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Page 1: D. Óscar Romero,A preocupação principal deve passar, do meu ponto de vista, por potenciar o interesse mediático para centrar a atenção na mensagem que se quer transmitir. Dando
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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte,Rui Jorge Martins, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.

Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.:218855472; Fax: 218855473. [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional10 - Opinião D. Manuel Linda12 - A semana de Margarida Duarte14 - Dossier D. Manuel Clemente,patriarca

40 - Internacional42 - Cinema44 - Multimedia46 - Estante48 - Vaticano II50 - Agenda52 - Liturgia54 - Programação Religiosa55 - Por estes dias56 - Fundação AIS58 - Luso Fonias60 - D. Óscar Romero

Foto da capa: Agência EcclesiaFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

D. ManuelClemente,Patriarca deLisboa[ver+]

As pessoas, a fé eacrise económicapara o Papa[ver+]

D. Óscar Romero,um mártir«incómodo»[ver+] D. Manuel Linda | Padre Tony Neves

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Ilusões mediáticas

Octávio CarmoAgência ECCLESIA

As palavras de ‘Qohélet, filho de David, rei deJerusalém’, que dão início ao livro bíblico doEclesiastes – “Ilusão das ilusões, tudo é ilusão” -são uma lição perene sobre a transitoriedade davida terrena e, para mim, um alerta contínuo.Todos os dias somos confrontados com a buscado novo, do diferente, do inédito, muitas vezesem sacrifício de uma busca mais fundamental, ada verdade. Numa era mediática, esta sensaçãointensifica-se: ao longo dos últimos dias,assistimos a um verdadeiro corrupio em volta dahierarquia católica em Portugal, com corridas àmanchete, especulações e factos em misturasdesvariadas, sem que muitas vezes se definamclaramente as fronteiras entre informação emexerico.A ‘novelização’ da informação relativa à Igrejapoderia gerar nos seus responsáveis a ilusão deque o interesse mediático sobre a instituição estáa aumentar, mas permito-me discordar dessaleitura: mais notícias não são, necessariamente,melhores notícias. O velho ditado de que não há“má publicidade” está longe de confirmar-se,neste caso.A preocupação principal deve passar, do meuponto de vista, por potenciar o interessemediático para centrar a atenção na mensagemque se quer transmitir. Dando como exemplo ocaso do novo Papa, grande parte da chamada“boa imprensa” de que goza

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atualmente resulta do facto de seescrever sobre o que Francisco dize faz em vez de se procuraremintrigas, jogos de bastidores oufontes anónimas que, muitas vezes,usam os jornalistas para atingiremos meios a que se propõem semque estes sequer se apercebam,fascinados que estão pelo “furo”.Quem faz tudo por uma boa“novela” para vender jornais ouganhar audiências não vai parar:procurará outra história,esquecendo até os novosdesenvolvimentos da primeira, eassim sucessivamente, tentandoantecipar-se aos concorrentes e, lá

está, sacrificando a verdade, senecessário.Há demasiada ilusão mediática,neste tempo em que as fronteiras sediluem e os comunicadores sedemitem progressivamente do seupapel de mediação, num momentoem que essa função é maisnecessária do que nunca. Comodizia Bento XVI, “o que hoje é muitomoderno, amanhã será velho”.Inevitavelmente.A busca da novidade pela novidadeestá condenada à derrota porque éem si transitória, ao contrário do queacontece com a busca da verdade.Só esta resiste à ilusão das ilusões.

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A natureza consegue “despir” os mais fortes. © LUSA

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“Não sei se a História é cíclica oulinear, sei que é feita de múltiplascontradições e muitas tensões, e hámecanismos de poder antigos quenão desaparecem, ficam em letargiae vêm depois a ser recuperadascom novas linguagens” (JoséManuel Pureza, in: Jornal «BoaNova», 16 de maio de 2013) “Apesar de vivermos num mundosem fronteiras, ainda se encontragente com mais vocação para abrirvalas e levantar muros, que paraedificar pontes, estender a mão eabrir o coração aos outros” (D.António Marcelino, in: Jornal«Correio do Vouga», 22 de maio de2013)

“É hora de mostrarmos que somosIgreja” (D. Jorge Ortiga, in: «Diáriodo Minho», 20 de maio de 2013) “Se há coisa de que a Igrejacatólica, apostólica e romana nãonecessita de todo é de padres,bispos ou cardeais que cedam àtentação de administrar o reino dospobres em vez de combater ascausas das exclusões” (ManuelTavares, in: «Jornal de Notícias», 18de maio de 2013)

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Instituto Superior de Teologiavai fechar portasO Instituto Superior de Teologia queserve as dioceses de Bragança,Guarda, Lamego e Viseu, emligação com a Universidade CatólicaPortuguesa, vai fechar por causa dafalta de alunos. Em entrevistaconcedida à Agência ECCLESIA, obispo de Viseu salientou que “os 26estudantes inscritos” para o próximoano “são insuficientes” para darcontinuidade ao projeto, segundo osparâmetros definidos pelaCongregação para a EducaçãoCatólica.De acordo com D. Ilídio Leandro, asquatro dioceses debatem-seatualmente com uma quebra“acentuada” na população e “amaior parte das freguesias estãodesertificadas de gente nova”. “Aconsequência normal é termosmenos candidatos ao sacerdócio, àvida religiosa, e naturalmente muitomenos respostas educativas paraestas áreas de vocação”, realça oprelado.Apesar das dificuldades, as quatrodioceses estão decididas acontinuar

com esta formação em conjunto e asolução poderá passar pela criaçãode uma parceria com a Faculdadede Teologia do Porto ou a de Braga.“De certeza que para o ano, emBraga ou no Porto, conforme ascondições que nos foremapresentadas, continuaremos afazer a formação dos candidatos”,garantiu o bispo de Viseu.Desenvolver a pastoral dasvocações no interior do país, cadavez mais desertificado devido afatores (interligados) como a criseeconómica, a imigração e a baixataxa de natalidade, é um teste àdeterminação da Igreja Católica.“Temos que colmatar a dificuldadeexistente com novas estratégias depastoral, de ação, de testemunho,de proximidade, de presença daIgreja junto das famílias, junto dosjovens, para que aqueles que Deusqueira chamar possam encontrar umacolhimento positivo naqueles quepodem orientar o seu caminho”,sustenta D. Ilídio Leandro.

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Cultura de missão emdesenvolvimentoO diretor nacional das ObrasMissionárias Pontifícias (OMP) dizque Portugal está a dar passos“significativos” no desenvolvimentode uma cultura de missão. Ementrevista à Agência ECCLESIA, opadre António Manuel Lopesdestaca sobretudo a adesão daspessoas ao “voluntariadomissionário”, e a aposta dasdioceses em projetos de “infânciamissionária”.No que diz respeito ao primeiroparâmetro, “em 2012 o voluntariadomissionário subiu 42 por cento” eeste ano, apesar de ainda nãoexistirem números exatos, atendência positiva deverá “manter-se ou subir ainda mais”, realça osacerdote.Quanto à sensibilização e educaçãodos mais novos, ela já é umarealidade “em muitas dioceses” e“outras estão

a caminhar para isso”.De acordo com o diretor nacionaldasOMP, estes aspetos demonstramque “há uma grande motivação”para a missão e, ao mesmo tempo,transmitem à sociedade que oanúncio do Evangelho, a caridade, oapoio ao desenvolvimento dos maiscarenciados, “não são coisas àparte” mas sim “uma componenteessencial da Igreja”. O padreAntónio Manuel Lopes participouentre 13 e 18 de maio naassembleia geral anual das ObrasMissionárias Pontifícias, iniciativaque incluiu um primeiro encontrocom o Papa Francisco.Durante essa audiência, cerca de100 responsáveis de todo o mundoforam desafiados pelo Papaargentino a serem missionários da“alegria”.

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Não se secularizem as festas dossantos

D. Manuel Linda

Por esta altura, um pouco por todo o país,surgem, com toda a pujança, as festas patronais.São manifestações cheias de valores: dosartísticos aos conviviais, dos económicos aosespirituais. Mas nem tudo é ouro de lei.Há tempos, a Ana Luísa, uma adolescentecontestatária, mas arguta e empenhada na vidada Paróquia, disparava-me: “Que Igreja é estaque faz festa pelo assassinato dos seusmártires? Não é uma Igreja louca e de loucos?”.Será, se não compreendermos o sentido da festacristã. Para muitos, festa significa tão somenteexterioridade, folguedo, diversão, quando nãoleviandade, excitação e ultrapassar o risco damoralidade. É um não pôr limites aos limiteshabituais. Neste sentido, sim, seria loucura.Loucura pecaminosa! Seria sacrílego que aAfurada celebrasse o martírio de São Pedro, queBarcelos fizesse festa por causa da Cruz e queem Viana se exaltasse a… Agonia. É verdade:bombos, foguetes, farturas, «majorettes», música«pimba» e brejeira para comemorar… a Agonia!Mas a festa cristã é outra coisa.Etimologicamente, a palavra latina que lhe deuorigem significa ritual, reactualização de umacontecimento passado e sua elevação àcategoria de simbólico. Como tal, de

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exemplar. Ou de transformação dotempo prosaico em tempo salvífico,poético, cheio de sentido existencial.Por isso, cristãmente, a festa é aexperiência dos acontecimentos nosquais Deus realiza e manifesta asalvação.Se lhe retirarmos esta dimensão,ficamos com um monstro nosbraços. O que está largamente aacontecer. Em grande parte porqueautarquias e comissõesautonomeadas, a quem só interessao folguedo, operaram uma talmetamorfose que da festa cristãficou apenas… o nome do santo. Namelhor das hipóteses! E são hoje as“festas do Concelho” ou a “Romariade qualquer coisa”. Em nome dopluralismo e da tolerância para comos não crentes, caiu-se num tallaicismo

cuja fundamental preocupação éevitar, ostensivamente, que nada dereligioso apareça. Vejam-se, porexemplo, os cartazes com que seanunciam ou as iluminaçõesnoturnas. Enfim, festa «religiosa»sem santo e, muito mais, semsantidade…Mas este laicismo rançosorepresenta, objetivamente, umagrave lacuna de conhecimento dasrazões pelas quais a comunidadefaz isto naquelas datas. Como tal,fica um ato privado de razões ou defundamentos. E a falta de códigosde reconhecimento gera o vácuo, osem-sentido e, mais tarde ou maiscedo, a repulsa.Creio bem que para salvarmos asfestas populares, só há uma via:salvarmo-nos deste laicismoprovinciano, grosseiro, bacoco eparolo.

