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DAIANE CAROLINE DE MOURA Farelo de crambe submetido a tratamentos físicos ou químicos para alimentação de ovinos Cuiabá-MT 2014

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DAIANE CAROLINE DE MOURA

Farelo de crambe submetido a tratamentos físicos ou químicos para

alimentação de ovinos

Cuiabá-MT

2014

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DAIANE CAROLINE DE MOURA

Farelo de crambe submetido a tratamentos físicos ou químicos para

alimentação de ovinos

Cuiabá-MT

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Universidade

Federal de Mato Grosso para a obtenção do

título de Mestre em Ciência Animal

Área de Concentração: Nutrição de Ruminantes

Orientador: Prof. Dr. André Soares de Oliveira

Co-Orientadores: Prof. Dr. Adilson Paulo

Sinhorin e Prof. Dr. Joanis Tilemahos

Zervoudakis.

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CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Aluna: Daiane Caroline de Moura

Título: Farelo de crambe submetido a tratamentos físicos ou químicos para alimentação de

ovinos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato

Grosso, para obtenção do título de Mestre em Ciência

Animal.

Aprovada em 26/02/2014.

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. Fernando de Paula Leonel

(UFSJD)(Membro)

Prof. Dr. Adilson de Paulo Sinhorin

(Co-orientador)

Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis

(Co-orientador)

Prof. Dr. André Soares de Oliveira

(UFMT/SINOP/ICAA) (Orientador)

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Aos meus amigos e família. Em especial: A minha mãe Maria

Inês de Moura e ao meu noivo Flavio Junior Gonçalves Vieira

que sempre me apoiaram e incentivaram em todos os

momentos.

Dedico!

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AGRADECIMENTOS

A Deus:

“Meu refugio, minha fortaleza,

Meu Deus eu confio em ti”

A minha família:

Á minha amada mãe. EU TE AMO

Ao Meu noivo Flavio Junior Gonçalves Vieira

Agradeço a todos, que sempre se preocupam com meus estudos, com meu futuro,

sempre me incentivam, oram por mim que de alguma forma direta ou indiretamente, me

ajudam ao longo desses anos.

Deus abençoe e recompense a todos com suas graças.

Ao meu orientador, por não me conhecer e mesmo assim me escolher para ser sua

orientada, Professor D.Sc. André Soares de Oliveira. Obrigada pela compreensão, paciência,

pela confiança e amizade, pelos valiosos ensinamentos e pela excelente orientação.

Agradeço a Capes pela concessão de bolsa e a Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de Mato Grosso (FAPEMAT), projeto número 483724/2011 PRONEM 006/2011)pelo

recurso para execução dos experimentos.

Agradeço a empresa Caramuru Alimentos S.A (Itumbiara, GO, Brasil). pelo

fornecimento do farelo de crambe.

A Universidade Federal de Mato Grosso Campus Sinop e Cuiabá pela minha

formação, pela oportunidade e contribuição científica neste trabalho. Obrigada a todos os

funcionários de uma forma geral

Aos membros da banca de defesa de dissertação Prof. D.Sc. Fernando de Paula

Leonel, Prof. D. Sc. Adilson de Paulo Sinhorin, Prof. D.Sc. Joanis Tilemahos Zervoudakis.

Aos colegas da Pós-Graduação em especial Mariane Moreno Ferro, Celma Maria e

Emanuele Brusamarelo

Aos amigos que ajudaram para execução dos experimentos Suziane Rodrigues Soares,

Fernanda Gabrielly Ribeiro, Leonardo Botini, Diego, Lucas M.G. Olini, Márcia Cristina de

Souza, Karine Claúdia Alessi, Tatiane da Silva Fonseca, João Rafael de Assis, Fernanda

Norberto, Silvia, Douglas, Daniely da Silva Sousa, Poliana Oliveira Cordeiro, Luana

Molossi, Henrique Melo, Viviane, Pamela Franco, Vitor T. Padilha e Vanessa.

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Quem tem um amigo tem um grande tesouro

BIOGRAFIA

Daiane Caroline de Moura, filha de Dirceu Figueiredo e Maria Inês de Moura, nasceu em

Vilhena, Rondônia, no dia 20 de Janeiro de 1988.

Em Agosto de 2006 ingressou no Curso de Graduação em Zootecnia pela Universidade

do Estado de Mato Grosso, no Campus Universitário de Pontes e Lacerda tendo concluído o

curso em Fevereiro de 2012.

Em março de 2012, iniciou o curso de Mestrado em Ciência Animal pela Universidade

Federal de Mato Grosso, desenvolvendo estudos na área de Nutrição e Produção de

Ruminantes, submetendo-se à defesa de tese em 26 de fevereiro de 2014.

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RESUMO

MOURA, Daiane Caroline. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Cuiabá, fevereiro

de 2014. Farelo de crambe submetido a tratamentos físicos ou químicos para

alimentação de ovinos. Orientador: André Soares de Oliveira.

O processo de extração de óleo de crambe gera produtos com elevado teor protéico e com

grande potencial de uso na alimentação de ruminantes em substituições à fontes tradicionais,

como farelo de soja e de algodão. Porém, a presença potencial de glicosinolatos (fator

antinutricional) em níveis elevados representa a principal limitação para seu uso na

alimentação animal. Assim, desenvolveu-se dois experimentos visando avaliar o efeito de

diferentes métodos químicos (adição de CaO nas doses de 2; 4 e 6%) e físicos (lavagem com

água) sobre os teores de glicosinolatos no farelo de crambe (experimento 1); e os efeitos da

substituição do farelo de soja pelo farelo de crambe (in natura) não decorticado, ou

submetidos aos processamentos químicos ou físicos, sobre a eficiência de utilização dos

componentes dietéticos em ovinos (experimento 2). No experimento 1, 25 amostras de 300

gramas de farelo de crambe foram distribuídas em delineamento inteiramente casualisado, em

cinco tratamentos: controle; CaO nas doses de 2; 4 e 6%; e lavagem do com água e filtragem.

O tratamento do farelo de crambe com CaO ou por meio de lavagem com água reduziu

(P = 0,045) os teores de glicosinolatos em média 42,5%. Não houve diferença (P = 0,236)

entre tratamentos alcalinos e físico (lavagem). A dose de CaO (2; 4 ou 6%) não afetou

(P = 0,471) a concentração do composto. A adição de 2% de CaO no farelo de crambe ou

procedimento de lavagem promovem redução apenas parcial dos glicosinolatos. No

experimento 2, oito ovinos machos inteiros com 25 ± 2,6 kg de peso corporal foram

distribuídos em dois quadrados latino 4x4, com quatro período de 15 dias cada

(10 dias de adaptação e cinco de coleta), e receberam quatro dietas isonitrogenadas

(16% de PB, base da matéria seca; 60% forragem e 40% de concentrado): controle

(farelo de soja como fonte de proteína); farelo de crambe como fonte de proteína

(22% na dieta, base da matéria seca) nas formas in natura (39,7% de PB e 56 mg de

glicosinolatos/kg de MS), submetido ao tratamento com 4% de CaO ou submetido à lavagem

com água, conforme descrito no experimento 1. A substituição do farelo de soja pelo farelo de

crambe não afetou (P>0,05) o consumo e digestibilidade dos componentes da dieta, e o

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balanço de nitrogênio (N). O tratamento do farelo de crambe por meio de adição de 4% CaO

ou por lavagem com água, apesar de reduzirem parcialmente os teores de glicosinolatos, não

afetaram o consumo e digestibilidade dos componentes da dieta, e o balanço de N. Além

disso, não houve efeito do método de processamento (4% CaO versus lavagem) sobre as

variáveis acimas citadas. Desta forma, o farelo de crambe com níveis de glicosinolatos abaixo

de 450 mg/kg pode ser utilizado como fonte exclusiva de proteína na dieta de ruminantes, em

substituição ao farelo de soja, sem a necessidade de procedimentos físicos ou químicos para

redução do composto antinutricional.

