da escola pÚblica paranaense 2007 · detalhadas pelo professor joão luiz gasparin em seu livro...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Produção Didático-Pedagógica 2007
Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE
VOLU
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OAC – Objeto de Aprendizagem Colaborativa – PDE 2007
(Recorte do APC-SEED)
PROFESSOR PDE: Márcia Becker Bonetti
ORIENTADOR IES: Ricardo Leme
DISCIPLINA: Geografia
ENSINO: 5ª série do Ensino Fundamental
ESTABELECIMENTO: Colégio Estadual Mário de Andrade
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: A dimensão econômica da produção do/no
espaço
TEMA/TÍTULO: As Relações econômicas entre o campo e a cidade, na
perspectiva histórico-crítica
1- PROBLEMATIZAÇÃO
Admira, meu filho, a sabedoria divina
Que fez o rio passar bem perto da cidade! (Attico Chassot)
Leia mais:
Com esta sugestiva frase, que ilustra a introdução do livro de Attico
Chassot, “A ciência através dos tempos” (2004, p. 7), o autor convida o leitor a
passear pelos séculos de história da ciência, motivo pelo qual cabe tão bem
aos nossos propósitos. Assim, da mesma forma, queremos convidar nossos
colegas professores para apreciar algumas idéias e sugestões de como
poderiam trabalhar o conteúdo específico “Relações Econômicas entre o
Espaço Rural e Urbano, na perspectiva histórico-crítica”, com alunos da 5ª
série do Ensino Fundamental.
A decisão de resgatar textos e proposições sobre a pedagogia histórico-
crítica surgiu da necessidade gerada pelas novas determinações das Diretrizes
Curriculares Educacionais - DCEs, da disciplina de Geografia, no Estado do
Paraná, a partir de 2003. No documento, o objeto de estudo da Geografia
passa a ser o espaço geográfico construído e reconstruído pela ação humana
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através do trabalho, abordagem ancorada pelo materialismo histórico-dialético,
num esforço de subsidiar, aos alunos da rede, um ensino que os
instrumentalize a compreender, criticamente, as contradições de nossa
sociedade.
Com o objeto da Geografia assim definido, a proposta metodológica que
mais se adapta às determinações das DCEs/PR, e que parece implícita em seu
discurso, é a pedagogia histórico-crítica de Saviani. Esta correlação é
explicitada no documento das DCES quando são definidos, como estratégias
de ensino, quatro Conteúdos Estruturantes, os quais devem ser relacionados
permanentemente com os conteúdos específicos, quer sejam: Dimensão
Econômica da Produção do/no Espaço Geográfico, Geopolítica, Dimensão
Socioambiental e Dinâmica Cultural e Geográfica.
A pedagogia histórico-crítica fundamenta-se nos pressupostos filosóficos
e epistemológicos da teoria dialética do conhecimento, ou seja, no uso do
método dialético prática-teoria-prática, a qual considera que o conhecimento se
origina do mundo material e não no mundo das idéias, como pensa o
Idealismo. Portanto, através da ação humana na natureza, criando as bases
materiais para sua sustentação e desenvolvimento, é que o homem cria os
conhecimentos e se constitui como um ser histórico, transformando-se num ser
com as características do momento específico vivido.
“Sendo assim, o conhecimento se origina na prática social dos homens e nos processos de transformação da natureza por ele forjados (...). Agindo sobre a realidade os homens a modificam, mas numa relação dialética, esta prática produz efeitos sobre os homens, mudando tanto seu pensamento, como sua prática.” (CORAZZA, IN. GASPARIN, 2005, p. 04)
E, nesta incessante interação do homem com o meio e entre os outros
homens de sua convivência, através do trabalho, que este vai refletindo sobre
suas ações e elaborando novos conhecimentos, que o permite novas
transformações sociais.
“Ao construírem um sistema explicativo da história e da sociedade, Marx e Engels elaboraram e estabeleceram os princípios epistemológicos que orientam sua análise. Ainda que de forma implícita é possível perceber uma proposta para a produção do conhecimento. De acordo com a perspectiva dialética, sujeito e objeto de conhecimento se relacionam de modo recíproco ( um depende do outro) e se constituem pelo processo histórico social. Podemos entender então que as idéias são decorrência da interação do homem com a natureza e o conhecimento é determinado pela matéria, pela realidade objetiva. O homem faz parte da natureza e a recria em suas idéias, a partir de sua interação com ela.” (REGO, 1995, p. 98)
Neste sentido, conforme Corazza (IN. Gasparin, 2005, p.5), o
conhecimento origina-se na experiência, no empírico (a síncrese), é abstraído
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(análise) e finalmente transformado em um novo conhecimento (síntese). Se
assim o conhecimento é adquirido, portanto uma metodologia educacional de
aprendizagem que queira ser realmente transformadora deverá ser aquela que
leva em conta estes fatores, como diz Saviani:
“(...) o movimento que vai da síncrese (“ a visão caótica do todo”) à síntese (“uma rica totalidade de determinações e de relações numerosas”) pela mediação da análise (“as abstrações e determinações mais simples”) constitui uma orientação segura tanto para o processo de descoberta de novos conhecimentos (o método científico) como para o processo de transmissão-assimilação de conhecimentos ( o método de ensino).” (SAVIANI, 1991, p. 83)
Tais métodos, segundo Saviani:
“(...) se situarão para além dos métodos tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Portanto, serão métodos que estimularão a atividade e iniciativa dos alunos sem abrir ao, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimentos psicológico mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos (...)” (SAVIANI, 1991, p. 79) Grifos nossos.
