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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Maria Teixeira David Santos

Área do PDE: Língua Portuguesa

NRE: Cornélio Procópio

Professor orientador: Eliana Merlim Denaguti de Barros

IES: UENP

Escola de Implementação: Escola Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes­ E.F

Público objeto da intervenção: 5ª série do Ensino Fundamental.

SUMÁRIO

1. TEMA ......................................................................................................................03

2.. TÍTULO...................................................................................................................03

3.. OBJETIVOS...........................................................................................................033.1 Objetivo Geral ..............................................................................................033.2 Objetivos Específicos....................................................................................03

4.. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................03

5.. FUNDAMENTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS..............................................05

6..FUNDAMENTAÇÃO DIDÁTICA DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS.....................076.1 Vinhetas / Quadros........................................................................................076.2 Planos da Visão............................................................................................086.3 Angulos da Visão..........................................................................................106.4 Letras e Balões.............................................................................................11

7.. ONOMATOPÉIAS..................................................................................................14

8.. EXPRESSÕES E TIPOS DE PERSONAGENS....................................................14

9.. DISCURSO NA ORDEM DE NARRAR..................................................................16

10. SEQUENCIA DIDÁTICA COM HQ DE MAURICIO DE SOUZA...........................18

11.  BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................38

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1. TEMA: ensino­aprendizagem da língua portuguesa por meio do gênero histórias 

em quadrinhos (HQ)

2. TÍTULO: O gênero HQ como mediador do processo de ensino­aprendizagem da 

Língua Portuguesa

3.OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral da Intervenção 

Elaborar   e   aplicar   uma  sequência   didática  (SD)   para   desenvolver 

capacidades de  leitura e produção em relação ao gênero histórias em quadrinho 

(HQ)  em alunos da 5ª série.

3.2 Objetivos Específicos da Intervenção

• elaborar um modelo didático do gênero HQ, a partir da leitura dos experts em 

HQ e da análise de um corpus de textos representativo do gênero;

•   com     base   no   modelo   didático,   elaborar   uma  sequência   de   atividades 

didáticas para ser desenvolvida em uma 5ª série;

• aplicar a sequência didática na classe selecionada.

4. JUSTIFICATIVAS

Os   Parâmetros   Curriculares   Nacionais   (PCN)   para   a   área   de   Língua 

Portuguesa   (BRASIL,  1998)   focalizam a  necessidade  de    ampliar  o  domínio  da 

língua e da linguagem para o exercício da cidadania. Eles propõem que a escola 

3

organize o ensino de maneira que desenvolva seus conhecimentos discursivos e 

linguísticos, propondo que o ensino da língua tome o texto (oral ou escrito) como 

unidade básica  de trabalho,  levando­se em consideração a diversidade de textos 

que circulam na sociedade.

Seguindo a mesma perspectiva, as Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) 

de   Língua   Portuguesa   do   Paraná   (PARANÁ,   2008)   para   a   Educação   Básica 

pressupõem como fundamento para o ensino da língua as práticas discursivas, a 

partir  de uma concepção  interacionista  da  linguagem. Segundo as DCE,  são os 

gêneros   que   fundamentam   a   possibilidade   de   comunicação   e   estabilizam   os 

elementos  das práticas  de   linguagem  reconhecidas pelos   locutores,   funcionando 

como representação interativa. Eles são formas discursivas de articulação entre as 

práticas sociais e o conhecimento humano, configurando os textos orais e escritos 

criados para suprir as necessidades de comunicação do ser humano: carta do leitor, 

romance, receita culinária, manual de instrução, seminário, debate regrado, artigo 

científico, histórias em quadrinho, etc.

Dessa   forma,   o   gênero   textual,   além   de   ser   o   instrumento   da   interação 

interpessoal  por excelência,   também deve ser o  objetivo unificador  do ensino da 

língua (cf. NASCIMENTO, 2011). 

Como objeto unificador da SD que elaboramos para intervir didaticamente no 

nosso contexto de ensino, escolhemos o gênero HQ. Acreditamos que ele, por ser 

um gênero literário muito presente no universo dos nossos jovens, e que desperta o 

interesse  pela   leitura,  uma vez  que   trabalha  com  lúdico,  pode  contribuir  para  o 

ensino da escrita e da leitura textual, de uma forma prazerosa, mas sem desprezar 

os  conteúdos estruturantes  (PARANÁ, 2008) da Língua Portuguesa. No caso das 

HQ, o principal conteúdo estruturante trabalhado na nossa SD são os elementos da 

narrativa e a funcionalidade linguístico­discursiva dos textos narrativos, com foco na 

elaboração de diálogos (forma discursiva utilizada pelas HQ).

A   escolha   do   gênero   HQ   deve­se   também   ao   fato   de   ele   trabalhar   não 

somente com elementos verbais, mas também com a linguagem não verbal, ou seja 

ele  é  um gênero    multissemiótico  (BARROS,  2009)  –  mobiliza  várias  semioses: 

cores, figuras, ângulos de visão, formas, etc. Por isso,  desperta nos alunos o gosto 

4

pela   leitura,   já  que palavras  e   imagens  juntas  ensinam de  forma mais  atraente. 

