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Coleção Linguagem Jurídica

Vol. I

Regina Toledo Damião

Fonética e ortografia

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Fonética e ortografia

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Expediente

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Fonética e ortografia

Sumário

Lição I Da Articulação dos Sons........................... 4 Lição II Tonicidade dos Sons .............................. 15 Lição III Encontro vocálicos, consonantais e dígrafos................................................... 21 Lição IV Acentuação Gráfica ................................ 27 Lição V Prosódia e Ortoépia............................... 42 Lição VI Ortografia............................................... 48 Bibliografia.............................................. 73

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Lição I

Da Articulação dos Sons

A fala humana ocorre por meio da articulação de fo-nemas que são representações dos diversos sons vocálicos e consonantais com função distintiva entre as palavras empre-gadas na comunicação dos usuários de uma língua, veicu-lando idéias.

Nessa camada distintiva de sons, representando pa-lavras, encontramos traços quanto à zona de articulação, ao timbre, à intensidade e altura, que devem ser respeitados na boa pronúncia, indispensável ao orador em geral e ao ope-rador do Direito, em particular.

É de se anotar, também, que nem todo som é fone-ma, pois só o são aqueles distintivos e articulados para dife-renciarem vocábulos. Não se confundem, ainda, fonemas e letras, pois aqueles são os próprios sons articulados, enquan-to estas são sinais gráficos representativos dos sons.

Por outro enfoque, os fonemas articulados e combi-nados formam as sílabas, pronunciadas em uma só emissão dos sons articulados.

Há três categorias de sons: vogais, semivogais e con-soantes.

As vogais são fonemas que chegam livremente ao ex-terior, na utilização do aparelho fonador, sem necessitarem do apoio de outros sons. Dessa forma, representadas por letras, são pronunciadas sem auxílio de outra letra.

As semivogais são os fonemas átonos i / u que se u-nem a uma vogal, formando uma só sílaba, e. g., quaisquer.

As consoantes (soam com) são fonemas que só po-dem soar com auxílio de uma vogal.

O estudo desses fonemas é auxiliar na oratória, pois possibilita melhor desempenho na articulação dos sons,

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podendo ser feitas algumas notações para indicar tal im-portância.

As vogais são formadas pela vibração das cordas vo-cais e modificadas de acordo com a forma de utilização do aparelho fonador. Temos, então, 7 sons:

a, ê, é, i, ô, ó, u – orais (entre parênteses estão indi-cações de pronúncia e não de acentuação gráfica).

Há, também, 5 sons de vogais nasais: ã, •, •, õ, • (não necessariamente com acentos, escla-

recendo, ainda, que a nasalidade pode ocorrer pela presença anteposta ou proposta das consoantes m/n, e.g., sentença.

As vogais, em muitos casos, soam como fechadas ou abertas para distinguirem classes gramaticais, e.g., erro (ê) no substantivo / erro (é) no verbo, sem acento gráfico em ambas situações. Em alguns casos, os sons formam vogais semi-abertas, e.g., forense, mais aberta do que o substantivo erro e mais fechada do que o verbo erro, diferenciadas, como já dissemos, pela pronúncia.

Em algumas regiões brasileiras, a regra não tem sido empregada para distinguir o vocábulo interesse = interesse (ê) no substantivo / interesse (é) no verbo, havendo grande número de pessoas que empregam o substantivo como vogal aberta.

Ainda sobre o emprego das vogais, cumpre lem-brarmos que as orais pronunciadas com mais intensidade são chamadas tônicas, e.g., foro; quando, menor a intensi-dade, são chamadas átonas, e.g., lugar (aqui, a pronúncia quase exclui o u, como se fosse l’gar). Quando finais, são chamadas reduzidas, com fechamento, e.g., povo (pronún-cia final u = povu).

Outro aspecto a ser evidenciado é que os regionalis-mos, motivados por diversos fatores, entre eles, sociocultu-rais e climáticos, acabam por fechar ou abrir os sons das vogais, até mesmo com abertura das nasais que devem ser, como regra gramatical, fechadas ou semifechadas.

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Por isso, o bom orador não deve se distanciar dos parâmetros da língua padrão, com muita energia, em espe-cial quando fala a um público diferenciado, ou, então, em outra região que não a sua, pois os acentos lingüísticos regionais muito fortes tornam-se ruídos comunicativos. Para evitar-se tal inconveniente, é sempre aconselhada a pesquisa da pronúncia padrão em dicionários com indicação fonéti-ca.

Na pronúncia, as semivogais são breves em relação à vogal na qual se apóiam. São elas, bom lembrarmos, trans-formações fonéticas de consoantes e.g., regnum (g/i) = reino; nocte, (c/i) = noite, sendo conhecidas, também, como semi-consoantes.

O bom orador deve atentar, ainda, para as regras fo-néticas das consoantes, quanto ao ponto de articulação (lugar onde os órgãos do aparelho fonador entram em con-tato para emissão do som) e quanto ao modo de articulação (maneiras pelas quais são articuladas).

Além da boa pronúncia, o estudo da classificação das consoantes auxilia na expressividade da significação das palavras, como recursos retóricos.

Exemplo disso é a bilabial p, com força explosiva, que, pronunciada com ênfase, é reforço estilístico da idéia:

“Proibida a conduta, legítima sua punição.” ou, então: “Foram meses de espera, sem que o réu cumprisse

seu dever de adimplir a prestação. A consoante s realça a passagem do tempo, e sua vi-

bração acentua a necessidade das perdas e danos. Gramaticalmente, o quadro da classificação das con-

soantes é o seguinte:

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C L

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F I

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So

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O

rais

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or

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s O

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or

ais

orai

s

Bila

biai

s

Labi

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tais

Ling

uode

ntai

s

Alv

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Pala

tais

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p - t - -

c (d

uro)

, q

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o)

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-

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s, c

, ç

x, c

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-

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o)

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ndo)

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- - - - - -

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s de

Alm

eida

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Síntese explicativa do quadro 1. Oclusivas – formadas pelo fechamento do aparelho fona-

dor, com posterior abertura para a saída do ar. (obser-vadas variações regionais e individuais no momento). Subdividem-se em:

1.1. bilaterais – unem-se os lábios e o sopro os separa com maior ou menor força, em som explosivo – pátria. 1.2. linguodentais – a ponta da língua toca a parte supe-

rior dos dentes incisivos, afastando-se rapidamente – tutor.

1.3. guturais ou linguopalatais – a língua volta-se para

trás, como se fosse encostar no céu da boca, com fechamento rápido da gar-ganta – aquele.

2. Constritivas – ocorre pela constrição do aparelho fona-

dor, como se quisesse impedir a saída do ar. Podem ser:

2.1. fricativas – empregam-se dentes, lábios e língua. O

lábio inferior toca de leve as extremidades dos inci-sivos, formando estreita passagem para o ar soprar, produzindo fricção – favor.

2.2. sibilantes – a ponta da língua toca a parte superior

dos incisivos, encostando no véu do palato, saindo um som sibilando por esta abertura – separação. Quando o movimento da língua provoca abertura maior, o som é mais forte (rosa); quando o movi-mento faz um bico com os lábios alongados para frente, o ruído é de j, ch, x.

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2.3. laterais – a passagem do sopro tem maior fechamen-to no centro da boca, com lábios abertos – local.

2.4. vibrantes – há a mesma posição da boca, mas o ar

sai mais rápido, vibrando na ponta da língua con-tra o alto dos incisivos – rua. Este som, no meio da palavra, tem força média – morno; entre vogais, é fraco – caro.

3. Mudas – são as consoantes m/n. A primeira, bilateral

explosiva; a segunda, linguodental. Ocorrem quando são nasais: o ar é expirado pelo nariz - fim, bem, trinta (nasalizam a vogal, com som de • , •).

4. Duplas – grupos de consoantes para 1 som – ch, lh, nh.

São transformações palatais porque a língua eleva-se contra o palato com abertura – mulher.

Obs.: Em algumas regiões brasileiras, pronuncia-se mu-ler, com o som l no lugar de lh.

Quando os fonemas formam segmentos combi-nados para uma só emissão de sons, temos as sílabas, parti-turas das palavras, como já dissemos.

Quanto ao número de sílabas, as palavras se clas-sificam como:

• monossílabas: constituídas de uma só sílaba, e.g., quais, eu, não; lei; só. • dissílabas: constituídas de duas sílabas, e.g., juiz (ju-iz); filho (fi-lho). • trissílabas: constituídas de três sílabas, e.g., petição (pe-ti-ção); mandato (man-da-to).

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• polissílabas: constituídas de mais de três sílabas, e.g., advogado (ad-vo-ga-do), empreendimento (em-pre-en-di-men-to).

Obs.: O som ad pronuncia-se com apoio fonético i bem fraco, quase imperceptível.

Ainda sobre o número de sílabas, bom anotar-

mos que na translineação (mudança de linha), os dissílabos não devem ser partidos, de modo a deixar uma sílaba no fim e outra no início das linhas. Havendo mais de duas sílabas, a partição não pode deixar uma vogal isolada no final da palavra.

Também, na partição de compostos hifenizados, não se repetirá o hífen quando a seção da palavra no fim de uma linha coincidir com o sinal indicativo do hífen. Nesse aspecto, bom lembrarmos que deve ser evitada a partição terminada pelo sinal de hífen.

Notações Fonéticas

1. abster-se = abs – ter – se (o conjunto silábico abs deve dar ênfase à vogal a, e a pronúncia deve dar uma só emissão para a sílaba abs, com breve apoio vocálico não presente na palavra, – ab i s), nunca se apoiando no som vocálico e. 2. acessão = a – ces – são. Quando há duplo s, a 1 2 3 pronúncia é sibilante forte e não se deve perceber na fala que vão ser partidas as consoantes, dando, assim, um som s que se arrasta de forma forte e brusca.

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3. adequar = a – de – quar (no livro de Morfolo-gia Verbal será inteiramente conjugado este ver-bo). O q sempre se liga às vogais por meio de u, que passa a fazer parte dele, sem contagem de sí-labas, sendo que este u ora é pronunciado (quando), ora não (aquele). O mesmo ocorre com a consoante g (agüentar / guerra), diferentemente do g da palavra gente.

4. adquirente = ad – qui – ren – te. Aqui o d tem pronúncia leve, como em advogar. Tam-bém, não existe a forma popular adquirinte, co-mo confusão de adquirir. O mesmo ocorre na palavra emitir / emitente.

