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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE OS DESAFIOS DO SUPERVISOR EDUCACIONAL FRENTE A INTERAÇÃO DO CORPO DOCENTE PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS NO COTIDIANO ESCOLAR” POR: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA PIMENTEL Orientadora Mônica Ferreira de Melo Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

“OS DESAFIOS DO SUPERVISOR EDUCACIONAL FRENTE A INTERAÇÃO DO CORPO DOCENTE PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS NO COTIDIANO ESCOLAR”

POR: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA PIMENTEL

Orientadora

Mônica Ferreira de Melo

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

“OS DESAFIOS DO SUPERVISOR EDUCACIONAL FRENTE A INTERAÇÃO DO CORPO DOCENTE PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS NO COTIDIANO ESCOLAR”

Apresentação de monografia ao Conjunto

de Universidades Cândido Mendes –

Projeto A vez do Mestre, como condição

prévia para a conclusão do curso de

Administração e Supervisão Escolar.

Por: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA PIMENTEL

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que por ser

infinito e perfeito faz com que todas as

coisas tenham seu início, meio e fim.

Agradeço aos Professores do

curso, a minha esposa, irmã, primo,

sobrinho, cunhados e amigos, pela

dedicação e incentivo ao longo de todo

esse tempo.

4

DEDICATÓRIA

A minha esposa Vanuza, irmã, sobrinhos e cunhado, pelo apoio e compreensão, viabilizando mais uma conquista acadêmica. Aos professores e em especial a profª Mônica Ferreira de Melo que têm consciência da importância de sua práxis, visando à construção do cidadão crítico e reflexivo.

5

RESUMO

Essa dissertação tem o seu enfoque no ensino dos conceitos de saúde e

de doença, precisamente, na 5.ª e 8.ª séries. No entanto, para desenvolver a

pesquisa sobre o denominando ensino conceitual, fez-se necessário estabelecer

a relação entre as áreas da educação e da saúde. Assim, foi construído esse

trabalho, a partir do momento em que a escola foi focalizada quanto ao processo

no ensino de conceitos de saúde e de doença, compreendendo nesse segmento

as implicações no processo ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva uma escola

do ensino fundamental municipal faz parte da pesquisa. Para a fundamentação

teórica, a pesquisa optou no sentido dos problemas mais freqüentemente

encontrados nas investigações que foram: stress, perda de energia, impaciência,

dores de cabeça, hiperalimentação, aumento da irritabilidade, dores na coluna e

voz, depressão etc...

6

METODOLOGIA

Partindo de leituras bibliográficas, webgráficas e pesquisa de campo, sobre

os caminhos da supervisão escolar e as doenças acometidas pelos professores

em sala de aula ao longo do contexto educacional brasileiro, pretende-se refletir a

prática atual do ensino e as mudanças que se fazem necessárias para a saúde

dos professores e um melhor desempenho, objetivando o enfrentamento e os

desafios que se colocam para um sistema educacional verdadeiramente

democrático e transformador.

O supervisor educacional de forma prática deve exercer um papel

fundamental orientando os professores de forma a evitar que sejam agravadas as

doenças do cotidiano.

Seguindo alguns passos simples elaborado neste trabalho o supervisor

educacional proporcionará aos educadores uma prevenção dos malefícios

causados por má postura, mau uso da voz prolongando um bem estar maior em

suas atividades.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................08

CAPÍTULO I SUPERVISÃO EDUCACIONAL...................................................... 10

CAPÍTULOII TRABALHO EM EQUIPE......................................................16

CAPÍTULO III PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS ORIGINADAS EM SALA DE AULA....................................................................................................25

CAPÍTULO IV ASPECTOS DO TRABALHO DO PROFESSOR, APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA..................37

CONCLUSÃO..................................................................................................41

ANEXO....................................................................................................44 a 49

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................50

ÍNDICE.....................................................................................................51 e 52

8

INTRODUÇÃO

Um dos assuntos mais polêmicos da atualidade e que vem sendo

amplamente discutido é a educação, no seu sentido de formação humana. Educar

é uma tarefa que exige comprometimento, perseverança, autenticidade e

continuidade. As mudanças não se propagam em um tempo imediato, por isso, as

transformações são decorrentes de ações. No entanto, as ações isoladas não

surgem efeito. É preciso que o trabalho seja realizado em equipe, onde a

comunidade participe em prol de uma educação de qualidade baseada na

igualdade de direitos.

Com base em tais considerações, o supervisor escolar representa um

profissional importante par o bom desempenho da educação escolar, o grupo

escolar, o qual deve opinar, expor seu modo de pensar e procurar direcionar o

trabalho pedagógico para que se efetive a qualidade na educação. Na atualidade o

supervisor se direciona para uma ação mais científica e mais humanística no

processo educativo, reconhecendo, apoiando, assistindo, sugerindo, participando

e inovando os paradigmas, pois tem sua “especialidade” nucleada na conjugação

dos elementos do currículo: pessoas e processos. Desse modo, caracteriza-se

pelo que congrega, reúne, articula, enfim soma e não divide.

Neste contexto, compreender e caracterizar a função supervisora no

contexto educacional brasileiro não ocorre de forma independente ou neutra. Essa

função decorre do sistema social, econômico e político e está relacionada a todos

dos determinantes que configuram a realidade brasileira ou por eles condicionada.

O fato de professores apresentarem elevada ocorrência de alterações

vocais, física e psíquicas, relacionadas com o uso da voz, estresse, depressão,

fobias, problemas na coluna, em atividades letivas é do conhecimento de todos. O

problema chamou a atenção dos supervisores da categoria profissional por

comprometerem seu bem-estar no desempenho das suas funções, ameaçando

seu rendimento profissional e a duração da carreira letiva.

9

De acordo com as pesquisas realizadas, uma grande parte dos educadores

sofre com algum sintoma maléfico ocasionado em sala de aula, por falta de

informação, sendo que um em cada dez educadores sofre de exaustão emocional

ou física. Apesar desses dados, observou-se que 90% dos trabalhadores desta

área, estão muito satisfeitos com a atividade que desenvolvem, a grande maioria

está muito comprometida com o seu trabalho. Assim, como entender um trabalho

onde coabitam siameses o prazer e o sofrimento, a realização e a perda de si

mesmo, o inferno e o paraíso?

10

CAPÍTULO I

SUPERVISÃO EDUCACIONAL

1.1 A supervisão educacional: mudanças sob o olhar de

uma educação libertadora

No atual contexto da educação brasileira, cresce a importância do

supervisor educacional, que representa uma das pessoas que procura direcionar

o trabalho pedagógico na escola em que atua para que se efetive a qualidade em

todo o processo educacional. Sabe-se que o Supervisor Escolar é um servidor

especializado em manter a motivação do corpo docente, deve ser um idealista,

definindo claramente que caminhos tomar, que papéis se propõe a desempenhar,

buscando constantemente ser transformador, trabalhando em parceria, integrando

a escola e a comunidade na qual se insere. É nessa moldura que o presente

artigo caracteriza a função do supervisor no contexto social, político e econômico

da Educação.

Segundo ROBERTO (1999) um dos assuntos mais polêmicos da

atualidade e que vem sendo amplamente discutido é:

A educação no seu sentido de formação

humana. Educar é uma tarefa que exige

comprometimento, perseverança, autenticidade

e continuidade. As mudanças não se propagam

em um tempo imediato, por isso, as

transformações são decorrentes de ações. No

entanto, as ações isoladas não surgem efeito. É

preciso que o trabalho seja realizado em

conjunto, onde a comunidade participe em prol

de uma educação de qualidade.(

GIANCATERINO, 1999, p.56)

Para ROBERTO (1999) com base em tais considerações, o supervisor escolar:

Representa um profissional importante para o

bom desempenho da educação escolar, o

11

grupo escolar, o qual deve opinar, expor seu

modo de pensar e procurar direcionar o

trabalho pedagógico para que se efetive a

qualidade na educação. Na atualidade o

supervisor se direciona para uma ação mais

científica e mais humanística no processo

educativo, reconhecendo, apoiando, assistindo,

sugerindo, participando e inovando os

paradigmas, pois tem sua “especialidade”

nucleada na conjugação dos elementos do

currículo: pessoas e processos. Desse modo,

caracteriza-se pelo que congrega, reúne,

articula, enfim soma e não divide.

(GIANCATERINO, 1999, p.78)

De acordo com ROBERTO (1999) neste contexto:

Compreender e caracterizar a função

supervisora no contexto educacional brasileiro

não ocorre de forma independente ou neutra.

Essa função decorre dos sistemas sociais,

econômicos e político e está relacionada a

todos dos determinantes que configuram a

realidade brasileira ou por eles condicionada.

(GIANCATERINO, 1999, p.85)

Ainda segundo ROBERTO (1999) o

desenvolvimento da sociedade moderna

representa motivos de muita reflexão,

principalmente pelo fato de que a área

educacional possui muitos problemas e que

diretamente vinculam-se as demais atividades

sociais visto que são tais profissionais que irão

atuar junto ao mercado de trabalho.

