curso redação voltado para o enem 2013

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A Dissertação é um tipo de texto opinativo no qual o escritor defende um ponto de vista com o uso de argumentos. A Redação do Enem avalia cinco competências: 1. Domínio da língua culta 2. Compreensão da proposta de Redação e aplicação de conceitos de várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema. 3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações em defesa de um ponto de vista. 4. Demonstração de conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para construir a argumentação. 5. Elaborar proposta de ação para enfrentar o problema respeitando os direitos humanos. Dicas para a composição textual: Transforme a proposta em pergunta, como por exemplo: “As novelas brasileiras podem ser consideradas educativas?”. Com base nisso, tente pensar em três argumentos que responderiam essa pergunta. Desenvolva cada argumento seguindo a seguinte estrutura: 1- Introdução > Argumento 1; Argumento 2; Argumento 3 > Conclusão Na conclusão, posicione-se a respeito e sugira uma solução para o tema proposto. A introdução apesar de não ser essencial é extremamente recomendada. Nela você deve apresentar o tema em poucas frases, em torno de 3 ou 4 linhas. O título

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Page 1: Curso Redação Voltado Para o Enem 2013

A Dissertação é um tipo de texto opinativo no qual o escritor defende um ponto de vista

com o uso de argumentos. A Redação do Enem avalia cinco competências:

1. Domínio da língua culta

2. Compreensão da proposta de Redação e aplicação de conceitos de várias áreas

do conhecimento para desenvolver o tema.

3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações em defesa de um

ponto de vista.

4. Demonstração de conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para

construir a argumentação.

5. Elaborar proposta de ação para enfrentar o problema respeitando os direitos

humanos.

Dicas para a composição textual:

Transforme a proposta em pergunta, como por exemplo: “As novelas brasileiras podem

ser consideradas educativas?”. Com base nisso, tente pensar em três argumentos que

responderiam essa pergunta. Desenvolva cada argumento seguindo a seguinte estrutura:

1- Introdução > Argumento 1; Argumento 2; Argumento 3 > Conclusão

Na conclusão, posicione-se a respeito e sugira uma solução para o tema proposto. A

introdução apesar de não ser essencial é extremamente recomendada. Nela você deve

apresentar o tema em poucas frases, em torno de 3 ou 4 linhas. O título não é obrigatório no

Enem, mas caso você faça outros exames em seja necessário, uma boa dica é não utilizar

verbo no título.

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I) Para a redação: Estrutura do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e

conclusão; coesão e coerência. Tese, tópico frasal (ideia-núcleo) e ideias secundárias.

II) Coesão e coerência:

Valor anafórico: relacionam o que se diz ao que se disse.

Valor catafórico: relacionam o que se diz ao que se vai dizer.

Grupos semânticos:

a) Prioridade, relevância: precipuamente, acima de tudo, antes de mais nada,

sobretudo. Ex.: Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que esta série de exemplos não

é completa, principalmente no que diz respeito às locuções adverbiais.

b) Tempo: então, enfim, logo, eventualmente, não raro, nesse ínterim. Ex.:

Finalmente, é preciso acrescentar que alguns desses exemplos se revelam por vezes um pouco

ingênuos.

c) Semelhança, comparação, conformidade: assim também, analogamente, mutatis

mutandis, de conformidade com, sob o mesmo ponto de vista. Ex.: No exemplo anterior

(valor anafórico), o pronome demonstrativo "desses" serve igualmente como partícula de

transição: é uma palavra de referência à ideia anteriormente expressa.

d) Adição, continuação: além disso, (a) demais, outrossim, por outro lado, também.

Ex.: Além das locuções adverbiais indicadas na coluna à esquerda, também, as conjunções

aditivas, como o nome indica, "ligam", ajuntando.

e) Dúvida: possivelmente, quiçá, se é que, provavelmente, quem sabe? Ex.: O leitor

ao chegar até aqui – se é que chegou- talvez já tenha adquirido uma idéia da relevância das

partículas de transição.

f) Certeza, ênfase: de certo, indubitavelmente, com toda a certeza. Ex.: Certamente, o

autor destas linhas confia demais na paciência do leitor ou duvida demais de seu senso crítico.