Esta concepção não significa uma somatória de vários métodos optando
por um ecletismo. Antes, porém, trata-se de uma apropriação do que convém
de técnicas e instrumentos que obtiveram resultado positivo, empenhados em
facilitar o trabalho de professor e aluno, tidos aqui como agentes sociais e não
em suas individualidades.
Assim entendendo, Saviani (1991, p 79 a 81) definiu seu método em
cinco passos ou etapas, assim descritas: prática social, problematização,
instrumentalização, catarse e prática social. Posteriormente, estas foram
traduzidas e adaptadas por Gasparin (2005), contribuindo grandemente para a
construção de uma didática específica para a pedagogia histórico-crítica.
Para pensarmos como se dá a aprendizagem dos alunos e,
conseqüentemente, como uma aula de Geografia pode ser elaborada nos
passos do método de Saviani, fomos buscar apoio nas idéias da Psicologia
Histórico Cultural de Vygotsky. Esta escola de psicologia nos legou muitos
escritos sobre o processo cognitivo do conhecimento, baseando seus estudos
no método dialético, ou seja, a prática-teoria-prática. Para Vygotsky, o
processo de ensino-aprendizagem ideal percorre o seguinte caminho: inicia-se
com o que o aluno conhece sua experiência social concreta, que ele chama de
zona de desenvolvimento imediato e, através da mediação do professor e de
seu método, pode-se chegar a um conhecimento mais elaborado, que é a zona
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de desenvolvimento atual ou proximal, permitindo-lhe mudar sua maneira de
ver o mundo e interferir na sua prática.
Em razão do que mencionamos, propomos neste OAC uma sugestão
de conteúdo e atividade, possível de ser trabalhado em sala de aula com 5ª
séries do Ensino Fundamental, baseando-os na Pedagogia Histórico-Crítica,
detalhadas pelo professor João Luiz Gasparin em seu livro “Uma Didática para
a Pedagogia Histórico-Crítica” (2005).
Por que este conteúdo e por que esta série?
É consenso entre os professores de Geografia que são muitas as
dificuldades encontradas pelos alunos da 5ª série do E. F. na compreensão de
alguns conteúdos e, principalmente, os que abordam questões de ordem
econômica.
O fato é que algumas discussões pretendidas nesta série, e não é
exclusividade da Geografia, são difíceis de se efetivarem pelas características
deste aluno em processo de adaptação. Este se encontra ainda aprendendo a
fazer conexões do real, a abstrair com dificuldade. Precisa de muita atenção do
professor porque é nesta série que, teoricamente, inicia o processo de
formação dos conceitos científicos. Tornar os conhecimentos significativos para
a 5ª série e dar conta da diversidade das demais turmas, não é uma tarefa fácil
para o professor, principalmente quando não se tem clareza de como fazer.
As relações econômicas entre o campo e a cidade e suas
transformações na vida das pessoas são processos contínuos, porém,
normalmente, o aluno não se dá conta que vivencia estes saberes em seu
cotidiano, motivo de optarmos pelo conteúdo específico “Relações Econômicas
entre o Espaço Rural e Urbano”.
Contrariando as idéia de muitos intelectuais da área da educação,
acreditamos que a melhor forma de contribuirmos com o trabalho dos
professores que atuam em salas de aula, é os auxiliarmos na árdua tarefa de
planejar as aulas:
“A teoria em si (...) não transforma o mundo. Pode contribuir para a sua transformação, mas para isso tem de sair de si mesma, e, em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação (...)”, permitindo “uma educação das consciências (...)” ( VÁSQUEZ, IN. Saviani, 1991)
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2 - INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR
1.ª PROPOSTA: Como elaborar um plano de aula sobre o conteúdo as
relações econômicas entre o campo e a cidade, na perspectiva histórico-
crítica?
É comum a todos a mesma dúvida: Como fazer? Que passos seguir
para preparar uma aula nesta proposta?
Na seqüência, apresentaremos as etapas básicas, sugeridas pelo
professor João Luiz Gasparim, em seu livro “Uma didática para a pedagogia
Histórico-Crítica”, e algumas sugestões de questões, as quais deverão ser
observadas para desenvolvimento de qualquer conteúdo.
No nosso entendimento as questões para discussão com os alunos são
fundamentais para o êxito desta metodologia, haja vista que elas
problematizam e promovem a reflexão, tão necessárias à formação dos
conceitos científicos pelos alunos.
1. PRÁTICA SOCIAL INICIAL DO CONTEÚDO
1.1 Conteúdos: As relações econômicas entre o campo e a cidade, na
perspectiva histórico-crítica.
A aula poderá ser iniciada pela apresentação do conteúdo ou com o
questionamento do item 1.2. Sugerimos que o professor diversifique a
apresentação entre uma e outra sugestão.
1.2 Perguntar o que os alunos já sabem sobre o conteúdo e anotar as
respostas no quadro. Os alunos poderão responder:
- Economia é o que se produz na indústria.
- O meio rural é onde se planta e produz o leite, os ovos, etc.
- No interior a vida é mais calma.
- A cidade é muito urbanizada e agitada, e aí por diante.
- O que os alunos gostariam de saber mais sobre o conteúdo?
1.3 Através de questões previamente preparadas pelo professor ou daquelas
que os alunos propuserem, desafiá-los a se envolverem na discussão,
devendo estas questões ser registradas para posterior análise:
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-O que é meio rural e urbano?
- O que é economia? E reorganização econômica?
- Quais os produtos que fazem parte da economia do nosso município?