(GIANCATERINO, 1999, p.93)

Existe uma preocupação com a formação humana e com a forma com que

o educando vem obtendo o conhecimento científico. Acredita-se na viabilidade de

12

fazer do ambiente escolar um espaço construtivo, que desperte o interesse do

educando para aprender e fazer do professor um mediador do saber.

Trata-se de ignorar as velhas práticas educacionais e acreditar na

possibilidade de construir uma sociedade onde o homem tenha consciência do

seu papel e da sua importância perante o grupo.

É importante ressaltar que para Roberto(1999) há falhas no sistema educacional e para Medina(1997) questiona o papel do supervisor, tais como, prevê seus textos:

A melhor maneira de redimensionar o trabalho

é assumir o compromisso de fazer do trabalho

educacional uma meta a ser atingida por todos.

Nessa busca incessante por uma nova postura

de trabalho, o professor possui um papel

fundamental, por isso, deve recuperar o ânimo,

a sede e a vontade de educar e fazer do ensino

uma ação construtiva. Deve agir como um

verdadeiro aprendiz na busca pelo

conhecimento e fazer desta ferramenta um

compromisso social. (GIANCATERINO, 1999,

p.120)

Para Medina (1997) diante das perspectivas de

inovação o supervisor escolar representa uma

figura de inovação. Aquele profissional que

assume o papel fundamental de decodificar as

necessidades, tanto da administração escolar, a

fim de fazer com que sejam cumpridas as

normas e como facilitador da atividade docente,

garantindo o sucesso do aprendizado. Contudo,

a ação supervisora tornar-se-á sem efeito se

não for integrada com os demais especialistas

em educação, (Orientador Escolar, Secretário

Escolar e Administrador Escolar)

respectivamente. SILVA, 1997, p.82)

O que de forma alguma é admissível é manter as velhas políticas de

submissão, onde toda a estrutura escolar submetia-se aos interesses da classe

13

dominante. De certa forma, tem-se a impressão de ser esta uma postura radical.

No entanto, busca-se uma escola cidadã, onde haja comprometimento com o

ensino, com a aprendizagem, onde o professor seja valorizado enquanto

profissional e onde o supervisor consiga desenvolver com eficiência a sua função.

A nova realidade denota que a função do supervisor educacional assume um

parecer diferente do que era conceituada na escola tradicional.

Na visão da autora Raquel(1996), cita:

No entanto, diante do exposto até aqui se

conclui que a escola, como parte integrante da

totalidade social, não é um produto acabado. É

resultado, dos conflitos sociais que os

trabalhadores vivem nas relações de produção,

nas relações sociais e nas lutas de classe. É

também fruto das lutas sociais pela escola

como lugar para satisfazer a necessidade de

conhecimentos, qualificação profissional, e de

melhoria de suas condições de vida enquanto

possibilita melhores empregos e o acesso a

uma maior renda. Não se pode negar este

direito aos trabalhadores, e, por isso, a escola

pública, apesar dos pesares, é um espaço de

Educação Popular. (PASSERINO, 1998, p.130)

Para que a escola possa cumprir com este papel, será necessário investir

na mudança de atitude do seu professor, do supervisor, no sentido de criar

condições que favoreçam este elo, tendo como objetivo a valorização e a cultura

do aluno e busque promover o diálogo com a cultura erudita. Sem dúvida, é

imprescindível a presença do supervisor, como instigador da capacitação

docente, destacando a necessidade de adquirir conhecimento e condições de

enfrentar as dificuldades próprias de sua profissão, como também, estar

preparado para administrar as constantes mudanças, no contexto escolar.

Logicamente o supervisor escolar, em suas ações, pode delinear o início

de uma nova era educacional, onde haja mais coletividade e o ensino seja

14

buscado com qualidade, priorizando o aluno e valorizando as experiências

significativas.

Acredita-se que o Supervisor Escolar tem a possibilidade de transformar a

escola no exercício de uma função realmente comprometida com uma proposta

política e não com o cumprimento de um papel alienado assumido.

Para Medina (1997) deve antes de tudo, estar envolvido nos movimentos e

lutas justas e necessárias aos educadores. Semear boas sementes, onde a

educação se faz presente e acreditar veemente que estas surtirão bons frutos.

A caracterização da Supervisão precisa ser definida e assumida pelo

Educador e pelo Supervisor. É uma opção que lhe confere responsabilidade e a

tranqüilidade de poder. O Supervisor Educacional deverá ser capaz de

desenvolver e criar métodos de análise para detectar a realidade e daí gerar

estratégias para a ação; deverá ser capaz de desenvolver e adotar esquemas

conceituais autônomos e não dependentes, diversos de muitos daqueles que vem

sendo empregados como modelo, pois um modelo de Supervisão não serve a

todas as realidades.

O Supervisor possui uma função globalizadora do conhecimento através da

integração dos diferentes componentes curriculares. Sem esta ação integradora,

o aluno recebe informações soltas, sem relação uma das outras, muitas vezes

inócua.

Para que o conhecimento ganhe sentido transformador para o aluno é

necessário ter relação com a realidade por ele conhecida, e que os conteúdos das

diferentes áreas do conhecimento sejam referidos à totalidade de conhecimento.

Conforme Medina(1997) assim, acredita-se:

Que uma das funções específicas do

Supervisor Escolar é a socialização do saber

docente, na medida em que há ela cabe

15

estimular a troca de experiências entre os

professores, a discussão e a sistematização de

práticas pedagógicas, função complementada

pelos órgãos de classe que contribuirá para a

construção, não só de uma teoria mais

compatível à realidade brasileira, mas também

do educador coletivo. (SILVA, 1997, p.140)

Entende-se como melhoria das condições de trabalho não somente a

ampliação de recursos físicos de caráter infraestrutural ou a capacitação docente

em nível de formação metodológica, sobretudo, entendemo-nas como um

problema de gestão organizacional. O projeto é de iniciativa recente e originou-se

da pesquisa "Trabalho Docente e Sofrimento Psíquico:proletarização e gênero"

desenvolvida junto ao Departamento de Didática do curso de pedagogia da

Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília. A partir da referida

pesquisa constatou-se que na rede pública de ensino os professores estão

sujeitos a condições de elevado sofrimento psíquico decorrente da organização

social de trabalho vigente nessas instituições. Foram observados 240 professores

da rede pública do ensino fundamental em situação de sala de aula. Da análise

dos dados foi possível evidenciar incidência de elevada exaustão emocional,

stress e sentimento de diminuição de realização profissional que interferem na

produtividade do trabalho pedagógico. Estes sintomas revelam que número

expressivo de trabalhadores docentes sofre de distúrbios emocionais como a

síndrome de burnout e de depressões reativas. Catalogadas pela Organização

Mundial de Saúde como doenças ocupacionais, elas são decorrentes da própria

organização social do processo de trabalho. No Brasil esta problemática tem sido

ignorada e, portanto, negligenciada pelo poder público. A solução do problema

não se resume em estabelecer políticas públicas de saúde que visam a

medicalização e tratamento dos docentes de forma individualizada, porque além

dos custos serem elevados isto é apenas um paliativo que não resolve a questão.

Se faz necessário estabelecer políticas de prevenção. Se a causa do sofrimento

decorre das relações sociais de trabalho, portanto são estas relações que

precisam ser modificadas e isto atinge diretamente a gestão do trabalho docente.

16

CAPÍTULO II

TRABALHO EM EQUIPE

2.1 Conhecimentos necessários para o professor e a Educação

Segundo Amanda Polato (2008) O trabalho deve ser fonte de realização

e prazer, mas pode causar sofrimento e enfermidades. Pesquisa NOVA ESCOLA

e Ibope feita em 2007 com 500 professores de redes públicas das capitais

revelaram que mais da metade dos entrevistados sofre de estresse. Entre as

queixas freqüentes estão dores musculares, citadas por 40% deles. Preocupa

também o fato de 40% terem declarado sofrer de forma regular alguma doença ou

mal-estar.

Para Amanda Polato (2008) nos casos mais sérios, os sintomas acabam

afastando os profissionais da sala de aula. No estado de São Paulo –a maior rede

do país, com 250 mil professores - são registradas 30 mil faltas por dia. Só em

2008 foram quase 140 mil licenças médicas, com duração média de 33 dias. O

custo anual para o governo estadual chega a 235 milhões de reais –

correspondentes ao valor a ser destinado pelo Ministério da Educação (MEC)

para construir, mobiliar e equipar 330 escolas de Educação Infantil em 2008.

Soluções para essa epidemia têm sido discutidas e colocadas em prática

em diferentes níveis: secretarias criam programas de prevenção, escolas

reorganizam processos e educadores buscam formas criativas de enfrentar as

dificuldades do dia-a-dia. Todas elas, além de contribuir para o bem-estar e o

desempenho do profissional, têm impacto positivo na qualidade da educação. Os

“remédios” prescritos – tanto no sentido de prevenção quanto no de tratamento –

são gestão, formação, organização do tempo. Trabalho em equipe,

relacionamento com os alunos, infra-estrutura, currículo e valorização social.