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Crise, uma geral preocupação...

Margarida Duarte,Agência ECCLESIA

O início desta semana fica, quanto a mimmarcado, pelas palavras do Papa Francisco noVaticano no encontro com os movimentoseclesiais intitulado 'Eu creio, mas aumenta anossa fé'. Francisco encontrou-se com mais de150 mil pessoas e, como habitualmente, mostrou-se bem disposto e com um grande à vontadeimprovisou a resposta a todas as questões, umhábito que muitas dores de cabeça dá aosjornalistas mas que, depois de o ouvir, compensao trabalho extra.Uma das várias frases marcantes deste discursotem a ver com a chamada de atenção para ofacto de mais do que uma crise económica, omundo assistir actualmente a uma crise doHomem:“Se os investimentos na banca caem, todosacham que é uma tragédia, mas se as pessoasmorrem de fome, não têm de comer, nem saúde,não se passa nada: esta é a nossa crise de hoje!O testemunho de uma Igreja pobre para ospobres vai contra esta mentalidade”.Em Portugal, nas suas primeiras palavras aosmeios de comunicação depois de ser anunciadocomo novo patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente centrou atenções também na atualcrise em que vive Portugal. Pediu aosgovernantes do país mais respeito pela“capacidade” que a população portuguesa temmostrado para resistir à crise.O aumento do desemprego em contraste com a

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diminuição da solidariedade epedagogia por parte do governosão motivos depreocupação para D. ManuelClemente que acredito ter dado vozàs preocupações da maioria dosportugueses que por esta alturapouco entendem do que vai sendofeito.Enquanto isso e mostrando oalheamento comum dos políticospara com a atualidade social dopaís assistimos a um, como jáhabitual, interminável Conselho deEstado onde o assunto passoupelas medidaspós-troika. Pena é que a troikapareça ainda longe de estar desaída de Portugal. Enquanto sediscutem as medidas pós-troika,milhares de portugueses deparam-se com as medidas fiscais e com asdificuldades inerentes a menosdinheiro no bolso.D. Manuel Clemente mostroupreocupação com o “desfasamento

entre a capacidade de resistência eaté de reposição das coisas porparte da nossa população emgeral”. Algo que em nada abona afraca “ligação entre as propostasque se fazem, quer nacional querinternacionalmente, para resolver acrise.”Palavras esclarecedoras de quemconhece a realidade dos seusdiocesanos no Porto, e queinfelizmente, com certeza seadequam e alastram à realidadesocial dos portugueses no geral…Em Lisboa esperam-no muitosdesafios, eclesiais e sociais aosquais acredito que estará à altura.

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D. Manuel Clementeé o novo patriarca de LisboaO Papa nomeou como patriarca deLisboa D. Manuel Clemente, de 64anos, até agora bispo do Porto,sucedendo a D. José Policarpo, querenunciou ao cargo. A decisão foianunciada este sábado pela SantaSé.A resignação “por limite de idade”do cardeal e patriarca emérito,apresentada em 2011, já tinha sidoaceite por Bento XVI, decisão quefoi agora “confirmada pelo PapaFrancisco”, refere uma nota enviadapela Nunciatura Apostólica(embaixada da Santa Sé) emPortugal à Agência ECCLESIA.A tomada de posse do novopatriarca está marcada para o dia 7de julho.D. Manuel Clemente, bispo do Portodesde 2007 e antigo auxiliar doPatriarcado de Lisboa, foi eleitovice-presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa em 2011,após ter presidido à ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturaise Comunicações Sociais.

O 17.º patriarca de Lisboa foi ovencedor do Prémio Pessoa 2009, oqual evocou a sua obrahistoriográfica, intervenção cívica e“postura humanística de defesa dodiálogo e da tolerância, de combateà exclusão e da intervenção socialda Igreja”.Manuel José Macário do NascimentoClemente nasceu em Torres Vedrasa 16 de julho de 1948; após concluiro curso secundário, frequentou aFaculdade de Letras de Lisboaonde se formou em História antes deentrar no Seminário Maior dosOlivais em 1973.Em 1979 licenciou-se em Teologiapela Universidade CatólicaPortuguesa, doutorando-se emTeologia Histórica em 1992, comuma tese intitulada “Nas origens doapostolado contemporâneo emPortugal. A ‘Sociedade Católica’"(1843-1853).Ordenado padre em 29 de junho de1979, o novo patriarca foi coadjutordas paróquias de Torres Vedras eRuna,

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formador e reitor do Seminário dosOlivais e membro do Cabido da Séde Lisboa.D. Manuel Clemente foi nomeadobispo auxiliar de Lisboa por JoãoPaulo II, a 6 de novembro de 1999;a ordenação episcopal teve lugar naigreja de Santa Maria de Belém(Jerónimos) no dia 22 de janeiro de2000.Em 2007, Bento XVI nomeou-o bispodo Porto, para suceder a D. ArmindoLopes Coelho; receberia o Papaalemão na cidade nortenha, a 14 demaio de 2010; nesse mesmo anolançou uma missão especial nadiocese.O patriarca eleito de Lisboa é autorde vários trabalhos sobre ocatolicismo em Portugal a partir doLiberalismo e é também presençasemanal no Programa ECCLESIA,na RTP2, com a rubrica ‘O passadodo presente’, dedicada à História daIgreja; é também membro doConselho Pontifício dasComunicações Sociais (Santa Sé).[ler +]

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Novo patriarca diz que crise desafiaIgreja

O novo patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente, considerou que aatual crise deve desafiar a IgrejaCatólica a procurar novas formas deestar na sociedade. O sucessor deD. José Policarpo disse à AgênciaECCLESIA que a crise económica ede valores é visível, mas sendoestes momentos “negativos noprejuízo que trazem às pessoas”,também são “ocasião para umarenovada presença cristã nomundo”.D. Manuel Clemente, nomeado estesábado pelo Papa Francisco paraliderar o Patriarcado de Lisboa,afirma que a palavra crise “significatudo aquilo que altera asexpectativas e interrompe anormalidade”, mas realça que “valea pena a conversão aos valores,coisas que valem, que perduram,que verdadeiramente importa”.

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Em tempos que não são deabundância económica, oresponsável reconhece que“sempre foi” difícil pregar oevangelho a estômagos vazios,apelando à entreajuda ecolaboração entre todos. O bispoesteve à frente da Diocese do Portomais de seis anos e sublinha queforam tempos “muito bonitos emtermos de companhia, de presença,de amizade” no meio de pessoas“muito hospitaleiras”.“Eu também já cá tinha família, eisso ajudou, mas depois (recebi)esta família cristã”, acrescenta.O prelado refere que na dioceseportuense é “tudo muito direto” e “afamiliaridade ganha-se depressa”,frisando que “essas coisas não se

perdem” e vão consigo para Lisboa.Com 64 anos, o até agora bispo doPorto não pensa mudar o seu estilopastoral: “É olhar para o Evangelhoe tentar decalcar na vida, aquilo queera a atitude de Cristo”.Natural de Torres Vedras (Diocesede Lisboa), D. Manuel Clementevolta a uma região que bemconhece e vai tentar cumprir omandato de Jesus, “fazei isto emmemória de mim”, que apresentacomo “um programa para um bispoe para qualquer cristão”.“O Cristianismo é uma memória vivade Jesus: saber como esta memóriase foi alargando, em todas asgerações cristãs, isso também émuito importante”, explicou.