Poderão ser utilizados materiais motivadores tais como: vídeos, jornais,
revistas, livros, etc. É importante não aprofundar a discussão iniciada, apenas
registrar a compreensão dos alunos sobre o conteúdo, assegurando a livre
expressão das idéias, dúvidas e curiosidades sobre o tema.
2. PROBLEMATIZAÇÃO
Após ter sido feito o levantamento das questões postas pela prática social
inicial, ficará evidenciado a necessidade de dominar determinados conteúdos.
O professor formulará novas questões aos alunos, contextualizando os outros
aspectos da vida social, econômica, política, cultural, filosófica, histórica, etc.,
por exemplo:
- Quem são os responsáveis pelo fornecimento da alimentação da
população urbana?
- O campo depende da cidade? Em que sentido?
- O que é valor social de um produto?
- O que é latifúndio e minifúndio?
- Que tipo de propriedade predomina em nossa região? Por quê?
- Que tipos de lazer encontramos no meio rural e no urbano?
- Como está organizado o nosso município? Há favelas em sua paisagem?
- Como se formou nosso município e a sua população?
3. INSTRUMENTALIZAÇÃO
Nesta etapa se materializa uma proposta de atividade, podendo ser utilizada a
sugerida neste OAC, pois neste momento os alunos estão informados e
motivados para uma prática.
3.1 Ações didático-pedagógicas e recursos diversos: aula expositiva; pesquisa;
trabalho em grupo leituras; palestras; trabalho de campo; vídeos; jogos da web;
música; teatro; etc.
4. CATARSE
4.1 Momentos em que os alunos expressam suas sínteses mentais e,
aleatoriamente, vão discorrendo sobre quais conclusões chegaram.
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4.2 Expressões das sínteses dos alunos, avaliação:
Através de uma avaliação diagnóstica e formal, o professor solicita aos alunos,
individualmente ou em grupos, a elaboração de um texto sobre o tema
estudado, fazendo referências às diversas dimensões trabalhadas.
5. PRÁTICA SOCIAL FINAL
Confrontar os textos elaborados na catarse com os relatos da Prática Social
Inicial; fazer as devidas e finais reflexões e, se necessário, retomar ou
complementar com os conteúdos que ficaram superficiais. Verificar, ainda, a
importância do uso do conteúdo na vida cotidiana dos alunos.
5.1 Posturas práticas atuais e ações dos alunos
Sempre que o conteúdo permitir, a etapa final do método será dedicada a
contribuir para o desenvolvimento de uma postura de co-responsabilidade dos
alunos em relação aos problemas de sua realidade. Juntos, professor e alunos
elaboram um plano de ação que possibilite a intervenção de ambos na vida
social que atuam, especificando novas atitudes a serem tomadas para os
problemas levantados no diálogo inicial.
Este plano deve ser feito em forma de tabela, em duas colunas, sendo a
primeira destinada às intenções e a segunda para as ações correspondentes.
Um modelo de plano de ação poderá ser encontrado nos anexos do livro do
professor Gasparin, páginas 163 a 191.
2.ª PROPOSTA: Poesia – “O Açúcar” O professor poderá apresentar a poesia “O Açúcar”, transcrita em papel A4, na
íntegra, para análise e debate pela classe. Abaixo seguem algumas estrofes:
“O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
(...)
Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco (...).
(...)
Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola,
Homens que não sabem ler e morrem de fome aos vinte e sete anos
Plantaram e colheram a cana que viraria açúcar.
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(...) produziram este açúcar branco e puro com que adoço o meu café
Esta manhã em Ipanema”.
Fonte: GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro, ed. Civilização
Brasileira, 1980.
Esta poesia poderá ser encontrada na íntegra no livro didático do Programa
Nacional do Livro Didático – PNLD 2005:
ROCKENBACH, Denise... (et al.) Projeto Educação para o século XXI, 1.ª ed.,
São Paulo, Moderna, 2002, p. 128 - Série Link do Espaço
A sugestão é que os alunos inicialmente leiam e discutam, em grupos, o que
entenderam sobre o poema e apresentem as conclusões oralmente.
Na seqüência, o professor iniciará um debate com a turma, questionando:
- quais são as atividades envolvidas na produção do açúcar?
- o que são relações de trabalho?
- como se dão as relações entre o campo e a cidade por meio da dessa rede
de produção do açúcar?
- em que se baseia a produção agrícola de seu município?
- as áreas rurais são de pequeno ou grande porte, ou seja, minifúndios ou
latifúndios?
- que tipos de empregos são oferecidos em seu município?
- como é a qualidade de vida das pessoas?
- quais os principais problemas?
Esta discussão pode oferecer subsídios para a elaboração do plano de ação a
ser elaborado pelo professor e sua classe, sugestão encontrada na prática
social final, já mencionada neste item.
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3 - PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
3.1 ARTES - História em Quadrinhos
A disciplina de Artes poderá propiciar a elaboração de histórias em
quadrinhos com o tema "A origem e colonização do município e do Paraná".
Para facilitar este trabalho, o professor poderá fazer uso do HagáQuê 1.02, que
é um editor de histórias em quadrinhos o qual poderá ser baixado, acessando-
se o site:
http://www.nied.unicamp.br/~hagaque.
3.2 CIÊNCIAS - Impactos Ambientais
Na disciplina de Ciências, aproveitar o momento e discutir os impactos
ambientais causados pela produção econômica no município, tanto pelos
efeitos da urbanização sem planejamento como, na área rural, devido ao uso
indevido do solo, tais como: assoreamento dos rios, poluição das águas, do
solo e ar, desmatamentos e queimadas, construções indevidas em encostas ou
em áreas de preservação.