5. afligir = a – fli – gir. A vogal final i é tônica, mas a sílaba fli é breve. O som g é velar antes de a / o / u e palatal antes de i / e. A conjugação do verbo ora se faz com j (aflijo), ora com g (afliges), conforme se verá no livro que cuidará do estudo morfológico do verbo.

6. arrendamento = ar – ren – da – men – to. Em arrendar, a vogal a final é longa, mas o som se abrevia nas formas derivadas. A dupla conso-ante r tem a mesma regra do s duplo.

7. coordenar = co – or – de – nar. As vogais 1 2 3 4

iguais seguidas pronunciam-se separadamente e são sílabas distintas, tendo o mesmo tom.

8. exordial = e – xor – di – al. Duas vogais segui- 1 2 3 4

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das podem estar na mesma sílaba lei, ou em sí-labas separadas, como em exordial, cujo som x tem som de z. Essa consoante tem cinco sons: • som de ch = baixo. • som de sibilante, forte (ss) – trouxe • som de cs = tóxico, tórax, sexo • som de s – texto, exceção • som de z – exame, existir (as gramáticas muitas

vezes representam este som com s intervocálico = casa. Mas o som de exordial é mais forte do que o de casa, aproximando-se de vizinho, ori-undo da forma latina ci – vicinum.

Em qualquer comparação, o som s/z será de sibi-lante branda.

9. desobstrução = de – sobs – tru – ção, notan- 1 2 3 4 do-se que consoantes sem vogal não formam sí-laba isolada. Por isso, o conjunto fonético sobs – deve ser pronunciado com uma só emissão de som, com breve apoio vocálico – i, quase imper-ceptível.

10. amnésia = am – né – sia. As consoantes se-guidas, mesmo que não idênticas, são separadas, até na pronúncia.

11. sublinhar = sub – li – nhar (na partição é que se percebe que sub é prefixo com sentido de embaixo da linha. Muitas pessoas pronunciam com som parecido com sublime, como se fosse conjunto fonético bli, erro que deve ser evitado. No conjunto sub, o som vocálico de apoio / i /

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deve ser brevíssimo, mas notado, para deixar em destaque a sílaba li.

12. substabelecimento = subs – ta – be – le – ci – men – to. O conjunto fonético subs deve ser pronunciado com uma só emissão de som, dan-do mais ênfase ao início da sílaba (su), ficando o som b’is mais fraco, mas sempre na mesma síla-ba.

13. rescindir = res – cin – dir. Já dissemos que: sc e sç, no interior da palavra, são separados. O mesmo ocorre em xc = exceção - ex – ce – ção.

14. convicção = con – vic – ção. As consoantes do grupo cç separam-se. Por isso mesmo, na pronúncia deve ser destacada a sílaba vic antes de ção.

15. perspectiva = pers – pec – ti – va. Como 1 2 3 4

ocorre em substabelecer, o prefixo pers deve ser pronunciado como uma única sílaba (também em perspicácia = pers – pi – cá – cia). Assim, o s forma sílaba com o prefixo antecedente.

16. preceitua = pre – cei – tu – a. A vogal e e a semivogal i formam uma única sílaba = cei. Mas tu / a são silabas distintas.

17. petição = pe – ti – ção. O cedilhado nunca aparece antes de e / i. Pronuncia-se como em preço, pareça.

18. recepcionar = re – cep – cio – nar. Duas consoantes seguidas, já vimos, devem ser separa-

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das. Nesta palavra, a vogal e da primeira sílaba, é fechada como a vogal e da silaba cep, mas essa última é pronunciada de forma mais breve, para diminuir, inclusive, a força do som p ( apoiado no som i ), crescendo um pouco na silaba cio pa-ra tornar-se forte e longa no final, devendo ser pronunciado de forma clara o r final, aliás, em todos os verbos, para evitar a formas populares peticioná, contestá, apelá. Deve ser evitado, ainda, o r final exageradamente continuado, rrrr, ou quase apoiado em uma semivogal i (air), sinais regionalistas muito fortes.

19. pacto = pac – to / pactuar = pac – tu – ar. A partição das consoantes já foi explicada. É in-teressante ressaltar que não foi aceita pela língua corrente a eliminação do som c, permitida na lei ortográfica, talvez por tornar estranha e confusa a forma pato social. Não ocorreu o mesmo com a palavra contacto, reduzida facilmente para conta-to, por não haver prejuízo na eufonia.

20. prorrogar = pror – ro – gar. Aqui é a regra da partição obrigatória das letras cç, rr, ss, lem-brando que, na pronúncia, o r da primeira sílaba não é notado, pois reforça o som forte do r inici-al da Segunda sílaba, evitando o r brando de cla-ro (do r intervocálico).

21. subsídio = sub – sí - dio. O s tem som for-te, sendo errado o som de z, pois o prefixo sub não tem vogal e o som vocálico de apoio / i / deve ser quase imperceptível, não integrando a silaba, de forma a tornar o s intervocálico, hipó-tese inexistente.

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Lição II

Tonicidade dos Sons

A comunicação humana não é atividade mental des-provida de sentimentos, pois a linguagem é, também, fe-nômeno psíquico.

Quando o homem articula sons para intercambiar mensagens, não o faz como se fossem vozes metálicas neu-tras e mecânicas transmitindo informações.

Ao contrário, o trabalho mental em que se aloja o ato lingüístico reveste-se de afetividade e, nesta, a tonicida-de, entendida pelo acento e quantidade dos sons nas pala-vras e nas frases, tem papel importante para exteriorização da força ideológica da mensagem.

Esta força importa no alongamento da vogal que serve de base para a sílaba tônica, percebida na palavra iso-lada.

Já na frase, há um conjunto fonético integrado, des-locando a tonicidade para esta ou aquela palavra, de acordo com a irradiação da mensagem.

A tonicidade reconhece, ainda, sílabas que, não sen-do tônicas, não são essencialmente átonas, pois têm carga de acento secundário, chamadas por isso de subtônicas. Nas palavras compostas, elas são evidentes, e. g., firmemente.

Na palavra firme, a tonicidade se dá na tônica fir. Colocado o sufixo mente, a tônica se desloca para a sílaba men, mas a antiga tônica mantém traços de intensidade, reduzindo-se, então, em subtônica.

Esses acentos prosódicos não correspondem, necessa-riamente, a acentos gráficos e podem ser deslocados na frase, de acordo com o valor da idéias.

Vejamos: A palavra você é dissílaba e a sílaba tônica é cê.

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Fonética e ortografia

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Suponhamos, agora, que uma pessoa diz que realiza-rá algum ato, causando surpresa do seu interlocutor = Você?

A curva melódica teria o som ee :

Mas ele poderá pronunciar a palavra como se fizesse divisão silábica e dando altura quase tônica à sílaba vo

Neste caso, poderá alongar a sílaba inicial voo, dan-

do função de realce à palavra como um todo.Isso não impli-ca mudança gramatical, pois é tão-somente variante estilísti-ca fônica do discurso oral, não devendo ser empregada com freqüência e exagero.

No estudo da tonicidade, a entoação oracional esta-belece a curva melódica do acento frásico, independente-mente das sílabas tônicas de cada palavra que compõe a estrutura frasal.

De acordo com as espécies de oração, a entoação a-presenta, como regra, as seguintes curvas, conforme se vê em Celso Cunha / Lindlay Cintra.

A – Frase declarativa – afirmativa ou negativa

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Fonética e ortografia

A frase inicia-se com abertura normal do som, ele-vando-se ligeiramente, para cair ao seu final, em tom mais baixo que no inicio da frase.

A velocidade não deve ter grandes alterações. No en-tanto, em cada frase há pelo menos uma palavra–chave, que pode ser destacada.

No exemplo acima, a palavra indeferiu é semantica-mente forte, podendo ser pronunciada vagarosamente, como se houvesse divisão silábica, em tom mais alto do que as demais.

No período composto, a 1ª oração é ascendente e a 2ª descendente:

B – Frase interrogativa:

Inicia-se em tom um pouco mais alto que a frase de-

clarativa, começando a diminuir a partir do meio da frase, elevando um pouco o tom na parte final, prolongando-o em ligeira curva ascendente, não exagerando na elevação, não se devendo subir bruscamente perto do ponto de interrogação.

Na interrogativa, a última sílaba tônica deve ser bem alta, quase suspendendo o restante da palavra.

Porém, sendo a última sílaba tônica, não deve haver muita diferença entre seu tom e o da sílaba anterior.

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Fonética e ortografia

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Observemos mais: iniciada com pronome ou advérbio interrogativo, a

frase inicia-se em tom bem alto, decrescendo até o seu final; na interrogativa indireta (sem ponto de interroga-

ção), o tom da frase cresce até a primeira sílaba tônica e daí começa a decrescer até o final da frase:

C - Frase exclamativa Nas exclamativas, o tom deve ser elevado até a sílaba

tônica e depois iniciar curva decrescente, dando ênfase às palavras de natureza enfática.

D - Variações ideológicas da curva melódica Uma frase pode dar ênfase à palavra–chave da idéia,

admitindo, por isso, mudanças melódicas. Vejamos a frase: Você viu quem estava naquela mesa?

1. Você viu quem estava naquela mesa?

2. Você viu quem estava naquela mesa?

3. Você viu quem estava naquela mesa?

4. Você viu quem estava naquela mesa?

5. Você viu quem estava naquela mesa?

6. Você viu quem estava naquela mesa?

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Fonética e ortografia

A deslocação do acento enfático muda os sentidos das frases, dando função interpretativa à palavra destacada pela curva melódica. Assim, com uma simples mudança de tom pode-se realçar, e até mesmo modificar, o sentido lite-ral das palavras.

No discurso oral, além das variações tônicas, o ora-dor acentua sua mensagem com o auxílio de outros instru-mentos comunicativos, como olhar, gestos corporais, ex-pressões faciais e pausas.

Consideradas isoladamente, as palavras podem ter diversos tipos de tonicidade:

1º - As palavras monossílabas podem ser tônicas ou

átonas.

Exemplos de tônicas: • mim • sim • não • má (ruim) / más (ruins)

Exemplos de átonas: • me

• lhe • se • mas (idéia contrária)

2º - As palavras que têm como sílaba tônica a síla-

ba final (última) chamam-se oxítonas, e. g., juiz; Tribunal; acessão.