Nenhum combate sozinho todos os sintomas, mas, associados eles podem formar

um coquetel eficaz para acabar com a situação de impotência diante de um

sistema tão doente. (POLATO APUD REVISTA NOVA ESCOLA,2008,P.38)

17

2.2 Apoio da direção traz segurança

Na visão de Soria Batista (2006) uma gestão democrática e participativa

é capaz de alterar as condições de trabalho dentro da escola, e as Instituições

com maior participação dos pais e da comunidade têm mais materiais de apoio ao

ensino e são mais limpas, por exemplo, o que contribui para melhorar o bem-estar

de quem ali leciona.

A presença de diretores e coordenadores pedagógicos que dêem suporte

efetivo à equipe escolar e se co-responsabilizem pelos resultados do ensino é,

igualmente, fator de aprimoramento das condições profissionais. Nesses

profissionais estão as respostas para dificuldades que vão de questões

pedagógicas a problemas de relacionamento.

É o que mostra a pesquisa Saúde e Apoio Social no Trabalho, realizada em

2006 por Rodrigo Manoel Giovanetti, na Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo. “O apoio social tem efeitos moderadores do estresse

e da síndrome do esgotamento, além de promover satisfação e produtividade”,

explica Giovanetti.

De acordo Amanda Polato (2008) as investigações em escolas públicas

levaram o pesquisador a concluir que, quando o diretor deixa de focar a atuação

nas questões burocráticas, ele consegue tornar o dia-a-dia menos desgastante

para todos. Por sua vez, os coordenadores, que também ocupam posição de

liderança, têm papel fundamental no acompanhamento da prática em sala. Essa

ação tem o poder de minimizar as angústias do docente diante das adversidades.

Segundo Amanda Polato (2008) em Itupiranga, a 630 quilômetros de

Belém, uma mudança na gestão da Educação foi implantada tendo como foco a

qualificação dos coordenadores pedagógicos. Três anos atrás, nem todos os 440

professores podiam contar com a ajuda desses profissionais. Desde então há

encontros quinzenais para que eles recebam formação continuada com

18

supervisão do Programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá. De acordo com a

diretora de Ensino Rosanea do Nascimento de Lucena, antes os coordenadores

não conseguiam desempenhar sua principal tarefa: organizar atividades de

estudo com a equipe. A estratégia uniu a rede e deu um suporte de conteúdo pra

os educadores.

Para Amanda Polato (2008) os resultados são vistos também de forma

significativa na saúde do grupo. Ainda há casos de estresse e depressão entre os

mais velhos, que contam com acompanhamento psicológico. Os novos

dificilmente têm problemas por sobrecarga ou frustração, já que recebem apoio à

prática.

2.3.Bem-estar para quem se prepara

Para Soria Batista (2007) os conhecimentos sobre didática avançam; a

necessidade de se manter atualizado com relação aos conteúdos é constante; as

salas de aula estão se tornando inclusivas; a sociedade exige cada vez mais da

escola; e, por fim, há um abismo entre a formação inicial e a prática do Magistério.

A pressão e a ansiedade para se adequar a tudo isso muitas vezes dão origem a

doenças, mal-estar e tensão.

Na visão da autora Soria(2007), cita:

O estresse aumenta quando a pessoa faz algo

que não motiva. Por isso, temos investido em

capacitação para dar melhor condição ao

educador par se desenvolver e desempenhar

sua função com prazer”

(BATISTA,2007, P.123)

Na visão de Marcos Monteiro (2008), secretário-adjunto de Gestão do

Estado de São Paulo. Na rede paulista, na qual é altíssimo o absenteísmo por

problemas de saúde, está sendo implantado um sistema de bonificação que terá

entre os indicadores a assiduidade da equipe e o nível de aprendizagem dos

alunos.

19

De acordo com Soria Batista (2008) de modo geral, os mais inexperientes

não conseguem dar conta das situações cotidianas, e muito menos das

imprevistas. Eles tendem a controlar a turma com gritaria e ofensas.

Segundo Gisele Levy (2008) que concluiu mestrado sobre o tema na

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ela identificou que 70% dos quadros

de cinco escolas de Niterói, a 20 quilômetros da capital fluminense, apresentavam

sintomas da síndrome de burnout, caracterizada por exaustão física e emocional.

Em início de carreira, muitos profissionais, de acordo com Gisele, se inibem e

acabam dando aulas de forma mecanizada. Em situações como essa é

improvável que os estudantes avance.

Conforme Gisele Levy (2008) quem encontra respostas adequadas aos

dilemas da profissão consegue manter-se equilibrado e alcançar sucesso. Foi o

que correu com Liliane da Silva Oliveira Schanuel, de Petrópolis, a 68 quilômetros

do rio de Janeiro. Até 2008 ela trabalhava em uma escola em que não tinha ajuda

para se aprimorar.

Hoje ela dá aulas para a 3ª série na Escola Municipal São José do Caetitu,

onde a coordenação pedagógica é atuante. “Lemos e debatemos sobre tudo o

que nos cerca. O aprimoramento me trouxe tranqüilidade”.

Para Rosilene Ribeiro (2007) da Secretaria Municipal de Educação de

Petrópolis, a formação continuada é tão importante quanto a inicial. “Ela é útil

para transformar questões cotidianas da prática em objetos de análise e reflexão”.

Com doutorado concluído na área, Rosilene atesta: “Os docentes planejam e

avaliam com amor segurança”. Aulas mais bem preparadas têm impacto no

desempenho da turma e, por conseqüência, na satisfação profissional.

2.4 Horários Para Estudo e Diversão

Para Soria Batista (2007) uma boa forma de reduzir o cansaço físico e

mental e ainda melhorar os resultados de aprendizagem dos estudantes é ter

tempo para estudar, planejar e reunir-se com os colegas – sem esquecer os

momento de lazer. De acordo com a pesquisa NOVA ESCOLA e Ibope, os

20

professores gastam em média 59 horas por semana em atividades ligadas ao

trabalho – 50% desse tempo em sala de aula. Metade deles tem menos de seis

horas por semana de lazer. Esses são os que mais apresentam sintomas de

estresse – com insônia e dores de cabeça freqüentes.

De acordo com Soria batista (2008) há três anos, Valéria Hingleluz, que

leciona em duas escolas de Osasco, na Grande São Paulo, teve diagnóstico de

depressão. O maior motivo acredita, foi à carga pesada de trabalho – 70 aulas

semanais em até três turnos. Quando estava em casa, ela sentia que tudo

melhorava. Mas, quando o momento de retornar as aulas se aproximava, ficava

aflita. Em cinco ocasiões, chegou ao portão da escola e não conseguiu atravessá-

lo. “Eu tinha uma sensação de perda total, me sentia inútil, achava que ia morrer”.

Valéria tirou licença médica e se afastou da EE Professor José Jorge e da escola

particular que lecionava. Para sair da crise e voltar a dar aulas, sua grande

paixão, mudou a rotina: descansa mais, lê, assiste a filmes e faz caminhada.

“Antes eu quase não saía de casa. Agora, não recuso um convite para ir ao

cinema”. Ela definiu um limite de 40 aulas semanais de carga horária, para se

adaptar ao salário menor, reduziu as despesas pessoais.

(BATISTA, P.128).Assim,

De acordo com Beatriz Cardoso, docente da

Universidade de São Paulo e coordenador

executiva do centro de educação e

documentação para a ação Comunitária (Cedac),

em São Paulo, a gestão do tempo não está nas

mãos do professor. Essa tarefa depende também

das condições oferecidas a ele pela rede. “Nesse nível, deve-se, em primeiro lugar, optar pelo que

potencializa a aprendizagem e, em segundo,

considerar outras particularidades da rotina

escolar”, define Beatriz. E aí estão incluídas as

horas de trabalho pedagógico remuneradas,

essenciais para a qualidade da prática.

(CARDOSO APUD BATISTA,2008,P.45)

21

2.5 O PODER DO APOIO DOS COLEGAS

Conforme Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) da Universidade

Federal do espírito santo, estudou as estratégias encontradas pelos docentes a

fim de promover a saúde – o que, para ela, não é a ausência de doenças, mas a

crença na possibilidade de acabar com o que faz sofrer. “O mais eficaz é apostar

na boa relação entre os professores e construir o sentimento de grupo”, aponta.

Por sua importância, o trabalho em equipe é um tema que deveria ser mais

valorizado pelos gestores na opinião de Beatriz Cardoso. “É preciso pensar em

meios e condições para que ele seja o mais produtivo possível”. Quando há

momentos de conversa e atividades coletivas, os profissionais e suas ações ficam

mais fortalecidos. “Quem tenta fazer algo diferente sozinho acaba não tendo o

respaldo dos colegas ou a orientação dos mais experientes”, diz Maria Elizabeth.

Se a troca de informações se torna prioridade no dia-a-dia da escola, surge em

cada um o sentimento de que suas idéias são úteis para a produção social. Dessa

forma, a prática pedagógica também é enriquecida – e os alunos só têm a ganhar.