Palavras-Chave: Crambe abyssinica H, consumo, glicosinolatos

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ABSTRAT

Moura, Daiane Caroline. Federal University of Mato Grosso / Campus Cuiabá, February

2014. Crambe Bran subjected to physical or chemical treatments for sheep feeding.

Supervisor: André Soares de Oliveira.

The process of extraction of crambe oil generates products with high protein content and high

potential use in ruminant feed in replacements for traditional sources such as soybeans and

cotton. However, the potential presence of glucosinolates (anti-nutritional factor) at high

levels is the main limitation to their use in animal feed. Thus, it has developed two

experiments to evaluate the effect of different chemical methods (adding CaO at doses of 2, 4

and 6%) and physical (water wash) on the levels of glucosinolates in crambe meal

(Experiment 1); and the effects of replacing soybean meal by meal crambe (in natura) not

decorticated, or subjected to chemical or physical, on the efficiency of utilization of dietary

components in sheep (experiment 2) processing. In experiment 1, 25 samples of 300 grams

of bran crambe were distributed in a completely randomized design, with five treatments:

control; CaO in doses of 2; 4 e 6%; and washing with water and filtering. The treatment of

soybean meal with CaO or crambe by washing with reduced water (P = 0.045) in the levels of

glucosinolates average 42.5%. There was no difference (P = 0.236) between alkaline and

physical (wash) treatments. The dose of CaO (2, 4 or 6%) did not affect (P = 0.471) the

concentration of the compound. The addition of 2% CaO in crambe meal or washing

procedure promote only partial reduction of glucosinolates. In experiment 2, eight point 25 ±

2.6 kg body weight wethers were divided into two 4x4 Latin square design with four 15-day

period each (10 days of adaptation and five collection), and received four isonitrogenous diets

(16% crude protein, dry matter basis, 60% forage and 40% concentrate): control (soybean

meal as a protein source); crambe meal as a protein source (22% in the diet, dry matter basis)

in the forms in nature (39.7% CP and 56 mg of glucosinolates / kg DM) undergoing treatment

with 4% CaO or subjected to washing with water, as described in experiment 1. The

replacement of soybean meal by meal crambe did not Affect (p> 0.05) the intake and

digestibility of diet components, and the balance of nitrogen (N). The treatment of the white

crambe by addition of CaO 4% or by washing with water, though partially reduce the levels of

glucosinolates, did not Affect the intake and digestibility of diet components, and the balance

of N. Furthermore, the effect of processing method (4% CaO versus wash) on acimas

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variables mentioned. Thus, white with crambe glucosinolates levels of below 450 mg / kg can

be used the the sole source of protein in the diet of ruminants, Replacing soybean meal

without the need of physical or chemical procedures for Reducing the anti-nutritional

compound.

Key words: Crambe abyssinica H, consumption, glucosinolates

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................. 1

CAPÍTULO 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 3

1.1 Cultura do crambe ................................................................................................... 3

1.2 Glicosinolatos ......................................................................................................... 5

1.3 Efeitos antinutricionais e métodos de redução ....................................................... 6

1.4 Farelo de crambe na alimentação animal ................................................................ 9

1.5 Referências bibliográficas ....................................................................................... 9

CAPÍTULO 2 ................................................................................................................... 1

Introdução ......................................................................................................................... 2

Experimento 1 ............................................................................................................... 4

Experimento 2 ............................................................................................................... 6

Resultados e Discussão ..................................................................................................... 8

Experimento 1 ............................................................................................................... 8

Experimento 2 ............................................................................................................. 10

Conclusões ...................................................................................................................... 11

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INTRODUÇÃO GERAL

No Brasil, o biodiesel é atualmente obtido majoritariamente a partir do óleo de soja,

em razão da maior disponibilidade, preços atrativos, elevado valor nutricional dos co-produtos

e melhor organização da cadeira produtiva. Todavia, o desenvolvimento de fontes alternativas

de óleo vegetal de baixo custo, de elevado rendimento é essencial para a sustentabilidade do

biocombustível (Oliveira et al., 2012).

O crambe (Crambe abyssinica H.) representa uma fonte alternativa e promissora de

óleo vegetal para produção de biodiesel. É uma oleaginosa da família Brassicaceae nativa da

região do Mediterrâneo. As plantas herbáceas anuais, com altura entre 70 e 90 cm, com ciclo

anual curto (90 dias) (Fontana et al.,1998; Souza et al., 2009). Nas regiões centro-oeste e

sudeste o crambe pode ser cultivado como cultura de “safrinha”, no período de fevereiro a

abril, após as culturas de verão (Fundação MS, 2009).

O processo de extração de óleo de crambe gera produtos (farelos ou tortas) com

elevado teor proteico e com grande potencial de uso na alimentação de ruminantes em

substituições às fontes tradicionais, como farelo de soja e de algodão. Porém, a presença

potencial de glicosinolatos (fator antinutricional) em níveis elevados representa principal

limitação para uso na alimentação animal (Tripathi e Mishra, 2007).

Os glicosinolatos são compostos naturais derivados de aminoácidos, que são

produzidos pelo metabolismo secundário de plantas da ordem das Capparales, que entre

outras famílias, compreende a Brassicaceae (Tolra et al., 2000). Até o momento 120

glicosinolatos diferentes foram identificados, todos partilham de uma estrutura comum que

compreende um grupo β-d-thioglucose, um grupo sulfonado e uma cadeia lateral derivada de

metionina, triptofano ou fenilalanina (Tripathi e Mishra, 2007).

Após a ingestão, os glicosinolatos intactos e seus produtos da degradação são

absorvidos a partir do lúmen intestinal e convertidos em outros produtos

(Rowan et al., 1991). Existem tipos diferentes de glicosinolatos com distintos derivados,

sendo eles os isotiocianatos, tiocianatos e nitrilas, considerados fatores antinutricionais,

potencialmente causadores de danos hepáticos e em outros órgãos e, também, redução da

palatabilidade, diminuição do crescimento, diminuição da produção e perda de peso. Essas

substâncias também afetam a disponibilidade de iodo, causam mudanças fisiológicas e

morfológicas da tireóide (Tripathi e Mishra, 2007).

Vários métodos de tratamento físicos e químicos foram testados (alcalino, lavagem

com água, extrusão, solução de metais e termico (tostagem) para remover ou reduzir o teor de

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glicosinolatos e para minimizar glicosinalatos-associado efeitos deletérios sobre a saúde e

produção animal (Carlson e Tookey 1983; Tripathi e Mishra, 2007). Porém a eficácia destes

tratamentos na redução dos efeitos inibitórios dos glicosinolatos sobre a eficiência de

utilização dos nutrientes em dietas de ruminantes não estão bem definidos.