3º - As palavras que têm como sílaba tônica a pe-

núltima sílaba chamam-se paroxítonas, e. g., acórdão, juízes, fortuito.

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Fonética e ortografia

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4º - As palavras que têm como sílaba tônica a an-tepenúltima sílaba chamam-se proparoxíto-nas, e. g., inquérito, democrático, república.

Quadro de Tonicidade

Oxítonas Paroxítonas Proparoxítonas

abstenção adultério adúltero acessão advocacia alcoólatra afins avaro ápice caçar boêmia arquétipo cassar cível célebre civil concessionário cláusula

coação decadência crédito coerção delinqüente cúmplice

concessão dolo débito condor edito dúvida

construir espécie édito contrafé evicto égide depor filantropo empréstimo

evencer franquia estático granjear ibero ética mister mercancia êxodo nobel negócio êxtase novel ônus ímprobo país recorde ínclito

recém rubrica ínterim refém têxtil lânguida revel transistores legítimo ruim vizinhança náufrago sutil xérox pródigo

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Fonética e ortografia

Lição III

Encontro vocálicos, consonantais e dígrafos

Chama-se ditongo o encontro entre vogal e semivo-gal, e vice-versa, pronunciado em uma única emissão de voz.

Os ditongos classificam-se em: a) crescentes – quando a semivogal antecede a

vogal;

b) decrescentes – quando a vogal antecede a se-mivogal;

c) orais – quando o som sai livremente pela bo-

ca;

d) nasais – quando a passagem do ar ressoar na cavidade nasal.

Além das semivogais i/u, os sons e/o podem funcio-

nar como semivogais.

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Fonética e ortografia

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Quadro de Ditongos

Decrescentes Crescentes

ãe – mãe ea – áurea ai – pai eo – róseo

a• - ca•bra ia – sábia ão – mão ie – série au – mau io – ímpio éi – fiéis oa – nódoa ei – rei ua – água

eu – meu •a (fonético) – quando iu – viu ue – tênue õe – põe üe – agüento ói – dói üi – tranqüilo

oi – coitado uo – ingênuo ou – vou ui – fui

•i (fonético) – muito

Observações:

1. Os ditongos podem ser iniciais, mediais ou finais, sendo mais freqüentes os ditongos átonos.

2. Existem ditongos fonéticos, sem a semivogal aparente:

também (eim).

3. A semivogal u que acompanha as consoantes g / q forma ditongo com a vogal seguinte, quando for pronunciada. Neste caso, há trema para indicar a ditongação, se as vogais forem i / e.

quando, agüento, tranqüilo, seqüestro, seqüela.

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Fonética e ortografia

4. Os ditongos não se separam na partição silábica, pois formam um único som:

prudência – pru – dên – cia qüinqüênio – qüin – qüê – nio

5. O ditongo ui, que aparece nas palavras gratuito, fortui-to, circuito, é decrescente. Por isso, o som tônico deve ser pronunciado na vogal u. for – tui – to.

Denomina-se tritongo, o encontro de sons vocálicos

pronunciados de uma só vez. Assim, a sílaba é formada por semivogal + vogal + semivogal, podendo ser oral ou nasal.

Exemplos: iguais; averigüei; delinqüiu; quão; nin-guém (eim - tritongo fonético).

O hiato é o encontro de duas vogais pronunciadas separadamente, em dois impulsos distintos.

São exemplos de hiatos: faísca (fa – ís – ca); preen-cher (pre – en – cher); doer (do – er); poeira (po – ei – ra).

Observemos que na palavra poeira, há hiato na emis-são da vogal o, em relação ao conjunto ei (ditongo). Assim, em uma mesma palavra pode haver mais de um tipo de encontro vogal. Exemplo disso é a palavra uruguaio (uru-guai - tritongo + io – ditongo).

Como há dois sons iguais, eles se fundem, não fi-cando aparente o ditongo final.

É o que ocorre, ainda, com as palavras saia, (sai + ia); goiaba (goi – ia – ba), correio (cor – rei – io).

Há palavras, por sua vez, que causam dificuldades na classificação. É o caso de mútuo, que na pronúncia pode sugerir três emissões de som (mú + tu + o). No entanto, a língua portuguesa é essencialmente ditongada, sempre preferível classificá-la como ditongo. Assim também vácuo (vá - cuo), árduo (ár – duo), compáscuo (com – pás – cuo), com ditongo crescente.

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Fonética e ortografia

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Exemplificações:

Ditongos:

Abaixo Delinqüente Ação Denúncia Aceite Domínio

Acessório Falência Agiotagem (eim) Família

Assembléia Fidúcia Assistência Imóveis Audiência Imperícia Autêntico Iniqüidade

Autoridade Iníquo Autos Injúria

Benefício Instância Câmbio Jurisdição Caução Leis Cláusula Reivindicação (rei +

vindicar = rei (da coisa – vindicação

(exigência)

Hiatos:

adiar (a + di + ar) auditoria (au – di – to – ri – a) autonomia (au – to – no – mi – a) avoengo (a – vo – en – go) beneficiado (be + ne + fi + ci + a + do) benfeitoria (ben – fei – to – ri – a) cambial (cam – bi – al) cooperativa (co – o - pe – ra – ti – va) depoente (de + po + en + te) depoimento ( de – po – i – men – to) dominial (do – mi – ni – al)

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Fonética e ortografia

excluído (ex – clu – í – do) fiança (fi – an – ça) garantia (ga – ran – ti – a) hierarquia (hie – rar – qui – a) navio (na – vi – o) pessoal (pes – so – al) reintegrar (re – in – te – grar) tutoria (tu – to – ri – a)

Observações:

1. Os ditongos finais oa, eo, ue, uo, têm pronúncia mais lenta, podendo ser confundidos, por isso, com hiatos:

mágoa – má – goa ambíguo – am – bí – guo gêmeo – gê – meo espádua – es – pá – dua

2. Há palavras que são grafadas com três sons vocálicos, mas na divisão silábica vê-se que elas correspondem a sílabas separadas.

Exemplos: apoio – a – poi – o passeio – pas – sei – o assembléia – as – sem – bléi – a conluio – con – lui – o

Encontros consonantais são o agrupamento de con-

soantes em uma mesma palavra. São chamados encontros consonantais próprios a-

queles formados pelo auxílio das consoantes l / r, sendo pronunciados na mesma sílaba:

clima / próprio / trazer / estupro Quando pronunciados em sílabas diferentes, são

chamadas de encontros consonantais impróprios. advento (ad – ven – to) corrupção (cor – rup – ção)

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Fonética e ortografia

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Há encontros consonantais em uma mesma sílaba, mas de pouco uso. É o caso de gn, mn, pn, pt, entre outros.

inapto – i – nap – to pneumático – pneu – má – ti – co psicólogo – psi – có – lo – go digno – dig – no ritmo – ri – tmo Como regra, esses encontro consonantais são insepa-

ráveis quando iniciais, podendo ser separados, ou não, quando mediais. Por isso, são aceitas as separações di – gno; rit – mo.

Há, ainda, encontros consonantais aparentes, pois são apenas marcas fonéticas de vogais nasais, sendo classifi-cadas como dígrafos que representam vogais nasais.

Exemplo: campo (am = dígrafo) tantos (an = dígrafo)

O encontro consonantal não se confunde com dígra-fo, grupo de duas letras representando um único som. Além dos dígrafos que figuram nas vogais nasais (am / an, com variações das vogais), há os seguintes dígrafos na língua portuguesa:

ch – cheio sc – descer lh – galho sç – cresça nh – ganhar xc – exceção rr – carro qu (u não pronuncia = aquele) ss – passo gu (u não pronuncia = guerra) cc – occipital Alguns dígrafos separam-se na partição silábica, fi-

cando uma letra na sílaba que as precede e outra na sílaba seguinte. É o que ocorre com cc, ss, rr, sc, sç,.

Exemplos: oc – ci – pi tal con – vic - ção des – ça res – cin – dir

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Fonética e ortografia

Lição IV

Acentuação Gráfica

No português, os acentos são: agudo (´) – sons abertos circunflexo (^) – sons fechados indicativo de nasal (~) = til grave (`) = na crase

I – Quanto às monossílabas 1.1. As palavras monossílabas tônicas terminadas em a / e / o, seguidas, ou não, de s, são acentuadas:

lá nós pés vê má dê há só

1.2. As monossílabas átonas, ditongos, ou não, não são acentuadas:

meu, dor, flor, tu, ti

1.3. Acentuam-se as monossílabas com ditongos abertos éi / éu / ói:

véu, réu, dói, réis

II – Quanto às oxítonas 2.1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em a / e / o, seguidas, ou não, de s:

você atrás contrafé vendê-lo avô avós

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Fonética e ortografia

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Essas terminações vocálicas em outras consoantes não são acentuadas:

traz (a seguido de z) embriaguez (e seguido de z) opor (o seguido de r)

2.2. Não se acentuam oxítonas terminadas em i / u, exceto quando formam hiato:

ali / Itu, mas Itaú, construí-lo

2.3. Acentuam-se oxítonas terminadas por em / ens:

também, ninguém, parabéns

2.4. Acentuam-se oxítonas terminadas em ditongos abertos: éu, éi, ói:

fiéis / herói / chapéu

III – Quanto às paroxítonas

A língua portuguesa possui o maior número de palavras terminadas na penúltima sílaba, razão por que, regra geral, as paroxítonas não são acentuadas.

Todavia, são acentuadas as:

3.1. terminadas por ditongos crescentes, seguidos, ou não, de s:

mútuo, ingênuo, nódoa, espécie, tênue, árduo, perpétuo, estratégia;

3.2. terminadas pelos ditongos ei, éis:

móveis / fáceis / jóquei;

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Fonética e ortografia

3.3. terminadas por i, is, us, um, uns: júri, ônus, álbum;

3.4. terminadas por l, n, r, x: fácil, cônsul, hífen, mártir, tórax.

Por esse motivo, inadequada é a forma oxítona xe-

rox, devendo ser paroxítona acentuada, como as demais palavras terminadas em x, xérox.

3.5. terminadas por ditongos ou vogais nasais:

órfãs / órgão / bênção / ímã; 3.6. terminadas pelo encontro consonantal ps:

bíceps. Observações: a) A terminação n é acentuada no singular, não se estendendo ao plural, daí por que hifens não receber acento. Também item / itens não são acentuadas; a 1ª terminada por m e a 2ª por ns. b) Os prefixos não são acentuados: super-homem; anti-rábico; semi-selvagem. IV – Quanto às proparoxítonas Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas

com acento agudo, se abertas, ou circunflexo, se a vogal to-nica for fechada ou nasal:

lâmpada, tímido, lógico, público, escândalo, trânsito, término.