Dessa forma, o ensino a partir desse gênero pode auxiliar no desenvolvimento no 

hábito de ler, e contribuir para um trabalho mais eficaz com a produção textual.

Para Vergueiro (apud POCKRANDT, 2011), coordenador do Observatório de 

Histórias em Quadrinhos da Universidade de São Paulo (USP), as possibilidades de 

uso das HQ, em sala de aula, são inúmeras: ”podem servir para abrir a discussão 

sobre determinados temas, para aprofundar aspectos que foram visto em sala de 

aula” ( p.28).

Para o pesquisador,  as HQ têm diversos benefícios educacionais,  como o 

estímulo à imaginação, criatividade e o incentivo ao hábito de leitura. Para ele, por 

muito   tempo  houve  uma   forma  errônea  de  analisar  os  quadrinhos   como  sendo 

somente uma forma multicolorida e de aventuras fantasiosas,  as quais poderiam 

afastar os jovens de outras leituras, e desviá­los de um amadurecimento literário. 

Somente nas últimas décadas é que este cenário mudou.  Hoje os quadrinhos são 

vistos  e  analisados   pela   sociedade   com  mais   atenção,   principalmente  pelo   seu 

caráter   artístico,   se   destacando   com   mais   aceitação   no   âmbito   global   de 

comunicação.

Dessa   forma,   é   necessário   promover   a   apropriação   desse   gênero   como 

prática de linguagem, não apenas no âmbito da leitura, mas também da produção. É 

preciso que o aluno entenda a sua funcionalidade na nossa sociedade, as temáticas 

que veicula, seus propósitos comunicativos, suas formas de textualização verbal e 

não verbal, enfim, que ele apreenda­o como uma forma de agir no mundo por meio 

da linguagem e não simplesmente como um texto para simples entretenimento.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO­METODOLÓGICA

Este   material   didático   é   elaborado   segundo   a   concepção   de  gêneros 

textuais/discursivos de Bakhtin (2003) e Bronckart (2003). A metodologia de ensino 

que   subjaz   a   sua   elaboração   advém   da   vertente   didática   do   Interacionismo 

Sociodiscursivo   (ISD),   desenvolvida   pelos   pesquisadores   de   Genebra   (cf. 

SCHNEUWLY; DOLZ, 2004). 

5

Para   concretizar   seu   plano   de   ação   em   relação   ao   ensino   mediado   por 

gêneros,  a  vertente  didática  do   ISD  trabalha  com uma  metodologia   instrumental 

visando à transposição didática desses objetos de ensino da língua. A transposição 

didática é o processo de transformação do conhecimento teórico do objeto de ensino 

(do gênero) em conhecimento a ensinar (1º nível), ensinado (2º nível) e aprendido 

(3º nível).

Para o grupo de pesquisadores de Genebra, a viabilização do primeiro passo 

da transposição didática de um gênero depende da elaboração de uma ferramenta 

mediadora,   denominada  modelo   didático   do   gênero.  Para   estes   estudiosos,   é 

através dos modelos didáticos que o gênero se torna ensinável garantindo, além 

disso,  a apropriação dos diferentes mecanismos da  linguagem, que passa a ser 

então, materializada.  

Segundo  Cristovão e  Machado  (2006),  modelos  didáticos  de  gêneros  são 

objetos descritivos e operacionais que, quando constituídos, facilitam a apreensão 

da complexidade da aprendizagem de um determinado gênero, além de permitirem 

a visualização das características de um gênero e, sobretudo, a explicitação das 

suas dimensões ensináveis.

As características do modelo didático, segundo De Pietro e Schneuwly (2003 

apud BARROS, 2010), podem ser assim descritas:

a) uma dimensão praxeológica

b) uma força normativa da qual é impossível fugir

c) é o centro do processo de todo ensino

d) pode ser implícito ou  explícito e conceitualizado

e) é ponto de início e chegada do trabalho didático com o gênero

f) é uma teorização mais genérica das atividades linguageiras

g) é   sempre   o   resultado   de   práticas   de   linguagens   anteriores,   portanto, 

históricas

h) permite, a partir das práticas sociais referenciais, produzir SD

i) é o lugar de reflexões e práticas pedagógicas.

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Gonçalves e Barros (2010) complementam que o modelo  didático pressupõe 

o ensino do saber, pois é na sua essência, um modelo psicológico das capacidades 

de linguagem de uma prática linguageira. É a primeira ferramenta da transposição 

didática, e é ela que dá subsídios à elaboração da sequência didática – a ferramenta 

que proporciona a transformação dos saberes teóricos em saberes a ensinar, e a 

sua   aplicação   no   ensino,   a   transformação   dos   saberes   a   ensinar   em   saberes 

ensinados e aprendidos. 

Conforme   Dolz,   Noverraz   e   Schneuwly   (2004,   p.   98),   o   procedimento 

sequência   didática  define­se   como   o   conjunto   de   atividades   pedagógicas 

organizadas de maneira sistemática com base em um gênero textual. Sua finalidade 

é de auxiliar o aluno na apropriação de um gênero textual, permitindo que ele faça 

uso desse gênero em uma situação comunicativa, nas diferentes esferas sociais.