Destarte, desenvolveu-se dois experimentos visando avaliar o efeito de diferentes

métodos químicos (adição de CaO nas doses de 2, 4 e 6%) e físicos (lavagem com água) sobre

os teores de glicosinolatos no farelo de crambe (experimento 1); e os efeitos da substituição

do farelo de soja pelo farelo de crambe (in natura) ou submetidos aos processamentos

químicos ou físicos sobre a eficiência de utilização dos componentes dietéticos em ovinos

(experimento 2).

O texto está divido em duas parte: uma revisão sobre a cultura do crambe,

glicosinolatos e sobre o uso do farelo de crambe na alimentação de ruminantes; e um artigo

científico escrito conforme normas do Journal of Animal.

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CAPÍTULO 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Cultura do crambe

O crambe (Crambe abyssinica H.) é uma oleaginosa da família Brassicaceae nativa da

região do Mediterrâneo. É conhecida como couve etíope, mostarda ou Abyssinian. As plantas

são eretas com folhas grandes (White e Higgins, 1966). Tem uma haste erecta, com altura

entre 70 e 90 cm, e moderadamente ramificada. As flores são brancas, numerosas pequenas e

estão agrupadas em cachos e os frutos são esféricos, pequenos e redondos revestidos por casca

cinza (Fontana et al.,1998; Souza et al., 2009).

A cultura do crambe foi utilizada pela primeira vez em 1933, na Estação Botânica

Boronez, na antiga União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS)

(Mastebroek et al., 1994). As pesquisas com o crambe e a sua produção comercial se

intensificaram a partir dos anos 80, após sua introdução nos Estados Unidos da América, no

Reino Unido e em alguns países da Europa, como a Itália, França e Portugal. Contudo, as

áreas plantadas nesses países não aumentaram expressivamente, devido a competição por área

com as principais culturas de safra, como o milho, a soja e o trigo, sendo que nessas regiões

não foi possível cultivar o crambe em safrinhas (período de entressafra compreendido entre

culturas principais e iniciada após a cultura de verão). Dessa maneira, o crambe vem

crescendo muito em outros países, como a Austrália, a África do Sul, o Paraguai e o Brasil

(Pitol et al., 2010).

A introdução da crambe no Brasil ocorreu na década de 90 por meio de matérias vindo

do México, os quais foram selecionados por pesquisadores da Fundação Mato Grosso do Sul,

em 1995, originando o primeiro cultivar de crambe (FMS Brilhante) no país (Pitol et al.,

2010; Pilau et al., 2011). De acordo com Pitol et al. (2010) a produtividade de semente de

crambe no Brasil é de 1.000 a 1.500 kg/ha, com potencial de produção de 450 kg de óleo/ha.

Estudos realizados na estação de pesquisa da Fundação do Mato Grosso do Sul (2007),

em Maracajú – MS, destacaram como vantagens tolerância à seca, à geada e depois de

estabelecida, elevado teor de óleo (34% a 38%), precocidade (florescimento aos 35 dias e a

colheita aos 85/90 dias) (Jaspar et al., 2010). Porém, de acordo com Oplinger et al. (2009) a

cultura do crambe não suporta solos ácidos adaptando-se melhor a solos bem drenados, com

pH entre 6 e 7. Para Brito (2009) o ponto importante do crambe é a baixa ocorrência de

pragas, o que diminui os custos de sua produção. No Brasil central, nas regiões Centro-oeste e

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Sudeste, o crambe pode ser cultivado como cultura de “safrinha”, no período de fevereiro a

abril, após as culturas de verão (Fundação MS, 2009).

Segundo Carlsson (1983) o óleo produzido não é comestível, porém possui grande

utilidade para matéria prima industrial (lubrificante, inibidor da corrosão, matéria-prima para

a produção de borracha sintética e plástico), pois apresenta cerca de 60% de ácido erúcico

(Tabela 1). O ácido erúcico é um ácido graxo monoinsaturado de cadeia longa que pode

provocar lesões cardíacas quando ingeridos (Air, 1997). Assim, este óleo não concorre com

óleos destinados ao setor alimentício.

Tabela 1 Perfil dos ácidos graxos (%) do óleo da crambe em diversos autores

Ácido Símbolo Leonard (1993) Gomes Junior (2010) Brás (2011)

Palmítico C16:0 - 2,0 1,3

Estuário C18:0 0,9 0,7 0,6

Oléico C18:1 15,00 1,8 13,0

Linoléico C18:2 8,7 9,4 6,5

Linolênico C18:3 8,7 6,5 4,1

Araquidico C20:0 - 0,8 1,0

Gadoléico C20:1 - 2,0 -

Behenico C22:0 - - 2,4

Erucico C22:1 56,4 55,9 64,5

O processo de extração de óleo de crambe gera produtos (farelos ou tortas) com

elevado teor proteico (Tabela 2) e com potencial de uso na alimentação de ruminantes em

substituições à fontes tradicionais, como farelo de soja e de algodão. Porém, a presença

potencial glicosinolatos (fator antinutricional) em níveis elevados representa principal

limitação para uso na alimentação animal (Tripathi e Mishra, 2007).

Tabela 2 - Composição química do farelo de crambe

Itens Mizubuti et al. (2011) Carrera (2012)

Matéria Seca¹ 89,76 84,61

Proteína Bruta² 37,07 43,11

Extrato Etéreo² 3,40 0,56

Matéria Orgânica² 93,19 91,56

1= percentagem na matéria natural.

2=percentagem da matéria seca.

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1.2 Glicosinolatos

Os glicosinolatos são compostos naturais derivados de aminoácidos, produzidos pelo

metabolismo secundário de plantas da ordem das Capparales, que entre outras famílias,

compreende a Brassicaceae (Tolra et al., 2000). Até o momento 120 glucosinolatos diferentes

foram identificados (Chen e Andreasson, 2001), e todos partilham de uma estrutura comum

que compreende um grupo β-d-thioglucose (Figura 2), um radical sulfonado e uma cadeia

lateral derivada de metionina, triptofano ou fenilalanina (aminoácidos)

(Tripathi e Mishra, 2007)

Figura 2. Estrutura geral de glucosinolatos.

Fonte: Tripathi e Mishra (2007)

Os glicosinolatos exercem diversas funções na planta, como defesa contra patógenos,

metabolismo do enxofre e nitrogênio e regulação do crescimento. Também assumem um

papel importante na defesa da planta contra os efeitos do estresse gerado por condições

climáticas extremas de temperatura e pressão (Blazevic e Mastelic, 2008).

As primeiras observações das propriedades dos glicosinolatos foram descritas no

inicio do século XVII como resultado de esforços empreendidos para compreender a origem

química do sabor picante das sementes de mostarda (Fahey et al., 2001).