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D. José Policarpo despede-se após 15anosO cardeal português D. JoséPolicarpo deixa o cargo de patriarcade Lisboa, após 15 anos à frente dadiocese, sendo substituído por D.Manuel Clemente, bispo do Porto. Oagora patriarca emérito tinhaapresentado a sua renúncia em2011, algo que o direito canónicoexige a quem cumpre 75 anos deidade, tendo permanecido à frenteda diocese da capital portuguesapor decisão de Bento XVI, agoraPapa emérito.O 16.º patriarca de Lisboa assumiuesta missão a 24 de março de 1998,após a morte de D. António Ribeiro,de quem era coadjutor desde marçode 1997.D. José da Cruz Policarpo nasceu a26 de fevereiro de 1936 emAlvorninha, Caldas da Rainha,território do Distrito de Leiria e doPatriarcado de Lisboa.Padre desde 15 de agosto de 1961,foi ordenado bispo em 1978 (auxiliarde Lisboa), criado cardeal por JoãoPaulo II em 2001 e participou emdois Conclaves: no de abril de 2005que

elegeu Bento XVI, e no demarçodeste ano, que acabou com aescolha do Papa Francisco. Opatriarca emérito é licenciado emTeologia Dogmática, em 1968, pelaPontifícia Universidade Gregorianade Roma, com a tese ‘Teologia dasReligiões não cristãs’;posteriormente, defendeu na mesmainstituição académica uma tesesubordinada ao título "Sinais dosTempos".Docente da Faculdade de Teologiada Universidade CatólicaPortuguesa desde 1970, nacategoria de professor auxiliar(1971), de professor extraordinário(1977) e de professor ordinário(1986), D. José Policarpo foi diretorda Faculdade de Teologia daUniversidade Católica Portuguesa(1974/1980; 1985/1988), antes deser nomeado reitor da UniversidadeCatólica Portuguesa para oquadriénio de 1988/1992, porDecreto da Santa Sé, tendo sidoreconduzido nessa função por umsegundo quadriénio (1992/1996).

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Após a sua nomeação comopatriarca de Lisboa, assumiu o títulode magno chanceler daUniversidade Católica.D. José Policarpo foi eleitopresidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) emabril de 1999 e reeleito em 2002para um novo triénio; voltaria aocupar o cargo após uma terceiraeleição, em maio de 2011.No Vaticano, o patriarca emérito foimembro do Conselho Pontifício daCultura e desempenha essasfunções na Congregação deEducação Cristã e no ConselhoPontifício para os Leigos.

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D. José Policarpo retira-separa Casa de Oração em Sintra D. José Policarpo cessa assuas funções como patriarcade Lisboa a 7 de julho e vaiviver para Sintra, nosarredores da capitalportuguesa, anunciou opróprio cardeal, emdeclarações aos jornalistas,no dia em que foi conhecidoo nome do seu sucessor Como é que vê a nomeação de D.Manuel Clemente?D. José Policarpo - A notícia quesaiu hoje é uma coisa normal navida da Igreja e gostaria desublinhar duas dimensões: umadelas a dimensão da Igreja, comocomunidade, onde o que éimportante não é a pessoa, é oministério que ela exerce, amanutenção do ministérioapostólico, digamos assim. Nessesentido

a saída de uma pessoa e a entradade outra é um pleonasmo, o queinteressa é manter esse ministério.Na dimensão pessoal, é evidenteque não nego que estava a contarcom isso. Há um aspecto quegostaria de sublinhar convosco queé a visão da Igreja desde o ConcilioVaticano II, estes cargos deixaramde ser vitalícios, porque é maisimportante que a pessoas estejacapaz de exercer do que semantenha até ao fim da vida. OSanto Padre Paulo VI regulamentoueste aspecto que entrou no novoCódigo Canónico de 83. Nós fomostestemunhas de um dado novo, quecertamente era o que faltava, que oministério do Papa também não eravitalício e o Santo Padre Bento XVIteve a coragem e a ousadia de daresse passo, alguns sucessores delejá tinham tentado e não tinhamconseguido e foi muito bonito daparte dele ter dado o passo

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de mostrar que o mais importanteno ministério apostólico é acapacidade de exercer, não tanto ahonra pessoal de exercer.Pessoalmente, não vos escondoque já começo a ter saudade destaIgreja maravilhosa de Lisboa, massó tem saudades quem serviu comAmor… Vou servir de outra maneira,estarei à disposição numa novaforma de servir a Igreja de Lisboa.Quanto ao Sr. D. Manuel Clemente,seja bem-vindo, ele regressa acasa, não é um desconhecido deninguém, como eu é natural dadiocese de Lisboa, onde foi batizadoe fez a sua formação, onde foiordenado padre e onde foi bispoauxiliar. Foi a escolha certa?D. José Policarpo - Claro que é umaescolha certa, havia muitasescolhas certas possíveis, mas estaé uma que nos alegra a todos,creio. Que desafios é que acha que D.Manuel Clemente terá de responderneste momento na sociedadeportuguesa?D. José Policarpo - Os mesmos queeu tive de enfrentar, são os desafiosda

missão da Igreja, com o que ela temde perene e com as surpresas queo tempo traz. A Igreja de Lisboa émuito bonita e eu diria que é umasorte ser bispo de Lisboa. Muitoexigente, às vezes com momentosdifíceis mas é uma comunidadeencantadora e a gente sente muitaalegria em servir este povo. O que é que a Igreja pode fazermais nesta altura de crise do país?D. José Policarpo - A Igreja procurasempre todos os dias fazer mais…Eu próprio tenho tido a preocupaçãode situar a Igreja no específico dasua missão. Não é nossa missãoentrar na polémica técnica, sob oponto de vista económico oupolítico, não é essa a nossa missão!A missão da Igreja é suscitar aesperança, é, sobretudo, estar juntodos que estão a sofrer mais comesta crise e é, na sua mensagem,não se cansar de dar uma dimensãona linha dos valores, que tem deenquadrar todas as soluções. AIgreja não é política mas tem umavisão para a sociedade.

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D. José termina também funçõescomo presidente da ConferênciaEpiscopal?D. José Policarpo - Claro! Terminono dia 7 de julho, nesse dia terminotodos os meus cargos que tenho atéagora. No caso da Conferência, éum cargo eleito, têm de fazereleições. Dois anos após ter pedido para sairdeste cargo, para onde vai aseguir?D. José Policarpo - Vai ser uma vida

mais particular, atender pessoas,trabalhar com grupos… Irei viverpara Sintra, onde se vai instalar oCentro de Iniciação à Oração, paraquem quiser aprender a rezar eespero que comece a funcionar coma minha ida para lá. Não serei euque o dirijo, mas tenho muito gostoem estar lá e estar à disposição daspessoas. Penso escrever edescansar um bocadinho, quetambém mereço!

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Saudação de D. Manuel Clementeao Patriarcado de Lisboa

Caríssimos diocesanos doPatriarcado de Lisboa,Por nomeação do Santo Padre, oPapa Francisco, regressarei aLisboa em julho próximo, para vosservir como Bispo Diocesano. É umregresso enriquecido por quantoaprendi na Igreja Portucalense, nagrande generosidade e aplicaçãodos seus membros, a tantos títulosnotáveis. Como sabeis, não é aprimeira vez que um bispoportucalense continua o seuministério entre vós: assimaconteceu designadamente com D.Tomás de Almeida, que daqui partiupara ser o primeiro Patriarca deLisboa, em 1716.De Lisboa trouxe eu para o Porto

cinquenta e oito anos de vidaconvivida, como leigo e ministroordenado, sob o pastoreio dosCardeais Cerejeira, Ribeiro ePolicarpo. De todos eles guardolarga e agradecida recordação, emespecial do Senhor D. JoséPolicarpo, de quem fui aluno edepois colaborador próximo noSeminário dos Olivais e noserviçoepiscopal, muito ganhandocom a sua amizade, inteligência econselho. A ele dirijo neste momentopalavras sentidas de muita gratidãoe estima, sabendo que posso contarcom a sua sabedoria e experiência.Do Porto levo para Lisboa mais seisanos, plenos de vida pastoralintensa nesta grande Igreja eregião, quer no dia a dia das suas

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comunidades cristãs, quer nodinamismo cívico e cultural dos seushabitantes e instituições.Assim vos reencontrarei. As minhaspalavras vão cheias do grande afetoque sempre mantive por todas ecada uma das terras e populaçõesque, de Lisboa a Alcobaça e doRibatejo ao Atlântico, integram oPatriarcado de Lisboa. Falo dascomunidades cristãs e de quantos,ministros ordenados, consagrados efiéis leigos, nelas dão o seu melhornas diversas concretizaçõesapostólicas. Falo das associaçõesde fiéis e movimentos, dos institutosreligiosos e seculares, das famílias,das instituiçõese iniciativas de todo o tipo em que aseiva evangélica dá bom fruto. Erefiro-me também a todas asrealidades sociais e cívicas onde seconstrói aquele futuro melhor, justoe solidário de que ninguém de boa

vontade pode e quer desistir. Daminha parte, contareis com tudo oque puder, n’ Aquele que nos dáforça (cf. Fl 4, 13).Saúdo com grande amizade osSenhores D. Joaquim Mendes e D.Nuno Brás, bem como todos osmembros do cabido e do presbitério,do diaconado e dos serviçosdiocesanos, dos seminários,paróquias, institutos, associações emovimentos: Todos juntos, nacomplementaridade dos carismas eministérios que o Espírito distribui,seremos o Corpo eclesial de Cristo,para que o seu programa vivamentecontinue, como o enunciou nasinagoga de Nazaré: «O Espírito doSenhor está sobre mim, porque meungiu para anunciar a Boa Nova aospobres…» (cf. Lc 4, 18 ss).Vosso irmão e amigo, com Cristo eMaria,

D. Manuel Clemente

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Mensagem de despedidade D. Manuel Clemente à Diocese doPortoCaríssimos diocesanos do Porto,Nesta hora, que começa a ser dedespedida pela minha nomeaçãopara o Patriarcado de Lisboa, queroagradecer-vos do coração toda aestima e proximidade com que meacompanhastes, desde que o PapaBento XVI me nomeou para vossobispo diocesano, a 22 de fevereirode 2007.Levarei comigo e em ação degraças as mil e uma expressões daamizade com que me recebestes eajudastes no exercício do ministério.Nas comunidades cristãs, nas váriasassociações de fiéis e movimentos,nos institutos religiosos e seculares,bem como nas diversas instituiçõespúblicas e civis da grande regiãoportuense, encontrei sempre o maisgeneroso acolhimento e a vontadefirme de servir o bem comum. Emtempos tão exigentes como os queatravessamos, todas essasrealidades a que dais corpo e almasão a melhor garantia daquelefuturo fraterno, justo e solidário, deque ninguém desistirá decerto.