A estrutura de base de uma sequência didática segue os seguintes passos: a) 

apresentação   da   situação,   b)   produção   inicial,   c)   módulos   d)   a   produção   final; 

conforme esquematizado pela figura a seguir:

6. MODELO DIDÁTICO DAS HQ

As HQ, conforme acentuam Ferreira e Andrade (2005), não são fechadas em 

si mesmas, pois elas apresentam uma linguagem que atua  harmoniosamente com 

outras   linguagens   expressivas,   trazendo   contribuições   fundamentais   para   o 

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Apresentação da situação

PRODUÇÃO INICIAL

Módulo 1

Módulo 2

Módulo n

PRODUÇÃO FINAL

desenvolvimento do sentido do texto, uma vez que sua narrativa se expressa por 

meio de duas modalidades de linguagem:   a verbal e a não verbal (cores, formas, 

imagens, planos de visão, etc.). 

6.1. Vinhetas/quadros

Almeida (2001) lembra que as HQ possuem características e estruturas bem 

específicas. São compostas de elementos verbais e não verbais.

Entre os elementos não verbais, a uma série de superfícies e de formatos que 

recebe o nome de vinhetas e quadrinhos.

 

     Figura 1 – Exemplo de vinhetas e quadros

    Fonte: http://www.monica.com.br/comics/turma.htm

As vinhetas são delimitadas por traços que dividem a página. A função dos 

quadrinhos   é   separar   basicamente   vinhetas,   que   podem   ser   irregular   ou 

interrompida, dependendo do fato retratado.

   Figura 2 – Exemplo de tipo de quadrinhos

    Fonte: http://www.monica.com.br/comics/turma.htm

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Na   tira   da   Figura   2   há   a   interrupção   dos   quadrinhos   para   garantir   o 

movimento, a ação pretendida pelo autor.

6.2. Planos de visão

Conforme   Vergueiro   e   Rama   (2004),   os   enquadramentos   ou   planos   dos 

quadrinhos indicam a forma como a imagem foi representada, limitada na altura e na 

largura,   assim  como  ocorre  na   fotografia   e   na  pintura.  Os  diversos  planos  são 

definidos   conforme   a   posição   do   corpo   no   espaço   do   quadrinho.   A   seguir,   as 

classificações dos planos de visão apresentadas pelos autores.

• Plano Geral:  abrange a  figura do  personagem com  todo o cenário.  O 

enquadramento   é   bastante   amplo.   Sugere   o   discurso   do   tempo,   e   o 

prolongamento de um empreendimento.

Figura 3 – Exemplo de plano geral

Fonte: http://www.monica.com.br/comics/turma.htm

• Plano médio: apresenta os personagens  da cintura para cima, permitindo 

que se tenha mais clareza nos traços e expressões.

Figura 4 – Exemplo de plano médio

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• Plano americano:  mostra  o personagem a partir  da altura dos  joelhos 

com   intenção   de   mostrar   que,   em   uma   conversação   normal,   nossa 

percepção em relação a quem está falando se dilui a partir desse ponto.

Figura 5 – Exemplo de plano americano

  

• Primeiro Plano: limita o enquadramento à altura dos ombros salientando 

a sua expressão e seu estado emocional.

Figura 6 – Exemplo de primeiro plano

• Plano   detalhe:  limita   o   espaço   em   torno   de   uma   parte   da   figura 

representada, serve para realçar um elemento que normalmente passaria 

despercebido ao leitor.

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Figura 7 – Exemplo de plano detalhe

6.3 Ângulos de visão

De acordo com Vergueiro e Rama (2004), há basicamente três ângulos de 

visão:

• Ângulo   frontal:   vê­se   a   cena   de   frente   é   uma   das   mais   comuns   é 

normalmente utilizada em cenas de ação mais lenta. 

Figura 8 – Exemplo de ângulo frontal

• Ângulo  contre­plongé:   também chamado de   ângulo  de  visão   inferior, 

nele   vê­se   a   ação   de   baixo   para   cima   destaca   a   pequenez   do 

personagem.

Figura 9 – Exemplo de ângulo contre­plongé

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• Ângulo plongé: ou picado, também chamado de visão superior no qual a 

ação é focalizada de cima para baixo é usado quando se deseja causar 

suspense.

Figura 10 – Exemplo de ângulo plongé

Conforme Vergueiro e Rama (2004),  a utilização dos ângulos depende do 

enredo, da ação, do suspense e da configuração que o autor quer dar às histórias.

6.4 Letras e balões

A linguagem dos quadrinhos é composta por balões e letras. Os diferentes 

tipos de letras geralmente vêm em forma maiúscula (caixa alta) e o seu tamanho se 

altera indicando um tom mais alto ou mais baixo em relação à fala do personagem. 

Como podemos observar na figura abaixo, na qual a personagem fala em tom alto 

(grito)

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Figura11 – Exemplo de balão grito  

 

De acordo com analise de Higuchi (1997), os balões são elementos criados 

para conter a fala dos personagens. O próprio balão já traz um significado sugerido 

pelos formatos que assumem.  Como vemos no quadro acima em que há um grito. 

Há vários tipos de balões:

• Balão   fala:   de   formato   arredondado   e   em   linha   contínua,   possui   um 

rabicho  que aponta para o personagem.

