a sua vida concreta. Entretanto,
à medida que o enredo avança, percebemos que há uma fusão entre os dois conflitos, já
que o desejo de fazer xixi, expresso no sonho, era real e efetiva‐se por meio do fato de
urinar na cama. O alívio sentido pelo menino, ao constatar que estava sonhando,
acontece também porque ele não sentia mais vontade de urinar, haja vista já tinha feito
xixi.
Discursivamente, há um recurso que tende a mobilizar ainda mais o leitor quando
constata que Junim percebe ter urinado na cama. O quadro que mostra essa cena é o
último da folha, de modo que o leitor não consegue ver o que vai acontecer. É necessário
o movimento de virar a folha para descortinar o que acontece na sequência da história.
A vergonha toma conta de Junim, entretanto dois fatos se impõem
imediatamente. Primeiro, a mãe o chama porque Bocão quer lhe falar (por telefone, que
alívio), o que lhe permite ir secando o colchão com secador de cabelos. A criança é ativa,
subverte a função de um aparelho e atribui‐lhe outra. Na sequência, a mãe o chama
novamente, porque Maluquinho quer lhe falar – está na porta do seu quarto. Na pressa,
esconde o secador embaixo da coberta o que provoca fogo. Maluquinho controla o
incêndio jogando água. Tudo foi resolvido, os pais trazem outra cama e colchão para o
filho, que descansa sobre o novo leito numa noite de tempestade. Para surpresa do leitor
e do protagonista, o vento forte abre a janela e a chuva cai sobre a cama e sobre o
menino, molhando‐a novamente. A história é circular, porque – por outro motivo – o
problema inicial se apresenta novamente: o leito do menino fica molhado.
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A criança aqui é mostrada como um anti‐herói: Junim é mais baixo do que seus
amigos, usa óculos, tem cabelos amarelos curtos e sempre busca se afirmar, tentando
ocultar as ações que denunciam o fato de ainda ser pequeno. Os conflitos infantis
constituem a história não delimitada temporalmente, embora a passagem do tempo seja
marcada por elementos verbais e visuais. Apenas no nono quadro, observamos o
protagonista deitado, o que nos leva a pensar que a ação está ocorrendo à noite,
enquanto dormia e que pode ser um sonho do menino. Outro dado que mostra a
passagem do tempo relaciona‐se à troca de roupa. Junim, no início da trama, usa pijama
amarelo, depois, blusa vermelha e preta e calça marrom e, por fim, pijama roxo com
bolinhas. Há, ainda, dados do clima que são mostrados pela visualidade e também pela
palavra. O clima, entretanto, é apresentado apenas quando interfere no enredo. O
deslocamento espacial também contribui para compor a temporalidade da história e
algumas palavras como “depois” e “à noite”, em tira posta no quadro maior (p. 110),
orientam o leitor acerca da passagem do tempo.
A história alocada dentro de quadros vai sendo constituída. Observa‐se que, em
cada página, a regularidade é mantida quanto ao número de quadros – de 4 a 6,
propondo uniformidade quanto aos seus tamanhos. Essa simetria é um fator importante
para que o leitor iniciante mantenha seu fluxo de leitura. Além disso, a cada final de
página ímpar, é apresenta uma cena que instiga o leitor a saber o que vai acontecer:
descobre que a cama está molhada de xixi (p. 105), usa o secador para enxugar a urina (p.
107), as chamas tomam conta da cena e, possivelmente, da cama (p. 109) e, por fim, o
desfecho, quando a água do temporal invade o quarto e a cama do menino.
A ênfase nas cenas é dada pela expressão facial dos personagens, de modo que
eles são mostrados, predominantemente, da cintura para cima. A palavra não informa
sobre o estado emocional dos mesmos, são os traços da face que sugerem: o olhar de
Junim, por exemplo, revela seu pânico de ser descoberto que fez xixi na cama (p. 105 e
106).
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O personagem constitui‐se
e age, no geral, pela visualidade
(Fig. 2). A expressão facial e
corporal vai configurando o
enredo e mostrando como o
protagonista se sente no decorrer
do conflito. A figura de Junim é
detalhada, e as características
infantis postas no personagem
podem agradar aos leitores. O
personagem principal, Junim, é um menino simpático, usa óculos e veste roupas
adequadas à idade. A imagem do personagem referenda, pela sua expressão facial, que
está em apuros, assim como a forma como cruza os braços em frente às pernas, que
estão com os joelhos unidos, demonstra que o mesmo está “apurado” para ir ao
banheiro. Também predomina na história a figura inteira, de modo que o leitor mirim tem
mais elementos para configurar o conflito. Tomadas em clouse‐up são usadas apenas para
aqueles momentos em que o detalhe, fundamental para o conflito, é privilegiado.