Os glicosinolatos, conhecidos como sinigrina (glicosinolato de 2- propenila ou de

alila) e sinalbina (glicosinolato de 4-hidroxibenzila) (Figura 3) foram isolados pela primeira

vez no século XIX, a partir das sementes de mostardas preta (Brassica nigra) e branca

(Sinapis alba). Gadamer, em 1897, propôs pela primeira vez a estrutura geral para estas

substâncias, onde a cadeia lateral encontrava-se ligada ao átomo nitrogênio ao invés do

carbono no grupo isotiocianato (NCS). Apesar de algumas dificuldades, a estrutura básica foi

corrigida em 1956, quando Ettlinger e Lundeen apontaram as inadequações da estrutura de

Gadamer para explicar algumas propriedades destas substâncias. Os autores propuseram a

estrutura atual e descreveram a síntese química dos glicosinolatos. O problema estrutural

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restante da isomeria geométrica da ligação C=N foi estabelecida como Z (ou anti-) por analise

cristalográfica por raio-X da sinigrina (Fahey et al., 2001).

Figura 3 - Glicosinolato de 2-propenila ou de alila (sinigrina) e glicosinolato de 4-

hidroxibenzila (sinalbina).

1.3 Efeitos antinutricionais e métodos de redução

Todas as plantas produtoras de glicosinolatos apresentam pelo menos uma enzima β-

tioglucosídeo-glucohidrolase, conhecida como mirosinase (Halkier e Gershenzan, 2006).

Quando os tecidos das células vegetais são rompidas, os glicosinolatos, até então mantidos

separados da mirosinase, entram em contato com a enzima e são rapidamente hidrolisados

através da clivagem da glicose na sua ligação com o átomo de enxofre, liberando os

isotiocianatos, tiocianatos e nitrilas (Figura 4), potencialmente causadores de danos hepáticos

e em outros órgãos e, também, redução da palatabilidade, diminuição do crescimento,

diminuição da produção e perda de peso.

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Figura 4- Esquema da hidrolise de glicosinolatos. Os colchetes indicam os intermediários

instáveis. ESP: proteína epitioespecificadora; R: cadeia lateral (Adaptação de

Clarke, 2010)

Essas substâncias também afetam a disponibilidade de iodo, causam mudanças

fisiológicas e morfológicas da tireóide (Tripathi e Mishra, 2007).

O crambe pode conter quantidades significativas de glicosinolatos

(47,4 μmol/g), que pode atuar como fator antinutricional (Walling et al., 2002). Em dietas

para ruminantes os glicosinolatos podem ser degradados pelos microrganismos ruminais,

tendo, portanto, menor efeito nos ruminantes em relação aos animais não ruminantes. Porém,

a ingestão de glicosinolatos por muito tempo pode elevar os níveis plasmáticos de tiocianatos

e a redução da tirosina plasmática, ocasionando redução no consumo e comprometendo o

desempenho dos animais (Tripathi et al., 2001). Estatística descritiva dos teores de

glicosinolatos em diferentes categorias de farelos de brássicas está apresentada na Tabela 3.

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Tabela 3 – Estatística descritiva dos teores de glicosinolatos em diferentes categorias de

farelos de brássicas

Fonte: Adaptado de Tripathi e Mishra (2007).

Vários métodos de tratamento foram testados entre eles tratamento térmico, tratamento

químico, e tratamento com água para remover ou reduzir o teor de glicosinolatos, e para

minimizar glicosinalatos-associado efeitos deletérios sobre a saúde e produção animal

(Carlson e Tookey 1983; Tripathi e Mishra, 2007). Alguns dos métodos estão descritos no

Quadro 1.

Quadro 1. Métodos para tratamento para minimizar o glicosinolatos

Métodos Tratamentos

Extrusão

Úmida (150◦C, 200 RPM, com 2% amônia) – redução de 76%.

Farelo de brássica com 83 mmol de GLC/kg de MS). Redução de

75%.

Solução de metais (Cu)

1 kg de farelo de brássica (135,8 mmol de GLC /kg de MS) +

6,25 g de CuSO4·5H2O em 0,5 L de água quente. Redução de

87%.

Térmico (tostagem)

Tostagem a 110C por 2 horas. Farelo de brássica (60,8 mmol de

GLC/kg de MS). Redução de 1,3%.

Água e filtragem Farelo de brássica (118 mmol de GLC/kg de MS). Adição de

água (1:10) por 10 minutos Filtragem á vácuo (25 psi). Redução

de 100%.

Alcalino Farelo de brássica (112,6 mmol de GLC/kg de MS) Dose de

Ca(OH)2: 30 g/kg de farelo. Redução de 73,5%.

Fonte: Adaptado Tripathi e Mishra, 2007.

Categoria de farelo

(teor de glicosinolatos)

Teor de glicosinolatos (mmol/kg de MS)

Média Mínimo Máximo N

Alto 138,8 78,3 210,0 15

Médio 43,6 29,7 56,0 9

Baixo 17,3 7,1 33,0 14

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9

1.4 Farelo de crambe na alimentação animal

Pesquisadores norte-americanos observaram que a substituição integral do farelo de

soja pelo farelo de crambe in natura (10% de inclusão na dieta), com teor de glicosinolatos de

(56 mmol/kg de MS ou 22 g de equivalente sirigin/kg de MS – peso molecular do sirigin de

397) não afetaram o crescimento e características de carcaça de bovinos, bem como o

desempenho reprodutivo e função da tireóide em vacas de corte gestantes e não lactantes

(Anderson et al., 1993; Anderson et al., 2000).

No Brasil, recentemente, Mizubuti et al. (2011) observaram que a torta de crambe

apresenta degradabilidade ruminal e digestibilidade intestinal da proteína semelhantes ao do

farelo de soja. Também no Brasil, Conava (2012) verificou que a substituição do farelo de

soja pela torta de crambe (21% de inclusão na dieta, base da matéria seca; teores de

glicosinolatos não informados) reduziu o consumo e digestibilidade da dieta em ovinos, em

razão do aumento excessivo do teor de lipideos na dieta de 7,5% de extrato etéreo (acima do

limite padrão de 6%, base da matéria seca), comprometendo a digestão da fibra. Assim, falhas

no balanceamento da dieta (excesso de lipideos) provavelmente causaram a redução no

consumo do material e não os teores de glicosinolatos, embora o autor não tenha mensurado o

composto antinutricional no farelo de crambe.

Diante do exposto, verifica-se ainda há necessidade de maiores investigações dos

efeitos do farelo de crambe, bem como seu processamento para redução dos glicosinolatos

sobre o desempenho e eficiência de utilização dos nutrientes, de maneira a estabelecer

protocolos de uso na alimentação animal.