BARROS APUD BATISTA,2008,P.46

Na EMEF Professora Altamira Amorim Manesi (2008), em Araraquara, a

277 quilômetros de São Paulo, o trabalho em equipe faz parte do cotidiano. “O

planejamento fica bem melhor com a troca de experiências”, conta Bia Pinto

César, que leciona para o 5º ano. “Eu não gosto de preparar aulas baseadas

apenas em um livro ou uma fonte. É ótimo quando uma colega me mostra um

material novo que eu não havia encontrado em minhas pesquisas. Isso faz toda a

diferença na qualidade do ensino”.

Considerando que o momento também é um grande alívio para as

pressões e cobranças do dia-a-dia: “Tenho muito mais segurança. Sem esse

diálogo constante com minhas companheiras, seria bem mais difícil”. A

pesquisadora Maria Elizabeth acredita que no ambiente escolar pode haver

espaço para choro e queixas – que aliviam a tensão cotidiana – desde que isso se

torne algo positivo. “A queixa deve se transformar em alternativas para enfrentar

22

as adversidades. Só reclamar leva a mais mal-estar”, ressalta. MANESI APUD

BATISTA (2008)

2.6 O melhor meio de manter a paz

Conforme Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) a dificuldade de

relacionamento com crianças e jovens em classe é a maior queixa dos

professores, como mostra a pesquisa nova escola E Ibope. A falta de disciplina foi

citada como o principal problema em sala de aula por 46% dos entrevistados.

Maristela Rautta, de São Miguel do Oeste, a 693 quilômetros de Florianópolis,

teve muito momentos de estresse exatamente por causa disso. Em 2008, a

professora do Grupo Escolar Municipal São João Batista de la Salle encontrou

uma turma de crianças de 7 anos muito agitada. Elas subiam nas mesinhas e

brigavam constantemente entre si. (ELIZABETH, P.128).

Conforme Maristela Rautta a relação com as

crianças é condição para a docência. Se ela

está deteriorada, como ensinar? Essa é uma

das razões do grande mal-estar entre os

educadores

(RAUTTA APUD BARROS 2008,P. 135)

Para Yves de La Taille (2007), da Universidade de São Paulo, o

desrespeito é um fenômeno discutido no mundo todo e ultrapassa os limites da

escola. “A ausência do senso moral, da idéia de que o outro existe e eu preciso

respeitá-lo, é geral”. Um dos caminhos, segundo ele, seria a escola discutir

princípios de forma sistemática par que os alunos entendessem o porquê das

regras. Maristela seguiu linha semelhante e encontrou uma solução para a

indisciplina dentro da sala com o apoio da coordenadora, Clariss Thums, e de

toda a equipe. Ela estabeleceu regras, levou as crianças a discutir seus

sentimentos em relação aos pais e à escola e a refletir sobre as atitudes de

convivência.

23

Conforme Yves de La Taille (2007) além disso, Maristela também mudou

sua forma de dar aulas – esse resgate da autoridade pelo conhecimento, segundo

De La Taille, é outro ponto essencial nas relações entre estudantes e mestres.

“Muitos alunos não avançavam no aprendizado, e alguns não estavam

alfabetizados. Agora eu procuro desafiá-los o tempo todo. Hoje me sinto muito

bem e uma profissional bem melhor”, diz ela.

2.7 BOAS CONDIÇÕES, BOM DESEMPENHO

Segundo Yves de La Taille (2007) o espaço da escola afeta tanto o

cotidiano dos professores quanto o dos alunos. A precariedade das condições

físicas dificulta as aulas, tornando-as desgastantes e reduzindo a produtividade.

Mobiliário inadequado ou classes sem boa ventilação, iluminação ou acústica

podem causar ou agravar problemas de saúde, como os osteomusculares ou de

voa.

De acordo com Rejane Cristina dos santos (2008) da Escola Estadual

Imaculada Conceição, em Pedro Leopoldo, a 46 quilômetros de Belo Horizonte,

sofreu em razão das condições inadequadas do ambiente e do mau uso que fazia

da voz – falava alto e permanecia em contato com pó de giz por tempo

demasiado. Em 2008, ficou completamente afônica durante 15 dias. Passado o

susto, ela se valeu da criatividade para voltar à sala de aula: construiu painéis em

que escreve com canetão e usa microfone.

Para Rejane Cristina dos santos (2008) iniciativas individuais como a de

rejane são relevantes, mas cabe aos gestores da rede e da escola cuidar da

questão. Joice Salete Silverio Pires, da Escola Municipal Marumbi, em Curitiba,

começou a acordar sem voz. O problema poderia ter se agravado se a diretora

não ativesse encaminhado ao programa municipal de qualidade vocal. Ela fez um

tratamento fonoaudiológico e operou nódulos nas cordas vocais. “Depois disso, a

prefeitura disponibilizou um microfone para ela usar em classe”. Além de seu

bem-estar, garantiu-se, assim, a qualidade do ensino que ela ministra.

Na visão de Rejane Cristina dos santos (2008) Também visando à

aprendizagem Tocantis está definindo padrões de qualidade do ambiente escolar

24

que incluem conforte acústico, ventilação, temperatura e iluminação adequadas e

acessibilidade. “Criou-se políticas pra reduzir os riscos para alunos e professores,

pensando em saúde e Educação de forma articulada”, diz Maria Auxiliadora

Rezende Seabra, secretária de Educação e Cultura.

2.8 SATISFAÇÃO VEM COM PRESTÍGIO

Conforme Rejane Cristina dos santos (2008) o apoio da sociedade aos

educadores está diminuindo. É o que sente um terço dos professores brasileiros,

segundo a pesquisa NOVA ESCOLA e Ibope. Isso acaba afetando seu bem-estar

e seu desempenho em sala de aula. “A progressiva desqualificação e o não-

reconhecimento social potencializam o sofrimento dos docentes”, assinala Mary

Yale Rodrigues Neves, da Universidade Federal da Paraíba. Quando se fala em

valorização social, o sentido não deve ser apenas retórico, o que inclui

homenagens e discurso em favor do Magistério. Essa é a opinião de Inês

Teixeira, da UFMG:

A valorização tem de ser real. Profissional

reconhecido é aquele que dispõe de boas

condições de exercer sua função no dia-a-dia,

salário compatível com o que se espera dele e

políticas públicas que cuidem de sua formação

e sua saúde

(SANTOS, 2008,P.141)

Para Rejane Cristina dos santos (2008) a Finlândia, o país com a melhor

Educação do mundo segundo o Pisa, avaliação feita pela Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é um lugar em que a carreira

docente está entre as mais concorridas e desfruta de grande prestígio. Lá, as

principais apostas do sistema educacional são um currículo amplo e a formação

docente. “A escola é o reflexo da sociedade na qual está inserida”.(SANTOS,

P.162)

25

CAPÍTULO III PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS ORIGINADAS EM SALA DE AULA

3.1 Como ficar livre das dores no corpo

Segundo Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) os movimentos simples

ajudam a evitar lesões musculares como o Dort, comuns em quem fica horas

corrigindo provas, escrevendo no quadro-negro...Você sabe!

Atire o primeiro giz aquele professor que nunca chegou em casa com uma

dorzinha nas costas. Depois de dar muitas aulas, de ficar em frente ao

computador digitando textos ou sentado, escrevendo, não são raras também as

dores nos ombros, no pescoço, nos cotovelos e nos pulsos. Esse quadro pode

parecer resultado do corre-corre diário, mas é bom tomar cuidado: assim como

milhares de outros profissionais, você pode estar sujeito a desenvolver o Distúrbio

Orteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort).

Na visão Maria de Elizabeth Barros de Barros (2008) conhecido até sete

anos atrás apenas como LER (Lesão por Esforço Repetitivo), o distúrbio engloba

um conjunto de doenças. Ele ataca principalmente os tendões das mãos

(tendinite), a região do pescoço (cervicalgia) e as articulações do ombro (bursite),

da coluna (lombalgia) e dos cotovelos (epicondilite). A principio a pessoa que

sofre de Dort sente apenas um cansaço que melhora com o repouso. Em sua fase

mais avançada, a dor não cede nem com medicação.

Além das dores, os sintomas mais imediatos são formigamento, diminuição

da força física, limitação dos movimentos e inchaço em algumas partes do corpo.

Entre as causas do mal estão posturas incorretas, repetição exagerada de

movimentos, sobrecarga física, horas excessiva de trabalho e até depressão. O

diagnóstico é abrangente. Ortopedistas e médicos do trabalho levam em

consideração o estado físico do paciente, o tipo e o histórico da dor ou mesmo

uma análise do perfil psicológico, para saber se o trabalhador não está vivendo

sob clima tenso em casa ou no emprego.

26

3.2 Doença de professor

Segundo Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) estatísticas da

Previdência Social, foram notificados mais de 20mil casos de afastamento

motivados pelas chamadas doenças do trabalho no Brasil em 2008. Estima-se

que o Dort contribua com 80% a 90% desse total. Não há estudos específicos,

mas os professores engrossam consideravelmente esses números, uma vez que

passam boa parte do tempo em pé, levantam o braço para escrever no quadro-

negro com muita freqüência, digitam textos no computador, carregam materiais

pesados entre uma sala e outra e ainda corrigem centenas de provas e trabalhos

da garotada a cada bimestre.