Os sinais visuais
utilizados, por traços ao redor do
corpo do menino (Fig. 3),
permitem‐nos interpretar que
está tremendo ou se sacudindo,
em situação de desespero ou
algo que remeta à aflição. Os
diversos balões característicos
das histórias em quadrinhos,
com os dizeres: “tá ocupado”, “tem gente”, “aguenta”, “espera aí...”, caracterizam o
estado emocional do personagem, que está aguardando para utilizar o banheiro, e que
todos estão ocupados, devido à imagem das diversas portas fechadas. A narrativa mostra
que o personagem está tentando utilizar o banheiro, e o modo como o cenário e o
Fig. 2 – Posturas de Junim.
Fonte: Ziraldo (2009, p. 104 e 105).
Fig. 3 – Primeira aparição de Junim na história.
Fonte: Zitaldo (2009, p. 104)
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personagem compõem o quadro reiteram a noção de encurralamento vivido por Junim.
Esses dados são depreendidos sem que o protagonista enuncie nenhuma palavra.
As imagens surgem com traços simples, uniformes e completos, enfatizando mais
o personagem e a situação narrada, sem tirar o foco do leitor para outras informações
visuais que formam o contexto da cena. A própria sequência dos quadros, com pouco
conteúdo verbal, instiga a curiosidade do leitor, mobilizando‐o a continuar a leitura para
conhecer o desfecho. Nesse ponto, entendemos que a simplicidade de traços e formas
postas nas cenas estão de acordo com o repertório visual e também narrativo do leitor
mirim.
No âmbito da linguagem, o emprego de onomatopeias é um recurso que auxilia
tanto na expressão dos personagens como na recepção da narrativa pelos leitores mirins:
“vruuu...” imita o ruído do secador, “zap”, o movimento rápido do protagonista, “glup”,
ao engolir em seco o pânico por ter descoberto que urinou na cama. O sentido da
onomatopeia tende a chegar mais rápido no leitor, porque o som se aproxima muito do
produzido pela situação a ser enunciada. Entretanto, no caso dessa HQ, há aspectos do
universo visual que potencializam a significação: “pop” no balão que sinaliza pensamento
e “Glup”, dito por Junim, estão emoldurados por complemento visual, contribuindo para
a formação do sentido. No caso do “Ploc”, há imagens de pequenas nuvens ou pipocas
aliadas a uma mancha em tom mais escuro, que alertam para o corrido, mas é “glup”, o
fundo vermelho da cena e duas gostas (de suor) que pulam do rosto do protagonista,
confirmam o ocorrido.
As linhas também são elemento fundamental na constituição do sentido. Na
página de abertura da história, no segundo quadro, há predominância de linhas verticais,
que parecem que vão aprisionando, restringindo o espaço usado pelo protagonista,
pressionado pelo desejo de urinar. O quadro seguinte revela o desespero e as linhas
verticais desaparecem e têm‐se traços retos, diagonais, que simbolizam uma explosão.
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A leitura torna‐se mais
dinâmica pela alternância de
planos e ângulos, fazendo com
que um plano geral preceda
um médio ou, ainda, que um
detalhe introduza um clima de
suspense na narrativa (RAMA,
2005, p. 45). Na história
focalizada, a mobilização do
leitor ocorre também pela alternância de planos, como se percebe no primeiro e no
segundo quadro da história. Há encadeamento, mas há rompimento nesses quadros de
abertura. O encadeamento ocorre pela mão que está presente nas duas tomadas (Fig. 4);
a alternância, pela mudança da cor de fundo e ainda pelo fato de o som espalhar‐se no
primeiro quadro por meio de ondas semicirculares e, no segundo, por pequenas linhas
seminclinadas.
No caso desta narrativa, retomando Rama (2005), os três primeiros quadros criam
a progressão, partindo do detalhe (no caso a mão) até chegar ao “menino apertado”,
cujo quadro ocupa o mesmo espaço dos dois primeiros, que fizeram a ambientação.