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Fonética e ortografia

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V – Quanto aos hiatos 5.1. Os hiatos representados pelas vogais tônicas i / u são acentuados, quando essas vogais formam síla-bas isoladas, seguidas, ou não, de s:

saúde = sa – ú – de egoísta = e – go – ís – ta reúne = re – ú – ne juízo = ju – í – zo caí = ca – í

5.2. Não são acentuados hiatos que formam sílabas com outras consoantes que não sejam s:

cairdes = ca – ir – des juiz = ju – iz ainda = a – in – da sairmos = sa – ir – mos ruim = ru – im diurno = di – ur – no

5.3. Não são acentuados hiatos seguidos de nh:

rainha = ra – i – nhá moinho = mo – i – nho

5.4. Não são acentuados hiatos formados por outras vogais que não i / u:

moeda = mo – e – da aorta = a – or – ta poeta = po – e – ta lagoa = la – go – a

5.5. Recebe acento circunflexo a 1ª vogal dos hiatos fechados formados pela mesma espécie de vogal:

vêem = vê – em vôo = vô – o dêem = dê – em

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Fonética e ortografia

abençôo = a – ben – çô – o

Observações: a) a regra não se aplica a hiatos abertos:

Mooca = Mo – o – ca (sem acento) Mo (ô) – o (ó) – ca

b) nem sempre acentos são motivados pelo hiato:

boêmio = bo – ê – mio (terminação em diton-go crescente) poético = po – é – ti – co = proparoxítona

VI – Quanto a formas verbais 6.1. Os verbos terminados por em na 3ª pessoa do singular, recebem acento circunflexo na 3ª pessoa do plural:

Ele tem – Eles têm Ele vem – Eles vêm

6.2. Os verbos terminados por em, recebem acento circunflexo na 3ª pessoa do plural:

Ele contém – Eles contêm Ele detém – Eles detêm Ele obtém – Eles obtêm

6.3. Os verbos terminados por ê na 3ª pessoa do singular, dobram a vogal no plural, mantendo acen-to circunflexo na 1ª:

Ele vê – Eles vêem Ele crê – Eles crêem

6.4. O verbo pôr tem acento gráfico para indicar a crase ocorrida pela simplificação de duas vogais i-guais.

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Fonética e ortografia

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Na forma antiga, o verbo era poer, que foi modificada para poor, com a crase pôr (o + o = ô). Com isso, diferencia-se sua pronúncia tônica da pre-posição átona por.

Também, não se acentuam as formas derivadas de pôr, sendo oxítonas não terminadas com s:

dispor propor compor antepor contrapor impor

6.5. Os verbos terminados em uar, recebem acento

no u: averiguar – averigúe arguir – argúi enxaguar – enxagúe

Nestes casos, a regra impõe-se para indicar di-tongo na forma gue / gui, quando o u é pronunciado e tônico.

VII – Quanto aos grupos gue / gui / que / qui 7.1. Além da regra 6.5., coloca-se trema no u átono, quando indicar ditongo: agüentar, freqüente, delin-qüir, tranqüilo, cinqüenta, qüinqüênio, enxagüei, seqüestro, seqüência. Todavia, o grupo qu / gu seguido por outras vo-gais não é acentuado: quando. Só será acentuada a tônica que precede os grupos gua / qua / gue: águam, oblíquam, ágüem. VIII – Quanto ao acento diferencial A lei ortográfica manteve acentos diferenciais para

distinguir timbre e intensidade das palavras.

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Fonética e ortografia

Quanto ao timbre, temos acentos para diferenciar pronúncia fechada da aberta.

pôde (verbo no perfeito) pode (presente) Para os demais vocábulos, nas mesmas circunstân-

cias, o acento foi abolido. almoço (ô = substantivo) almoço (ó = verbo) governo (ê = substantivo) governo (é = verbo) Quanto à intensidade, o acento serve para distinguir

vocábulos tônicos de seus correspondentes átonos, sendo enumerados esses casos, expressamente, pela lei ortográfica:

Pêlo (substantivo com sentido

de cabelo, penugem) pelo (preposição per + o)

Pêra (fruta) pera -é- ( preposição arcaica, sem uso atual)

Pô–lo (verbo pôr) pólo (substantivo) Pára (verbo) para (preposição)

Côa (verbo coar) coa (forma em desuso que seria contração com + a)

Quê (substantivo ou pronome no fim da frase)

que (conjunção)

porquê (substantivo) porque (conjunção) A lei nº 5.765/71 manteve, podemos perceber, mui-

tos acentos diferenciais que não exigiriam a diferença, tanto pelo desuso, quanto pela impossibilidade de confundi-los no contexto frásico.

IX – Crase (Acentro grave) A Lei 5.765/71 (Reforma Ortográfica) aboliu o a-

cento grave da língua portuguesa, mantendo-o apenas para indicar a contração da preposição a com os artigos a / as, fenômeno chamado crase.

Assim, não há crase diante de palavras masculinas; tampouco quando não houver preposição a.

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Fonética e ortografia

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Vejamos: Obedecemos as leis. Como regra prática, substituímos a palavra leis por

uma masculina equivalente, ou seja, do mesmo sentido: Obedecemos aos ordenamentos. Fácil percebermos a contração da preposição a e o

artigo os = aos. Logo, diante de leis encontramos a preposi-ção a + artigo as = às, tendo, assim, a crase:

Obedecemos às leis. Também, a lei ortográfica manteve o acento grave

indicativo de crase diante dos pronomes aquela, aquelas, aquele, aqueles (demonstrativos iniciados por a), quando precedidos de preposição.

Refiro-me àquele julgamento a (preposição) + aque-le.

Regras de Crase

9.1. Emprego obrigatório do acento grave indicativo da crase 9.1.1. Ocorre crase quando a palavra feminina for preposicionada. Assim, a (artigo) + a (preposição) contraem-se em à; se plural, às.

O réu atenderá à citação Os réus atenderão às citações.

9.1.2. Ocorre crase diante da palavra distância, quando esta for determinada, tendo a especificação artigo a.

A casa encontra-se à distância de dois quilô-metros da estrada. A (artigo) distância é de 2 km.

Mas se outro for o artigo, a determinação de dis-tância não propicia a crase.

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Fonética e ortografia

A casa encontra-se a uma distância de dois quilômetros da estrada (artigo – uma).

Também não ocorre crase se a palavra distância não estiver especificada.

Ensino a distância É necessário mantê-lo a distância Ele estava a longa distância.

9.1.3. É obrigatória a crase diante de locuções ad-verbiais indicadas por a.

Às vezes, as audiências são adiadas. Tudo foi realizado às claras. Saiu às pressas. À entrada da casa havia um segurança. O réu ficou à disposição da Justiça.

9.1.4. É obrigatória a crase diante de locuções ad-verbiais de tempo, indicando hora determinada.

A reunião foi iniciada às onze e meia. O expediente do Tribunal é das treze às de-zenove horas.

9.1.5. Nas locuções adverbiais de instrumento e de modo femininas, o acento grave não ocorre por crase propriamente dita (artigo a + preposição a), mas por analogia às demais locuções adverbiais, recebendo o nome de acento analógico. É o caso de:

à bala, à queima-roupa, à fome, à vista, à pi-lha.

Não ocorre o acento com palavras masculinas: a lápis, a pé. 9.1.6. Ocorre crase nas locuções prepositivas forma-das por palavra feminina.

A condenação aconteceu devido às provas dos autos.

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Fonética e ortografia

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Vimos à procura de maiores informações. Deve-se, no entanto, tomar cuidado para não confundi-las com verbo no infinitivo. Estavam a procurar informações.

São conhecidas as locuções prepositivas:

devido a, relativo a, referente a, com respeito a, quanto a, ocorrendo a crase quando acompanhadas por palavras femininas: devido à greve devido às dificuldades referente à prisão com respeito à situação quanto às provas

Obs.: Não haverá crase se houver apenas a preposi-ção: devido a dificuldades; referente a leis derrogadas 9.1.7. Ocorre crase diante de locuções conjuntivas formadas por palavras femininas.

À proporção que o Promotor interrogava o réu, os jurados convenciam-se de sua inocên-cia.

9.1.8. Emprega-se o acento grave indicativo de crase nas locuções que indicam hora determinada.

A audiência terá início às quinze horas. Saí da sala de audiência às quatro horas da tarde.

9.1.9. Usa-se o acento grave, indicativo da crase, o-correndo a idéias de moda.

calçados à Luis XV (à moda de) estilo à Rui Barbosa (à moda de)

9.10. Emprega-se crase diante de nomes próprios de lugar, quando acompanhados de artigo. Como regra

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Fonética e ortografia

prática, emprega-se o verbo voltar para conferir a presença do artigo feminino.

Irei à Bahia (Volto da Bahia) Irei a Curitiba (Volto de Curitiba) Também, a preposição a pode ser substituída por outra para verificação da existência, ou não, do artigo. Pretendo ir à Inglaterra (Pretendo ir para a Inglaterra) Gostaria de ir a Olinda (Gostaria de morar em Olinda) Gostaria de ir à velha Olinda (Gostaria de morar na velha Olinda) Fui à Argentina (Estive na Argentina) Fui a Porto Alegre (Estive em Porto Alegre) Fui a Goiânia (Estive em Goiânia)

9.11. Emprega-se a crase quando a palavra é aparen-temente masculina, estando implícita palavra femi-nina. Dirigiu-se à Homicídios para apresentar queixa-crime de tentativa contra sua vida. (Dirigiu-se à Delegacia de Homicídios) 9.2. Emprego facultativo do acento grave indicativo de crase 9.2.1. No adjetivo possessivo singular

Pediu referências a (à) minha família. Submeto meu pedido a (à) sua análise Isso ocorre por ser facultativo o artigo diante do possessivo, sendo empregado como idéia de realce. Esta é minha mãe. Esta é a minha mãe.

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Fonética e ortografia

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Esquecendo-se do conceito de uso facultativo de realce (O meu cavalo é campeão. Meu cavalo é pre-to), torna-se simplesmente facultativa a crase, sem averiguação do sentido, quando o substantivo que o pronome adjetivo possessivo modifica for feminino.