Para complementar poderá sugerir uma pesquisa de campo, dividindo a
turma em duas equipes, a fim de detectar:
• Uso do espaço rural: Aspecto dos rios; tipos de culturas produzidas e
épocas de plantio; quais os equipamentos utilizados pelos agricultores;
tipos de plantio; utilização de agrotóxicos, herbicidas e ou sementes
transgênicas;
• Uso do espaço urbano: Poluição das águas, do solo e do ar;
construções irregulares em encostas, etc.
3.3 MATEMÁTICA: Cálculos
- Cálculo de área e escala;
- Estudo de percentuais em relação à população rural e urbana;
- Cálculo e estimativa da produção econômica do município;
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4- CONTEXTUALIZAÇÃO
A URBANIZAÇÃO DE SEU MUNICÍPIO
“A cidade de hoje, é o resultado cumulativo de todas as outras cidades
de antes, transformadas, destruídas, reconstruídas (...) pelas transformações
sociais ocorridas através dos tempos (...)” Sposito (2005, p.11).
A industrialização modifica as relações dos homens entre si e com a
natureza e torna o espaço das cidades a materialização do modo de produção
capitalista, o melhor local para sua expansão e estruturação. Para que esta
subordinação seja completa, em alguns casos, a agricultura de subsistência é
eliminada e, através da especialização industrial, é transformada em empresa
rural. A relação entre o campo e a cidade intensifica-se de maneira tal, que em
determinadas áreas sua distinção já não é mais possível.
A contextualização do conteúdo "Relações econômicas entre o espaço
rural e urbano”, em se tratando da pedagogia histórico-crítica, coincide com a
etapa problematização do conteúdo, detalhada no item ”INVESTIGAÇÃO
DISCIPLINAR”.
O tema em questão é extremamente amplo e possibilita diversas
contextualizações. É importante, entretanto, que a tônica da discussão seja a
cidade e a urbanização. Que o objetivo maior seja levar o aluno a perceber que
a industrialização continua mudando a paisagem continuamente e fundamenta
a divisão do trabalho entre o campo e a cidade. O que era campo há 50 anos
hoje é a cidade, e se pergunte:
- Como se formou nosso município e a sua população?
- Que tipo de propriedade predomina em nossa região? Por quê?
- O campo depende da cidade? Em que sentido?
- Quem são os responsáveis pelo fornecimento da alimentação da população
urbana?
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- O que é latifúndio e minifúndio?
- Que tipos de lazer encontramos no meio rural e no urbano?
- Como está organizado o nosso município? Há favelas em sua paisagem?
- Para onde iremos?
- Que tipo de atividades nosso município deveria desenvolver para tornar o uso
do espaço mais justo?
- Como contribuir para o desenvolvimento econômico da cidade sem agredir
seus recursos naturais? É possível?
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5- SÍTIOS
5.1 CIDADES - http://www.cidades.gov.br
Acessado em nov. 2007
É um site do Ministério das Cidades, vinculado ao Governo Federal. Apresenta
notícias sobre os programas federais na área de infra-estrutura das cidades
brasileiras. Podem ser encontradas, ainda, informações sobre as seguintes
secretarias: habitação, transporte, programas, etc.
5.2 ELEMENTOS URBANOS - http://www1.uol.com.br/ecokids/cidade.htm
Acessado em nov. de 2007
O meio ambiente e a ecologia são os temas principais deste site. No link sobre
a cidade há um jogo interativo que explora elementos como bancos, jornais,
supermercados, etc., Pode ser usado como atividade lúdica complementar para
os alunos se divertirem enquanto estudam.
5.3 EMBRAPA - http://www.embrapa.br/
Acessado em nov. de 2007
Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária é um Instituto de
Pesquisa, vinculado ao governo federal e fornece informações sobre a
produção agropecuária brasileira. Ferramenta importante de consulta para o
professor.
5.4 O FUTURO DO RURAL -
http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC597286-2344,00.html
Acessado em nov. de 2007
É uma entrevista em que Ernesto de Souza conversa com o professor da
Faculdade de Economia e Administração da USP-SP, Ricardo Abramovay,
sobre o lançamento de um livro deste último, que trata da ruralidade. São
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discutidos também assuntos como turismo e preservação da biodiversidade,
agricultura familiar, êxodo rural entre outros.
A tônica do texto gira em torno do que o autor chama de "reinvenção" do rural,
quer seja, o grande valor atribuído ao estilo de vida cada vez mais procurado
pelos habitantes dos grandes centros, desmistificando a crença de que o rural
se extinguiria.
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6- SONS E VÍDEOS
6.1 VÍDEOS:
-Título: Central do Brasil
- Direção: Walter Salles - Produtora: Vídeos Filmes
- Duração: 01h52min - Local da publicação: Brasil - Ano: 1998
- Disponível em: http://www.centraldobrasil.com.br/abertu_p.htm
-Comentários: É a história da vida de Dora e Josué. Dora, uma professora
aposentada que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos, na Central
do Brasil, a maior estação de trens do Rio de Janeiro. Ele, um garoto pobre,
que perde sua mãe no Rio de Janeiro, com apenas oito anos de idade. Josué
sonha com uma viagem ao Nordeste para conhecer o pai, pois em São
Paulo encontra-se perdido e entregue às várias formas de violência urbana.
Após um grave acidente, no qual Josué quase foi vítima de uma
tentativa de tráfico para o exterior, Dora atende os apelos do menino e o
acompanha em busca de seu pai e irmãos numa viagem para o sertão da
Bahia e Pernambuco.
