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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

UNICENTRO – GUARAPUAVA - IES PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA UNIDADE DIDÁTICA

CANTO, RITMO E POESIA: Uma abordagem sobre o RAP na construção do conhecimento da História e Cultura Afro-

Brasileira.

Sandra Mara Gomes

Guarapuava

2009/2010

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

UNICENTRO – GUARAPUAVA - IES PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA UNIDADE DIDÁTICA

CANTO, RITMO E POESIA: Uma abordagem sobre o RAP na construção do conhecimento da História e Cultura Afro-

Brasileira.

Sandra Mara Gomes

Unidade Didática apresentada a Coordenação do Programa de Desenvolvimento Educacional da SUED/SEED/PR como requisito para a implementação do Projeto de Intervenção no Colégio Estadual Arnaldo Busato, 1ª série do Ensino Normal, disciplina de História prevista para o III período do Programa. Orientador: Professor Ms. Fabio Pontarolo.

Guarapuava

2009/2010

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SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO.................................................................................... 04 2.APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA......................................... 05 3.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 07 3.1.APRESENTAÇÃO DA CULTURA E/OU MOVIMENTO HIP HOP........ 08 3.2.OS ELEMENTOS CONST. DA CULTURA HIP HOP........................... 09 3.2.1.O Break.............................................................................................. 09 3.2.2.O Grafite............................................................................................. 10 3.2.3.DJ Disc-Jóquei................................................................................... 10 3.2.4.Rap..................................................................................................... 11 3.2.5.Conhecimento.................................................................................... 13 3.3.O RAP NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO..............................14 4.O RAP – SUGESTÕES DE ATIVIDADES.............................................. 16 4.1.OFICINAS PEDAGÓGICAS................................................................. 16 4.1.1.O Rap Na Educação...........................................................................22 4.1.2.Queime Seu Velho Livro de História...................................................23 4.1.3.Mãe de Uma, Mãe de Duas, Mãe de Todas.......................................24 4.1.4.Tráfico de Escravos............................................................................27 4.1.5.Escravidão No Brasil..........................................................................29 4.1.6.Quilombos..........................................................................................32 4.1.7.Abolição..............................................................................................35 4.1.8.O Negro Pós Abolição........................................................................38 4.1.9.Racismo..............................................................................................40 4.1.10.Questões Para Análise do Rap........................................................48 5.ROTEIRO DO TRABALHO..................................................................... 50 5.1.APRESENTAÇÃO DA CULTURA HIP HOP......................................... 50 5.2.ELEMENTOS DO HIP HOP.................................................................. 50 5.3.ANÁLISE DO RAP COMO FONTE DOCUMENTAL............................. 51 5.4.AVALIAÇÃO.......................................................................................... 52 5.5.CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NO CEAB.... 53 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................54 6.1.REFERÊNCIAS DISCOGRÁFICAS...................................................... 57

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1. IDENTIFICAÇÃO

1.1.PROFESSORA PDE: SANDRA MARA GOMES 1.2. ÁREA PDE: HISTÓRIA 1.3.NRE: PATO BRANCO-PR 1.4.PROFESSOR ORIENTADOR IES: PROF. MSC. FÁBIO PONTAROLO 1.5.IES VINCULADA: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – UNICENTRO – GUARAPUAVA/PR 1.6.ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: COLÉGIO ESTADUAL ARNALDO BUSATO - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, NORMAL E PROFISSIONAL - CORONEL VIVIDA/PR 1.7.PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: ALUNOS DA 1ª SÉRIE DO ENSINO NORMAL. 1.8. TEMA DE ESTUDO O RAP COMO FONTE DOCUMENTAL PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS. 1.9. TÍTULO CANTO, RITMO E POESIA: UMA ABORDAGEM SOBRE O RAP NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS.

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1. APRESENTAÇÃO

Fonte:http://1.bp.blogspot.com/_4v1zzcEqEGQ/S1Oz_DDnPtI/AAAAAAAAAAs/MrLrv35yEjI/S660/GREEN+PAGE+COM+FOTOS+RAP.jpg

Esta Unidade Didática construída pela professora PDE Sandra Mara

Gomes e orientada pelo prof. Msc. Fábio Pontarolo da UNICENTRO utiliza o

Rap como fonte documental para a construção do conhecimento da História e

Cultura Afro-Brasileiras, de forma que esse movimento presente no contexto da

educação não-formal1 e/ou informal contribua no processo de

ensino/aprendizagem escolar, pautada em livros didáticos, que exaltam a idéia

de modernidade, enquanto obra da Europa e do ocidente.

Nessa perspectiva a construção do conhecimento ocorrerá a partir dos

protagonistas – os afro-descendentes - contando a história do africano no

Brasil como sujeito social, que foi escravizado, sofreu e sofre o preconceito,

sem deixar de lado a resistência, a luta, a cultura e a valorização de suas

ações.

1 A educação não-formal é definida por Gohn (1997) como um processo de quatro dimensões. A primeira dimensão envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos como cidadãos; a segunda, a capacitação dos indivíduos para o trabalho; a terceira é aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários; e a quarta é a aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal. A educação não-formal se caracteriza também por haver uma intencionalidade dos sujeitos para criar ou buscar certos objetivos por meio de ações e práticas coletivas organizadas em movimentos, organizações e associação sociais.

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A Unidade Didática objetiva por meio do trabalho com Oficinas

Pedagógicas2 fornecer elementos que possam contribuir com a construção do

conhecimento da História e Cultura afro-brasileira através do Rap, tendo como

subsídio o Planejamento do Colégio Estadual Arnaldo Busato, para a 1ª Série

do Ensino Normal, o qual possui como conteúdos estruturantes as relações de

trabalho, poder e cultura e como conteúdos básicos: Trabalho Escravo, Servil,

Assalariado e o Trabalho livre.

A produção didático pedagógica aproxima-se da concepção teórico-

metodológica do Colégio Estadual Arnaldo Busato ao problematizar os

conteúdos básicos com temas históricos, contextualizar a história local, do

Brasil, da América Latina, Europa e África, como também ao confrontar

interpretações historiográficas e documentos históricos levando os estudantes

a construírem idéias próprias e expressá-las por meio de textos.

Assim sendo busca proporcionar novas formas de estudar História

superando os obstáculos da discriminação e preconceito em prol da

diversidade, da relação e principalmente do respeito.

Deste modo se desenvolve atividades de análise, interpretação, e/ou

construção, desconstrução e reconstrução do Rap nas Oficinas Pedagógicas

de forma que os alunos sejam capazes de construírem um novo Rap – Canto e

Ritmo. Ou então: Tese: Conhecimento europocentrista + livro didático;

Antítese: Rap + pesquisa é igual à Síntese: Construção de um novo Rap.

Este material possibilita a construção do conhecimento da História e

Cultura afro-brasileira no Ensino Fundamental, Médio e Normal utilizando o

RAP.

2 Concebe-se a realização de oficinas enquanto espaço do fazer pedagógico, lócus da construção e reconstrução do conhecimento. (...) O espaço físico é livre, visto que a atitude reflexiva não escolhe lugar.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Unidade Didática serve-se de pesquisa bibliográfica com base teórica

na História Cultural, na metodologia exploratório-qualitativa e insere-se na área

de estudo nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná: História

e cultura afro-brasileiras, africanas e indígenas.

A cultura e/ou movimento Hip Hop no qual está inserido o Rap, surgiu do

processo de evolução da música afro-americana3, chegou ao Brasil na década

de 1980 carregando em sua essência, a procura do conhecimento, o discurso

de denúncia e de reivindicação de inclusão das populações discriminadas nos

planos econômico, social e político.

Portanto, representa um meio de construção da aprendizagem

indispensável para o educando, visto que, impulsiona a interação entre

culturas, desmistifica estereótipos preconceituosos e racistas, como a visão

europocentrista inculcada na sociedade e difundida pela escola.

O projeto concebe o Hip Hop, mais especificamente o Rap como

fonte documental que, como qualquer outra, necessita de filtragens a partir do

contexto histórico, entendendo os vínculos e relações do documento e seus

produtores com seu tempo/espaço e processo de criação, produção, circulação

e recepção.

Destarte o Hip Hop será tratado de forma criteriosa, filtrado a partir do

contexto histórico, em conformidade com as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica de História, não como prova real, mas como indício que

depende do questionamento e da problematização ressaltada pelo historiador.

3.1. APRESENTAÇÃO DA CULTURA E/OU MOVIMENTO HIP HOP

3 Um movimento cultural de uma juventude excluída que vivia nos guetos negros e latinos, nos EUA. Esse movimento foi difundido pela mídia para vários países e chegou como meio de comunicação entre outros jovens do planeta que se identificaram com a música e o estilo. Tornou-se um movimento globalizado e foi apropriado pela mídia, a qual destituiu alguns grupos de consciência crítica. Mas alguns países como o Brasil ainda tem grupos de rap que fazem cultura e não apenas mercadoria para a mídia hegemônica, usando o hip hop como canal de expressão de revolta, afirmação criativa e inclusão social.

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O Hip Hop surgiu no final da década de 1960 e início dos anos 1970,

momento no qual o mundo, mais especificamente os EUA, atravessavam uma

grave crise do capital, acirrando o desemprego, racismo, discriminação,

preconceito, segregação e a continuidade da luta por direitos civis pelos

negros. Esse era o contexto segundo (Kitwana, 2006) enfrentado pelos afro-

americanos na América do Norte e Latina.

De acordo com (Souza et al 2005):

O avanço tecnológico e a ascensão de grandes corporações nessa região foram responsáveis pela decadência das fábricas que empregavam milhares de operários. Essa realidade exigiu mão-de-obra especializada uma vez que as corporações precisavam de ferramenta de trabalho mais elaboradas. Além disso, diversos segmentos da indústria reduziram o número de funcionários, substituindo-os por máquinas (p.17).

Portanto, acredita-se que na América Latina como nos EUA as

populações saiam do campo e vinham para as cidades sem especialização

para trabalhar nas fábricas, eram ¨vomitados ¨ pelo sistema, por não

acompanharem a evolução tecnológica, formando um exército de

desempregados nas periferias das grandes cidades.

Dessa população sofrida, desempregada, das periferias das cidades que

surgirá o Hip Hop4.

O Hip Hop é um movimento de cultura que surgiu nos Estados Unidos, nos últimos anos da década de 1960, e início dos anos 1970 unindo práticas culturais dos jovens negros e latino-americanos nos guetos e ruas dos grandes centros urbanos. O movimento é constituído pela linguagem artística da música (RAP-Rhythm and Poetry, pelos rappers e DJ´S), da dança (o break) e da arte plástica (o graffiti). (Rose, 1994).

O Hip Hop foi criado pelo DJ Áfrika Bambaataa5, em 1968, da fusão de

vários ritmos africanos como: o blues, o spiritual, o Soul, o reggae e o funk e da

junção do Break, Dj’s e Mc’s no Bronx, em Nova York.

4 Segundo Rocha et alii (2001), o termo inglês Hip Hop significa, numa tradução literal, to hip, movimentar os quadris, e to hop, saltar. Foi criado pelo DJ Áfrika Bambaataa, em 1968, para nomear os encontros dos dançarinos de Break, dos Dj’s e dos Mc’s também conhecidos como rappers nas festas de Rua no Bronx, em Nova York. 5 Afrika Bambaataa fundou a The Universal Zulu Nation em 12/11/1973 para fazer um trabalho de inclusão social das comunidades negras latinas, que viviam nas ruas de Nova York. Em 12/11/1974 ele uniu os quatro elementos (DJ, grafite, rap, break) e acrescentou-lhes o 5º elemento como sendo conhecimento e sabedoria, pois nos anos 80 a indústria e a mídia ajudaram no sentido de tratar como sinônimos os termos Hip Hop e rap, deixando de lado os outros elementos que compõem essa cultura. Como conseqüência, a Zulu Nation passou a promover no Hip Hop esse 5º elemento.

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No Brasil surge no final dos anos de 1980, como uma manifestação

ligada a grupos negros das periferias que expressavam suas visões de mundo

e perspectivas de vida pela música, representando um meio fecundo para

mobilização e conscientização.

PARA SABER MAIS FILHO. João Lindolfo. Hip Hop: das Periferias ao Mainstream. Hip Hopper: Tribus Urbanas, metrópoles e controle social. http://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/JoaoLindolfoFilho.pdf

3.2. OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CULTURA HIP HOP

A temática do Rap na construção do conhecimento da história e cultura

afro-brasileiras, elemento do Hip Hop, não dispensa a análise dos outros

elementos da cultura e/ou movimento, visto que, um complementa o outro, não

sendo possível um estudo isolado. Deste modo, torna-se imprescindível o

conhecimento dos cinco elementos do Hip Hop, que são:

3.2.1. O BREAK

Dança de passos descompassados, tem sua origem no "footwork"

(trabalho com os pés), logo incrementando-se utilizando os braços e mãos para

produzir os saltos no ar e as “piruetas” no chão.

O break une várias culturas, como a capoeira brasileira, as artes

marciais orientais, a mímica, o sapateado americano e a dança indiana,

portanto, aproxima diversos grupos etnicamente distintos.