• Balão pensamento: de formato arredondado e o rabicho, tem formas de 

pequenas bolhas.

• Balão uníssomo: tem mais de um rabicho indicando que várias pessoas 

pensam e falam a mesma coisa.

• Balão  cochicho:  é   aquele   com   linhas  pontilhadas  para   indicar   que   o 

personagem cochicha ou fala algo em voz baixa.

• Balão encadeado: indica o que um só personagem diz ou pensa coisas, 

mantendo uma pausa entre uma ou outra coisa. 

• Balão­grito: tem linhas irregulares, quebradas ou tremidas, indicando que 

a   fala   está   sendo   feita   em   voz   alta,indica   também   que   há   ruídos 

provenientes de aparelhos sonoros.

Para o autor, ainda há outros recursos que os balões podem ainda indicar, 

como demonstra as figuras a seguir:

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Figura 12 – Exemplo de balão música:

Figura 13 – Exemplo de balão pensamento

Figura 14 ­ Exemplo de balão xingamento

Figura 15 ­ Exemplo de balão com sinais gráficos

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7. Onomatopeias

Conforme   Dal  Molin  e  Costa Hübes  (2006),  as onomatopeias são signos 

convencionais   que   representam   ou   imitam   um   som   por   meio   de   caracteres 

alfabéticos. Ocupam um papel essencial nos quadrinhos impondo ritmo às narrativas 

de   ação.   Geralmente   são   grafadas   independentemente   dos  balões  e   em   letras 

grandes. Exemplos:

• Explosão: BRUM!

• Quebra: CRACK!

• Sono: ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ!

• Beijo: SMACK

• Golpe de soco: POW!

8. Expressões e tipos de personagens

Para   Higuchi  (1997),   o   personagem   é   marcado   de   acordo   com   suas 

características, pois são elas que delineiam sua forma de ser e agir, e   é através 

desses dados se  determinam o  tipo ou    expressão de cada um,  assim como a 

aventura que se envolve. 

Através das expressões dos personagens podemos inferir dados da história 

que não aparecem  o texto escrito,tais como sentimentos e sensações. Exemplos:

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Figura 16 – Exemplo de expressão força

Figura 17 – Exemplo de expressão de felicidade

Figura 18 – Exemplo de expressão de raiva

Figura 19 – Exemplo de expressão de medo

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Figura 20 – Exemplo de expressão de fome

Figura 21 – Exemplo de expressão de desconfiança

Figura 22 – Exemplo de expressão de ternura

9. O Discurso na ordem de Narrar

Para Zirondi (2004), os textos das HQ enquadram­se no mundo  do NARRAR, 

e são classificados como discurso narrativo (cf. conceitos de BRONCKART, 2003), 

embora sem a voz explícita de um narrador. Nas HQ, a voz do narrador é substituída 

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pelos   recursos  não   verbais  do  gênero:   quadros,   vinhetas,   formatos  dos  balões, 

metáforas visuais, etc. O elemento narrativo que aparece de forma explícita são os 

diálogos dos personagens (inseridos nos balões), que estão diretamente implicados 

em um percurso temático que delineia a história que é contada. Segundo Santos 

(2003), a sequencialidade narrativa quadrinhográfica, com uma vinheta sucedendo a 

outra,   em   ordem   cronológica1,   mas   com   lacunas   temporais   que   devem   ser 

preenchidas pelos leitores, assume 

o   caráter   de   verdadeiro   relato   visual   ou   imagístico,   que sugestivamente   se   integra   com   as   rápidas   conotações   do   texto escrito, numa perfeita identificação e entrosamento das duas formas de linguagem: a palavra e o desenho (MOYA, 1977 apud SANTOS, 2003, p. 04).

Dessa forma, é pela articulação da linguagem verbal dos textos dos balões e 

da linguagem não verbal que o conteúdo temático é exposto.

Nas HQ, o narrador implícito é quem gerencia as vozes que são introjetadas 

nos   personagens.   Personagens   esses   que   estão   implicados   na   qualidade   de 

agentes em acontecimentos ou ações. Entretanto, não podemos confundir o autor 

empírico do texto (por exemplo, Maurício de Souza) com essa instância enunciativa, 

que, no caso das HQ, é  chamada de “narrador” (pois, como vimos, esse gênero 

pertence ao mundo do NARRAR). Segundo Barros (2011):

[...] tem­se, de um lado, o mundo “real” representado pelos agentes humanos (neste se inclui o autor empírico) – o mundo ordinário – e, do outro,  o  mundo virtual  criado pela  atividade  de  linguagem – o mundo discursivo. Embora todas as representações mobilizadas pelo autor   na   hora   de   empreender   uma   ação   de   linguagem   estejam localizadas   no   mundo   ordinário,   é   no   mundo   discursivo   que   se processam as operações de  responsabilização  enunciativa.  Dessa forma, a voz do autor é “apagada” e substituída por uma instância geral   de   enunciação,   que   o   ISD   denomina  textualizador:   voz “neutra”  que  pode  se  configurar  em  narrador  quando  o  discurso mobilizado for da ordem do narrar e  expositor  quando este for da ordem do expor.