Quando vos saudei em 2007, dissetrazer um só propósito e programa:conhecer, servir e amar a Diocesedo Porto. Com a graça de Deus,algo se cumpriu de tal desiderato.Conheci-vos de perto, servi-voscomo pude e com estima quepermanece, em perpétua gratidão.Em tudo foi da maior valia acolaboração de muitos, começandopelos Senhores Bispos que meacompanharam no serviçodiocesano, com incansável entrega.Com eles, os vigários gerais,

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os membros do colégio deconsultores (cabido da sé) e todosos membros da cúria diocesana eda casa episcopal; bem assim osresponsáveis pelos nossos trêsseminários diocesanos, os vigáriosda vara e seus adjuntos, osresponsáveis pelos secretariadosdiocesanos, os membros dosconselhos presbiteral e pastoral ede outros conselhos e comissões,instâncias de participação e

organismos. Referênciaespecialíssima quero fazer ao cleroparoquial, secularou regular,incansável na sua dedicação aoserviço quotidiano do Povo de Deus,especialmente aonde tem deacumular várias comunidades eserviços. Saliento também osdiáconos permanentes, osconsagrados/as e os milhares defiéis leigos que colaboramativamente na catequese e noserviço da Palavra e da oração, navida litúrgica e na açãosociocaritativa. – Grande e bela é aDiocese do Porto, na imensaaplicação dos seus membros aoserviço de Deus e do próximo!É por tudo isto que vos queroreiterar uma palavra deagradecimento e bons votos.Agradecimento, que traduzirei emoração por todos e cada um de vós,as vossas comunidades e famílias. Aminha entrada no Patriarcado será a7 de julho, ficando convosco atéperto desse dia. O coração não temdistância, só profundidadeacrescida. Aqui ou além,continuaremos juntos, no coraçãode Deus.Sempre vosso amigo e irmão,

D. Manuel Clemente

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Agradecimento da Diocese do Portoa D. Manuel Clemente

A Santa Sé acaba de tornar públicaa nomeação do Senhor D. ManuelClemente para Patriarca de Lisboa.A Igreja de Lisboa recupera assimpara o seu direto trabalho pastoralum dos seus filhos mais insignes; aIgreja do Porto vê partir um dosseus Bispos mais notáveis.

A permanência na Diocese do Porto,ao longo destes seis anos e algunsmeses, deu ainda maior visibilidadeà sua figura de pastor e homem defé e cultura. A sua proximidade àspessoas e às instituições e aextraordinária capacidade de leiturados ritmos da Sociedade fizeramdele uma

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referência permanente no âmbitoeclesial e nas mais variadasinstâncias sociais e culturais. A suaampla compreensão do ministérioepiscopal granjeou-lhe um lugar nocoração dos mais simples e abriuportas ao respeito e admiraçãopelos dinamismos da Igreja Católicaem Portugal. Obviamente estasqualidades cabiam dentro da IgrejaPortucalense, habituada que está agrandes nomes que marcaram asua história e a história pátria! Masa Igreja é assim: católica, isto é,universal. Não se fecha

a nada nem a ninguém e os seusfilhos assumem com generosadisponibilidade o espírito deperegrino. Esta nomeaçãoreaproxima o Senhor D. Manuel dassuas raízes de sangue e não nosdeixa órfãos, porque continuaremosa usufruir do calor da suaSabedoria.Obrigado, Senhor D. Manuel!Ficamos a rezar por si!

Bispos Auxiliares, Vigários Gerais eChanceler

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Novo patriarca apresenta-se No dia seguinte à sua nomeaçãocomo patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente falou aosjornalistas durante meia horasobre vários temas, desde a criseaos casos de abusos sexuais naIgreja, deixando a promessa deque a mudança de funções nãoirá alterar a sua forma de intervirnos problemas eclesiais e do país. MudançaCom a experiência dos anos, sinto-me sereno, porque nós temos deenfrentar, concretamente os quetêm responsabilidade na Igreja,problemas de ordem tão diversaque com o tempo vamos ganhandocalo.Esta (Porto) é uma diocese muitoenriquecedora a todos os títulos ecom uma convivência magnífica. OPorto e as suas gentes, muitodiferentes – vai desde a parte norteda Ria de Aveiro até ao Rio Ave, domar até à Serra do Marão – sãomuito participativas, muito vivas,muito diretas. Isso é muito bonito,facilmente percebemos que é umarealidade global, envolvente e ondeficamos bem, porque é tudo muitosimples.

PortoEsta experiência no Porto foi muitoimportante, porque esta zona foi e éparticularmente afetada pela crise.Concretamente, no que diz respeitoao emprego, houve muita coisa quedesapareceu e até alguns recursosque havia, quando eu cá cheguei.Levo daqui uma consciência muitocircunstanciada do que esta criserepresenta na vida das pessoas edas famílias e também a convicçãode que, apesar de tudo, vale a penaresistir à crise positivamente e, emmuitos casos, construir. Andamosmuito por aí, eu e os senhoresbispos, somos convidados paravisitar empresas, conhecer essasrealidades, e é notável o esforço dealguns empresários para nãofecharem, o que às vezes seria maisfácil. Nestes seis anos conhecimuitos casos concretos, exemplosde como é possível nalguns casosresistir criativamente. Até gente quetinha uma vida muito circunscritaaqui e vai para o estrangeiro, àprocura de mercados, arriscando.Vou cheio, no sentido mais bonito

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do termo, dessas histórias, deresistência, de criatividade, de nãodesistir, e concretamente tambémda gente nova, universitária, queacaba os cursos. Isso é que é muitocurioso em relação à minhageração: nós estávamos todospolarizados para o futuro, tínhamosenergias diversas que se chocavamna altura, mas era tudo a longoprazo, no sentido definitivo - a vidavai ser isto, vou fazer aquilo.O que é agora mais evidentequando nós conversamos com estageração é que muitos deles estãopreparados para criar o futuro, nãoestá o futuro à

espera, e se não se for destamaneira, vai ser doutra. Eles hojevivem em rede com o mundo inteiro,isso é diferente, e é uma diferençaqualitativa interessante que podeser um dos fatores de solução dacrise. CriseEm todas as realidades em queestou presente surgem situaçõesque muitas vezes são grandesalertas e eu não deixarei de osfazer, a todas as autoridadespolíticas e não só, porque há muitascoisas que não passam

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diretamente pelos políticos, emtermos de criação de futuro, passampor outras instituições, sobretudo asacademias e universidades, todosos círculos onde se debate asociedade e a cultura.O que mais me preocupa é estedesfasamento que sinto entre acapacidade de resistência e até dereposição das coisas por parte dapopulação e depois não haver umaligação clara entre as propostas quese fazem para resolver a crise.As pessoas mantêm uma grandedisponibilidade para construírem ofuturo e por isso têm de sercorrespondidas por todos osresponsáveis em termos depedagogia, de muita clareza e demuita solidariedade.A solidariedade tem de ser umaatitude diária, de proximidade comas pessoas, de estar com elas, deencontrar soluções, e depois umapedagogia que tem de ser muitoreforçada.Acredito que tenham muitadificuldade em perceber certasexplicações técnicas. Eu demoreialgum tempo a perceber o que eramas famosas ‘swap’, expliquem ládevagarinho.E isto acontece todos os dias,

manda-nos assim com termos, comdados, com informaçõescontraditadas, às vezesapresentando como factosconsumados coisas que ainda sãopossibilidades, e nós ficamos muitoatordoados. E depois o que é queacontece? Desistimos de perceber ecada um vai à sua vida.Um dos fatores que nós temos paraultrapassar as atuais dificuldades enos reconstruirmos como sociedadeé que nós nunca tivemos umageração tão formada e informada, edepois tão europeia e atéextraeuropeia como temos hoje.São dezenas de milhares que, nasua juventude e até aos 30 anos,viveram em vários países,aprenderam em várias línguas, istomuda O que mais me preocupaé este desfasamento quesinto entre a capacidadede resistência e até dereposição das coisas porparte da população edepois não haver umaligação clara entre aspropostas que se fazempara resolver a crise.