A fusão de expressões corporais criadas a partir dos bairros periféricos

das grandes cidades e/ou guetos dissemina-se pelo mundo globalizado de

forma eletrizante.

No entanto, é interessante esclarecer que no início o break no Brasil

apesar de trabalhar a questão da violência, representava mais uma forma de

sociabilidade do que um movimento consciente, organizado.

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Já nos EUA desde o surgimento, o break era utilizado para

conscientizar, desenvolve o popping – imitação dos movimentos de um robô - e

o locking movimentação em câmera lenta de forma a expor ao poder público a

situação do afro-americano. Portanto, a intenção das manifestações de rua,

desde a origem era política e não apenas artística.

3.2.2. O GRAFITE

O termo grafite6 deriva do grego graphein (escrever), representa no

movimento e/ou cultura Hip Hop a arte desenhada nos muros, paredes da

cidade, bairros ou periferia, das mais variadas formas desde marcas até

complexas e coloridas composições simbolizando7 o inconsciente das massas

e ou mostrando a forma desses artistas dos guetos enxergarem a realidade

urbana.

Devido à natureza ilícita8 o Grafite tem protagonizado um longo histórico

de perseguição, sendo indispensável o spray para a confecção do desenho de

forma quase instantânea, objetivando o reconhecimento público, como também

ocupação de um espaço público para um propósito individual ou do grupo.

Existem três formas de grafite que são:

a) O grafite político que ilustra protesto ou opinião em relação à

realidade vivenciada;

b) O grafite de gangues ilegível, quando apenas as pessoas daquele

espaço conhecem o significado, usa-se apelidos, códigos e símbolos;

c) Estilo Nova York desenhos feitos no metrô de Nova York (anos 1970)

espalhados pelo mundo inteiro, através da variação de simples trabalhos

monocromáticos até desenhos mais elaborados.

3.2.3. DJ (DISC-JÓQUEI)

6 Este é um movimento social artístico de consciência e reflexão social que denominamos, de um modo geral, de movimento Hip Hop (SOUZA, 2003). 7 Ver vendo é um dos contos do livro Tear Africano (CUNHA Jr., 2003) onde o fato de ver a realidade não implica em encará-la como real, compreendê-la, discuti-la e até mesmo intervir, nos seus aspectos objetivos e subjetivos. 8 Muitas das intervenções do poder público nas favelas partem de conceitos de que os espaços públicos e privados destas populações marginalizadas, por não se enquadrarem dentro dos conceitos da cultura dominante, são vistos como equivocados, quando não “degradados”. (WEIMER, 2005).

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Bases musicais instrumentais9 ou eletrônicas10. Reuniu os elementos do

Hip Hop para a construção da cultura e /ou movimento.

Na Jamaica, o DJ era concebido como uma divindade sacerdotal, que

tinha a missão de conectar o povo a Deus. No reggae falavam sobre as

músicas e interagiam com o público. Arte denominada de Toast.

Portanto o DJ foi o primeiro MC, visto que, o canto falado tem sua raiz

fundamentada na África há milênios, e no espaço em que exista a presença

africana no mundo, a oratória por sobre a música se faz presente.

BA (1979) discorre sobre a importância da tradição oral para a história e cultura

africana, pois conforme ele:

“Qualquer adjetivo seria fraco para qualificar a importância que a tradição oral tem nas civilizações e culturas africanas. Nelas é pela palavra falada que se transmite de geração a geração o patrimônio cultural de um povo. A soma de conhecimentos sobre a natureza e a vida, os valores morais da sociedade, a concepção religiosa do mundo, o domínio das forças ocultas que cercam os homens, o segredo da iniciação de diversos ofícios, o relato de eventos passados e ou contemporâneos, o canto ritual, a lenda, a poesia...” (p.17)

No jazz, no blues e até nas pregações de um pastor afro-

americano, predomina a expressão do discurso por sobre as bases

instrumentais. Os griots narravam os feitos heróicos dos negros através do

canto falado.

3.2. 4. RAP

Junção do DJ com o MC (mestre de cerimônias), que canta as letras,

formou o rap. Espécie de repente eletrônico onde os repentistas “são

chamados de rappers ou Mc’s, isto é masters of cerimony”.

Trata-se de um estilo musical em que na fala ritmo e rima são

imprescindíveis, visto que é originado do canto falado da África ocidental,

adaptado à música jamaicana da década de 1950 e influenciado pela cultura

9 Segundo Vianna (1988): “No final dos anos 60, um Disk Jokei chamado Kool Herc trouxe da Jamaica para o Bronx a técnica dos famosos “sound systems” de Kingston organizando festas nas praças dos bairros”. Herc não se limitava a tocar os discos, mas usava o aparelho de mixagem para construir novas músicas. 10 Vianna (1988) explica que: Alguns jovens admiradores de Kool-Herc desenvolveram as técnicas do mestre. Grandmaster Flash, talvez o mais talentoso dos discípulos do DJ jamaicano, criou o “scratch”, ou seja, a utilização da agulha do toca discos, aranhando o vinil em sentido anti-horário, como instrumento musical. (p.21)

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negra dos guetos americanos no período pós-guerra. Conforme Andrade

(1999):

Muitos grupos de rappers foram criados, ocupando um espaço de articulação e atuação no campo social, para reivindicar o direito de ser cidadão, participar do mercado de trabalho e para lutar contra a violência e a discriminação.

O Rap é o objeto de pesquisa desta proposta, portanto torna-se

importante conceituá-lo de forma a compreendê-lo como fonte documental para

a construção do conhecimento da História e Cultura Afro-brasileira. A palavra

rap11 vem da sigla com as mesmas letras e que em inglês significa rhythm and

poetry, ou no português, poesia e ritmo.

Conforme Tella:

O rap é uma manifestação que salvaguarda um comportamento crítico e propositivo dos problemas sociais que afligem uma parcela significativa dos jovens afro-descendentes. Os rappers constroem representações da sua própria realidade e de acordo com os interesses e as ideologias dos grupos. Eles fazem de sua realidade social, local, cultural e étnica o ponto de partida para rompimentos éticos, estéticos, simbólicos, históricos e imaginários da sociedade (TELLA, 2000, p. 230.).

O Rap pode ser concebido como uma evolução da tradição oral africana,

a qual atribui à palavra um estatuto especial, que une o sagrado à vida dos

homens podendo romper ou manter a harmonia, tanto em relação aos homens

como em relação à natureza.

Segundo Filho (2004) o Rap se afirmou como discurso político:

(...) seria uma manifestação ligada principalmente a jovens negros da periferia e que, historicamente, se vêem excluídos da sociedade. Assim, por haver uma identificação entre esses jovens em função de expressarem suas visões de mundo pela música e suas perspectivas de vida (...).

Na mesma linha de raciocínio, Hershman (1997), afirma que:

O Hip-Hop e/ou Rap - tem revitalizado parte das reivindicações do movimento negro, reveladas nas letras de rap que abordam os conflitos diários enfrentados pela população pobre, como a repressão e os massacres policiais, a dura realidade dos morros, favelas, o racismo, mostrando um Brasil hierarquizado e autoritário.

11 (...) um subgênero do gênero canção e quer dizer ritmo e poesia (tradução do inglês rythym and poetry), e ele resulta da combinação entre linguagem verbal e musical. Essa música, (...), é feita pelo D’j (disc jóquei responsável por tocar e criar a base musical das letras) e pelo MC (mestre de cerimônias que é a pessoa que canta o rap e, na maioria das vezes, compõe as letras). Bentes (2004)

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O rap desempenha a função social na periferia, ao direcionar suas

mensagens a conscientização, narrar e denunciar as desigualdades sociais,

preencher espaços deixados pela educação formal.

Portanto, apesar de ser - a música das periferias – encontra-se numa

fase embrionária quanto à transformação da realidade periférica, no entanto,

em seu bojo está inserida a marca de contestação e de conscientização, de

fato, política.

Assim sendo, busca transformar a complicada realidade vividas em

diferentes contextos, nas denúncias e nas soluções; e crítico das relações

sociais, desafiando preconceitos e discriminações, e de apreensão de direitos

coletivos.

Entretanto e contraditoriamente, pode ser apropriado de diferentes

maneiras, o que lhe confere diversos sentidos, desde o simples consumo a sua

gênese contestatória; envolto à diversidade, ao hibridismo, às múltiplas

identidades e a complexidade dos dias de hoje.

3.2.5.CONHECIMENTO

Educação das pessoas por meio da história da cultura negra e suas

raízes históricas e dos elementos fundamentais da cultura verdadeira do Hip

Hop. A Consciência.

Com o passar dos anos, a consciência de movimento social foi se

formando, neste contexto surge o MH2O-SP (Movimento Hip Hop Organizado),

considerado marcador de águas entre a velha escola e a nova escola do hip

hop, e que originou o quinto elemento, a conscientização.

As posses12 alcançaram grande notoriedade na década de 1990 no

Brasil, sendo caracterizados por ações coletivas bem definidas de

conscientização política e exercício da cidadania. Contatam com entidades dos

movimentos negros (do Brasil e do exterior), participam de eventos, simpósios

e congressos promovidos por essas entidades.

As organizações ou espaços caracterizados pelo comprometimento com

a educação não-formal, reunindo adolescentes da periferia para uma ação

coletiva voltada para uma conscientização política e de exercício da cidadania,

12 POSSES organizações ou espaços caracterizados pelo comprometimento com a educação não-formal.

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para aprendizagem de conteúdos que não são abordados com profundidade na

escola formal (como, por exemplo, o da questão racial e origem étnica do povo

brasileiro) e para a produção artística e cultural são chamados POSSES.

Nas posses, o conhecimento é gerado por meio das vivências dos seus

integrantes, conseqüentemente, o tempo de aprendizagem não é previamente

fixado e se respeita às diferenças existentes para a reelaboração dos

conteúdos. As posses, portanto, são espaços para a criação e recriação do

grupo para exercício pleno de cidadania.

PARA SABER MAIS Vamos assistir ao vídeo. A História do Hip Hop e os cinco elementos. http://www.youtube.com/watch?v=3shn3e84EM8

3.3. O RAP NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

O processo educativo não-formal e informal no Hip Hop gira em torno da

criação de novos espaços e modos de existir do devir negro na sociedade

brasileira, auxiliando na construção de uma nova visão do afro-descendente,

como protagonista de ações propositivas que contribuam para soluções dos

problemas de nossa sociedade ou para transformação da ordem social.

É interessante ressaltar que a utilização do Rap para construção da

História e Cultura Afro-brasileira está pautada nos elementos pedagógicos

fomentados pela cultura, como espaços de discussão, de conscientização,

oficinas técnicas, entre outras.

O RAP como fonte documental para a construção do conhecimento

deverá levar em conta os três níveis de indagação:

• sobre a existência em si do documento: o que vem a ser o documento?

O que é capaz de dizer? Como podemos recuperar o sentido de seu dizer? Por

que tal documento existe? Quem fez, em que circunstâncias e com que

finalidade foi feito?

• sobre o significado do documento como objeto: o que significa o

documento como simples objeto? Como e por quem foi produzido? Qual é a

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relação do documento, como objeto singular, no universo da produção? Qual a

finalidade e o caráter necessário que comanda sua existência?

• sobre o significado do documento como sujeito: por quem fala tal

documento? De que história particular participou? Que ação de pensamento

está contida em seu significado? Em que consiste seu ato de poder?

Estas indagações devem ser utilizadas em todos os documentos

analisados, bem como material impresso de apoio para a

construção/desconstrução e reconstrução do conhecimento.

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3. O RAP - SUGESTÕES DE ATIVIDADES.

4.1. OFICINAS PEDAGÓGICAS

O Rap como fonte documental para a construção do conhecimento da

história e cultura afro-brasileiras será trabalhado na escola por meio de

Oficinas Pedagógicas como forma da desconstrução/construção e

reconstrução do conhecimento de maneira dialógica e prazerosa.

A Oficina Pedagógica é o encaminhamento didático, a alternativa mais

significativa para a análise das letras e ritmo do Rap, pois propicia atitudes

libertadoras e interação entre os participantes e segue a organização didática

de qualquer trabalho pedagógico e é coordenada por um dos componentes do

grupo.

Cada grupo receberá um RAP para análise, texto de apoio e atividades

para incorporação do conhecimento, formando no total 5 Oficinas Pedagógicas.

Antes da atividade final todas as Oficinas deverão realizar as tarefas

contidas no texto geral.

1ª Oficina - Honra de Francisco Félix interpretada pelo Pregador Luo;

A Proposta dessa Oficina é demonstrar as diferentes possibilidades de

trabalhar a História e Cultura Afro-Brasileira através do RAP.

2ª Oficina - Carta a Mãe África de Genival Oliveira Gonçalves e

interpretada por GOG;

Tem por objetivo oportunizar o conhecimento do afro-descendente

desde o seu apresamento na África até os dias atuais no Brasil.

3ª Oficina - Mãe África composição e interpretação de Consciência

Humana;

Esta Oficina tem a finalidade de estudar o continente africano de forma a

conhecê-lo, eliminando assim visões preconceituosas.