Para alguns gramáticos, é recomendável não usar a crase com idéias de parentesco porque não se reco-menda emprego de artigo.

Referi-me a minha mãe. Todavia, no plural o emprego da crase é obrigató-

rio. Referi-me às minhas irmãs. Não deram atenção às nossas sugestões

9.2.2. Diante de nomes próprios personativos.

Diga a (à) Maria que seu pedido foi aprova-do.

Isso ocorre porque no Brasil é comum o emprego de artigo.

A Lúcia é minha irmã. Todavia, nas regiões em que se dispensa o artigo

indicativo de intimidade familiar não se usa a crase. Por outro enfoque, é proibitivo o emprego da crase

quando o nome próprio referir-se a pessoas estra-nhas, ou de pouca intimidade.

O trabalho refere-se a Maria Antonieta, rai-nha à época da Revolução Francesa

9.2.3. Diante da locução até a, antes de palavra fe-minina.

Fui até a (até à) Delegacia Isso ocorre pelo uso facultativo da preposição. Ve-

jamos: Fui até o Fórum Fui até ao Fórum

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Fonética e ortografia

9.3. Emprego proibitivo de crase. Não há crase:

9.3.1. Antes de substantivos masculinos.

A compra foi realizada a prazo. 9.3.2. Antes de substantivos femininos empregados em sentido genérico ou indeterminado, ocasiões em que não se usa artigo.

Nunca foi a cerimônia alguma. 9.3.3. Antes de verbo.

Estavam dispostos a testemunhar. 9.3.4. Antes da palavra Dona (D.)

Referia-se a D. Maria. Entregou a citação a Dona Lúcia.

No entanto, há crase se houver especificador. Referia-se à querida D. Maria.

9.3.5. Antes da palavra terra em oposição à idéia de bordo.

Chegaremos a terra pela manhã. Com outros sentidos, ocorre crase.

Os astronautas voltaram à Terra. Ele pensava em voltar à terra natal.

9.3.6. Antes da palavra casa, no sentido de lar, resi-dência, quando não for especificada.

Voltarei cedo a casa. Quando especificada, ou não referente à idéia de

lar, ocorre a crase. Irei à casa de meus avós. O pedido foi dirigido à Casa da Moeda.

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Fonética e ortografia

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9.3.7. Antes do artigo indefinido uma e dos prono-mes indefinidos em geral:

Referia-se a uma pessoa pouco conhecida. O juiz atenderá a qualquer hora da tarde. A certa altura, o Promotor começou a ofen-der o acusado. Refiro-me a toda prova trazida aos autos.

9.3.8. Antes de numerais, a menos que se refiram à hora determinada.

O número de testemunhas chegou a oito pessoas. Nasceu a 15 de setembro.

9.3.9. Antes do verbo no infinitivo.

Estavam dispostas a celebrar o contrato locatício. A locação começará a partir de 1º de set.

9.3.10. Antes de palavras repetidas, formando locu-ções adverbiais.

Os acareados ficaram frente a frente. Conhecia os autos de ponta a ponta. O advogado leu o processo página a página.

9.3.11. Antes de locações adverbiais com substantivo no plural.

O advogado prendeu-se a questões relevantes. Se toda a expressão for pluralizada, ocorrerá crase. O advogado ateve-se às questões relevantes.

9.3.12. Antes dos pronomes pessoais.

Referia-me a ela. Ele sempre obedeceu a você.

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Fonética e ortografia

9.3.13. Antes de expressões de tratamento. Referia-se a Vossa Senhoria. (V. Sª) Solicitou a Vossa Excelência. (V. Exª)

9.3.14. Antes dos pronomes relativos que, quem, cuja.

Referia-se à funcionária a quem havia reco-mendado. Não me recordo do processo a que ele se re-fere. Ele dirigiu-se ao advogado a cuja família ele é aparentado. No entanto, ocorre crase diante de a qual, as quais, quando houver preposição na regência verbal. O legislativo aprova as leis às quais estamos subordinados.

9.3.15. Antes dos pronomes demonstrativos esta, es-tas, essa, essas.

Os jurados não darão importância a esta tese de legítima defesa. Os doutrinadores não devem se prender a es-sas teorias ultrapassadas.

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Fonética e ortografia

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Lição V

Prosódia e Ortoépia

Há duas partes da Gramática que estudam a pro-núncia das palavras.

A Ortoépia cuida da exata pronúncia dos fonemas no interior das palavras, para que vogais e consoantes sejam bem pronunciadas. É o caso de mulher, em que o lh deve ser pronunciado com movimentos palatais característicos, sendo errada, gramaticalmente, a pronúncia usual em certas regiões brasileiras que diz muller, como se houvesse duas consoantes l, dando um som de l forte. É a tendência, tam-bém, de palatizar o t das palavras, como ocorre em muito, dando-lhe pronúncia próxima de th. É, ainda, o costume de não pronunciar a consoante final, tendo-se, assim, almoçá, ou, então, os pé. Outro caso comum é o fechamento exage-rado da vogal final, trocando e por i, o por u, com muito destaque: todu por todo; eli por ele.

Já dissemos que hoje não se tem exacerbado a im-portância da Gramática, como se todos usuários de uma língua tivessem de ter exatamente a mesma pronúncia.

A Língüística, ciência da linguagem que destacou o comportamento da linguagem oral, reconhece que até mesmo o clima e o relevo atuam nas modificações regionais, acentuadas pelas individualizações.

Todavia, dissemos, também, que os profissionais, e as pessoas ditas cultas, não devem cometer regionalismos exagerados que lhes poderiam ocasionar barreiras lingüísti-cas no desempenho de suas funções, inclusive. Tanto isso é verdadeiro que apresentadores de jornais televisivos ameni-zam a pronúncia. De igual modo, profissionais de sucesso, como Jô Soares, dão à pronúncia um cunho pessoal, mas tendo como paradigma a pronúncia padrão. Também, não percebemos nítidos acentos regionais em Ministros do Su-

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Fonética e ortografia

premo Tribunal Federal, sendo a neutralidade fator de comunicação mais ampla. Esse é o intento da Ortoépia: diminuir barreiras lingüísticas entre os usuários de uma língua, estabelecendo um paradigma que atua como ele-mento de homogeneidade lingüística.

A Prosódia, por sua vez, estuda a correta acentuação tônica das palavras, evitando que proparoxítonas sejam tomadas por paroxítonas e vice-versa, ou que as oxítonas se tornem paroxítonas, enfim, determinando o acento tônico que, já vimos, não é sinônimo de acentuação gráfica, pois nem todas sílabas tônicas recebem acento gráfico.

É bom esclarecermos que não é fácil a questão, tanto que ortoépia e ortoepia (uma como ditongo e outro como hiato) disputam a forma correta de pronúncia.

Como regra prática, lembremo-nos que a língua por-tuguesa é, em sua maioria, constituída por paroxítonas e ditongos.

Assim, em Prosódia e Ortoépia destacaremos as pro-núncia correta de algumas palavras que causam dúvidas, lembrando que ela interfere, inclusive, na ortografia, pois pronúncias erradas podem nos conduzir a erros gráficos.

Quadro de Pronúncias Corretas

• almeja (mê) – Significando objetivar, desejar, a pronúncia correta tem a vogal e fechada, e não aberta (mé), como se escuta com freqüência. Também, muito errada é a pro-núncia com ditongo – almeija.

• acarear – É colocar cara a cara pessoas, em geral testemu-nhas, quando houver discordâncias. Em sentido amplo significa confrontar, não podendo ser usada a vogal i (aca-riar). Assim, corretas são as formas acarear, acareação, aca-reamento).

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Fonética e ortografia

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• arruína – Não é correta a forma ditongada arrúina, como se escuta com freqüência, pois a palavra tem formação de-rivada de ruína, hiato com acento grave de vogal i isolada.

• adquirir – A vogal u é muda, do dígrafo qu, não tendo trema, pois não é ditongo.

• acórdão – Nome da decisão de tribunal ou colegiado, sendo paroxítona acentuada, terminada em ditongo ão.

• álibi – É a palavra proparoxítona, recebendo acento no aportuguesamento da forma latina alibi, com a mesma pronúncia. Assim, se não fosse acentuada, obrigatório se-ria sinal indicativo de estrangeirismo (aspas, itálico, entre outros). É o mesmo fenômeno das palavras ínterim (pro-paroxítona) e de quórum (quorum sem acento na forma latina).

• autópsia – Exame do cadáver para conhecimento da causa mortis, é paroxítona terminada em ditongo. Todavia, o neologismo necropsia deveria ser pronunciado como hia-to, sem acento gráfico – ne – cro – psi –a.

• aziago – Palavra de sentido negativo, indicando infeliz, é paroxítona, não sendo correta a forma proparoxítona azí-ago.

• boêmia – Esta palavra pode ser usada tanto como subs-tantivo (A boêmia é vício social), quanto como adjetivo (Levava vida boêmia), sendo ambas as formas pronuncia-das e grafadas como paroxítonas terminadas em ditongo.

• digladiar – Erro comum é pronunciar a palavra com vogal e (degladiar), mas deve ser pronunciada e grafada com a vogal i; significando disputar, combater. De igual forma, dilapidar (esbanjar) e não delapidar (forma erra-da).

• doze – Erro comum é pronunciar o numeral como se houvesse ditongo ou (douze), forma incorreta.

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Fonética e ortografia

• desequilíbrio – Não é correto grafar e pronunciar a pala-vra como se a sílaba fosse si (desiquilíbrio), pois é com-posta do prefixo de + equilíbrio, formando, assim, dese-quilíbrio.

• dirimir – A palavra é formada pelo prefixo dis, na forma dir, significando dividir, separar, extinguir, esclarecer, a-nular. Assim, errada a forma popular derimir.

• dolo – A palavra é pronunciada com o aberto (som ó), sendo errada a pronúncia fechada (dolo – ô). Todavia, o adjetivo doloso é pronunciado com todas vogais fechadas.

• distinguir – A palavra deve ser pronunciada como dígrafo gu, tendo u mudo. Também não são pronunciados os sons u nas palavras – equiparar (dígrafo qu), extorquir, extinguir, inquilino, líquido (líqüido é certo), liquidez.

• expensas – Significando custas, esta palavra utiliza x com som de s, sendo sempre pluralizada.

• empecilho – A palavra indicativa de obstáculo, inicia-se por em, sendo errada a pronúncia i, na sílaba inicial.

