exÉquias fÚnebres de frei damiÃo

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1 EXÉQUIAS FÚNEBRES DE FREI DAMIÃO na visão de um protestante Elio E. Müller O corpo de Frei Damião de Bozano foi velado na, Basílica da Penha, em São José, RECIFE PE durante três dias e, depois, foi levado para a missa de corpo presente. Os Capelães Pastor MÜLLER e Padre EUDES foram enviados pelo Cmdo do CMNE para marcarem a presença do SAREX durante o velório. FOLHETO POPULAR

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Os Capelães MÜLLER e EUDES foram enviados pelo Cmdo do CMNE para marcar a presença do SAREX durante o velório de Frei Damião de Bozano..

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Page 1: EXÉQUIAS FÚNEBRES DE FREI DAMIÃO

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EXÉQUIAS FÚNEBRES DE

FREI DAMIÃO na visão de um protestante

Elio E. Müller

O corpo de Frei Damião de Bozano foi velado na, Basílica da Penha,

em São José, RECIFE – PE durante três dias e, depois,

foi levado para a missa de corpo presente.

Os Capelães Pastor MÜLLER e Padre EUDES foram enviados pelo Cmdo

do CMNE para marcarem a presença do SAREX durante o velório.

FOLHETO POPULAR

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COMO CRISTÃOS, CREMOS NA RESSURREIÇÃO! Até hoje, a ressurreição de Jesus acontece e se faz realidade na

Comunidade.

Ela nos faz experimentar a presença libertadora de Jesus na comunidade, na vida de cada dia (Mt 18,20), e nos leva a cantar: “Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem nos separará? Se ele é por nós, quem será contra nós?”

Nada, ninguém, autoridade nenhuma é capaz de neutralizar o impulso criador da ressurreição de Jesus (Rm 8,38-39).

A experiência da ressurreição ilumina a cruz e a transforma em sinal de vida (Lc 24,25-27). Abre os olhos para entender o significado da Sagrada Escritura (Lc 24,25-27.44-48) e ajuda a entender as palavras e gestos do próprio Jesus (Jo 2,21-22; 5,39; 14,26).

Uma comunidade que quiser ser testemunho fiel da Boa Nova da Ressurreição deve ser sinal de vida, lutar pela vida contra as forças da morte. Sobretudo onde a vida do povo corre perigo por causa do sistema de morte que lhe foi imposto.

Texto extraído do livro "O AVESSO É O LADO CERTO", de Mesters e Lopes.

______________________________________________

O Ritual de Exéquias, ou ritual do velório, de Frei Damião de Bozzano foi realizado na Basílica da Penha, no Bairro São José.

As exéquias são ritos e orações com os quais a comunidade cristã acompanha seus mortos e os encomenda a Deus, enquanto que os familiares choram a morte e fazem a despedida da pessoa falecida.

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Ocorreram diversos momentos oficiados ora pelos capuchinhos, ora

por padres seculares, para conduzir o povo presente nas preces e

orações ou para anunciar a presença de algum Bispo.

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A Missa de Corpo Presente foi realizada

no Estádio do Arruda.

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As autoridades haviam sido conduzidas aos camarotes especiais do

Estádio, podendo sentar confortavelmente para assistir a Missa..

Enquanto isso a multidão foi tomando conta de todas as arquibancadas,

lotando o Estádio do Arruda.

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O ex-Presidente da República

Fernando Collor de Mello

também veio

para despedir-se

de Frei Damião.

Em certo momento ocorreu um burburinho de vozes diante de nosso

camarote onde existiam diversos lugares vagos.

Consegui ver que o ex-Presidente da República Fernando Collor de

Mello ali surgira desejando um local para sentar e assistir a Missa de Corpo

Presente que já começara a se desenrolar no centro do Estádio.

Com surpresa constatei que os seguranças colocados pelo Governo do

Estado, trajando roupas civis, barraram o ex-Presidente alegando que não

houvera reserva de lugar para ele.