4ª Oficina - Faveláfrica composição e interpretação do Grupo A

Família. Trata-se de uma proposta de conhecimento da História do Negro no

Brasil através do RAP.

5ª Oficina - Tema dos Guerreiros do Pregador Luo e interpretada por

Apocalipse 16. Analisa a luta pela dignidade do afro-descendente no Brasil

atual.

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1ª OFICINA RAP HONRA Composição: Pregador Luo

Ancestrais sangraram em território branco, Açoites, correntes, troncos

Quem nós somos? De onde viemos? Para onde vamos?

Seus gemidos não os comovem Pare de chorar vê se move,

O sonho de liberdade não se perdeu, muito sangue negro escorreu E fez germinar a semente da esperança Eu carrego vivo em mim a mudança Já não tenho sede de vingança, Mas ela virá, pois Deus vingará

Eu sou a continuidade do antigo escravo, porém Graças aos rebeldes, meus pulsos não estão algemados,

Pela honra dos ancestrais é que eu guerreio Sou orgulho do gueto

Sou contemporâneo, homem preto Com os mesmos defeitos, porém

Com mais virtudes, sou a águia que alcança grandes altitudes Vejo de cima todos os meus inimigos lá em baixo, largos, sujos,

Morrerão pelo meu sucesso não pelo meu fracasso Sei que ameaço,

Pois represento igualdade com minha mente ou com meu braço, Dignifique o trabalho, cuspa no ócio,

Não se deixe prejudicar, cuide dos seus negócios Queime seu velho livro de história,

Pois ele mente Homem negro você tem glória.

(Refrão) Honra ou vergonha (honra)

Você tem honra ou vergonha (honra, honra) Honra ou vergonha (honra)

Você tem honra ou vergonha (honra, honra) Eu me envergonho do negro que trafica droga em porta de escola

Repudio a ação do homem forte que pede esmola Vergonha é ver seu semelhante se humilhar por grana

Como o macaco faz em troca de banana. Mas que disgrama pra mama África

Ver seus filhos desamparados a se degradar Atirando uns nos outros por ponto de venda de entorpecentes

Olho por olho, dente por dente, Mesmo que morram os inocentes E assim vira notícia nossa gente

Somos presos sem Correntes, demarcamos territórios, reduzimos contingentes Belo exemplo pra quem vai chegar,

Herança maldita que tivemos que herdar Deputados, senadores, juízes sem caráter,

Desgraçam os filhos de uma nação Corrupção clara, venderam sua almas em troca de mansões caras,

Descerão à mansão dos mortos, Eu me envergonho desses porcos! (Refrão)

Tanta coisa pra se envergonhar, pouca pra se orgulhar Mudar depende de quem me escutar, pra vencer tem que lutar Torne sua vida vigorosa, não é querer muito menção honrosa

Não se torne descartável, faça seu nome honorável Brasileiros, negros, imigrantes, nordestinos denominados latinos

Me orgulho do que nós fizemos de tudo que construímos Tenho a honra de estar onde estou

Assim como eu será que você já se perguntou, Se envergonhou ou se honrou

O combate é duro mas vamos vencer Me diz agora no refrão o pensa de você. (Refrão)

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ZdvQwmntrTE

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Eterno! É o tempo atual, na moral No mural vedem uma democracia racial E os pretos, os negros, afro-descendentes... Passaram a ser obedientes, afro-convenientes. Nos jornais, entrevistas nas revistas Alguns de nós, quando expõem seus pontos de vista Tentam ser pacíficos, cordiais, amorosos E eu penso como os dias tem sido dolorosos E rancorosos, maldosos muitos são, Quando falamos numa mínima reparação: -Ações afirmativas, inclusão, cotas?! -O opressor ameaça recalçar as botas.. Nos mergulharam numa grande confusão Racismo não existe e sim uma social exclusão Mas sei fazer bem a diferenciação Sofro pela cor, o patrão e o padrão E a miscigenação, tema polemico no gueto Relação do branco, do índio com preto Fator que atrasou ainda mais a auto-estima: -Tem cabelo liso, mas olha o nariz da menina O espelho na favela após a novela é o divã Onde o parceiro sonha em ser galã Onde a garota viaja... Quer ser atriz em vez de meretriz Onde a lágrima corre como num chafariz Quem diz! Que este povo foi um dia unido E que um plano o trouxe para um lugar desconhecido Hoje amado (Ah! Muito amado.), são mais de quinhentos anos Criamos nossos laços, reescrevemos sonhos Mãe! Sou fruto do seu sangue, das suas entranhas O sistema me marcou, mas não me arrebanha O predador errou quando pensou que o amor estanca Amo e sou amado no exílio por uma mãe branca (Refrão 2x) Disponível: http://letras.kboing.com.br/gog/carta-a-mae-africa/

2ª Oficina CARTA A MÃE ÁFRICA Compositor: Genival Oliveira Gonçalves É preciso ter pés firmes no chão Sentir as forças vindas dos céus, da missão... Dos seios da mãe África e do coração É hora de escrever entre a razão e a emoção Mãe! Aqui crescemos subnutridos de amor A distância de ti, o doloroso chicote do feitor... Nos tornou! Algo nunca imaginável, imprevisível E isso nos trouxe um desconforto horrível As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora... Evoluíram para a prisão da mente agora Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual Continua caso raro ascensão social Tudo igual, só que de maneira diferente A trapaça mudou de cara, segue impunemente As senzalas são as anti-salas das delegacias Corredores lotados por seus filhos e filhas... Hum! Verdadeiras ilhas, grandes naufrágios A falsa abolição fez vários estragos Fez acreditarem em racismo ao contrário Num cenário de estações rumo ao calvário Heróis brancos, destruidores de quilombos Usurpadores de sonhos, seguem reinando... Mesmo separado de ti pelo Atlântico Minha trilha são seis românticos cantos Mãe! Me imagino arrancado dos seus braços Que não me viu nascer, nem meus primeiros passos O esboço! É o que tenho na mente do teu rosto Por aqui de ti falam muito pouco E penso... Qual foi o erro cometido? Por que fizeram com agente isso? O plano fica claro... É o nosso sumisso O que querem os partidários, os visionários disso Eis a questão... A maioria da população tem guetofobia Anormalia sem vacinação. E o pior, a triste constatação: Muitos irmãos, patrocinam o vilão... De várias formas, oportunistas, sem perceber Pelo alimento, fome, sede de poder E o que menos querem ser e parecer... Alguém que lembre no visual você. (Refrão 2x ) (Colagem: A Carne - Elza Soares) A carne mais barata do mercado é a negra, A carne mais marcada pelo Estado é a negra Os tiros ouvidos aqui vêm de todos os lados Mas não se pode seguir aqui agachado É por instinto que levanto o sangue Panto-Nagô... E em meio ao bombardeio.Reconheço quem sou, e vou... Mesmo ferido, ao fronte, ao combate E em meio a fumaça, sigo sem nenhum disfarce Pois minha face delata ao mundo o que quero: Voltar para casa, viver meus dias sem terno

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3ª OFICINA MÃE ÁFRICA Consciência Humana Mãe de uma, mãe de duas, mãe de todas as pessoas negras; Mãe África, Mãe África. Os europeus usavam transportes românticos; Para o tráfico de seres humanos; E dentro de um porão um grito surgia; E dentro daquele navio negros eles traziam; Navio negreiro, de Angola chegou; Um ato de covardia; Tristeza para o nosso povo e pra eles uma grande alegria; Negras e negros enganados, vendidos como mercadoria; Mulheres negras espancadas; Só de pensar nesse ato meu corpo arrepia; Por isso Consciência Humana pede á você; Que olhe ao seu redor e tente perceber; Belezas negras; Fruto dos escravos libertados á 106 anos atrás; Os nossos ancestrais; Que se rebelaram, lutaram, estupidamente; Manipulados e acorrentados feito animais; Dizem que são sim; Pretos que eram citados por eles como vagabundos; Humilhados e maltratados; Sonhavam em ser libertados; E dizem que foram que idéia banal; Então por que precisou tanta luta tanto sangue derramado; De serem sacrificados; Foram tantas lutas, para poucas vitórias; E isto é provado nos tempos de agora. Há 106 anos foi decretada a abolição; Mas até agora não, não respeitaram essa Lei Áurea; Que não deu em nada; E só serviu para montar um esquema; Chamado de tal Sistema de Condenação; E se marcar até hoje há a exploração; É isso que nos deixa revoltados; Ver negros sendo explorados; Muitos deles desinformados; Hei cara deixe a loucura de lado e se dê valor; Não se sinta colocado como oposto ser inferior; Olhe e enxergue a desgraça que acontece na Somália; Ruanda, Brasil, Haiti e Angola; Refrão: Por esses motivos nossa Mãe África chora. Chora Mãe África, chora Mãe África pra mim; (2X) Chora Mãe África há Mãe África chorou. Mas ainda você assiste á tudo de braços cruzados; Até parece que não é um preto prejudicado; Nossos motivos pra lutar ainda são os mesmos; Sobrevivência pra população negra; Então vamos lutar por liberdade, por necessidade; Temos que mostrar que o negro também tem; Necessidade e vontade de chegar lá; E desacatar os que nos prejudicam; Não só os negros, mas todos necessitam; ·.

De liberdade e compreensão; E nós queremos que acabe a discriminação. Refrão: Vida bandida que não se tem mais justiça; Eu estarei sempre esperto ou serei mais uma vítima; Gritos, tiros no meio da multidão; Mas o negro se acabou sem nenhuma solução; Por que ainda existem pessoas que têm preconceitos raciais; Que querem nos humilhar, nos tratar como animais; E o menor abandonado sem nenhuma assistência; Discriminado pela cor e pela sua aparência; Negro é criticado pela sociedade; Não tem direitos de viver, sofre com a violência da nossa cidade; E não estamos vencidos por esses inimigos; Mas como sempre de lado mantidos; Na boca deles bandidos retidos; Autoritários armados até os dentes; De grife na mão e de mecha no pente; A agressão racial de baixo pra cima, de cima pra baixo; De um lado pro outro, por todos os lados; Nós negros somos criticados e humilhados; Mas não vencidos. . Refrão: Disponível: http://www.youtube.com/watch?v=b_JlsKUD1L8

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4ª OFICINA FAVELÁFRICA A Família Certa noite ouvi gritos, estridente e dolorosos Os gritos eram de tamanha dor, e tortura Que eu me aproximei, Daquela triste e bela mulher negra, e perguntei o que havia Ela cheia de dor mágoa e tristeza Respondia: Lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele Não compreendendo eu perguntei ele quem? Ele quem? Melancolicamente ela Abradava O insano genocida, carrasco afanador de vidas vai levar meus filhos inocentes por esses mares em tristes correntes castigo sangue porões pelourinho chibata grilhões Filho do ódio parasita hospedeiro filho do mal chacal condutor do pesadelo Lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele E ainda sem compreender novamente perguntei Mas ele quem? Ele quem? Ele quem? Ele quem? A mãe áfrica arduamente incansavelmente respondia O chacal carniceiro abutre bandido do estrangeiro Destruindo nossos filhos simplesmente por dinheiro Ele é! O NAVIO NEGREIRO Reflito e sinto pena, daquela preta ingênua Que aceita ser chamada, de mulata ou morena Valença, Valença, valei-me meu grande Deus, de tanta inconsciência Porque ela se esqueceu, do tapa na cara, a dor da chibata O tronco a senzala Na boca amordaça, da preta Anastácia Chefe Ganga Zumba, Zumbi e Dandara O racismo não passa, é tudo fachada É jogada armada É tapa na cara, da nossa raça O corpo na vala, a rota que passa, polícia que mata Mais um preto arrasta, o capitão lá da mata Do branco a risada, racista piada É mesmo uma praga,Pra mim isso basta, tô pegando minhas facas Minha língua é navalha, palavra que rasga E fogo que se alastra, deflagra e conflagra Mas não quero só fala, eu parto para prática Olha lá no templo o irmão desiludido Louco muito louco por um pouco de alívio Sacaram de uma sacola era esmola era o dízimo Fogueira fumaça carvão, forca fogo a inquisição Católica religião, demagogia preconceito Eu vejo o desrespeito simplesmente eu não aceito Miscigenação forçada, mãe África estuprada Nunca descobridores, invasores só canalha Torturaram minhas raízes e nos deram as marquises Agora surgi o revide,o Gato Preto lhe agride O guerreiro vai atacar, yalorixá yoruba Keto e nação banto, nagô povo africano Nos roubaram a riqueza, a beleza a nobreza A terra a natureza, dizimaram a realeza Arquitetura, estrutura, medicina e cultura Diamantes agricultura, e todo poder de cura Na minha religião,a inquisição e tortura O ataque o massacre, o abate os combate As brigas as intrigas na Serra da barriga Negros combatentes lusitanos covardes A trincheira tá armada a arena e palmares Católica covarde, com o apoio do padre Disponível: http://www.youtube.com/watch?v=LWmm38aB5Cw&feature=related