3.3 Prevenção e Tratamento

Conforme Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) para evitar a doença ou

o seu agravamento, os especialistas recomendam aos professores diminuir a

carga horária de trabalho por um certo período, parar de realizar algumas

atividades cotidianas, como transportar sacolas ou livros, e, em último caso, se

afastar temporariamente da função e só os casos mais graves necessitam de

fisioterapia.

Avisa o ortopedista Salvador Vallera (2008), de Brasília, um estudioso das

doenças relacionadas ao trabalho. Foi o que ocorreu com a professora Marly,

que, no auge da crise também teve que tomar antiinflamatórios. Hoje, a

professora não se considera curada – até porque essas lesões não podem ser

solucionadas nem com cirurgia – mas passou a tomar mais cuidado com a

postura.

Conforme Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) de modo geral, o mal

pode ser resolvido com cuidados simples (veja algumas sugestões de exercícios

físicos abaixo). Se o tratamento não tardar, o restabelecimento se dá em poucas

semanas. Os cuidados constantes, em seguida, são obrigatórios. O primeiro deles

é fazer uma pequena pausa de dez minutos a cada duas horas de trabalho e

alongar-se sempre que possível. Esses práticos, chamados de ginástica laboral, é

27

obrigatório em muitas empresas nas quais as pessoas executam movimentos

repetitivos.

De acordo com Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) o Ministério do

Trabalho já normatizou esse tipo de ginástica para várias profissões. Infelizmente,

muitas vezes o principal aliado do distúrbio é os próprios trabalhadores, que por

diversos motivos deixa de observar as orientações médicas.

As lesões por esforço repetitivo começaram a se tornar mais freqüentes

coma Revolução Industrial, quando os trabalhadores passaram executar

atividades repetitivas, como operar o tear. Em 1713, o médico italiano Bernardino

Ramazzi, considerado o pai da medicina ocupacional, mencionou a LER pela

primeira vez.

Para Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) hoje, em várias atividades

nas quais o computador se tornou indispensável, o risco de desenvolver o Dort é

relativamente alto. Tanto que o distúrbio é conhecido popularmente como a

“doença do digitador”. Ao longo do tempo. Terapias alternativas como do-in,

shiatsu e acupuntura também se tornaram fortes aliadas no alívio das dores

provocadas pelo dort.

3.4 Exercícios de alongamento

De acordo com Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) esses exercícios

de alongamento podem ser executados em casa ou na escola. Eles ajudam a

evitar ou minimizar os efeitos do dort. È importante fazer deles uma rotina. As

sugestões abaixo devem ser repetidas no mínimo três vezes por dia. Permaneça

alguns segundos em cada posição. (Anexo I)

Coluna cervical. Alongue o pescoço para frente, para trás e para os lados.

Faça uma rotação completa do pescoço sobre os ombros de forma lenta e o mais

acentuada possível, num sentido e depois no outro.

28

Ombros. Eleve um dos braços na lateral da cabeça e segure-o na região do

cotovelo. Repita o exercício com o outro membro. Cruze a frente do tórax com um

dos braços e pressione o cotovelo junto ao peito. Repita o movimento com o outro

braço. Estique o braço para a frente e apóie a palma de uma das mãos na

parede.Gire o tronco para o lado oposto.

Mantenha-se nessa posição até sentir o ombro alongado. Depois, faça uma

rotação simultânea nos dois ombros nos dois sentidos.(Anexo II)

Região lombar. Separe as duas pernas, flexione levemente os joelhos e

solte o corpo para frente. Relaxe os ombros, procurando chegar com as mãos o

mais próximo possível do chão. Volte à posição inicial endireitando o corpo,

vértebra por vértebra. (Anexo III)

Punhos. Estique um dos braços para frente e puxe o dorso da mão no

sentido do antebraço. Em seguida, puxe a palma da mão em direção ao

antebraço. Repita os dois movimentos com o outro braço. (Anexo IV)

3.5 Manter uma boa postura ajuda a diminuir o estresse e a fadiga

diária

Conforme Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) dores de cabeça e nos

ombros tornaram-se comuns. À tarde, são as pernas e as costas que incomodam.

As cãibras começaram a aparecer e, no geral, você sente muito cansaço. Se você

apresenta um ou mais desses sintomas no final do dia, é bom prestar atenção no

seu corpo e na sua postura durante as aulas. Muitos desses desconfortos podem

ser conseqüência de uma forma errada de movimentar-se ou de ficar parado, em

pé ou sentado.

O bem-estar geral vai depender de diversos fatores como a prática regular

de atividades físicas, uma alimentação adequada, boas noites de sono e tempo

para o lazer. Mudar alguns hábitos em relação a seu corpo também ajuda a evitar

indisposições. Para ir à escola, lembre-se de usar roupas leves e folgadas, que

não restrinjam os movimentos nem dificultem a circulação do sangue.

29

De acordo com Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) não pode se

esqueçer de verificar se sua classe tem equipamentos necessários e de qualidade

para ajudá-lo no trabalho diário, como mobiliário adequado. Se notar deficiências,

converse com a direção da escola e sugira uma palestra sobre o assunto. Um

especialista pode esclarecer dúvidas da equipe e identificar outras maneiras de

melhorar o ambiente para não prejudicar sua saúde nem a de seus colegas.

3.6 alongamento:

Na visão de Maria Elizabeth Barros de Barros (2008) os alongamentos não

são importantes somente para os atletas. Você também deve preparar seu corpo

para as atividades didáticas e depois relaxá-lo, tirando toda a tensão provocada

pela aula. Dê uma boa espreguiçada antes de entrar em classe e depois de sair

dela.

Depois dessa gostosa esticada, dê atenção aos músculos mais

requisitados durante o dia, principalmente se trabalhar com crianças pequenas.

Realize a seqüência proposta que bem lentamente, repetindo cada exercício pelo

menos duas vezes.

3.7 Mudança na postura previne dores e o estresse

A) Conforme Simone de Lima (2008) quando estiver em pé, distribua o seu

peso de forma eqüitativa entre as duas pernas. Apóie-se igualmente

nos dedos e nos calcanhares. Se você puser toda sua massa corporal

sobre os calcanhares, automaticamente desviará os quadris para a

frente e terá dores lombares. Ao contrário, se puser o peso somente

sobre os dedos, ficará sem equilíbrio e, para começar, empurrará o

queixo para a frente. Isso exige demais dos músculos do pescoço e a

dor vai refletir-se por todas as regiões da coluna.

B) Ao sentar-se, mantenha sempre os dois pés no chão. Se a cadeira for

alta para você, procure usar um apoio, deixando os joelhos dobrados

em ângulo de 90 graus. Evite cruzar as pernas para não prejudicar a

circulação nos membros inferiores.

30

C) Se você precisar abaixar-se para atender uma criança, lembre-se

sempre de dobrar os joelhos. A coluna não deve jamais ser curvada,

pois a repetição desse movimento é responsável por diversas lesões.

D) Quando sentar-se no chão durante rodas de leitura ou conversas

informais coma garotada, a posição de índio é a mais indicada. Mas não

se esqueça de manter as costas retas par não pressionar o aparelho

digestivo.

E) Ficar muito tempo em uma só posição – seja sentado ou em pé –faz

com que alguns músculos e articulações sejam sobrecarregados,

causando dores localizadas que certamente se irradiarão para outras

regiões do corpo. Por isso, ande bastante pela classe. Evite usar

sapatos com salto maior que 3 ou 4 centímetros. Prefira sempre

modelos mais confortáveis, como tênis ou sapatênis.(Anexo V)

3.7.1 Exercícios simples acabam com a tensão

A) Pescoço

Segundo Simone de Lima (2008) faça o movimento do não (olhar para um

lado e depois para o outro) e do sim (a cabeça movimenta-se para frente e para

trás). Coloque as mãos em volta do pescoço para ter mais firmeza.

Gire a cabeça para o lado direito e depois para o esquerdo.(Anexo VI)

B) Ombros

Rode os ombros para a frente e para trás.

Levante-os na direção das orelhas ao mesmo tempo que inspira e solte-

os ao expirar. (Anexo VII)

31

C) Antebraços e punhos

Coloque as mãos em posição de prece e os cotovelos abertos. Pressione

várias vezes uma palma contra a outra durante um minuto. (Anexo VIII)

D) Quadris e pernas

Em pé, coloque as mãos na cintura e gire o tronco para ambos os lados.

