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Curso
ESTRATÉGIAS E POLÍTICAS NO ENSINO SUPERIOR
Disciplina
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Curso ESTRATÉGIAS E POLÍTICAS NO ENSINO SUPERIOR
Disciplina
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Maria Cristina LOURO Maria Cristina URRUTGARAY
Moema QUINTANILHA Neila TOMÉ
www.avm.edu.br
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NEILA MARIA DE ALMEIDA TOMÉ, possui graduação em Psicologia
pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (1993), graduação
em Pedagogia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1996),
mestrado em Educação e Cultura Contemporânea pela
Universidade Estácio de Sá (2005). Atualmente é coordenadora
pedagógica de Ensino Fundamental da Escola Municipal União da
Betânia e professora de cursos de pós graduação em Educação da
Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora. Tem experiência na área
de Educação, com ênfase em Psicologia e Educação, atuando
principalmente nos seguintes temas: Psicologia da educação,
formação de professores, memórias profissionais e identidades.
Olá, tudo bem? Sou MARIA CRISTINA URRUTIGARAY. Trabalho no
IAVM desde 1996 como professora dos cursos presenciais. Já
participei de alguns momentos dos cursos a distância, mas agora
só chego até vocês pelas apostilas. Sou formada pela UFRJ em
Psicologia. Tenho pós-graduação em Psicologia Analítica Junguiana
pelo IBMR e Psicopedagogia, pela Universidade de Havana-Cuba.
Também fiz meu mestrado por Cuba e me diplomei em Educação
com ênfase em psicopedagogia. Como sou Analista Junguiana pela
Associação Junguiana do Brasil, aproveitei e me tornei
pesquisadora de imagens, imaginário e de símbolos. Trabalho com
as Técnicas Expressivas e Arteterapia, e tenho dois livros
publicados nesta linha de pesquisa sobre imagens, imaginário e a
Arteterapia.
MARIA CRISTINA LOURO. Possui graduação em psicologia pela
Universidade Santa Úrsula (1989) e mestrado em Psicologia -
P.S.E da P.E Cognitiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(1994). Esta cursando doutorado no Programa de Teoria
Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008).
MOEMA QUINTANILHA. Psicomotricista, professora do Instituto a
Vez do Mestre de disciplinas do curso de psicomotricidade e
psicopedagogia.
Su
mário
07 Apresentação
09 Aula 1
O processo de aprendizagem
31 Aula 2
Aspectos psicológicos da
aprendizagem
53 Aula 3
A intenção educativa e o conceito de
inteligência
71 Aula 4
As contribuições de Gardner e Goleman
99 Aula 5
Afetividade e criatividade
117 AV1
Estudo dirigido da disciplina
120 AV2
Trabalho acadêmico de aprofundamento
121 Referências bibliográficas
Teorias da
Aprendizagem
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Certamente você já ouviu dizer que a aprendizagem é um
processo complexo e multidimensional, uma vez que é afetado
por diferentes dimensões. Neste caderno você terá a oportunidade
de conhecer melhor este processo a partir do estudo das
contribuições de diferentes pesquisadores e estudiosos – como
Piaget, Vygostsky, Skinner, Maturana, Goleman, Gardner e outros
– que, em momentos distintos e a partir de pontos de vista
variados, se dispuseram a entender melhor o que é
aprendizagem, quais seriam os fatores dificultadores e promotores
da mesma e, de modo particular, sua relação com outras
características humanas como a inteligência, a criatividade, a
sociabilidade e a afetividade. Trata-se, portanto, de um caderno
rico que lhe ofertará a possibilidade de aprofundar conhecimentos
sobre a aprendizagem considerando riqueza e suas múltiplas
dimensões. Aproveite!
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Este caderno de estudos tem como objetivos:
Favorecer o entendimento do que seja aprendizagem de forma
ampla e atualizada considerando os principais postulados
teóricos sobre a mesma;
Analisar alguns dos principais aspectos biopsicológicos da
aprendizagem;
Estudar as relações bipolares entre criatividade e
aprendizagem;
Auxiliar a compreensão dos processos volitivos e sua
importância para o aprendizado e o desenvolvimento da
inteligência.
O Processo de
Aprendizagem
Neila Maria de Almeida Tomé
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Considerando a contribuição de diferentes áreas do conhecimento,
em especial a Psicologia e a Educação, esta primeira aula tem
como objeto de estudo as relações que permeiam o processo de
ensino-aprendizagem. Na psicologia em particular a autora nos
conduz a uma viagem onde navegaremos pela psicologia
experimental e educacional, pelo Behaviorismo de Watson e
Skinner, pela psicologia humanista de Rogers, pela construtivismo
piagetiano e finalmente pelo socioconstrutivismo de Vygotsky.
Não se trata aqui, e esta é uma das preocupações da autora, de
esgotar os postulados teóricos apresentados. Muitos dos autores e
teorias citadas serão aprofundados em aulas posteriores, mas
nesta aula inicial você terá uma primeira aproximação com os
mesmos e revendo a importância deles para o desvendamento dos
mistérios que envolvem a díade ensino x aprendizagem.
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Compreender melhor a partir do estudo de diferentes
contribuições o processo de ensino/aprendizagem;
Analisar as contribuições da Psicologia para o entendimento
dos atores principais e coadjuvantes do processo de
ensino/aprendizagem;
Considerar equívocos do processo de ensino/aprendizagem e
estimular a partir das contribuições de diferentes escolas
psicológicas a busca de métodos didaticamente mais eficientes.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 10
Introdução
Gostaria de iniciar aula evocando um trecho já
consagrado de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso;
viver não é preciso... Quero para mim o espírito desta
frase, transformada a forma para a casar com o que
sou: viver não é necessário; o que é necessário é
criar.”
Ir à essência, desvendar mistérios. Tirar a roupa
da mentira, interpretar novas verdades. Navegar, por
que não?!! Nunca foi tão necessário navegar, pelo
menos na Internet! Criar e recriar espaços, assim como
formas de compreensão do sujeito e das suas maneiras
de conhecer o mundo e as coisas.
A humanidade e seus modos de relação com os
objetos de conhecimento mudaram muito, evoluíram,
transformaram ou cederam lugar a outras relações ao
longo das décadas. Assim, esse módulo objetiva
chamar todos vocês a navegarem conosco por esses
mares já navegados e por aqueles que estamos
descobrindo.
Buscaremos, assim, rever as relações que
permeiam o processo ensino/aprendizagem, seus
atores principais e coadjuvantes. Habilitar você, a
analisar os elementos significativos presentes nas
teorias da construção do conhecimento e detectar as
contribuições destas propostas para a prática
pedagógica. Poderemos também ter uma visão (e não a
única) de como a psicologia se coloca frente à educação
através de exemplos e experiências de educadores e
teóricos clássicos e contemporâneos.
Venha, navegue conosco. Estamos abertos a
sugestões até o fim da viagem. Qualquer dúvida é só
entrar em contato.
Importante
Não deixe de ler as dicas e comentários que se encontram nos quadrinhos ao lado do texto.
Dica da professora
Atendendo ao convite: Sendo assim, vamos navegar por tais teorias. Lembre-se de que nossa aula não esgota as mesmas. Suas proposições são riquíssimas e merecem ser melhor estudadas.
Introdução 10 Desvendando seus próprios mistérios 11 Psicologia humanista e a psicologia da educação 15 Sobre o sujeito na educação e na psicologia 17 Paradigmas na Educação e na Psicologia 18 Conclusão 26
Aula 1 | O processo de aprendizagem 11
Sucesso na jornada!
Desvendando seus próprios mistérios
EDUCAR É UMA PRÁXIS
A relação ensino-aprendizagem sempre foi alvo
de indagações e polêmicas, assim como,
tradicionalmente se submete às contribuições por
diversos especialistas não necessariamente, educadores
ou psicólogos da educação.
O início do relacionamento entre psicologia e
educação teve também, por sua vez, vários marcos e
sinais em várias escolas de pensamento e momentos
de crise na educação.
Por outro lado, a psicologia pesquisou e divulgou
muito sobre as sensíveis e não menos importantes
interfaces das emoções, da memória, dos aspectos
afetivos e culturais com a aprendizagem.
A Sociologia e a Antropologia tiveram o
mérito de firmar a importância da questão cultural no
processo de ensino-aprendizagem, bem como, alguns
estereótipos e padrões que são, por vezes, reforçados
por determinadas teorias.
Por maiores informações que possam ser
prestadas, ainda repousam muitas dúvidas sobre o
binômio ensinar-aprender: Será que realmente
ensinamos, será que só aprende quem realmente quer?
De quem é a “culpa” quando não se aprende? Do aluno
ou do professor? Seria um problema de método de
ensino?
Além disso, outros mitos e lendas cercam a
figura do educador e da escola deixando sua relação
com a psicologia “um pouco delicada”.
Importante
Quando estudamos
profundamente um assunto, torna-se necessário procurarmos conhecer a definição dos termos principais. Você sabe o que é PRÁXIS? Se não, procure entender o significado!
Quer saber mais?
Vejamos algumas definições. De acordo com Tomazi (1997) “Sociologia é a ciência que se preocupa em analisar e explicar os fatos sociais, as relações sociais ou as ações sociais”. E Antropologia é: “o estudo ou reflexão acerca do ser humano.” (Ferreira, 1999)
Aula 1 | O processo de aprendizagem 12
Psicologia da Educação sempre teve seu lugar
junto à Psicologia do Desenvolvimento e da
Aprendizagem. Aqui encontramos talvez um dos
maiores equívocos. A Psicologia da Educação não deve
ser apenas uma área onde deságuam esses textos com
visões contraditórias, ingênuas ou curadoras de
problemas em sala de aula. Normalmente, são estes os
momentos em que o psicólogo é solicitado.
A Psicologia da Educação deve estar disposta
num tripé dinâmico onde não se privilegie nenhuma das
visões, buscando uma dialogia entre a psicologia – a
educação – as práticas pedagógicas, incluindo a
pesquisa em sala de aula.
AS ESCOLAS OU SISTEMAS PSICOLÓGICOS
Ao tentarmos contemplar uma visão histórica,
não gostaríamos que ela se reduzisse apenas a uma
descrição de fatos que se sucedem, e sim, a uma
análise crítica substanciada em outras ciências que nos
auxiliam a compreender o cenário da complexidade: a
física, a biologia, as ciências sociais, a filosofia, a
fisiologia, dentre outras.
A Psicologia enquanto ciência surge com as
pesquisas de Wundt que funda o primeiro laboratório
de Psicologia Experimental. O pesquisador alemão,
após anos de estudo severo da fisiologia e tantas
outras ciências, concluiu alguns pontos significativos
sobre o objeto de estudo da psicologia: a experiência
imediata e as sensações sem interpretações são
formadoras de nossa consciência.
As suas descobertas foram marcantes e contra e
a seu favor levantaram-se vários teóricos e escolas de
pensamento. Esta visão estruturalista começou a
sucumbir com o tempo. No entanto, seu mérito não
pode ser diminuído.
Dica de leitura
Para um entendimento mais completo sobre essa dinâmica, podemos sugerir uma leitura. Para quem se interessar, a referência da obra é: TOSCANO, Moema. Introdução a Sociologia Educacional. Petrópolis: Vozes, 2001.
Dica da professora
Isso é muito bom! Procure, sempre que puder, buscar informações em outras áreas que poderão dar subsídio ao tema estudado.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 13
O Estruturalismo foi a escola de pensamento
criada por Wilhelm Wundt, considerado o pai da
Psicologia experimental contemporânea.
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL E A PSICOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
Carente de modelos próprios e engatinhando
enquanto ciência, novamente para dar seus saltos
quantitativos e qualitativos a Psicologia se alia aos
outros campos do conhecimento. Desta vez, as alianças
que nos interessam são com a Psicometria e com a
Psicopatologia. Essa vinculação produzirá hipóteses e
teorias ligadas às questões educacionais, como
veremos mais adiante.
O movimento anterior que lançou as bases para
a psicologia experimental trouxe os experimentos no
ramo da Psicometria. O advento dos testes pode ser
usado, a partir daí, como uma arma de poder,
delimitando os padrões de “normal” e “patológico”,
inserindo os homens nas empresas conforme as
necessidades e o perfil de cada uma.
Por outro lado, vale a pena frisar aqui as
contribuições das descobertas de Pavlov para a
aprendizagem, demonstrando que os animais poderiam
ser condicionados por meio de estímulos externos.
Animais puderam ser usados e os resultados com o
auxílio das ciências comparadas poderiam ser trazidos
para o campo de ação dos seres humanos.
Além disso, devemos citar os chamados
neobehavioristas, sucessores do behaviorismo
(comportamentalismo) idealizado por Watson e que
culminou com Skinner quando nos diz que a psique é
fruto de um longo processo de aprendizagens. Os
neobehavioristas introduziram ao esquema S-R
Quer saber mais?
Wilhelm Wundt nasceu em 1832 e morreu em 1926. Para saber mais sobre a história da psicologia, poderá encontrar no capítulo 2 - cujo título é “a evolução da ciência psicológica” no livro Psicologias – uma introdução ao estudo da psicologia. Autores: Ana Maria Bock; Odair Furtado e Maria de Lourdes Teixeira. Editora Saraiva.
Para navegar
Você poderá encontrar a biografia de Pavlov no site; www.cobra.pages.nom.br/ec-pavlov.html E sobre Watson no site: www.cobra.pages.nom.br/ ec-watson.html
Aula 1 | O processo de aprendizagem 14
(estímulo-resposta) elementos que podem interferir na
aprendizagem, como o hábito, a recompensa. Tolman
chega a afirmar a existência da “interferência de
fatores cognitivos na aprendizagem”.
Esse precedente deixado pelos neobehavioristas
indica claramente que muitos acreditavam que
representações, símbolos, imitação adequada ou não
poderiam interferir na formação da personalidade e, por
conseqüência, no condicionamento do comportamento.
A psiquê é fruto de um longo processo de
aprendizagens.
PSICANÁLISE E PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Sigmund Freud foi, sem sombra de dúvida, uma
das mentes mais criativas desse século. Sua teoria, que
privilegiava o inconsciente como a sede máxima dos
conflitos intrapsíquicos, veio trazer novas contribuições
sobre o que já se pensava sobre o homem. Adotou
basicamente paradigmas fisiológicos e psicobiológicos
na tentativa de compreender o complicado conflito
mediado pelo ego entre o id e o superego.
Uma das clássicas afirmações de Freud era a de
que “Psicanalisar, Educar e Governar são atos
impossíveis.” Freud não estudou profundamente os
aspectos educacionais:
Não contribuí com coisa alguma para a
aplicação da Psicanálise à Educação,
mas é compreensível que as
investigações da vida sexual das
crianças e de seu desenvolvimento
psicológico tenham atraído a atenção
de educadores e lhes mostrado seu
trabalho sob uma nova luz.
(Freud, S. In: Kupfer, M., 1989, p.
12).
Dica de leitura
Para saber mais sobre Tolman e a aprendizagem indicamos: HILGARD, Ernest Ropiequet. Teorias da aprendizagem. 4º Reimpressão. São Paulo: EPU, 1975.
Dica de leitura
Para se aprofundar em Skinner e o behaviorismo temos: SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1974.
Para navegar
Ou no site: http://www.redepsi.com.br/html
Dica de leitura
Em muitos livros de psicologia você poderá encontrar explicações sobre conceitos de psicanálise, como por exemplo, os citados aqui – id, ego, superego e transferência. Podemos indicar um livro que fale da psicanálise no processo educacional, cujo
nome é: Kupler, Maria Cristina. Freud e a Educação – o mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 2002.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 15
Não podemos negar que a figura do professor
para o aluno assume um papel relevante ao longo de
sua vida. As relações que se travam em sala de aula,
às vezes de amor ou de ódio explicitam o que ele
chamou de Transferência.
O professor, por sua vez, imbuído de sua
autoridade e do lugar que ocupa, influencia com sua
autoridade tornando a aprendizagem mais ou menos
prazerosa, significativa ou não. Essa importância é
maior quando a criança está em tenra idade,
necessitando mais da presença do representante da
figura materna. Entretanto, podemos encontrá-la em
todos os níveis de relação ensinante-aprendente.
Psicologia humanista e a Psicologia da
educação
Essa escola de pensamento constituída por uma
diversidade de pensadores e orientações filosóficas,
prima por apresentar características que a colocam
como o ponto descontínuo entre o pensamento
psicanalítico e o behaviorismo (comportamentalismo).
A busca da essência em detrimento à existência,
o ser-homem total, a visão não reducionista e não-
mecaniscista do sujeito pareciam preencher
perfeitamente os “buracos” daquele momento histórico
e político cravado e marcado pelas guerras e a
desvalorização do humano.
Liberdade, vontade e responsabilidade pareciam
soar como uma suave melodia aos ouvidos dos teóricos
que a defendiam principalmente dos desabafos de
behavioristas.
Rollo May, Rogers além de Viktor Frankl,
Binswanger vêm engrossar a fileira de psicólogos, de
Quer saber mais?
Sobre Carl Rogers: Formado em História e Psicologia, aplicou à Educação princípios da Psicologia Clínica, foi psicoterapeuta por mais de 30 anos. No Brasil suas idéias tiveram difusão na década de 70, em
confronto direto com as idéias Comportamentalistas (behaviorismo), que teve em Skinner um de seus principais representantes. Rogers é considerado um representante da corrente humanista, não diretiva, em educação. Ele concebe o ser humano como fundamentalmente bom e curioso, que, porém, precisa de ajuda para poder evoluir. Eis a razão da necessidade de técnicas de intervenção facilitadoras.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 16
psiquiatras que representam essa linha de pensamento
multifacetada dentro de si mesma.
Na teoria da aprendizagem, as contribuições
foram inúmeras. Carl Rogers, por exemplo, elaborou
uma concepção de ensino centrada na perspectiva do
aluno. Teve forte influência de ideais como a
democracia e a liberdade ao formular o que é a sua
obra mais famosa na educação – Liberdade para
Aprender. Toda a atenção no processo de ensinar seria
para o aluno. Uma infinidade de métodos se adaptou a
essa idéia. Essa visão se alastrou rapidamente para
todos os setores da escola e de outras organizações.
Rogers afirmava que aprendemos aquilo que nos é
significativo.
Portanto:
aluno deve se responsabilizar verdadeira e
autenticamente por seu processo de
aprendizagem;
professor é o facilitador deste processo e
deve promover um clima propício para que o
próprio aluno produza suas respostas,
encontre ele mesmo suas saídas;
centro da discussão era o “como ensinar”
muitas vezes em detrimento do “o que
ensinar”.
A teoria rogeriana sobre a educação é
socialmente muito justa, entretanto não se pode
desvincular as críticas severas que ele tinha em relação
à dominação cultural e do ponto de vista filo e
ontogenético. Não podemos esquecer as influências
socioculturais e hereditárias. O homem é um ser social,
nele está inserido, recebendo e produzindo cultura por
onde passa.
Para navegar
Entre nos sites abaixo e saiba mais sobre Carl Rogers. http://www.rogeriana.com/biografia.html http://www.centrorefeducacional.pro.br/carl.html
Importante
De acordo com Ferreira (1999), filogenia é a história evolucionária da espécie; e ontogenia é o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a reprodução.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 17
Sobre o sujeito na educação e na
psicologia
Falar do processo de aprendizagem ao longo da
história de forma crítica nos coloca frente a alguns
textos e autores que antes de mais nada evocam a
presença de uma nova visão sobre o sujeito.
Na época do pensamento pré-socrático, as
“idéias" sobre divindades arquetípicas primavam.
Aristóteles vai trazer o pensar “lógico” e com seu
pensamento finalista dizia que o objetivo da ciência era
desvendar a “constituição essencial dos seres vivos.”. O
real é a base para atingirmos a essência. Partia-se da
compreensão do individual para se atingir o universal.
Com São Tomás de Aquino passou-se a valorizar a
“razão de ser das coisas”.
Somente Kant (1724-1804), e sua crítica à razão
pura começaram a questionar o que até então era o
pensamento vigente. Segundo Descartes (1596-1650),
“penso, logo existo”, o pensar puramente racional
começa a apresentar brechas e esbarra em severas
contradições, o que faço com meus sonhos quando
estou dormindo? O que são eles? É inaugurado o século
XX e com ele as novas visões sobre o sujeito.
Já passamos, como pudemos ver, momentos de
excesso de valorização do aspecto psicológico na
compreensão do sujeito na educação. Tudo era
motivado por questões psicológicas. Isso afastou o
psicólogo do discurso e da vivência escolar, ao invés de
aproximar essas duas instâncias.
Outro olhar “dilacerado” sobre o sujeito foi dado
quando se privilegia o fator social como causador de
problemas escolares.
Quer saber mais?
O período (-600/-400), também chamado de pré-socrático, caracterizou-se pela reflexão sobre a estrutura do mundo natural e pelo desenvolvimento da argumentação filosófica. No período (-400/-100), dito socrático, a preocupação com o homem, o
estabelecimento de normas de conduta pessoal e o desenvolvimento de elaborados sistemas de pensamento ("escolas filosóficas") dominaram o cenário.
Dica de leitura
Mais uma sugestão para leitura. Agora é no ramo da Filosofia. A referência da obra é: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Moderna, 1996.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 18
Como último equívoco, devemos citar aqueles
que desconsideram o binômio homem-meio social e
historicamente construído. Esses relegam a outros
planos a historicidade do sujeito e de seus processos de
construção do conhecimento.
Paradigmas na Educação e na Psicologia
Devemos nos preocupar não só com a aquisição
de conhecimento que o sujeito possa realizar, mas com
o seu potencial de ser um ser realmente feliz.
EXERCÍCIO 1
A partir dos conceitos aqui apresentados, analise o que
significa levar em consideração a questão do “sujeito”
no processo de aprendizagem.
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A história que se segue é para promover um
debate interior com relação às concepções de educação
e psicológicas que foram postas anteriormente.
Os diferentes momentos históricos nos colocam
frente a concepções diversas de sujeito e sociedade,
bem como de instrumentos de transformação do
ambiente e da capacidade intelectual.
O quadro da página seguinte nos dá uma visão
aproximada dos principais paradigmas da relação
sujeito-objeto na construção de modelos pedagógicos.
Analise-o com atenção.
Dica da professora
Sempre que estivermos lendo algo precisamos estar atentos ao seu contexto. Aqui, neste caso, o contexto é histórico. O que isso pode representar? A sociedade era outra, o pensamento era outro, etc. Procure estar atento a esse “detalhe”, pois é um dado relevante para as interpretações.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 19
OBJETIVISTA SUBJETIVISTA COGNITIVISTA SÓCIO -
HISTÓRICA
Sujeito Objeto Sujeito Objeto Sujeito Objeto Sujeito Objeto
Outro
Conhecimento:
presente no mundo
dos objetos.