Resultado do pecado, esticado lá na esquina Pro negro só chacina, nos roubaram a auto estima Ter cabelo crespo, e vergonha pra menina Só somos lembrado, no pesado ou na faxina·. LUTHER KING, ZUMBI, MARIGHELA, Malcon X, E NELSON MANDELA O POVO PRETO AVANTE NA GUERRA SABOTAGE E JR ABUJAMAL E DONISETE Eu quero a parte que nos cabe, eu quero a parte que nos cabe. Eu quero a parte que nos cabe e o reparo dos massacres Dr. Rui Barbosa de mente majestosa ação meticulosa pra mim foi criminosa Fogo nos documentos fogo em toda prova fogo na minha vida fogo na minha história Devastaram o império, saquearam o minério Era a peste branca, apoiada pelo clero. Mais eu quero, quero, e espero, sigo reto meu critério. Por quê? Chicote rasgou corpo, sangue rolou no rosto. O carrasco achou pouco, era sangue de um porco. Assim ele dizia o chicote, chibata descia O irmão traidor, me persegue no asfalto Hoje quatro rodas, mas ontem cavalo Hoje é polícia, ontem capitão do mato Fato do meu passado, não me faço de rogado. Conheço, reconheço muito bem todos esses fatos Não me sinto derrotado, vou além conquisto espaço o Preto não é aceito, é simplesmente tolerado Quero a parte no meu prato, do bolo meu pedaço Patroa muito boa, falsa como um dragão escraviza?Seu? João Se gosta da Maria, de vassoura na mão No tanque lava roupa, e a barriga no fogão Uma falsa dialética de forma sintética. Ausência de ética, falando em estética Negro marcado, intitulado plebeu A África não vale só padrão europeu Diz que o branco é bonito, o feio aqui sou eu O Professor me fale, dos meus líderes, meus mártires Chega de contrastes, ascensão sociedade Quero a parte que me cabe educação e faculdade Não quero as calçadas, eu preciso é de aulas Trabalho informação, não um copo de cachaça O tolo quer maconha, eu prefiro um diploma Informado, doutorado, diplomado, e graduado Igual a Milton Santos, foi lá no passado Eu Parto pro debate, digo não à todas grades Incentivo o ataque, agrupamento pro combate Quero reparação, por todo massacre E se eu sou oitenta, cota oitenta pra minha classe E pra você ouvir, eu vou lhe repetir Quero a parte que me cabe, quero a parte Que me cabe Eu quero a parte que me cabe e o reparo dos massacres Eles querem guerra eu quero é paz mas se quer eu quero é mais defender meus ancestrais e por isso corro atrás gato preto é sagaz bola plano eficaz destruindo os capatazes por quê? Criaram novos termos, camuflando o preconceito Fingindo encobrindo, o desastre que causou Pretinho, moreninho, mulato homem de cor·. Não aceito eu sou negro, eu sou afro-brasileiro Herdeiros de Zumbi, eu também sou guerreiro Cartola, Mandela, Portela, Marcos Garvei, Marighela Revolta da Chibata a Revolta dos Malés Desmontou minha nação gege. Meu black, minhas tranças, Referencia pras crianças Minhas tranças, o meu black, Referencia pros moleques Candomblé, capoeira, feijoada caseira Foi mãe África quem criou Besteira muita asneira, o livro já falou. Princesa Isabel, nunca libertou.

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5ª OFICINA TEMA DOS GUERREIROS Composição: Pregador LUO

(Refrão) Esse é o tema dos guerreiros Medalha no peito se sobrepõe à dor Esse é o hino dos guerreiros Eu sou brasileiro mais que vencedor Um hino à bravura, o tema dos guerreiros Isso é dedicado a todo povo brasileiro Que sonha com justiça e sempre faz o certo Que deseja de verdade a ordem e o progresso Meu Deus eu peço, nos abençoa Cada estrela da nossa bandeira representa gente boa Hey guerreiro, ouça minha voz e guarde ela até morrer Lembra dela como um hino que foi feito em homenagem a você (Refrão) Joga a mão pro alto, festeja e bate palma Deixa aflorar o sentimento com o que vem de dentro d’alma Só você sabe o que sofreu pra chegar vivo até aqui Ta em pé, ta forte e tem um Deus que gosta de ti Lembre-se do seu passado difícil e perceba que o melhor é persistir Fique firme, fique, fique firme Guerreiro que é guerreiro não se abate com os golpes da vida Guerreiro junta força pra bater mais forte ainda Não apenas sobreviva ou simplesmente exista Pois não seria correto Cuide dos seus negócios, elabore seus projetos O mundo é dos espertos Trace metas, atinja seus ideais O país que inventou a malandragem não vai ficar para trás Eu sou malandro e tenho dribles geniais Já venci o mal uma vez e posso fazer de novo Eu me inspiro na coragem e na força do meu povo(Refrão) Disse o Cristo redentor a uma grande multidão Bem aventurados os que limpos de coração são Serão eles que ao bom Deus enxergarão Bom coração, bate no peito de muito cidadão dessa nação gentil Pátria amada, idolatrada, chamada Brasil Sangue mestiço de realeza legítima Raiz africana, européia, indígena Valorize sua origem, mais preze mais seu caráter Pois a cor é só um detalhe, pra quem acredita na verdade Humildade, lealdade, perseverança traz vitória Gente ruim manchou nossa historia Mas nem todos os pilantras tirarão nossa vitória Que venham logo os dias de glória sem guerra e sem fome No livro da vida estará escrito seu nome Mulher ou homem, jovens ou velhos A corrente é forte e nós somos os seus elos. (Refrão)

Disponível: http://www.youtube.com/watch?v=kkOnNEA28e4

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4.2.O RAP NA EDUCAÇÃO

O Rap possibilita o trabalho da história e cultura afro-brasileira devido à

organização13 da cultura e/ou movimento Hip Hop ser um espaço

comprometido com a educação informal, reunindo jovens da periferia das

cidades em prol da conscientização política e do exercício da cidadania,

gerando a aprendizagem de conteúdos que são abordados superficialmente

pela escola.

13 Em posses.

Conteúdo: O RAP na Educação. Objetivo: Conhecer as possibilidades da utilização do RAP na construção do conhecimento.

Texto 1

O Professor me fale, dos meus líderes, meus mártires. Chega de

contrastes, ascensão sociedade. Quero a parte que me cabe educação e

faculdade. Não quero as calçadas, eu preciso é de aulas. Trabalho

informação, não um copo de cachaça. O tolo quer maconha, eu prefiro um

diploma. Informado, doutorado, diplomado, e graduado. Igual a Milton

Santos, foi lá no passado. Eu Parto pro debate, digo não a todas as grades.

Incentivo o ataque, agrupamento pro combate. Quero reparação, por todo

massacre E se eu sou oitenta, cota oitenta pra minha classe. Trecho do

RAP Faveláfrica do Grupo Família.

Para reflexão:

- A idéia de História transmitida pelo rap Faveláfrica é a mesma

estudada nos livros didáticos?

- Por quem e de que fala o documento?

- Quem fez em que circunstâncias e com que finalidade foi feito?

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Portanto, o afro-descendente através do Rap luta por seus direitos,

conscientiza, contesta padrões e normas como também supera estereótipos

estabelecidos desde a época da abolição, visto que, para a construção das

canções o rapper necessita conhecer sua história e seus direitos.

O conhecimento que acontece pela vivência nas periferias, pelas

pesquisas e debates nas Posses, sem um tempo de aprendizagem

previamente fixado em calendário escolar, respeitando os diversos tempos

para a incorporação dos conteúdos.

O trabalho demonstra através da análise destes cinco Raps a

possibilidade da construção, desconstrução e reconstrução do conhecimento

da história e cultura afro-brasileira de forma a vencer a visão europocentrista

dos livros didáticos, para uma história contada pelos próprios atores sociais.

3.3. QUEIME SEU VELHO LIVRO DE HISTÓRIA, POIS ELE MENTE.

Conteúdo:

O Rap está presente no cotidiano dos afro-descendentes nas periferias

das cidades, desde o momento do nascimento até a morte, ritmo melódico e

voz – trazidos da África - atuando de maneira constante tanto nas experiências

individuais como nas coletivas. Marcando a passagem do negro nos diferentes

espaços do planeta terra.

Quando o Pregador Luo fala no Rap Honra, queime o velho livro de

história é porque os livros didáticos utilizados pelos educadores, em sua

grande maioria, representam uma noção de história como produto da razão, do

sujeito cósmico universal, tendo a Europa e o ocidente como o lugar do fazer

histórico, excluindo tudo que não esteja de acordo com suas concepções.

A História do Brasil e da África estão entrelaçadas por um passado

comum, no entanto o eurocentrismo transmitido pelos livros didáticos

silenciaram por gerações a voz do povo negro e/ou criaram estereótipos de

forma a denegrir a imagem da África.

Conteúdo: A exclusão do afro-descendente no livro didático. Objetivo: Entender a criação da Lei 10.639/03.

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A aprovação da Lei 1063914 gerou a necessidade de busca de fontes

para trabalhar esses conteúdos, visando qualificar o processo ensino-

educativo. A alternativa após análises é a utilização do Rap como fonte

documental para a construção do conhecimento da História e Cultura afro-

brasileira para além de visões reducionistas, limitadas e reprodutoras de

preconceitos e discriminações.

3.4. MÃE DE UMA, MÃE DE DUAS, MÃE DE TODAS AS PESSOAS NEGRAS; MÃE ÁFRICA.

Embora o estágio de desenvolvimento do Continente africano seja

semelhante a maior parte do mundo, a mídia apenas o apresenta num estágio

tribal de miséria e morte; ou então como uma região de paisagens de florestas

tropicais, safáris e mulheres com cangas coloridas, vivendo em choupanas na

floresta.

Com isso a verdadeira África, cidades imensas, atividades econômicas,

tanto agrícolas como industriais e pecuárias desenvolvidas são desconhecidas

de todo o mundo globalizado.

14 A Lei nº. 10.639, de 09 de janeiro de 2003, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. O Parecer CNE/CP 003/2004 e a Resolução CNE/CP 001/2004 regulamentam esta lei. "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e políticas pertinentes à História do Brasil”.

PESQUISA: - Pesquise a Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Após leitura, reflexão e

discussão escreva as principais idéias nela contida.

Conteúdo: As diversidades do Continente africano.

Objetivo: Reconhecer o continente africano como berço das civilizações

humanas e suas diversidades regionais.

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Em todos os Continentes tanto americano, europeu, asiático quanto o

africano existem países pobres e ricos, ocorre que no caso da África a mídia

sobreleva a pobreza e miséria de alguns espaços em detrimento do

conhecimento da realidade do todo, perpetrando a desvalorização e ignorância

sobre a cultura africana no século XXI.

Em Carta a Mãe África Gog como descendente africano demonstra que

após a captura na África, os negros conhecem muito pouco de seu país de

origem, de sua própria cultura devido à precariedade do conhecimento

produzido pela escola pública sobre a questão.

Quando o grupo Consciência Humana no Rap Mãe África coloca Mãe de

uma, mãe de duas, mãe de todas as pessoas negras; Mãe África. Trata-se de

ATIVIDADES:

- Desenhe o mapa da África e represente por meio de cores e legenda, as

principais atividades econômicas desenvolvidas em cada região africana.

- Entreviste a professora de Geografia sobre as diversidades existentes no

continente africano.

Texto 2

Mãe! Me imagino arrancado dos seus braços.Que não me viu nascer, nem

meus primeiros passos.O esboço! É o que tenho na mente do teu rosto. Por

aqui de ti falam muito pouco. E penso... Qual foi o erro cometido?Por que

fizeram com agente isso?O plano fica claro... É o nosso sumisso. O que

querem os partidários, os visionários disso. Eis a questão... A maioria da

população tem guetofobia. Anormalia sem vacinação. E o pior, a triste

constatação: Muitos irmãos patrocinam o vilão... De várias formas,

oportunistas, sem perceber. Pelo alimento, fome, sede de poder. E o que

menos querem ser e parecer... Alguém que lembre no visual você. Trecho do

RAP Carta a Mãe África interpretada por GOG.

Atividade - A qual mãe e momento histórico que o autor faz referência?

- O que esse RAP é capaz de dizer?

- Quem fez em que circunstâncias e com que finalidade foi feito?

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uma análise apesar de romanceada, coerente, pois, vestígios arqueológicos

indicam o surgimento e a evolução de toda espécie humana a partir da África.

Com isso o Continente africano é o berço15 de toda a humanidade

evoluindo de uma ancestralidade comum16 iniciada na África.

É interessante mencionar que as descobertas como: fogo, instrumentos

de pedras, ossos, madeiras, prática agrícola, criação de gado, mineração,

arquitetura, engenharia, como grandes construções, centros urbanos,

organização política e prática da medicina também tiveram início no

continente africano.