A lista ao lado – estará ele pensando com toda certeza- inclui advérbios ou locuções

adverbiais em que é difícil perceber a idéia de transição. Sem dúvida, é o que parece. Quer a

prova, leitor? Qual é a função desse "sem dúvida" se não a de desencadear neste exemplo os

argumentos com que defendemos nosso ponto de vista?

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g) Surpresa, imprevisto: inopinadamente, de súbito, imprevistamente.

h) Ilustração, esclarecimento: por exemplo (v.g., ex.g = verbi gratia, exempli gratia,

isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber. Ex.: Essas partículas, ditas

"explicativas", vêm sempre entre vírgulas, ou entre uma vírgula e dois- pontos.

i) Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, propositadamente,

intencionalmente.

j) Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, mais

adiante, além.

k) Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, enfim, portanto. Ex.: Em

suma, leitor: as partículas de transição são indispensáveis à coerência entre as ideias e,

portanto, à unidade do texto.

l) Causa e consequência: logo, por conseguinte, como resultado, por isso, em virtude

de, porquanto, visto que.

m) Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo,

exceto, menos, conquanto, não obstante, posto que.

n) Referência em geral: os pronomes demonstrativos "este" (o mais próximo),

"aquele" (o mais distante), "esse" (posição intermediária: o que está perto da pessoa com

quem se fala); os pronomes pessoais; uso de sinônimo, de uma antonomásia, de uma perífrase

(qualquer sintagma ou expressão idiomática mais desenvolvida, e mais ou menos óbvia ou

direta, que substitui outra. Pode-se entender que Perífrase consiste, portanto em especificar

determinadas características, mais ou menos objetivas, do objeto que se quer nomear

indiretamente); os pronomes adjetivos último, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posterior;

os numerais ordinais (primeiro, segundo, etc.).

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Possíveis maneiras de introduzir o assunto da redação:

1) Por uma pergunta – ou retórica (pergunta de ênfase), ou que será respondida

durante a redação. [Perguntas que fogem desse padrão atrapalham a lógica, ou coerência, da

dissertação para o Enem]. Exemplo: É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido

e com justiça social enquanto existir tanta violência contra o menor?

2) Por um dado histórico (sempre com indicação precisa de datas ou referências de

acontecimentos históricos). Exemplo: Às crianças, nunca foi dada a importância devida. Em

Canudos e em Palmares, não foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé, continuam

não sendo.

3) Por uma comparação (assemelhando ou opondo coisas). Exemplo: É comum encontrar

crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, nos EUA

ou na Inglaterra – países desenvolvidos – nessa idade, as crianças estão na escola e não

submetidas à violência das ruas.

4) Por um dado estatístico (sempre referenciando de onde esse dado foi extraído).

Exemplo: Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns

combinadas com a desnutrição, segundo a UNICEF. Para cada criança que morreu hoje,

muitas outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará

os pés em uma sala de aula.

5) Por uma citação (sempre entre aspas e, após, referenciar quem foi a pessoa citada).

Exemplo: ‘‘Navegar é preciso, viver não é preciso’‘. Com leve estremecimento de susto,

aplica-se o antigo verso do poeta Fernando Pessoa ao sistema de informação, pesquisa e

correspondência por computador, à comunicação on line, à Internet.

6) Por uma definição, ou conceito. Exemplo: A gíria é um patrimônio comum, é um

instrumento de comunicação que parece imprescindível, sobretudo, para a juventude. Até

mesmo as gerações que a condenavam acabaram por assimilar algumas expressões de maior

ocorrência.

Existem outras formas de iniciar sua introdução, mas essas são essenciais, as mais básicas

e fáceis. Lembre-se do ditado: ‘‘Toda escritura requer uma boa leitura‘‘. Então, leia sempre e,

com isso, você criará uma desenvoltura e acúmulo de informações sobre muitos temas. Seu

poder de redigir e argumentar serão maiores!

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Leitura complementar:

PLATÃO, A república. O mito da caverna, livro VII:

SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma

alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada

livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que

permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto.

Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho

escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os

espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.

GLAUCO - Imagino tudo isso.

SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam

acima deles, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre os que

carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em silêncio.

GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!

SÓCRATES - Pois é nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de

seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira?

GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis as cabeças durante toda a vida.

SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as sombras?

GLAUCO - Não.

SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que veem,

lhes dariam os nomes que elas representam?

GLAUCO - Sem dúvida.

SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam

certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?

GLAUCO - Claro que sim.

SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram.

GLAUCO - Necessariamente.

SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que

laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a

andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa,

o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.

Page 6: Curso Redação Voltado Para o Enem 2013

Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém

que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que,

apontando-lhe alguém as figuras que desfilavam ante seus olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece

que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora

contemplados?

GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.

SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem

dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados?

GLAUCO - Certamente.

SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar

quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera?

Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que

o comum dos homens tem por serem reais?

GLAUCO - A princípio nada veria.

SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só

discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente

erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor

do dia.

GLAUCO - Não há dúvida.

SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na

água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é.

GLAUCO - Fora de dúvida.

SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e

o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros

viam na caverna.

GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.

SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de escravidão e da idéia

que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte

dos que lá ficaram?

GLAUCO - Evidentemente.

SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente

distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou

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marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que

falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como

o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e

viver a vida que antes vivia?

GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira

antiga.

SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá

assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos

como submersos em trevas?

GLAUCO - Certamente.

SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se

afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em

discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter

subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles

o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?

GLAUCO - Por certo que o fariam.

SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a

tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O

cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que

o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim,

a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só com

muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é

belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e

sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e

públicos.

Extraído de A República de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291

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Questões sobre a leitura complementar:

1. Interprete o mito da caverna do ponto de vista epistemológico.

2. Qual é o significado da metáfora do sol?

Dissertação: Transponha a alegoria da caverna, de Platão, para os dias atuais.

Leitura complementar:

O pensamento filosófico de Bacon representa a tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de

Instauratio magna (Grande restauração). A realização desse plano compreendia uma série de tratados que,

partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, acabaria por apresentar um novo método que

deveria superar e substituir o de Aristóteles. Esses tratados deveriam apresentar um modo específico de

investigação dos fatos, passando, a seguir, para a investigação das leis e retornavam para o mundo dos fatos para

nele promover as ações que se revelassem possíveis. Bacon desejava uma reforma completa do conhecimento. A

tarefa era, obviamente, gigantesca e o filósofo produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a

primeira parte da Instauratio foi concluída.

A reforma do conhecimento é justificada em uma crítica à filosofia anterior (especialmente a Escolástica),

considerada estéril por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. O conhecimento

científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. A ciência antiga, de

origem aristotélica, também é criticada. Demócrito, contudo, era tido em alta conta por Bacon, que o considerava

mais importante que Platão e Aristóteles.

A ciência deve restabelecer o imperium hominis (império do homem) sobre as coisas. A filosofia verdadeira

não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A mentalidade

científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos.

O conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de conquistar poder sobre a natureza.

Ídolos

No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções

(ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer

ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram

classificados em quatro grupos:

1) Idola Tribus (ídolos da tribo). Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam

pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o

padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo

que pertencem apenas ao homem e não ao universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim

chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.

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2) Idola Specus (ídolos da caverna). Resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Há,

obviamente, uma alusão à alegoria da caverna platônica;

3) Idola Fori (ídolos da vida pública). Estes estão vinculados à linguagem e decorrem do mau uso que dela

fazemos;

4) Idola Theatri (ídolos da autoridade). Decorrem da irrestrita subordinação à autoridade (por exemplo, a de

Aristóteles). Os sistemas filosóficos careciam de demonstração, eram pura invenção como as peças de teatro.

Dissertação: A partir dos “ídolos”, denunciados por Francis Bacon, faça uma dissertação

sobre o seguinte tema: “os ídolos da caverna da minha geração”.

Possíveis temas para a redação do ENEM 2013

ELABORE DISSERTAÇÕES CONSIDERANDO AS IDEIAS A SEGUIR:

Observações Primordiais: Elementos basilares e necessários para a composição de uma

redação decente:

Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;

Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;

Não deve, obviamente, estar redigido sob a forma de poema (versos), narração, ou

topicalizado;

A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;

Não deixe de dar um titulo à sua redação.