Conhecimento:
conquista do
sujeito.
Conhecimento:
ação entre objeto
(meio) e sujeito
(3ª Via).
Relação dialética
entre sujeito x
meio
Privilégio dos
estímulos
exteriores sobre o
sujeito.
Ênfase na
capacidade de
superação
individual do
sujeito.
Ação do sujeito
sobre o objeto.
Meio existe, mas
não é socialmente
construído.
Interação entre
sujeito e meio
socialmente
construído é
mediada.
Transmissão do
saber.
Construção de
conhecimento.
As diversas práticas pedagógicas e psicológicas
se sucedem, em alguns momentos se contrapõem e em
outros se completam. Tudo isso na tentativa de se criar
uma escola ideal. Ideal para quem? O acesso ao
conhecimento se transformou e hoje contamos com
concepções modernas e recursos tecnológicos que
implementam a educação a tal ponto que, no dizer de
Papert, não podemos mais falar em alfabetização, e
sim, em estilos de conhecer.
Cada concepção apresentada traz o seu estilo de
conhecer o mundo, e o objeto do conhecimento.
Leonardo da Vinci fracassou nas suas tentativas de
inventar o avião. Fazer um avião na época de
Leonardo da Vinci requeria mais do que uma
manipulação criativa de tudo o que se sabia sobre
aeronáutica. Seu fracasso em fabricar o avião
funcional não provou que ele estava errado em suas
suposições sobre a viabilidade das máquinas
voadoras.
Leonardo da Vinci teve que esperar o
desenvolvimento de algo que poderia suceder
apenas através de grandes mudanças na maneira
como a sociedade administra seus recursos. Os
irmãos Wright puderam ter sucesso onde Leonardo
pôde apenas sonhar porque uma infra-estrutura
tecnológica forneceu materiais, ferramentas,
motores e combustíveis, enquanto uma cultura
científica forneceu idéias que se baseavam nas capacidades peculiares destes novos recursos.
Quer saber mais?
Para obter mais informações sobre Papert, consulte o site: http://papert.www.media.mit. edu/people/papert/
Aula 1 | O processo de aprendizagem 20
OBJETIVISTA
Identificamos aqui técnicas de controle do
comportamento do homem.
O professor era punitivo e a forma de ensinar
aos alunos o que queria era severa e ameaçadora.
A figura do aluno não estava no centro das
atenções da relação aprender-ensinar. O objeto de
ensino era mais valorizado e o aluno um ente passivo
que assimilava ou não os ensinamentos.
REPRESENTANTES: Skinner, Pavlov, Bechterev,
Watson.
CRÍTICAS: É uma concepção que não considera
o sujeito como ativo no seu processo de aprender. Ele
apenas assimila os comportamentos que o professor
objetiva segundo suas instruções e objetivos didáticos.
Não valoriza a voz e o desejo dos aprendentes.
SUBJETIVISTA
Desloca o olhar, antes no objeto, para o sujeito
que ensina. O professor vira então o catalisador dos
processos de aprendizagem. Sua função é facilitar o
aprendizado, independentemente da metodologia que
use.
As características do professor ideal nessa
abordagem são:
Autenticidade: Não se deve esconder atrás
de máscaras ou profissões. O valor dado ao
professor é proporcional à sua capacidade de
ser o que realmente é.
Bechterev, Vladimir.
Neurologista e psiquiatra russo
(1857-1927)
Dica de leitura
Fique atento as bibliografias GOULART, Íris Barbosa. Psicologia da Educação: Fundamentos Teóricos e Aplicações á prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2003. DAVIS, Cláudia e Oliveira, Zilma de. Psicologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 21
Empatia: O professor deve ser empático, ou
seja, compreender o sujeito que está sob
seus cuidados, suas motivações internas e
seus comportamentos expressos.
Dessa forma ocorreria o que, para o
representante maior deste pensamento – Carl Rogers,
a aprendizagem significativa, com valor próprio para
quem a aprende. A responsabilidade do aluno seria a
de selecionar esses conteúdos segundo seu significado
e sua personalidade.
REPRESENTANTES: Carl Rogers, Otto Rank,
Rollo May.
CRÍTICAS: Possui aspectos positivos como o
estímulo à auto-avaliação dos processos de
aprendizagem, de aconselhamentos de pais e mestres e
o incentivo ao indivíduo buscar alternativas e
significado no que aprende.
COGNITIVISTA
Tem sua representação mais significativa na
figura e nas obras do suíço Jean Piaget.
Piaget teve seu mérito maior ao desvendar a
constituição histórica das raízes do aprendizado nas
crianças. Ao lado de nomes como Claparede e Flournoy,
Piaget desenvolveu suas pesquisas e fundou a
concepção conhecida no início do século de “escola
ativa”.
Piaget buscou reconhecer na construção
histórica a capacidade da criança em julgar e elaborar
suas teorias de conhecimento a fim de explicar a
realidade. Assim, o pensamento e a linguagem da
criança poderiam ser expressos de diferentes formas ao
longo do seu desenvolvimento.
Para navegar
Procure entrar em sites de busca para realizar pesquisas. EX: www.google.com.br Aproveite e procure saber mais sobre Jean Piaget. Entre outros teóricos, é claro!
Aula 1 | O processo de aprendizagem 22
O meio existe, entretanto, Piaget não o vê como
promovedor de um resgate sócio-histórico do sujeito e
de seu conhecimento.
Piaget foi à gênese da construção do
conhecimento, da cognição da criança e a acompanhou
ao longo de sua vida. Seus experimentos puderam
demarcar algumas etapas ou estágios, assim colocados.
Período Sensório-motor: compreende o
período de exploração indiferenciada do bebê
e da criança pequena até 2 anos de idade. As
conquistas desta etapa estão ligadas à
descoberta corporal, reconhecimento
rudimentar das partes do corpo,
desenvolvimento perceptivo, visual e táctil.
Período Pré-operatório: dos 2 aos 6 anos
de idade, a criança começa a conquistar seu
espaço, a construir a sua identidade. Conhece
também seus limites, descobre o “não” e o
significado inicial das relações sociais. Aos
poucos começa a se socializar e sair do que
Piaget chamou de fase egocêntrica. O brincar
guarda relação com a socialização e a
formação da moral e da construção dos
argumentos que a criança possui.
Período das Operações Concretas: é
quando se dá o início da descoberta das
relações que cercam o mundo: tempo,
espaço, quantidade. Formaliza uma lógica do
que antes tinha um conhecimento cotidiano e
vulgar.
Período das Operações Formais: domínio
das diversas formas de linguagem. As
relações com o mundo e objetos tornam-se
mais sofisticadas. Assim, as operações são de
Dica de leitura
Veja essa indicação! LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky e Wallon. Teorias Psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 23
nível combinatório e probabilístico. O sujeito
está no máximo de sua socialização. O
pensamento egocêntrico, segundo Piaget,
desaparece. O desenvolvimento afetivo busca
também uma estabilização.
O desenvolvimento do ser em Piaget é global:
afetivo e cognitivo, apesar de suas pesquisas terem
uma ênfase no segundo. Assim, seu sujeito tem um
papel ativo na aprendizagem. O outro mérito de Piaget
foi a integração de duas formas divergentes de
concepção de desenvolvimento: o genético e ambiental.
Ambos eram considerados e a Epigênese era o final de
um processo que duraria toda a vida do ser. As
relações nem sempre harmônicas entre assimilação
(ação do meio) e acomodação (função cognitiva:
memória, percepção e outras) buscam a Adaptação.
A busca do sujeito, em Piaget, é a do sujeito
autônomo.
REPRESENTANTES: Jean Piaget, Ana Teberoski,
Emilia Ferreiro, Maria Montessori.
CRÍTICAS: O aspecto mais relevante foi a união
que esses pensadores puderam fazer de concepções
antagônicas da formação cognitiva do sujeito. Segundo
esses autores tanto o meio como a genética possuem
ambos sua responsabilidade na gênese afetivo-
cognitiva do sujeito. Essa linha de pensamento muitas
vezes subordina o individual ao social e nega as
contribuições da interação meio social, dialeticamente
construídas, no desenvolvimento do ser. A ênfase no
aspecto cognitivo é outra consideração que reduz
significativamente as descobertas destes pesquisadores
e de outros como os neoconstrutivistas representados
modernamente nas figuras de Bárbara Freitag e Esther
Grossi.
Para navegar
A biografia de Maria Montessori está em: www.montessoripros
aber.com.br/escola/montessori/biografia.htm E a de Emilia Ferreiro está no site: www.centrorefeducacional.com.br
Aula 1 | O processo de aprendizagem 24
SOCIOINTERACIONISTA
Assim conhecida por considerar o meio social
como promovedor do desenvolvimento afetivo e
cognitivo do sujeito.
As relações de aprendizagem não se dão apenas
de objeto para sujeito e na ação do sujeito com o meio.
A palavra chave dessa abordagem é a INTERAÇÃO.
Rubinstein, Vygotsky e Leontiev são alguns
pesquisadores da chamada Psicologia histórico-crítica,
cuja base é o materialismo dialético. Compreende,
assim, o objeto da Psicologia dessa concepção segundo
Urt (1994):
é o reflexo do mundo externo no
mundo interno, ou seja, a interação do
homem com a realidade; não o mundo
interno em si mesmo, mas a atividade
consciente do homem, que se
compreende em sua história social,
relacionada diretamente com o
trabalho e com a linguagem.
(Urt. In: Freitas, 1994)
Podemos desse modo, falar de um sujeito que,
aos poucos, caminha para uma crescente internalização
dos processos de aprendizagem que levará toda uma
vida partindo da relação dialética entre a ontogênese
(desenvolvimento do homem) e a filogênese
(desenvolvimento da espécie).
Lev Vygotsky, que nasceu na conturbada Rússia
no mesmo período que Freinet e Piaget, trouxe-nos,
juntamente com seus colaboradores de pesquisas, com
crianças e adultos, sua contribuição que nos permitiu
uma visão mais integrada e histórica do homem que
até então estava dilacerada.
Pesquisou intensamente os processos mentais
inferiores (memória, percepção etc) e sua
Dica de leitura
VYGOTSKY. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 25
transformação em processos mentais superiores. As
pesquisas com animais puderam contribuir à medida
que Vygotsky pôde perceber que as linhas de
desenvolvimento do pensamento e da linguagem nos
animais e nos homens eram distintas ao longo de suas
vidas. No homem essa evolução que, até determinado
momento era equivalente a dos animais, dava saltos
qualitativos e quantitativos significativos.
Com a mudança do paradigma reflexológico S-R,
Vygotsky incrementou decisivamente as implicações da
sua teoria, trazendo inúmeras contribuições à Psicologia
e à Educação. O esquema proposto por Vygotsky era o
seguinte:
A inclusão de um mediador entre o sujeito e o
objeto de construção do conhecimento possibilitou
novas formas de se dar à relação ensino-aprendizagem.
A função antes focada no professor ou nas
capacidades intrínsecas do aluno é agora deslocada
para um colega de sala. O professor instiga e fomenta o
diálogo do aluno com o objeto de saber e com as
relações internas que o sujeito desenvolve.
Outro conceito que se deu, em conseqüência
disso, foi o de Zona de Desenvolvimento Proximal.
Vygotsky chamou de ZDP a distância que existia entre
o desenvolvimento já apresentado e adquirido pelo
sujeito e o aprendizado que poderia vir a ter com a
ajuda de um colega, do professor ou de outros
instrumentos, como o computador.
S R
X (mediador)
Para pesquisar
Procure fazer uma pesquisa sobre a vida e obra desses representantes da visão sócio Interacionista.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 26
O aprendizado em pequenos grupos é
incentivado e a imitação se torna a base para novos
aprendizados.
REPRESENTANTES: Vygotsky, Bakthin, Valsiner,
Cole, Bronckart.
CRÍTICAS: Ainda não sabemos de todas as
possibilidades que esta concepção pode ter para com o
sujeito da Psicologia e da Educação. Sabe-se que um
grande passo fora dado ao considerar o sujeito no seu
todo e seu meio socialmente histórico na construção do
conhecimento. Muito tem se pesquisado e descoberto,
em decorrência do pouco que foi dito pelo próprio
Vygotsky que vivera apenas 38 anos.
Conclusão
Vários críticos da educação como Goulart,
Libâneo e Ferreira são contundentes em afirmar que
necessitamos considerar os aspectos sociais e culturais
do sujeito no tocante as questões da aprendizagem.
Será essa unidade dinâmica sujeito-meio,
historicamente determinado, que proporcionará uma
visão menos fragmentada da escola, dos processos
cognitivos e afetivos do aprender? Poderá também abrir
os olhos e ouvidos de todos nós para um diálogo
horizontal e mais justo sobre as relações de trabalho e
aquisição do saber, do pensar e da intersubjetividade
em todos os setores.
Condenam-se aqui os radicalismos de quaisquer
ordens no sentido de se considerar o sujeito que lhe é
proposto. As concepções de sujeito, por sua vez,
devem ser coerentes com as equivalentes formas de
construção de conhecimento a que se propõem abraçar.
Dica de leitura
FOULIN, Jean-Nöel. & MOUCHOU, Serge. Psicologia da Educação. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
Dica de leitura
CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 27
Abre-se para o próximo século um campo
imenso de pesquisas sobre as relações de
aprendizagem-ensino. Qual a importância do afeto
na educação? Como lidar com os novos instrumentos
de construção do conhecimento (computadores e jogos
educativos)? Até que ponto a educação poderá mudar a
realidade social? Para onde caminha a educação?
Boa sorte nas suas reflexões. Que as aulas
seguintes o auxiliem na busca de novas respostas sobre
esse instigante assunto.
EXERCÍCIO 2
Sobre a psicologia da educação e a questão do sujeito é
correto afirmar que:
( A ) Devemos buscar um sujeito a-histórico e
descontextualizado do seu tempo e de seu lugar;
( B ) Espera-se da psicologia que ela seja capaz de
definir a priori o que é um sujeito real;
( C ) A psicologia da educação deve tratar o
desenvolvimento do psiquismo infantil sem levar
em conta as condições sociais;
( D ) Para se desenvolver um processo de
aprendizagem basta entender a dinâmica psíquica
do sujeito;
( E ) Pode-se construir uma visão que tenta explicar os
processos de construção de conhecimento,
tomando o indivíduo em sua relação com a
sociedade.
Aula 1 | O processo de aprendizagem 28
EXERCÍCIO 3
Podemos afirmar sobre a teoria psicogenética de Jean
Piaget que:
( A ) Mostra como os indivíduos desenvolvem sua
cognição, a evolução do conhecimento;
( B ) Piaget em momento nenhum considerou o fator
social;
( C ) Não é importante a interação com as pessoas,
mas sim o desenvolvimento das operações lógicas
que os indivíduos constroem;
( D ) Não é relevante a verbalização do raciocínio que o
sujeito expressa ao resolver um problema
proposto;
( E ) Os indivíduos possuem desenvolvimento apenas
social.
EXERCÍCIO 4
Apresente as principais características e representantes
das abordagens objetivista, subjetivista, cognitivista e
sócio-histórica das Teorias da Aprendizagem
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Aula 1 | O processo de aprendizagem 29
RESUMO
Vimos até agora:
A contribuição dos aspectos psicológicos foi
fundamental para a compreensão do sujeito
na educação, muito embora, existiram
momentos de excesso dessa contribuição;
Como educadores devemos nos preocupar
não apenas com o processo de aquisição de
conhecimentos do sujeito, mas com o
potencial de que ele venha a ser realmente
feliz;
A relação sujeito e objeto foi marcada por
diferentes olhares: objetivista (privilégio dos
estímulos exteriores sobre o sujeito);
subjetivista (ênfase na superação individual
do sujeito); cognitivista (inter-relação do
sujeito e do objeto, meio em segundo plano)
e sócio-histórica (interação entre sujeito e
meio socialmente construído);
O olhar objetivista tem como principais
representantes Skinner, Pavlov e Watson.
Esse olhar é criticado por não considerar o
sujeito como ativo no processo de
aprendizado;
O olhar subjetivista tem como principais
representantes: Rogers, Rank e Rollo May.
Nesse olhar o professor vira o catalisador dos
processos de aprendizagem (facilitador);
Sob a ótica cognitivista tanto o meio como a
genética assumem uma grande
responsabilidade na formação cognitiva do
sujei. O maior expoente desse olhar é o suíço
Jean Piaget;
Aula 1 | O processo de aprendizagem 30
Os estágios do desenvolvimento cognitivo
segundo Jean Piaget são: sensório-motor,
pré-operatório, operações concretas, e por
fim o das operações formais;
O olhar sociointeracionista considera o meio
social como promovedor do desenvolvimento
afetivo e cognitivo do sujeito. O papel do
educador nessa proposta é de ser o mediador
do conhecimento. O principal nome dessa
proposta é Lev Vygotsky.
Aspectos Psicológicos
da Aprendizagem
Maria Cristina Fontes Urrutigaray
AU
LA
2
Ap
res
en
taç
ão
Esta aula é dedicada ao estudo dos aspectos psicológicos do
processo de aprendizagem com ênfase no papel da motivação, da
linguagem e da socialização na aprendizagem. O processo de
produção do conhecimento é analisado a partir de três tipos de
pensamento: produtivo, significativo e contemplativo e de sua
vinculação com a realidade empírica geradora da experiência. Por
sua vez, a volição e sua relação com a aprendizagem é
apresentada como uma das grandes preocupações do professor,
sendo explicitada sua vinculação com a aprendizagem. Um
destaque especial é concedido a linguagem uma vez que a partir
de sua aquisição o pensamento pode estruturar-se e ir além da
experiência imediata. O final da aula esclarece a contribuição de
Piaget no sentido de mostrar o quanto a socialização favorece o
desenvolvimento cognitivo e a formação moral do indivíduo.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Identificar os principais tipos de pensamento que auxiliam o
processo de construção de conhecimento;
Analisar o papel estruturador da linguagem no tocante ao
pensamento e sua compreensão;
Esclarecer a importância da volição para o aprendizado,
salientando seu papel para o aprendizado; Apresentar a construção do conhecimento como uma resultante
do processo de uma prática discursiva favorecedor dos
processos de significação e da construção dialógica.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 32
Fatores psicológicos da aprendizagem:
uma introdução
Todo processo de aprendizagem formativo
implica em um fator essencial chamado de "motivação".
Este é o responsável pela condução, orientação e
estruturação de nossa atenção, frente a algo
"desconhecido".
É desta maneira que tem início todo e qualquer
tipo de aprendizagem. A necessidade de busca e
procura, para desvelar algo sentido como
desconhecido, é o comportamento gerado pela
motivação, como disposição instintiva e inata, e que
conduz o indivíduo a aprender.
Por este fato, Jerome Bruner considerou que o
homem possui uma disposição (motivação) inata para o
aprendizado, pois basta sua atenção focar "algo novo" e
diferente para que ele se direcione ao desconhecido.
De acordo com os conceitos desenvolvidos nos
módulos anteriores, o objetivo deste novo módulo não
é outro senão o de promover a atenção e reflexão
acerca dos múltiplos aspectos inseridos no processo de
aprendizagem. Além disso, pretende, obviamente,
despertar no leitor o entendimento acerca das distintas
teorias de aprendizagem, como modelos de aprender.
O aspecto intelectual: o pensamento e a
conduta
O núcleo específico de todo aprendizado refere-
se ao "conhecimento" adquirido como o resultado da
busca pelo entendimento de "algo desconhecido". Logo
verificamos que em todo conhecimento, de acordo com
o que falamos anteriormente, está implicado numa
Quer saber mais?
Jerome Bruner nasceu em New York in 1915. Cognitivista, psicolingüista, professor da Universidade de Harvard, um dos fundadores da Psicologia Cognitiva. Acredita que a aprendizagem é um processo que ocorre internamente, mediado cognitivamente, e não um produto direto do ambiente, das pessoas ou de fatores externos àquele que aprende. Bruner pesquisou o trabalho de sala de aula e desenvolveu uma teoria da instrução, que sugere metas e meios para a ação do educador. Seu livro, "Uma Nova
Teoria da Aprendizagem", em português, foi lançado em 1966. Saiba mais sobre Jerome Bruner em http://www.centrorefeducacional.pro.br/contrib.html
Fatores psicológicos da aprendizagem: uma introdução 32 O aspecto intelectual: o pensamento e a conduta 32 A relação conhecimento e experiência 38 O aspecto configurativo e
estruturativo 40 O aspecto social: a aprendizagem como vínculo social 46
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 33
relação entre sujeito (S) e objeto (O), sendo que a
"revelação" de algo (O) como uma "verdade" só se
realiza devido à presença de um sujeito (S), que se
define como sujeito cognoscente. Dentro deste
enfoque, começamos a verificar que a aprendizagem
entendida como aquisição de conhecimento ou cognição
é um aspecto psicológico, entendido como pensamento,
juízo ou raciocínio.
O entendimento ou a "verdade" de algo refere-
se à adequação feita sobre o que é o objeto (seus
princípios e leis) com aquilo que ele expressa (sua
categoria ou classe). O pensamento ou julgamento, por
sua vez, decorre de uma tomada de consciência,
posicionando-se frente ao princípio de realidade,
tomando para si o objeto apreendido.
O ato de conhecer, apreender um determinado
fato ou acontecimento é chamado pela psicologia como
"o ato de entender" (compreender - julgar - interpretar
- inferir - etc.), isto é, "pensar". Nesse sentido, o
pensamento é definido como a conduta resultante do
ato de apreender as relações contidas nas propriedades
que caracterizam o objeto. Pensar é dispor de normas e
regras (propriedades), que facultam o entendimento ou
a compreensão de algo, dispondo-o em categorias ou
classes de acordo com sua classificação.
Assim sendo, o aspecto intelectivo da
aprendizagem supõe processos psíquicos como a
abstração, a comparação e a diferenciação que
viabilizam o livre jogo das idéias (o ato de pensar
propriamente dito), conduzindo à solução de problemas
de maneira antecipatória.
No entanto, este "livre jogo de idéias" acontece
de forma quase lúdica, isto é, sem a presença de
pressões, que tencionam o fluir e prejudicam a
Para pensar
Elementos essenciais do conhecimento: um sujeito conhecedor e um objeto a ser conhecido que pode ser inclusive o próprio ser humano.
Aprofundamento
Atente a essa definição de conhecimento, fazendo uma análise crítica da mesma.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 34
elaboração dos pensamentos. Este fato curioso é muito
importante para aqueles que se destinam aos processos
instrutivos. Numa situação de conflito ou de tensão
psicológica, a sobrecarga de energia psíquica bloqueia
ou por vezes paralisa a ação do pensamento.