15 O continente africano, palco exclusivo dos processos interligados de hominização e de sapienização, é o único lugar do mundo onde se encontram, em perfeita seqüência geológica, e acompanhados pelas indústrias líticas ou metalúrgicas correspondentes, todos os indícios da evolução da nossa espécie a partir dos primeiros ancestrais hominídeos. A humanidade, antiga e moderna, desenvolveu-se primeiro na África e logo, progressivamente e por levas sucessivas, foi povoando o planeta inteiro. MOORE. Carlos. Novas bases para o ensino da História da África no Brasil. SALTO PARA O FUTURO / TV ESCOLA WWW.TVEBRASIL.COM.BR/SALTO. 16 Grupos de humanos anatomicamente modernos deixaram o continente africano pela primeira vez há aproximadamente 100.000 anos. Essa população humana ancestral, que tinha apenas dois mil indivíduos, migrou progressivamente para os outros continentes, atingindo a Ásia e a Austrália há 40 mil anos, a Europa há 30-35 mil anos, e, finalmente chegando ao continente americano há pelo menos 18 mil anos. MOORE. Carlos. Novas bases para o ensino da História da África no Brasil. SALTO PARA O FUTURO / TV ESCOLA WWW.TVEBRASIL.COM.BR/SALTO.

Conforme autores o surgimento da espécie humana teve origem no

continente africano. Você concorda ou discorda com essa afirmação?

Argumente.

Autor: Marco Vilela. Ano 2008. Disponível: http://3.bp.blogspot.com/_Ah5gXiT86Wg/SUl67jEZgDI/AAAAAAAABIE/ipS6z0VqYBk/s1600-h/slavery_boy_map_africa.jpg

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4.5.TRÁFICO DE ESCRAVOS

Esses transportes navais românticos utilizados pelos europeus eram os

chamados tumbeiros; utilizados para o tráfico de seres humanos. Os quais

eram capturados, batizados em bandos e colocados nos porões dos navios,

amarrados pelos tornozelos dois a dois, onde eram chicoteados violentamente,

torturados pelo ambiente insalubre, pela fome, doenças, fezes e vômitos e

atirados ao mar em caso de fiscalização e/ou quando doentes para não

contaminarem a mercadoria.

O início do tráfico aconteceu quando o Papa Nicolau V através da Bula

“Romanus Pontifex”, de 8 de Janeiro de 1454, presenteou o rei de Portugal

com a África, a partir daí a maior migração forçada da História da

Humanidade.

O tráfico de negros foi tão grande que em 1823, 75% da população

brasileira era constituída por negros.

Conteúdo: Tráfico de Escravos

Objetivo: Analisar a partir do RAP como aconteceu o tráfico de escravos para

o Brasil.

Texto 3

Os europeus usavam transportes românticos; Para o tráfico de seres

humanos; E dentro do porão um grito surgia; E dentro daquele navio negros

eles traziam; Navio Negreiro, de Angola chegou; Um ato de covardia;

Tristeza para nosso povo e para eles uma grande alegria; Negras e Negros

enganados, vendidos como mercadoria; Mulheres negras espancadas; Só de

pensar nesse ato meu corpo arrepia; Por isso Consciência Humana pede a

você; que olhe ao seu redor e tente perceber, belezas negras. Trecho do

RAP mãe África do Grupo Consciência Humana.

- Como o Grupo Consciência Humana descreve o Tráfico de Escravos no

Brasil?

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28

.

Portanto, pode-se compreender que as pessoas eram capturadas de

forma brutal, arrancados do seu meio social, dos vínculos familiares, muitas

vezes por nações inimigas dentro do próprio continente em troca de tecidos,

armas de fogo, pólvora, ouro, ferramentas, espelhos e materiais

confeccionados em ferro.

Disponível: arquivohistorico.blogspot.com/2008_07_01_arch...

O Grupo Família com o Rap Faveláfrica ilustra por meio da metáfora da

mulher negra a captura dos escravos na África, perpassando pelo tráfico de

escravos até a chegada ao Brasil como mercadoria. Através do que você já

leu até aqui, também no rap Faveláfrica e ainda no desenho do navio

negreiro construa uma história em quadrinhos.

Texto 4

Certa noite ouviu gritos, estridentes e dolorosos. Os gritos eram de

tamanha dor, e tortura. Que eu me aproximei, daquela triste e bela mulher

negra e perguntei o que havia. Ela cheia de dor mágoa e tristeza

respondia: - Lá vem ele, lê vem ele. Não compreendo eu perguntei, ele

quem?Melancolicamente ela abradava:- O insano genocida, carrasco

afanador de vidas vai levar meus filhos inocentes por esses mares em

tristes correntes castigo sangue porões pelourinho chibata grilhões. Filho

do ódio parasita hospedeiro filho do mau chacal condutor do pesadelo. Lá

vem ele, lá vem ele,lá vem ele.E ainda sem compreender novamente

perguntei; - Mas ele quem? Ele quem?Ele quem? A Mãe África

arduamente incansavelmente respondia: - O chacal carniceiro abutre

bandido do estrangeiro. Destruindo nossos filhos simplesmente por

dinheiro. Ele é o Navio Negreiro. Família. Faveláfrica

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O desespero do povo negro ao deixar a terra era a alegria dos

mercadores, pois representavam mais mercadorias, mais produção colonial,

enfim mais lucros. Devido aos maus tratos, como: chicotes, alimentação

precária, superlotação, ambiente insalubre, falta de sol, doenças... Somente

uma verdadeira elite biológica chegava até o Brasil.

4.6.ESCRAVIDÃO NO BRASIL

O Rap Honra do Pregador Luo aborda a questão de como era tratado o

afro-descendente no Brasil. Os ancestrais sangraram em território branco, pois

desde a primeira metade do século XVI os negros eram trazidos como

mercadorias da África para ser utilizado no Brasil como mão-de-obra, isto é,

para gerar mercadoria.

As senzalas eram os espaços reservados para os escravos, onde alguns

permaneciam acorrentados para evitar fugas, local desconfortável, pois os

Conteúdo: A Escravidão no Brasil

Objetivos: Compreender como aconteceu a escravidão no Brasil através

da análise do RAP.

Texto 5

Ancestrais sangraram em território branco, açoites, correntes, troncos

Quem nós somos?De onde viemos? Para onde vamos?

Seus gemidos não os comovem, pare de chorar vê se move,

O sonho de liberdade não se perdeu, muito sangue negro escorreu

E fez germinar a semente da esperança, eu carrego vivo em mim a

mudança Já não tenho sede de vingança, mas ela virá, pois Deus

vingará. Pregador Luo - Honra

REFLITA: - De quem e de que o autor está falando? - Qual o grupo racial que o compositor do rap ocupa na sociedade? - Qual é o público alvo do RAP? - Com que finalidade o autor construiu este documento?

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negros eram considerados máquinas produtivas de riquezas, homem coisa,

sem direito algum, totalmente subordinados as ordens de seus proprietários.

Portanto, era utilizada toda forma de violência para sugar o máximo da

capacidade produtiva do negro; a mais comum era o açoite17.

Gog em Carta a Mãe África afirma que aqui os afro-descendentes

cresceram subnutridos de amor, enfatizando o chicote (açoite) do feitor. Além

do chicote enfrentaram vários tipos de agressões e penalidades cruéis como se

fossem animais ou ¨coisa¨, tanto que, embora houvesse uma regulamentação

para os castigos no livro 5,capítulo 133 das Ordenações Filipinas, aqui no

Brasil estas resoluções nunca foram respeitadas.

17 Chicote de couro retorcido, terminando em cinco pontas - era a punição mais comum no Brasil Colônia.

Texto 6

É preciso ter pés firmes no chão. Sentir as forças vindas dos céus, da

missão. Dos seios da mãe África e do coração.

É hora de escrever entre a razão e a emoção. Mãe! Aqui crescemos

subnutridos de amor. A distância de ti, o doloroso chicote do feitor...

Tornou-nos! Algo nunca imaginável, imprevisível. E isso nos trouxe um

desconforto horrível. As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora.

Evoluíram para a prisão da mente agora. GOG. Carta a Mãe África

Analise e Responda:

- Quais os momentos históricos mencionados pelo autor?

- Existe alguma aproximação do RAP com a realidade? Quais?

- Quais os objetos citados, como aparecem e quais as funções deles no

documento?

Texto 7

Reflito e sinto pena, daquela preta ingênua, que aceita ser chamada, de mulata ou

morena, Valença, Valença, valei-me meu grande Deus, de tanta inconsciência.

Porque ela se esqueceu, do tapa na cara, a dor da chibata. O tronco a senzala.

Família. Faveláfrica

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31

O Grupo Família com o Rap Faveláfrica, conduz a reflexão sobre os

diversos tipos de torturas utilizadas pelo feitor no Brasil de forma a fazer o

negro acatar aos seus ideais de riqueza.

Além do açoite, os escravos enfrentavam o tronco18, golilhas e/ou colar

de ferro19, anjinhos20 e a máscara de ferro21.

O senhoril não tinha qualquer preocupação com a vida do escravo,

porque, através do comércio triangular22 – que ocorria entre África, Portugal e

Brasil – se renovava o número de escravos rapidamente.

A Escravidão durou mais de 300 anos no Brasil influenciando na

construção do país. Em todo espaço, nesses três séculos os trabalhos eram

18 Pedaço de madeira retangular, com um buraco maior para o pescoço e dois menores para os pulsos, trancado com cadeado. 19 Com vários ganchos para evitar fugas. 20 Consistiam num círculo metálico, onde o escravo colocava os dedos os quais eram apertados por meio de uns parafusos, até fraturar os ossos. 21 Metal de forma cilíndrica, com pequenos buracos para permitir a entrada do ar nas narinas e orifícios semelhantes, na altura dos olhos. 22 Comércio Triangular é uma expressão utilizada para designar um conjunto de relações comerciais dirigidas por países europeus entre as metrópoles e os vários domínios ultramarinos, de carácter transcontinental apoiado em três vértices geopolíticos e económicos: Europa, África e América

Texto 8

Devastaram o império, saquearam o minério. Era a peste branca, apoiada

pelo clero. Mais eu quero, quero, e espero, sigo reto meu critério. Por

quê?Chicote rasgou corpo, sangue rolou no rosto. O carrasco achou pouco,

era sangue de um porco. Assim ele dizia o chicote, chibata descia. Família.

Faveláfrica.

Pesquise:

- O papel da Igreja Católica na Escravidão do negro?

- Represente através de maquete os instrumentos de tortura utilizados

durante a escravidão no Brasil?

- Conforme a citação do Grupo Família todos os afro-descendentes participam

ativamente dos movimentos em prol do negro?

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realizados pelos negros23 seja percorrendo ruas carregando água, dejetos,

mercadorias, cadeirinhas de brancos, como esclarece Costa:

Nas plantações e nas roças, nas cidades e nos campos, os escravos constituíam a principal força de trabalho. Vendedores ambulantes, artesões, carregadores, empregadores, empregos domésticos, carreiros, na sua maioria escravos que corriam as ruas das cidades na sua incessante labuta. (1997, p. 25)

4.7.QUILOMBOS24

23 Na lavoura, na cana-de-açúcar, no algodão, no tabaco, no café, no trabalho doméstico, exercia também atividades como barbeiro, costureiro, sapateiro, marceneiro, vendedores ambulantes a serviço de seus senhores na cidade. 24 Em 1740, reportando-se ao rei de Portugal, o Conselho Ultramarino valeu-se da seguinte definição de quilombo: toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele. SCHMITT, ALESSANDRA e outros. A Atualização do Conceito de Quilombo: Identidade e Território nas Definições Teóricas. Ambiente & Sociedade - Ano V - No 10 - 1o Semestre de 2002

Conteúdo: Movimento de resistência Quilombo dos Palmares

Objetivo: Identificar os quilombos principalmente o Quilombo dos Palmares

como forma de resistência a escravidão.

Texto 9

Eu sou a continuidade do antigo escravo, porém graças aos rebeldes,

meus pulsos não estão algemados. Pela honra dos ancestrais é que eu

guerreio, sou orgulho do gueto, sou contemporâneo, homem preto

com os mesmos defeitos, porém com mais virtudes. Sou a águia que

alcança grandes altitudes, vejo de cima todos os meus inimigos lá em

baixo, largos, sujos, morrerão pelo meu sucesso não pelo meu fracasso.

Sei que ameaço, pois represento igualdade com minha mente ou com meu

braço, dignifique o trabalho, cuspa no ócio, Não se deixe prejudicar, cuide

dos seus negócios. Pregador Luo - Honra

- De quem fala este documento?

- Confronte por meio de pesquisa bibliográfica, o Homem que vivia nos

quilombos com o Homem que vive hoje nas periferias das cidades.

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A continuidade da vida escrava25 eram os quilombos, onde muitos se

abrigavam resistindo à captura e morte, outros se abrigavam após terem

recebido por herança a propriedade e ainda outros pela posse devido ao

abandono da propriedade por seus senhores em final de ciclo econômico.

Existiram cerca de 840 quilombos espalhados pelo Brasil dos quais o

mais importante foi Palmares constituído por diversos mocambos26, cuja capital

era Cerca Real do Macaco ou Serra da Barriga.

Palmares era predominantemente agrícola, produzia para o consumo

interno como também para o comércio externo, parte da população ou alguns

mocambos praticavam a pesca, caça e coleta e o que produziam era dividido

entre todos de acordo com a necessidade de cada um. Independente do

quilombo ou mocambo todos faziam trabalhos artesanais desde a cestaria até

a metalurgia.