Fernando Collor ergueu a cabeça de modo altivo e respondeu: - Se não

me concedem a honra de um ex-Presidente e se não mais me consideram

autoridade, se não querem me conceder espaço neste camarote das

autoridades, onde vejo lugares vazios, irei de boa vontade até as

arquibancadas e me assentarei no meio do povo.

Fernando Collor seguiu rapidamente pela passagem que dava acesso às

arquibancadas e ali se acentou, não muito distante do local onde nos

encontrávamos.

Antes do término da Missa o ex-presidente saiu apressadamente do

local. Depois eu soube que ele se adiantara a todos, seguindo até o Pina, ao

templo dos capuchinhos onde Frei Damião seria sepultado. Ele driblou assim

os seguranças que chegaram bem depois.

Convem explicar que Frei Damião apoiara Collor com forte empenho na

época da campanha eleitoral à Presidência. Certamente ele influenciou o povo

nordestino para eleger Collor para presidente da República.

Sabe-se que a adesão popular no Nordeste foi valiosa e permite

entender o motivo que levou Collor a desejar conceder este último adeus ao

seu amigo Frei Damião. Foi, sem dúvida, um gesto de gratidão.

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Na foto vemos Fernando Collor fazendo sua última despedida ao Frei

Damião, no local do sepultamento. Constata-se que o ex-Presidente mostrou

inteligência e sagacidade pois conseguiu realizar o seu intento de aproximar-se

do falecido e tocar nele, para um último adeus apesar das dificuldades que lhe

eram colocadas.

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Meu registro no LIVRO TOMBO DA SUBCHEFIA DO SAREX do CMNE:

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FREI DAMIÃO REPRESENTOU UMA ÉPOCA.

No meu entender Frei Damião representou uma longa época no

Nordeste, no seu empenho, no seu zelo, em favor do rebanho católico e no

combate aos protestantes.

A seu modo ele trabalhou com extrema dedicação, até a sua morte, já

nonogenário.

Frei Damião recebeu muita consideração, respeito e credulidade. Foi

reconhecido pelas Forças Armadas e recebeu o diploma de Colaborador

Emérito do Exército. Também lhe concederam a Medalha do Pacificador em

reconhecimento pelo trabalho desenvolvido junto ao povo nordestino e, por

extensão, em favor dói povo brasileiro.

Por mais de meio século Frei Damião ocupara-se em disseminar “as santas missões” pelo interior do Nordeste.

Na WIKIPEDIA nos é concedida uma boa explicação adicional, como segue: “As santas missões” eram um tipo de cruzadas missionárias, de alguns dias de duração, pelas cidades nordestinas. Nessas ocasiões, era armado um palanque ao ar livre com vários alto-falantes onde o frade transmitia os seus sermões.

Quando perguntado sobre os objetivos de suas “santas missões” aos

sertanejos, o frei respondia que um dos objetivos era “livrá-los do Demônio, que queria afastá-los da Igreja e fazê-los abraçar outro credo”. Ele combatia os protestantes, ostensivamente...

Nunca abandonou suas caminhadas e romarias pelas localidades, no

qual acompanhava com ele sempre, um terço e um crucifixo, as quais fazia com seu amigo Frei Fernando.

Só parou poucos meses antes de falecer, devido ao agravamento de seu

problema na coluna vertebral, fruto da má postura de toda a vida. Frei Damião de Bozzano faleceu no Hospital Português no Recife, e seu

corpo está enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix, no bairro do Pina, no Recife.

Sua vida é retratada no livro do escritor Luís Cristóvão dos Santos, Frei

Damião - O Missionário dos Sertões. Na ocasião de sua morte, em 31 de maio de 1997, o governo de

Pernambuco e a prefeitura de Recife decretaram luto oficial de três dias.

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Registro do LIVRO TOMBO DA SUBCHEFIA DO SAREX no CMNE: Deixei registrado de que eu represento outra época, no anúncio de um novo tempo

onde o espírito fraterno governa e ajudará a aproximar os diferentes credos. Falo a

esse respeito no trecho que segue:

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Panambi,13 de junho de 1997 - Sexta·feira A NOTÍCIA ILUSTRADA - Pag 13

Pastor panambiense na despedida a Frei Damião.