1.5 Referências bibliográficas

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1

CAPÍTULO 2 1

Farelo de crambe submetido à processamento químico ou físico na alimentação de 2

ovinos 3

RESUMO – Desenvolveu-se dois experimentos visando avaliar o efeito de diferentes 4

métodos químicos (adição de CaO nas doses de 2, 4 e 6%) e físicos (lavagem com água) sobre 5

os teores de glicosinolatos no farelo de crambe (experimento 1); e os efeitos da substituição 6

do farelo de soja pelo farelo de crambe in natura não decorticado, ou submetidos aos 7

processamentos químicos ou físicos sobre a eficiência de utilização dos componentes 8

dietéticos em ovinos (experimento 2). No experimento 1, vinte e cinco amostras de 300 9

gramas de farelo de crambe foram distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, em 10

cinco tratamentos: controle; CaO nas doses de 2; 4 e 6%; e lavagem do com água e filtragem. 11

O tratamento do farelo de crambe com CaO ou por meio de lavagem com água reduziu (P = 12

0,045) os teores de glicosinolatos em média 42,5%. Não houve diferença (P = 0,236) entre 13

tratamentos alcalino e físico (lavagem). A dose de CaO (2, 4 ou 6%) não afetou (P = 0,471) a 14

concentração do composto. A adição de 2% de CaO no farelo de crambe ou procedimento de 15

lavagem promovem redução apenas parcial dos glicosinolatos. No experimento 2, oito ovinos 16

machos inteiros com 25 ± 2,6 kg de peso corporal foram distribuídos em dois quadrados 17

latino 4x4, com quatro período de 15 dias cada (10 dias de adaptação e cinco de coleta), e 18

receberam quatro dietas isonitrogenadas (16% de PB, base da matéria seca; 60% forragem e 19

40% de concentrado): controle (farelo de soja como fonte de proteína); farelo de crambe de 20

como fonte de proteína (22% na dieta, base da matéria seca) nas formas in natura (39,7% de 21

PB e 56 mg de glicosinolatos/kg de MS), submetido ao tratamento com 4% de CaO ou 22

submetido à lavagem com água conforme descrito no experimento 1. A substituição do farelo 23

de soja pelo farelo de crambe não afetou (P>0,05) o consumo e digestibilidade dos 24

componentes da dieta, e o balanço de nitrogênio (N). O tratamento do farelo de crambe por 25

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2

meio de adição de 4% CaO ou por lavagem com água, apesar de reduzirem parcialmente os 26

teores de glicosinolatos, não afetaram o consumo e digestibilidade dos componentes da dieta, 27

e o balanço de N. Além disso, não houve efeito do método de processamento (4% CaO versus 28

lavagem) sobre as variáveis acimas citadas. Desta forma, o farelo de crambe com níveis de 29

glicosinolatos abaixo 450 mg/kg pode ser utilizado como fonte exclusiva da proteína na dieta 30

de ruminantes, em substituição ao farelo de soja, sem a necessidade de procedimentos físicos 31

ou químicos para redução do composto antinutricional. 32

Palavras-chave: Crambe abyssinica H, consumo, glicosinolatos 33

34

Introdução 35

O crambe (Crambe abyssinica H.) representa uma fonte alternativa e promissora de 36

óleo vegetal para fins industriais (Fontana et al., 1998). Além disso, o processo de extração de 37

óleo de crambe gera produtos (farelos ou tortas) com elevado teor proteico e com grande 38

potencial de uso na alimentação de ruminantes em substituição á fontes tradicionais, como 39

farelo de soja e de algodão. Porém, a presença potencial de glicosinolatos em níveis elevados 40

representa a principal limitação para seu uso na alimentação animal (Tripathi e Mishra, 2007). 41

Os glicosinolatos são compostos naturais derivados de aminoácidos, que são 42

produzidos pelo metabolismo secundário de plantas da família das Capparales, que entre 43

outras famílias, compreende a Brassicaceae (Tolra et al., 2000). Após a ingestão, os 44

glicosinolatos intactos e seus produtos de degradação são absorvidos á partir do lúmen 45

intestinal e convertidos em outros produtos (Rowan et al., 1991). Existem tipos diferentes de 46

glicosinolatos com distintos derivados, sendo eles os isotiocianatos, tiocianatos e nitrilas, 47

considerados fatores antinutricionais, potencialmente causadores de danos hepáticos e em 48

outros órgãos e, também, redução da palatabilidade, diminuição do crescimento, diminuição 49

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3

na produção e perda de peso. Essas substâncias também afetam a disponibilidade de iodo, 50

causam mudanças fisiológicas e morfológicas da tireóide (Tripathi e Mishra, 2007). 51

Nos ultimos anos vários métodos de tratamento físicos e químicos foram testados 52

(alcalino, lavagem com água, extrusão, solução de metais, solução ácida e térmica (tostagem) 53

quanto a capacidade de remover ou reduzir o teor de glicosinolatos e para minimizar seus 54

efeitos deletérios sobre a saúde e produção animal (Carlson e Tookey, 1983; Tripathi e 55

Mishra, 2007). Destes, o tratamento alcalino com óxido de cálcio e o lavagem com água 56

apresentam-se maior viabilidade operacional. 57

Porém, a eficácia destes tratamentos na redução dos efeitos inibitórios dos 58

glicosinolatos sobre a eficiência de utilização dos nutrientes em dietas de ruminantes, ainda 59

não estão bem definidos e satisfatórios. Considerando que ambos os métodos são capazes de 60

reduzir os glicosinolatos, hipotetizou-se que o tratamento alcalino com CaO (nas doses de 2, 4 61

ou 6% de CaO) ou lavagem com água podem eliminar os possíveis efeitos inibitórios sobre o 62

consumo e eficiência de utilização de nutrientes dietéticos, permitindo-se o uso do farelo de 63

crambe na alimentação de ruminantes. 64

Assim, desenvolveu-se dois experimentos visando avaliar o efeito de diferentes 65

métodos químicos (adição de CaO nas doses de 2; 4 e 6%) e físicos (lavagem com água) sobre 66

os teores de glicosinolatos no farelo de crambe (experimento 1); e os efeitos da substituição 67

do farelo de soja pelo farelo de crambe in natura não decorticado, ou submetidos aos 68

processamentos químicos ou físicos sobre a eficiência de utilização dos componentes 69

dietéticos em ovinos (experimento 2). 70

71

72

73

74

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4

Material e Métodos 75

76

O farelo de crambe não decorticado foi fornecido pela Caramuru Alimentos S.A 77

(Itumbiara, GO, Brasil). 78

Experimento 1 79

O experimento foi conduzido em delineamento experimental inteiramente casualizado. 80

25 amostras de 300 gramas de farelo de crambe foram submetidas a cinco tratamentos, com 81

cinco repetições por tratamento: farelo de crambe controle, farelo de crambe tratado com 2, 4 82

ou 6% de CaO (90% cal virgem), e farelo de crambe lavado com água. 83

Para realizar o tratamento com adição de CaO (base da matéria natural da fonte 84

proteica), o agente alcalino foi inicialmente diluído em água na proporção de uma parte de 85

CaO para 10 partes de água. A solução alcalina foi adicionada ao farelo de crambe, mantida 86

sob agitação constante por 10 minutos e em repouso por 16 horas (uma noite) para permitir a 87

hidrólise alcalina dos glicosinolatos. O material então foi submetido à secagem ao sol de 88

maneira a obter teor de matéria seca superior a 87% e processados em moinho de faca com 89

peneira de porosidade de 1 mm. 90

Para o tratamento com lavagem, adicionou-se água não destilada ao farelo de crambe 91

na proporção de 1 parte de farelo e 10 partes de água, mantida sob agitação por 10 minutos e 92

filtrada em tecido de algodão puro. O material filtrado foi então submetido à secagem ao sol 93

de maneira a obter teor de matéria seca superior a 87% e processados em moinho de faca com 94

peneira de porosidade de 1 mm. 95

Determinou-se os teores de matéria seca (método No 934.01) do material de acordo 96

com a AOAC (1990). A extração e análise de glicosinolatos foram feitas conforme método 97

descrito em Chung (2005). Cinco gramas de amostras de farelo de crambe foram submetidos á 98

extração dos glicosinolatos com metanol (grau HPLC). Os extratos foram filtrados em papel 99