A partir de 1670, o Governo para afirmar o seu poder sobre a região

passa a atacar anualmente Quilombo dos Palmares com o objetivo de

destruição total. Nessa época quem liderava o Quilombo era Ganga Zumba

permanecendo na liderança até 1687, quando foi morto acusado de

colaboracionismo ao Governo brasileiro. Foi substituído por Zumbi que liderou

Palmares de 1687 até 1694.

25 Alguns escravos que não conseguiam chegar até o quilombo, eram capturados no meio do caminho pelos capitães-do-mato que eram remunerados pelo seu trabalho. 26 Esconderijo de escravos nas matas. Cada Mocambo possuía um chefe. Os mocambos eram construídos em terrenos não preparados para a construção, principalmente sobre pântanos, formando conjuntos semelhantes às favelas.

Texto 10

O guerreiro vai atacar yalorixá, yoruba keto e nação banta, nagô povo

africano. Roubaram-nos a riqueza, a beleza a nobreza. A terra a natureza,

dizimaram a realeza. Arquitetura, estrutura, medicina e cultura. Diamantes

agricultura e todo poder de cura. Na minha religião a inquisição e tortura. O

ataque o massacre, o abate os combates. As brigas as intrigas na Serra do

Barriga.Negros combatentes lusitanos covardes.A trincheira ta armada à

arena e palmares.Católica covarde,com o apoio do padre.Resultado do

pecado,esticado lá na esquina.Pro negro só chacina,nos roubaram a auto

estima.Ter cabelo crespo é vergonha pra menina.Só somos lembrados,no

pesado ou na faxina.Família.Faveláfrica.

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Foi um período muito conturbado de batalhas intensas, que tiveram fim

com a destruição do Quilombo dos Palmares numa expedição comandada pelo

paulista Domingos Jorge Velho em fevereiro de 1694.

Zumbi dos Palmares foi preso e morto pelas tropas do governo em 20 de

novembro de 1695. Como diz o RAP Família: ¨As brigas as intrigas na Serra da

barriga,permaneceram por muitos anos27; Negros combatentes lusitanos

covardes utilizando todo armamento possível para época;

A trincheira ta armada à arena é palmares. Católica covarde, com o

apoio do padre. Resultado do pecado, esticado lá na esquina.

Hoje conforme Carta a Mãe África ser preto é moda, principalmente após

a Constituição de 1988 e demais leis em prol do afro-descendente28. No

27 Foram várias tentativas em 80 anos de conflito, mas Palmares resistia bravamente e chegou a derrotar cerca de 30 expedições enviadas. 28 Atualmente, a implementação de políticas de ação afirmativa, incluindo as cotas nas universidades, a participação de militantes em diferentes instâncias do poder público, a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei 10.639/03) e o reconhecimento da propriedade de terras de “quilombos” têm permitido a desconstrução de preconceitos e estereótipos e a construção de novas formas de convivência.

- Com base no texto Quilombo dos Palmares construa uma poesia rimada.

Texto 11

Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual, continua caso raro

ascensão social. Tudo igual, só que de maneira diferente. A trapaça mudou

de cara, segue impunemente. As senzalas são as anti-salas das

delegacias. Corredores lotados por seus filhos e filhas... Hum! Verdadeiras

ilhas, grandes naufrágios, a falsa abolição fez vários estragos. Fez

acreditarem em racismo ao contrário. Num cenário de estações rumo ao

calvário. Heróis brancos, destruidores de quilombos. Usurpadores de

sonhos seguem reinando... Mesmo separado de ti pelo Atlântico. Minha

trilha são seis românticos cantos. GOG. Carta a Mãe África.

- Compare conforme o texto de GOG e pesquisa bibliográfica a vida do

negro antes da abolição e na atualidade.

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entanto a grande maioria desta população continua vivendo nas periferias das

cidades, nos semáforos, debaixo de pontes, morando nas ruas e desamparada

pela justiça.

Tanto que Gog enfatiza que as senzalas de hoje, são as anti-salas das

delegacias, corredores lotados por filhos e filhas afro-descendentes, isto é, os

presídios estão abarrotados de jovens negros habitantes principalmente das

periferias, os quais não possuem proteção do Estado e da sociedade, pois são

confundidos com traficantes de drogas e bandidos, cotidianamente sujeitos ao

extermínio, pela polícia ou pelos bandidos.

Gog ainda afirma que os heróis brancos, destruidores de quilombos,

usurpadores de sonhos seguem reinando... Desde Domingos Jorge Velho o

qual recebeu todas as condecorações de herói por ter destruído Palmares até

os dias atuais a violência, a discriminação, o preconceito e o racismo

camuflado seguem dirigindo o Brasil.

O Grupo Família cita a mordaça da preta Anastácia no RAP Família

como também Ganga Zumba, Zumbi e Dandara, os quais são respectivamente:

Anastácia personalidade religiosa de devoção popular brasileira, Ganga Zumba

o primeiro grande chefe conhecido do Quilombo de Palmares, Zumbi o maior

líder e Dandara a esposa de Zumbi.

4.8.ABOLIÇÃO

O progresso29 econômico do Brasil ocorreu a partir do trabalho escravo,

em todas as tarefas e espaços, a mão-de-obra escrava estava presente.

29 A escravidão chegou a ser indispensável para o progresso e prosperidade do país.

Pesquisa:

- O que representaram para a História do Negro no Brasil? Preta

Anastácia? Ganga Zumba? Zumbi? Dandara?

Conteúdo: Abolição da Escravidão no Brasil.

Objetivo: Analisar as circunstâncias que levaram a abolição da escravidão

no Brasil.

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A Inglaterra lucrou muito com o Tráfico de Escravos, mas ao fazer a

Revolução Industrial30 objetivava, devido à necessidade de mercados

consumidores, à extinção do tráfico de escravos.

Deste modo o Parlamento britânico aprova o Bill Aberdeen em 1945,

conferindo a marinha o direito de aprisionar navios negreiros, julgar os

traficantes mesmo em território nacional, provocando descontentamento e

protestos no Brasil. Em 1850, cedendo à pressão inglesa, o Brasil estabelece o

fim do tráfico de escravos com a Lei Eusébio de Queirós.

Em 1860 intensificou-se no Brasil a campanha abolicionista, liderada

pela imprensa e por setores da sociedade que visavam à implantação da

indústria manufatureira; até mesmo os políticos colocavam a abolição como

meta e/ou inspiração. O movimento antiescravista31 só desagradava parte da

oligarquia brasileira que utilizava a mão-de-obra escrava para o trabalho.

Em 1871, o visconde do Rio Branco consegue a aprovação da Lei do

Ventre Livre, que declarava: livre os filhos de mulheres escravas que

nascessem no Brasil; que o negro podia comprar sua própria liberdade e criava

um fundo de emancipação para resgate dos cativos.

Em 18 de setembro de 1885, o imperador D Pedro II sanciona a Lei

Saraiva - Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários, concedendo liberdade aos

escravos de 60 anos, a qual na realidade não teve nenhum efeito prático, pois

foram poucos os escravos que se beneficiaram dessa lei, devido a

30 Com a Revolução Industrial, a Inglaterra estava em busca de mercados consumidores para seus produtos. Como a escravidão ainda era intensa em vários países inclusive no Brasil, articulou tratados e leis proibindo o tráfico de escravos. Visto que, os escravos não recebiam por seus trabalhos, portanto não tinham como consumir produtos fabricados pela Inglaterra. 31 Os abolicionistas argumentavam que os lucros na produção seriam maiores utilizando-se a mão de obra assalariada, pois para a aquisição de um escravo exigia-se capital inicial, custos com saúde e alimentação do mesmo, o qual produziria pouco devido a falta de incentivo. Já o assalariado receberia um salário no final de cada mês, era responsável por sua saúde e alimentação e poderia ser demitido se não atendesse as expectativas do patrão.

Pesquisa:

- Qual o interesse da Inglaterra após a Revolução Industrial em por fim ao

tráfico de escravos e abolir a escravidão?

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desvalorização, pois eram mercadorias e/ou pela vida sofrida, morriam antes

de usufruir da lei.

Em 13 de maio de 1888 foi abolida a escravidão no Brasil, por meio da

Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, no entanto sem qualquer referência

de ressarcimento de perdas para os proprietários e para escravos, como sem

nenhuma menção das formas de capacitação de inclusão do negro na

sociedade.

Como menciona o Grupo Consciência Humana no RAP Mãe África:

foram lutas, humilhações, movimentos e protestos durante longo período em

busca da sonhada liberdade, no entanto todas essas ações não significaram

um planejamento para a inserção na sociedade do Homem/Mulher livre após

abolição. Portanto a Lei Áurea foi assinada mais as transformações foram

Texto 13

Os nossos ancestrais; que se rebelaram, lutaram, estupidamente;

Manipulados e acorrentados feito animais; Dizem que são sim; Pretos que

eram citados por eles como vagabundos; Humilhados maltratados;

Sonhavam em ser libertados; E dizem que foram que idéia banal; Então por

que precisou tanta luta tanto sangue derramado; De serem sacrificados;

Foram tantas lutas, para poucas vitórias; E isto é provado nos tempos de

agora. Há 106 anos foi decretada a abolição; Mas até agora não, não

respeitaram essa Lei Áurea; Que não deu em nada; E só serviu para

montar um esquema; Chamado de tal Sistema de Condenação; E se

marcar até hoje há a exploração; É isso que nos deixa revoltado; Ver

negros sendo explorados; Muitos deles desinformados. Consciência

Atividades:

- O RAP Mãe África mostra que os negros lutaram muito pela liberdade,

embora muitos autores afirmem que a abolição da escravidão aconteceu

apenas por interesses da elite econômica dominante. Analise esta questão

por meio de pesquisa bibliográfica e construa um pequeno texto.

- Represente com desenhos as Leis Abolicionistas.

- Faça uma paródia a partir do trecho do RAP Mãe África.

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singulares, pois a lei só revogou o trabalho escravo, não produziu medidas

concretas em prol do negro.

A lei de 13 de maio de 1888 mostrou-se insensível, ignorando a

responsabilidade do Estado, na intermediação da integração dos ex-escravos

ao sistema econômico do país.

4.9. O NEGRO PÓS ABOLIÇÃO

Durante o processo de abolição lutava-se essencialmente pelo fim da

escravidão, pela liberdade sem, contudo projetar como seria essa vida

juridicamente livre na sociedade. Por isso ao serem inseridos na sociedade

continuaram sendo tratados como escravos, tendo por base os preconceitos,

discriminações e ideologias das classes dominantes.

A lei Áurea não indenizou os escravos pelo trabalho realizado, foram

libertos não possuindo benfeitoria alguma, nem econômica, tecnológica,

intelectual.

Foram abandonados a própria sorte, sem habitação, alimento, roupa ou

dinheiro, enfrentam a concorrência dos imigrantes nos trabalhos agrícolas,

despreparados para o trabalho livre não conseguem o sustento, sem outra

opção muitos apelam para a mendicância, alguns continuam trabalhando nas

fazendas, outros se apossam de terras e passam a viver da agricultura familiar

e ainda a maioria da população alforriada passa a viver nas periferias das

cidades.

A forma de abolição a qual foi submetida à população negra no Brasil

provocou marcas de exclusão, marginalização e racismo, apesar da negação

da intolerância e do preconceito racial.

Conteúdo: A situação do Homem negro após a abolição.

Objetivo: Compreender as causas da exclusão do Homem Negro na

sociedade brasileira após a abolição da escravidão.

Existe no Brasil após a Abolição da Escravidão exclusão, marginalização,

racismo, preconceito? Justifique sua resposta.

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É interessante ressaltar que após a abolição ao invés da utilização da

mão-de-obra liberta houve a implantação de uma política favorável à utilização

de mão-de-obra estrangeira no país. Impossibilitando a inclusão do

Homem/Mulher livres pela Lei Áurea, concretamente na sociedade, como

sujeito ativo economicamente disputando em termos de igualdade as

possibilidades trabalhistas.

Portanto a Lei Áurea trouxe a liberdade aos negros, mas não os

aparelhou para usufruí-la. Deste modo, apesar de libertos, permaneceram

desprovidos do mínimo necessário para uma vida digna.

O Rap Faveláfrica faz referência a revoltas que tiveram como

protagonistas os negros: Malês32 e Chibata33; registra a contribuição da

população negra marcando profundamente a cultura brasileira e enfatiza a

¨miopia¨ do livro didático no que se refere a África.

32 A Revolta dos Malês ocorreu na cidade de Salvador dias 25 e 27 de janeiro de 1835. Os principais personagens desta revolta foram os negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de ganho: alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros. 33 O objetivo conseguir o fim do castigo corporal e melhorar a alimentação. Ocorreu em 1910. O marinheiro Marcelino Rodrigues Meneses, fora condenado a 250 chibatadas. Seus companheiros se rebelaram. Três navios (São Paulo, Bahia e Deodoro) estacionados na Guanabara aderiram. O líder da revolta foi o marinheiro João Cândido. Almirante Negro.

Texto 14

Revolta da Chibata a Revolta do Malês Desmontou minha nação gege.

Meu black, minhas tranças. Referencia pras crianças

Minhas tranças, o meu black, Referencia pros moleques. Candomblé,

capoeira, feijoada caseira. Foi mãe África quem criou. Besteira muita

asneira, o livro já falou. Família. Faveláfrica

Pesquisa:

- Quais as semelhanças e diferenças existentes entre a Revolta da Chibata

e a Revolta dos Malês?