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necessariamente uma sociedade.Isto (a globalização) tem umaimplicação para a vida da Igreja: éque o cristianismo, e principalmenteo cristianismo católico, é muitocomunitário. E como é que hoje sevive a vida comunitária com pessoasque circulam tanto? É um grandedesafio! MEDIAÉ preciso mudar para a consciênciade que a comunicação não é umacessório mas é a própria vida.Nós olhávamos para a comunicaçãoe para os meios de comunicaçãosocial como meios no sentidoinstrumental. Queria passar umamensagem e primeiro tive os jornais,depois tive a rádio, depois atelevisão, eram um instrumento.Hoje a comunicação social é ummeio, mas no sentido de meioambiente, e esta mentalidadetambém não muda assim, vaidemorar. ABUSOS SEXUAISSão casos que assim queaparecem, e felizmente nãoaparecem em catadupa e atéesperemos que não apareçam

mesmo, mas se aparecerem, terãode ser verificados e acompanhados.Para isso estão previstos uma sériede procedimentos quer dentro daIgreja quer na ordem civil. E nóscomo cidadãos e pessoas da Igreja,temos que respeitar o que estáprevisto e andar com estes casospara a frente.Agora há uma outra observação quequeria juntar, é que se tratamsempre de pessoas, em primeirolugar de vítimas, e depois deagressores que, em alguns casos, jáforam vítimas.Depois, exatamente por serempessoas, nunca são casos que seresolvam rapidamente, às vezeslevam a vida inteira a resolver. E porisso têm de ser acompanhados, nãose resolvem como quem abre efecha dossiers.Em primeiro lugar, por respeito pelasvítimas, nós temos de sermediaticamente discretos.Facilmente se fazem juízos e depoisos espetadores ou leitores fazemjuízos também, e isso pode danificarmuito o futuro da vida, mesmoquando a pessoa se recupera.

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D. José Policarpo saúda novopatriarca

D. José Policarpo saudou o novopatriarca de Lisboa e mostrou-sedisponível para ajudar D. ManuelClemente, em declarações ao jornaldo Patriarcado, 'Voz da Verdade'.“Quero continuar a ajudar! Nãoquero fazer nada que o obnubile,não quero negar-lhe nada quepossa ajudá-lo a ser um grandePastor da Igreja”, referiu.Lembrando que o seu sucessor"não é desconhecido na diocese”, opatriarca emérito diz ser um “dom deDeus ter um bispo que regressa auma casa que conhece bem e todoso conhecem e estimam”.O cardeal diz que esta era uma"notícia esperada", sendo umasituação normal na vida da Igrejauma vez que a partir do ConcílioVaticano II (1962-1965) estes“cargos de responsabilidade naIgreja não são vitalícios”.

D. José Policarpo afirmou ter gasto"toda a sua vida em dedicação àDiocese de Lisboa" e avança quepermanecerá até julho em funções,como administrador apostólico,deixando um apelo a todos os seus"queridos diocesanos". “Vivam istona fé, acompanhem-me nestadisponibilidade de servir e amar emtodas as circunstâncias”, pediu.D. Manuel Clemente anunciou quetomará posse na Diocese de Lisboacomo novo patriarca no dia 7 dejulho.“Foi uma escolha que devemosagradecer vivamente a quem a fez”,defende D. José Policarpo,relativamente ao seu sucessor.Lisboa foi elevada a metrópoleeclesiástica em 1393 e em 1716 oPapa Clemente XI elevou a capelareal a basílica patriarcal, ficando aantiga diocese dividida em duas até1740, ano em que foi reunificada.

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Sucederam-se até hoje 17patriarcas à frente da Igrejalisbonense, de D. Tomás de Almeidaa D. Manuel Clemente e, comorecorda a página oficial doPatriarcado, estes são "feitos

cardeais no primeiro consistório aseguir à sua nomeação para estaSé", uma decisão que é daresponsabilidade exclusiva de cadaPapa.

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Presidente e Governofelicitam D. Manuel Clemente

O presidente da RepúblicaPortuguesa enviou uma mensagemde felicitações a D. ManuelClemente, designado pelo PapaFrancisco para patriarca de Lisboa.“A sua escolha para dirigir oPatriarcado de Lisboa representa,estou certo, o reconhecimento dopercurso do servidor da Igreja e doacadémico ilustre, do homem decultura e do cidadão exemplar”,assinala Aníbal Cavaco Silva, emtexto divulgado pela Presidência daRepública.Para o responsável, a escolha doPapa representa uma “prova dedistinção e apreço” pelo novopatriarca, que sucede a D. JoséPolicarpo. Cavaco Silva sustentaque a sociedade portuguesa, que D.Manuel Clemente “tão bemconhece, recorda “as suasintervenções lúcidas, moderadas,bem como o profundo sentido sociale humanista da sua ação, atributostão

relevantes no momento de grandeexigência que o país atravessa”.“Fazendo votos sinceros de êxitosno exercício do magistérioepiscopal, peço-lhe que aceite aexpressão da minha consideração eestima pessoal”, conclui amensagem. O Governo português,através do Ministério dos NegóciosEstrangeiros (MNE), também semanifestou, com "calorosoentusiasmo", após a escolha donovo patriarca. "D. Manuel Clementeé reconhecidamente um homem defé, cultura e sensibilidade social.Profundo conhecedor da história daIgreja portuguesa é,simultaneamente, um inspiradointérprete do tempo presente",refere a nota oficial.O comunicado do MNE acrescentaque o sucessor de D. José Policarpo“é uma voz presente e atuante” paraa sociedade portuguesa,“independentemente da atitude

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perante a fé”, tanto “sobre asgrandes questões” como sobre“cada um dos problemas” dos diasde hoje.A presidente da Assembleia daRepública, por seu lado, manifestou“contentamento” com a nomeaçãode D. Manuel Clemente, queapresenta como “sinal de umacrescente proximidade da Igreja comos

domínios concretos da vida, decerto modo, no caminho damensagem do Papa Francisco”.Em comunicado, Assunção Estevesdestaca “testemunho de D. ManuelClemente é o testemunho da religiãoque se identifica, como ideal e comoprática, com o sentido de umasuprema humanidade”.

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Igreja congratula novo patriarca

O porta-voz da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) e oarcebispo de Braga saudaram hojea nomeação de D. ManuelClemente, até agora bispo do Porto,como novo patriarca de Lisboa,anunciada pela Santa Sé.Para o padre Manuel Morujão,secretário da CEP, o sucessor de D.José Policarpo é “um homem comprofundas raízes na diocese que lhecabe servir”. “Será, portanto, umatransição natural, de quem conhecea casa da Diocese de Lisboa e temuma relação de estima com o seu

predecessor”, acrescenta, emdeclarações à Agência ECCLESIA.O porta-voz da CEP sublinha queserpatriarca é “ser também o bispo dacapital de Portugal, com tudo o queisso implica de contactos e relaçõesa nível da sociedade civil e dogoverno da nação”. “Todosrecordamos o seu estilo habitual deintervenções, para além do fororeligioso: ponderação e sabedoriaaliadas à pertinência profética”,observa, a respeito de D. ManuelClemente, lembrando queaatribuição do Prémio Pessoa

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em 2009 mostrou o “grande apreçoque, em geral, a sociedade civil e omundo da cultura têm pelo novobispo”.Já o arcebispo de Braga, D. JorgeOrtiga, disse reconhecer no novopatriarca “as qualidades humanas ecristãs para conduzir o Povo deDeus numa parcela que ele muitobem conhece”. “Como homem dacultura, conseguirá estabelecer aspontes necessárias com todas ascorrentes de pensamento, semdeixar de sublinhar

a originalidade cristã. A suaperspicácia intelectual permitirá umaverdadeira leitura dos ‘sinais dostempos’, gerando uma respostapastoral adequada, qualitativa eassertiva aos tempos modernos”,acrescenta o prelado, citado pelosite arquidiocesano.D. Jorge Ortiga afirma a “unidadeeclesial” necessária para a “tarefada Nova evangelização, numa Igrejaque sabe estar num mundosecularizado”.

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As pessoas, a fé e a criseeconómica, segundo o Papa

O Papa Francisco deixou nosúltimos dias várias críticas àsituação económica e financeirainternacional, tendo lamentado asconsequências do “capitalismoselvagem” durante uma visita à casa‘Dom de Maria’, dirigida pelasreligiosas de Madre Teresa deCalcutá, que acolhe pessoasnecessitadas, no Vaticano.“O capitalismo selvagem ensinou alógica do lucro a qualquer custo”,disse Francisco, durante a visita,que decorreu na tarde de terça-feira.O Papa Francisco elogiou ahospitalidade “sem distinção denacionalidade ou religião” que sevive na instituição, pedindo que serecupere o “sentido do dom”, dagratuidade e da solidariedade. Aintervenção sublinhou a importânciade travar a “exploração que nãoolha às pessoas”.“Vemos os resultados nesta criseque

estamos a viver”, acrescentou. Diasantes, perante mais de 150 milpessoas no encontro intitulado 'Eucreio, mas aumenta a nossa fé', naPraça de São Pedro, Franciscomanifestou-se contra o tratamentodado aos pobres. “Se osinvestimentos nos bancos caem umpouco… tragédia, como se faz? Masse morrem pessoas de fome, se nãotêm o que comer, se não têm saúde,não se faz”, afirmou, considerandoser este o cerne da “crise de hoje”.Segundo Francisco, o testemunhoda Igreja “pobre para os pobres”tem de ir “contra esta mentalidade”.“A pobreza, para nós cristãos, não éuma categoria sociológica oufilosófica ou cultural, não, é umacategoria teologal”, precisou.A intervenção aludiu ainda a uma“cultura do confronto, dafragmentação”, em que se “deitafora”

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aquilo que não interessa, a “culturado descartável”. No domingo dePentecostes, encerrando esteencontro mundial, o Papa desafioua sociedade contemporânea a abrir-se à “novidade” de Deus que atransforma e alertou para os riscosde haver grupos fechados em“estruturas

caducas” dentro da Igreja Católica.“Não se trata de seguir a novidadepela novidade, a busca de coisasnovas para se vencer o tédio, comosucede muitas vezes no nossotempo. A novidade que Deus traz ànossa vida é verdadeiramente o quenos realiza, o que nos dá averdadeira alegria, a verdadeiraserenidade”, disse.