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filtro quantitativo, concentrados em rotaevaporador (60oC, 60 rpm), suspensos em metanol e 100

centrifugados durante 15 minutos a 13.000 rpm e recolhido o sobrenadante. O extrato 101

sobrenadante foi então submetido à limpeza utilizando coluna de florisil ativada com solução 102

com 30% de diclorometano e 70% hexano. Antes da passagem pela coluna, 0,30 mL do 103

extrato foi misturado com 5 ml de solução com 30% de acetato de etila e 70% metanol. O 104

extrato recolhido foi concentrado sob pressão reduzida em bomba vácuo, ressuspendido com 105

0,3 ml de água ultrapura, centrifugada por 15 minutos a 13.000 rpm, recolhendo-se o 106

sobrenadante para quantificação dos glicosinolatos em Cromatografia Líquida de Alta 107

Eficiência (CLAE). Utilizou-se coluna de fase reversa C18 (250 mm x 4,6 mm, tamanho de 108

partícula 5μ, marca Vertical). A diluição foi realizada com fluxo de 1mL/minuto, utilizando-109

se acetato de amônio 30 mM (pH 5) e metanol puro na fase móvel, durante 28 minutos. A 110

soma das áreas dos picos observados entre 5 e 18 minutos foram considerados como 111

glicosinolatos totais. A quantificação foi feita utilizando-se sirigin (Sinigrin hydrate, FLUKA 112

Sigma, EUA) como padrão externo, com curva padrão contendo: 1000, 500, 400, 300, 200, 113

100, 50 e 5 mg/litro. Os resultados foram expressos em equivalente sirigin, conforme a 114

(Figura 1 ) 115

Os dados foram submetidos à análise de variância, decompondo-se os efeitos de 116

tratamentos em quatro contrates ortogonais: efeito de tratamento do farelo de crambe 117

(controle versus 2%, 4%, 6% CaO e lavado com água + filtragem), métodos de tratamento do 118

farelo de crambe (2%, 4% e 6% CaO versus lavado com água + filtragem), efeito linear do 119

óxido de cálcio no farelo de crambe (2%, 4% e 6% CaO) e efeito quadrático do óxido de 120

cálcio no farelo de crambe (2%, 4% e 6% CaO). Adotou-se nível de 5% de probabilidade para 121

erro tipo I. 122

123

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Experimento 2 124

Oito ovinos machos inteiros, da raça Santa Inês, com peso inicial de 125

25,6 ± 3,6 kg, foram distribuídos em dois quadrados latinos 4x4, com 4 períodos de 15 dias 126

cada, sendo 10 dias para adaptação e cinco dias de coleta. Os animais foram mantidos em 127

gaiolas de metabolismo com área de 1,5 m2, dotadas de bebedouro, comedouro e piso com 128

sistema para coleta de urina. Antes do experimento, os animais foram casqueados, vacinados 129

contra clostridiose, pesados, identificados e tratados contra endoparasitos. 130

Foram avaliados quatro dietas experimentais, referentes à fontes de proteína: farelo de 131

soja (FS-controle); farelo de crambe não processado (FC); farelo de crambe processado por 132

meio lavagem com água + filtragem (FCL); e farelo de crambe processado com adição de 4% 133

de CaO (FCcal). 134

O processamento lavagem + filtragem e adição de 4% CaO (base da matéria natural) 135

seguiu a mesma metodologia do experimento 1. 136

As dietas completas foram formuladas para serem isonitrogenadas (16,0% de proteína 137

bruta, na matéria seca) contendo 60% de feno de capim pé de galinha (Eleusine coracana (L.) 138

Gaertn) e 40% de concentrado, base da matéria seca, de maneira a atender as exigências 139

nutricionais de ovinos em crescimento de 25 kg com ganho de peso corporal de 0,20 kg/dia 140

(NRC, 2007). A composição dos alimentos é apresentada na Tabela 1. A proporção dos 141

ingredientes e composição das dietas estão apresentados na Tabela 2. As dietas foram 142

fornecidas três vez ao dia, às 08:00 horas, 12:00 horas e 16:00 horas, permitindo-se sobras de 143

5 a 10 % (base da matéria natural). 144

O consumo foi mensurado diariamente durante o período de coleta, por meio do 145

controle da oferta de feno e ração concentrada e das sobras, por animal. Amostras dos 146

ingredientes concentrados foram coletadas antes do preparo das rações concentradas, no início 147

de cada período experimental. Amostras diárias de feno foram coletadas durante o período de 148

coleta. No final de cada período de coleta, foram obtidas amostras compostas de feno e sobras 149

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(por animal), e congeladas à -20oC para processamento e análise. As amostras compostas de 150

feno (por período), dos ingredientes concentrados (por período), e amostras compostas de 151

sobras (por animal em cada período) foram secas em estufa com ventilação forçada (55ºC por 152

72 horas), e processadas em moinhos de facas com peneiras de porosidade de 1mm para 153

análise química. 154

A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras adaptadas aos animais 155

do 11º ao 15º dia do período experimental. Após a coleta e pesagem diárias das fezes, 156

realizadas sempre às 08:00 e 16:00h, foram retiradas amostras equivalentes a 5% do peso total 157

excretado, congelados a -20ºC para posterior processamento e análise química. Após a pré-158

secagem (55oC por 72 horas) e moagem em moinhos de facas com peneiras de porosidade de 159

1mm, foram obtidas amostras compostas de fezes de cada animal em cada período. 160

As amostras de urina foram obtidas à partir de coleta total de urina em recipientes 161

(baldes) no piso, contendo 100 ml de solução de ácido sulfúrico a 20% v/v, durante 24 horas, 162

do 12º ao 14º dia experimental. Após o período de 24 horas determinou-se o volume total 163

excretado e coletou-se 40 ml amostras de urina, sendo imediatamente congeladas para 20ºC 164

para posterior análise de nitrogênio total. 165

Nas amostras de feno, ingredientes concentrados, sobras e fezes foram analisados as 166

concentrações de matéria seca (método No 934.01), matéria orgânica (MO, método No 167

942.05), proteína bruta (PB, método No 954.01) e extrato etéreo (EE, método No 920.39) de 168

acordo com a AOAC (1990). Para análise da concentração de fibra em detergente neutro 169

(FDN), as amostras foram tratadas com alfa amilase termo-estáveis sem uso de sulfito de 170

sódio, corrigidas para o resíduo de compostos nitrogenados (Licitra et al., 1996). As análises 171

de FDN foram realizadas em sistema Ankon, utilizando sacos de TNT (tecido-não-tecido), 172

com dimensões de 5cm x 5cm, mantendo-se relações média de 14 mg de MS /cm2 de tecido e 173

100 mL de detergente neutro/g de amostra seca ao ar. 174

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O balanço de compostos nitrogenados foi obtido pela diferença entre o total de 175

nitrogênio ingerido e o total de nitrogênio excretado nas fezes e urina. A determinação do 176

nitrogênio total nas fezes e urina foi realizada conforme AOAC (1990; método No 954.01). 177

Os dados foram avaliados como modelos mistos, segundo o modelo estatístico: 178

Yijkl = µ + Qi + Tj + (P/Q)ik + (V/Q)il + QxTij + eijkl, 179

Em que: Y ijkl = observação no animal l, no período k, submetida ao tratamento j, no 180

quadrado latino i; µ = média geral; Qi = efeito aleatório do quadrado latino i, sendo i = 1 e 2; 181