- Que nação Gege foi desmontada conforme os autores?

- O RAP Faveláfrica faz referência à cultura afro-brasileira. Escreva um

texto que contemple os três elementos citados pelo Grupo: Candomblé,

capoeira e feijoada.

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Logo após a Abolição da Escravidão o então ministro da Fazenda Rui

Barbosa decretou a incineração de todos os papéis, livros e documentos

existentes nas Repartições do Ministério da Fazenda relativos à escravidão no

Brasil. De modo a resguardar o Governo dos pedidos de indenizações pelos

senhores de escravos devido aos prejuízos sofridos com a abolição da

escravatura. A decisão foi concretizada a 13 de maio de 1891. Com isso parte

da História do Brasil desapareceu.

4.10.RACISMO

Analisando a vida da população afro-descendente no Brasil, Gog em

Carta a Mãe África, destaca que a carne mais barata do mercado é a negra, a

carne mais marcada pelo Estado é a negra.

Texto 15

Dr. Rui Barbosa de mente majestosa ação meticulosa pra mim foi criminosa.

Fogo nos documentos fogo em toda prova. Fogo na minha vida fogo na

minha história. Família. Faveláfrica.

- Quem foi Rui Barbosa?

- Quais os motivos que o levaram a incinerar grande parte dos documentos

referentes à escravidão no Brasil?

Conteúdo: O Racismo no Brasil

Objetivo: Identificar as diferentes formas de racismo camuflado no Brasil.

- Comente a partir de pesquisa de campo e bibliográfica a frase: A carne

mais barata do mercado é a negra, a carne mais marcada pelo Estado é a

negra.

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41

Durante a escravidão o negro foi marcado com ferro quente como forma

de identificação e também como castigo corporal,quando não obedecia aos

senhores de terras, pois a escravidão fez do Homem/Mulher negro coisa e /ou

peça de serviço.

No auge do tráfico, o número de escravos34 trazidos para o Brasil

tornou-se elevadíssimo, barateando o custo da aquisição da mercadoria,

aumentando os maus tratos, tanto que, por seus trabalhos recebiam a

¨gratificação¨ que os historiadores nomearam de três pes: Pão,pau e

pano.Portanto,marcas,estigmas.

Com a abolição o negro livre ingressa na sociedade brasileira, como

uma cultura reprimida, enfraquecida devido ao baixo poder aquisitivo e o

enfrentamento de um intenso mais disfarçado preconceito racial pelo Estado e

Sociedade que o coloca de frente ao imigrante na disputa pelo mercado de

trabalho.

Portanto as marcas da discriminação, preconceito, exclusão, miséria

persistem até os dias de hoje fazendo com que a maioria da população negra

seja marginalizada pelo restante da população brasileira.

A inserção social do negro no Brasil ainda é profundamente racista: a

grande maioria da população é excluída dos setores privilegiados da sociedade

utilizada apenas em trabalhos pesados como mão de obra barata e com os

direitos básicos negligenciados.

Portanto durante a escravidão a MARCA era na carne, atualmente

tomou conta do todo devido ao processo de discriminação, preconceito e

racismo camuflado.

34 Tratados como mercadoria, o escravo podia ser objeto de compra, venda empréstimo, penhor, doação, transmissão por herança, embargo, depósito, arremate e adjudicação, como um “objeto”.

- De acordo com seus conhecimentos o que significa a gratificação recebida

pelos escravos?

Pau_____________________________________

Pão_____________________________________

Pano____________________________________

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Os negros são mais perseguidos pela polícia do que o restante da

população brasileira, para conseguir acesso à justiça, necessita superar

diversos obstáculos e esporadicamente desfrutam o direito de ampla defesa

assegurado por lei.

Texto 16

Vida bandida que não se tem mais justiça; Eu estarei sempre esperto ou

serei mais uma vítima: Gritos, tiros no meio da multidão; Mas o negro se

acabou sem nenhuma solução; Por que ainda existem pessoas que tem

preconceitos raciais; Que querem nos humilhar, nos tratar como animais; E

o menor abandonado sem nenhuma assistência;Discriminado pela cor e

pela sua aparência; Negro é criticado pela sociedade;Não tem direitos de

viver,sofre com a violência da nossa cidade;E não estamos vencidos por

esses inimigos;Mas como sempre de lado mantidos;Na boca deles

bandidos retidos;Autoritários armados até os dentes;De grife na mão e de

mecha no pente; A agressão racial de baixo pra cima,de cima pra baixo;De

um lado pro outro,por todos os lados;Nós negros somos criticados e

humilhados; Mas não vencidos.Consciência Humana.Mãe África.

- Considerando a foto e o trecho do RAP Mãe África pode-se dizer que no

Brasil não existe racismo? Argumente:

- Qual o grupo social que os autores representam com este RAP?

- Como são vistos os afro-descendentes pela maioria das instituições no

Brasil? Ex: escola, polícia etc...

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Como também 90% das crianças e adolescentes nas ruas são afro-

descendentes, os quais encaram no dia a dia as adversidades estabelecidas

pela sociedade e pelo Estado que não cria medidas em prol dos menores

abandonados.

O Pregador Luo analisa as diferentes atividades ilegais realizadas por

afro-descendentes, a princípio levados por alguns trocados para matar a fome,

depois com a dificuldade de emprego, transformam essas ações em serviço

autônomo. O Pregador Luo ainda destaca os deputados, senadores e juízes

negros que tendo oportunidade, não realizaram nada em prol do afro-

descendente brasileiro.

Texto 17

Os tiros ouvidos aqui vêm de todos os lados. Mas não se pode seguir aqui

agachado. É por instinto que levanto o sangue Panto-Nagô... E em meio ao

bombardeio, reconheço quem sou, e vou... Mesmo ferido, ao fronte, ao

combate. E em meio a fumaça, sigo sem nenhum disfarce. Pois minha face

delata ao mundo o que quero: Voltar para casa, viver meus dias sem terno.

Eterno! É o tempo atual, na moral·. GOG. Carta a Mãe África.

- Que espaço/tempo o autor está mencionando neste trecho?

- Como encaram a realidade os adeptos do movimento e/ou cultura Hip Hop?

Texto 18

Eu me envergonho do negro que trafica droga em porta de escola. Repudio

a ação do homem forte que pede esmola, vergonha é ver seu semelhante

se humilhar por grana, como o macaco faz em troca de banana. Mas que

disgrama pra mama África, ver seus filhos desamparados a se degradar.

Atirando uns nos outros por ponto de venda de entorpecentes (...) Mesmo

que morram os inocentes e assim vira notícia nossa gente. Somos presos

sem Correntes, demarcamos territórios, reduzimos contingentes. Belo

exemplo pra quem vai chegar Herança maldita que tivemos que herdar.

Deputados, senadores, juízes sem caráter, Desgraçam os filhos de uma

nação. Corrupção clara. Venderam suas almas em troca de mansões

caras, Descerão à mansão dos mortos. Pregador Luo - Honra.

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Analisando a ampla defesa assegurada por lei a todas as pessoas, no

caso do negro, representa apenas uma norma que não é colocada em prática,

visto que, nos casos de racismo a impunidade é natural, impregnando todos os

setores da sociedade.

O racismo não passa com diz o Grupo Família é tudo fachada, pois já

não representa apenas uma ideologia, trata-se de uma instituição construída no

processo histórico de exploração econômica e humana. Se realimenta,

cotidianamente, apoiado pela classe dominante, que marginaliza a população

negra habitante das periferias das cidades as quais ficam completamente

desamparadas, alvo de balas perdidas.

- De quem o autor fala?

- Represente o texto através de História em Quadrinhos.

Texto 19

O racismo não passa, é tudo fachada. É jogada armada, É tapa na cara da

nossa raça. O corpo na vala, a Rota que passa polícia que mata. Mais um preto

arrasta o capitão lá da mata. Do branco a risada, racista piada. É mesmo uma

praga. Pra mim isso basta, to pegando as minhas facas. Minha língua é

navalha,palavra que rasga,É fogo que se alastra,deflagra,conflagra. Mas não

quero só fala, eu parto para a prática. Olha lá no templo, o irmão desiludido.

Louco muito louco por um pouco de alívio. Sacaram de uma sacola era esmola

era dízimo. Fogueira, fumaça carvão, forca, fogo a Inquisição. Católica religião,

demagogia preconceito. Eu vejo o desrespeito simplesmente eu não aceito.

Miscigenação forçada, mãe África estuprada. Nunca descobridores invasores só

canalhas. Torturaram minhas raízes e nos deram as marquises. Agora surge o

revide, o Gato Preto lhe agride. Família. Faveláfrica.

- Conforme o Grupo Família ¨O racismo não passa¨ . Como justifica essa

afirmação?

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O Grupo Família relaciona a Igreja Católica como legitimadora da

escravidão no Brasil e da Inquisição, com a Igreja atual exploradora do negro

pobre, habitante das periferias das grandes cidades, que devido às péssimas

condições de sobrevivência, frustrações e mortes procuram uma consolação

para seus sofrimentos e encontram um verdadeiro mercado.

.

A miscigenação é um tema polêmico no gueto como enfatiza Gog visto

que é utilizada para legitimar o mito da democracia racial, atrasando ações

afirmativas, pois retira os argumentos de denuncia de racismo.

Pois no Brasil a partir da teoria da miscigenação quanto mais próximo o

mestiço estiver do Homem branco, descendente de europeus, mais

possibilidades de inclusão na sociedade. Tornando invisível a população

procedente da vertente africana, para construir um país embranquecido,

instituindo uma hierarquia segundo as tonalidades da “cor”.

Texto 20

E a miscigenação, tema polêmica no gueto. Relação do branco, do índio

com preto. Fator que atrasou ainda mais a auto-estima: Tem cabelo liso,

mas olha o nariz da menina. O espelho na favela após a novela é o divã.

Onde o parceiro sonha em ser galã. Onde a garota viaja... Quer ser atriz

em vez de meretriz. Onde a lágrima corre como num chafariz. Quem diz!

Que este povo foi um dia unido. E que um plano o trouxe para um lugar

desconhecido. Hoje amado (Ah! Muito amado.), são mais de quinhentos

anos. Criamos nossos laços, reescrevemos sonhos. Mãe! Sou fruto do seu

sangue, das suas entranhas. O sistema me marcou, mas não me

arrebanha. O predador errou quando pensou que o amor estanca. Amo e

sou amado no exílio por uma mãe branca. GOG. Carta a Mãe África

- Pesquise o significado de miscigenação.

- Quais as relações de trabalho, poder e cultura que o RAP realiza?

- Partindo do tema miscigenação: O que o autor quer dizer com essa frase:

Amo e sou amado no exílio por uma mãe branca.

- O que significa a Teoria do embranquecimento do Brasil?

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No mural vendem uma democracia racial que na verdade não existe, os

negros passaram a ser afro convenientes de forma a proteger a ordem social,

cuja estrutura política é organizada de forma que se o negro ficar no seu

lugar,subordinado a classe dominante poderá usufruir da aprovação das leis

reivindicadas pelo movimento negro,caso contrário o opressor ameaça a

recalçar as botas.

A frase racismo não existe e sim uma social exclusão prejudica a

implementação de ações afirmativas em prol da população afro-descendente,

que atualmente não obstante tudo que enfrenta e enfrentou, ainda precisa

provar que existe racismo no Brasil.

Texto 21

No mural vendem uma democracia racial. E os pretos, os negros, afro-

descendentes... Passaram a ser obedientes, afro-convenientes. Nos

jornais, entrevistas nas revistas, alguns de nós, quando expõem seus

pontos de vista. Tentam ser pacíficos, cordiais, amorosos. E eu penso

como os dias tem sido dolorosos. E rancorosos, maldosos muitos são.

Quando falamos numa mínima reparação: Ações afirmativas, inclusão,

cotas?! O opressor ameaça recalçar as botas. Nos mergulharam numa

grande confusão. Racismo não existe e sim uma social exclusão. Mas sei

fazer bem a diferenciação Sofro pela cor, o patrão e o padrão. GOG.

Carta a Mãe África

Pesquise:

- O que é democracia racial? Existe mesmo no Brasil?

- E os pretos, os negros afro descendentes, passaram a ser afro

convenientes? O que significa isso?

- Escreva o que significa: ações afirmativas, inclusão, cotas.

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Não aconteceu no Brasil uma política de inserção social da população

de vertente africana, o convívio desta criou uma consciência coletiva da

exclusão a que estavam submetidos. Por isso o Rap é um meio de protestar e

articular seus pensamentos, visando à auto-afirmação e a construção de uma

identidade positiva.

A raiz dos problemas que enfrenta o Brasil está na histórica exploração

econômica e humana, estigma que marca a maioria da população que ainda

luta pela reconstituição de sua cultura e da dignidade da pessoa humana.

Precisamos urgentemente transformar a atual realidade através da

conscientização da sociedade em geral da necessidade de transformação e

respeito da diversidade étnica e cultural existente no Brasil, como também

batalhar ligados aos movimentos negros em prol da implementação das leis

que dignificam a população afro-brasileira.