O filme procura mostrar a realidade do Brasil no final do século XX,
mostrando as condições de vida na periferia de uma cidade grande em um
país subdesenvolvido. Os migrantes nordestinos que abandonam o sertão em
busca de melhores oportunidades na cidade, contribuiu para o aumento de
miseráveis nos centros urbanos, entregues ao tráfico, assaltos e outros delitos,
como alternativa para sobrevivência.
No site acima poderão ser encontrados o trailer do filme, detalhes sobre
a filmagem e o filme como um todo.
6.2 VÍDEOS:
-Título: Cidades - Da Aldeia à Megalópole
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-Direção: Nancy LeBrun - Produtora: Discovery Communications
-Duração: 00h50min - Ano: 1994
-Local da publicação: Coleções da Revista Superinteressante
- Comentários: Por que a humanidade, sempre que tem a chance de escolher,
prefere o corre-corre urbano ao sossego campestre?
O movimento em direção às cidades começou a mais de 5.000 anos, quando
surgiram as primeiras delas, na Mesopotâmia. E nunca mais parou. O início do
século XXI marca o momento em que, no mundo inteiro, passa a existir, mas
gente nas cidades do que no campo. Conheça neste vídeo a história, as
vantagens e os problemas da urbanização.
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7- IMAGENS
Na primeira foto podemos ver a mecanização da agricultura, uma das
formas do Agronegócio.
O Agronegócio destaca-se a nível global pela sua capacidade de
impulsionar os demais setores da economia, tais como a indústria, o comércio,
o turismo, etc., e no caso do Brasil, e em especial do Paraná, continua sendo o
motor da economia. Esta atividade possui grande capacidade de gerar emprego
e renda e, em alguns casos, têm superado o desempenho do setor industrial.
A articulação entre o campo e a cidade é cada vez maior no modo de
produção do sistema capitalista contemporâneo. O campo busca aumento da
produção agropecuária através da tecnificação contínua, estando subordinado
às determinações do meio urbano, ao mesmo tempo em que as cidades
passaram a depender do campo, como fornecedora de alimentos e matérias-
primas e a produtos destinados à exportação.
A segunda foto mostra uma favela, o que contrasta com a terceira foto
que mostra um dos mais bonitos cartões postais do mundo, o Rio de Janeiro,
que é uma mistura de luxo, violência, segregação urbana e belas paisagens.
Este contexto de pobreza e violência urbana resulta, em grande parte,
devido à concentração fundiária e ao trabalho assalariado no campo, que se
por um lado impulsionam o uso de tecnologias, provocam um excedente de
mão-de-obra. Essa mão-de-obra, em muitos casos desqualificada, é forçada a
abandonar o campo engrossando o contingente de participantes do Movimento
Sem-Terras (MST), as enormes filas de desempregados nas cidades ou, ainda,
de subempregados, cujo destino final é as favelas urbanas.
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8 - PROPOSTA DE ATIVIDADES
“USO E OCUPAÇÃO DO SOLO RURAL E URBANO”
A atividade consiste no trabalho com planta baixa ou mapas de seu município,
identificando e registrando, entre outras coisas, os usos e a ocupação do solo
rural e urbano.
8.1 Número de aulas e alunos: Para desenvolver esta atividade o professor
utilizará em torno de cinco horas aulas, atendendo uma turma de 5ª série com,
no máximo, 30 alunos.
8.2 Objetivos: Observar a interdependência econômica entre o campo e as
cidades e estimular o "olhar cartográfico" dos alunos através do registro das
informações no mapa.
8.3 Materiais: Cópias da planta baixa do perímetro urbano e da área rural do
município, sendo necessárias 30 cópias de cada planta;
8.4 Preparações da atividade:
- Antecipadamente, o professor deverá providenciar as cópias da planta baixa
de seu município ou parte, caso a extensão territorial exija, da zona urbana e
rural, em folhas separadas, as quais deverão ser distribuídas para cada um dos
alunos;
- Organizar os alunos em duplas, cada qual com suas plantas cartográficas já
nomeadas;
- Definir as cores a serem utilizadas para o registro na planta baixa das ações
pretendidas, observando o uso da simbologia cartográfica oficial e/ou das cores
hipsométricas:
8.5 Desenvolvimentos da atividade:
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• Solo Urbano
- Localização dos pontos cardeais;
- Identificação dos limites;
- Identificação dos bairros, do centro da cidade e da área industrial;
- Localização das principais rodovias de escoamento da produção,
diferenciando BR de PR.
- Orientar a construção da legenda, ressaltando tipos de uso do solo urbano
que já foram identificados na planta: indústrias, bairros, rodovias, ferrovias, etc.,
• Solo Rural
- Localização dos pontos cardeais;
- Identificação dos limites;
- Localização e identificação das principais comunidades da zona rural do
município, destacando as sedes. Se forem muitas, enfatizar aquelas em que
alguns alunos residem ou as de maior produtividade agropecuária;
- Identificação e possível localização dos principais produtos agropecuários do
município;
- Localização das principais rodovias de escoamento da produção e estradas
vicinais;
- Construção de legenda, ressaltando os produtos da economia local;
8.6 Avaliação:
- Através de exposição dos trabalhos entre as 5ª séries da escola e relatos de
alguns alunos;
- Elaboração em grupo ou individual de textos sobre o tema;
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9 - SUGESTÕES DE LEITURA
9.1 LIVROS: Geografia, escola e construção de conhecimentos Lana de Souza Cavalcanti
A autora partiu de um levantamento, com alunos de 5ª e 6ª séries do
E.F., investigando as representações sociais destes em relação aos conceitos
geográficos. De posse destes dados destaca a importância que a Geografia
tem na contextualização dos fenômenos espaciais e de diversas ações
didáticas específicas na elaboração dos conceitos científicos pelos alunos,
estabelecendo ligações com o conhecimento cotidiano dos mesmos. Permite
reflexões importantes para a preparação das aulas na perspectiva da
pedagogia histórico-crítica.