Com os joelhos levemente flexionados, coloque as mãos sobre eles e

movimente-os de forma circular para a esquerda e para a direita. (Anexo

IX)

Com os joelhos levemente flexionados, coloque as mãos sobre eles e

movimente-os de forma circular para a esquerda e para a direita. (Anexo X)

E)Estresse

O (ex) inimigo número 1 do professor

Em excesso, ele se transforma em exaustão emocional e acaba com a sua

energia. Na medida certa, dá o impulso que você precisa para enfrentar as

pressões do dia-a-dia. Veja o que fazer para encontrar esse equilíbrio e manter o

inimigo sob controle

Segundo Marilda Novaes Lipp (2007) na hora do café, na sala dos

professores, o assunto se repete. O desafio de todo mundo é dar conta de tantas

responsabilidades na escola, em casa e nos estudos. Mesmo com a vida cada

vez mais difícil, é possível não cair num mar de desânimo e administrar bem o

estresse. Na medida certa, acredite, essa reação do organismo é necessária para

ajudar você a enfrentar situações de desafio ou emoções muito fortes. Em

excesso, no entanto, pode tirar todo o seu pique e abrir as portas do organismo

para doenças.

Um dos maiores desafios dos dias de hoje é justamente conseguir

equilibrar o trabalho e as emoções sem se deixar dominar pelo estresse. Estudos

internacionais comprovam que ele é um dos principais fatores de afastamento do

trabalho e de queda do rendimento profissional. Em 2003, um terço dos

professores na Grã-Bretanha abandonaram temporariamente seus alunos por

32

estarem estressados, angustiados ou deprimidos, de acordo com um estudo do

Schools Advisory Service. No Brasil, pesquisa realizada pela Universidade de

Brasília e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação com

professores do Rio de Janeiro aponta que 30% sofrem de exaustão emocional.

3.7.2 Você está na sua lista de prioridades?

Para Marilda Novaes Lipp (2008) o planejamento do ano letivo e dos

projetos pessoais para 2008 dizem muito sobre os riscos de se tornar vítima do

estresse. Você pensou nos materiais que vai pedir à direção, em novas atividades

e projetos, nas leituras essenciais para se atualizar, nos assuntos para discutir

com os pais e nas reuniões de trabalho, em métodos de avaliação, nas contas

que tem para pagar, no tempinho que vai reservar para seus filhos...

3.7.3 E você, onde entra nessa história?

Segundo Maria de Lourdes Magalhães (2007) pedagoga especializada em

saúde coletiva, de Brasília, quem se cuida tem um desempenho melhor em sala

de aula. Isso inclui fazer o que gosta, curtir a família e os amigos, se distrair com

uma boa leitura, praticar exercícios físicos e se alimentar bem. “O estresse é

contagioso”. Brinca a pedagoga. “Um professor desanimado é capaz de

desanimar a turma inteira. “Um exemplo: em uma aula de Ciências, você

dificilmente conseguirá passar aos alunos a importância de cuidar do corpo, de

comer alimentos saudáveis e de se relacionar bem com os pais e amigos, se tiver

o rosto cansado e for o retrato do desânimo. Maria de Lourdes vai mais longe.

Elka defende que o autocuidado se torne disciplina nos cursos de formação

docente e alerta para a necessidade de políticas públicas voltadas para a saúde

dos professores.

É certo que suas obrigações e preocupações não vão desaparecer do dia

para a noite. Portanto, além de torcer para que os pais colaborem na educação

das crianças, de reivindicar mais infra-estrutura da direção e lutar para ter seu

trabalho reconhecido, reserve um espaço para você. “Não podemos deixar o

prazer e o descanso em último plano. É preciso equilibrar obrigações e prazer”,

afirma Marilda Lipp, pesquisadora do Centro Psicológico de Controle dos Stress,

em Campinas(SP).

33

3.7.4 O poder dos exercícios e dos alimentos saudáveis

Conforme Marilda Novaes Lipp (2008) cada ser humano tem uma

resistência ao estresse e diferentes possibilidades de enfrentá-lo. Os tímidos,

ansiosos e apressados são os que correm mais perigos.

A professora de Educação Infantil Érika Ziegelmeyer Barbosa, da Escola

Sá Pereira, no Rio de Janeiro, era muito impaciente e sentia fortes dores

lombares. Antes que os sintomas aumentassem, ela encontrou um escape nos

movimentos do tai chi chuan, técnica de arte marcial chinesa. “Não há

comparação entre o que era e o que sou. Os exercícios regulam minha

concentração e a respiração. Sou mais calma e não luto contra o tempo”. Diz a

professora, que pratica os exercícios três vezes por semana, pela manhã.

Os médicos são unânimes: a regularidade da atividade física contribui para

a sensação de bem-estar porque o organismo libera endorfina, reforçando a

capacidade de combater o estresse. Não há uma única receita pra todas as

pessoas. Porém, ao lado dos exercícios regulares, outro fator importante na

prevenção ao estresse é uma dieta saudável – e isso significa comer na hora

certa muitos legumes, frutas e verduras. O ideal é ter sempre algo saudável à

mão, como biscoitos sem recheio, frutas e barras de cereais.

Explica a nutricionista Camila Andrade Pereira, de São Paulo. Outro

conselho importante: sucos e chás são as melhores bebidas para tomar nos

intervalos das aulas e na hora do lanche –e evite o chá-mate e o preto, pois

contêm cafeína. Portanto, no próximo bate-papo na sala dos professores, que tal

dispensar o cafezinho?

3.7.5 Com a voz não se brinca ela é um de seus mais importantes

instrumentos de trabalho. Por isso, merece muita atenção

Para Luzia Maria (2008) um professor sem voz é como um artesão sem

mãos. A fala é um dos mais importantes instrumentos de trabalho, mas nem

sempre recebe tanta atenção, não é mesmo? ‘Radialista e atores, que também

usam a voz, aprendem a cuidar dela”, afirma Natália Ribeiro Fiche, professora de

Técnica e Expressão Vocal da Escola de Teatro da Universidade do Rio de

34

Janeiro. Enquanto isso, os cursos de formação de docentes ignoram esse

aspecto da profissão. Por isso é essencial ficar atento.

As principais causas de distúrbios da voz estão diretamente relacionadas

ao excesso de trabalho, ao desrespeito às pausas para descanso e ao

desconhecimento de técnicas vocais. Os sintomas você provavelmente já

conhece: irritação e dor de garganta, cansaço ao falar, pigarro e a sensação de

que a voz some e falha em sua qualidade no decorrer do dia ou da semana. É o

corpo sinalizando que algo está errado e que, talvez, seja hora de consultar um

fonoaudiólogo ou um otorrinolaringologista (únicos profissionais habilitados a

orientar técnicas adequadas de fala e respiração). (Maria P.157)

Para a especialista Fabiana Copoelli Zambon, fonoaudióloga dos Sindicatos dos Professores de São Paulo, diz que o ideal é prevenir:

A maioria dos colegas só me procura quando

o problema já está avançado. Para impedir

que isso aconteça com você, siga as

orientações a seguir.

ZAMBON APUD LUZIA MARIA,2008,p.136. (ZAMBON APUD ..., 2008, p. 136)

3.7.6 Antes de tudo, respire

De acordo com Luzia Maria (2008) a voz está diretamente ligada à

respiração. Grande parte das pessoas tem respiração média: expande o abdômen

e o peito quando inspira. Outras têm curta: só no peito, que fica no sobe-e-desce.

Quem usa muito a voz precisa desenvolver a diafragmática, que adotamos

naturalmente na hora de dormir, com maior expansão na região abdominal.

Aquecimento e desaquecimento vocal também são fundamentais para iniciar ou

encerrar um dia de trabalho.

Toda vez que você tem de se colocar num ambiente ruidoso precisa falar

mais alto. O ideal é impostar a voz. Para quem ainda não sabe, vale usar

microfone em sala de aula. Não falar enquanto escreve no quadro-negro é outra

boa medida (de costas para a turma, a tendência é elevar o tom, respirando ar

carregado de pó de giz). Outro erro comum é, ainda de costas, virar só o pescoço

35

para responder a uma questão, pois esse movimento provoca tensão na região.

Pelo mesmo motivo evite roupas apertadas na cintura, no abdômen e no pescoço.

3.7.7 Café não, água sim

Segundo com Luzia Maria (2008) comidas e bebidas saudáveis são

fundamentais para qualquer indivíduo, mas quem fala muito precisa se preocupar

ainda mais. Muitos alimentos engrossam a saliva, dificultando a articulação das

palavras e a vibração das pregas vocais. É o caso dos derivados do leite e do

chocolate. Maçã e salsão, ao contrário, têm propriedades adstringentes e deixam

a saliva fina. Comer alimentos pesados e condimentados muitas vezes provoca

refluxo gástrico. Antes das aulas, esse hábito deve ser evitado porque essa

secreção banha as pregas vocais e as irrita.

O café machuca e resseca a laringe porque é quente. Se você não quer

parar de tomá-lo, evite-o durante os intervalos das aulas e beba mais água. Essa,

sim, é uma grande aliada: hidrata as pregas e melhora sua flexibilidade e

vibração. Em classe, o correto é beber oito copos por dia em pequenos goles e à

temperatura ambiente (o corpo é quente e as estruturas vocais estão aquecidas

durante a fala, por isso segure na boca por algum tempo antes de engolir

qualquer líquido gelado).

3.7.8 Adeus aos vícios

Todo mundo está cansado de saber dos efeitos nocivos da nicotina. Entre tantas

coisas, o cigarro destrói os cílios do trato respiratório, responsáveis pela retirada

do muco das paredes.