1- O que muda no país após as manifestações populares?

Contexto: "O Brasil acordou". Assim estava escrito em cartazes das manifestações que abalaram a

nação e levaram às ruas mais de um milhão de pessoas. Depois disso, outros protestos aconteceram e

talvez ainda estejam ocorrendo agora. Vamos, porém, considerar somente o que já houve. A partir de

reivindicações contra o aumento das tarifas dos ônibus, a pauta dos manifestantes aumentou e passou a

tocar em questões recorrentes: corrupção, malversação de dinheiro público, má qualidade dos serviços

à população, em saúde, educação, segurança, etc. Os políticos - tanto do poder Executivo, quanto do

Legislativo - foram colocados contra a parede e prometeram mudanças. Diante disso, é o caso de se

perguntar se essas promessas serão cumpridas, se a população continuará vigilante e disposta a lutar

por seus direitos, se esses protestos históricos terão consequências práticas no futuro próximo do país.

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Como você encara a questão? Na sua opinião, o Brasil acordou mesmo? O que vai mudar no país após

essa grandiosa onda de manifestações?

Para articular o desenvolvimento: O Brasil acordou

Com camisas e bandeiras do Brasil e cartazes com dizeres como "O Brasil acordou", os

manifestantes protestam contra os gastos públicos na Copa das Confederações, defendem mais verbas

para educação e saúde e a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que limita o poder

de investigação do Ministério Público, além de outras reivindicações.

[Agência Brasil]

Vitória das ruas

A revogação do aumento das tarifas de transportes em São Paulo e no Rio é uma vitória

indiscutível do Movimento Passe Livre. Já os prefeitos Fernando Haddad (PT) e Eduardo Paes

(PMDB), bem como os governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB), saem

atônitos das manifestações que os encurralaram. (...)Não é fácil aquilatar, contudo, como o episódio

reverberará no panorama partidário e eleitoral. Da revolta com a qualidade da saúde e da educação à

crítica aos gastos com a Copa do Mundo, várias insatisfações vieram à tona durante os protestos.

(...)Até o Congresso dá sinais de incômodo com a revolta. Cogita acelerar a votação de projeto para

desonerar os transportes urbanos. Políticos tradicionais sentem a exigência de reinventar-se, mas para

tanto as manifestações ainda não parecem ter força bastante.

[Editorial, Folha de S. Paulo]

O tamanho das mudanças

A julgar pelo tom médio dos comentários que li no fim de semana, estamos em uma situação pré-

revolucionária a partir da qual nada mais será o mesmo na política brasileira. Até gostaria que fosse

verdade, mas receio que a realidade seja um pouco mais pesada. (...) Os protestos não durarão para

sempre. Como escrevi numa coluna da semana passada, manifestações dão trabalho, impõem um ônus

às cidades e acabam enjoando. Se democracia direta fosse bom, assembleias de condomínio seriam um

sucesso. Não são. E esse é um dos motivos por que inventamos a democracia representativa. É claro

que algo desse movimento permanecerá, mas é cedo para uma avaliação definitiva. Se o passado serve

de guia para o futuro, o quadro não é dos mais promissores. Após o impeachment de Fernando Collor,

em 1992, boa parte dos brasileiros acreditávamos que o país abraçara um novo --e melhor-- paradigma

no que diz respeito à tolerância para com os desmandos da classe política. Ainda que isso tenha

Page 11: Curso Redação Voltado Para o Enem 2013

ocorrido em algum grau, não foi o suficiente para evitar os muitos escândalos que se sucederam. A

política mudou, mas muito menos do que desejaríamos.

[Hélio Schwartzman, Folha de S. Paulo]

Mudanças já

Pressionada pelas manifestações que tomam as ruas contrárias ao projeto que retirava poderes de

investigação do Ministério Público, a Câmara dos Deputados derrubou nesta terça-feira (25/06/2013) a

Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37. Além disso, em mais uma votação da "agenda

positiva" fixada pelo Congresso em resposta às ruas, a Câmara dos Deputados estabeleceu na que 75%

das receitas do petróleo serão destinadas para a educação. O projeto original, enviado pela presidente

Dilma Rousseff ao Congresso em maio, previa 100% do montante para o setor.