Referência: CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos . Campinas - SP: Papirus, 1998.
9.2 LIVROS: Ensino de geografia – práticas e textualizações no cotidiano Antonio Castrogiovanni
Preocupados em tornar as aulas de Geografia mais envolventes e ao
mesmo tempo dar conta do seu objetivo principal, que é revelar o “espaço
geográfico, entendido como um produto histórico (...) e de ações que revelam
as práticas sociais dos diferentes grupos que vivem num determinado lugar
(...)”, três professores experientes reúnem-se para esta tarefa. Os textos que
seguem oferecem uma complementação teórica significativa e convidam-nos
para criar novas propostas pedagógicas.
Referência: CASTROGIOVANNI, Antonio, Ensino de Geografia – práticas e textualizações no cotidiano . Porto Alegre - RS: Mediação, 2000.
9.3 LIVROS: Capitalismo e urbanização Maria Encarnação Beltrão Sposito
Aborda questões complexas relativas à vida dos grandes centros
urbanos, estudando os aglomerados humanos desde a Antigüidade, passando
pela Idade Média até chegar aos nossos dias. A tônica é a cidade
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contemporânea dos países em desenvolvimento no contexto do sistema
capitalista.
Referência:
SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e Urbanização . 15.ª ed. São Paulo - SP: Contexto, 2005.
9.4 LIVROS: Êxodo rural e urbanização Fernando Portela José William Vesentini
Conta a história fictícia de Tonho Leitão e sua família, que partem do
campo para a cidade. Aborda diversos fatores que podem levar ao êxodo rural
e a forma como se deu a ocupação territorial do espaço brasileiro.
O livro contém oito capítulos e sugerimos que sejam lidos um ou dois ao
final de cada aula até o termino do livro, durante o período em que estiver
sendo tratado de temas correlatos.
Referência: PORTELA, F.; VESENTINI, J. W. Êxodo Rural e Urbanização . 5.ª ed. Scipione: Ática, 1994.
9.5 LIVROS: Uma didática para a pedagogia histórico-crítica João Luiz Gasparin
O livro é uma proposta dialética de trabalho docente-discente, no qual
parte-se da prática, embasa-se na teoria e retorna-se à prática.
É uma resposta didática e prática à concepção epistemológica de
Saviani, pelo fato de perceber que, durante muitos anos trabalhando com
professores, estes encontram muitas dificuldades em planejar suas aulas,
aplicando os cinco passos propostos pela pedagogia histórico-crítica.
Referência: GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica . 3.ª ed. Campinas - SP: Autores Associados, 2005.
9.6 LIVROS: VygotskY – Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação Teresa Cristina Rego
Esta obra oferece algumas interpretações sobre a vida e obra de
Vygotsky, considerado um dos mais importantes psicólogos do nosso tempo.
Estimula a pesquisa e aprofundamento sobre as teses do autor e fornece
reflexões sobre seu pensamento em relação à educação.
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Uma leitura necessária e simplificada para os que desejam compreender
mais profundamente as bases psicológicas que fundamentam a pedagogia
histórico-crítica.
Referência: REGO, T. C. VygotskY – Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Ed ucação . 8.ª ed. Petrópolis - RJ: Vozes, 1995.
9.7 LIVROS: Para onde vai o ensino da Geografia? Amarildo V. de Oliveira
Sugerimos a leitura do capítulo "O que se deveriam ensinar hoje em
Geografia", de Gérman Wettstein, páginas 125 a 134, que trata do papel do
professor de Geografia no contexto da América Latina e sugere alguns temas
de pesquisa para uma nova Geografia, destacando a área da Geografia
Econômica, Política e Social.
Referência: OLIVEIRA, A. V. de. Para onde vai o ensino da Geografia? 5.ª ed. São Paulo-SP: Contexto, 1994.
9.8 LIVROS: Pedagogia Histórico-Crítica, primeiras aproximações Dermeval Saviani
O autor situa esta obra como uma continuidade do seu livro anterior
Escola e Democracia (1980) e constitui o que ele chama de uma "primeira
aproximação" ao significado da pedagogia histórico-crítica.
Ao longo dos textos, o autor relata como está elaborando esta nova
concepção pedagógica, haja vista que as mudanças históricas nas formas de
produção da existência humana, impelem os educadores comprometidos com
a justiça social a repensar a educação.
Referência: SAVIANI, D. Pedagogia Histórico Crítica, primeiras aproximações . 9.ªed., Campinas - SP: Autores Associados, 2005.
9.9 LIVROS: Escola e Democracia Dermeval Saviani
Organiza a discussão das relações entre educação e política. Analisa a
questão da marginalidade e das concepções de sociedade que as principais
teorias de educação propõem, analisando, resumidamente, os principais
pontos de cada uma delas. Obra muito atual, apesar de ter sido escrito nos
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anos 80, por contribuir para a compreensão das teorias vigentes edesmistificar
a falsa crença de que a teoria tradicional é portadora de todos os defeitos.