1 Quando essa cronologia é quebrada, as HQ “avisam” o leitor por meio de legendas ou outros recursos não verbais,

18

Além dos personagens e do narrador, todos os outros elementos da narrativa 

podem ser analisados nesse gênero: tempo, espaço, ponto de vista do narrador, 

elementos articuladores temporais. Entretanto, esses elementos se concretizam na 

articulação do verbal com os recursos não verbais do gênero.

Segundo Bronckart (2003), o mundo do narrar está dividido em dois pólos: a) 

um narrar realista, que estabelece coordenadas diretas com o mundo ordinário da 

ação de  linguagem – denominado  “relato”   (ex.:  o  gênero   “notícia”);  e  um narrar 

ficcional,   que   é   desvinculado   discursivamente   do   mundo   ordinário,   mundo   da 

imaginação, onde tudo é permitido – denominado “narração” (ex.: o gênero HQ).

Dessa forma, é a partir desse narrar ficcional que as histórias em quadrinhos 

de Maurício de Souza, foco do nosso trabalho, desenvolvem as suas temáticas.

19

Sequência didática 

com HQ de 

Maurício de Souza

APRESENTAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O PROFESSOR

20

Professor,

Vamos iniciar hoje uma sequência didática (doravante SD) que  levará seus alunos a 

desenvolverem capacidades de linguagem em relação à leitura e escrita do gênero 

textual “Histórias em Quadrinhos” (doravante HQ).

Percebemos que, muitas vezes, os alunos não apreciam a  leitura e a escrita de 

textos em prosa, mas que se  interessam quando essa prática é   feita através de 

quadrinhos. Dessa forma, a escolha das HQ pautou­se no fato de elas serem um 

gênero familiar à maioria dos alunos e que proporciona um trabalho didático lúdico, 

reforçando o interesse dos alunos em relação à Língua Portuguesa.

A partir desse gênero, trabalharemos, por exemplo, o discurso narrativo, explorando 

os   elementos   da   narratividade   utilizados   pelas   HQ,   em   contraponto   com   outro 

gênero, o conto. 

Aproveitando desse interesse dos alunos, essa SD procura mostrar que o gênero 

HQ, assim como o conto, o romance ou as fábulas, é também um gênero narrativo, 

cujos   elementos   precisam   ser   trabalhados   didaticamente   nas   aulas   de   Língua 

Portuguesa.  

Em cada oficina da SD será explorado um aspecto do gênero. E para que os alunos 

internalizem melhor esse aprendizado, peça para que eles, ao final de cada oficina, 

façam um “relatório de aprendizagem das HQ”.   Você deve ajudá­los nessa tarefa. 

Você   já  pode,  já  na apresentação do projeto,  falar sobre esse procedimento aos 

alunos.

Caso na produção inicial dos alunos você identifique uma dificuldade maior em certo 

aspecto   do   gênero,   você   pode   aprofundar   mais   a   oficina   correspondente,   ou, 

inversamente, pode dar menos ênfase em outra, cujo conteúdo você acha que os 

alunos têm maior domínio. 

A intenção é que, após os vários módulos/oficinas dessa SD, os alunos usem os 

recursos   linguístico­discursivos,   literários   e   visuais   das   HQ,   assim   como   sua 

criatividade, para produzirem os seus próprios textos desse gênero. 

Esperamos,   dessa   forma,   que   esse   trabalho   possa   contribuir   para   que   haja   o 

desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita do gênero textual História em 

21

quadrinhos.  Que  as  atividades  aqui  propostas  possam aperfeiçoar  ainda  mais  o 

trabalho com a língua.

A  Autora

APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE LEITURA E ESCRITA DA HQ

Objetivos: Apresentar o projeto de leitura e escrita das HQ. Motivar os alunos para 

a participação no projeto, criando um problema de comunicação que será 

“solucionado” com a leitura e escrita de HQ.

Professor,  

Como a produção será em grupo, é melhor que antes do início da SD você já faça a 

divisão da sala, para que todas as atividades sejam feitas coletivamente pelo mesmo 

grupo.  Para  começar  a  SD,  inicie  um bate­papo com a  turma.  Pergunte  a seus 

alunos  se  eles  costumam  ler  gibis  ou   tirinhas  que  são  publicadas  em  jornais  e 

revistas, quais as histórias/personagens que mais gostam, qual a diferença entre HQ 

e   tirinha.  Pergunte­lhes   também se  já  observaram como é   feita  a  sequência  de 

quadrinhos das HQ, os recursos visuais que são usados. Mostre que as HQ são 

elaboradas a partir de uma narrativa contada através de figuras, recursos visuais e 

de diálogos (colocados em balões). E todos esses elementos precisam ser levados 

em conta na hora da sua leitura. 

Esse momento precisa ser bastante descontraído e motivador. Faça­os perceberem 

que para fazerem uma boa leitura desse gênero eles precisam conhecer melhor os 

seus recursos, tanto os linguísticos como os visuais. Para isso, leve uma tirinha ou 

22

uma HQ e projete na TV pendrive, e faça perguntas de compreensão do texto que 

os levem a perceber como é preciso estudar melhor esse gênero (como sugestão, 

você pode desenvolver a atividade 1 deste módulo, ou pode, você mesmo escolher 

uma tirinha ou HQ para fazer essa introdução).  