Eisner (2001) alerta que o quadro atua como um contêiner que contém a visão do
leitor (p. 43). Acrescentamos que a perspectiva com que a cena é mostrada torna‐se um
aspecto que interfere na relação que
a imagem propõe ao leitor. A
aproximação do rosto do
protagonista no primeiro e o
distanciamento no segundo quadro
da figura 6 propõem a relação de
tensão posta pela cena de modo que
o leitor é convidado a integrar o
Fig. 4: Ondas sonoras
Fonte: Ziraldo (2009, p. 104)
Fig. 5: Aproximação e distanciamento de Junim.
Fonte: Ziraldo (2009, p. 105).
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problema vivido pelo menino. A perspectiva é um elemento que deve ser conhecido pelo
leitor, pois ao contribuir para a mobilidade das cenas, cria espaço de atuação do leitor na
concretização da narrativa.
O estilo dos balões é um elemento que deve ser aprendido pelo leitor de
quadrinhos. No quarto e quinto quadros (Figura 3), outros estilos de balões são utilizados
para significar e dar sentido aos acontecimentos da narrativa. Quando o personagem
grita, é utilizado o “balão‐berro” (extremidades para fora; como uma explosão, sugere
tom de voz alto), quando o personagem está pensando, o formato do balão muda para
“balão‐pensamento” (contorno ondulado e apêndice formado por bolhas; possui o
formato de uma nuvem; indica pensamento). Enfim, vários são os estilos de balões
utilizados nas HQs e denominados de modos distintos, conforme nomeou Cagnin (1975).
Da mesma forma, a oralidade presente nas falas implica alternância no tamanho e no tipo
de letras, dependendo da intencionalidade do autor. Quando, na figura 6, Junim grita, as
letras utilizadas são maiores do que as utilizadas nos demais balões: “AAAAI! NÃO
AGUENTO MAIS!” (ZIRALDO, 2009, p. 105). Linhas do balão ultrapassam o limite posto
pelo quadro, contribuindo para dar intensidade ao grito e, consequentemente, ao
desespero do protagonista.
O tom humorístico presente na história (Fig. 6) vale‐se do diálogo com o folclore
ocorrido, por exemplo, quando, impelido pelo desejo de urinar, Junim grita: “Cadê o
matinho mais próximo?” e outro personagem, não conhecido, juntamente com uma vaca
de olhos fechados e com restos de capim na boca, responde: “A vaca comeu!!!” (p. 105).
A significação desse trecho potencializa‐se ao dialogar com a cultura popular.
Na história analisada, a narrativa envolve
aspectos visuais como verbais em perfeita
sintonia, facilitando a compreensão do leitor,
mesmo que este ainda não esteja plenamente
alfabetizado. A comunhão de linguagens faz com
que a ilustração desempenhe vários papéis.
Muitas vezes ela antecipa ou confirma
Fig. 6: O pesadelo de Junim... (p. 105)
Fonte: Ziraldo (2009, p. 105)
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significados propostos pela palavra, mas também pode apresentar‐se como um desafio a
ser vencido pelo leitor, a fim de relacioná‐la à palavra (RAMOS, 2011, p. 66).
Conclusão
Conforme proposto no início da análise da HQ, o objetivo do estudo é discutir a
criança representada e o modo como a narrativa se constitui para enunciar. Na história
analisada, a criança é personagem e interlocutora. Como personagem, trata‐se de um ser
que vive conflitos próprios da sua idade – a vergonha de a urina ter escapado na cama.
Frente ao problema posto, o menino é ativo e se debate na busca de alternativas para
resolver o problema, nesse caso, ocultando‐o com elementos de que dispõe. Como leitor,
é um sujeito com repertório ainda restrito para a leitura das linguagens verbal e visual,
posto que a narrativa mantém regularidade quanto ao tamanho dos quadros, à postura
do protagonista, à simplicidade do conflito. A criança configurada na narrativa está em
consonância com o sentimento de infância da sociedade contemporânea.
Histórias em quadrinhos como Grande Junim, ao mesmo tempo em que são
produzidas para as crianças também vão produzindo modos de ser nessa fase da vida.
Essa modalidade narrativa proporciona ao leitor mirim um objeto de leitura que oferece
diversas formas de compreensão da narrativa, pois, dentro de cada quadro, vários
elementos se apresentam e são articulados pelo leitor, a fim de construir sentido para a
narrativa. A diversidade de aspectos visuais tanto que auxilia na compreensão da
narrativa como desafia o leitor a perceber as sutilezas e agregá‐las na proposta de
sentido da narrativa.
Alertamos ainda que pelas sutilezas presentes nas Hq, embora o gênero circule
livremente entre as crianças, há sutilezas que poderiam ser aprendidas na escola, visando
ao letramento dos infantes.
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Referências
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