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Rugas É o regresso do desenho animadoao grande ecrã e a adaptaçãocinematográfica da famosa bandadesenhada do espanhol Paco Roca,vencedor, entre outros, do PrémioNacional de BD 2008.Inicialmente editada em França, abanda desenhada que origina ofilme agora em estreia, partiu deuma ideia mais ‘radical’ do seuautor, com um grupo de idososcheios de energia que planeiamassaltar um casino. Apesar de tudo,o seu empenho em focar aspreocupações fundamentais davelhice foi grande e Paco Roca,também inspirado pelos própriospais, dedicou-se a aprofundá-las,designadamente no que respeita àperda progressiva das capacidadesfísicas e mentais e ao seu impacto,não só no estado de espírito dequem sofre perdas significativas aesses níveis, como no dos seusfamiliares ou cuidadores.Satisfazendo as exigências do editorfrancês, o primeiro a interessar-sepor esta banda

desenhada, Paco Roca viu-seobrigado a eliminar algunselementos presentes na propostainicial a fim de facilitar acomercialização da bandadesenhada em França. Foi o casode um crucifixo. Perdas estas maistarde recuperadas, aquando da suapublicação em Espanha, onde abanda desenhada ganha o título‘Rugas’, que o filme agora tambémadopta.‘Rugas’ começa por nos contar ahistória de Emilio, que na sua idadeavançada manifesta os primeirossinais de Alzheimer. O progressivoalheamento perante quem e o que orodeia, aliado a uma incapacidadepara lidar com a situação, levam afamília a optar por interná-lo num larde terceira idade. A história cresce,em dimensão e em relação, para oconjunto de personagens que habitao lar, transformando-se aos poucosnuma tocante e divertida história deconstrução de comunidade. Nela,cabem as cumplicidades, aszangas,

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dificuldades e alegrias próprias dosamigos que se vão descobrindo, atodo o tempo na vida. Vencendo omedo de um amanhã incerto e ascontrariedades do dia-a-dia com acapacidade de valorizar o melhorque cada dia lhes traz.Com um argumento que equilibrabastante bem os aspetos maisduros e mais suaves da fase de vidaem questão, ‘Rugas’ é uma gentilabordagem cinematográfica capazde, mesmo sem grande rasgotécnico ou artístico, nos sensibilizarpara o universo da terceira idade.Mostrando o que este podesignificar no contexto de um lar –quando na fase final

da vida e sob vulnerabilidade deordem diversa, se é ‘desafiado’ atecer novas relações fora da redeafetiva da família que até aí seconstruiu. Mas também como estedesafio não implica perderpatrimónio construído, antesintegrar três tempos indissociáveisnuma vida: passado, presente efuturo, independentemente dadimensão temporal de cada um.Uma proposta interessante, queconta com versão dobrada emportuguês (com vozes bemconhecidas da televisão) e se prestaa partilhar, precisamente, em famíliaou comunidade.

Margarida Ataíde

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Coerência.ptO Desafio do Desenvolvimento

www.coerencia.pt A luta e o combate à pobreza é uma das tarefas queos denominados países desenvolvidos não devemretirar das suas agendas. É através de políticas dedesenvolvimento sustentável, mesmo em tempos de“crise económica mundial”, que as referidas naçõestêm uma responsabilidade enorme para contribuir comactos concretos e medidas pró-activas, de erradicaçãoda pobreza a nível mundial. Esta semana,apresentamos um projecto que atua no sentido depromover a “coerência das políticas para odesenvolvimento através da sensibilização emobilização de decisores políticos, funcionáriospúblicos, ONGD e público em geral”.Com o objetivo de “promover a melhoria da eficiência,da coerência e da visibilidade das políticas externasdos governos e da União Europeia, pretende-se (…),denunciar as incoerências das políticas e proporalternativas de acção, de modo a contribuir para asmetas estabelecidas nos Objectivos deDesenvolvimento do Milénio (ODM) (…) com o fimúltimo de reduzir a pobreza mundial.”Ao digitarmos o endereço www.coerencia.pt,encontramos um espaço virtual eminentementeinformativo, conforme podemos constatar logo napágina inicial.Em “monitorização”, temos uma ideia interessante e naqual assenta em parte este projecto, que passa poranalisar as “políticas implementadas

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pelo ciclo parlamentar nacional eeuropeu e aferir se são coerentescom os princípios defendidos emacordos e parcerias Internacionaisdelineados com os países emdesenvolvimento”. Assim, “de cadavez que um parlamentar levar acabo uma acção consideradapositiva em termos da coerência daspolíticas para o desenvolvimento,esta será divulgada online e terádireito a uma ‘estrela’”.Na opção “casos”, sãoapresentados todos os estudospara serem divulgados e analisadospor todos os interessados, onde,com exemplos concretos sãopublicitadas práticas coerentes eefetivas que vão de encontro aosobjetivos traçados.Caso pretenda visualizar algunsvídeos, desde documentários, spotspromocionais e microfilmes,

que foram produzidos para nosajudarem e sensibilizarem para estarealidade, basta que clique em“filmes”.Então e como pode ativar a suacidadania? É fácil, para promover aluta contra a pobreza, apoiar aspolíticas de educação e cooperaçãopara o desenvolvimento, podeenviar um postal a umdeputado/eurodeputado, divulgar osfilmes, usar e divulgar este projeto(redes sociais, imagens, etc.), entreoutros. Para ver estas e outraspropostas aceda ao item “o seupapel”.“Eis uma boa oportunidade depormos coerentemente em prática anossa cidadania participativa”.

Fernando Cassola [email protected]

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Jesuítas lançam nova editorialO Secretariado Nacional doApostolado da Oração, obra daCompanhia de Jesus em Portugal,lançou uma nova chancela, a«Editorial Frente e Verso»,dedicada “à publicação de obrasque ajudem a enriquecer o debateno espaço público e a entender opapel do Cristianismo naconfiguração cultural do Ocidente,bem como de obras quefavoreçam a inteligência da fécristã”.O primeiro livro publicado intitula-se ‘Porque devemos

chamar-nos cristãos – As raízesreligiosas das sociedades livres’,da autoria de Marcello Pera,político e antigo presidente doSenado italiano, com prefácio deBento XVI.Esta iniciativa insere-se na missãoespecífica da Companhia deJesus, que pretende “criarespaços de enriquecimentocultural através do confrontodialogante com as váriassensibilidades culturais, políticas,sociais e religiosas da sociedadeportuguesa”.

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História O Centro de Estudos deHistória Religiosa (CEHR)da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP) vaiorganizar no próximo dia 27de Maio, às 18h00, umasessão de apresentação daobra da autoria deMargarida Sérvulo Correia,‘O caso de Barbacena: umpároco de aldeia entre aMonarquia e a República’.A obra será apresentadapelos professores JoséManuel Sérvulo Correia eJoão B. Serra. A iniciativaterá lugar na UCP-Lisboa(Sala de Exposições – 2ºpiso do edifício daBiblioteca).A obra, editada pelo CEHR,constitui o número 11 daColeção ‘História Religiosa –Fontes e Subsídios’.

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Da timidez inicial ao enriquecimentodo repertório musical na liturgia emPortugal

Quando se realizou o II Concílio do Vaticano (1962-65), um dos maiores compositores portugueses demúsica sacra, padre António Cartageno, estava noseminário, primeiro em Beja e depois nos Olivais(Lisboa). Foi, sobretudo, a partir de 1965, noSeminário em Lisboa, que este sacerdote da Diocesede Beja começou a viver com entusiasmo “as“novidades”, essencialmente, “as de carácterlitúrgico” do pós-concílio.Formado em Canto Gregoriano e em ComposiçãoSacra pelo Pontifício Instituto de Música Sacra deRoma (Itália) recorda que se lia “avidamente” osvários documentos, produzidos por essa magnareunião da Igreja, que começaram “a integrar osconteúdos das disciplinas do curso teológico” (In:«Vaticano II – 50 anos, 50 olhares», editora Paulus).Apesar dos vários documentos saídos da assembleiaconvocada pelo Papa João XXIII, o padre AntónioCartageno realça que o que chamou a atenção “detodos” nessa altura “foi a introdução da línguavernácula na liturgia”. No início, “timidamente” eramapenas as leituras em português e o resto em latim,mas, depois de pouco tempo, “foi uma enormecomporta que se abriu e ninguém mais conseguifechar”, lê-se na mesma obra.Em pouco tempo, toda a liturgia passou a celebrar-seem português, mas os “cânticos em vernáculo erampoucos e quase sempre inadequados, pois já nãocorrespondiam à nova sensibilidade”,