Depois, proponha um projeto de leitura e escrita com a HQ. Seja bastante motivador 

nessa hora. Diga a eles que o objetivo desse trabalho é que conheçam os recursos 

utilizados   pelas   HQ,   tanto   os   linguísticos   como   os   visuais,   dando   a   eles   a 

oportunidade de criarem seus próprios textos, com criatividade e autonomia.

A proposta é  que os alunos,  em grupos (aproximadamente 4 alunos),  produzam 

várias  HQ para   serem entregues   à   biblioteca  da  escola.  Para   comemorar   essa 

finalização do projeto, você organizará uma exposição com os textos dos alunos, 

com a presença da comunidade escolar, para que os convidados possam apreciar 

os   trabalhos,  buscando,  assim,  novos   leitores  para  esse  gênero.  Nesse  dia,  os 

alunos poderão  fazer uma  leitura ou dramatização das HQ para os visitantes da 

exposição. Buscamos, com essa estratégia, estabelecer interlocutores “reais” para 

os textos dos alunos, que não seja apenas o professor de sala de aula. 

Antes   de   passar   para   a   próxima   oficina,   você   deve   ler   o   texto   “Um   pouco   de 

histórias” e comentar, com os alunos, sobre a origem e o desenvolvimento das HQs.

ATIVIDADE

1) Observe a tirinha e responda:

a­ Como sabemos que Cascão está gritando?

23

b­ A  forma e o  tamanho das  letras são  importantes para o entendimento do 

texto? Dê sua opinião sobre isso.

c- O formato e o contorno dos balões  são sempre os mesmos ou mudam? Na 

sua opinião, porque isso ocorre?

d­ Por que Cascão está bravo com o Cebolinha?

e­ Como o Cebolinha reage aos gritos do Cascão? Como foi possível dar essa 

resposta?

f­ Quem realmente está repetindo a fala do Cascão? E como percebemos isso?

TEXTO DE APOIO

Um pouco de Histórias

O homem primitivo mesmo não sabendo escrever, registrava, nas paredes das 

cavernas, desenhos que representavam os animais e a natureza e com isso criou­se 

os símbolos pequenos sinais ou figuras para expressar idéias registrar seu cotidiano. 

Foram esses registros a manifestação mais remota de algo parecido com as 

Historias em Quadrinhos.

As Histórias em Quadrinhos, como concebemos hoje, surgiram no final do século 

XIX, publicadas em jornais ou revistas de grande circulação da Alemanha e Estados 

Unidos. No Brasil, segundo o quadrinista (José AlbertoLovredo,(1993) as histórias 

em quadrinhos nasceram em 1869 com  lançamento da revista Vida Fluminense,e 

as Aventuras de Nhô Quim ou impressão de uma viagem à corte.Publicadas em 

capítulos de duas páginas semanais,essas aventuras eram vividas por um 

atrapalhado personagem,que viajava de Minas Gerais para a corte, no Rio de 

Janeiro.

A partir de então, os quadrinhos foram um meio de comunicação em massa e de 

grande penetração popular e essa popularidade causou uma espécie de 

desconfiança quanto aos efeitos que eles poderiam causar em seus leitores. Por 

isso, as HQ encontraram em sala de aula severa restrições,acabando por serem 

banidas do ambiente escolar. Porém, esse quadro foi se modificando e, hoje, os 

quadrinhos são vistos como objetos de ensino.

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Fonte: Adaptação de Ensinar e aprender, v. 3, Secretaria do Estado do Paraná,1997

RECONHECENDO O GÊNERO HQ, SEUCONTEXTO DE PRODUÇÃO E AS HISTÓRIAS DE MAURÍCIO DE

SOUZA

Professor,

Nessa oficina você  deve  levar para a sala de aula vários exemplares de gibis e 

tirinhas da turma da Mônica e distribuí­los aos alunos. Peça­lhes que façam a leitura 

e   que   estejam   atentos   à   forma   como   o   autor   criou   a   narrativa   e   os   recursos 

linguísticos e visuais que ele usou. 

Após a leitura das histórias, abra espaço para que os alunos comentem oralmente 

suas descobertas. Em seguida, proponha que, no caderno, respondam as seguintes 

perguntas:

Quem é o autor, ou autores, dessas histórias em quadrinhos?

Quando ele escreve essas histórias ele assume que papel social? De um pai, de um 

professor, de um jornalista ou de quadrinista que quer entreter o seu público?

E quem será que lê essas histórias? Crianças, jovens, adultos? Pessoas letradas ou 

iletradas? 

Com que objetivo se lê uma história em quadrinho? Será que é o mesmo objetivo 

que se lê uma notícia, por exemplo?

Como são as histórias em quadrinhos? Dramáticas? Românticas? Engraçadas?

Sobre o que falam, em geral, essas histórias?

Será que, nos dias atuais, se lê muito histórias em quadrinhos? Por quê?

Que diferenças percebem entre as histórias em quadrinhos e os textos narrativos 

trazidos pelos livros didáticos?

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E entre as histórias dos gibis e as tirinhas?

Vocês sabem onde são publicadas as tirinhas?

Para que servem os balões que aparecem nos quadrinhos?