• expropriar – Tomada com sentido de desapropriar, tem sentido mais amplo. Ambos os prefixos indicam retirada da propriedade, mas tecnicamente desapropriar exige in-denização, enquanto expropriar pode admitir tirar a pro-priedade sem compensação pecuniária, como ocorre em situações punitivas de perda de propriedade. Na pronún-cia, erro comum é a eliminação do 2º grupo consonantal pri, convertendo-o em pi (expropiar – pronúncia errada encontrada até mesmo entre pessoas cultas). Outros e-xemplos do fenômeno de supressão do 2º encontro con-sonantal da mesma palavra: própio (no lugar de próprio), propiedade (quando o correto é propriedade), podendo ocorrer o fenômeno mesmo quando os encontros conso-nantais não são iguais, como nos exemplos acima – pr.

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Fonética e ortografia

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Vejamos: frustar (pela forma correta frustrar), poblema (e outras variações por problema).

• inexorável – A pronúncia correta coloca o x com som de z.

• inverossímel – Quando se quer dizer que não há seme-lhança com a verdade, tem-se ouvido a pronúncia errada inverossemelhança, pois a palavra é derivada de semelhan-ça. No entanto, na forma derivada há fechamento da vo-gal. É o mesmo que acontece em verossimilhança (seme-lhança com a verdade).

• irascível – Não raro, escutamos irrascível, com o dígrafo rr. No entanto, ocorre apenas o sufixo à palavra ira, indi-cando que a pessoa apresenta tendência à ira, como ocorre em invencível (que não se deixa vencer), intransponível (o que não se pode transpor).

• optar – Assim como outras palavras de encontro conso-nantal mudo, não se pode acrescentar a vogal i (opitar), sendo apenas apoio vocálico frouxo, brevíssimo, como ocorre em psicologia. Na forma verbal opto (vogal o ini-cial aberta, como se fosse ópto), não se admite opito.

• prazeroso – Forma derivada de prazer, não admite a criação de ditongo medial (prazeiroso), erro comum de pronúncia.

• privilégio – Erro comum é ouvir previlégio, talvez por influência da mesma vogal na sílaba seguinte.

• sutilmente – A forma primitiva é oxítona – sutil, signifi-cando hábil, engenhoso, tênue. Assim, a tônica mente te-rá o acento subtônico til, sendo errada a pronúncia com a tônica na sílaba su (sútilmente).

• tóxico – Vício de pronúncia inadmissível é os sons ch (tóchico) ou ss (tóssico). O x, em tóxico, nas palavras oxi-gênio, fixo (como se fosse tokissico, fiksso, oksigênio).

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Fonética e ortografia

• vultoso – Quando se pretende dizer que a coisa se refere à idéia de grande, considerável, não existe o hiato. No en-tanto, a forma vultuoso – vul – tu – o – so existe na lín-gua, com o sentido de rosto inchado e vermelho com os olhos salientes.

Verificamos, assim, ser tarefa imperativa o uso cons-tante de dicionários em busca da pronúncia correta (e, por conseqüência, da grafia), para diminuir dúvidas existentes na linguagem corrente.

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Fonética e ortografia

48

Lição VI

Ortografia

6.1. Considerações preliminares O presente estudo foi denominado por Fonética e

Ortografia para distinguir a linguagem oral da escrita. No entanto, a Ortografia é parte da Fonologia que

cuida da correta representação gráfica das palavras, criando regras de uniformização que evitam o surgimento de inúme-ros dialetos em razão de os usuários de uma língua terem pronúncias diferentes.

Bom é lembrarmos que a ortografia adotada no Bra-sil, tanto quanto na pronúncia, apresenta divergências com o sistema adotado em Portugal.

Também, é interessante acentuarmos que há três ti-pos de sistemas ortográficos:

a) sistema fonético: representa na lingua-

gem escrita a fiel pronúncia das palavras, como ocorre no espanhol;

b) sistema etimológico: estabelece formas

escritas de acordo com a origem das pa-lavras, combatendo as alterações fonéti-cas ocorridas no tempo e no espaço. Foi adotado no século XV, sendo uma das causas do eruditismo e de palavras escri-tas sem justificativas fonéticas;

c) sistema misto: concilia os dois primeiros,

sendo adotado pelas normas da língua portuguesa, desde a Lei Ortográfica de 1943, com as alterações de 1971.

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Fonética e ortografia

6.2. Grafia de algumas letras Em breves anotações, podemos indicar algumas pe-

culiaridades do emprego de letras no alfabeto português. As letras k, w e y não têm valor fonético–gráfico,

sendo empregadas como símbolos em linguagem científica, e na transcrição de palavras estrangeiras, tendo contaminado a grafia de nomes próprios, não sendo recomendação adota-da na Lei de Registros Públicos. Assim, não deveria ocorrer registro de Walter, mas de Válter, ou, então, de Karina, mas de Carina, impropriedades que se tornaram comuns na sociedade brasileira.

Por outro lado, existe o h etimológico, não pronun-ciado sem correspondência fonética, portanto. Exemplos: hábil, harmonia, haver, hediondo, homicídio, herança, hierarquia, hermenêutica, híbrido, hierarquia, homem, hipótese, história, homenagem, homossexual, hospedar, honrar, hostil, humilde.

Algumas palavras perderam, com o passar do tempo, o h, e. g.: úmido, erva.

Assim, só o exame de Gramáticas e Dicionários pode auxiliar o usuário da língua na grafia correta, mesmo porque a própria tradição lingüística consagrou Bahia (Estado do Brasil) como forma diferenciada de baía (acidente geográfi-co).

Quanto ao emprego das letras g e j, podemos desta-car algumas regras. Grafam-se com g as palavras terminadas com os sons agem, igem, ugem, ege e oge, ógio, gir:

Exemplos: garagem imagem subterfúgio viagem herege egrégio massagem passagem dirigir vertigemrelógio divergir

As exceções são poucas, e. g. , pajem.

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Fonética e ortografia

50

Quanto ao j, grafam-se com esta consoante as pala-vras terminadas com as formas ja e verbos terminados por jar, jear.

Exemplos: viajar igreja granjear desejar laranja lisonja aleija

Existem outros vocábulos que têm j, como ocorre

em: sujeita, gorjeta, projeto, projétil (é correta, ainda a forma oxítona projetil), sujeição, sujeito, ultraje, que são aprendidos pela atenta leitura de bons autores e pela pesqui-sa em dicionários.

Quanto ao s com valor de z, ocorre nos adjetivos com sufixo oso, osa, nos substantivos e adjetivos terminados por es (feminino esa), incluindo os adjetivos pátrios.

Exemplos: gostoso cuidadoso gracioso prazeroso inglês duquesa português princesa

Também, com os verbos pôr e querer, emprega-se o

s: compôs, quiser, puser, quis.

Vejamos algumas palavras grafadas com s:

aliás despesa análise (analisar) frase avisar gás atrás ônus coesão revés defesa presídio

No tocante ao z, os sufixos ez / eza são usados em

substantivos derivados de adjetivos:

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Fonética e ortografia

Adjetivos substantivos

Altivo altivez Árido aridez

Escasso escassez Frio frieza

Gentil gentileza Grande grandeza Límpido limpidez Limpo limpeza Nítido nitidez Nobre nobreza Pobre pobreza

Tímido timidez

Também são grafadas com z palavras formadas pelo sufixo izar:

final + izar = finalizar fértil + izar = fertilizar legal + izar = legalizar racional + izar = racionalizar capital + izar = capitalizar social + izar = socializar

Obs.: Em análise temos o s no radical. Assim, o sufi-xo é ar – análise + ar = analisar. Também casa + ar = casar. Já nas palavras com izar, a forma primitiva não tem s, como vemos em especial + izar = especializar.

Em geral, pois há exceções, o x é empregado antes de ditongos e depois da sílaba inicial en.

Exemplos: caixa enxaguar frouxo enxergar baixo enxoval

Exceções: encharcar (charco), encher (cheio) Exemplos de palavras grafadas com x

som ss – sintaxe, trouxe, axioma, auxílio, máximo, próximo;

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Fonética e ortografia

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som z – exame, exarar, êxito, êxodo; som ks – sexo, complexo, tórax, tóxico, léxi-co; som s – texto, exceção, excesso, excursão, ex-portação; som ch – xarope, vexame, enxurrada, enxer-gar

6.3. Grafia de algumas palavras

6.3.1. Quadro de palavras problemáticas

• abalroar: choque ou colisão, sendo utilizado na colisão de meios de transportes.

• abstenção: a pronúncia não tem vogal i. Em linguagem jurídica significa a renúncia a um direito, ou ao seu exercício. Pode ser, também, ato pelo qual um juiz declara que não pode julgar o feito. Também, é obrigação de não fazer. Em todos os casos, é deixar de praticar alguma coisa.

Não há pronúncia tônica nem grafia da vogal fonéti-ca de apoio, i, na palavra adjudicar = ato judicial mediante o qual se estabelece direito de propriedade. • arresto: apreensão judicial de tantos bens quantos forem

necessários para pagamento de dívida. É pronunciada e grafada com dígrafo rr, distinguindo-se de aresto, sinôni-mo de acórdão.

• assessoria: palavra grafada com dois dígrafos. • cessação – forma substantivada do verbo cessar = parali-

sar, interromper. Apesar da proximidade fonética e gráfi-ca, não se confunde com cessão, do latim cessio, que sig-nifica ceder.

• excesso: grafa-se com o dígrafo ss.

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Fonética e ortografia

• hasta: derivada do latim hasta (lança), a palavra tem o h inicial etimológico. Na linguagem jurídica, significa ven-da na praça. Ë empregada com o adjetivo pública, signifi-cando a hasta pública, venda feita por ordem judicial para que o patrimônio do devedor responda por suas dívidas.

• idoneidade: esta palavra, que significa a qualidade do idôneo, ou seja, de pessoa que tem boa reputação, deve ser pronunciada e grafada com ditongo ei.

• quota: esta ortografia tem o qu de sua etimologia latina. A ortografia oficial admite, também, a grafia cota, assim como ocorre em quatorze / catorze.

6.3.2. Grafia dos porquês

a) Por que (grafada em duas palavras). A palavra por que, em duas palavras e sem acento, é

empregada na frase interrogativa, com ou sem ponto de interrogação.

Por que os jurados a condenam? (interrogativa direta).