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escreveu o padre Cartageno. Estasituação criou “um vazio” que levouanos “a preencher” e viveu-se umperíodo de “grande pobrezamusical” na liturgia: “cânticosadaptados daqui e dalém,sobretudo de França, Brasil eEspanha, introdução de espirituaisnegros, de música ligeira de toda aespécie”.Actualmente, o padre AntónioCartageno desempenha o cargo dedirector do Secretariado Diocesanode Liturgia de Beja e recorda osnomes de Manuel Faria, ManuelLuis, Borges de Sousa, Carlos Silva,José Fernandes da Silva, ManuelSimões e Joaquim Santos (todosfalecidos) que deram um grandeimpulso à música sacra em Portugal.“Cada um a seu modo, deram umimportante contributo para a criaçãode um repertório litúrgico que veiocomeçar a preencher o vazio entãosentido e que muito enriqueceu ascelebrações litúrgicas do pós-concílio em Portugal”.Ao jeito de balanço destes 50anos do pós-concílio, o padreda diocese de Beja salientaque em Portugal “se está a tentar ir pelo caminhoque a igreja propõe”.E acrescenta: “Do queconheço do repertório

publicado e da praxis das nossascomunidades (via rádio, televisão eobservação directa) creio que sepode dizer que o panorama damúsica litúrgica praticada emPortugal é globalmente positivo”.Apesar de reconhecer que emmuitos grupos e comunidadescelebrantes “há cedências àligeireza e à superficialidade”, odirector do Secretariado Diocesanode Liturgia de Beja constata que aoferta de reportório litúrgico-musicalem Portugal é “já muito abundante ede razoável qualidade, nada ficandoa dever ao que se faz noutrospaíses da Europa”. E conclui: “Éinegável um certa melhoria – lentamas progressiva – nos últimos 20-25anos”, se se comparar “com apobreza musical das duas primeirasdécadas do pós concílio”.

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maio 2013

Dia 24* Dia Nacional da Faculdade deTeologia.* Porto - Gondomar - Conferênciasobre o pensamento eespiritualidade de D. Óscar Romeropor D. Gregório Rosa.* Aveiro - Recardães (Centro Socialparoquial) - Debate sobre«Divorciados recasados, acolhidospela Igreja?». * Braga - Auditório Vita - ConcertoMariano em homenagem ao PapaFrancisco com o coro «AEDOENSEMBLE».* Dia anual de oração pelos cristãosda China.* Porto - Vila Nova de Gaia - IVFórum de Arquitetura Religiosa. (24e 25)

Dia 25* Braga - Seminário de NossaSenhora da Conceição - ConselhoNacional Plenário do Corpo Nacionalde Escutas.* Leiria - Sede da Cáritas de Leiria - Feira Solidária.* Algarve - Faro (Colégio de NossaSenhora do Alto) - Dia desportivo doacólito promovido pelo Centro deAcólitos da diocese do Algarve.* Porto - Fundação EngenheiroAntónio de Almeida (16h00)-Encontro dedicado ao poeta AlbanoMartins e promovido pelo InstitutoCultural D. António Ferreira Gomes. * Fátima - Centro de Estudos deFátima - Conferência sobre opensamento e espiritualidade de D.Óscar Romero por D. GregórioRosa.* Leiria - Maceira - Passeio de«expressão pública de fé» paraassinalar o Ano da Fé.* Lisboa - Convento de SãoDomingos - Colóquio sobre«Celebrando a revolução de JoãoXXIII». * Coimbra - Sé Nova (11h) - Bênçãodas Pastas dos Politécnicos eUniversidades Privadas.

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* Fátima - Encontro nacional dosColégios Maristas.* Fátima - Reunião da CáritasPortuguesa.* Fátima - Centro Bíblico dosCapuchinhos - Encontro sobre«Creio no Espírito Santo» orientadopor frei Lopes Morgado e frei LuisLeitão e integrado no ciclo deencontros sobre «Palavra, Fé eVida». * Fátima - Acção de formação sobre«Desenvolvimento humano e dádivacristã» promovida pela FundaçãoFé e Cooperação (FEC). * Viana do Castelo - Paredes deCoura - Peregrinação diocesanados frágeis ao Santuário de NossaSenhora da Pena. * Porto - Casa do Vilar - Assembleiadiocesana da Sociedade de SãoVicente de Paulo. * Lisboa - Igreja do Colégio de SãoJoão de Brito - II Encontro deantigos cantores dos Coros daRádio Renascença (1984 a 1998). * Setúbal - Mostra de BandasCatólicas. * Lisboa - Rodízio (Casa deExercícios de Santo Inácio) -Cursoorientado por Emma Ocaña sobre«Tempo de Fecundidade eMisericórdia». (25 e 26)

* Lisboa - Museu do Oriente - Colóquio Internacional «A China namundialização cultural ereligiosa» nos 90 anos após achegada de Teilhard Chardin àChina. (25 e 26)* Braga - Celebrações dos 90 anosdo Corpo Nacional de Escutas. (25 e26)* Santarém - 1º Cruzeiro religiosodos avieiros e do Tejo (25 a 01 dejunho)* Portimão - Museu de Portimão - Exposição de arte sacra intitulada«Creio» para assinalar o Ano da Fée o jubileu dos 25 anos daordenação episcopal de D. ManuelMadureira Dias. 25 a 15 desetembro Dia 26* Porto - Santa Maria da Feira - Caminhada promovida pelaassociação «Rosto Solidário» paraangariar fundos para a missão dospassionistas em Angola. * Braga - Sé (10h00m) - Celebraçãode ação de graças pela fundação doCorpo Nacional de Escutas -Escutismo Católico Português,presidida pelo arcebispo de Braga,D. Jorge Ortiga.* Braga - Sé (ala anexa) - Romagemao túmulo do D. Manuel Vieira deMatos, fundador do escutismo emPortugal e deposição de uma peçacomemorativa do 90º Aniversário doCNE.

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Ano C – Solenidade da SantíssimaTrindade

Contemplar oAmor daTrindade

Neste domingo da Santíssima Trindade celebramosDeus em três pessoas, Deus que é amor, família ecomunidade, e quer fazer-nos comungar dessemistério.A primeira leitura convida-nos a contemplar Deuscriador, cuja bondade e amor se manifestam na belezae na harmonia das obras criadas.Na segunda leitura acolhemos Deus que nos ama enos salva de forma gratuita e incondicional. Através doFilho e do Espírito derrama sobre nós os seus dons eoferece-nos a vida em plenitude.São Paulo refere os frutos que resultam deste acesso

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à salvação como dom de Deus: apaz como plenitude de bens emDeus, já que Ele é a fonte de todo obem; a esperança de um sentidonovo para a vida presente, nacerteza de que as forças da vidatriunfarão; o amor de Deusderramado em nossos corações,pelo Espírito Santo que nos foidado.O Evangelho convoca-nos tambémpara contemplar o amor do Pai, quese manifesta na doação e naentrega do Filho, e que continua aacompanhar a nossa caminhadahistórica através do Espírito.À luz da Palavra que nos é servidacomo alimento neste domingo, acompreensão da Trindade, que éSantíssima, não pode ser no sentidode decifrar uma espécie de charadade “um em três”. Deve ser,sobretudo, a contemplação de Deusamor e comunidade.Dizer que há três pessoas em Deus,como há três pessoas numa família– pai, mãe e filho – é afirmar trêsdeuses e é negar a fé.Dizer que o Pai, o Filho e o Espíritosão três formas de apresentar omesmo Deus, como três fotografiasdo mesmo rosto, é negar a distinçãodas três

pessoas e é também negar a fé.A natureza divina de um Deus amor,de um Deus família, de um Deuscomunidade, expressa-se na nossalinguagem imperfeita das trêspessoas. Deus torna-se Trindade depessoas distintas, mas unidas.Chegados aqui, temos de parar,porque a nossa linguagem finita ehumana não consegue “dizer” omistério de Deus Trindade, que éPai, Filho e Espírito, afinal a pedraangularda fé cristã, a diferença essencialem relação a outras conceções deDeus.Mas nunca devemos parar nacaminhada para a meta final destahistória de amor através da nossainserção plena na comunhão comDeus, que se torna tambémcomunhão com os irmãos.Durante a próxima semana,procuremos dedicar mais tempo àoração e à contemplação, para nosdeixarmos mergulhar no coraçãodeste mistério de Amor da Trindadee recentrar de novo as nossas vidasde batizados no amor, na paz e naesperança, como dons do Espíritopara cada um de nós.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos,org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 26 - RepúblicaDemocrática do Congo:relatos de D. François-Xaviersobre exploração, pobreza eperseguição. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 27 -Entrevista. Ser assistentesocial: um curso cada vezmais necessário.Terça-feira, dia 28 -Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II com JoséEduardo Borges de Pinho;Quarta-feira, dia 29 - Informação e rubrica sobreDoutrina Social da Igreja, com Acácio Catarino;Quinta-feira, dia 30 - Musical Wojtyla de novo empalco. Rubrica "O Passado do Presente", com D.Manuel ClementeSexta-feira, dia 31 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 26, 06h00 - 90 anos do Escutismo emPortugal: as experiências e o futuro da maiororganização de juventude. Segunda a sexta-feira, dias 27 a 31, 22h45 -Testemunhos sobre as dinâmicas paroquiais a partirdas festas da catequese.