Há diferentes tipos de balões? Você saberia explicar o motivo?

Como são caracterizados os personagens das histórias que lemos?

Quais os recursos utilizados pelo autor para expressar o sentimento das 

personagens?

Que outros recursos gráficos, além das figuras e da escrita, aparecem nos 

quadrinhos?

Qual história chamou mais a sua atenção? Por quê?

A PRIMEIRA PRODUÇÃO

• Objetivo: produzir uma primeira versão do texto para diagnosticar o quanto 

os alunos sabem sobre o gênero, assim como definir os objetos didáticos que 

podem ser explorados na SD.

Professor,

Nessa etapa,  os  alunos,  em grupo  de aproximadamente  4  alunos,  produzirão a 

primeira versão de uma HQ, utilizando  personagens da turma da Mônica e quantos 

quadrinhos forem necessários. Eles poderão se basear em uma narrativa do seu 

próprio   livro   didático   ou   criar   suas   próprias   histórias.   Deixe­os   à   vontade   para 

escolherem   a   história   que   querem   trabalhar.   Poderão   desenhar   as   figuras   ou 

recortar e colar de gibis, revistas ou da internet. Para isso peça aos seus alunos, 

com antecedência, que levem para a aula gibis da turma da Mônica que possam 

recortar, ou você pode fazer isso.

26

OS RECURSOS VISUAIS

• Objetivo: Apresentar os recursos visuais das HQ e reconhecê­los dentro das 

histórias.

Professor,

Antes de iniciar a atividade, leia o tópico 3 do modelo didático, “ângulos e planos de 

visão”. Explique aos alunos o que são ângulos e planos de visão, leve para a sala 

exemplares de gibis, distribua­os e peça que procurem nas histórias os diferentes 

ângulos e planos  fazendo­os perceber qual  a  intencionalidade do quadrinista  em 

usá­los, pois o enquadramento no interior dos quadrinhos facilita a compreensão do 

texto.

Depois   de   localizados   os   ângulos   e   planos,   peça­lhes   que   escrevam   o   que 

aprenderam sobre cada um: esse será o relatório do aprendizado dessa oficina!

 

ATIVIDADE

1) Identifique nos quadros abaixo os ângulos e planos de visão usados pelo 

autor e a sua intencionalidade:

.

27

Professor,

Agora, utilizando uma das histórias em anexo, ou do gibi que você deverá levar para 

a sala, explore com os alunos os recursos visuais da HQ (você pode projetar a HQ 

na  TV  pendrive   ou   tirar   cópias  para  os  grupos).  Estude  a   seção  5   do  modelo 

didático, antes de iniciar o trabalho. Veja que a forma e o tamanho das letras são 

importantes  para  o  entendimento  do   texto,   assim  como  os     diferentes   tipos  de 

balões, a sua  função dentro da narrativa,   o uso das  legendas, as quais podem 

indicar  mudanças de tempo e espaço. Fale também sobre as metáforas visuais que 

servem para reforçar ideias e sentimentos dos personagens.

Oriente os seus alunos a realizarem as atividades propostas, a seguir.

ATIVIDADES

1) Qual o significado do formato dos balões abaixo? No segundo quadrinho, além 

do   formato   do   balão,   quais   outros   recursos   visuais   utilizados   para   dar 

significação à fala do Cebolinha?

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2) O que indica o balão da próxima tira?

3) Que metáforas visuais podem ser identificadas nos quadrinhos abaixo?

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4) Crie pequenos diálogos para as  tirinhas a seguir,  usando diferentes   tipos de 

balões. Depois, recorte e cole os seus textos em uma folha e exponha­os no 

painel da sua sala. Faça também uma pequena apresentação oral para a classe.

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A EXPRESSÃO E OS TIPOS DE PERSONAGEM

Professor,

Coloque para  os alunos na TV pendrive as histórias    que estão em anexo.  Em 

seguida, chame a atenção dos alunos para que observem as personagens, como 

elas   são   fisicamente.   Mas   também   como   as   características   psicológicas   são 

representadas   pelas   figuras,   por   suas   ações,   gestos   e   pela   maneira   de   se 

comportarem.   Leia   o   tópico   7   do   modelo   didático   “Expressões   e   tipos   de 

personagens” para poder conduzir as atividades propostas para os alunos.

Na etapa da atividade que é feita oralmente você pode pedir para cada grupo fazer 

um exercício.

ATIVIDADES

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1) Observe as figuras abaixo e descreva as expressões dos personagens. 

Depois   exponha,   oralmente,   uma   situação   em   que   essas   cenas 

poderiam ser inseridas em uma história em quadrinho:

AS ONOMATOPEIAS

32

• Objetivo:  Trabalhar  com expressões da  língua que  representem os sons, 

chamadas de onomatopeias.

Professor,

Converse com os alunos e vá colocando na lousa o que eles sabem ou conhecem 

sobre onomatopeias. Reforce a importância do seu uso nas HQ, mostrando a sua 

funcionalidade. Dê exemplos. Você pode usar a história em anexo, ou passar um 

filme da turma da Mônica, questionando­os como os sons que aparecem na história 

do  desenho animado seriam  representados na escrita.  Faça com eles  uma  lista 

dessas palavras, antes de realizar as atividades. Veja o tópico do modelo didático 

como apoio.