Referência: SAVIANI, D. Escola e Democracia. 25.ª ed., São Paulo - SP: Cortez, 1991.
9.10 LIVROS: Histórias do cotidiano paranaense
Maria Auxiliadora M. S. Schmidt
Seguindo a trilha da história da ocupação do território paranaense, a
autora retrata a realidade dos primeiros habitantes, seus hábitos e costumes,
suas formas de trabalho, as manifestações culturais e as alternativas de lazer.
Cada região do Estado é contemplada com o registro das características que a
torna diferente das demais, revelando o cotidiano de nossos antepassados e
oferecendo uma oportunidade para compreendermos o que somos.
Referência: SCHMIDT, Maria Auxiliadora M. S. Histórias do cotidiano paranaense , Curitiba - PR: Editora Letraviva, 1996.
9.11 OUTROS: Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica
do Estado do Paraná.
Secretaria de Estado da Educação GOVERNO DO ESTADO DO
PARANÁ
As Diretrizes Curriculares de Geografia para a educação pública
paranaense apresentam estratégias que visam orientar o trabalho do professor
e garantir a apropriação do conhecimento pelos estudantes da rede. O
documento enfatiza a fundamentação teórica, epistemológica e pedagógica
adotada pela SEED, delineando as áreas do conhecimento que deverão ser
atingidas pela ação docente.
Referência: GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, S. de E. Da E. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná –Curitiba - PR: MEMVAVMEM Editora, 2006.
Disponível na página do Portal Educacional do Paraná: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
9.12 POESIAS: Infância, 1951 Helena Kolody
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É quase impossível distinguir no livro de Helena Kolody, “Sinfonia da
vida”, o que é música ou poesia, nesta obra que conta, através de poemas,
quase melodias, a história dos seus 84 anos de vida.
A poetisa, descendente de imigrantes ucranianos, apaixonada pelo
canto dos pássaros, “recita” nesta obra sua infância e adolescência, vividas no
sul do Paraná e, sua poesia “Infância (p.24 e 25)”, em especial, lembra a
simplicidade do meio rural, as brincadeiras e as alegrias deste período, da qual
transcrevemos algumas estrofes:
Aquelas tardes de Três Barras, Plenas de sol e cigarras!
Quando eu ficava horas perdidas olhando a faina das formigas
Que iam e vinham pelos carreiros, no áspero tronco dos pessegueiros.
...
Se à tarde de domingo era tranqüila, saía-se a flanar, em pleno sol,
No campo, recendente à camomila.
Alegria de correr até cair, rolar na relva como potro novo
E quase sufocar, de tanto rir!
Referência: KOLODY, H. Sinfonia da vida, Curitiba - PR: Editora Letraviva,1997.
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10- DESTAQUES “A REVOLTA ARMADA DOS COLONOS: 50 ANOS” Retomar a história dos lugares, segundo Maria Encarnação Beltrão
Sposito (2005, p. 9), é fundamental para se "fazer uma Geografia para além da
paisagem, para além do que os nossos sentidos podem conceber."
Portanto, se quisermos refletir com nossos alunos porque a região
sudoeste do Paraná é caracterizada por pequenas propriedades rurais e
porque sua economia ainda é predominantemente rural, é importante
retomarmos um dos grandes fatores que contribuíram para a sua atual
configuração espacial, aquela que ficou conhecida como “a revolta dos
colonos”. Segundo alguns historiadores, esta foi a única revolta armada que se
tem notícia no Brasil em que o lado mais "fraco" saiu vitorioso. Constatação
que pode gerar pesquisas, leituras e questionamentos acerca da história da
região.
A região sudoeste do Paraná comemora em 2007 os 50 anos do levante
armado dos colonos contra a Companhia de terra a CITLA (Clevelândia
Industrial Territorial LTDA) e outras três companhias trazidas por ela:
Companhia Melhoramentos do Paraná, Companhia Apucarana e a Comercial
Agrícola LTDA. Instaladas na região e com o apoio do governador do Estado
da época, Moysés Lupion (1946/50 e 1956/60), se diziam proprietárias das
terras, de uma área em que hoje estão instalados 22 municípios. Estas
companhias, ao invés de colonizarem a região, pretendiam, unicamente,
vender o título de propriedade ao posseiro lá sediado, um título de posse ilegal,
e explorar a madeira nativa: o pinheiro.
Adotaram o sistema de intimidação através de jagunços, que praticavam
o saque, a violência física e expropriação dos bens, caso os posseiros se
recusassem a assinar o termo de compra da terra.
Cansados das atrocidades cometidas pelas Companhias, após vários
meses de organização, no dia 10/10/1957, em torno de cinco mil homens de
toda região sudoeste tomaram a praça central de Francisco Beltrão, trancaram
as entradas da cidade e o aeroporto, e pelo rádio negociaram com o
governador do Estado a imediata retirada das companhias, tornando-se
vitoriosos.
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A revolta foi decisiva para Francisco Beltrão e toda a região sudoeste do
Paraná, pois com a reintegração dos colonos, a região permanece até hoje
com uma característica que lhe é peculiar: as pequenas propriedades rurais.
Se as Companhias tivessem prosperado e dado continuidade à venda das
terras e expulsão dos colonos, atualmente a configuração da região seria outra
e quem sabe até sua economia seria diferente.
Observações:
Para mais informações sobre esta revolta ler a revista elaborada pela
AMSOP – Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná, intitulada “50
anos - Revolta dos Posseiros (1957-2007)”, que pode ser solicitada na sede da
instituição ou acessando o site www.amsop .com.br/. Também há obras já
relacionadas...