Faz-se necessário, nestes casos, a introdução de
exercícios respiratórios, de relaxamento ou até mesmo
jogos que baixem o nível de tensão, introduzindo no
sujeito cognoscente a sensação de uma "pausa
recreativa". Esta sensação atua como um agente
refrescante e possibilita a emergência da intuição,
como função necessária à resposta antecipatória.
Contudo, o conhecimento, como entendimento,
processa-se de três maneiras diferentes, as quais
exercem uma influência significatória na aprendizagem
formativa.
O PENSAMENTO PRODUTIVO METÓDICO: A
APREENSÃO DAS RELAÇÕES
Chamamos de pensamento produtivo aquele tipo
de julgamento que traz uma luz nova à consciência pela
revelação de algo desconhecido até então. O
pensamento é definido como reprodutivo quando traz
para a consciência algo já conhecido. Faz-se necessário
aclarar que este aspecto "novo" do pensamento
produtivo não significa que "algo" já não tenha sido
pensado por alguém, simplesmente refere-se ao fato de
ser "novo" ou "criativo" para aquele que está
desenvolvendo a condução ou construção de seus
conhecimentos.
Uma das maneiras para que a apreensão do
conhecimento se processe decorre de procedimentos
racionais discursivos, para os quais são utilizados
métodos analíticos a fim de alcançar a solução de um
Para navegar
Procure sempre visitar sites como fonte de pesquisa. Sobre bibliografia na área de psicologia conheça: www.sobresites.com/psicologia/ bibliografia/aprendizagem.htm
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 35
dado problema. Este tipo de pensamento, o metódico,
estabelece uma íntima relação entre a proposição de
uma tarefa e a direção do pensamento como meta para
sua solução. As pessoas dotadas do tipo pensamento
analítico são metódicas porque analisam etapa por
etapa da atividade (ação), proposta a fim de encontrar
o meio necessário para sua consecução. A atividade ou
tarefa a executar funciona como esquema
antecipatório. Se o sujeito compreende a tarefa a ser
realizada, se ele se posiciona com uma postura
interrogativa clara (por exemplo, do que se trata? O
que está sendo pedido ou exigido? Etc.) se ele sabe
precisar bem o que é desejado/esperado, maior será o
grau de acerto.
Assim sendo, cabe ao docente, quando elaborar
uma atividade para o aluno ou quando desenvolver o
tema de sua aula, que sempre o faça com o maior grau
possível de clareza e precisão dos conceitos,
relacionando-os com o nível de compreensão de seus
alunos. Permitindo-lhes estabelecer relações entre os
conteúdos disciplinares com situações de vida prática e
com os conteúdos já assimilados.
O PENSAMENTO SIGNIFICATIVO OU A PROCURA
PELA COMPREENSÃO
Compreender significa captar o sentido ou
apreender uma rede de significações. Por exemplo,
podemos compreender uma palavra devido ao contexto
significativo da frase e da série de pensamentos. Isto
significa que o aluno é capaz de apreender cada passo
do processo mental (abstração) de cada conteúdo
sempre quando o assunto ou o tema abordado for
aceitável, for razoável, isto é, fizer sentido para ele.
Como a busca pelo sentido passa pela variante
dos significantes, temos que um mesmo objeto pode
Para refletir
Existiria alguma diferença entre compreender e entender? O que a apreensão tem a ver com essa discussão?
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 36
possuir múltiplos significados, dependendo do contexto
que o significa. Por exemplo, quando utilizamos a
palavra "operação", ela pode adquirir significados
distintos dependendo dos significantes a ela atribuídos.
Para um médico, será uma cirurgia; para um
matemático, será uma efetuação de uma conta; para
um operador de bolsa de valores, dirá respeito a uma
aplicação feita, etc. Portanto, a utilização do
pensamento significativo deverá ser explorada no
processo ensino-aprendizagem muito próximo da
vinculação conteúdo com a vida prática ou cotidiana,
principalmente no caso da aprendizagem infantil. Já na
adolescência e com o adulto, o aprendizado significativo
viabiliza o aprofundar-se nas questões do mundo, bem
como nas questões pessoais. Favorecendo um encontro
com o sentido da própria existência e com os valores
éticos necessários à sustentação da cultura e civilização
humanas, onde são valorizados os "porquês" das ações
e acontecimentos.
O PENSAMENTO CONTEMPLATIVO: O APREENDER
DE MANEIRA VIVENCIAL
Vimos anteriormente que a aprendizagem se
processa pelo ato de compreender, que implica a
apreensão de um sentido, de uma significação ou pelo
caminho do pensamento racional - discursivo. Agora
veremos que o pensamento também se processa
através de experiências vivenciais de entrega ou de um
estado de "deixar que aconteçam os fatos", isto é, um
estado de "não fazer" (como ação direta) "fazendo"
(ação indireta ou contemplativa).
Através de uma atitude oposta à vontade
dirigida, o indivíduo se dispõe a escutar, a ouvir, a
aceitar, a receber. Enquanto no tipo pensamento
racional-discursivo, o entendimento origina-se de ações
mentais de crítica, ponderação, análise e combinação
Importante
É vital entender que as experiências e vivências pessoais afetam a construção do conhecimento humano.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 37
de elementos; o pensamento de tipo vivencial, ao
contrário, trabalha mais o lado da fantasia, da
imaginação.
O pensamento vivencial caracteriza-se pelo
desabrochar de sentimentos vinculados à imersão de
um sujeito (S) num objeto ou numa situação que ele
vivencie com profundidade. É o aprendizado de valores
profundos que servem de ponte para a aquisição ou
formação das convicções pessoais ou valores
subjetivos. Este tipo de apreensão de conhecimento
não se logra mediante a imposição ou força. Para o
alcance deste tipo de pensamento, é necessária uma
preparação ou um exercício contínuo de concentração
interna (um tipo de tarefa difícil de ser trabalhada na
escola).
Vemos que, pela descrição do aspecto intelectivo
do processo de aprendizagem, que a essência do
conhecimento consiste, do ponto de vista psicológico,
na apreensão do essencial da realidade objetiva. Isto é,
baseia-se na compreensão daquilo que é indispensável
e ao mesmo tempo suficiente para que alguma coisa
seja.
Toda e qualquer experiência só se converte em
conhecimento quando tenha passado por um
procedimento reflexivo (crítico-analítico-valorativo-
compreensivo), combinado ou relacionado com outras
experiências.
Fato que nos leva a pensar nossas práticas
docentes, pois se aprender implica vivenciar um fato
(para o alcance do seu valor afetivo), em determinar
seu sentido (para estabelecer relações com a rede de
significações presentes na história pessoal e na
cultura), bem como captar o essencial de um
determinado objeto (pensamento discursivo-reflexivo),
Para refletir
Qual seria a importância do pensamento vivencial?
Quer saber mais?
No entanto, atualmente, temos aqui no Brasil algumas alternativas que facultam o exercício de concentração pelo aluno. Algumas propostas psicopedagógicas, como as desenvolvidas por Cristina Dias Allessandrine, Eloisa Fagali e Vera Maria
Rossetti Ferretti, em São Paulo, vislumbram através da Arteterapia, o desenvolvimento do pensamento imaginativo, entendendo a arteterapia como uma técnica que viabiliza, através da produção plástica, a integração da forma com o seu conteúdo que ela manifesta.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 38
de que maneira estamos quando ensinamos, levando
em consideração como alguém aprende. Como o
pensamento se desenvolve?
O "saber" resultante da aquisição de um
conhecimento, dentro da ênfase à aprendizagem
formativa, torna-se um "autêntico saber", quando o
sujeito do conhecimento atua ou participa ativamente
na construção do mesmo, promovendo uma mudança
no seu comportamento e nas suas atitudes.
A relação conhecimento e experiência
Todo e qualquer conhecimento advém de uma
base empírica como o sentido original de uma atividade
resultante da relação mundana. A experiência fornecerá
uma consciência de que alguma coisa ocorreu, fato que
se converte precisamente na experiência.
As experiências humanas podem resultar de
uma diversidade de categorias. Elas podem vir de fatos
lúdicos, de experiências de acerto, de outras
desastrosas ou de reflexões empírico-realistas. Sejam
de que origem for, só percebemos aquelas que
mantenham uma relação de dependência com a nossa
consciência; isto é, com o sujeito a quem este conteúdo
esteja referendando-se. Portanto, tais experiências
cognoscitivas são altamente influenciadas e tornam-
se dependentes, também, do estado anímico de quem
as vivencia.
A RELAÇÃO PENSAMENTO E LINGUAGEM
Sabemos que a linguagem é o instrumento ou a
ferramenta mais valiosa que o homem possui para lidar
com a realidade objetal. É através da aquisição da
linguagem que o pensamento humano pode estruturar-
se em função de ter garantido a constância do objeto
pela representação imagético-lingüística do mesmo.
Dica da professora
Esta é uma das contribuições cuja investigação na Psicologia pode contribuir para a Educação. Uma excelente referência nessa área é o livro de Maria Lúcia Seidl de Moura e Jane Correa denominado, Estudo Psicológico do Pensamento: de W. Wundt a uma ciência da cognição, da Editora UERJ, obra dedicada ao estudo da formação do pensamento e sua fundamentação histórica.
:: Cognoscitivas:
Aqui definimos, para você, mais uma palavra citada no texto. Segundo Ferreira (1999, p.49), cognoscitivo é: que tem a faculdade de conhecer.
Dica da professora
Você concorda que essas definições colocadas ao lado do texto facilitam na compreensão do mesmo? Pois é! Então vejamos mais uma palavra. Anímico quer dizer: pertencente ou relativo à alma; psíquico. (Ferreira, 1999, p.14).
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 39
O mundo objetivo também é resultado da
aquisição da linguagem. Sem ela, o homem seria como
o animal, somente tocado por impressões sensoriais,
sem poder possuí-las. A grande aquisição trazida pela
linguagem é a promoção de objetos fixos e (a
constância do objeto) feita através da representação
mental do seu significante.
Assim, determina-se o vínculo entre pensamento
e linguagem, de maneira que o pensamento pode se
desenvolver rumo a metacognições somente quando
pode servir-se da utilização de signos, que o tornem
independente da percepção imediata ou da relação
concreta com os objetos. A formulação de conceitos
resulta da obtenção, por abstração, do essencial de
algo. E esta representação mental é essencialmente
lingüística.
Com a aquisição da linguagem, o homem
supera as distâncias ou separações de fatos,
acontecimentos e até mesmo de objetos, tornando-os
presentes. Pode, ademais, criar imagens para
realidades puramente abstratas como a felicidade, a
paz, a justiça etc.
A linguagem auxilia a estruturação do
pensamento, pois na medida em que se consegue
relatar e tornar compreensível ao outro o que se pensa,
isto significa que a situação transmitida reflete um
pensamento claro e preciso acerca de algo. Quanto
mais confusas forem as idéias transmitidas, mais elas
refletem um pensamento confuso ou um conflito, ou
estados ansiosos e conteúdos psíquicos imaturos etc.,
dependendo do contexto individual.
Ter idéias claras é poder falar claramente sobre
elas, bem como expressar o estado de desenvolvimento
ou de conflito psicológico.
:: Metacognição:
Metacognição é uma atividade psicológica que proporciona a generalização de idéias para a construção ou elaboração de novas sínteses conceituais; não sendo excluído neste processo cognitivo a escala de valores.
Dica de leitura
Se esse assunto for relevante para você e seu trabalho Procure ler mais! Você conhece o livro? VYGOTSKY, L. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Esta obra foi responsável pela fundamentação teórica deste subcapítulo.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 40
(...) o desenvolvimento do
pensamento é determinado pela
linguagem, isto é, pelos instrumentos
lingüísticos do pensamento.
(Vygotsky, 1998, p. 62)
O aspecto configurativo e estruturativo
Vimos que todo processo de aprendizagem
inicia-se pela existência de uma carência de visão ou de
entendimento acerca de algo que suscita um
questionamento a fim de conhecê-lo.
Portanto, uma situação inicial caracterizada
como situação problemática - por promover um estado
de desajuste, em relação a falta de clareza com
respeito a um fato - promove sensações de dúvida,
geradoras de hipóteses e conjunturas acerca do fato
em si. Estes comportamentos, que direcionam a busca
e a procura por esclarecimentos, são considerados
elementos prefigurativos mentais, os quais direcionam
a formação da representação mental ou a incorporação
da figura completa na mente. Quando a "forma" ou a
figura surgem por completo na mente, sensações como
de adequação à realidade ou ajuste são percebidas, e o
conflito como situação problemática anterior
desaparece, ressurgindo a ordem ou a organização
interna.
À luz da Biologia, Maturana afirma que "a
participação do sistema nervoso na determinação da
conduta do organismo se estabelece através da geração
de uma representação (ou abstração) interna do meio,
que assume a operação de tal mecanismo" (Maturama,
1998: 54). Dito de outra maneira, a compreensão desta
citação permite a revelação dos seguintes fatores:
Em todo processo de conhecimento, existe
uma realidade independente do observador,
sendo externa a ele como organismo;
HUMBERTO MATURANA
Quer saber mais?
Humberto Maturana é um neurobiólogo na Universidade do Chile, em Santiago,
e trabalha com neurobiologia da cognição. Além de sua obra citada na bibliografia podemos indicar: MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 41
O observador é o agente ou "operador" que
tem a capacidade de poder explicar esta
realidade independente;
Quando ele explica esta realidade, ele o faz
somente a partir das relações estruturais às
quais ela pertence. Portanto, a partir de
prefigurações pertencentes à própria figura,
alguém pode explicar "algo" ou falar sobre
"algo";
Mas, é a partir da interação realizada entre
observador-observado e da extração destas
preconfigurações, que o observador se torna
capaz de realizar a representação mental ou a
abstração do observado, passando-o de
realidade externa à realidade interna.
Assim sendo, a aprendizagem, como aspecto
configurativo e estruturativo, apóia-se necessariamente
na "percepção". Por percepção podemos entender a
"associação que o observador faz entre o objeto
perturbante, caracterizado pela conduta do organismo
que o configura de maneira independente dele".
(Maturana, 1998: 58)
Como fundamento à educação, a noção de
percepção vinculada à noção de configuração do espaço
traz a necessidade de se discutir a noção de "conjunto"
(a figura como um todo) com a visão das
"particularidades" (as figurações) nas propostas de
realização das tarefas docentes.
Para haver aprendizagem, buscam-se, nos
traços estruturais de uma determinada atividade,
aqueles que possam ser notados e claramente
percebidos, isto é, os elementos invariantes presentes
na configuração. Da mesma maneira que sejam
notadas as contradições ou as colocações confusas dos
termos com relação à proposta abjetivada.
Dica da professora
Por falar em PERCEPÇÃO, você já estudou sobre a psicologia da Gestalt? Procure pesquisar! Talvez seja interessante pra você!
Importante
Invariantes são categorias essenciais presentes em todo e qualquer objeto, sem os quais este objeto não poderia ser definido, identificado, classificado etc. (Bion, 1972).
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 42
Problematizando-se a questão: promove-se a
necessidade do restabelecimento da desestruturação
interna causada no observador, voltando do estado de
desajuste ao ajustado.
Portanto, o processo de configuração processa-
se através de operações de tentar agrupar, separar os
elementos a fim de encontrar a estrutura completa.
Quando o professor convida seus alunos a organizar um
texto de palavras/frases complexas em frases mais
simples, ou fazer um desenho acerca do que foi
comentado, ele os está "convidando" a realizar
processos de "estruturação".
O ASPECTO VOLITIVO: A APRENDIZAGEM COMO
PRODUTO DA VONTADE
O homem é um ser que age, move e direciona,
fixando para si e por si mesmo objetivos e metas, para
os quais se orienta decidido, mesmo quando existem
oposições ou resistências para tal.
Quando assinalamos a vontade ou a
intencionalidade humana como aspectos da
aprendizagem (como necessidade de busca pelo
desvelar do desconhecido), deve-se fazer alusão aos
quatro momentos presentes em todo ato volitivo como
o agente, a intenção, o movimento e a solução,
encontrados na direção dada por uma ação.
Assim sendo, temos em todo ato volitivo o
elemento que o "desperta", o move, isto é, o agente da
ação, propriamente dita, constitui-se pelas
necessidades, desejos, intenções e inclinações
pessoais. Estas impulsionam o sujeito para o alcance de
determinada solução. Entre estes agentes referidos,
podemos detectar como sendo os de maior pregnância
aqueles que se referem à satisfação das necessidades
CONFIGURAÇÃO
AGRUPAR SEPARAR
ELEMENTOS
ELABORAÇÃO DA ESTRUTURA COMPLETA
Dica da professora
Um dos grandes desafios da sala de aula tem sido a motivação. O que fazer para motivar meu aluno para estudar esta ou aquela disciplina?
Como dar aulas motivadoras? Que instrumentos pedagógicos podem ser mais motivadores em uma turma? Estas e outras questões relacionadas a motivação, palavra que significa “dar motivos”, ainda representam sérios desafios na escola.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 43
tanto no sentido de manutenção e promoção da vida
quanto aquelas ligadas ao desenvolvimento espiritual,
criativo, artístico e religioso.
O despertar deste "agente mobilizador" é o
elemento fundamental para a prática docente. A atitude
do aluno frente a uma questão formulada, que apele
para uma situação sentida como necessidade para ele
(como a associação de um conteúdo com a vida prática
e cotidiana) faz "brotar" ou entrar em ação o fator
desencadeante necessário ao aprendizado.
Já com relação à "intenção", é importante
compreender que este fator está internamente
associado ao próprio conhecimento da realidade
objetivada, anteriormente, pelo agente da ação ou fator
excitante da ação proposta. Sendo esta última, no
entanto, efeito da decisão do próprio aluno ou o
resultado de uma atividade proposta pelo professor.
Para a consecução deste momento, o indivíduo dispõe
(ou deve dispor) de atitudes planejadas ou estratégias
de ação resultantes de inquisições feitas acerca de
como conseguir tais efeitos e/ou conhecimentos.
A partir desta "elaboração cognitiva" de "como"
posso alcançar o objetivo proposto, surge o terceiro
momento do ato volitivo: o movimento ou vontade de
solucionar a questão. Infelizmente, nem sempre se
consegue verificar ou perceber este movimento ou
ação. Isto geralmente só ocorre quando o indivíduo
necessita de um esforço para vencer resistências ou
inibições, ou quando a estratégia utilizada para dar fim
"à questão mobilizadora" não foi eficiente. Pois é um
ato tão automático que, somente, nestas situações
referidas podemos nos dar conta.
Psicologicamente, quando o aluno percebe o
"erro" praticado, deve ser estimulado pelo professor a
Dica da professora
E você? Como tem tratado seu aluno diante do erro? Tem explorado seu potencial ou apenas corrigido o aluno?
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 44
buscar outras idéias (ou planos de ação), a fim de
solucionar suas questões. A atividade docente, neste
momento, deve dirigir-se para que o discente perceba a
relação necessária entre suas estratégias pensadas e o
objeto em questão e que o mesmo saiba aceitar
aquelas que são úteis à atividade e eliminar as inúteis à
consecução da tarefa esperada.
O quarto momento da aprendizagem como
volição refere-se à obtenção da solução e a reação a
esta situação, que é a própria incorporação ou
assimilação do conhecimento almejado, induzido pela
excitação inicial.
Portanto, podemos considerar a aprendizagem
como processo volitivo, como sendo uma característica
ou produto da vontade dirigida. Assim sendo, a
realização pessoal configura-se como um estado criado
a partir da instituição de um valor, pelo qual o indivíduo
se apresenta como sujeito de suas ações, assumindo
suas responsabilidades e seus critérios eletivos. Fatores
estes tão necessários à aquisição da chamada
autonomia e o exercício da liberdade pessoal.
O impulso para a realização ou a vontade de
realização como experiência arquetípica implica a
capacidade de rendimento, a "idéia" (ou arquétipo) de
realização, bem como o conhecimento necessário para
tal realização. Fato que nos remete à experiência do
autoconhecimento e da auto-regulação como elementos
necessários a tal alcance. Poder desenvolver a
capacidade de rendimento supõe potencializar ou
atualizar o conjunto de possibilidades e capacidades
que se colocam em ação, mediante aspectos individuais
ou com certas combinações, dependendo da demanda
solicitada em cada caso, de acordo com a postura
diante da qual o sujeito se encontre.
:: Arquétipos:
Arquétipos: são temas típicos e universais dos seres humanos, presentes nos comportamentos. Sendo uma das manifestações da energia psíquica que tanto condiciona quanto estrutura padrões de comportamento no homem. Termo utilizado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung (psiquiatra suíço - 1875 - 1961).
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 45
Orientar e direcionar uma ação pela vontade é o
resultado ou a solução de uma situação excitada por
uma motivação prévia. Portanto, o conceito de
"rendimento" (inclusive o escolar) supõe a difícil tarefa
conciliatória, por parte do indivíduo, de reunir suas
forças e energias, num sentido corporal e anímico, com
a capacidade de suas aplicações e limites, a fim de
elaborar as vias de solução; tendo em consideração a
antecipação dos possíveis efeitos de sua ação, unidos
ao desejo de realização de sua meta e o alcance dos
valores intrínsecos a ela.
Psicologicamente falando, a vivência do
rendimento dada pela aprendizagem volitiva é o
resultado de uma elaboração aperceptiva feita pelo ego
e para um ego. Sendo assim, o aspecto vivencial do
"rendimento" vincula-se ao processo de execução de
uma ação dirigida para o alcance de determinada meta.
Esta experiência vivencial decorre da união de
três fatores intrínsecos a esta ação (o impulso, a
capacidade e o conhecimento do rendimento). Quando
ocorre a perda de um destes fatores, a experiência de
realização pessoal, vivenciada como "sentido pessoal",
ou um "mito do significado" para alguém, pode
alcançar uma outra dimensão. Como, por exemplo, a
experiência do alcance da meta isenta de seu valor
constituinte. Fato que acarreta a ausência de uma
vivência afetiva aliada à realização. Da mesma forma,
esta experiência quando dirigida unicamente pelo
impulso ou arquétipo de realização pode provocar
manifestações impulsivas e compulsivas sem nenhuma
objetivação e direção desta força. Isentando o
determinante de uma ação coordenada para a
realização de um ego, com uma ausência ou
inconsciência dos seus próprios desejos.
Quer saber mais?
Mito do Significado: é uma interpretação pessoal de acordo com as circunstâncias e que podem converter-se em convicções ou crenças. Seu aspecto mítico refere-se à questão de que nenhuma significação atinge
termos absolutos, a menos que se converta num dogma.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 46
O aspecto social: a aprendizagem como
vínculo social
Para Jean Piaget, a razão, nos seus aspectos
lógico e moral, é um produto da sociedade. Segundo o
autor, a vida social favorece e proporciona elementos
necessários ao indivíduo para sua formação moral. De
um egocentrismo primário, a criança experimenta,
através da relação social com os adultos, o controle
lógico e moral de seu pensamento e sentimento.