Gostaria de saber por que os jurados a condenaram (interrogativa indireta)

Quando o pronome interrogativo aparecer no final da frase, o que se torna monossílabo tônico, recebendo acento gráfico.

O réu não contestou a Inicial. Por quê? Essa regra aplica-se no meio da frase, quando ocorrer

pausa, indicada por pontuação própria. O réu reconviu da Inicial: por quê, se na Contesta-

ção deixou de ilidir os pontos mais fortes? Também se grafa por que (separado e sem acento)

quando tiver a função do pronome relativo pelo (pela) qual, substituindo as palavras motivo, razão, especialmente.

As ruas por que passamos estavam alagadas. (As ruas pelas quais...)

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Fonética e ortografia

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Não conheço os motivos por que você agiu assim. (Não conheço os motivos pelos quais...)

Desconheço as razões por que você agiu assim. (Des-conheço as razões pelas quais...).

Nesse emprego, as expressões motivo, razão podem estar implícitas, dando valor de interrogação indireta.

Não sei por que você agiu assim (Não sei por que motivo você agiu assim).

o motivo pelo qual

b) Porque (junto e sem acento) Grafa-se porque quando for conjunção, intro-

duzindo uma oração. Os jurados devem ter absolvido a ré porque as

provas eram-lhe favoráveis. conjunção que introduz a 2ª idéia = as provas eram-

lhe favoráveis, dando causa para a 1ª oração. Corram, porque a chuva está chegando.

conjunção que introduz a 2ª idéia = a chuva está chegando, expli-cando a 1ª oração que está no impera-tivo.

c) Porquê (junto e com acento)

Quando for substantivo, com sentido de motivo, ra-zão, causa, sendo, então, acompanhado de artigo (o / os)

O modo de agir do acusado tem o seu porquê. Todos se perguntavam sobre os porquês de sua con-

duta. 6.3.3. Grafia de senão / se não

a) Se não (em duas palavras) Emprega-se para substituir a idéia caso não. Se não for provada sua culpa, o réu será inocentado

(Caso não...)

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Fonética e ortografia

Se não soubesse a verdade, teria agido de outra ma-neira. (Caso não...)

b) Senão (junto)

Em todos os demais sentidos. É bom que se prove a verdade senão o réu será con-

denado (do contrário) Não fiz isso por interesse; senão por obrigação. (mas

sim) Não há senão algum na obra daquele autor. (senão é

substantivo, com sentido de falha). Ele não tinha nada a fazer, senão esperar. (a não ser).

6.3.4. Grafia de há / a

a) A palavra há (com h inicial) é empregada no sentido de faz, com idéia de tempo passado. Nes-se caso, não é preciso reforçar o pensamento com o advérbio atrás, pois seria redundância. Há muitos meses que não o vejo. (Faz muitos

meses) Não é necessário, ainda, colocar a palavra tempo,

implícita na idéia de passado. Há muito que não o vejo. (Faz muito tempo que

não o vejo). Também, o verbo haver pode assumir a forma há no

presente, com sentido de existir. Há muitas pessoas no recinto. Quando a idéia é futura, emprega-se a preposição a. A audiência será realizada daqui a três meses.

6.3.5. Grafia de onde / aonde Grafa-se onde com verbos estáticos, em que não há

movimento. Eu queria saber onde ele estava.

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Fonética e ortografia

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Já a palavra aonde é advérbio de lugar com sentido de movimentação.

Aonde você vai? Diz a tradição que Rui Barbosa ficava muito irritado

com erros gramaticais. Assim, ao sair de casa, uma vizinha perguntou-lhe:

“Dr. Rui, onde o senhor vai?”. Ao que ele teria respondido: “Procurar o a que a senhora perdeu.”

6.3.6. Grafia de algumas expressões

a) A expressão grosso modo não deve ser acom-panhada de preposição, sendo errado dizer a grosso modo.

Correto: Gostaria de explicar, grosso mo-do, os motivos que o levaram a agir dessa forma.

b) a fim de – com a idéia de finalidade, a ex-pressão deve ser pronunciada e grafada com os elementos separados.

Solicitou novo prazo a fim de providenci-ar os documentos necessários ao negócio. (com a finalidade de ).

c) a par – ao dizer estar informado, a expressão

não tem artigo. A forma ao par de só se emprega na lin-

guagem de Bolsas de Valores.

d) ao invés de – significa ao contrário, idéia de oposição. Quando se quer dar apenas a idéia de mera substituição, sem oposição, grafa-se em vez de.

Ao invés de contestar a Inicial, o réu pre-feriu colocar-se como revel.

Ao invés (idéia de oposição)

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Fonética e ortografia

Em vez de ir ao cartório, o advogado di-rigiu-se ao juiz. (não há idéia de oposição; apenas de substituição).

e) a respeito de – não se deve grafar apenas a respeito, pois a expressão necessita de idéia com-plementar.

Não quero falar a respeito (errado) Não quero falar a respeito disso (certo) Não quero falar a seu respeito.

f) no entanto / entretanto – ambas as grafias es-tão idéias com sentido de oposição. Todavia, é errado dizer e grafar no entretanto.

g) mais bem – É forma correta para acompa-nhar o verbo nas terminações ado / ada (particí-pio passado), em lugar de melhor, quando se faz comparação.

Esta questão foi mais bem explicada pelo réu. (Em lugar de melhor explicada).

h) É de mister / Mister se faz.

É mister que se provem os fatos. É de mister que se provem os fatos. Mister se faz a prova do alegado. A palavra mister é oxítona sem acento

(e tônico seguido de r, quando apenas seria acentuado se acompanhado de s).

Apesar de ser comum a expressão É mister, tem sido bem aceita, na linguagem jurídica, a expressão acompanhada da prepo-sição de – É de mister...

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Fonética e ortografia

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6.3.7. Grafia de palavras compostas com emprego do hífen

O hífen é elemento ligativo de palavras compostas

ou derivadas por prefixos, não atendendo a regras naturais da fonética, por tratar de mera convenção da lei ortográfica.

Regras: a) como ligação de palavras compostas em que seus elementos mantém a tonicidade:

decreto-lei papel-moeda ano-base matéria-prima processo-crime mão-de-obra

Conforme podemos observar, a tonicidade de cada palavra se mantém, sendo pronunciadas como se fossem individualizadas.

Bom recordamos que tonicidade não significa, ne-cessariamente, acentuação gráfica.

Nem sempre, porém, as palavras são compostas. É o caso de abaixo-assinado / abaixo assinado.

No Requerimento, quando se diz que será subscrito pelo requerente, a expressão tem sentido de referência espe-cial, não se constitui substantivo composto.

Vejamos: “LÚCIO LOPES, abaixo assinado, requer de V. Sª a

prorrogação de suas férias iniciadas em 30 de maio do cor-rente ano, pelos motivos seguintes:”

A palavra abaixo apenas indica o lugar da assinatura do Requerente, diferentemente de:

Os alunos encaminharam o abaixo-assinado ao dire-tor.

Abaixo-assinado comparece modificado pelo artigo o, formando um substantivo composto com a presença de hífen.

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Fonética e ortografia

b) como elemento obrigatório quando se emprega o adjetivo geral para especificar o substantivo:

procurador-geral secretaria-geral.

c) para unir pronomes átonos a verbos: ofertaram-lhe, levá-lo-ei, dizer-lhe.

d) nas palavras em que o primeiro elemento apresenta forma reduzida: infanto-juvenil (infantil).

e) nos adjetivos pátrios norte-vietnamita norte-americano sul-coreano sul-matogrossense

f) com prefixos, seguindo regras específi-cas, destacando-se: • auto, contra, extra, infra, intra, neo,

psoto, pseudo, semi, supra, ultra. prefixo – vogal prefixo – h prefixo – r prefixo – s auto–regulamento ultra–rápido semi–analfabeto neo–republicano pseudo–herói infra–estrutura contra–ataque ultra–sensível extra–regimental extra–assinado extra–judicial

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Fonética e ortografia

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• ante, anti, arqui, sobre, hiper, inter, super.

prefixo – h prefixo – r prefixo – s anti–social sobre–humano inter–social

• mal, pan. prefixo – vogal prefixo – h mal–educado pan–americano

• ab, ad, ob, sob, sub. prefixo + r ab–rogar ob–rogar sub–reitor

• pós, pré, pró, quando tônicos. pós–datado pré–aviso pré–nupcial pré–fixado

Observações: não é fácil, na prática, distinguir esses pronomes tônicos das formas correspondentes átonas, sem hífen: predeterminado, prejulgar, procriar, pospor, preesta-belecer, preadaptar, preestipular, preexistir, pressupor

• bem: este prefixo requer hífen quando o 2º e-lemento tiver autonomia, ou quando a pronún-cia exigir, situação a ser verificada em bom di-cionário:

bem–estar social bem–ditoso

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Fonética e ortografia

No entanto, aparece sem hífen quando o 2º elemen-to for adjetivo especificador:

bem público bem privado

Não há hífen, também, quando o 2º elemento, com função especificadora, for introduzido pela preposição de:

bem de família (bem familiar) Interessante ressaltar a expressão em servir, que tem

a mesma formação de bem-estar, mas foi composta sem hífen. Bem servir indica a nomeação de qualquer funcioná-rio ou empregado público para ocupar cargo ou emprego público, em caráter definitivo.

Bem servir é, então, condição imposta na nomeação e a dispensa, além da morte, só poderá ocorrer se houver o mal servir, apurado no devido processo administrativo.

Não há, ainda, hífen quando o prefixo bem for aglu-tinado: benquisto, benfeitor.

• o prefixo co, indicativo da idéia juntamen-te, regra geral exige hífen, mas muitas pala-vras foram consagradas, autograficamente, sem hífen:

Com hífen Sem hífen

co–acusado coabitar co–autor coadiquirente

co–avalista coexistência co–credor colateral

co–devedor coobrigação co–fiador cooperação

co–herdeiro correligionário

g) O hífen está previsto na lei ortográfica pa-ra separar uma palavra no final da linha

Promoto- ria

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Fonética e ortografia

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A prática, em especial na era da Informática, tem levado a regra a desuso, deixando de colocar o hífen. Aliás, já no tempo da datilografia, já havia sido consagrado um traço sob a última sílaba de uma linha:

Promoto ria

Também, é cada vez mais crescente a tendência

de eliminar o hífen, como ocorre em: interrelacionamento. (inter-relacionamento).