Texto 22

Eles querem guerra eu quero é paz, mas se quer eu quero é mais defender

meus ancestrais e por isso corro atrás gato preto é sagaz

bola plano eficaz destruindo os capatazes. Por quê?

Criaram novos termos, camuflando o preconceito. Fingindo encobrindo, o

desastre que causou: Pretinho, moreninho, mulato homem de cor. Não

aceito eu sou negro, eu sou afro-brasileiro Herdeiros de Zumbi, eu também

sou guerreiro Cartola, Mandela, Portela, Marcos Garvei, Marighela. Família.

Faveláfrica

- De que personagens falam os autores? Quais são seus predicativos?

- Pretinho, moreninho, mulato, homem de cor... Segundo os autores

representam à camuflagem do Racismo no Brasil?Justifique.

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4.11.QUESTÕES PARA ANÁLISE DO RAP

1. O que é o documento?

2. Qual o título?

3. Qual o nome do autor?

4.Em que data foi produzido?

5.Trata-se de tema original?

6. Há temática secundária?

7. Qual? E como se articula com a temática principal?

8. Como o Rap foi produzido?

9. Com que objetivo?

10. Qual o público alvo?

11. Técnicas e materiais para a construção do Rap.

12. Houve inovação?

Texto 23

Mas ainda você assiste á tudo de braços cruzados; Até parece que não é

um preto prejudicado; Nossos motivos pra lutar ainda são os mesmos;

Sobrevivência pra população negra; Então vamos lutar por liberdade, por

necessidade; Temos que mostrar que o negro também tem; Necessidade e

vontade de chegar lá; E desacatar os que nos prejudicam; Não só os

negros, mas todos necessitam; De liberdade e compreensão; E nós

queremos que acabe a discriminação. Consciência Humana.Mãe África.

Atividades

- Você assiste a tudo de braços cruzados, até parece que não é preto

prejudicado para quem o Grupo Consciência Humana está falando?

- Qual é o objetivo da luta do afro-descendente conforme o texto?

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13. Como está estruturada a composição?

14. Qual o papel desempenhado pelo ritmo no rap?

15. Qual o papel desempenhado pela poesia?

16. O que o documento diz para você?

17. Qual o grupo social que o compositor do rap ocupa na sociedade?

18. E o público alvo do rap?

19. Existem pessoas ou grupos mencionados? Quem são?

20. Quais seus predicativos?Que faziam e fazem hoje?

21. Quais são as instituições citadas?

22. Como o autor concebe essas instituições?

23. Qual é a ideologia que se pretende veicular?

24. Quais são os objetos citados?

25. Como eles aparecem?

26. Qual sua função dentro do tema?

27. Pertencem as pessoas citadas?

28. Qual é o momento histórico de construção do rap?

29. Por quem fala o documento?

30. Que espaço faz referência?

31. Que pensamento está contido em seu significado?

32. Existe aproximação com a realidade?

33. Existe alguma articulação entre o rap e a sociedade onde o autor está

inserido?

34. Em que consiste seu ato de poder?

35. Quais as relações de trabalho, poder e cultura que o rap aborda?

36. Utiliza-se de símbolos ou signos que possibilitam várias interpretações?

37. O público alvo do rap identifica os símbolos utilizados?

38. O rap é importante para a construção da História e Cultura afro-brasileira?

39. A idéia de História transmitida pelo rap é a mesma estudada nos livros

didáticos?

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5.ROTEIRO DE TRABALHO - O RAP COMO FONTE DOCUMENTAL PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS.

5.1. OBJETIVO: APRESENTAR A CULTURA E OU MOVIMENTO HIP HOP.

Recursos: Aula expositiva, apresentação de vídeo documentário do Hip

Hop utilizando a TV Pendrive e texto.

Organização do trabalho: O trabalho será realizado a partir da

exposição interativa do Projeto para os alunos, apresentação da Cultura e ou

Movimento Hip Hop através de aula expositiva e do documentário O Hip Hop

Fazendo História. Em todos os momentos os alunos poderão participar seja

questionando ou mesmo contribuindo com suas experiências sobre o tema.

Visando sintetizar o assunto os alunos farão uma memória de aula ilustrada.

5.2. OBJETIVO: IDENTIFICAR E CARACTERIZAR OS ELEMENTOS DO HIP

HOP.

Recursos: Aula expositiva sobre os cinco elementos constitutivos da

cultura Hip Hop, apresentação do vídeo documentário Hip Hop utilizando a TV

Pendrive.

DOCUMENTÁRIO HIP HOP

Direção e Produção Carla Bispo Fotografia e Imagens Carla Bispo Narração Glauber Souza Endereço http://www.youtube.com/watch?v=ZaIOTWRWHW4&feature=related

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Organização do trabalho: A aula será realizada em grupos os quais

após assistirem à aula expositiva e o vídeo documentário formularão questões

sobre o tema para debate em sala de aula. Concluindo com um desenho

representando os 5 elementos do Hip Hop.

5.3. OBJETIVO: ANALISAR O RAP COMO FONTE DOCUMENTAL PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA HISTÓRIA E CULTURA-AFRO-BRASILEIRA.

Recursos: Letras dos RAPS; vídeo documentário dos RAPS; DVD, CD

textos e atividades desta Unidade Didática e livros didáticos para

desconstrução reconstrução e/ou construção do conhecimento.

Organização do trabalho: Oficinas Pedagógicas: A sala será dividida

em 5 grupos de 8 membros. Cada grupo trabalhará com um rap:

DOCUMENTÁRIO HIP HOP

Endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=rHAa3cQTFgE

OFICINAS PEDAGÓGICAS

Oficina 1 – Honra de Francisco Félix interpretado pelo pregador Luo;

Oficina 2 – Carta a Mãe África de Genival Oliveira Gonçalves e interpretada

por GOG;

Oficina 3 – Mãe África composição e interpretação de Consciência Humana;

Oficina 4 – Faveláfrica composição e interpretação de A Família

Oficina 5 – Tema dos Guerreiros do Pregador Luo e interpretada por

Apocalipse 16.

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Cada Oficina possuirá um coordenador, escolhido pelos componentes

do grupo. A qual receberá um Rap para análise, um texto geral de apoio e

diferentes atividades para a incorporação dos conteúdos. Poderão utilizar

recursos como Internet e livros didáticos para um maior aprofundamento sobre

o tema.

O encerramento das Oficinas acontecerá com a apresentação ao

grande grupo de um novo RAP síntese do conhecimento adquirido. Haverá

filmagens para um vídeo documentário.

5.4.AVALIAÇÃO

A avaliação acontecerá durante o processo da construção da

aprendizagem; diagnóstica de forma a garantir a aprendizagem do aluno.

Na dinâmica, de ação/construção e reconstrução, a professora e o

coordenador da Oficina suscitarão, a cada vivência, a apreciação da atividade

em relação aos objetivos propostos e a busca de alternativas para que ela

possa ser ampliada e reelaborada na prática pedagógica.

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5.5.CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DE IMLEMENTAÇÃO DO PROJETO NO COLÉGIO ESTADUAL ARNALDO BUSATO. SÉRIE: 1ª SÉRIE DO ENSINO NORMAL

ATIVIDADES PERÍODO DE REALIZAÇÃO HORAS

Aula introdutória

Apresentação do Projeto e

da Cultura Hip Hop com

documentário e memória

de aula.

De 16 a 20 de agosto 1

Aula expositiva

Apresentação dos cinco

elementos da Cultura e ou

Movimento Hip Hop, com

documentário, debates e

registro em desenhos.

De 16 a 20 de agosto 1

Formação dos grupos para

as Oficinas e

apresentação das

atividades.

De 23 a 27 de agosto 2

Atividades do texto e

pesquisas nas Oficinas

30 de agosto a 03 de setembro 2

Atividades do texto e

pesquisas nas Oficinas

8 a 10 de setembro 2

Atividades do texto e

Construção do RAP nas

Oficinas.

13 a 17 de setembro 2

Construção do RAP 20 a 24 de setembro 2

Construção e ensaio do

Rap

27 a 30 de setembro 2

Apresentação ao grande

grupo. Filmagens e

Avaliação geral

4 a 8 de outubro 2

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADÃO. Sandra Regina. Movimento Hip Hop: A visibilidade do adolescente negro no espaço escolar. Disponível em: http://www.tede.ufsc.br/teses/PEED0558.pdf Alves. Flávio Soares A dança Break: corpos e sentidos em movimento no HipHop.http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/motriz/article/viewPDFInterstitial/937/874 ANDRADE, Elaine Nunes. (org) Rap e Educação Rap é Educação. São Paulo: Summus, 1999. ARDOINO, J. Abordagem multirreferencial (plural) das situações educativas e formativas. In: Barbosa, J.G. (Org.) Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: edufscar, 1998. AZEVEDO, Amailton M. No ritmo do rap: musica oralidade e sociabilidade dos rappers. Revista de História Oral da Unicamp (Projeto História), São Paulo, n.22, p.357-379, jun. 2001. BA, A.H. A palavra, memória viva da África. O Correio da Unesco. Rio de Janeiro, n. 10/11, p.17-23, 1979. BENTES, Anna Christina. Linguagem: Práticas de Leituras e Escrita. Vol 2. São Paulo: Global, 2004. BHABHA, Hommi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. COSTA, Sérgio. Dois Atlânticos: teoria social, anti-racismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. CUNHA JR., Henrique. Ver vendo, versando sem verso, escrevendo e se inscrevendo no Hip Hop. In.: Revista Espaço Acadêmico, Nº 31, Dezembro de 2003. Disponível em http://www.espacoacademico.com.br, acesso em 10/03/2005.

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____________________Tear africano: contos afrodescendentes. São Paulo: Selo Negro, 2003. DAYRELL, Juarez. A música entra em cena: o rap e funk, na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005. DnADESKY, Jacques. Pluralismo étnico e multiculturalismo: racismos e anti-racismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2005. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996. DOMENICH, M.; CASSEANO, P.; ROCHA, J. Hip Hop a periferia grita. São Paulo: Perseu Abrano, 2001. GILROY, Paul. O atlântico Negro: Modernidade e dupla consciência. São Paulo: Ed. 34, 2001. GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005. GUSTSACK. Felipe. Hip-Hop: Educabilidades E Traços Culturais Em Movimento http://btd.unisc.br/Teses/FelipeGustsack.pdf HERSHMAN, Micael. Mobilização, Ritmo e Poesia, O Hip-Hop como Experiência Participativa. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. KARNAL, Leandro. A renovação da história: ensino conseqüente. In: SERPA, Élio Cantalício et al. (Orgs.). Escritas da História: intelectuais e poder. Goiânia: Ed. da UCG, 2004, pp. 71-81. KITWANA, B. Palestra realizada no evento São Gonçalo In rap 2006. São Gonçalo, 2006. LINDOLFO FILHO, João. Hip Hopper: tribus urbanas, metrópoles e controle social. In: PAIS, José Machado, BLASS, Leila M. Silva (orgs.). Tribos urbanas: produção artística e identidades. São Paulo: Annablume, 2004.

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MIGNOLO, Walter D. Histórias Locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003. MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Summus, 2003. ROCHA, J; DOMENICH, M; CASSEANO, P. (2001). Hip Hop – A periferia grita. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001. SANSONE, Livio. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção cultural negra no Brasil. Salvador: Edufba; Pallas, 2003. SANTOS, Helio. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso. São Paulo: Editora Senac, 2001. SILVA, J.C.G. Arte e educação: experiência do movimento hip hop paulistano. In: Andrade, E. (Org.). Rap e educação, rap é educação. São Paulo: Summus, 1999. SOUZA, J; FIALHO, V.M.; ARALDI, J. HIP HOP: DA RUA PARA A ESCOLA. Rio Grande do Sul: Sulina, 2005. SOUZA, Marcilene. Juventude negra e racismo: o movimento Hip Hop em Curitiba e a apreensão da imagem de “capital européia em harmonia racial”. Curitiba: Dissertação de Mestrado em Sociologia. UFPR, 2003. TELLA, Marco A. P. Rap, memória e identidade. In: ANDRADE, Elaine Nunes de (org) Rap e educação, rap é educação. São Paulo: Summus, 1999 ________________. Atitude, Arte, Cultura e autoconhecimento: o rap como a voz da periferia. São Paulo: PUC\CS\DA, 2000. (Dissertação de Mestrado) VIANNA, H. (1998). O mundo funk carioca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

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WEIMER, Guinter. Arquitetura popular brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 6.1. REFERÊNCIAS DISCOGRÁFICAS

FAMÍLIA, A. Faveláfrica. A Família, Brasília: Sky Blue Music, nov.2004.

GONÇALVES, Genival Oliveira. Carta a Mãe África. Aviso ás Gerações,

Brasília: Só Balanço, 2006.

HUMANA, Consciência. Mãe África. Enxergue seus próprios erros. Universal

Music, 1999.

LUO, Pregador. Honra. Arquitetura da Revolução. São Paulo: Aliança Produções, 2003. ------------------. Tema dos Guerreiros. D Alma. Apocalipse 16. São Paulo: Aliança Produções, 2005.