2 - Casamento gay

Contexto: Algumas nações vêm reconhecendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, caso de

Argentina, França e Uruguai — o assunto está ainda na pauta de Grã-Bretanha e de vários estados

americanos. O tema também avançou no Brasil. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a

união estável homossexual. Em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma

resolução que obriga os cartórios a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo — a

medida ainda pode ser contestada no STF. Até então, os cartórios podiam se recusar a reconhecer tais

uniões, e os casais precisavam recorrer à Justiça.

O assunto pode motivar abordagens como a igualdade de todos perante a lei ou ainda os novos

arranjos familiares.

Desenvolvimento: A questão da igualdade de direitos é de fato o primeiro ponto a ser avaliado, diz

Eclícia Pereira, professora de redação do Cursinho da Poli. No caso, casais homossexuais passam a ter

as mesmas garantias e obrigações dos demais perante a lei.

Outra questão a ser observada é a mudança da estrutura familiar em curso. Além do núcleo

tradicional — formado por pai, mãe e filhos —, estabelecem-se outros arranjos, a partir dos casais

formados por parceiros do mesmo sexo. Até mesmo a adoção de crianças por esses casais pode ser um

tema abordado.

Tenha cuidado: Para a redação do Enem, não importa sua condição sexual. O autor do texto deve

permanecer neutro quanto a este aspecto, pois Este é, aos olhos dos examinadores, uma questão

Page 12: Curso Redação Voltado Para o Enem 2013

privada. O importante é reconhecer no assunto um fenômeno social, que tem consequências e

desdobramentos na vida de muitos cidadãos.

3 - A transformação do papel da mulher na sociedade contemporânea

Contexto: A questão da transformação do papel da mulher na sociedade é um bom treino para a

redação do Enem porque engloba, entre outros, tópicos relativos a mercado de trabalho e igualdade de

direitos — abordagens de exames anteriores. “As redações do Enem em geral optam por temas de

caráter social. A mudança do papel da mulher ainda não apareceu e, por isso, pode ser uma aposta”,

diz a professora Vivian D’Angelo Carrera, do Cursinho do XI.

O primeiro passo para desenvolver esse tipo de assunto em um texto argumentativo é analisar, por

exemplo, o contexto histórico da mulher na sociedade brasileira. “A história aponta para uma

modificação grande e acelerada na atuação da mulher no último século. Isso fica claro quando

lembramos que elas conquistaram direito ao voto em 1932 e que hoje há uma mulher à frente da

Presidência da República”, diz a professora de redação do Curso Etapa Simone Ferreira Gonçalves

Motta.

Apesar das conquistas, a mulher ainda não possui as mesmas oportunidades que os homens em

muitas áreas e situações. Elas costumam, por exemplo, ganhar menos no mercado de trabalho para

exercer a mesma função. Isso pode motivar abordagens sobre o que deve ser feito para garantir a elas

direitos e oportunidades já conferidos a eles.

Desenvolvimento: Um bom ponto de partida para o tema é relembrar passagens importantes da

história e, a partir disso, elaborar uma comparação entre os direitos que a mulher possuía no passado e

os que possui atualmente. É o caso do já citado direito de voto. Hoje, elas são maioria no universo de

eleitores do Brasil, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As mudanças, é claro, não se restringem a essa. As mulheres obtiveram conquistas legais, mas não

só. Do ponto de vista do comportamento derrubaram, especialmente após a II Guerra Mundial, antigas

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tradições e preconceitos. As vitórias incluem o direito de estudar, de trabalhar e de ter ou não filhos (e

em que número). Nesse ponto, a transformação está intimamente ligada à revolução feminista, na

década de 1960, impulsionada pela popularização da pílula anticoncepcional.

Os avanços não podem ignorar os problemas que perduram. É o caso das desigualdades no

mercado de trabalho, o acúmulo de deveres dentro e fora de casa e também a violência doméstica.