6.4. Principais regras sobre a grafia das iniciais maiúsculas e minúsculas

6.4.1. Maiúsculas

a) no começo das frases:

Os contratos típicos são elencados pelo legisla-dor.

Curatela é instituto de proteção do maior inca-paz.

A mesma regra aplica-se no parágrafo gráfico, quan-do ocorre a presença de novas frases depois do ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e reticências.

“Todos os dispositivos do direto falimentar são aplicáveis às reorganizações, salvo exceções expressas. As regras de proteção são as da lei das falências, mas o fim é, como na eqüidade, evitar a liquidação das empresas. O fim principal da reorganização é levar cada credor a uma renúncia em relação ao principal, juros ou garantias.”

(Nélson Abrão. “A continuação do negócio na falência”)

A lei é muito branda contra crimes graves? Na verdade,

sua aplicação é que, muitas vezes, se afasta da severidade.

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Fonética e ortografia

b) no começo das citações: Diz, João Baptista Herkenhoff: “Ou se terá um

Direito mais justo, pela atuação do juiz, ou não se terá nada.”

(Como aplicar o Direito)

c) nos nomes designativos de ciências, artes e disciplinas: Direito Bioética Artes Plásticas Língua Portuguesa Direito Penal

d) nos nomes próprios: Marcello Alexandre Lucas Luís Carlos

e) nos nomes designativos de órgão, instituições, socieda-des, corporações, etc.: Ordem dos Advogados do Brasil União Sociedade dos Comerciários Igreja (entidade e não o templo) Estado

f) nos nomes designativos de cargos públicos: Juiz de Direito Promotor de Justiça Procurador do Município

g) nos nomes designativos de altos postos: Presidente da República Presidente do Congresso

h) nos nomes de pontos cardeais quando designativos de regiões:

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Fonética e ortografia

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O jurista do Nordeste é ardoroso na defesa de suas teses. Não menos combativo é o operador de Di-reito da região Sul.

i) nas expressões de tratamento:

Ilustríssimo Senhor Diretor (Ilmº Sr. Diretor) Neste aspecto, bom é recordarmos que o vocativo (en-

dereçamento de ofícios, peças judiciais e correspondência em geral) deve evitar abreviaturas e deve ser redigido intei-ramente em maiúsculas, como regra do bom estilo.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA....VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, ESTADO DE SÃO PAULO.

Obs.: A expressão DOUTOR, no caso, não se refere

a título acadêmico obtido na defesa de tese de doutorado. É forma gramaticalmente admitida para profissionais liberais: operadores de Direito, médicos, dentistas, entre outros.

j) Nos títulos de obras, jornais, revistas e publicações em

geral: Folha de São Paulo Época Veja Tratado de Provas Cíveis (de Aclibes Burgarelli)

k) Nos nomes de documentos oficiais, quando individua-lizados, incluindo legislação:

LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.

l) Nos nomes de fatos históricos e acontecimentos sole-

nes:

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Fonética e ortografia

Independência do Brasil Proclamação da República Bienal do Livro

m) Nos nomes abstratos personificados: Ira Amor Justiça

6.4.2. Minúsculas

a) nos nomes dos dias da semana: segunda–feira sexta–feira domingo

b) nos nomes de meses: janeiro outubro dezembro

c) nos nomes de idiomas: português alemão espanhol

d) nos nomes de povos e designativos gentílicos: peruano alagoano

e) nos nomes das estações do ano: primavera outono

f) nas partículas ligativas: Presidente da República

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Fonética e ortografia

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Juiz de Direito

g) nos nomes dos pontos cardeais, sem sentido de região: O norte fica naquela direção. O presídio localiza-se ao sul.

h) nos nomes dos tipos de acidentes geográficos: rio Amazonas oceano Pacífico

Observações: a aplicação analógica levou discus-são sobre a oportunidade de grafar os tipos de logradouros com minúsculos.

rua Morato Coelho avenida Pacaembu No entanto tem sido cada vez mais aceita a grafia

das espécies de logradouro como se fosse elemento indisso-ciável de um conjunto:

Rua da Consolação Avenida Paulista

Importante ressaltarmos que deve haver unifor-midade nos textos judiciais. Assim, se foi utilizado um sis-tema na qualificação de uma das partes processuais, ele deve ser mantido na individualização da outra.

Também, bom recordarmos que é obrigatório o uso da inicial maiúscula quando os nomes de vias e lugares públicos, ou não, se referem a datas históricas, situações que exigem a grafia dos meses em maiúsculas, inclusive.

Avenida 13 de Maio Rua 7 de Setembro

i) depois de dois pontos, vírgula, ponto e vírgula e traves-sões, por haver continuidade do período, sendo apenas pausas que separam orações:

Não pensava em outras coisa: apenas em vin-gança

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Tudo era possível, mas ele não sabia. Nada que se alegou é verdade; os autos bem o

demonstram. O Direito – tanto quanto a Lingüística - é ci-

ência da palavra. Decadência é: perda do próprio direito pela i-

nércia do seu titular, perdendo-se, por isso, direito de ação.

Já dissemos que ocorre inicial maiúscula depois dos pontos de exclamação e de interrogação, pois será inici-ada uma nova idéia. Todavia, se o pensamento da frase antecedente não estiver inteiramente completo, as interro-gações e exclamações não se interrompem, havendo iniciais minúsculas, depois de pontuação.

Quem é o réu? apenas um inocente injusta-mente acusado?

(O réu é apenas um inocente injustamente acusado?)

6.5. Grafia de abreviaturas e siglas

A abreviação é a grafia resumida de uma palavra, empregando a sua letra inicial, ou sílabas iniciais, ou de letras inicias, médias ou finais.

A abreviatura vem sempre acompanhada de um ponto, chamado abreviativo.

Apesar de haver convenção ortográfica listando abreviaturas, não é recurso apropriado para a redação em geral, e peças judiciais em particular.

Já a sigla é o conjunto das iniciais de nomes pró-prios, em maiúsculas, não podendo haver a presença de ponto abreviativo.

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Quadro de algumas abreviaturas

(a) (aa) = assinado, assinados abr. = abril ac. = acórdão ad. lit = ao pé da letra, literalmente (ad litem) ag. = agravo ago. = agosto al. = alínea alv. = alvará ap. = apelação (entre outras significações) art., arts. = artigo, artigos at. = atestado B. el, B. ela = bacharel, bacharela (não deveria haver o feminino em a, pois bacharel poderia servir tanto para o masculino, quanto para o feminino. Todavia, a imprensa oficial adotou a formação de feminino específico. Há, ain-da, a forma B. eis = bacharéis bras. = brasileiro cat. = catálogo cap., caps. = capítulo, capítulos conf. = conforme circ. = circular c/c. = conta corrente Cod. = código Dec. = decreto dep. = departamento dez. = dezembro DD. = Digníssimo D.O. = Diário Oficial doc. docs. = documento, documentos Dr. Drª = Doutor, Doutora ed. = edição e.g. = por exemplo, de exempli gratia Exmº = Excelentíssimo

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Exª = Excelência fev. = fevereiro fl., fls. = folha, folhas. Na linguagem jurídica, é comum o emprego de fls., ainda que se cuide de uma folha (fls. 1, fls. 2). Para alguns autores, esta forma só deveria ser usada quando houver referência a mais de uma folha (fls. 24 a 45). gde. = grande g.n. = grifo nosso herdº. = herdeiro Ib., Ibid. = ibidem (no mesmo lugar) id. = idem (o mesmo) Ilmª = Ilustríssima i. é. = isto é jan. = janeiro jun. = junho jul. = julho jur. = jurisprudência jurid. = jurídico legisl. = legislativo Mag. = Magistrado maio (não abrevia) mar. = março MM. = Meritíssimo M.P. = Ministério Público nov. = novembro ob. = obra obs., obs. = observação, observações of. = ofício out. = outubro pag., pags. = uma das abreviaturas de página, páginas p.p. = por procuração Prot. = Protocolo reg. = regimento

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res. = resolução s.d. = sem data set. = setembro S. Exª = Sua Excelência S.M.J. = Salvo Melhor Juízo test. = testemunha v.g. = por exemplo (de verbi gratia) V. Sª = Vossa Senhoria

Quadro de algumas siglas AP = Amapá AC = Acre AL = Alagoas AM = Amazonas BA = Bahia BNH – Banco Nacional de Habitação CE = Ceará CC = Código Civil CLT = Consolidação das Leis de Trabalho CF = Constituição Federal CPC = Código de Processo Civil CP = Código Penal CPP = Código de Processo Penal CTN = Código Tributário Nacional CPI = Comissão Parlamentar de Inquérito ES = Espírito Santo FGTS = Fundo de Garantia de Tempo de Serviço FMI = Fundo Monetário Nacional ICM = Imposto de Circulação de Mercadoria IOF = Imposto de Operações Financeiras IPTU = Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana IPVA = Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores

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IF = Imposto de Renda GO = Goiás JCJ = Junta de Conciliação e Julgamento LICC = Lei de Introdução ao Código Civil MA = Maranhão MG = Minas Gerais MT = Mato Grosso MS = Mato Grosso do Sul PA = Pará PB = Paraíba PE = Pernambuco PI = Piauí PR = Paraná RJ = Rio de Janeiro RN = Rio Grande do Norte RO = Rondônia RS = Rio Grande do Sul RT = Revista dos Tribunais STF = Supremo Tribunal Federal STJ = Superior Tribunal da Justiça SC = Santa Catarina SE = Sergipe SP = São Paulo TO = Tocantins TFR = Tribunal Federal de Recursos TRF = Tribunal Regional Federal TRT = Tribunal Regional do Trabalho

Bom lembrarmos que os trabalhos científicos não

devem fazer uso de abreviações e siglas, antes de explicar-lhes o emprego em nota de rodapé.

Também, quanto às abreviaturas, h (hora), m (mi-nuto), entre outras, não devem ser acompanhadas de pon-tos. Sobre o assunto, recomendável anotarmos que não há s como pluralização de horas. Assim, 2h, 3h, etc.

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No entanto, regra geral há plural de siglas, represen-tado pela letra s minúscula: PMs.

Finalizando, é oportuno s que nem sempre as abre-viaturas e siglas são conhecidas pelos usuários da língua. Assim, além de emprego criterioso, devemos levar em conta se as siglas são do domínio público, ou da linguagem especi-alizada da língua técnica. Também, não há liberdade de criação de abreviaturas e siglas, pois são produto de conven-ção com força normativa.

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