As atitudes de respeito aos pais e as
conseqüentes coações, quando aquelas falham,
conduzem à atividade cognoscitiva da criança rumo à
formação de conceitos de "verdades", aos quais a
criança se adapta. Tendo, nestas circunstâncias
primárias, maior consideração a opinião dos demais
que a sua própria neste processo adaptativo.
Assim sendo, não é suficiente, para a formação
da consciência moral, que o conteúdo de uma
afirmação seja uma verdade por si mesma. Faz-se
necessário, para uma adaptação aceitável, que esta
verdade esteja vinculada também à palavra dos
adultos.
Para conseguir sua autonomia, a criança deverá
aprender a ser crítica. Para tanto, deverá sair deste
estado de indiferenciamento com as perspectivas
paternas para poder aceitar seus próprios julgamentos
como válidos.
Este estado de aceitação, por sua vez, decorre
do sentimento de inclusão e de pertencer a um grupo
de iguais.
Assim, coloca-se a questão do alcance da
autonomia, onde somente através de um debate entre
Importante
J. Piaget: biólogo de formação, este pesquisador suíço desenvolveu a tese da Epistemologia Genética, seguindo os critérios da biologia, para a compreensão do processo ou formação da inteligência e conhecimento.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 47
iguais, o sentido da colaboração de idéias favorece a
construção de um raciocínio crítico, pautado na
aceitação das diferenças ou contradições.
Interessante notar que o processo de construção
do conhecimento resulta de uma prática discursiva,
pela qual a produção de sentidos (como valores e
crenças) são resultantes de uma construção dialógica
onde a linguagem tem sua importância capital.
Aos poucos, a criança evolui para o estado
adulto (psicologicamente falando) baseada na
construção de suas próprias crenças. Cuja relação
dialógica possibilita o mútuo controle entre as partes,
passando de um estado egocêntrico para um de
transferência cega a figuras de autoridade, até o
alcance da autoconfiança e autonomia. A discussão
produz tanto a reflexão quanto a comprovação objetiva
dos fatos.
Assim sendo, no marco das atividades discentes,
o desenvolvimento de atividades grupais favorece o
desabrochar da consciência de si mesmo, dado pela
experiência de sentir e presentificar suas próprias ações
em oposição aos demais.
Quando o indivíduo tem a possibilidade de
conferir o papel que os outros desempenham na vida,
também, se torna capaz de se auto-analisar, por
colocar-se em oposição aos demais. O indivíduo que
não consegue esta abertura relacional permanece
trancado em sua subjetividade, sofrendo as
conseqüências de uma visão estreita sobre a vida e,
conseqüentemente, medíocre por ser limitada.
A vivência de ser "igual a" em sala de aula,
possibilita que o aluno se sinta autorizado a comunicar
suas opiniões sem interiorizar fortes sentimentos de
hostilidade e ressentimento.
Para pesquisar
Consulte as obras Linguagem e Pensamento, de Piaget e de Vygotsky, e analise o importante papel da linguagem para o desenvolvimento do pensamento.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 48
Contudo, assim como ele tem o direito de
expressar seus sentimentos, deverá aprender, também,
a escutar os demais. Incluindo a posição do professor
frente às suas colocações. Caso contrário cai-se no
monólogo e não se atualiza o diálogo e a troca de
valores.
Finalizando vale destacar que o valor do debate
reside, portanto, na formação de sentidos comunais. O
diálogo promove e convida a atitudes de ajuda e
companheirismo, conduzindo a uma educação para a
responsabilidade.
EXERCÍCIO 1
Pensando a aprendizagem como mobilização e vontade,
podemos dizer que diante do erro:
( A ) O professor deve esperar que o aluno tenha
dentro de si a vontade de buscar a resposta
correta;
( B ) O aluno deve ser estimulado pelo professor a
buscar novas idéias a fim de solucionar suas
questões;
( C ) O aluno deve desistir da questão errada e se
mobilizar em outra direção;
( D ) O professor não deve influenciar na vontade do
aluno;
( E ) Desista.
Dica da professora
Parabéns! Você terminou mais uma aula. Nesta última página a autora destaca o valor do diálogo, idéia básica de todo o nosso curso. É dialogando que vencemos as barreiras da comunicação e facilitamos o aprendizado. Assim sendo, que possamos sempre estar em constante diálogo.
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 49
EXERCÍCIO 2
A construção da autonomia é um processo que se
encontra facilitado pela ação:
( A ) Do controle;
( B ) Do isolamento;
( C ) Do grupo;
( D ) Da autoridade;
( E ) Do egocentrismo.
EXERCÍCIO 3
A “vontade” é um aspecto importante da construção de
conhecimento. Apresente os conceitos básicos sobre o
aspecto volitivo apresentados no conteúdo desta
disciplina e faça sua reflexão sobre a importância da
“vontade” no processo educativo.
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Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 50
EXERCÍCIO 4
O aspecto “social” é muito importante na
aprendizagem. Apresente conceitos apresentados nesta
aula que reforcem esta idéia e faça suas reflexões
sobre a importância da socialização na construção do
conhecimento.
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____________________________________________
RESUMO Vimos até agora:
Todo processo de aprendizagem formativo
implica em um fator essencial chamado
motivação. Para Bruner todo homem possui
uma motivação inata para o aprendizado;
O conhecimento com entendimento passa por
três maneiras diferentes: o pensamento
produtivo que traz uma luz nova à
consciência pela revelação de algo
desconhecido até então; o pensamento
significativo relativo a apreensão de uma rede
de significações e o pensamento
contemplativo relativo ao aprendizado
decorrente de experiências vivenciais e o
desabrochar de sentimentos decorrentes;
Todo conhecimento advém de uma base
empírica geradora da experiência;
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 51
É através da aquisição da linguagem que o
pensamento humano pode estruturar-se em
função de ter garantido a consciência do
objeto pela representação imagético-
lingüística do mesmo;
O pensamento pode se desenvolver rumo a
metacognições somente quando pode servir-
se da utilização de signos que o tornem
independente da percepção imediata;
A linguagem auxilia a estruturação do
pensamento na medida que através dela é
possível relatar e tornar compreensível ao
outro o que se pensa;
O processo de aprendizagem possui um
aspecto configurativo e estruturativo apoiado
na percepção. A percepção é a associação
que o observador faz entre o objeto
perturbante caracterizado pela conduta do
organismo independente dele. A configuração
se dá através de operações de agrupamento e
separação dos elementos a fim de encontrar a
estrutura completa (estruturação);
O despertar da volição é uma das principais
preocupações do professor. O ato volitivo
possui quatro elementos básicos: o agente, a
intenção, o movimento e a solução;
Para Piaget a vida social favorece e
proporciona elementos necessários a
formação moral do indivíduo passando de um
egocentrismo primário a um estado mais
adulto de socialização;
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 52
Para aprender a conseguir sua autonomia a
criança deverá aprender a ser crítica. Para
tanto deverá sair do estado de
indiferenciamento com as perspectivas
paternas para poder aceitar seus próprios
julgamentos como verdadeiros;
O processo de construção do conhecimento
resulta de uma prática discursiva pela qual a
produção de sentidos favorecem a construção
dialógica. O valor do debate reside na
formação de sentido comuns além de
provocar atitudes de ajuda e
companheirismo.
A Intenção Educativa e o Conceito de
Inteligência
Maria Cristina Fontes Urrutigaray
AU
LA
3
Ap
res
en
taç
ão
Com o objetivo de analisar de forma aprofundada a estruturação
da polaridade ensino-aprendizagem a partir de uma visão
dialógica onde professor e aluno ensinam e aprendem juntos, esta
aula dá ênfase a análise da chamada “intenção educativa”. Esta é
estudada a partir do processo prévio de planejamento pedagógico
e sua vinculação com o desenvolvimento pessoal. A última parte
da aula tece considerações a partir de uma perspectiva histórica
sobre o conceito de inteligência e seus componentes básicos
tomando por base a contribuição de diferentes autores como
Piaget, Bruner, Vygotsky e outros. Achou interessante, então boa
leitura.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Conhecer melhor alguns processos pedagógicos associados a
polaridade ensino-aprendizagem;
Analisar como os procedimentos pedagógicos podem
potencializar a formação de estruturas psíquicas superiores;
Compreender a intenção educativa como um caminho viável
para a promoção do aprendizado e do desenvolvimento
pessoal; Refletir criticamente sobre o conceito de inteligência e seus
principais componentes a partir de uma perspectiva histórica.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 54
A polaridade ensino-aprendizagem
De modo geral, aprendemos que no
estabelecimento de um modelo instrutivo de cunho
formativo, a polaridade ensino-aprendizagem estrutura-
se na habilidade do docente e na capacitação do
discente como responsáveis pelo processo de
aprendizagem. É nesse sentido que dizemos que a
educação é um processo essencialmente dialético onde
aquele que ensina também aprende e vice-versa.
Do mesmo modo, também verificamos que, de
acordo com o referencial teórico utilizado pelo docente,
o enfoque do conceito de aprendizagem transforma-se
em função da abordagem conceitual adotada e,
evidentemente, isso acaba se refletindo na
metodologia de trabalho adotada em sala de aula.
Constatamos, contudo, que, independentemente
do modelo ideológico adotado, todos entendem a
aprendizagem como o resultado de um processo
de exclusividade humano. Posto que, através de
procedimentos didático-metodológicos, o homem passa
a outro homem a capacidade para resolver, de forma
independente, problemas mais avançados. De tal
evidência, podemos determinar ser a dimensão ensino-
aprendizagem uma função social por excelência, e sua
constituição pertencer, essencialmente, a uma
categoria simbólica.
Segundo Vygotsky, “o aprendizado humano
pressupõe uma natureza social específica e um
processo através do qual as crianças penetram na vida
intelectual daqueles que as cercam”. (1998: 115)
Trabalhando um pouco mais o conceito do autor
acima referido, vemos que toda e qualquer ação que
proporcione conhecimentos e capacidades pertence ao
Dica da professora
Qualquer dúvida, não hesite, volte as aulas anteriores e releia os conceitos trabalhados nesta aula.
Para pensar
Você já parou para pensar nesta realidade? Qual seria o seu conceito de aprendizagem? Como o mesmo influencia ou influenciaria sua maneira de lecionar.
Para navegar
Conheça melhor a proposta de Vygostky lendo o artigo de Eulina Luffi disponibilizado na Internet http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/pdf/053.pdf
A Polaridade ensino-aprendizagem 54 A Intenção educativa como objetivo educativo 59 O Conceito de inteligência em uma perspectiva histórica 61
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 55
aspecto docente; enquanto a aquisição de ditos
conhecimentos e capacidades são exclusivas do
discente.
Observamos, também, que a polaridade ensino-
aprendizagem não é privilégio, unicamente, obtido
através da modalidade institucional educativa; tendo na
instituição de ensino o local para sua expressão. Mas,
esta dimensão está presente, também, em outras
esferas institucionais e sociais, tais como as
religiosas, as familiares, as jurídicas etc., que
contribuem com normas e pautas formalizantes dos
valores prescritos nas atividades humanas, regulando
as relações sociais.
Sabemos que toda meta instrutiva-formativa
tem como dispositivo básico a regimentação de
procedimentos para potencializar e favorecer a
formação de estruturas psíquicas superiores (a saber: o
pensamento, a atenção dirigida e a motivação
voluntária), a fim de alcançar a capacitação da
autonomia (ou a resolução independente de problemas)
por parte daquele que aprende.
Para tal efeito ou resultado, denominado como
intenção educativa, todo processo de aquisição de
conhecimento deve ser proporcionado através de
procedimentos que visem a conscientização, a
abstração, a generalização e a automatização de
conceitos viabilizadores da autonomia e da autoria do
pensar, como diria Paulo Freire, nos dando a
possibilidade de sermos sujeitos de nossa própria
história.
Assim sendo, a formulação de ditas “intenções”
deve atingir um grau de concretização de tal ordem,
que abarque diferentes pontos de vista acerca das
modalidades expressivas e dos resultados obtidos
Importante
É importante entender que não aprendemos apenas na escola, mas em diferentes oportunidades de aprendizagem que a vida nos oferece.
Dica da professora
Seria interessante questionar até que ponto nossa metodologia de ensino tem proporcionado a formação de tais estruturas. Não deixe de registrar suas opiniões.
Dica de leitura
Um livro praticamente obrigatório sobre o tema da autonomia é o livro: FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 56
frente às modalidades esperadas. Para tanto, se faz
necessário compreender que na formação de uma
personalidade, a experiência pessoal é elemento de
fundamental importância para a aprendizagem e o
processamento de um conhecimento pleno.
Toda personalidade configura-se como
resultado de uma atividade (ação) expressa por um
comportamento ou atitude, que convertida em uma
habilidade, possibilita a inserção social do indivíduo
no seu meio. Ao mesmo tempo, a personalidade é uma
unidade que integra estruturas cognitivas, afetivas e
volitivas, as quais possibilitam ao sujeito uma
identidade preparada para assumir o seu papel
individual e social no seu contexto cultural.
Para proporcionar conhecimentos, dentro do
marco instrutivo-formativo, faz-se necessário
compreender o discente como pessoa em seus
aspectos psicobiológicos e sociais a fim de melhor
orientá-lo para suas futuras escolhas pessoais, na
condução e realização de sua individualidade.
É importante reconhecer que a aquisição de
conhecimentos por parte do discente é também o
resultado da atividade do docente, o qual utiliza-se de
métodos e meios de ensinar, que instrumentalizam a
relação aluno (sujeito da ação de aprender) com o
conteúdo (o objeto do aprendizado). Aí reside a
importância da didática e a necessidade de seu
emprego de forma eficiente e atualizada. Nesta relação,
proporcionada pelo professor, o sujeito e o objeto se
confrontam resultando, no plano psíquico, nas
seguintes modalidades de acordo com o quadro
esquemático:
Para navegar
Como posso saber se minha forma de educar é viabilizadora da autonomia do educando? Leia o artigo de Siqueira e Pereira e descubra algumas pistas http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/educar.html
Para navegar
Sobre configuração da personalidade através de experiências vale a pena acessar os sites educom.fct.unl.pt/pr
oj/por-mares/configuracao.htm www.psiqweb.med.br/persona/personal.html
Para refletir
A partir do que você compreendeu na leitura desse parágrafo, como poderíamos destacar o papel docente para o aprendizado do alunado.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 57
S = o aluno
O = o conteúdo
R = meios de ensinar = relação aluno –
conteúdo
O esquema abaixo dá uma boa idéia do
complexo funcional dessas relações no plano psíquico:
Execução
Generalização
Assimilação
(viabiliza)
(determina)
(alcança)
S R O
Compreensão, objetivação ou destaque do objeto em situações diversas.
Gera reciprocidade = identificação ou o
destacar da individualidade. O reconhecimento de si mesmo.
Reconhecimento – Legitimação:
Dados reais = Apreensão
Apropriação Subjetividade
Responsabilidade
Autonomia
Personalidade Integrada
Dica da
professora
Atente para o seu significado do esquema abaixo destacando como o
processo de aprendizagem ocorre.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 58
De acordo com o esquema da folha anterior,
podemos deduzir que, quando é dado ao aluno a
possibilidade de experimentar e manipular o objeto do
seu conhecimento (através de debates, de
experimentos, de investigações) a partir de uma
apresentação (familiarização ou sensibilização
com o conteúdo de uma disciplina), feito
previamente pelo professor, ele se torna capaz de
identificar o objeto em distintas ocasiões, apresentadas
por generalização do conhecimento proporcionada pelo
próprio sujeito da ação, garantindo o reconhecimento e
a valorização pessoal pela execução, criação e
condução de sua própria ação.
Podemos completar o nosso pensamento
afirmando que, no ato de educar, objetiva-se, através
de procedimentos de análise e síntese, a relação
entre as funções mentais necessárias à cognição com o
conteúdo específico da atividade, gerando a
competência determinada pela atividade objetivada.
Por outro lado, o aprender é determinado
através de procedimentos mentais. Cabendo ao
docente, portanto, a inquisição de quais meios
viabilizarão a aquisição dos conhecimentos,
estipulando ações orientadoras para tal alcance e
formação intelectual de seu aluno.
Por isso, cabe àquele que proporciona os
conhecimentos e informações a análise crítica do para
quê ensino, do porquê ensino o quê ensino e do como
ensino, formuladas nas aulas anteriores. A
normatização ou formalização das formulações
referidas acima são os “fundamentos” necessários à
aprendizagem ou ao aspecto psicológico do processo
educativo.
Para navegar
Confira um exemplo de aplicação da teoria das competências no caso aplicadas ao aluno de Design. http://www.unicarioca.edu.br/design/Curso/competencias.htm
Dica da professora
Lembre-se de que a escolha desses meios dependem de cada situação pedagógica vivenciada.
Dica de leitura
Eis uma dica bibliográfica interessante sobre o conteúdo deste parágrafo. HAYDT, R. Curso de Didática Geral. Col. Educação. Rio de Janeiro: Ática, 2002.
Dica da professora
É justamente esta a preocupação da Pedagogia e mais especificamente da didática. Por um lado queremos familiarizar o aluno com um determinado conteúdo. Por outro queremos provocar um estranhamento no olhar sobre algumas coisas que ele pensa que já sabe.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 59
A Intenção educativa como objetivo
educativo
Quando utilizamos a palavra “intenção”,
configuramos o caráter intencional ou o fator
“intencionalidade”, inerente ao processo de
aprendizagem. Podemos afirmar que em todo processo
educativo, seja ele escolar, familiar e religioso, a
categoria principal insere-se no desejo de “influenciar”
o aprendizado do outro, definido como intenção
educativa.
O princípio da intencionalidade resulta de
normas de orientação como guia e determinação dos
processos que constituem a aprendizagem. Desta feita,
a intenção educativa é conduzida para a identificação
de áreas psicológicas que viabilizam, através de
implicações práticas, os processos de mudança
comportamental. Visto que aprender é “uma
capacidade indeterminada e infinita para a mudança de
atitudes e de comportamentos, em função de
aquisições de conhecimentos que amplificam o estado
da consciência”. (Urrutigaray, 2000)
Assim sendo, como fundamento psicológico a
intenção educativa promove, como finalidade, o
desenvolvimento pessoal, por estar dirigida à
aquisição do “conhecimento pleno” ou à formação e
reformulação da consciência. Portanto, o processo
educativo transcende, por si mesmo, a função
evolucionista ou maturacionista implícitas nos critérios
imediatistas de obtenção de “resultados”, como
modelos desejáveis instituídos pela tradição social. O
seu alcance faz parte do processo de construção da
ação social, como meio de renovação cultural, dado
como resultante de reflexões críticas de seus membros,
os quais acrescentam à tradição cultural novos
procedimentos e investimentos, frutos de sua ação
Para navegar
Sobre o tema intencionalidade educativa vale a pena consultar os sites: http://www.campus-oei.org/revista/deloslectores/417Soares.pdf http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/pdf/160.pdf
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 60
social, garantindo a “sobrevida” da cultura humana,
assegurada pela renovação de critérios, crenças e
valores sociais.
Cabe aos responsáveis, pela promoção do
conhecimento, a consecução do planejamento das
intenções educativas, a fim de que a renovação cultural
possa ser garantida. Para tal, faz-se necessária à
elaboração das seguintes etapas de determinação das
ditas intenções:
1ª) discriminar as mudanças sociais necessárias
à sociedade;
2ª) classificar e selecionar tais mudanças de
acordo com o nível de comprometimento disponível e
possível para sua concretização (adequar a intenção ao
quadro de realidade da atividade escolar);
3ª) objetivar e explicitar, claramente, as
intenções através da determinação da função de cada
uma delas. Isto é, avaliar quais os objetivos esperados
em função da identificação das mudanças desejadas e
se eles estão realmente insertados na análise das
intenções;
4ª) estabelecer estratégias para implementar
o plano de ação, determinando quais os conteúdos mais
abrangentes, quais os meios a serem utilizados, o nível
de assimilação do aluno etc;
5ª) determinar os critérios de avaliação para
controlar a relação entre os objetivos esperados e os
alcançados realmente.
Contudo, em todo este proceder, a figura do
professor não só é extremamente necessária, como
oportuna, para a formulação e vinculação dos critérios
Quer saber mais?
O planejamento pode ser entendido como um processo de equilíbrio entre
meios e fins. Trata-se de uma ferramenta fundamental aqueles que se propõem a concretizar suas intenções educativas ou não. Quer conhecer mais sobre esse tema? Então acesse o trabalho de Maria Baffi disponibilizado no site: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam02.htm
Dica da professora
Entenda essas etapas como um roteiro de como fazer com que seu planejamento de trabalho em aula esteja em sintonia com as mudanças sociais demandadas em sua localidade. Experimente fazer isso pelo menos uma vez e sinta a diferença.
Importante
Atenção: As estratégias dizem respeito ao tipo de ação que você promoverá para realizar suas intenções.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 61
de escolha das intenções, como na elaboração de
todo o planejamento abordado.
Referimos, também, como relevante ao
estabelecimento das intenções, o entendimento dos
problemas de aprendizagem e a formação e orientação
dos professores, já que estes últimos são os elementos
específicos para o estabelecimento do fator
(relação) de acordo com o esquema do item anterior,
atuando como guia e condutor do processo.
Passaremos, agora, a abordar o ponto de vista
do aluno como o sujeito que assimila e adquire novos
conhecimentos, a partir da compreensão do fator
“inteligência”.
O conceito de inteligência em uma
perspectiva histórica
A nossa pretensão, neste item, é a de buscar
entender a gênese do conceito de inteligência para
podermos repensá-lo como fonte de compreensão do
processo de aprendizagem. O conceito de inteligência
não possui uma definição única. Não há um padrão
central ou único que defina inteligência e como ela deve
ser mensurada ou modificada.
Ela pode ser concebida como uma habilidade
inata ou uma função geral, fundamental (o famoso
fator Q) ou, como foi entendida por Guilford, em 1967,
como uma estrutura que proporciona operações,
conteúdos e produtos. (Fonseca, 1998). As operações
são as ações mentais (memória, por exemplo), os
produtos são as respostas emitidas e os conteúdos são
as redes de significação.
Ela foi concebida como um padrão evolutivo e
como um padrão geneticamente determinado, numa
Para navegar
Quer ver um exemplo de critério de avaliação adotado em uma universidade. Então consulte: http://prograd.unifesp.br/se/criteriosaprovacao.htm
Dica da professora
A partir dessa reflexão, como você destacaria a importância do professo no processo de concretização das intenções educativas? Não deixe de registrar suas opiniões.