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- Esta sexta-feira comemora-se o Dia da Faculdade deTeologia. Desta vez celebrado em Lisboa o programaconta com um dia cheio de atividades, entre desporto,entrega de diplomas e prémios e até o lançamento dolivro “A ideia da fé, Tratado de Teologia Fundamental”,do padre Sequeri, pelas 17h45. - A marcar o fim-de-semana está o 90º Aniversário doCNE que é comemorado na cidade da fundação,Braga. O dia de sábado é marcado pelo ConselhoNacional Plenário, no Auditório Vita, e o fogo deconselho, pelas 21h30, no Campo Escola de Fraião.No domingo há uma missa de ação degraças presidida pelo Arcebispo de Braga, D. JorgeOrtiga.A comemoração termina com uma simbólica romagemao túmulo do fundador (numa ala anexa à Sé) e adeposição de uma peça comemorativa do 90ºAniversário. - Na próxima terça-feira, em Fátima, inicia-se o Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, promovidopela Comissão Nacional e “conta com intervenções dereferência na Saúde em Portugal”.Este ano o tema analisado é “A Arte de Cuidar”,inspirado na parábola bíblica do Bom Samaritano.Médicos, enfermeiros, capelães hospitalares eresponsáveis da pastoral da saúde são osconferencistas convidados para quatro dias de estudoe reflexão.

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R.D. Congo: Um país vítima da sua própria riqueza

Lágrimas esquecidas

Ter ouro, estanho, coltan etungsténio no subsolo pode ser sinalde riqueza. Na RepúblicaDemocrática do Congo tem sido acausa de uma tragédia imensa. Masdeste país não escutamos palavrasde ódio ou de revolta, mas simmensagem de perdão, de amor.Afinal, que se passa por lá?Os mais antigos lembrar-se-ão do Congo Belga,os mais novos

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recordarão o Zaire. Estão todos afalar do mesmo país, a RepúblicaDemocrática do Congo e de umamesma história trágica. Desde opassado colonial até aos dias dehoje há um luto impressionante feitode uma violência que pareceendémica, como se não fossepossível outra realidade que não ada morte, da guerra, das violações,das lágrimas. Infelizmente, pareceque é verdade.Esta região, conhecida como osGrandes Lagos, já viveu muitosconflitos. São guerras patrocinadaspor milícias que, no fundo, vivemapenas da extorsão das riquezasnaturais que se escondem nosubsolo. Quem olha para estahistória só pode arrepiar-se pelaimpunidade que tem escancaradotanta violência. Um país a saque

Desde a II Guerra Mundial já secontabilizaram mais de 1 milhão demortos. Um milhão. Por quê tantaviolência? Por causa da riquezaextraordinária que se esconde nosubsolo da República Democráticado Congo: ouro, estanho, coltan – o

famoso ouro-azul – e tungsténio.Uma riqueza que é cobiçada pelospaíses vizinhos, como o Burundi, oUganda e o Ruanda e que éalimentada pela fragilidade dasinstituições – o que é comum emÁfrica – e que facilita a corrupção, oassalto ao Estado, a impunidadecomo as milícias funcionam e quedeixa as populações completamenteao abandono. Esta riqueza seca osgritos de ajuda das populações epermite perceber em toda a suatragédia a hipocrisia que domina osnegócios entre nações. De visita aPortugal esta semana, a convite daFundação AIS, D. François-XavierMaroy Rusengo, Arcebispo deBukavu, diocese no leste daRepública Democrática do Congo,pediu-nos ajuda. “Peço-vos querezem pelo Congo. Precisamos dasvossas orações e não se esqueçamque se Deus escuta as orações detodos, muito mais escutará as dosportugueses pela intercessão daVirgem de Fátima”, disse D.Rusengo na passada segunda-feira,precisamente em Fátima. “Rezempara que vivamos em paz!”

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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Lusofonias

Dia de África

Tony Neves “Pode ouvir o programaLuso Fonias na rádioSIM, sábados às 14h00,ou em www.fecongd.org.O programa Luso Foniasé produzido pela FEC –Fundação Fé eCooperação, ONGD daConferência EpiscopalPortuguesa.”

Celebramos, a 25 de Maio, o Dia de África. Oritmo, o colorido, a alegria, a dança são imagensde marca deste continente verde. Talvez aesperança seja o elemento fundamental paraexplicar a capacidade que os africanos têm deenfrentar dificuldades, de sobreviver emsituações críticas aos olhos do resto do mundo.Mas a verdade é que não basta fazer festa. Épreciso dar estabilidade aos Estados, àseconomias, á democracia. É preciso cimentar apaz onde ela foi conseguida após longos anosde conflitos sangrentos. É preciso criar empresascompetitivas e modernizadas. É preciso que oServiço Nacional de Saúde funcione bem. Épreciso que os Direitos Humanos sejamrespeitados por todos. É preciso que umaEducação de qualidade esteja ao alcance detodos. Enfim, há muitos objectivos ainda poralcançar em África, como acontece no resto domundo. Celebrar o Dia de África obriga a avaliaro caminho percorrido e a lançar os alicerces deum futuro assente em valores, na justiça, na paz,na solidariedade, no respeito pelos direitoshumanos, numa economia desenvolvida, nafraternidade.Estive em Cabo Verde às portas do Natal. Dágosto ver um país crescer com estabilidade. Dáalegria partilhar a vida com um povo simples efeliz, numa terra onde a guerra nunca manchou ahistória. Experimentei, mais uma vez, ahospitalidade extraordinária de um povo queoferece tudo o quem tem a quem o visita. Láchama-se

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‘morabeza’! Mas não deixei de olhartambém para as franjas de pobrezaque são ainda significativas, commuita gente a viver abaixo do limiarda dignidade humana.O jornalista Jorge Heitor, a propósitodeste dia, deixa alguns indicadorespreocupantes: A África, plena derecursos, cobiçada por norte-americanos, europeus e chineses,tem ainda países tão pobres como oBurkina Faso, o Burundi, aRepública Democrática do Congo(RDC), a Eritreia, a Etiópia, a Guiné-Bissau e a Libéria. Refere ainda operito em assuntos africanos: ‘AHistória dirá um dia por que é que aÁfrica chegou a 2011 com dezenasde países entre a meia centena dosmenos

desenvolvidos do mundo, num nívelsó comparável ao Afeganistão, aoBangladesh e ao Butão’.Aponta alguns casos de relativosucesso: ‘Maurícias, Cabo Verde,Botswana, Gana, Namíbia, África doSul e Seychelles são casos deexcepção’ e faz uma afirmaçãoincómoda: ‘Há 34 países africanosentre os menos desenvolvidos domundo, o que diz bem do que sepassa no mais infeliz doscontinentes’. Celebrar o dia de África é sempreum excelente pretexto para fazersubir a auto-estima de umcontinente que tem tudo para sergrande. Sempre com a convicção deque o melhor do mundo são aspessoas e é nelas que é urgenteinvestir.

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D. Oscar Romero, um mártir«incómodo» que se mantém atualD. Gregorio Rosa, amigo ecolaborador do arcebispo OscarRomero, assassinado em ElSalvador há 33 anos, disse àAgência ECCLESIA que o preladofoi um “mártir” que incomodoupoderes, em defesa dos DireitosHumanos, e mantém a suaatualidade. “Romero é um santoincómodo, os profetas sãoincómodos. Não é Madre Teresa deCalcutá, é outra coisa, por isso é umprofeta que, como Jeremias, éincómodo e querem acabar comele”, refere o bispo auxiliar de SanSalvador.O responsável está em Portugal, aconvite dos Missionários daConsolata, para falar sobre opensamento e espiritualidadearcebispo salvadorenho,assassinado há 33 anos.“Os jovens de hoje estão aconhecer Romero e entusiasmam-se com ele, porque veem umhomem coerente com as suasconvicções, um homem que é fiel aoser humano e defende os DireitosHumanos, que é fiel a Jesus Cristo,que é fiel à Igreja e dá a vida poresses ideais”, refere.

Para D. Gregorio Rosa, Romero é“um líder, um modelo para os jovensde hoje, para as pessoas, e por issoé um santo muito atual”.“É espantoso que mesmo no mundodos não crentes, Romero seja umainspiração, pelo que estamos emmuito boa companhia e com o PapaFrancisco temos, penso, o melhormomento para que o processo decanonização possa avançar até aofinal”, acrescenta.O bispo auxiliar recorda alguém queestava no interior do país(Tambeae, ndr) e veio a descobrir,na capital salvadorenha, “de formabrutal o que é a violência estrutural,o que chama de injustiçainstitucionalizada”.“(Romero) descobre que tem umavocação, a de acompanhar o povoque está esmagado pela violência,pela repressão, pelos esquadrõesda morte, e ser voz dos que não têmvoz.”, observa.Este responsável admite que acausa de beatificação temencontrado obstáculos, a começarpela situação política após a mortedo Arcebispo,

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em El Salvador, país da AméricaCentral.“Romero é assassinado por umgrupo preparado por um militar(Roberto D'Aubuisson, ndr) quefundou um partido político (ARENA),e esse partido chegou ao poder,governando durante 20 anos”,acusa.

As dúvidas e hesitações têm dadolugar, segundo D. Gregorio Rosa, auma corrente “cada vez maior” emfavor do arcebispo assassinado,com destaque para João Paulo II(1920-2005).

Entrevista na íntegra

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"O coração não temdistância,só profundidade acrescida.Aqui ou além, continuaremosjuntos, no coração de Deus"

(Da Mensagem de despedida deD.Manuel Clemente da diocese doPorto)

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