curso direito econômico p/ concurso pgfn

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Aula 00 Direito Econômico p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015 Professor: Daniel Mesquita 00000000000 - DEMO

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1. Aula 00 Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015 Professor: Daniel Mesquita 00000000000 - DEMO 2. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita AULA 00: Ordem Constitucional Econmica SUMRIO 1. APRESENTAO..................................................................................................................................2 2. CRONOGRAMA .....................................................................................................................................3 3. INTRODUO AULA 00 .................................................................................................................5 4. ORDEM CONSTITUCIONAL ECONMICA: PRINCPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONMICA..................................................................................................................................................6 4.1 FUNDAMENTOS E PRINCPIOS ..................................................................................................................7 4.2 CAPITAL ESTRANGEIRO ..................................................................................................................... 14 4.3 EXPLORAO DA ATIVIDADE ECONMICA PELO ESTADO............................................................... 15 4.3.1 CASOS DE EXPLORAO DIRETA ..................................................................................................................16 4.3.2 EMPRESAS PBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA......................................................................17 4.3.3 REPRESSO AO ABUSO DE PODER ECONMICO ..........................................................................................24 4.4 REGULAO, SERVIO PBLICO E EXPLORAO MINERAL ............................................................ 26 4.4.1 ART. 174, CAPUT............................................................................................................................................26 4.4.2 ART. 174, PARGRAFOS ................................................................................................................................30 4.4.3 ART. 175 SERVIOS PBLICOS .................................................................................................................34 4.4.4 ART. 176 - JAZIDAS E DEMAIS RECURSOS MINERAIS ................................................................................38 4.5 OUTRAS PREVISES CONSTITUCIONAIS ........................................................................................... 43 4.5.1 MONOPLIOS DA UNIO................................................................................................................................43 4.5.2 CONTRIBUIO DE INTERVENO NO DOMNIO ECONMICO ................................................................49 4.5.3 ARTIGOS 178 A 181: DISPOSIES FINAIS.................................................................................................49 5. ORDEM JURDICO-ECONMICA. CONCEITO. ORDEM ECONMICA E REGIME POLTICO .................................................................................................................................................... 52 6. RESUMO DA AULA............................................................................................................................ 55 7. QUESTES COMENTADAS............................................................................................................. 58 8. OUTRAS QUESTES DE CONCURSOS......................................................................................... 66 00000000000 00000000000 - DEMO 3. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita 1. Apresentao Bem vindos ao curso de Direito Econmico, preparatrio para o concurso de Procurador da Fazenda Nacional- PGFN! O edital sair em breve SE VOC ESTUDAR, VOC VAI PASSAR. E SE VOC PASSAR, VOC VAI SER CHAMADO! Hoje eu estou aqui desse lado, tentando passar o caminho das pedras pra voc, mas lembre-se de que eu j estive a, onde voc est agora. Pra voc me conhecer melhor, vou falar um pouco de mim. Meu nome Daniel Mesquita, sou formado em Direito pela Universidade de Braslia (UnB) e ps-graduado em direito pblico. A minha vida no mundo dos concursos teve incio em 2005, quando me preparei para o concurso de tcnico administrativo rea judiciria do Superior Tribunal de Justia. J nesse concurso, obtive xito e trabalhei por dois anos no Tribunal, na assessoria de Ministro da 1 Turma. Em seguida, passei para o concurso de analista do Tribunal Superior Eleitoral (CESPE/UnB), na quarta colocao. A partir da, meu estudo foi focado para as provas de advogado pblico (AGU, procuradorias estaduais, defensorias pblicas etc.), pois sempre tive como objetivo a carreira de Procurador de Estado ou do Distrito Federal. Nem tudo na vida so louros. Nessa fase obtive muitas derrotas e reprovaes nos concursos. Desanimei por algumas vezes, mas continuei firme em meu objetivo, pois s no passa em concurso quem pra de estudar! E essa atitude rendeu frutos, logo fui aprovado no concurso de Procurador Federal AGU. 00000000000 00000000000 - DEMO 4. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Continuei estudando, pois ainda faltava mais um degrau: Procuradoria de Estado ou do Distrito Federal. Foi ento que todo o suor, dedicao, disciplina, renncia e privaes deram o resultado esperado, logrei aprovao no concurso de Procurador do Distrito Federal. Tomei posse em 2009 e exero essa funo at hoje. No posso deixar de mencionar tambm a minha experincia como membro de bancas de concursos pblicos. A participao na elaborao de diversas provas de concursos, inclusive para tribunais, me fez perceber o nvel de cobrana do contedo nas provas, as matrias mais recorrentes e os erros mais comuns dos candidatos. Espero que a minha experincia possa ajud-lo no estudo do direito econmico. Vamos tomar cuidado com os erros mais comuns, aprofundar nos contedos mais recorrentes e dar a matria na medida certa, assim como um bom mdico prescreve um medicamento. Para que esse medicamento seja suficiente, ele deve atacar todos os sintomas e, ao mesmo tempo, deve ser eficiente contra o foco da doena. Isso quer dizer que no podemos deixar nenhum ponto do edital para trs. Alm disso, buscarei usar muitos recursos visuais para que a apreenso do contedo venha mais facilmente. Para reforar a aprendizagem, resumirei o contedo apresentado ao final de cada aula e apresentarei as questes mencionadas ao longo da aula em tpico separado, para que voc possa resolv-las na vspera da prova. Todos esses instrumentos voc ter a sua disposio para encarar a batalha. 2. Cronograma 00000000000 00000000000 - DEMO 5. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Num concurso com muitos inscritos como esse, voc no pode perder tempo e deve lutar com as armas certas. A principal arma para voc vencer essa batalha o planejamento. Nesse curso sero ministradas 06 aulas de direito econmico, cada uma com os seguintes temas, de acordo com os pontos previstos no edital: Aula 00 - 03/04/2015 8. Ordem constitucional econmica: princpios gerais da atividade econmica. Poltica agrcola e fundiria e reforma agrria. 9. Ordem jurdicoeconmica. Conceito. Ordem econmica e regime poltico. Aula 01- 07/04/2015 11. Sujeitos econmicos. 12. Interveno do Estado no domnio econmico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de interveno. Interveno no direito positivo brasileiro. Aula 02 - 14/04/2015 13. Norma Antitruste. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia. Parte I. Aula 03 - 23/04/2015 13. Norma Antitruste. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia. Parte II. Aula 04 -30/04/2015 Preveno e represso s infraes contra a ordem econmica. Aula 05 - 05/05/2015 00000000000 00000000000 - DEMO 6. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita 10. Ordem econmica internacional e regional. Aspectos da ordem econmica internacional. Definio. Normas: direito econmico internacional. Aspectos da ordem econmica regional. Definio. Normas: direito econmico regional MERCOSUL. Com base nesse cronograma, voc j pode planejar o seu estudo, dividindo o tempo que voc tem at a prova pelas matrias do edital. Dedique-se mais s matrias que tem maior peso e quelas em que voc no tem muito conhecimento. Faa uma escala de estudos e cumpra-a. Se voc seguir essas dicas, no tem erro, voc vai passar! 3. Introduo aula 00 A primeira coisa que voc deve manter em mente ao estudar direito econmico que, bem, envolve economia. Essa afirmao, que pode parecer um pouco redundante, muito importante para auxiliar no estudo dessa matria. Isso porque as normas que iremos estudar s iro fazer sentido se voc conseguir entender qual a questo econmica por trs delas. Nessa aula, ns iremos estudar diversas normas da constituio. Estas normas so difceis de decorar se voc no entende a razo por trs delas. Por exemplo, veja o art. 172 da Constituio: Art. 172. A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivar os reinvestimentos e regular a remessa de lucros. Voc pode gastar bastante tempo para decorar este artigo e, ainda assim, errar uma questo na prova porque no entendeu a questo 00000000000 00000000000 - DEMO 7. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita econmica por trs dele. Suponha que voc tenha que julgar o seguinte item em sua prova: A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, e incentivar os reinvestimentos e a remessa de lucros. Neste item, eu copiei o art. 172, retirando apenas uma palavra contando com sua capacidade de decorar esse artigo, voc possivelmente cairia nesse peguinha e julgaria correta a questo. Por outro lado, se voc entender a questo econmica por trs, voc ir imediatamente notar o absurdo do item e julgar esse item incorreto sem perder mais tempo de prova. Esta a beleza e a dificuldade do direito econmico. Se voc contar apenas com sua memria, voc ter dificuldades nessa matria. Por outro lado, se voc entender a lgica econmica, as questes sero imediatamente mais fceis de responder. Esta uma matria bem diferente das outras matrias de direito. E, por isso, ela ser ensinada nesse curso de forma bem diferente. Ao longo do texto, irei gastar algum tempo explicando o porqu de cada norma. Quando estiver lendo essas explicaes, lembre que esse conhecimento o que vai te diferenciar do outro candidato: voc vai poder julgar se uma questo faz sentido econmico ainda que voc tenha um branco total sobre o que a norma dizia. Feita essa breve introduo, vamos passar anlise dos pontos do edital. 4. Ordem constitucional econmica: princpios gerais da atividade econmica 00000000000 00000000000 - DEMO 8. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Este tpico do edital fala em ordem constitucional e em princpios. Para lhe dar uma verso completa, eu inseri aqui uma discusso sobre todos os aspectos da ordem constitucional econmica prevista na Constituio. Se voc puder estudar tudo, timo: isso vai facilitar sua compreenso do tema como um todo e vai te reforar para a prova. Se estiver com pouco tempo ou notar que no vai conseguir dar a mesma ateno para todos os tpicos, peo que voc estude especialmente o art. 170, no item 4.1. De todos esses tpicos que estudamos, ele o que tem mais chance de cair na sua prova. Estude ele bem. 4.1 Fundamentos e Princpios A Constituio do Brasil possui um captulo exclusivo para os princpios gerais da atividade econmica. o captulo I, do Ttulo VII. Este captulo vai do art. 170 at o art. 181. Essas so as normas que iremos estudar agora. Comeamos aqui pelo art. 170: Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - funo social da propriedade; IV - livre concorrncia; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; 00000000000 00000000000 - DEMO 9. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita VII - reduo das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei. O art. 170 comea j com bastante informao: ele diz quais so os fundamentos da ordem econmica, seus objetivos e sua condio de conformidade. E diz isso tudo antes mesmo de comear a falar dos princpios. Para que voc no se esquea destes pontos, mantenha a tabela abaixo em um lugar visvel para rever com freqncia: Ordem Econmica Fundamentos Valorizao do trabalho humano Livre iniciativa Objetivo Assegurar a todos existncia digna Condio Conforme os ditames da justia social O objetivo bsico assegurar a existncia digna. Lembre da existncia digna como a meta que pretendemos seguir. Todas as normas que regularem a ordem econmica no Brasil tem, no final das contas, o objetivo de assegurar a existncia digna. Por fundamentos, a constituio quer dizer a forma como vamos perseguir este objetivo. Ns iremos buscar uma existncia digna por meio da valorizao do trabalho humano. Isso significa que o trabalho 00000000000 00000000000 - DEMO 10. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita no s um meio para se chegar ao objetivo de vida digna: ns queremos valorizar o prprio trabalho em si. O segundo fundamento, livre iniciativa, a base da economia brasileira. A idia de livre iniciativa que qualquer pessoa (incluindo voc) pode, a qualquer momento, resolver iniciar uma atividade econmica. O governo no diz quem vai produzir o que, no diz que preo deve ser cobrado e no diz de que forma deve ser produzido. Ns deixamos na mo de voc a iniciativa de produzir as mercadorias e servios que nossa sociedade precisa, desde o po de cada dia at a viagem de avio para visitar sua famlia. A livre iniciativa no completamente livre. O governo estabelece vrias regras que devem ser obedecidas, tais como direitos do consumidor, direitos trabalhistas, regras de segurana, etc. nomia funciona a partir da iniciativa da populao. O governo tenta orientar a economia e, excepcionalmente, intervm diretamente (veremos as formas de interveno mais frente). Mas o fundamento bsico, o mtodo como criamos quase todos os bens e servios que voc usufrui, a iniciativa de um empreendedor. H, ainda, uma condio para se atingir o objetivo de existncia digna: trata-se da obedincia a ditames da justia social. A Constituio exige no s que busquemos uma exigncia digna, mas que ns faamos isso de uma forma justa. O que constitui a justia social? Esta uma questo difcil. Para os fins de nosso estudo, vamos nos dedicar a ver o que a Constituio exige como mnimo de justia. Muita ATENO para esse ponto, pois passaremos ao estudo de cada um dos princpios citados no art. 170. Temos bastante matria pela frente, ento iremos fazer apenas um apanhado rpido de cada um destes princpios. 