O frei Damião de Bozzano morreu aos 98 anos de idade no dia 31 de maio

deste ano. O missionário Capuchinho se tornou uma legenda no Nordeste brasileiro.

Nos seus últimos dias de vida centenas de pessoas acompanharam o seu

sofrimento em vigília, rezando pela sua recuperação junto ao Real Hospital Português,

em Recife, estado de Pernambuco.

Pelo Brasil afora, fiéis acompanharam as últimas notícias através dos meios de

comunicação, também rezando muito. Seu corpo foi velado na, Basílica da Penha, em

São José, durante três dias, depois foi levado para a missa de corpo presente e

transladado.para o convento São Félix, no Pina, local da cerimônia de sepultamento.

O capelão pastor (IECLB) panambiense Elio Eugenio Müller, tenente coronel

do Exército,sub.-chefe do SAREX, participou da despedida ao Frei Damião de

Bozzano integrando a representação do Comando Militar do Nordeste.

O capelão Múller também desempenha as funções de pastor da Comunidade

da IECLB no Recife.

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RECORTE DO JORNAL:

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Por uma Capelania voltada aos pobres...

A ênfase do Comando Militar do Nordeste - CMNE, neste nosso período

foi a de uma Capelania Militar que recebeu um olhar direcionado, para ver os

pobres e marginalizados, das favelas e áreas empobrecidas do Recife,

semelhante ao que Frei Capuchinho DAMIÃO DE BOZZANO também

defendera, certamente com base em Mateus 25, 31 – 40, onde Cristo que

ressuscitou e vive, nos alerta: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um

destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.

Por orientação do General PEDRO FERNANDO MALTA, na época

Coronel responsável pela 6ª Seção, foi criada a chamada “CESTA DA

SOLIDARIEDADE”, visando angariar doações mensais. dos efetivos militares

integrados ao projeto.

Os alimentos eram entregues em áreas previamente demarcadas pelos

capelães militares e anunciadas em reuniões, para melhor motivar doadores.

A princípio foram escolhidas creches, depois o leprosário e casas de

acolhida e assistência, em particular a doentes de câncer.

Os dois Capelães MÜLLER e EUDES entraram assim, mensalmente

numa favela, nunca a mesma, para levar um sinal de atenção do Soldado

Brasileiro.

Os capelães sempre iam fardados, em viatura militar, assistidos por uma

equipe de soldados designados para efetuarem o serviço de entrega dos

donativos angariados.

Esta foi, sem dúvida, uma experiência envolvente, que trouxe muitos

ensinamentos e que revelou um quadro triste, do sofrimento e das dificuldades

pelas quais passavam milhares de pobres, às vezes, vivendo bem próximos de

nossas áreas residenciais.

Elio Eugenio Müller

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Sobre o autor:

(Estas informações foram atualizadas).

ELIO EUGENIO MÜLLER

Dados biográficos

Nasceu em Panambl - RS no dia 12/11/1944,

filho de Arthur Theodoro Müller e Hilda Müller

irmão de Armindo, Arry, Dulce e Waldemar..

Casado com Doris (Voges) Bobsin Müller.

Tiveram os filhos Carlos Augusto e Cristiane.

Possui morada no histórico "Sítio da Figueira,

em Itati - RS.

Dados profissionais:

Pastor Luterano da lECLB,

Coronel Capelão R/1 do

Exército Brasileiro,

e escritor.

Atividade literária:

Membro da Academia Virtual Brasileira

de Letras – AVBL.

Ocupa a cadeira 211 da Academia de Letras dos

Municípios do Rio Grande do Sul – ALMURS.

Sócio dos Instituto Histórico e Geográfico

do Paraná – IHGP.

Sócio do Instituto Genealógico

do Rio Grande do Sul – INGERS.

Membro do Centro de Letras do Paraná,

em Curitiba – PR.