Sprays e pastilhas deixam a laringe anestesiada, o que faz com que a

gente não perceba se ela está realmente comprometida. O gengibre, apesar de

seu conhecido poder cicatrizante, pode irritar as mucosas da laringe e causar

tosse. Remédios contra a dor de cabeça, que são vasodilatadores, ativam a

circulação sanguínea na periferia das pregas vocais, aumentando o risco de

pequenos sangramentos.

36

3.7.9 O pó também é inimigo

A rinossinusite alérgica é comum em pessoas que vivem em ambientes

poluídos. A solução é muita hidratação para fluidificar as secreções e poupar a

fala. Por isso, o ambiente de trabalho deve estar livre de poeira, pó de giz, fumaça

de cigarro e incenso. É recomendável que a sala de aula seja limpa diariamente

com um pano úmido. No quadro-negro, o truque é passar o apagador de cima

para baixo ou substituí-lo por um pano úmido.

Tossir e pigarrear por causa da gripe é, às vezes, inevitável. O que não

pode é isso se transformar num hábito, porque fere as pregas vocais e aumenta a

produção de muco num círculo vicioso, pois a secreção atrapalha a fala, o que

obriga a limpar a garganta novamente. A água, mais uma vez, é o melhor

remédio.

3.7.10 De olho nos hormônios

Durante a fase pré-menstrual, algumas regiões do corpo da mulher se

inçam, inclusive as pregas vocais, deixando a voz mais grave e tensa. Nesse

momento, falar em excesso piora a situação. A pílula anticoncepcional e os

remédios para reposição hormonal provocam sintomas semelhantes.

3.7.11 Uma sala confortável e inclusiva

Na visão de Eduardo Saad (2008) organizar a sala de aula não é uma

tarefa muito difícil. Basta uma lousa, mesas e cadeiras, materiais didáticos e, é

claro, alunos e professor, certo? Mais ou menos. Todos esses elementos não

podem faltar em sala adequada. Porém, existem detalhes que fazem do ambiente

um lugar seguro, confortável e acessível para todas as crianças – o que, sem

dúvida, colabora para o aprendizado. Você já parou para observar se na sua

classe o piso escolhido evita acidentes? Se os móveis têm cantos arredondados?

Se as crianças com deficiência física podem circular com facilidade? (Anexo XI)

37

CAPÍTULO IV

ASPECTOS DO TRABALHO DO PROFESSOR, APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA

Segundo Sennet citado por Assunção (2003) nas três últimas décadas do

século XX profundas transformações ocorreram no mundo do trabalho as quais se

intensificaram no início do século XXI. Tais mudanças, que se originaram no

setor industrial, atualmente estão presentes em todas as áreas, incluindo o

setor de serviços como o de educação. Desta forma, os professores em seu

processo de trabalho, estão submetidos a mesma lógica do setor industrial, ou

seja, a lógica da produtividade, da flexibilização, do aumento do ritmo e carga de

trabalho, da terceirização e da precarização dos vínculos de trabalho. A

flexibilização da estrutura curricular, dos processos de avaliação e as

novas formas de gestão da escola são exemplos dessas mudanças que

tem exigido padrões diferenciados de organização do trabalho escolar e um

novo perfil de trabalhadores da educação.

No cenário de transformações no mundo do trabalho e no próprio

perfil de adoecimento dos trabalhadores faz-se necessário que os pesquisadores

envolvidos com a temática da saúde, empreendam esforços para

compreender as mudanças recentes, pois o modo das pessoas fazerem uso de

suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para produzir,

foi transformado, exigindo maior flexibilidade por parte dos trabalhadores.

Contudo, no modo de produção capitalista, exige-se uma flexibilidade das

capacidades adaptativas dos trabalhadores até o ponto máximo, dobrando-os,

sem oferecer-lhes as chances ou oportunidades para se recuperarem, e

assim preservarem sua saúde. Os efeitos do desgaste permanente e cotidiano

sobre a saúde é muitas vezes silencioso e

nem sempre apreendido pelo saber médico, baseado nas ciências

biológicas e no entendimento da doença como presença ou ausência de sinais

e sintomas. As conseqüências das mudanças no mundo do trabalho

sobre a saúde dos professores, ainda são pouco estudadas. Entre os

pesquisadores que estudaram a questão há um consenso de que ensinar é uma

ocupação altamente estressante, com repercussões na saúde física e mental e no

desempenho profissional dos professores. Os problemas mais freqüentemente

38

encontrados nas investigações foram: stress, perda de energia, impaciência,

dores de cabeça, hiperalimentação, aumento da irritabilidade e dores na

coluna. Os dados revelam um conjunto de repercussões nocivas do trabalho na

saúde dos professores, ainda que a visibilidade dessas repercussões não seja

tão evidente e imediata como em outras categorias profissionais. (SINPRO,

2007).

No Brasil, pouco se fez no sentido de avaliar os efeitos do trabalho sobre a

saúde em categorias de trabalhadores onde esses riscos são menos visíveis,

como é o caso dos professores. As referências de estudos abordando as

condições de saúde e trabalho do professor é ainda escassa, apenas na

segunda metade da década de 1990 foram produzidas algumas

investigações abordando as condições de saúde e trabalho em escolas

públicas. As evidências encontradas, nesses estudos, são

preocupantes e apontam para a necessidade de medidas imediatas.

Para Scremin (2005), as práticas educacionais encontram-se no

modo de produção capitalista, diante de uma contradição, de um lado o sistema

educacional tem como função propiciar condições para a sociedade produzir,

atendendo a expectativa do mercado de trabalho, de outro, quando essas

práticas se estabelecem no âmbito das relações capitalistas de produção, em

que o principal objetivo é o acumulo de riquezas, torna o acesso ao sistema

educacional precário, colocando em risco à produção e a

reprodução da força de trabalho. Relata ainda que na

educação, a produção é inseparável do ato de produzir, não

tem forma autônoma em relação aos seus produtores, pois a produção e o

consumo são indissociáveis, ocorrem ao mesmo tempo.

Independentemente do setor em que sejam realizadas as

práticas educacionais são entendidas como parte da esfera de “produção

imaterial”, não produzem mercadorias, mas são fundamentais para a vida em

sociedade. Ao longo da história o trabalho do professor já foi visto como atividade

de alto valor social, interpretada como um “dom”, ou “sacerdócio”, valorizado por

todos os cidadãos e assumido pela sociedade como uma atividade pública de

alta relevância.

No que se refere ao processo de trabalho, aplicam-se aos

professores regras semelhantes àquelas dirigidas aos demais trabalhadores do

39

setor primário e secundário da economia, tais como a produtividade, a

flexibilização, o aumento do ritmo de trabalho, o tipo de tarefa a ser

executada, o tempo para a sua execução, a jornada e a carga de trabalho, a

terceirização e a precarização dos vínculos de trabalho.

Conforme Oliveira (2004), estas mudanças introduzidas na organização

escolar são evidenciadas na maior flexibilização das estruturas curriculares e

dos processos de avaliação, na instituição de diferentes formas de gestão,

confirmando a existência de novos padrões de organização do trabalho escolar,

que passou a exigir um novo perfil de trabalhadores da educação. Dentro

deste contexto, para a autora, os trabalhadores docentes vêem-se forçados

a dominar novas práticas e novos saberes no exercício de

suas funções, apesar de sofrerem neste processo insegurança

e desamparo tanto do ponto de vista objetivo, em face das condições

inadequadas de trabalho, quanto do ponto de vista subjetivo, diante da

precarização das relações trabalhistas.

A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Darcílio Ayres

Raunheitti, Município de Nova Iguaçu, que se localizada na Cidade do Rio de

Janeiro. A coleta dos dados teve como base os anos de 2008 e 2009, e foram

obtidos por meio da análise de todos os prontuários da categoria de

professores de nível fundamental, que passaram pela

perícia médica nos referidos anos, visando à concessão de licenças médicas.

Trata-se de um estudo descritivo, que tem como objetivo conhecer

e interpretar a realidade das enfermidades que acometem os professores,

procurando descobrir as causas, diminuindo o número de licenças médicas.

Os dados coletados foram registrados em instrumento constituído para este

fim, transcritos em percentuais que compuseram um banco de dados.

Conforme observa-se no gráfico dos 78 professores, 18 recorreram à

assistência médica – que corresponde a 23% do total atendidos.

40

Planilha do Excel, acesso em: 13 ago 2009.

Dentre os enfermos:

A) Doenças do Aparelho Circulatório: 2 = 11,11%

B) Doenças do Aparelho Respiratório 2 = 11,11%

C) Doenças do Olho 2 = 11,11%

D) Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo 4 = 22,22%

E) Transtornos Mentais e Comportamentais 8 = 44,44%

Os transtornos mentais e comportamentais ocuparam o primeiro lugar entre

as doenças diagnosticadas que provocaram o afastamento dos professores de

suas atividades laborais. Este dado indica a gravidade dos problemas

relacionados à saúde mental entre os professores.