Para pesquisar
Procure pesquisar outras definições que enriqueçam ainda mais sua compreensão do que seja inteligência.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 62
visão unitária. Desta concepção global inicial, seguiram-
se definições mais fatoriais, passando pela teoria dos
dois fatores de Spearman, como fragmento da
composição global inicial às teorias das matrizes
correlacionais e das análises fatoriais. Com Spearman,
a inteligência decorre de um fator “G”, como sendo o
poder de todo o sistema nervoso dado por fatores
específicos, que movem e agilizam as operações
cognitivas. Já como “matrizes correlacionais”, a
inteligência passa a ser perspectivada como um
conjunto de diversas habilidades e competências
(entendida como aquisições).
Para Binet, a “inteligência é aquilo que mede o
meu teste”. (Binet apud Fonseca, 1998:15). A fim de
ilustrar a diversidade de conceitos acerca da
inteligência, temos, a seguir, uma pequena resenha
(sintética) das principais idéias formuladas por distintos
autores.
Para G. Thomason (1939), a inteligência é o
resultado de uma disposição hierárquica de
mecanismos neuronais específicos, proporcionados
por processos mentais flexíveis ou conexões dinâmicas,
que dotam o indivíduo de uma disposição estrutural
específica. Segundo esta visão organicista, temos a
inteligência como o resultado de um processo e como
uma capacidade cognitiva determinada pelos genes.
Esta visão persiste por bastante tempo.
Dentro de uma perspectiva mais
desenvolvimentista, Kogan (1963) trata a inteligência,
correlacionando-a ao desenvolvimento da
personalidade de um estilo impulsivo a um reflexivo,
sendo, este último, o responsável por um melhor
desempenho escolar. Seguindo esta linha, mais voltada
para o aspecto do desenvolvimento pessoal
propriamente dito, do que para a ênfase posta sobre os
Quer saber mais?
Existem vários sites na Internet sobre a temática da inteligência que podem ser consultados se reportando não apenas a visão dos clássicos, mas abordando também outras concepções mais recentes na área. Veja alguns exemplos: http://togyn.tripod.com.br/inteligencia_noadulto_e_nacrianca.htm http://www.cpsimoes.net/artigos/art_testes.html
Para navegar
Saiba mais sobre a proposta de Spearman consultando: http://www.pcarp.usp.br/acsi/anterior/714/mat10.htm
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 63
neurônios (tendo no cérebro o único paradigma
responsável pelo conhecimento), a inteligência é
concebida, por A. Anastasi (1968), como uma
qualidade emergente que favorece a conduta
adaptativa. Isto se dá, porque esta forneceria ao
sujeito performances eficazes na solução de problemas,
face às mudanças ocorridas no seu meio ambiente. A
inteligência é, então, entendida como um conceito
pluralista, pelo qual a adaptação resulta como um
fenômeno que depende tanto da seleção biológica como
da inserção de conhecimentos, promovidos pela
transmissão cultural, que dotam o indivíduo de
destrezas que, por sua vez, implicam a inteligência,
vista como uma qualidade ou conduta adaptativa.
Para Piaget, a inteligência decorre de processos
de raciocínio e abstração, sendo, portanto, um conceito
que reforça o aspecto racional da cognição.
Esta se desenvolve através de uma dinâmica
adaptativa contínua, postulada nos conceitos de
assimilação e acomodação (assimilação => o
organismo incorpora elementos; acomodação => o
organismo se amolda aos novos elementos).
Segundo Jerone Brunner, a inteligência resulta
de três tipos de representações: a ativa (como
resultado de ações motoras), a iconográfica (como
resultado das recepções sensoriais) e a simbólica (como
resultado da ação racional sobre os sistemas de
comunicação da linguagem). Inteligência é a
representação mental da realidade conhecida a
partir da ação, posteriormente da sua imagem
reproduzida ou vicariada e, por último, pela linguagem
como fator representativo simbólico.
Com Brunner, a inteligência (como cognição)
proporciona a aquisição de processos de
Dica de leitura
Sobre essa concepção procure se aprofundar mais através da leitura
das obras: ARMSTRONG, T. Sete Tipos de Inteligência, Editora Record, 2003. GARDER, H. Inteligências Múltiplas: A teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995.
Quer saber mais?
Para saber mais detalhes sobre a vida e obra de Jerone Brunner vale a pena consultar o site: http://www.centrorefeducacional.com.br/contrib.html
Para navegar
O pensamento de Bruner influenciou significativamente vários autores, portanto é interessante conhecer melhor como Bruner entendia a inteligência. Para isso consulte: http://geocities.yahoo.com.br/jcmarujo/jerome.htm
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 64
representação que envolvem o sujeito, permitindo
a integração de elementos do passado, do
presente e do futuro, ilustrada na emergência
sucessiva e decorrente da interação entre ação –
imagem – palavra, os quais sinalizam o crescimento da
mente, isto é, o desenvolvimento psicológico, como
fundamento de qualquer processo educativo.
Estudos mais recentes conceituam a inteligência
dentro de um enfoque sistêmico, pelo qual a cognição é
o resultado de valores intraculturais. Neste caso, a
inteligência é um produto da aprendizagem conseguida
pela interação de componentes cognitivos (estruturas
do pensamento) com o meio sóciocultural.
Sternberg por sua vez propõe que a inteligência
é feita de três aspectos integrados e interdependentes:
no mundo interno, as relações com o mundo externo,
as experiências que relacionam ao mundo externo e o
interno.
Vejamos como isso se dá através da análise de
seus componentes:
Os Componentes da Inteligência
O mundo
interno:
cognição
1. processos para decidir o que fazer e o quão
bem foi feito
2. processos para fazer o que foi decidido ser feito
3. processos para aprender como fazer
O mundo
externo:
percepção e ação
1. adaptação a ambientes existentes
2. modelagem de ambientes existentes em novos
3. a seleção de novos ambientes quando os
antigos se provam insatisfatórios
A integração dos
ambientes
internos e
externos através
da experiência
1. a habilidade de se adaptar às novas situações
2. processos para criar objetivos e para
planejamento
3. mudança dos processos cognitivos pela
experiência externa
Adaptado de: Roberto Sabbatini (2004).
Para navegar
Para maiores detalhes consulte o site de Renato Sabattini: http://www.epub.org.br/cm/n12/mente/evolution/evolution.htm
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 65
Portanto, a inteligência é uma “idéia” ou um
“valor” concebido pelo sujeito, que lhe faculta
respostas às solicitações do seu meio, de acordo com
os julgamentos de sua ambientação cultural. Trata-se,
portanto, de um sistema complexo integrado por
processos cognitivos independentes que incluem a
percepção, a integração destes dados pela memória, e,
por fim, o processamento destes dados pela
generalização e elaboração dos conhecimentos,
viabilizando sua expressão na execução ou criação de
uma tarefa. Seu funcionamento pode ser detectado em
diversos níveis de acordo com a especificidade exigida
na consecução de uma atividade.
O conceito de cognição atual resume-se no
conceito das “tecnologias das inteligências”, posto que
a inteligência é também um sistema cognitivo
global, formado por componentes independentes
que desempenha suas funções, de acordo com a
finalidade exigida.
Percebemos que, através desta breve e sintética
ilustração acerca do conceito de inteligência, para se
dispor de um critério ou fundamento psicológico para a
educação, desde o ponto de vista do discente, (como
aquele que adquire conhecimentos e informações), faz-
se necessário entender os dispositivos cognitivos
subjacentes a este processo.
Isto se dá ao elaborar uma intenção
educativa, cuja finalidade é a mudança
comportamental, por meio da aprendizagem de
novas formas ou modelos. É imprescindível buscar a
compreensão de como esta mudança pode ser
provocada. E isto só será possível à medida que
consigamos entender os processos implicados na
aquisição destes novos conhecimentos, pertinentes à
atividade mental do aluno e que estejam
correlacionados com ela.
Importante
É importante destacar aí a idéia de inteligência como algo concebido pelo sujeito cognocente.
Para pesquisar
A partir dessa definição como você definiria a cognição humana? Que outras
definições do tema você conhece? Pesquise mais sobre o tema.
Dica da professora
Para finalizar o estudo dessa aula procure destacar o que você poderia fazer em sua prática pedagógica para promover mudanças favoráveis no comportamento de seu alunado.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 66
EXERCÍCIO 1
A intenção educativa como objetivo educativo tem
como fundamento psicológico para a educação a
seguinte finalidade:
( A ) Desenvolvimento normal;
( B ) Desenvolvimento emocional;
( C ) Desenvolvimento integral;
( D ) Desenvolvimento afetivo;
( E ) Desenvolvimento volitivo.
EXERCÍCIO 2
Na formação da personalidade, um elemento de
fundamental importância para a aprendizagem e a
construção do conhecimento pleno é:
( A ) A modelagem de novos comportamentos;
( B ) A adaptação aos padrões do meio;
( C ) A aquisição de atitudes;
( D ) O aspecto fisiológico;
( E ) A experiência pessoal e a vivência significativa.
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 67
EXERCÍCIO 3
“Como fundamento psicológico a intenção educativa
promove, como finalidade, o desenvolvimento pessoal,
por estar dirigida à aquisição do ‘conhecimento pleno’
ou à formação e reformulação da consciência”.
Comente esta citação, discutindo o conceito de
“intenção educativa” e sua importância na prática
pedagógica.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
EXERCÍCIO 4
Fale sobre o conceito de inteligência, sua transformação
na história e as perspectivas contemporâneas mais
significativas sobre este tema.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
RESUMO Vimos até agora:
A polaridade ensino-aprendizagem estrutura-
se na habilidade docente e na capacitação do
discente como responsáveis pelo processo de
aprendizagem;
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 68
Toda meta instrutiva-formativa tem como
dispositivo básico a regimentação de
procedimentos para potencializar e favorecer
a formação de estruturas psíquicas superiores
a fim de alcançar a capacitação da
autonomia;
Para proporcionar conhecimentos, dentro do
marco instrutivo-formativo, faz-se necessário
compreender o discente como pessoa em
seus aspectos psicobiológicos e sociais a fim
de melhor orientá-lo para suas futuras
escolhas;
O aprender é determinado através de
procedimentos mentais. Cabendo ao docente,
portanto, a inquisição de quais meios
viabilizarão a aquisição dos conhecimentos,
estipulando ações orientadoras para tal
alcance e formação intelectual de seu aluno;
A intenção educativa promove, como
finalidade, o desenvolvimento pessoal, por
estar dirigida à aquisição do “conhecimento
pleno” ou à formação e reformulação da
consciência;
As etapas do planejamento das intenções
educativas são: 1ª) discriminar as mudanças
sociais necessárias à sociedade; 2ª)
classificar e selecionar tais mudanças de
acordo com o nível de comprometimento
disponível e possível para sua realização; 3ª)
objetivar e explicitar, claramente, as
intenções através da determinação da função
de cada uma delas.; 4ª) estabelecer
estratégias para implementar o plano de ação
e 5ª) determinar os critérios de avaliação
para controlar a relação entre os objetivos
esperados e os alcançados realmente;
Aula 3 | A intenção educativa e o conceito de inteligência 69
O conceito de inteligência pode ser concebido
como uma estrutura que proporciona
operações, conteúdos e produtos. (Fonseca,
1998). As operações são as ações mentais
(memória, por exemplo), os produtos são as
respostas emitidas e os conteúdos são as
redes de significação;
Dentro de uma perspectiva mais
desenvolvimentista, Kogan (1963) trata a
inteligência, correlacionando-a ao
desenvolvimento da personalidade de um
estilo impulsivo a um reflexivo, sendo, este
último, o responsável por um melhor
desempenho escolar;
Estudos mais recentes conceituam a
inteligência dentro de um enfoque sistêmico,
pelo qual a cognição é o resultado de valores
intraculturais. Neste caso, a inteligência é um
produto da aprendizagem conseguida pela
interação de componentes cognitivos
(estruturas do pensamento) com o meio
sociocultural;
Os principais componentes da inteligência
são: o mundo interno: a cognição; o mundo
externo (percepção e ação) e a integração
dos dois mundos através da experiência;
O conceito de cognição atual resume-se no
conceito das “tecnologias das inteligências”,
posto que a inteligência é também um
sistema cognitivo global, formado por
componentes independentes que desempenha
suas funções, de acordo com a finalidade
exigida.
As Contribuições de Gardner e de
Goleman
Maria Cristina Louro
AU
LA
4
Ap
res
en
taç
ão
Nesta aula seremos apresentados a duas das mais importantes
teorias sobre a inteligência: a teoria de Howard Gardner das
inteligências múltiplas e a teoria de Daniel Goleman da inteligência
emocional. Ambas são teorias recentes que refletem as mais
inovadoras e modernas pesquisas na área. Para Gardner
existiriam sete tipos de inteligência: Lingüística, musical, espacial,
lógico-matemática, corporal-cinestésica, intrapessoal,
interpessoal, naturalista e existencial, havendo dominância de
uma em relação às outras em função de fatores sociais e
genéticos. Para Goleman a inteligência emocional refere-se a
capacidade que o indivíduo tem de motivar-se e persistir diante
das frustrações, controlar impulsos e impedir que emoções
negativas afetem nossa capacidade de pensar. Segundo ele
inteligência emocional e QI são capacidades distintas, sendo a
primeira mais referente ao que podemos chamar de competência
emocional. A aula termina com algumas palavras sobre o que seja
alfabetização emocional. Por esse breve preâmbulo dá para notar
que essa é uma aula bastante interessante e que com certeza lhe
oferecerá pistas para que você possa compreender melhor o
processo de ensino-aprendizagem. Aproveite!
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Entender melhor como a inteligência tem sido pensada hoje a
partir das contribuições de Gardner e Goleman;
Compreender a Teoria de Howard Gardner sobre as
Inteligências Múltiplas e seus reflexos na educação;
Conhecer as contribuições da Teoria de Daniel Goleman para o
processo de ensino-aprendizagem;
Analisar o papel das emoções em diferentes processos como a
comunicação a tomada de decisão e outros; Introduzir o aluno no processo de alfabetização emocional e
seus objetivos centrais.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 72
Pensando a questão da inteligência
Conhecer o mundo, compreendê-lo e viver nele
dependem de como o sujeito se organiza, de como está
estruturada e sua personalidade.
Uma das ferramentas que possibilitam a relação
Homem-Mundo chama-se inteligência. Entretanto, é
preciso que se destaque o fato de que o conceito de
uma inteligência única e geral, atualmente, perde
espaço para o conceito de Howard Gardner de que o
Homem é dotado de múltiplas inteligências.
Segundo Gardner (1993), inteligência é a…
capacidade de resolver problemas ou
criar produtos que são importantes
num determinado ambiente cultural ou
comunidade
ou...
Poderíamos definir a inteligência
humana como um mecanismo neural
ou sistema de computação, que é
geneticamente programado para ser
ativado ou acionado por certo tipo de
informação apresentada interna ou
externamente.
Gardner propôs sua teoria em 1983, na
Universidade de Harvard, como um desafio direto à
visão clássica da inteligência. Como se pode perceber, a
inteligência é um processo que faz uma trajetória que
vai de manifestações básicas e universais a um estado
final de possível perícia.
De acordo com pesquisas recentes em
neurobiologia, existem áreas no cérebro humano que
correspondem, pelo menos de maneira aproximada, a
determinados espaços de cognição, mais ou menos,
como se um ponto do cérebro representasse um setor
que abrigasse uma forma específica de competência e
de processamento de informações.
Quer saber mais?
Howard Gardner é professor de Educação e co-diretor do Projeto Zero, no Harvard Graduate School of Education, e professor adjunto de Neurologia na Boston University School of Medicine. É autor de inúmeros livros, incluindo "Estruturas da Mente", "A Criança Pré-Escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-la", "Mentes que Criam" e “Inteligências múltiplas”.
Dica da professora
Mais a frente, falaremos um pouco sobre essa visão clássica da inteligência.
Pensando a questão da inteligência 72 As paixões e a razão 84 Considerações finais 91
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 73
Embora seja uma tarefa difícil dizer quais são
essas áreas, existe o consenso de que possa, cada uma
delas, expressar uma forma diferente de inteligência,
isto é, de se responsabilizar pela solução específica de
problemas ou criação de produtos válidos para uma
cultura.
Antes de falarmos dos diferentes tipos de
inteligência, é bom que se ressalte o fato de que
Gardner considera a inteligência
Sobre inteligência: Origens do QI (Quociente de
Inteligência): Binet e Simon
No início do Século XX, o francês Albert Binet e seu
colega Pierre Simon criaram o Quociente de
Inteligência. Surge como um prático indicador
quantitativo da precocidade ou retardamento de
uma criança em relação à sua idade. Aquelas com
Quociente ao redor de 100 estariam dentro do
desenvolvimento normal, aquelas acima de 100
seriam precoces e as abaixo de 100 seriam
retardadas.
Algum tempo depois de sua criação, o Quociente de
Inteligência de Binet e Simon foi levado aos EUA,
onde foi transformado, através do emprego de
construtos matemáticos e estatísticos mais
sofisticados.
Durante várias décadas, o QI foi considerado como
sendo a perfeita medida da inteligência humana,
abrangendo a totalidade do potencial intelectual de
um indivíduo. De fato, inúmeros estudos apontaram
para uma clara relação entre o nível de QI e o
sucesso acadêmico e profissional.
A partir do final dos anos 70, diversos
pesquisadores começaram a apontar várias falhas
ou lacunas dos testes de QI em termos da sua
capacidade de abranger a totalidade das faculdades
intelectuais de um ser humano nos diversos
contextos e situações, bem como as limitações do
seu potencial em termos de prever o futuro sucesso
pessoal e profissional.
Como conseqüência, o significado dos chamados
testes de inteligência foi reavaliado, com os mesmos
sendo considerados atualmente uma medida de um
conjunto específico de habilidades mentais (o
raciocínio lingüístico e lógico-matemático) num
determinado contexto (o conhecimento acadêmico e
formal), e não mais como um reflexo de uma
capacidade mental global.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 74
um potencial, a presença do qual
permite a um indivíduo ter acesso a
formas de pensamento apropriadas a
tipos específicos de conteúdos.
(Kornhaber & Gardner, 1991)
Gardner buscou, com seu trabalho, ampliar a
noção de inteligência, porém a grande repercussão foi
no meio escolar. Após a divulgação da teoria, em 1983,
muitas foram as escolas que começaram a se
reorganizar em torno de tais noções. As mudanças têm
girado em torno de:
se possibilitar à criança um aprendizado pelo
uso dos diferentes tipos de inteligência em
que cada uma se destaca;
se avaliar o aluno, considerando os meios
apropriados à sua inteligência.
Gardner listou, até o presente momento, nove
tipos de inteligência. São elas:
Linguística;
Musical;
Espacial;
Lógico-matemática;
Corporal-cinestésica;
Intrapessoal;
Interpessoal;
Naturalista;
Existencial.
INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA
Esta modalidade de inteligência é um
instrumento essencial para a sobrevivência do homem
moderno, uma vez que lhe fornece as condições básicas
para a comunicação. Entretanto, quando se fala de
inteligência, não se quer dizer apenas desenvolvimento
de vocabulário pela escolaridade , pela leitura ou pela
Importante
O estudo das inteligências múltiplas está em aberto, inclusive já temos novas descobertas como por exemplo: inteligência pictórica e inteligência naturalista. Procure pesquisar sobre elas.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 75
cultura. Ela se manifesta pela facilidade em se
organizar e externar uma idéia, estando ligada também
à possibilidade de criar imagens, mesmo com um
restrito vocabulário. É a inteligência dos poetas, dos
escritores, dos jornalistas.
A inteligência linguística ou verbal pode ser
estimulada de várias maneiras:
Incentivo da fala (conversar com a criança);
Incentivo da escrita;
Atividades lúdicas como:
Jogo de palavras;
Reescrever história ou notícia construindo
imagens;
Prazer da descoberta de novas palavras.
INTELIGÊNCIA MUSICAL
A inteligência musical permite à pessoa criar,
comunicar e compreender significados compostos por
sons.
Este tipo de inteligência permite, a quem a
possui, manifestar sua sensibilidade e compreensão do
mundo através de um outro tipo de linguagem - a
musical - sistema simbólico e internacional de
comunicação.
Segundo Antunes (2000), as experiências com
estímulos sonoros, realizadas com alunos de seis a oito
anos em uma escola de São Paulo, mostraram-se muito
significativas e reveladoras. Nessa instituição de
ensino, desenvolveu-se a sensibilidade entre os
professores do ensino fundamental, terceiro ciclo, de
que os alunos necessitavam 'aprender a ouvir',
identificando sons, percebendo suas nuanças,
reconhecendo sua lateralidade, procedendo-se a
Quer saber mais?
Celso Antunes é paulista, nascido em 1937, bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo, mestre em Ciências Humanas e especialista em Inteligência e Cognição. É membro consultor da Associação Internacional pelos Direitos da Criança Brincar, reconhecido pela Unesco, autor de quase duas centenas de livros didáticos, sendo 40 obras teóricas sobre educação. Também é consultor de diversas revistas especializadas em ensino e aprendizagem. Suas obras voltadas para temas de educação foram publicadas
por diversas editoras brasileiras e traduzidas pelos EUA e Europa.
Celso Antunes
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 76
diversas classificações quanto à sua origem e à sua
intensidade e, tempos depois, percebeu-se que,
espontaneamente, os alunos acrescentavam a idéia de
som aos lugares que visitavam, chegando a discordar
dos adultos que se referiam a certos lugares como
'ambientes conhecidos' por se apresentarem
visualmente idênticos a uma estada anterior.
Procuravam expressar que o som tornava o meio
ambiente 'diferente', ainda que as referências de suas
paisagens fossem similares.
Como se pode perceber, uma escola que valorize
as inteligências múltiplas não pode abrir mão de aulas
de canto, de instrumentos, de bandinhas, enfim, de
práticas que possibilitem o desenvolvimento da
musicalidade, tão presente em alguns seres humanos.
Este tipo de inteligência se manifesta
acentuadamente em pessoas que poderão se tornar
compositores, maestros, instrumentistas.
INTELIGÊNCIA ESPACIAL
A inteligência espacial refere-se à capacidade de
perceber informações visuais ou espaciais, de
transformar ou modificar essas informações e de recriar
imagens visuais mesmo sem referência a um estímulo
físico original.
Há pessoas cegas que também são dotadas
deste tipo de inteligência. Tais pessoas utilizam-na para
construir uma imagem mental de suas casas ou
encontrar o caminho para o trabalho. Ela também é
utilizada por geógrafos, navegadores, publicitários,
arquitetos.