Por norma, a redação do Enem cobra respeito aos direitos humanos. Ainda que a regra seja

imprecisa, para dizer o mínimo, ignorá-la pode levar à anulação da dissertação. Na avaliação da

professora Simone, a aplicação da norma ao tema do papel da mulher na sociedade contemporânea

conduz obrigatoriamente à defesa da igualdade de direitos — inclusive entre gêneros. “Se todos são

iguais, não há motivos para a mulher ser tratada de forma diferente, ganhar menos, por exemplo”, diz.

Tenha cuidado: Fuja de clichês como “sexo frágil”, pelo amor dos deuses, que não servem como

elogio; se mal utilizados, podem soar como preconceituoso. Não esqueça também que falar sobre

abusos sofridos pelas mulheres, por exemplo, pode ser parte da dissertação, mas não o tema principal.

4 - A questão do transporte urbano no Brasil

Contexto: Em alta desde a recente explosão de protestos pelo Brasil, iniciados com o intuito de

reivindicar a revogação do aumento das tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, o tema do transporte

público urbano é pauta em qualquer roda de conversas e também na imprensa. Não se trata, contudo,

de um problema recente. Por isso, a questão da mobilidade urbana, ligada à má qualidade de serviços e

aos preços relativamente altos, é um bom assunto para a preparação para a redação. Pode até mesmo

figurar na redação do Enem.

É importante entender que o sistema de transporte urbano está longe de atender com qualidade a

população, principalmente nas metrópoles. A principal causa disso, apontam os especialistas, é a falta

de planejamento urbano e a insuficiência de investimentos. Em reportagem de VEJA.com publicada

em março de 2012, especialistas já apontavam que os aportes ao setor no Brasil estavam atrasados

cinco décadas. O número levou em conta dois aspectos: descaso público na expansão dos sistemas de

trens e metrô (principal alternativa para grandes deslocamentos em área urbanas e meio menos

poluente) e falta de vontade política para a elaboração de um plano de mobilidade urbana.

Segundo Vivian d’Angelo Carrera, professora de redação do Cursinho do XI que sugeriu o tema,

outro problema relacionado é o aumento dos congestionamentos nas grandes cidades. Esse fenômeno,

é claro, é decorrência das questões citadas acima — que levaram à explosão do número de veículos

particulares nas ruas, em detrimento de corredores exclusivos para ônibus, por exemplo.

Page 14: Curso Redação Voltado Para o Enem 2013

Desenvolvimento: Um caminho possível para iniciar o desenvolvimento do tema é elencar os

problemas enfrentados pela população. Além dos já citados, é possível trazer à luz as dificuldades

técnicas enfrentadas pelas linhas de trens existentes (no Rio e em São Paulo há registros recentes de

paralisações), a questão da mão de obra que trabalha no setor (a ocorrência de greves, por exemplo), e

a superlotação de ônibus e trens.

Após esse levantamento, o candidato pode avaliar propostas de solução para o problema. Uma boa

alternativa é listar exemplos de sistemas utilizados em outros países que conseguiram unir eficiência e

qualidade. É o caso do transporte de Londres, que mantém uma das redes mais complexas – e

funcionais – de integração urbana do planeta. O ponto de partida para a rede da capital inglesa é o

metrô, que foi projetado para interligar todos os locais da cidade; em caso de problema nas linhas, uma

eficiente rede de transporte alternativo serve de plano B à população. É o caso do sistema de ônibus —

os famosos carros vermelhos de dois andares que trafegam em corredores exclusivos, o que garante

uma boa velocidade durante a viagem.

Londres também é uma das cidades europeias que aprendeu a conviver pacificamente com

bicicletas no trânsito. O exemplo poderia ser seguido pelos governantes brasileiros, criando mais

ciclovias e sinalização para os ciclistas.

Tenha cuidado: Todas as providências necessárias para atacar o problema exigem investimentos

por parte do governo. E gastos públicos, no Brasil, muitas vezes podem levar o candidato a discutir a

questão da corrupção e desvios. Contudo, voltar a redação para esses assuntos pode caracterizar um

desvio de tema, aumentando a dificuldade de conclusão do texto e apresentação de soluções, alerta a

professora Vivian.