Os distúrbios psíquicos são relativamente comuns, duradouros ou

transitórios e recorrentes, mas raramente fatais. Não afetando a sobrevivência do

professor, mas podem afastá-lo das atividades de sala de aula.

41

CONCLUSÃO

No cenário de transformações no mundo do trabalho e no próprio perfil de

adoecimento dos professores, faz-se necessário que os supervisores

educacionais envolvidos com essa temática, empreendam esforços para que

hajam mudanças nesse setor, de forma a prolongar a saúde física e mental dos

educadores.

As transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho e de

mudanças no perfil dos trabalhadores da educação faz-se necessário um maior

acompanhamento dos supervisores escolares, junto aos órgãos da saúde no

sentido de prevenção.

A presente pesquisa procurou identificar as causas do absenteísmo dos

professores de um modo geral e em particular na Escola Municipal Darcílio Ayres

Raunheitti. Não tendo a pretensão de discutir os fatores que levaram ao quadro

nosológico, apenas preveni-los.

Neste primeiro momento pretende-se, evidenciar uma situação ainda pouco

visível tanto para o conjunto dos professores quanto os supervisores educadores

e também os órgãos responsáveis pela gestão dessa categoria profissional.

Os dados obtidos sobre o perfil de adoecimento dos professores da citada

escola, permitiram constatar que existem doenças específicas relacionadas ao

exercício do magistério, como os sofrimentos psíquicos e as doenças do sistema

osteomuscular. Estes resultados evidenciam a necessidade de novas abordagens

e aprofundamentos sobre o tema, inclusive a formulação de estratégias e de

intervenção no processo de adoecimento dos professores envolvendo vários

setores e instâncias como as autoridades do setor de educação, saúde e

representantes sindicais, para o aprimoramento de políticas públicas bem como

contribuir para as práticas preventivas dos danos relacionados ao trabalho dos

professores.

As transformações que vem ocorrendo, como a exigência do aumento da

produtividade, o estímulo à competição entre os trabalhadores, associado à

instabilidade decorrente da precarização dos vínculos empregatícios, tem

provocado sérias conseqüências para a saúde do professor, tanto no aspecto

fisiopatológico, mas, também no aspecto emocional e psicológico.

42

As condições de trabalho dos professores mobilizam as suas capacidades

físicas, cognitivas e afetivas para atingir a produção exigida pelo setor escolar,

gerando sobre esforços ou hipersolicitação de suas funções psicofisiológicas,

desencadeando sintomas clínicos, que explicariam os índices de afastamentos do

trabalho causado por transtornos mentais.

Os sintomas acontecem sazonalmente, mais freqüentemente no final dos

trimestres ou semestres do ano escolar, exatamente no período em que são

acrescentadas outras atividades além das do cotidiano como correção de provas,

exames e elaboração de relatórios solicitados pela administração da escola.

43

ÍNDICE DOS ANEXOS

ANEXO I - Exercícios de alongamento.........................................................44 ANEXO II - Exercícios de alongamento........................................................44 ANEXO III - Região lombar............................................................................45 ANEXO IV – Punhos......................................................................................45 ANEXO V - Mudança na postura previne dores e o estresse........................46 ANEXO VI – Pescoço......................................................................................47 ANEXOVII – Ombros.......................................................................................47 ANEXO VIII – Antebraços e punhos................................................................47 ANEXO IX – Quadris........................................................................................48 ANEXOX – Pernas...........................................................................................48 ANEXO XI – Uma casa confortável e inclusiva................................................49

44

Anexo I – Exercícios de alongamento

Anexo II - Exercícios de alongamento

45

Anexo III - Região lombar

Anexo IV - Punhos

46

Anexo V - Mudança na postura previne dores e o estresse

47

Anexo VI - Pescoço

Anexo VII - Ombros

Anexo VIII - Antebraços e punhos

48

Anexo IX - Quadris

Anexo X - Pernas

49

Anexo XI - Uma sala confortável e inclusiva

50

BIBLIOGRAFIA BATISTA,Soria, EDUCAÇÃO:CARINHO E TRABALHO.Ed.Vozes.2008,p.40.

BARROS.Maria Elizabeth Barros,AS DOENÇAS DOS

TRABALHADORES,Ed.vozes,2008,p.130.

MARIA,Luzia.Te cuida,Ed.vozes,2008,p.179,SAAD,Eduardo.LIVRO DO

DIRETOR:ESPAÇO E PESSOAS.Ed.Cedac/MEC,2008,p.142.

LIPP,Marilda Novaes. O STRESS DO PROFESSOR. REVISTA Nova Escola.São

Paulo:Ed.Papirus,2003,p.136.

PINHO.Maria Rebelo Pinho.Manual de Higiene Vocal.REVISTA NOVA

ESCOLA.São Paulo:E.Pró-Fono,2003,p.34.

STAINBACK,Willian. Um guia para educadores. REVISTA NOVA ESCOLA. Rio

Grande do Sul: Ed.Artmed,2004,p.456.

WEBGRAFIA

ASSUNÇÃO, Ada Ávila. UMA CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE SOBRE AS

RELAÇÕES SAÚDE E TRABALHO.Ciênc. saúde coletiva v.8, n.4. Rio de

Janeiro, 2003. Disponível em: < www.Scielo.br/pdf /csc/v.8n4/a22v8n4.pdf>

Acesso em: 26 jun 2009.

OLIVEIRA, Dalila Andrade. Dossiê “GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO:

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE – II. A REESTRUTURAÇÃO DO

TRABALHO DOCENTE: PRECARIZAÇÃO E FLEXIBILIZAÇÃO. Educ. Soc . v.

25 n. 89 Campinas set/dez. 2004. Disponível em: <WWW.scielo.br/scielo.php>

Acesso em: 11 jun 2009.

SANTOS, Flávia Luiza Nogueira: SAÚDE DO TRABALHADOR E PROFISSÃO

DOCENTE . 2006 Disponível em: < http://psicopedagogia.com.br/artigos/ artigo.

asp?entrid=880> Acesso em: 12 jun 2009.

51

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO......................................................................................02 AGRADECIMENTO......................................................................................03 DEDICATÓRIA.............................................................................................04 RESUMO......................................................................................................05 METODOLOGIA...........................................................................................06 SUMÁRIO.....................................................................................................07 INTRODUÇÃO..............................................................................................08 CAPÍTULO I..................................................................................................10 Supervisão Educacional.....................................................................10

1.1-Supervisão educacional: mudanças sob olhos de uma educação libertadora...................................................................................... 10

CAPÍTULOII...................................................................................................16 Trabalho em Equipe..............................................................................16 2.1 Remédio para o professor e a Educação........................................16 2.2 Apoio da direção traz segurança.....................................................17 2.3 Bem-estar para quem se prepara...................................................18 2.4 Horários Para Estudo e Diversão...................................................19 2.5 O poder do apoio dos colegas.........................................................21 2.6 O melhor meio de manter a paz......................................................22 2.7 Boas condições, bom desempenho.................................................23 2.8 Satisfação vem com prestígio..........................................................24 CAPÍTULO III.................................................................................................25 Prevenção e tratamento das doenças originadas em sala de aula..............................................................................................................25 3.1Como ficar livre das dores no corpo.................................................25 3.2 Doença de professor.......................................................................26 3.3 Prevenção e Tratamento.................................................................26 3.4 exercício de alongamento...............................................................27 3.5 Manter uma boa postura ajuda a diminuir o estresse e a fadiga

diária.................................................................................................28 3.6 Alongamento....................................................................................29 3.7 Mudança na postura previne dores e o estresse.............................29 3.7.1 Exercícios simples acabam com a tensão....................................30 3.7.2 Você está na sua lista de prioridade.............................................32 3.7.3 E você, onde estra nessa história.................................................32 3.7.4 O poder dos exercícios e dos alimentos saudáveis..................33

3.7.5 com a voz não se brinca ela é um de seus mais importantes instrumentos de trabalho. Por isso, merece muita atenção...................33

3.7.6 Antes de tudo, respire...................................................................34 3.7.7 Café não, água sim.......................................................................35 3.7.8 Adeus aos vícios...........................................................................35 3.7.9 O pó também é inimigo.................................................................36 3.7.10 De olho nos hormônios...............................................................36 3.7.11 Uma sala confortável e inclusiva.................................................36

52

CAPÍTULO IV....................................................................................................37

Apresentação e discussão dos dados da pesquisa......................... ...37 CONCLUSÃO..................................................................................................41 ÍNDICE DOS ANEXOS....................................................................................43 ANEXOS ..................................................................................................44 a 49 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................50 WEBGRAFIA....................................................................................................50 ÍNDICE......................................................................................................51 e 52 FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................................53

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: OS DESAFIOS DO SUPERVISOR EDUCACIONAL FRENTE A INTERAÇÃO DO CORPO DOCENTE PARA A PREVENÇÃO DAS DOENÇAS NO COTIDIANO ESCOLAR

Autor: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA PIMENTEL

Data da entrega: 20 de julho de 2009

Avaliado por: Conceito:

Rio de Janeiro, 15 de julho de 2009.