Há muitas maneiras de se estimular a
inteligência espacial. Vejamos algumas:
Importante
Este tipo de inteligência permite: A percepção de
formas e objetos sob diferentes ângulos;
Imaginar deslocamentos entre as partes de uma figura;
Trabalhar com representações gráficas em:
- mapas;
- gráficos; - diagramas; - formas geométricas
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 77
Estimular o desenho;
Leitura de espaço geográfico (mapa);
Estímulo à imaginação através da prática de
contar histórias sem completá-las;
Navegar pelo imaginário;
Jogos que desenvolvam a lateralidade;
Jogos que desenvolvam a orientação espaço-
temporal.
INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA
Este tipo de inteligência permite trabalhar com
relações abstratas. Piaget foi um dos teóricos que
melhor a fundamentou.
A atitude de buscar a lógica das coisas ou de
descobrir que determinados enunciados não
apresentam qualquer lógica, constituem operações
mentais estimuladoras dessa competência. Assim
como, também, as constituem, os exercícios
pedagógicos de trabalhar as habilidades de
classificação, comparação ou dedução.
Há várias maneiras de estimular a inteligência
lógico-matemática:
Interações abstratas;
Jogos que explorem este tipo de pensar
(xadrez, gamão);
games que utilizem a dedução, o raciocínio
analítico;
Proposição de situações problemáticas
interessantes que estimulem a busca de
soluções através do raciocínio lógico;
Jogos para fixar a conceituação simbólica das
relações numéricas e geométricas;
Ensinar a criança a estimular seu tempo;
Proposição de metas para a abordagem de
um problema;
Quer saber mais?
Jean Piaget foi o responsável por uma das maiores contribuições no campo da psicologia científica contemporânea, na área específica do comportamento cognitivo. As aplicações de sua teoria do desenvolvimento encontram-se muito difundidas, no campo pedagógico e na explicação da evolução da conduta cognitiva. Saiba mais sobre Jean Piaget em: http://www.espirito.org.br/portal/palestras/piaget/piaget-biografia.html
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 78
Busca de "porquês".
INTELIGÊNCIA CORPORAL-CINESTÉSICA
Este tipo de inteligência envolve o uso de todo o
corpo ou de parte dele na solução de problemas que
decorrem não apenas de um conhecimento específico,
mas da operacionalização de tal conhecimento através
de uma movimentação do corpo que atende à meta
desejada.
Operações centrais associadas a essa
inteligência são o controle sobre as ações motoras
amplas e finas e a capacidade de manipular objetos
externos.
Percebemos, então, que a base deste tipo de
inteligência é a capacidade para uso do próprio corpo
de modo hábil e diferenciada; como também há que se
destacar a motricidade dos dedos para os tecladistas ou
para um hábil atirador.
Esta é a inteligência de dançarinos, alpinistas,
atletas, tecladistas.
Também este tipo de inteligência pode ser
estimulado de diferentes modos:
Prática de vários esportes;
Atividades teatrais e circenses;
Jogos de mímica;
Dança.
INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL
Esta forma de inteligência nos coloca em
condições ideais de lidar com a nossa própria vida
sentimental - nossos afetos e emoções. Nos permite
efetuar rapidamente as diferenças entre os sentimentos
Importante
De acordo com Ferreira (1999): Cinestesia é o sentido pelo qual se percebem os movimentos musculares, o peso e a posição dos membros. Sempre procure no dicionário a definição das palavras desconhecidas. Isso ajuda muito!!!
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 79
e, enfim, catalogá-los em códigos simbólicos,
baseando-se neles como um meio de entender e
orientar nosso comportamento.
Em sua forma mais primitiva, a
inteligência intrapessoal equivale a
pouco mais do que a capacidade de
distinguir um sentimento de prazer de
um de dor e, com base nesta
discriminação, tornar-se mais
envolvido ou retrair-se de uma
situação. Em seu nível mais avançado,
o conhecimento intrapessoal permite
que detectemos e simbolizemos o
conjunto de sentimentos altamente
complexos e diferenciados.
(Gardner, 1994)
Este autor explica que é possível perceber-se
esta forma de inteligência, de forma bem desenvolvida:
em romancista (como Proust) que é
capaz de escrever introspectivamente
sobre sentimentos, no paciente (ou
terapeuta) que chega a adquirir um
conhecimento profundo de sua própria
vida sentimental, no velho que se
baseia em sua riqueza de experiências
internas para aconselhar os membros
de sua comunidade.
INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL
Esta última modalidade de inteligência está
baseada numa capacidade nuclear de perceber
distinções entre os outros; em especial, contrastes em
seus estados de ânimo, temperamentos, motivações e
intenções. A inteligência interpessoal permite que um
adulto experiente perceba as intenções e desejos de
outras pessoas, mesmo que ele os esconda. É comum
que apareça de forma sofisticada em líderes religiosos,
políticos, professores, terapeutas e pais. De modo geral
ela faz referência a preocupação com o destino do
mundo físico e psicológico e a relação do amor por um
outro, pela arte ou por uma causa. Esse tipo de
inteligência aplica, nas ações do cotidiano, princípios e
Importante
A inteligência intrapessoal refere-se às habilidades pertinentes à própria pessoa. É a base da
inteligência emocional e é desenvolvida a partir de três condições básicas: autoconhecimento, autodomínio e automotivação.
Dica da professora
A inteligência interpessoal refere-se às habilidades de relacionamento com outras pessoas. Tem como base a inteligência intrapessoal, sendo uma consequência natural dela. Quando temos bem desenvolvidos o autoconhecimento, o autodomínio e a automotivação, relacionamo-nos bem com as demais pessoas, pois essa habilidade é fruto do bom relacionamento com nós mesmos. Tem como características duas condições básicas: empatia e aptidões sociais. Veja na próxima página maiores detalhes sobre empatia e aptidões sociais.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 80
valores espirituais, com o objetivo de encontrar paz e
tranqüilidade. Envolve a capacidade de encontrar um
propósito para a própria vida e de lidar com problemas
existenciais (perda, fracasso, rompimentos, etc.).
Em obras mais recentes, Goleman levantou
ainda mais dois tipos de Inteligência: a inteligência
Naturalista e a inteligência Existêncial. Vejamos
algumas breves considerações sobre ambas
INTELIGÊNCIA NATURALISTA
Habilidade de reconhecer a natureza, isto é, de
categorizar plantas, animais e objetos da natureza. Ela
se refere, portanto, a competência humana relativa ao
entendimento do mundo e da natureza, de perceber e
compreender a sua mortalidade, seus ciclos, enfim, a
vida como um todo e as diferenças entre os diversos
tipos de vida existentes no planeta.
Trata-se assim de uma inteligência
extremamente ligada às questões sócio-ambientais e a
educação ambiental como um todo.
INTELIGÊNCIA EXISTÊNCIAL
Diz respeito à sensibilidade e habilidade para
enfrentar as mais profundas questões sobre a
existência humana, tais como o significado da vida,
porque morremos, e de onde viemos. Capacidade de
fazer perguntas e conceber respostas básicas sobre a
vida, a morte, o universo. Refere-se ainda a capacidade
da pessoa em situar-se ao alcance da compreensão
integral do cosmos e do infinito, assim como a
capacidade de dispor de referências a características
existenciais da condição humana, compreendendo de
maneira integral o significado da existência, portanto,
da vida e da morte.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 81
Como se pode perceber, a partir das
inteligências analisadas, Gardner enfatizou os
elementos perceptivos nas inteligências pessoais
expressando, dessa forma, uma tendência ainda
pregnante - mas em absoluto não totalizante - no
espírito da psicologia. É uma perspectiva que atribui
excessiva ênfase na psicologia da cognição mesmo no
campo das emoções.
Vale destacar que a teoria de Gardner apresenta
alternativas para algumas práticas educacionais atuais,
oferecendo uma base para:
o desenvolvimento de avaliações que sejam
adequadas às diversas habilidades humanas
(Gardner & Hatch, 1989; Blythe Gardner, 1
990);
uma educação centrada na criança c com
currículos específicos para cada área do saber
(Konhaber & Gardner, 1989); Blythe &
Gardner, 1990);
um ambiente educacional mais amplo e
variado, e que dependa menos do
desenvolvimento exclusivo da linguagem e da
lógica (Walters & Gardner, 1985; Blythe &
Gardner, 1990).
Uma vez terminada a breve incursão nos
trabalhos sobre as inteligências múltiplas, passaremos
a configurar as pesquisas de Daniel Goleman no tema
específico da inteligência emocional, que em muito vem
contribuindo para enriquecer os debates entre
educadores e psicólogos.
Apesar de valorizar e ter se inspirado muito nas
teorizações de Gardner sobre as dimensões da
inteligência pessoal, o psicólogo Goleman (1995)
afirmou que seu trabalho segue um modelo mental de
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 82
ciência cognitiva e que por este fato as emoções foram
pouco exploradas. Entretanto, segundo ele:
o campo das emoções se estende para
além da linguagem e das emoções.
Vamos falar um pouco de temperamento: o
temperamento pode ser definido em termos dos
estados de espírito que tipificam a nossa vida
emocional. Nesse sentido, cada um de nós tem uma
gama emocional favorecida; o temperamento é um
dado do nascimento, parte da loteria genética que tem
força compulsória no desenrolar de nossa vida.
Entretanto, Goleman sustenta a posição de que mesmo
os padrões emocionais arraigados por nossa herança
genética podem sofrer transformações.
Pensar a perspectiva da personalidade a partir
deste posicionamento significa valorizar a postura de
que os circuitos cerebrais da mente humana são
maleáveis e, portanto, podem ser trabalhados. Sendo
assim, o temperamento humano não significa um
destino imutável. De acordo com a neurociência, o
cérebro humano não está plenamente formado no
nascimento. Continua a moldar-se durante a vida,
sobretudo na infância. As crianças nascem com muito
mais neurônios do que reterá o seu cérebro maduro;
por um processo conhecido como poda, o cérebro perde
as ligações neuronais menos usadas, e forma outras,
fortes, nos circuitos sinápticos mais utilizados. Desta
forma, principalmente na infância, a experiência
esculpe o cérebro.
A emoção é entendida pelo autor referida a um
sentimento e seus pensamentos distintos, estados
psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências
para agir. Há centenas de emoções, juntamente com
suas combinações, variações, mutações e matizes.
Quer saber mais?
A empatia é o movimento da solidariedade, que significa sentir com os outros, ter compaixão e compreender os sentimentos dos outros.
Quer saber mais?
Aptidões sociais significa lidar bem com as emoções nos relacionamentos; interagir com facilidade; utilizar essas habilidades para liderar,
solucionar conflitos, estabelecer vínculos de cooperação e trabalho em equipe. Saber conviver com as pessoas de forma tranqüila, vendo a vida de forma proativa.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 83
O controle das emoções é o ponto alto em
"Inteligência Emocional", pois é reconhecido como o
aspecto fundamental para o desenvolvimento da
inteligência humana. Enquanto outras teorias
privilegiam os traços de caráter imutáveis, esta propõe
a perspectiva oposta. Vejamos, a seguir, como se dá a
interação entre essa perspectiva personalística e o fator
inteligência. Sendo assim, faz-se necessário de início
conhecer a natureza da inteligência emocional.
A NATUREZA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A inteligência emocional é um conceito novo;
refere-se a um conjunto de características
fundamentais que:
retratam talentos como a capacidade
que o indivíduo tem de motivar-se e
persistir diante das frustrações,
controlar impulsos e adiar a satisfação,
regular o próprio estado de espírito e
impedir que a aflição invada a
capacidade de pensar, criar empatia e
esperar.
Indícios atestam que as pessoas
emocionalmente competentes - as que lidam bem com
os próprios sentimentos e consideram os sentimentos
das outras - levam vantagem em qualquer campo da
vida, seja nas relações amorosas e íntimas, seja
assimilando as regras tácitas que governam o sucesso
na política organizacional. Desta forma, o autor
considera que as pessoas com prática emocional
desenvolvida têm mais probabilidade de sentirem-se
satisfeitas e serem eficientes em suas vidas,
dominando os hábitos mentais que fomentam sua
produtividade.
A inteligência emocional e o QI (quociente de
inteligência) são capacidades distintas. Todos os
indivíduos mesclam acuidade intelectual e emocional.
Dica da professora
Como você já deve ter entendido: Podemos dividir didaticamente a inteligência emocional em dois tipos: inteligência intrapessoal e inteligência interpessoal.
Quer saber mais?
Inteligência emocional é a capacidade de percepção de nossos sentimentos e, a partir dessa percepção, saber lidar com eles,
dominando-os quando negativos, desenvolvendo-os quando positivos, de modo a se conquistar o equilíbrio emocional. Esse equilíbrio nos permite a motivação para uma vida mais harmonizada. A capacidade de autopercepção proporciona a percepção dos sentimentos dos outros e nos habilita a sermos competentes em nossos relacionamentos interpessoais.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 84
Apesar de existir uma ligeira correspondência entre o
QI e alguns aspectos da inteligência emocional, não se
deve esquecer que são entidades bastante
independentes.
Até o presente momento, não existe um único
formulário de teste com papel e lápis que produza
uma "contagem de inteligência emocional".
Embora seja ampla a pesquisa sobre cada um de seus
componentes, alguns deles, como a empatia, são bem
testados pela amostragem da aptidão de uma pessoa
na tarefa. Na medida em que a pessoa tem tanto a
inteligência cognitiva quanto a emocional, essas
imagens se fundem. Ainda assim, das duas, é a
inteligência emocional que contribui com um número
muito maior das qualidades que nos tornam mais
plenamente humanos.
As pessoas diferem em campos de aptidões
como conhecer as próprias emoções, lidar com elas,
motivar-se, reconhecer emoções nos outros, lidar com
relacionamentos etc... O fato do indivíduo ser bastante
hábil ao lidar com sua ansiedade não lhe garante
sucesso ao confrontar-se com os aborrecimentos de
outra pessoa. Entretanto, para Goleman (1995), os
lapsos nas aptidões emocionais podem ser remediados.
Em suas palavras:
cada um desses campos representa
um corpo de hábitos e respostas que,
com o esforço certo, se pode melhorar.
As paixões e a razão
Goleman afirma que, embora as nossas emoções
tenham sido sábias guias no longo percurso
evolucionário, as novas realidades que a civilização
apresenta são tão rápidas que a lenta marcha da
evolução não pode acompanhar. As primeiras leis e
Dica da professora
Em seu caderno faça anotações sobre o que você entendeu sobre isso.
Dica da professora
Até agora já falamos de Daniel Goleman e não o apresentamos.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 85
proclamações de ética podem ser interpretadas como
tentativas de conter, subjugar e domesticar a vida
emocional. Apesar dessas pressões sociais, as paixões
repetidas vezes esmagam a razão.
O autor adere à perspectiva de que a nossa
avaliação de cada encontro pessoal e nossas respostas
a ele são moldadas não apenas por nossos julgamentos
racionais ou nossa história pessoal, mas também por
nosso passado ancestral distante; e isso nos deixa com
tendências às vezes trágicas. Freqüentemente,
enfrentamos dilemas pós-modernos com um repertório
talhado para as urgências do pleistoceno.
As emoções são consideradas, nesta
perspectiva, impulsos para agir, planos instantâneos
para lidar com a vida que a evolução nos infundiu. Esta
perspectiva pode ser muito bem observada em animais
ou crianças; entretanto, nos adultos, encontra-se
muitas vezes a grande anomalia no reino animal:
emoções - impulsos para agir - divorciadas de uma
reação óbvia.
A seguir, apresentaremos alguns detalhes
fisiológicos pesquisados por cientistas do
comportamento de como cada emoção prepara o corpo
para um tipo de resposta muito diferente (Robert W.
Levenson, Paul Ekman, Wallace Friesen, 1990):
medo - O sangue vai para os músculos do
esqueleto, como os das pernas, tornando
mais fácil de fugir - e faz o rosto ficar lívido,
uma vez que o sangue é desviado dele
(sensação de gelar). Ao mesmo tempo, o
corpo imobiliza-se, ainda que por um
momento, talvez dando tempo para avaliar se
se esconder não seria a melhor reação.
Circuitos nos centros emocionais do cérebro
disparam a torrente de hormônios que põem o
Quer saber mais?
Daniel Goleman, PHD, é o presidente do Emotional Intelligence Services (empresa de consultoria), em Sudbury, Massachusetts. Ao longo de 12 anos, escreveu sobre psicologia e ciências do cérebro para The New York Times. Editor da revista Psychology Today por nove anos, lecionou em Harvard (onde recebeu seu doutorado). Além de
Inteligência Emocional, publicado pelo Brasil pela Editora Objetiva, entre seus livros anteriores estão Vital Lies, Simple Truths (Mentiras Vitais, Verdades Simples), The Meditative Mind (A Mente Meditativa) e, como co-autor, The Creative Spirit (O Espírito Criativo).
Importante
O conceito de inteligência emocional descreve as competências das pessoas que precisam lidar e se adaptar às extraordinárias mudanças que ocorrerão nas próximas décadas.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 86
corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e
pronto para agir, e a atenção se fixa na
ameaça imediata, para melhor calcular a
resposta a dar.
ira - O sangue flui para as mãos, facilitando
golpear o inimigo. Os batimentos cardíacos
aceleram-se, e uma onda de hormônios como
a adrenalina gera uma pulsação, energia
suficientemente forte para uma ação
vigorosa.
amor - Sentimentos afetuosos e satisfação
sexual implicam a estimulação parassimpática
- o oposto fisiológico da mobilização para o "
lutar ou fugir" partilhada pelo medo e ira. O
padrão parassimpático é um conjunto de
reações em todo o corpo que gera um estado
geral de calma e satisfação, facilitando a
cooperação.
felicidade - Entre as principais mudanças
biológicas na felicidade está uma maior
atividade no centro cerebral que inibe os
sentimentos negativos e favorece o aumento
da energia existente e silencia aqueles que
geram pensamentos de preocupação. Mas
não ocorre nenhuma mudança fisiológica, a
não ser uma tranqüilidade, que faz o corpo
recuperar-se mais depressa do estímulo de
emoções perturbadoras.
tristeza - Uma de suas funções é ajudar a
ajustar-se a uma perda significativa, como a
morte de alguém ou uma decepção
importante. A tristeza traz uma queda de
energia e entusiasmo pelas atividades da
vida. Esse retraimento introspectivo cria a opor-
Para navegar
Confira esses sites: http://www.aleixo.webdesigner.nom.br/inteligencia e http://www.siamar.com.br/pastavideos/inteligemocional.htm
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 87
tunidade para lamentar uma perda ou uma
esperança frustrada, captar suas
conseqüências para a vida e, quando a
energia retorna, planejar novos começos.
O autor reconhece que essas tendências
biológicas para agir são ainda mais moldadas por nossa
experiência e cultura. Utiliza-se de exemplos como o da
perda de um ser amado que provoca, universalmente,
tristeza e luto. A maneira como se demonstra o pesar -
como são exibidas ou contidas as emoções em
momentos íntimos - é moldada pela cultura, assim
como o é a escolha de quais pessoas particulares se
encaixam na categoria de entes queridos.
É fundamental ressaltar que a genética do
comportamento já observou que os genes, por si sós,
não determinam o comportamento; nosso ambiente
molda a maneira de uma predisposição temperamental
manifestar-se com o desenrolar da vida.
DUAS MENTES
Uma outra perspectiva dessa abordagem retrata
a existência nos indivíduos de duas mentes: a que
pensa, produzindo atos racionais e, a outra que sente,
produzindo atos da mente emocional. Esses dois modos
fundamentalmente diferentes de conhecimento
interagem na construção de nossa vida mental. A
mente racional é o modo de compreensão de que
temos consciência; é o modo capaz de refletir e
ponderar. Entretanto, ao lado deste, existe outro
sistema de conhecimento impulsivo e poderoso,
embora às vezes ilógico - a mente emocional.
A dicotomia racional/emocional é uma disposição
que parece originar-se de eras e eras da vantagem
evolucionária de ter-se as emoções e intuições como
Dica de leitura
DAMÁSIO, António. O Erro de Descartes - Razão, Emoção e Cérebro Humano. Ed. Publicações Europa-América, 1995.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 88
guias das respostas instantâneas nas situações em que
a vida está em perigo.
As duas mentes operam em estreita harmonia
na maior parte do tempo, entrelaçando seus modos de
conhecimento para nos orientar no mundo.
Geralmente, há um equilíbrio entre as mentes
emocional e a racional, com a emoção alimentando e
informando as operações da mente racional, e a mente
racional refinando e às vezes vetando o insumo das
emoções. Mas são faculdades semi-independentes
refletindo o funcionamento de circuitos distintos, porém
interligados no cérebro.
ENSINANDO AS EMOÇÕES
A valorização do ensino das emoções junto às
escolas nos Estados Unidos vem se tornando crescente.
Isso demonstra, além de outras coisas, que os
educadores estão altamente preocupados com a
violência exacerbada que impera no comportamento do
jovem americano. De maneira geral, os programas de
alfabetização emocional têm como objetivo transformar
momentos de crise pessoal em lições de competência
emocional.
Freqüentemente, esses programas incluem
classes especiais para pais. Eles devem aprender o que
os filhos estão aprendendo, pois isso os ajuda a lidar
mais efetivamente com a vida emocional de seus filhos.
Faz-se necessário ressaltar que o professor
também é treinado quando o ensino das emoções faz
parte do currículo das escolas. A função princeps da
alfabetização emocional é que ela amplie a visão da
própria escola, tornando-a mais explicitamente uma
agente da sociedade para ver que as crianças
aprendam lições essenciais para a vida.
Importante
Emoção vs. Razão O equilíbrio entre a emoção e a razão não é fácil de atingir. Saber gerir sentimentos torna-se tarefa difícil e muitas das nossas decisões acabam mesmo por ser influenciadas pelas nossas emoções.
Importante
Importância das emoções: Tomadas de Decisão: As nossas emoções são uma fonte valiosa de informação e ajudam-nos a tomar decisões. Estas são resultado não só da razão, mas da junção de ambas. Comunicação:
As nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. Logo, em todas as relações que estabelecemos as emoções representam um importante papel. A nível profissional e humano elas são decisivas. Mas cuida... Por vezes as nossas emoções também nos podem prejudicar.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 89
A alfabetização emocional é um projeto amplo
em que se propõe a:
Autoconsciência emocional
- Melhora no reconhecimento e designação
das próprias emoções;
- Maior capacidade de entender as causas dos
sentimentos;
- Reconhecer a diferença entre sentimentos e
atos.
Controle das emoções
- Melhor tolerância à frustração e controle da
ira;
- Menos ofensas verbais, brigas e perturbação
de aulas;
- Maior capacidade de expressar
adequadamente a ira, sem brigar;
- Menos suspensões e expulsões;
- Menos comportamento agressivo ou
autodestrutivo;
- Mais sentimentos positivos sobre si mesmo,
a escola e a família;
- Melhor no lidar com a tensão;
- Menos solidão e ansiedade social.