Tj = efeito fixo do tratamento j, sendo j = 1,2, 3 e 4; (P/Q) ik = efeito aleatório do período k, 182

dentro do quadrado latino i, sendo k = 1, 2, 3 e 4; (V/Q) il = efeito aleatório do animal 1, 183

dentro do quadrado latino i, sendo l = 1, 2, 3 e 4; QxTij = efeito aleatório de interação entre o 184

quadrado latino i e o tratamento j; eeijkl = erro aleatório, associado a cada observação, 185

pressuposto NID (0; σ2). Os efeitos de tratamentos foram avaliados por meio de contrastes 186

ortogonais, conforme descrito na Tabela 4. Adotou-se nível de 0,05 de probabilidade para o 187

erro tipo I. Os resultados foram apresentados como médias dos mínimos quadrados. 188

189

Resultados e Discussão 190 191

Experimento 1 192

193

Identificou-se através das análises por CLAE 15 picos de glicosinolatos entre 5 a 28 194

minutos do cromatograma, no farelo de crambe submetidos aos diferentes tratamentos 195

(Figura 1). A presença dos glicosinolatos foi comprovada por comparação do tempo de 196

retenção com o padrão externo, que foi injetado separadamente usando uma curva de 197

calibração (Figura 2). Os picos de glicosinolatos nos tratamentos 2% CaO; 4% CaO e 6% 198

CaO apresentou-se próximos ao tratamento padrão sendo o pico mais evidente nas amostras 199

(padrão; 2% CaO; 4% CaO e 6% CaO) no tempo entre 9 e 10 segundos, sendo representado 200

pelo sinalbin (Figura 1) (Chung, 2005). 201

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O valor médio de glicosinolatos encontrado (445,46 mg/kg de MS) no farelo de crambe 202

controle (Tabela 1) pode ser considerado baixo, comparativamente ao observado normalmente 203

de 7000 mg/kg (equivalente sirigin), em materiais com baixo teores de glicosinalatos (Tripathi 204

e Mishra, 2007). Alguns fatores que podem explicar a menor concentração de glicosinolatos 205

no farelo de crambe do presente estudo: maior atividade da enzima endógena mirosinase na 206

planta (que degrada os glicosinolatos), variações climáticas e método de extração do óleo 207

(Tripathi e Mishra, 2007). 208

O tratamento com CaO ou por meio de lavagem com água reduziu (P = 0,045) os teores 209

de glicosinolatos do farelo de crambe em média 42,5%. Não houve diferença 210

(P = 0,2362) entre tratamentos alcalino e físico (lavagem) sobre os teores de glicosinolatos. A 211

dose de CaO (2, 4 ou 6%) não afetou (P = 0,4709) os teores de glicosinolatos (Tabela 1). 212

O tratamento do farelo de crambe com lavagem promoveu a solubilização dos 213

glicosinolatos, e através da filtragem uma remoção parcial (Liu et al., 1994). A lavagem com 214

água também pode ter provocado um aumento na atividade endógena da enzima mirosinase, 215

que degrada os glicosinolatos em isotiocianatos, nitrilos, tiocianato e outros agliconas 216

(Tripathi e Mishra, 2007). O tratamento alcalino, por sua vez, provavelmente causou hidrólise 217

das ligações dos tipos ésteres do composto (Clarke, 2010). 218

Todavia, a eficácia de redução dos glicosinolatos foi menor que o observado por 219

outros pesquisadores (Finwick et al., 1986; Tripathi et al., 2000). Finwick et al. (1986) 220

verificaram uma redução de 73,5% dos glicosinolatos com tratamento alcalino e 221

Tripathi et al. (2000) observaram redução de 100% com tratamento com água + filtragem. 222

Entretanto, Tripathi et al. (2000) lavaram o material com água quente (100oC) durante 60 223

minutos de mistura, o que pode ter aumentado a solubilização do composto em comparação 224

ao procedimento adotado no presente estudo (lavagem com água sem aquecimento). 225

226

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Experimento 2 227

228

A substituição do farelo de soja pelo farelo de crambe não afetou (P>0,05) o consumo, 229

digestibilidade dos componentes da dieta e balanço de nitrogênio (Tabela 5). O tratamento do 230

farelo de crambe por meio de adição de 4% CaO ou por lavagem com água, apesar de 231

reduzirem parcialmente os teores de glicosinolatos (Tabela 1), não afetaram o consumo, 232

digestibilidade dos componentes da dieta e o balanço de N (Tabela 5). Além disso, não houve 233

efeito do método de processamento (4% CaO versus lavagem) sobre as variáveis acimas 234

citadas. Desta forma, farelo de crambe com o níveis de glicosinolatos abaixo 450 mg/kg pode 235

ser utilizado como fonte exclusiva de proteína na dieta de ruminantes, em substituição ao 236

farelo de soja, sem a necessidade de procedimentos físicos ou químicos para redução do 237

composto antinutricional. 238

A ausência de efeitos (P>0,05) da fonte de proteína, bem como dos processamentos do 239

farelo de crambe sobre a eficiência de utilização dos nutrientes dietéticos provavelmente 240

ocorreu devido aos baixos teores de glicosinolatos no material in natura (450 mg/kg de MS). 241

Em farelos de brássicas classificados como de baixo teor de glicosinolatos são observados 242

valores entre 2.800 a 13.000 mg/kg de MS (Tripathi e Mishra; 2007; adaptado; considerando 243

peso molecular do sirigin de 397). 244

O aumento no teor de FDN da dieta (Tabela 3) com substituição do farelo de soja pelo 245

farelo de crambe não foi capaz de alterar (P>0,05) o consumo e a digestibilidade da dieta, 246

indicando baixo efeito de repleção ruminal da FDN do farelo de crambe. Este comportamento 247

pode estar relacionado a características químicas (ex.: baixo número de ligações do tipo 248

ésteres entre lignina-hemicelulose) e físicas (ex.: pequeno tamanho de partícula) do material, 249

que torna a fração potencialmente degradada da FDN (FDNpd) com elevada taxa de 250

degradação ruminal, bem como as frações indigestíveis e FDNpd não degradadas com elevada 251

taxa de passagem ruminal (Oliveira, 2008). Salienta-se também, que esse comportamento foi 252

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observado em diversas fibras de co-produtos da extração de óleo de oleaginosas como o farelo 253

de algodão, farelo de girassol e farelo de mamona (Oliveira, 2008). 254

255

Conclusões 256

A adição de óxido de cálcio no farelo de crambe ou a lavagem com água reduz 257

parcialmente os glicosinolatos, entretanto o residual deste composto não afeta a eficiência de 258

utilização dos nutrientes dietéticos em ovinos. O farelo de crambe in natura com teor de 259

glicosinolatos abaixo de 450 mg/kg, pode ser utilizado como fonte exclusiva de proteína em 260

dietas de ovinos, substituição ao farelo de soja, sem afetar a eficiência de utilização dos 261

nutrientes dietéticos. 262

263

Agradecimentos 264

265

Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso 266

(FAPEMAT, projeto número 483724/2011 PRONEM 006/2011), Coordenação de 267

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Universidade Federal de Mato 268