Para pesquisar a história ou informações sobre municípios de outras
regiões, acessar o site da Associação dos Municípios do Paraná - AMP
http://www.ampr.org.br/, e indicar o município desejado.
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11- NOTÍCIAS
11. REPORTAGENS: Infra-Estrutura É preciso vencer essa guerra
Revista VEJA
A reportagem relata a situação da infra-estrutura brasileira em relação
à aviação, ferrovias, rodovias, portos, energia, pontos estratégicos que se
encontram em estado de precariedade e que se não forem corrigidos irão
minar o poder de competição na "grande batalha" que é a economia global.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/080807/p_080.shtml
11.2 REPORTAGENS: 7 Soluções "utópicas" para São Paulo Revista SUPERINTERESSANTE
De melhor lugar para se viver, como dizia Aristóteles, as cidades,
principalmente as metrópoles, viraram um caos urbano. Alguns urbanistas
radicais foram entrevistados e surgiram 7 grandes idéias "utópicas" para
solucionar os entraves urbanos.
Esta matéria auxilia o professor na tarefa de estimular o aluno a pensar
soluções para seu espaço de vivência, pois na reportagem é explorada a idéia
de que, no princípio, tudo foi uma grande utopia. Fornece subsídios para o
plano de ação a ser elaborado por alunos e professores, em relação aos
problemas de sua comunidade, conforme sugestão no Item Investigação
Disciplinar deste OAC.
Disponível em: http://super.abril.com.br/revista/240/materia_revis ta_234573.shtml?pagina=1
Referência: CORDEIRO, T. 7 Soluções "utópicas" para São Paulo. Revista SUPERINTERESSANTE, São Paulo, p.92 - 97 jun. 2007.
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12- PARANÁ
O PARANÁ NO SÉCULO XX: SURGEM AS FÁBRICAS E OS OPERÁRIOS
A ocupação do território paranaense foi marcada pelos vários caminhos
abertos pelo homem ao longo da nossa história. As primeiras impressões foram
deixadas pelos colonizadores europeus que aportaram em busca do ouro e
criaram as primeiras comunidades no litoral. Depois vieram os tropeiros, que
pela necessidade de transportar o gado do sul para o centro do país,
contribuíram para o surgimento de cidade na região dos Campos Gerais. Mais
tarde, já no século XIX, a coragem e determinação dos imigrantes europeus
fortaleceram e desenvolveram a agricultura e o extrativismo da erva-mate e da
madeira.
O século XX viu nascer a modernidade e, o Paraná, paralelamente ao
desenvolvimento das fazendas de café no Norte e a abertura das fronteiras
agrícolas no Oeste e Sudoeste pelos migrantes do Sul do Brasil, conheceu as
primeiras indústrias na região de Curitiba.
As primeiras indústrias beneficiavam a erva-mate e o café, e,
posteriormente, foram surgindo as de cerveja, de tecidos, de louças e tantas
outras e com elas uma novidade: o trabalhador assalariado ou o operário.
Os operários levavam uma vida difícil, muito diferente das garantias que
se tem hoje: trabalhavam até 14 ou 15 horas por dia; além dos adultos as
crianças também trabalhavam; não havia férias, nem sábados, domingos e
feriados, etc.
Muito mais tarde, a partir de 1960, é que começam a surgir greves e
movimentos por melhoria nas condições de trabalho, organizados por
sindicatos e associações de trabalhadores, que o Paraná, de fato,
industrializou-se.
A instalação de indústrias nas cidades paranaenses, como em todo o
Brasil, contribuiu para se definir uma nova função do espaço rural. Como nas
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cidades, o campo foi tomado por novas técnicas de irrigação, seleção de grãos
e maquinários modernos. A agricultura de subsistência, que utilizava técnicas
simples e exigia a força do agricultor como força de trabalho, foi sendo
substituída pela moderna agricultura, também chamada de agronegócio e
agroindústria, cujo principal objetivo passou a ser o fornecimento de matéria-
prima para as indústrias e para as exportações.
Atualmente, apesar dos direitos trabalhistas terem sido consolidados há
anos, o resultado negativo da moderna agricultura, em especial da
concentração de terras, continua sendo o êxodo das populações rurais para as
cidades. Estas, por sua vez, verificam a proliferação de favelas, principalmente
nas periferias da capital Curitiba, pois ao contrário dos primeiros tempos da
industrialização, a pauta de reivindicação dos trabalhadores hoje é o emprego,
uma dura realidade global.
Observações:
O professor poderá sugerir a leitura do livro "Histórias do cotidiano
paranaense", de Maria Auxiliadora M. S.Schmidt (1996) que foi doado pela
Secretaria de Estado da Educação do Paraná, para todas as escolas da rede.
Neste livro, que serviu de inspiração para a elaboração deste Item, há relatos
sobre a origem de todas as regiões do Estado, num vocabulário acessível às
crianças da 5ª série do Ensino Fundamental.
O professor de Geografia e/ou de História que estiver empenhado em
materializar a proposta das DCEs irá encontrar neste livro um precioso material
para didático para explicitar as diversas dimensões do “espaço de vivência” dos
homens do Paraná.
Seguindo a trilha da história da ocupação do território paranaense, a
autora retrata a realidade dos primeiros habitantes, seus hábitos e costumes,
suas formas de trabalho, as manifestações culturais e as alternativas de lazer.
Cada região do Estado é contemplada com o registro das características que a
torna diferente das demais, revelando o cotidiano de nossos antepassados e
oferecendo uma oportunidade para compreendermos o que somos.