Autoconsciência: observar-se e reconhecer os
próprios sentimentos; formar um vocabulário para
os sentimentos; saber a relação entre pensamentos,
sentimentos e reações.
Tomada de decisão pessoal: examinar suas ações
e conhecer as conseqüências delas; saber se uma
decisão está sendo governada por pensamento ou sentimento.
Lidar com tensão: aprender o valor de exercícios e métodos de relaxamento.
Dica da professora
Nessas últimas caixas de texto você vai ver definições dos componentes
básicos da Inteligência Emocional, segundo Daniel Goleman:
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 90
Canalizar produtivamente as emoções
- Mais comunicativo;
- Maior capacidade de concentrar-se na tarefa
imediata e prestar atenção;
- Menos impulsivo, mais autocontrole;
- Melhores notas nos testes de
aproveitamento.
Empatia: ler as emoções.
- Maior capacidade de adotar a perspectiva do
outro;
- Melhor empatia e sensibilidade com os
sentimentos dos outros;
- Melhor no ouvir os outros.
Lidar com relacionamentos.
- Maior capacidade de analisar e compreender
relacionamentos;
Lidar com sentimentos: monitorar a "conversa
consigo mesmo" para surpreender mensagens
negativas como repreensões internas; compreender
o que está por trás de um sentimento; encontrar
meios de lidar com medos e ansiedades, ira e
tristeza.
Empatia: compreender os sentimentos e
preocupações dos outros e adotar a perspectiva
deles; reconhecer as diferenças no modo como as
pessoas se sentem em relação a fatos e
comportamentos.
Responsabilidade pessoal: assumir
responsabilidade; reconhecer as conseqüências de
suas decisões e ações; aceitar seus sentimentos e
estados de espírito; ir até o fim nos compromissos.
Dinâmica de grupo: cooperação; saber quando e
como conduzir e ser conduzido.
Solução de conflitos: saber lutar limpo com outras
pessoas; adotar o modelo vencer/vencer para
negociar acordos.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 91
- Melhor na solução de conflitos e negociação
de desacordos;
- Melhor na solução de problemas em
relacionamentos;
- Mais assertivo e hábil no comunicar-se;
- Mais popular e aberto; amistoso e envolvido
com os colegas;
- Mais procurado pelos colegas;
- Mais preocupado e atencioso;
- Mais partilha, cooperação e prestatividade;
- Mais democrático no lidar com os outros.
Goleman (1995) acredita que o que as crianças
aprendem nas classes de alfabetização emocional tem
grande probabilidade de transpor os muros das escolas
e ser testado e praticado nos desafios reais da vida.
Considerações finais
Obter uma compreensão abrangente sobre o
outro implica considerá-lo em seus aspectos
biopsicossociais. A inteligência é definitivamente uma
temática que deve ser considerada, sobretudo em suas
Assertividade: declarar suas preocupações e
sentimentos sem ira nem passividade.
Comunicações: falar efetivamente de sentimentos;
tornar-se um bom ouvinte e perguntador; distinguir
entre o que alguém faz ou diz e suas próprias
reações ou julgamento a respeito; enviar
mensagens do "Eu" em vez de culpar.
Auto-revelação: valorizar a franqueza e construir
confiança num relacionamento; saber quando é
seguro arriscar-se a falar de seus sentimentos.
Intuição: identificar padrões em sua vida e reações
emocionais; reconhecer padrões semelhantes nos
outros.
Auto-aceitação: sentir orgulho e ver-se numa luz
positiva; reconhecer suas forças e fraquezas; ser capaz de rir de si mesmo.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 92
múltiplas facetas. Reconhecemos as teorias das
inteligências múltiplas e da inteligência emocional como
complementares, uma vez que abrem possibilidades de
se analisar a inteligência humana em todos os
diferentes aspectos e adaptações à cultura.
Muitas escolas que estão pondo em prática o
modelo de múltiplas inteligências utilizam a estratégia
que gira em torno da identificação do perfil de aptidões
naturais das crianças e do aproveitamento dos pontos
fortes, além da tentativa de escorar os pontos fracos.
Uma criança naturalmente talentosa em desenho
entrará com mais facilidade em fluxo nesse campo do
que naqueles em que é menos capaz. O professor que
tem conhecimento do perfil das aptidões de suas
crianças pode aprimorar a forma da aula,
proporcionando dessa maneira desafios adequados.
Fazer isso torna o aprendizado mais agradável e
estimulante.
Segundo as perspectiva atuais, a inteligência
acadêmica não oferece praticamente nenhum preparo
para o torvelinho que trazem as vicissitudes de vida.
Reconhece que, apesar de o indivíduo apresentar um
alto QI e isso não servir como garantia de progresso e
prosperidade, as escolas permanecem com essa
perspectiva, pois a cultura vigente concentra-se na
capacidade acadêmica e ignoram a inteligência
emocional.
A importância do trabalho de Goleman, para os
educadores, parece estar refletida no que ele chamou
de alfabetização emocional. Retrata a possibilidade de
que pais e educadores têm de ensinar essas essenciais
aptidões para a vida de toda criança.
Desta forma, quem sabe, possamos deixar um
legado consistente a nossos filhos - a aceitação e a
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 93
credibilidade na riqueza de nossas emoções.
Certamente, se isto for possível, estaremos dando
grandes passos em direção à uma mentalidade menos
conturbada.
EXERCÍCIO 1
Por que as teorias das inteligências múltiplas e da
inteligência emocional podem ser entendidas como
complementares?
( A ) Porque levam o indivíduo a ter um alto qi, através
de exercícios práticos;
( B ) Porque os autores são contemporâneos e um se
propõe a dar continuidade ao trabalho do outro;
( C ) Porque são teorias contraditórias;
( D ) Porque abrem a possibilidade de analisar a
inteligência humana em todos os seus diferentes
aspectos;
( E ) Porque seguem as mesmas idéias.
EXERCÍCIO 2
Na abordagem da inteligência emocional, as emoções
são consideradas:
( A ) Impulsos para a ação;
( B ) Impulsos pouco inteligentes;
( C ) Sensações que tomam o corpo;
( D ) Sensações sem significado;
( E ) Impulsos para o fracasso.
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 94
EXERCÍCIO 3
Escolha uma das inteligências apresentadas por
Gardner que tenha correspondência mais direta com a
área de conhecimento do nível superior na qual você
pretende atuar. Defina esta inteligência e analise sua
importância na prática docente de sua área.
Ex.: Arquitetura – Inteligência Espacial
Psicologia – Inteligência Interpessoal
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
EXERCÍCIO 4
Analise a importância da Inteligência Emocional do
desenvolvimento das competências indispensáveis ao
docente no nível superior.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
RESUMO
Vimos até agora:
Para Howard Gardner não existe apenas uma
inteligência única, mas 9 tipos de inteligência:
Lingüística, Lógico-Matemática, Espacial,
Musical, Corporal-Cinestésica, Intrapessoal,
Interpessoal, Naturalista e Existencial;
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 95
A inteligência para Gardner é pensada como
um potencial que permite a um indivíduo ter
acesso a formas de pensamento apropriadas
a tipos específicos de conteúdos;
A inteligência lingüística está relacionada a
facilidade de se organizar e externar idéias
facilitando a comunicação;
A inteligência musical permite à pessoa criar,
comunicar e comprender significados
compostos por sons;
A inteligência espacial refere-se a capacidade
de perceber imagens visuais ou espaciais
transformando, recriando e modificando estas
mesmo sem referência a um estímulo físico
original;
A inteligência lógico-matemática é a que
permite ao homem trabalhar com relações
abstratas e resolver problemas que envolvem
o raciocínio lógico-matemático;
A inteligência corporal-cinestésica diz respeito
a facilidade de movimentação do corpo de
forma a que esta possa atender a uma
determinada meta;
A inteligência intrapessoal é a que se
relacionaria com as habilidades que permitem
ao sujeito lidar com sua própria vida
sentimental (afetos e emoções) enquanto que
a inteligência interpessoal volta-se para a
capacidade de entender o outro e perceber
distinções entre as pessoas, especialmente no
que se refere aos seus humores;
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 96
A inteligência naturalista se refere a
competência humana relativa ao
entendimento do mundo e da natureza;
A inteligência existencial, por sua vez, Diz
respeito à sensibilidade e habilidade para
enfrentar as mais profundas questões sobre a
existência humana, tais como o significado da
vida, porque morremos, e de onde viemos;
Segundo Goleman a Inteligência Emocional é
a capacidade que o indivíduo tem de motivar-
se e persistir diante das frustrações, controlar
impulsos e impedir que emoções negativas
afetem nossa capacidade de pensar;
A inteligência emocional e o QI são
capacidades distintas e nem sempre
diretamente relacionadas;
Nossa avaliação de cada encontro pessoal e
nossas respostas dependem não apenas de
nossos julgamentos racionais e de nossa
história pessoal, mas também de nosso
passado ancestral distante;
Cada emoção prepara o corpo para um tipo
de resposta muito diferente, assim enquanto
no medo o sangue vai para os músculos do
esqueleto e das pernas facilitando a fuga, na
ira o sangue flui para as mãos facilitando
golpear o inimigo;
Para Goleman estas tendências biológicas
para agir são ainda mais moldadas por nossa
experiência e cultura;
Aula 4 | As contribuições de Gardner e de Goleman 97
A Alfabetização Emocional é um projeto
amplo que visa: autoconsciência emocional,
controle das emoções, canalização produtiva
das emoções, maior empatia e facilidade com
relacionamentos.
Afetividade e
Criatividade
Moema Sanchez Quintanilha
AU
LA
5
Ap
res
en
taç
ão
A questão chave dessa aula não é outra senão entender “qual
seria a relação entre afetividade e criatividade?” Para responder a
esse questionamento essa aula não apenas examina esses dois
processos de forma aprofundada como também tece
considerações sobre a importância da qualidade afetiva para uma
melhora da qualidade de vida em geral. Não há dúvidas na ótica
da autora que experiências emocionais positivas favorecem
experiências criativas e um aprendizado mais profícuo e
duradouro. O professor que deseja ter sucesso didático em sala de
aula precisa estar atento a teia de relações entre afetividade e
cognição, entre emoção e saber, tendo a clareza de que vivendo
uma afetividade sadia consigo e com o outro o aluno tem muito
mais disposição para aprender e trabalhar. Finalmente a autora
que não pretende apenas examinar tais questões apenas através
de uma abordagem teórica, sugere ainda uma série de atividades
práticas cuja realização permitirá entender melhor alguns dos
conceitos examinados nessa aula como o de afetividade sincera,
desejos e sincronicidade. Aproveite!
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Compreender com maior clareza as relações entre afetividade e
criatividade, bem como seus principais reflexos no processo de
construção do conhecimento;
Analisar a afetividade enquanto instrumento facilitador da
aquisição de novos conhecimentos e mudança de paradigmas e
a auto-transformação;
Examinar conceitos relacionados a temática da criatividade e
da afetividade como auto-estima, sincronicidade e afetividade
sincera.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 100
Introdução
Qual a relação entre afetividade e criatividade?
Essa sem dúvida é uma questão que merece a atenção
de quem se dedica a complexidade do processo criativo
e suas nuances.
O processo da criatividade está diretamente
vinculado à construção do conhecimento e aos
componentes sócio-emocionais, dependendo das
influências recebidas. Por sua vez, a predisposição para
o aprendizado na construção do conhecimento está
correlacionada com os componentes socioemocionais.
Conforme estivermos vivenciando nossa relação
afetiva, estaremos mais ou menos motivados para o
processo de aprendizado e para o processo da
criatividade.
Nossa capacidade para empreender releituras de
um mesmo objeto, romper com padrões até então
incorporados, reestruturar novas maneiras de ser e de
responder ao mundo exige de nós um encorajamento
que possa interferir nas emoções e sentimentos.
Pensemos, pois, na afetividade enquanto
instrumento a ser considerado para as buscas curiosas,
para adquirir novos conhecimentos e mudanças de
paradigmas, no interesse para descobrir, inventar e
adotar soluções que possibilitem a auto-transformação.
A motivação e o contexto criativo
Entre os principais fatores que contribuem para
o processo criativo, está a relação do indivíduo com sua
motivação afetiva direcionada para a experiência. O
termo motivação é definido por nós como toda situação
que desencadeie ações. A motivação influencia a
construção do conhecimento e é influenciada pelos
componentes socioemocionais presentes.
Dica da professora
Vamos fazer um exercício diferente. Tente responder a pergunta inicial sem ler o conteúdo da aula. No final da mesma refaça a si mesmo a pergunta e veja o quanto aprendeu.
Para refletir
Que exemplos você teria a dar sobre a correlação entre aprendizado e componentes socioemocionais?
Quer saber mais?
A palavra motivar significa “dar motivos” e de modo geral isso se refere a realização de algum tipo de ação. Saiba mais sobre este tema acessando o site: http://inqueritohoquei2003.no.sapo.pt/motivacao.html
Introdução 100 A motivação e o contexto criativo 100 O desejo e o prazer no aprender 102 A afetividade sincera e a sincronicidade 105 Exercícios práticos 109
Aula 5 | Afetividade e criatividade 101
Lembrando Einstein:
por detrás de toda realização existe a
motivação que é o seu fundamento, a
qual, por sua vez, é reforçada e
fortalecida pela própria realização e
atuação proposta.
Acompanhando este pensamento, poderemos,
então, dizer que, para as habilidades criativas
significativas serem desenvolvidas pelo indivíduo, tem
de haver também uma motivação afetiva para a
experiência e, ainda, como diz Maria Helena Novaes
(1975),
...os motivos estão sempre ligados às
necessidades que exigem ativação
intensa por parte do indivíduo no
sentido de procurar satisfazê-las e
reduzir os estados de tensão que
provocam.
(Novaes, 1975, p. 88)
O estímulo das experiências criativas também é
indicado a pessoas com distúrbios emocionais, pois
estas frequentemente apresentam dificuldades de
integração social, tendendo a sentir ameaça e
perseguição de tudo o que é externo, ao redor,
apresentando conflitos afetivo-sexuais. As experiências
criativas para estas pessoas lhes proporcionam maior
confiança em si mesmas, dando maior satisfação e
maior facilidade para estabelecer relações com os
demais.
Desta forma, para o aprender voltado a um
pensar mais dinâmico e mais flexível, mais aberto e
pronto para o desconhecido, levando-se em conta o
estímulo das inteligências múltiplas e da
modificabilidade cognitiva, deve-se colocar como
prioridade a qualidade motivacional, que inclui o
exercício da auto-estima, da autoconfiança, da
autonomia e da amorosidade em geral.
Importante
Como esclarece Novaes, a motivação está intrinsecamente ligada as necessidades humanas. No entanto para matar a fome eu posso comer muitas coisas tanto o trivial como aquele sorvete que a propaganda de TV quer que eu coma.
Você sabia?
Na chamada educação inclusiva a motivação ocupa um lugar de destaque no processo educativo. Com confiança em si mesmos e no potencial que detém é sempre muito mais fácil trabalhar questões ligadas a ensino e aprendizado.
Importante
Esteja atento(a) a ênfase da autora sobre o que seja qualidade motivacional
Aula 5 | Afetividade e criatividade 102
Somente munidos de uma qualidade
motivacional positiva, com segurança afetiva,
estaremos prontos para a passagem aos estágios
pertencentes ao ciclo da vida criativa. Como alguém se
submeteria a provações, desafios, obstáculos ou
mesmo à percepção sobre sua verdadeira relação com
o universo se não estivesse se sentindo seguro em sua
afetividade?
Assim, também, podemos pensar a respeito da
liberdade e da intimidade de lidar com nossa criança
interior que, para acontecer, exige de nós uma atitude
de respeito e amorosidade interior para conviver com a
própria simplicidade e autenticidade com a energia
emocional pessoal.
O desejo e o prazer no aprender
A capacidade de adaptação e de aprender a
aprender e de reaprender está diretamente voltada
para a qualidade no desejo e no prazer em sua
flexibilidade e modificabilidade.
O aprendizado passivo, acrítico, sem reflexão e
sem relação afetiva faz do homem objeto de seu
aprendizado e não contempla sua alma enquanto que o
aprendizado realizado com criticidade, com reflexão,
com prazer em sua interação e com interesse em sua
continuidade proporciona ao homem ser sujeito de seu
próprio aprendizado a caminho de sua individuação.
Pensando sobre a integridade da mente em seu
aspecto cognitivo, Cláudio Saltini (1999) coloca que
este processo só pode se dar pela articulação entre a
inteligência e a afetividade e suas possíveis relações,
considerando tanto o mundo externo com sua cultura,
natureza, regras preestabelecidas quanto o mundo
interno das pessoas em seu potencial cognitivo e
Importante
Crenças do tipo ”homem não chora” ou “uma mocinha não ri assim” são na verdade formas de desrespeito as emoções individuais.
Dica da professora
Um dos desafios do professor do ponto de vista didático é conseguir afetar seus alunos, afetar do ponto de vista emocional, despertando nos mesmos um desejo de conhecer o assunto que está sendo explicado. Isso implica em uma forma de ensinar que leve o aluno a
refletir, a se comprometer com o tema ensinado. É isso que chamamos de relação afetiva com o conhecimento.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 103
afetivo. Ele também defende a experimentação da
realidade mais ampla e mais profunda que existe
dentro de cada indivíduo. Para ele, somente através
de uma experiência afetiva e não pelo ato intelectual, é
que se dá o processo da autodescoberta, possibilitando
descobrir o outro como ele é:
Acredito que de um encontro de amor,
seja ele com o objeto ou mesmo com o
outro, nasce e transforma-se a vida;
mudam-se os destinos, tiram-se do
nada todo um mundo de projetos e
idéias que antes não existiam. Nasce
uma espera, consolida-se um tempo e
apalpa-se um espaço. As pulsões se
transformam e sublimam-se, e, assim,
educamos um ser para si e para o seu
meio.
(Saltini, 1999, p. 15)
Para Saltini, o espaço destinado à educação
deveria, como prioridade, entender de amor, de
sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores antes de
entender de conteúdos e técnicas educativas. Em suas
reflexões, o estudioso constata que a transformação do
real em uma realidade interna é uma obra feita pela
mente com o sistema biofisiológico, afetivo e cognitivo:
Conhecer é pensar, inventar, é
descobrir e conectar as qualidades e
atributos dos objetos recompondo com
a minha capacidade criadora o real
externo dentro de minha mente. Este
é o significado do aprender. Não
aprendo aquilo que o outro me dá
pronto. Aprendo em função daquilo
que posso trabalhar sobre o que o
outro me diz, ou daquilo que o objeto
me mostra ou descubro. Construo,
invento, sempre dentro de minhas
necessidades e do campo de
possibilidades.
(Saltini, 1999, p. 15)
Saltini sugere ainda que os espaços escolares
deveriam estimular mais as crianças em suas
curiosidades, descobertas, na exposição de suas idéias
Dica de leitura
Sobre esta articulação entre inteligência e afetividade vale conhecer as discussões na área de inteligência emocional. Eis duas obras que podem ajudá-lo. A primeira tem um cunho mais teórico e é do criador do conceito de inteligência emocional. A segundo por sua vez desenvolve uma série de idéias práticas para trabalhar com alunos a partir da lógica da inteligência emocional. GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. ANTUNES, C. A inteligência Emocional na Construção do novo Eu. Petrópolis: Vozes, 2000.
Para pensar
A partir do que Saltini entende sobre a transformação do real em uma realidade interna que elementos você entende que o educador deve estar atento na sala de aula?
Aula 5 | Afetividade e criatividade 104
próprias, se colocando dentro de um continente afetivo
e também deveriam valorizar mais o aspecto figurativo
em relação ao aspecto operativo. Por figurativo, o autor
entende esse espaço como um 'espaço' da mente,
captado em um momento de prazer e de satisfação e
que busca um lugar e uma ordem explicativa na
consciência (estruturas). Diz ele:
O hábito de expor o que sentimos
afetivamente nos dá condições de
operar constantemente o mundo
interior das fantasias e dos desejos e,
conseqüentemente, das configurações
interiores.
(Id., 1999, p. 20)
As estratégias educacionais reconhecidas por
Saltini são as que criam relações adequadas, afetivas,
carinhosas, favorecendo que a criança restabeleça sua
beleza, diante de si e do mundo, na medida em que
aprende. Nestas o educador promove interação entre a
criança e o meio, ora criando situações-problema para
que a criança descubra e invente soluções, ora dando
apoio no sentido de que estejam juntas nesta busca,
que crie desafios e estímulos para buscar o
conhecimento através de pesquisas.
Saltini associa afetividade e cognição ao que
concebe por “beleza da vida”:
A beleza da vida é poder ter um
objetivo - não qualquer um, não
qualquer coisinha, mas algo realmente
válido, algo maior - e poder lutar por
esse objetivo, lutar para alcançá-lo.
(Ibid., 1999, p. 46)
Com as crianças, ele aprendeu que uma vida
sem objetivo é uma vida sem alegria. Segundo ele,
para que isto aconteça, é necessário uma educação que
ajude a cultivar objetivos que contemplem o
conhecimento de si suficientemente profundo, corajoso
e abrangente para poder conter o existir, para garantir
Dica da professora
Hierarquizadas e formais. É uma lástima que nossas salas de aula não sejam este espaço onde o prazer e a satisfação se aliem a consciência na construção de uma humanidade melhor.
Para pensar
E você tem esse hábito de expor seus sentimentos? Sim? Não? Porque?
Importante
Independente da disciplina lecionada é fundamental que o professor estabeleça estratégias educativas claras que favoreçam a criança descobrir e interagir com o mundo.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 105
a qualidade dessa alegria, que ajude a acordar, que
ajude a assumir a própria vida, que leve o ser a
procurar e aspirar à verdade.
Como exemplo de iniciativa onde a afetividade e
o conhecimento podem atuar juntos dando resultados
bem criativos, temos o Sistema de Reggio Emilia de
Educação Municipal para a Primeira Infância, situado na
cidade de Reggio Emilia. A ênfase do trabalho está no
estímulo à interatividade, na intensidade dos
relacionamentos, no espírito de cooperação e no
esforço individual e coletivo na realização de pesquisas.
Como depoimento, Loris Malaguzzi, fundador e por
muitos anos diretor, explica:
O que pretendemos fazer é
acompanhá-la (a criança), tão longe
possível, no reino do espírito criativo.
Nada mais nos é possível. No fim do
caminho, está a criatividade. Não
sabemos se a criança desejará
percorrer o trajeto até o final, mas o
importante é que não lhe mostramos
apenas a estrada, mas também lhe
entregamos as ferramentas:
pensamentos, palavras,
relacionamentos, solidariedade, amor.
Isso alimenta a esperança de alcançar
um momento de alegria.