Proponha, depois, as atividades a seguir.

ATIVIDADES

1) Agora que você já sabe o que é onomatopeia, escreva uma (ou mais) expressão 

que represente graficamente o som de um(a):

a) gato miando

b) porta batendo

c) telefone tocando

d) buzina do carro 

e) pássaro cantando

2) Agora,   vamos  observar  os  quadrinhos  e  explicar  o   significado  das  seguintes 

onomatopeias:

33

34

TRABALHO DE PESQUISA

Pesquise em livros, gibis, revistas jornais ou na internet outros exemplos 

de onomatopeias e traga para compartilhar com seus amigos. Faça uma 

exposição oral com o resultado da sua pesquisa.

A NARRATIVIDADE DAS HQ

• Objetivo: Reconhecer os elementos da narrativa contidos nas HQ.

Professor,

Para esse módulo é preciso expor aos alunos os elementos da narrativa que estão 

contidos nas HQ, mostrando  que, em um texto em prosa, é preciso indicar as ações 

através  da  voz  do  narrador  e,  sobretudo,   introduzir  as   falas  das personagens e 

indicá­las com a pontuação adequada.

Mostre   a   eles   que   ao   se   colocar   as   falas   das   personagens   é   preciso   usar   o 

travessão e outros sinais de pontuação, ressaltando com exemplos o discurso direto 

35

e indireto. Para sistematizar esses conhecimentos, trabalhe com eles as atividades 

sobre o discurso narrativo que o seu livro didático traz.

Leve, para a sala, exemplares de gibis e peça aos alunos que escolham uma história 

e a transforme em um conto, ou seja, em um pequeno texto narrativo em prosa. Veja 

o comando, na atividade 2.

Após o termino do trabalho, proponha aos grupos revisem os textos uns dos outros. 

Para isso, você deve montar para eles um roteiro de revisão. Depois de revistos e 

reescritos, monte uma coletânea de contos para ser exposta no dia da exposição.

ATIVIDADES

1) Observe a tira abaixo:

Reescreva a história, em prosa, de dois modos diferentes:

a- Sem usar diálogos para as  falas das personagens, como se você   fosse o 

narrador  que assistiu  à  cena,  contando o que se passou.  Use o  discurso 

indireto. Comece com: “Certo dia, Bidu encontrou...”

b- Agora expressando a fala das personagens por meio de diálogos (discurso 

direto).Não se esqueça de usar o travessão para introduzir as falas.

2) Escolha uma história em quadrinhos da turma da Mônica. Agora, você  vai 

transformar essa história em um conto, ou seja, em uma narrativa em prosa, 

36

sem usar nenhum recurso visual.  Para  isso, primeiramente,  deve criar  um 

narrador para contar a história. Nas HQ não há um narrador explícito, pois os 

recursos   visuais   (como   vimos   nas   oficinas),   contidos   quadro   a   quadro, 

cumprem  o  papel  de   “narrar   a   história”   para  o   leitor.  Depois,   você   pode 

transformar os diálogos dos balões em discurso direto, usando dois pontos 

e travessões para introduzi­lo.   Você pode optar também por transformar os 

diálogos em discurso indireto.  Nos dois casos, preste atenção nos verbos 

do dizer, como dizer, perguntar, indagar, responder, etc.  Não se esqueça de 

descrever as personagens,  os lugares (por exemplo, a cena ocorre durante 

o   dia   ou   à   noite?),   etc.   Ao   terminar   dê   um   título   a   seu   conto.  

A PRODUÇÃO FINAL

• Objetivo: Consolidar as aprendizagens interiorizadas nos módulos.

Professor,

Faça a releitura das primeiras produções com a finalidade de  trabalhar os aspectos 

gramaticais   diagnosticados   na   primeira   produção.   Para   isso   faça   uso   do   livro 

didático  da   turma.  Depois,  peça que cada grupo escreva uma nova história  em 

quadrinhos, incorporando os aprendizados das oficinas.  Peça que eles se orientem 

pelos   relatórios   de   aprendizagem   registrados   nos   cadernos.   Caso   você   ache 

necessário, esquematize esses relatórios em um único texto e entregue aos alunos 

como material de apoio da revisão textual. Para ficar mais fácil a revisão e correção 

dos textos, peça para que eles, antes de escreverem as falas nos balões, escrevam 

em uma folha avulsa para você corrigir. 

ATIVIDADE: Agora é sua vez de produzir!

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1) Cada grupo  deve  criar  uma história  em quadrinhos  com os  personagens  da 

Turma da Mônica, empregando os recursos estudados. Você pode desenhar ou 

recortar  e   colar  os  personagens  e  o  cenário.  Use quantos  quadrinhos   forem 

necessários.  Lembre­se de que o seu papel não é  mais o de aluno que está 

querendo  mostrar   para   a  professora  que  aprendeu  o   conteúdo,  mas  de   um 

quadrinista que quer elaborar uma história em quadrinhos muito divertida para 

ser lida por todos aqueles que visitarem a exposição na biblioteca. Mãos a obra!

 Anexos:

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39

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11. Referências 

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