Grosso – Campus Sinop pelo suporte financeiro. 269

270

271

272

273

274

Referências 275

276

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285 FENWICK, G.R., SPINKS, E.A., WILKINSON, A.P., HEANEY, R.K., LEGOY, M.A. 286

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297 LIU, Y.G., ZHOU, M.Q., LIU, M.L. A survey of nutrient and toxic factors in commercial 298

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301

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Feed Science and Technology. v.132 p.1–27, 2007. 320

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340

341

342

343

344

345 Figura 1 - Cromatrograma típico obtido do extrato bruto de amostras farelo de crambe de 346

diferentes tratamentos: A, controle; B, 2% CaO; C, 4% CaO; D, 6% CaO; E, lavado com água 347

+ filtragem. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) coluna de fase reversa C18 348

(250 mm x 4,6 mm, tamanho de partícula 5μ, marca Vertical), fluxo de 1mL/minuto, acetato 349

de amônio 30 mM (pH 5) e metanol puro na fase móvel, durante 28 minutos. 350

351

A B

C

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Tabela 1 - Eficácia de redução do glicosinolatos submetido a diferentes tratamentos (experimento 1)

Item Controle Dose de CaO (% da matéria

natural)

Lavagem

com água CV (%)

Efeitos1 (Valor-P)

2% 4% 6% C T L Q

Glicosinolatos2, mg/kg de MS 445,4 248,8 264,6 313,6 201,7 36,35 0,0045 0,2362 0,4709 0,8207

1/ C = controle versus doses de CaO (2, 4, e 6%) e lavado com água; T = tratamento do farelo de crambe, CaO (2, 4 e 6%) versus lavagem com

água; L = efeito linear da dose de CaO; e Q = efeito quadrático da dose de CaO. 2/ equivalente sirigin.

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Tabela 2 – Composição química dos ingredientes (Experimento 2)

Itens1 Feno Milho FS3 FC4 FCcal5 FCL6

Matéria seca, % 80,06 89,28 83,07 86,34 90,87 89,99

Matéria orgânica, % da MS 91,17 98,94 92,34 92,79 88,56 93,97

Extrato etéreo, % da MS 1,51 1,84 0,96 0,74 0,70 1,35

Proteína bruta, % da MS 10,06 8,33 49,00 39,77 36,07 35,54

PIDN, % da PB 0,20 0,54 1,31 0,74 0,35 0,81

FDN, % da MS 48,13 10,70 11,80 38,06 33,52 39,74

CNF, % da MS 31,44 78,07 30,58 14,22 18,27 17,34

Glicosinolatos2 mg/kg de MS 445,5 201,7 264,5

1/ PIDN = proteína bruta insolúvel em detergente neutro; FDNp = fibra em detergente neutro

corrigido para proteína; e CNF = carboidratos não fibrosos. 2/ equivalente sirigin. 3/ FS = farelo de soja. 4/ FC = farelo de crambe. 5/ FCcal = farelo de crambe tratado com 4% de CaO. 6/ FCL = farelo de crambe lavado com água.

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Tabela 3 – Proporção dos ingredientes e composição química das dietas experimentais

(experimento 2)

Itens Fonte de proteína

Farelo de

soja

Farelo de crambe

controle 4% Cal Lavado

Feno de capim pé-de-galinha 60,0 60,0 60,0 60,0

Milho 22,5 17,5 17,5 17,5

Farelo de soja (FS) 17,0

Farelo de crambe 22,0

Farelo de crambe 4% CaO 22,0

Farelo de cambe lavado 22,0

Premix mineral1 0,5 0,5 0,5 0,5

Composição química2

Matéria seca, % 81,05 77,88 78,66 78,51

Matéria orgânica, % da MS 92,66 92,43 91,50 92,69

Extrato etéreo, % da MS 1,49 1,40 1,39 1,24

Proteína bruta, % da MS 16,25 16,23 15,44 15,32

PIDN, % da MS 25,21 24,60 23,65 21,41

FDNp, % da MS 31,39 38,49 37,05 38,35

CNF, % da MS 43,53 36,31 37,62 37,79

Glicosinolatos mg/kg de MS3 Na 98,5 98,4 58,2

1/ Composição (níveis de garantia do fabricante): 18% de Ca, 10% de Na, 1,2% de S, 0,5% de

Mg, 4000 mg de Zn/kg, 1300 mg de Cu/kg, 1000 mg de Mn/kg, 70 mg de I/kg, 107 mg de

Co/kg e 18 mg de Se/kg. 2/ PIDN = proteína bruta insolúvel em detergente neutro; FDNp = fibra em detergente neutro

corrigido para proteína; CNF = carboidratos não fibrosos. 3/ equivalente sirigin.

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Tabela 4 – Coeficientes dos contrastes ortogonais (experimento 2)

Contrates (Efeitos) Fonte de proteína

Farelo de

soja

Farelo de crambe

FC 4%Cal Lavado

Efeito Fonte Proteica

(Farelo de soja versus

Farelo de Crambe

+3 -1 -1 -1

Efeito de tratamento do

farelo de cambre +2 -1 -1

Efeitos do método de

tratamento do farelo

crambe

+1 -1

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Tabela 5 – Efeito do tratamento do farelo de crambe por meio tratamento alcalino ou lavagem com água sobre consumo, digestibilidade dos

componentes da dieta e balanço de nitrogênio em ovinos (experimento 2)

Item Fonte de proteína

EPM Efeitos (Valor-P)

Farelo de

soja

Farelo de crambe

controle 4%Cal Lavado FP TFC TiFC

Consumo, kg/d

Matéria seca 1,14 1,16 1,15 1,08 0,104 0,857 0,357 0,260

Matéria orgânica 1,09 1,12 1,10 1,04 0,093 0,906 0,323 0,253

Extrato etéreo 0,018 0,018 0,018 0,018 0,003 0,362 0,815 0,975

Proteína bruta 0,198 0,200 0,197 0,184 0,019 0,552 0,280 0,193

FDN 0,41 0,46 0,40 0,47 0,042 0,369 0,478 0,189

CNF 0,51 0,42 0,44 0,45 0,058 0,010 0,222 0,532

Consumo, % PC/d

Matéria seca 3,65 3,81 3,72 3,41 0,690 0,993 0,217 0,178

Digestibilidade, %

Matéria seca 65,60 64,16 65,48 60,89 6,814 0,541 0,785 0,319

Matéria orgânica 68,00 66,36 66,79 62,30 6,698 0,252 0,462 0,169

Extrato etéreo 78,55 78,35 79,16 79,58 4,940 0,900 0,805 0,928

Proteína bruta 65,88 67,94 68,37 64,64 6,699 0,662 0,600 0,280

FDN 58,34 55,66 55,63 52,87 3,201 0,211 0,605 0,409

CNF 79,53 77,92 76,34 78,07 1,980 0,238 0,673 0,388

Balanço de N, g/d

N ingerido 31,71 32,00 31,59 29,46 3,093 0,555 0,283 0,189

N fecal 10,37 10,04 9,68 10,25 1,503 0,629 0,932 0,551

N urinário 9,34 8,57 7,38 7,20 0,980 0,094 0,169 0,839

Balanço de N 12,00 13,39 14,53 12,01 4,485 0,486 0,869 0,076