(Apud. Goleman, Kauffman, Ray,
1992, p. 73-74)
A afetividade sincera e a sincronicidade
Para fluirmos em nossas transformações, é
necessário nos permitirmos criar, arriscar, agir com o
coração, com nossa afetividade para estarmos abertos
ao imprevisível e desenvolvermos nossas percepções.
Vivendo com afetividade por nós mesmos e
pelos outros, nos sentimos mais aptos para trabalhar
com a alteridade e diversidade, sem nos sentirmos
ameaçados, inseguros devido às diferenças encontradas
e, sim, enriquecidos.
Quer saber mais?
Veja como alguns estudantes de Psicologia optaram por entender o papel da afetividade na escola, através do site: http://www.puc-campinas.edu.br/pesquisa/i_semana_cientifica/iniciacao_resumos/F92B5A01-10C7-46DA-A9D8-F1E4C1B7F01D.pdf
Dica de leitura
Sobre esse tema vale a pena conhecer a obra de Nilson Guedes. GUEDES, N. Pedagogia do Amor. Rio de Janeiro: WAK, 2000.
Para navegar
Veja como Célia Souza trabalhou a importância da temática afetividade na formação da auto-estima dos alunos. Basta consultar o site: http://www.nead.unama.br/bibliotecavirtual/monografias/a_afetividade_na_formacao_da_auto.pdf
Aula 5 | Afetividade e criatividade 106
Leo Buscaglia (1995) sugere que, a exemplo do
Camboja, por conta das monções, as pessoas deveriam
reconhecer o valor de si e dos outros, descobrindo pela
experimentação que precisam umas das outras e são
necessárias umas às outras. O reconhecimento do valor
de si e dos outros e o verdadeiro sentimento de
liberdade, segundo o autor, são feitas através da
vivência do amor e do respeito à própria singularidade.
Em relação a este assunto, ele comenta:
Acho, que se eu pudesse ter um único
desejo na vida, seria devolver você a
você. Não em termos de
egocentrismo, mas em termos do fato
de que você sabe que pode tornar essa
pessoa - você - a pessoa mais
maravilhosa, mais notável, mais
franca, mais bela, mais criativa do
mundo. Não para guardar, mas para
dar, pois você só pode dar aos outros
aquilo que possui. Se você é
ignorante, ensina a sua ignorância;
portanto, tem que trabalhar para sua
sabedoria. Se você estiver
acorrentado, ensinará o seu
preconceito e, portanto, tem que
trabalhar pela sua liberdade pessoal.
Tudo parte de você. Se eu faço alguma
coisa por mim, faço-o por você.
Quanto mais próximo eu chego de me
amar, mais amor terei para lhe dar.
Acho que temos de dizer isso muito
cedo às crianças.
(Buscaglia, 1995, p. 161-162)
A escolha pelo caminho do amor pode ser
solitária por exigir a verdade dos sentimentos, sendo
que este nem sempre é o procedimento combinado
socialmente para as relações de aceitação e de
inclusão, por isso, muitos temem este caminho por
também arriscar a incompreensão e a rejeição por
parte de seu meio social. Entretanto, o ser solitário,
desacompanhado dos outros, não viverá
necessariamente a solidão, pois esta outra categoria se
refere aos que estão sozinhos de si mesmos, por terem
deslocado seu centro para fora de si.
Para navegar
Saiba mais sobre Léo Buscaglia e sua obra consultando o site:
http://www.pcs.matrix.com.br/vliopard/general/general_121598.htm
Dica de leitura
Se aprofunde nessa visão onde a educação é baseada nos caminhos do amor através da leitura da obra de LéoBuscaglia: BUSCAGLIA, L. Vivendo, Aprendendo e Amando. São Paulo: Record, 1982.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 107
Devido, muitas vezes, ao receio de não receber
o reconhecimento dos outros, não quiseram se arriscar
mostrando seus sentimentos, seus desejos, suas
fragilidades, ou mesmo, não se comprometendo
afetivamente com nada por medo de não serem
correspondidos em suas expectativas e abandonaram
seus sonhos mais íntimos, suas sensibilidades mais
próximas e se perderam de si próprios.
Mas que valor tem a vida para alguém
valorizado, reconhecido ou acompanhado pelos outros
superficialmente, mas longe de si próprio? Não será a
própria escolha de viver uma escolha para riscos?
Diz Buscaglia (1995):
A pessoa que não arrisca nada, não faz
nada, não tem nada, não é nada e não
se torna coisa alguma. Pode evitar o
sofrimento e a tristeza, mas não pode
aprender, sentir, modificar-se, crescer,
amar e viver. Acorrentado por suas
certezas, é um escravo. Foi privado do
direito de sua liberdade. Somente a
pessoa que arrisca é verdadeiramente
livre. Experimente e veja o que
acontece.
(Buscaglia, 1995, p. 223)
Para fluirmos em nossa criatividade, precisamos
adquirir a segurança de se entregar, aceitando a
impresivibilidade, a transitoriedade e a eternidade. Diz
Nachmanovitch (1993):
Sabemos o que poderá acontecer no
dia seguinte ou no minuto seguinte,
mas não sabemos o que vai acontecer.
Na medida em que nos sentimos
seguros do que vai acontecer,
trancamos as possibilidades futuras,
nos isolamos e nos defendemos contra
essas surpresas essenciais. Entregar-
se significa cultivar uma atitude de não
saber, nutrir-se do mistério contido em
cada momento, que é certamente
surpreendente e sempre novo.
(Nachmanovitch, 1993, p. 30)
Para refletir
Como você entende o questionamento da autora? Concorda com suas palavras ou acha suas idéias um tanto radicais?
Quer saber mais?
Um outro grande estudioso dessas questões na área de educação foi Wallon. Saiba mais sobre ele e suas idéias através do acesso aos sites: www.navinet.com.br/~gualberto/wallon.htm http://www.crmariocovas.sp.gov.br/dea_a.php?t=009
Aula 5 | Afetividade e criatividade 108
Quando se permite uma criação compartilhada
de total despojamento, com intensidade no processo
vivencial e em sua qualidade, mas com desapego aos
ganhos e conquistas externas, fortalece-se a
solidariedade, o respeito, a compreensão das
diversidades, o diálogo e o espírito comunitário
verdadeiros. Sobre o que se procede na criação
compartilhada na música, podemos ouvir o violinista
Nachmanovitch (1993):
O que brota é uma revelação para nós
dois. Um terceiro estilo, totalmente
novo, nos supera. É como se
tivéssemos nos tornado um organismo
grupal que tem uma natureza própria
e um peculiar modo de ser, um
elemento único e imprevisível, que é a
personalidade ou o cérebro grupal.
(Id., 1993, p. 91)
A afetividade sincera em fluidez contribui para
um estado de harmonia e possibilita a sincronicidade.
Sincronicidade foi um termo empregado por Jung para
se referir à ocorrência de modo coincidente, no tempo e
no espaço, de eventos que, embora nem sempre
obedeçam às leis da causalidade, estabelecem
conexões significativas do ponto de vista psicológico.
Jung acreditava que os eventos sincronísticos seriam
atos de criação, seguindo a idéia chinesa de que o
homem pode entrar em sincronia através da superlativa
sinceridade interior. A sincronicidade corresponde a
uma ressonância entre os elementos, é um respirar
junto, pulsar junto, pensar e responder junto. Nas
observações de Nachmanovitch (1993):
Podemos experimentar esse fenômeno
mesmo sem estarmos tocando,
dançando ou representando em grupo.
Para um escritor, por exemplo, as
bibliotecas são ótimos lugares para se
trabalhar, porque, embora as pessoas
que nos cercam sejam totalmente
estranhas e cada uma esteja fazendo o
seu trabalho, o ritmo silencioso de pes-
Para navegar
Sobre o conceito de sincronicidade em Jung não deixe de consultar o site: http://brazil.skepdic.com/carljung.html
Para refletir
Você acha possível que o homem possa entrar em sincronia? Como poderíamos desenvolver, em sua opinião essa afetividade sincera?
Aula 5 | Afetividade e criatividade 109
soas trabalhando juntas aumenta a
energia de cada uma para o trabalho.
Sentimos que o sincronismo reforça a
concentração e nosso compromisso de
estar no trabalho.
(Id., 1993, p. 96)
Podemos dizer, por outras comprovações e a
partir das observações desse autor, que uma das
principais qualidades na formação criativa de um
educador ou de um terapeuta é o seu equilíbrio
emocional, sua maturidade, enquanto processo de
compreensão e individuação, e sua afetividade sincera
para oferecer a si próprio e aos outros o que reconhece
como há de melhor em si.
Na identificação e aceitação dos próprios limites,
no desapego aos conteúdos fúteis, na recuperação da
própria autencidade, na permissão de poder ser
verdadeiro, fluímos em nossa afetividade sincera e
plena, a caminho da liberdade criativa de Ser:
A libertação, o despertar para a
criatividade, ocorre quando finalmente
percebemos nossa verdadeira relação
com o universo, ao qual não devemos
ceder nem resistir - quando
percebemos que somos parte do Todo.
(Ibidem., 1993, p. 173)
A seguir sugerimos alguns exercícios. Mesmo
que haja alguma dificuldade e necessidade de
adaptação sugerimos que você tente realizá-los.
Sucesso em sua empreitada!
Exercícios práticos
1º EXERCÍCIO - CURIOSIDADE E ATENÇÃO
DIRIGIDA
Materiais necessários: venda para os olhos.
Fonte: SANTINI, Cláudio. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro:
DP&A, 1999: 51.
Dica da professora
NADA DE DESÂNIMO: Como já foi dito com
relação a outros itens referentes a qualidade ideal de uma determinada função ou categoria, devemos entender esse parágrafo como uma carta de intenções. Uma lista de metas e objetivos a serem buscados, nunca como motivo de desânimo.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 110
1º Momento: colocar uma venda nos olhos e
tocar o rosto de uma pessoa que conhece muito,
observando todos os detalhes. Pode ser o rosto do pai,
da mãe, do filho, do irmão, do amigo. Descrever o que
está percebendo e que, antes de tocar com a atenção
direcionada, não tinha conhecimento.
2º Momento: fazer a atividade da venda nos
olhos apalpando objetos simples do cotidiano como a
maçaneta da porta, um abajur, objetos de uma mesa
de estudo. Observar as características, antes
desconhecidas, a respeito dos objetos tocados com a
atenção direcionada.
Objetivos: Cultivar a curiosidade, despertando
sempre a atenção sobre nossas impressões,
comparando as diferenças dos objetos, pessoas e
coisas antes e depois da experiência.
Contexto: este exercício pode ser feito com
apenas uma pessoa ou um grupo que esteja dividido
em duplas e que troquem de papéis entre si.
Observação Cláudio Saltini, após ter realizado a
experiência com outras pessoas, comenta:
É interessante verificarmos como as
pessoas descrevem uma maçaneta da
porta como dura, consistente e
complicada quando a tocam de olhos
fechados. Apesar de tocarem-na a
todo instante nunca fazem uma leitura
completa, porque o estímulo está na
quantidade de energia focalizada em
um objeto advinda de dentro e não de
fora do indivíduo.
(Saltini, 1999, p. 51)
2º EXERCÍCIO - COLAGEM DOS DESEJOS
Materiais necessários: ilustrações de revistas,
retratos antigos, pilots ou canetas, papel de suporte,
cola, tesoura.
:: Cabra-cega:
Este é um exercício simples com resultados bastante interessantes no que se refere ao desenvolvimento da percepção de si e do mundo.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 111
1º Momento: faça, inicialmente, uma
mentalização sobre o que gostaria de resolver em sua
vida - desejos sobre a vida afetiva, familiar,
profissional, espiritual, sobre a saúde, as qualidades
que gostaria de desenvolver plenamente. Relaxe e
respire profundamente.
2º Momento: folheie as ilustrações e selecione
as que lhe atraírem, sem questionar o porquê. Recorte
as ilustrações e faça uma colagem. Se tiver vontade,
escreva palavras que lhe venham à mente. Escreva o
que sentiu. Escolha um lugar para ser colocada a
colagem.
Objetivos: este exercício é indicado para
conectar a mente inconsciente com as imagens,
permitindo, no inconsciente, maior fluidez para as
realizações desejadas.
Contexto: as colagens podem ser indicadas
como ferramentas criativas após leitura de contos,
momentos de reflexão, momentos de decisão, podendo
ser feitas várias vezes.
3º EXERCÍCIO - SEMEANDO E COLHENDO
Materiais necessários: folhas de papel em
branco e caneta, lápis de cera ou pastel.
1º Momento: respire profundamente, relaxe e
visualize os pensamentos como sementes que são
plantadas e que brotam como fatos. O solo é o seu
subconsciente que trabalha o tempo todo a favor de
suas impressões e sugestões. Que sejam, então,
positivas!
2º Momento: com caneta e papel na mão,
entre no fluxo da escrita sem parar para julgar:
Dica da professora
Experimente fazer o exercício primeiro com você mesmo para depois aplicar em outros. Sinta cada nuance diferente que o exercício pode lhe oferecer.
Dica da professora
Este é um exercício extremamente útil para quem deseja acessar o inconsciente sem grandes resistências. Vale a pena experimentar.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 112
a) situações, fatos e relações afetivas que
considera felizes, saudáveis e ideais;
b) crenças de coisas que sempre aceitou
sem questionar;
c) releia o que escreveu e risque ao lado das
que não deseja manter, copie-as num papel à parte e
queime este papel;
d) pense numa situação de felicidade e
gratidão que tenha vivido e descreva o momento,
pessoas em volta, detalhes dos sentidos percebidos que
tenha guardado na memória;
e) situações e relações afetivas que deseja,
que queira realizar para o seu bem;
f) mudanças de atitudes internas
necessárias para que sejam possíveis as realizações
almejadas;
g) faça um desenho simbólico sobre as
novas mudanças internas e as realizações.
Objetivos: responsabilizar-se pelos
pensamentos. Experimentar a relação entre a energia
da intenção e a ação. Lembrar-se de que os
pensamentos, crenças e motivações das formas mais
variadas influenciam os fatos e as ações posteriores.
Contexto: este é um exercício para ser feito
individualmente, em um momento que se deseja passar
por alguma mudança interna e externa.
4º EXERCÍCIO - OBSERVAÇÃO DOS RITMOS E
CARACTERÍSTICAS EXPRESSIVAS E AFETIVAS
Materiais necessários: nenhum.
1º Momento: entrar em um ambiente de aula e
observar o ritmo do professor e as características
expressivas e afetivas dos alunos. Entrar em vários
outros ambientes de aula e observar o ritmo do
Dica da professora
Faça anotações para não esquecer detalhes importantes.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 113
professor e dos alunos. Comparar as diferenças
apresentadas entre as observações.
2º Momento: em núcleos comunitários e
familiares, observar o ritmo e as características
expressivas e afetivas dos líderes e de seus
participantes. Comparar as diferenças apresentadas
entre as observações.
3º momento: observar, dentro de diversos
ambientes profissionais, sociais, e comparar as
diferenças de ritmo, as características expressivas e
afetivas de acordo com a diversidade dos ambientes
observados.
Objetivos: este exercício de observação tem o
objetivo de verificar as possíveis influências e
interações rítmicas e características expressivas e
afetivas entre co-participantes de um mesmo ambiente
físico durante um mesmo período de tempo.
Contexto: Este exercício é para ser feito
individualmente e depois ser compartilhado com as
pessoas que passaram pela mesmas experiências.
EXERCÍCIO 1
O grande ganho para o homem em ter um aprendizado
realizado com criticidade, com reflexão é:
( A ) Que ele aprende com uma relação conflitante;
( B ) Ter um aprendizado sem afetividade;
( C ) Ser objeto de sua aprendizagem;
( D ) Ser sujeito de seu próprio aprendizado a caminho
de sua individuação;
( E ) Não ter interesse em sua continuidade.
Aula 5 | Afetividade e criatividade 114
EXERCÍCIO 2
A capacidade de adaptação e de aprender a aprender e
de reaprender está diretamente voltada para:
( A ) A qualidade de vida que a pessoa leva;
( B ) Prazer de ver a sua capacidade de assimilação;
( C ) A qualidade no desejo e no prazer em sua
flexibilidade e modificabilidade;
( D ) Quanto a pessoa deseja sentir-se amada;
( E ) A afetividade que está para ser desenvolvida.
EXERCÍCIO 3
Comente o pensamento de Saltini sobre o PROCESSO
DA AUTODESCOBERTA?
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
EXERCÍCIO 4
Na sua opinião, qual é a importância da afetividade
para o desenvolvimento da criatividade e da
aprendizagem?
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Aula 5 | Afetividade e criatividade 115
RESUMO
Vimos até agora:
O processo da criatividade está diretamente
vinculado à construção do conhecimento e
aos componentes sócio-emocionais,
dependendo das influências recebidas;
O termo motivação é definido por nós como
toda situação que desencadeie ações;
A motivação influencia a construção do
conhecimento e é influenciada pelos
componentes socioemocionais presentes;
O aprendizado passivo, acrítico, sem reflexão
e sem relação afetiva faz do homem objeto
de seu aprendizado e não contempla sua
alma enquanto que o aprendizado realizado
com criticidade, com reflexão, com prazer em
sua interação e com interesse em sua
continuidade proporciona ao homem ser
sujeito de seu próprio aprendizado a caminho
de sua individuação;
Vivendo com afetividade por nós mesmos e
pelos outros, nos sentimos mais aptos para
trabalhar com a alteridade e diversidade, sem
nos sentirmos ameaçados, inseguros devido
às diferenças encontradas e, sim,
enriquecidos.
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS: AULA 1 – 2E; 3A. AULA 2 – 1B; 2C. AULA 3 – 1C; 2E. AULA 4 – 1D; 2A. AULA 5 – 1D; 2C.
AV1 – Estudo Dirigido da Disciplina
CURSO: Estratégias e Políticas no Ensino Superior
DISCIPLINA: Teorias da Aprendizagem
ALUNO(A): MATRÍCULA:
NÚCLEO REGIONAL: DATA: _____/_____/___________
QUESTÃO 1: A partir dos conceitos aqui apresentados, defina o que é
aprendizagem:
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
QUESTÃO 2: Apresente as principais características e representantes das
abordagens cognitivista e sócio-histórica das Teorias da Aprendizagem.
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
QUESTÃO 3: Fale sobre o conceito de inteligência, sua transformação na história e
as perspectivas contemporâneas mais significativas sobre este tema.
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
QUESTÃO 4: Escolha uma das inteligências apresentadas por Gardner que tenha
uma correspondência mais direta com a área de conhecimento do nível superior na
qual você pretende atuar. Defina esta inteligência e analise sua importância na
prática docente de sua área.
Ex.: Arquitetura – Inteligência Espacial
Psicologia – Inteligência Interpessoal
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
ATENÇÃO:
Na realização das avaliações (AV1 e AV2), procure desenvolver uma
argumentação com suas próprias palavras.
Observe que é importante você realizar uma pesquisa aprofundada para atender
aos objetivos propostos consultando diferentes autores. No entanto, é
fundamental diferenciar o que é texto próprio de textos que possuem
outras autorias, inserindo corretamente as referências bibliográficas
(citações), quando este for o caso.
Vale lembrar que essa regra serve inclusive para os nossos módulos, utilizados
com freqüência para as respostas das avaliações.
Em caso de dúvidas, consulte o material sobre como realizar as citações diretas
e indiretas ou entre em contato com o tutor de sua disciplina.
AS AVALIAÇÕES QUE DESCONSIDERAREM ESTE PROCEDIMENTO ESTARÃO
SEVERAMENTE COMPROMETIDAS.
AV2 – Trabalho Acadêmico de Aprofundamento
CURSO: Estratégias e Políticas no Ensino Superior
DISCIPLINA: Teorias da Aprendizagem
ALUNO(A): MATRÍCULA:
NÚCLEO REGIONAL: DATA:
_____/_____/___________
Atividade Sugerida: Entrevista com um profissional da área de educação
(supervisor, orientador, pedagogo, psicólogo, etc.)
Sugerimos aqui que você faça uma breve entrevista com um profissional
da área de educação solicitando-lhe mais informações sobre os temas
discutidos nesta disciplina.
Sugerimos que você grave a entrevista e depois apresente sua análise dos
dados.
Abaixo, uma indicação de roteiro para a entrevista que pode ser adaptado
de acordo com seu interesse.
Identificação:
Idade:
Sexo:
Tempo de atuação profissional:
Área de atuação profissional:
Perguntas:
1. Quais as teorias da aprendizagem que você considera mais
importantes para a educação?
2. Qual a sua opinião sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas de
Gardner e a de Inteligência Emocional de Goleman?
3. Como profissional da área de educação que problema você considera
mais frequente na prática do professor universitário?
4. Você quer dizer mais alguma coisa sobre este tema da aprendizagem
no nível superior que você considere relevante?
Sua análise das respostas do profissional:
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ALENCAR, Eunice Soriano. Como desenvolver o potencial criador –
um guia para a liberação da criatividade em sala de aula.
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ANTUNES, Celso. As Inteligências Múltiplas e seus Estímulos. São
Paulo: Papirus, 1998.
ASSMAN, Hugo – Reencantar a educação, rumo à sociedade
aprendente. Petrópolis: Vozes, 1998.
BAREMBLITT, Gregório. Análise Institucional. Rio de Janeiro: Rosa
dos Tempos, 1998.
BION, W. R. Transformaciones Del Aprendizaje al Crecimiento.
Buenos Aires: Centro Editor de La América Latina, 1972.
BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, amando e aprendendo. Trad. de Luzia
Caminha Machado da Costa. Rio de Janeiro: Record, 1995.
CASTORINA, J. Antonio e outros. Piaget – Vygotsky. São Paulo:
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FERRAZ, Maria Heloisa C. T. e SIQUEIRA, Idmeia S. Próspero.
Arte-educação: vivência, experimentação ou livro didático? São
Paulo: Loyola, 1997.
FONSECA, V. Aprender a Aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
FREITAS, Maria Teresa Assunção. Vygotsky e Bakthin: Psicologia e
Educação - um intertexto. São Paulo: Ática, 1994.
GARDNER, Howard. Inteligência, um contexto reformulado. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática.
Rio de Janeiro: Artes Médicas, 1993.
GOLEMAN, Daniel; KAUFMAN, Paul; RAY, Michael. O espírito
criativo. Trad. Gilson César Cardoso de Sousa. São Paulo: Cultrix,
1992.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro:
Objetiva, 1995.
GOULART, Íris Barbosa. Psicologia da Educação. Petrópolis: Vozes,
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HALL, Calvin S. Teorias da Personalidade. Porto Alegre: ArtMed,
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KAHHALE, Edna M. Peters. A diversidade da Psicologia: uma
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