00000000000 00000000000 - DEMO 11. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Soberania nacional. O Brasil um pas independente e soberano. A Constituio no permite negociaes ou arranjos econmicos que limitem a capacidade do pas de decidir os rumos de seu povo de forma prpria. Propriedade privada. O Brasil respeita o direito das pessoas a terem sua propriedade e a fazerem o que quiserem com ela. Esse direito enfrenta algumas restries. Deve atender a uma funo social, como veremos no prximo item. Seu exerccio no pode violar normas estatais; por exemplo, seu direito a um carro no permite que voc mantenha o carro fora dos padres exigidos pela legislao de trnsito. A propriedade pode ser sujeita a tributao, como no caso do imposto sobre propriedade territorial urbana. E o direito de propriedade sobre uma coisa especfica pode ser afetado em caso de desapropriao. Note-se que, mesmo no caso de desapropriao, o direito propriedade respeitado: o proprietrio tem direito a indenizao justa pela desapropriao. Funo social da propriedade. A propriedade s legtima quando efetivamente usada em benefcio da coletividade. Este princpio normalmente empregado em situaes em que bens jurdicos de grande valor so usado para fins ilcitos ou, eventualmente, quando simplesmente no so usados. Este um princpio que orienta a desapropriao, para fins de reforma agrria, de reas rurais improdutivas. A idia bsica que devemos aproveitar toda terra que possa ser usada para o emprego de pessoas e a produo de riquezas. H uma violao ao princpio da funo social da propriedade se essa terra mantida sem uso apesar da viabilidade de seu aproveitamento. Livre concorrncia. Este um princpio bastante importante, especialmente porque iremos dedicar algumas aulas ao fim deste curso ao estudo da legislao de defesa da concorrncia. Como dissemos acima, a constituio elege a livre iniciativa como fundamento da ordem econmica. Isso significa que, com exceo de alguns setores 00000000000 00000000000 - DEMO 12. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita fortemente regulados, o governo no diz o que deve ser produzido e no diz o preo que pode ser cobrado. Surge ento a pergunta: o que fazemos quando algum no produz o que queremos, ou quando cobra um preo caro demais? A resposta o princpio da livre concorrncia. Por meio deste princpio, ns estimulamos empresas a concorrer fortemente umas contra as outras. Se a empresa Alfa cobra um preo muito alto, quem vai te proteger a empresa Beta, concorrente de Alfa. Se voc no gosta do produto de Alfa, voc pode escolher livremente comprar o produto de Beta. Desta forma, Alfa se v forada a melhorar seus produtos e diminuir seus preos. Uma das bases do princpio da livre concorrncia a sua liberdade, como consumidor, de escolher o que voc quiser comprar, de quem voc quiser comprar. O governo no diz quem deve te fornecer algo, ou o que voc deve escolher. sua escolha. E s ganha a empresa que conseguir te atender melhor que as outras. Defesa do consumidor. Toda a atividade econmica exercida para, no fim das contas, oferecer um servio a uma pessoa. O princpio da defesa do consumidor busca garantir que esta atividade afete o consumidor de forma adequada, segura e seguindo princpios de boa f. A expresso mais clara deste princpio o Cdigo de Defesa do Consumidor CDC. O CDC uma lei extensa, com mais de 100 artigos. O CDC oferece diretrizes gerais sobre vrios aspectos da relao de consumo, desde exigncias mnimas sobre publicidade at aes penais em casos de crimes contra consumidores. A idia bsica garantir um mnimo de direitos para o consumidor e regular a forma como interaes entre fornecedores e consumidores devem acontecer. Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao. Para se lembrar deste princpio na hora da prova, recomendo dividir ele 00000000000 00000000000 - DEMO 13. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita mentalmente em duas partes. A primeira parte o trecho atividade econmica no cause danos custosos ou irreparveis ao meio ambiente brasileiro. O segundo trecho especifica uma forma de atender ao meio tamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de 2003. O objetivo dele permitir a criao de normas que favoream processos produtivos menos danosos ao ambiente. A idia que a constituio permite que, por exemplo, uma lei estabelea um processo mais simples de obteno de licena para uma fbrica que atenda a normas modernas de controle de poluentes. Da mesma forma, uma poluidora conhecida pode ser sujeita a fiscalizaes mais onerosas. tratamento diferenciado s uma das formas pelas quais o meio ambiente pode ser protegido. Se voc vir um item de prova dizendo que este o nico meio, pode marcar errado sem preocupaes. Reduo das desigualdades regionais e sociais. O Brasil um pas grande, com regies e grupos ricos e regies e grupos pobres. O princpio da reduo das desigualdades o fundamento para aes e incentivos para melhorar a vida daqueles em pior situao. Este o princpio por trs de aes de industrializao de regies economicamente pouco desenvolvidas. E o princpio por trs de iniciativas para auxiliar grupos sociais em desvantagem. A idia aproveitar as riquezas de nossas partes mais desenvolvidas para ajudar as partes menos avanadas. Busca do pleno emprego. Como dito acima, a valorizao do trabalho humano um dos fundamentos da ordem econmica. No de 00000000000 00000000000 - DEMO 14. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita se espantar, ento, que a constituio tenha por princpio tentar empregar toda a populao que possa e queira trabalhar. O conceito econmico exato de pleno emprego um pouco complexo e, para explic-lo, eu teria de desviar sua ateno de tpicos mais importantes da prova. Para os fins de passar voc nesse concurso, basta saber que a Constituio orienta a ao do governo para tentar fazer com que todo mundo que queira trabalhar ache um emprego. Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. A constituio quer favorecer o pequeno empreendedor. Trata-se de ajudar quem, com pouca experincia e ainda menos dinheiro, tenta abrir seu prprio negcio. Para tanto, oferece vrios incentivos destinados a facilitar a vida deste novo empresrio. Um exemplo claro de tal esforo o Simples nacional (Lei Complementar 123/2006). Este sistema permite que empresas pequenas paguem vrios tributos de uma forma unificada e simples. Permite ainda a simplificao de relaes de trabalho. O Brasil tem uma das legislaes mais complicadas do mundo do ponto de vista de novos negcios, ento essa simplificao bastante bem vinda para o novo empreendedor. Do ponto de vista de peguinhas, importante voc lembrar que a empresa tem que atender a trs condies: 1) ser de pequeno porte: A idia beneficiar apenas empresas que ainda no tenham porte suficiente para caminhar bem sozinhas. Essa condio normalmente avaliada pelo volume de vendas da empresa. Por exemplo, o Simples nacional limita o tratamento benfico a empresas que tenham faturamento anual de at 3,6 milhes de reais. 2) ser constituda por leis brasileiras: A empresa tem que ser constituda pelas nossas leis e estar registrada aqui no Brasil. 00000000000 00000000000 - DEMO 15. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita 3) ter sede e administrao no pas: Este ponto bastante importante. A idia aqui que a empresa no s pequena, como tambm e administrada e sediada aqui no Brasil. Se uma multinacional enorme abre uma loja no Brasil, e essa loja administrada a partir da sede na Sua, no h aquela justificativa de fraqueza da empresa. Por outro lado, um pequeno empresrio que tenha uma franquia internacional de lanchonetes estar operando uma empresa com sede e administrao no Brasil, e poder ter tratamento preferencial. O tratamento previsto na Constituio restrito a quem tem sede aqui e administrada daqui mesmo. Para terminar esta seo, vamos dar uma olhada no pargrafo nico do art. 170: Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei. Lembre-se disso! A princpio, voc pode exercer livremente qualquer atividade econmica! A nica exceo quando a lei diz o contrrio, ou seja: voc s precisa de autorizao de rgos pblicos quando a lei prever essa exigncia.. 4.2 Capital Estrangeiro No incio deste curso, mencionei o art. 172 da Constituio como um exemplo de como entender a questo econmica vai te ajudar a responder questes na prova. Vamos agora mostrar isso na prtica. Vamos ler novamente o artigo: Art. 172. A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivar os reinvestimentos e regular a remessa de lucros. 00000000000 00000000000 - DEMO 16. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita A questo econmica por trs simples. Ns queremos que estrangeiros invistam no Brasil. O pas possui relativamente pouco capital prprio, e precisamos de dinheiro de fora para conseguir crescer mais. A Constituio quer que esse investimento ocorra, desde que atendidas certas limitaes previstas em lei. Este objetivo econmico leva a Constituio a impor duas orientaes para a disciplina do investimento de capital estrangeiro. A primeira orientao incentivar os reinvestimentos. Isso significa que ns queremos que os lucros obtidos no Brasil sejam mantidos aqui, ou seja, reinvestidos. A segunda orientao regular a remessa de lucros. Ns queremos que, sempre que possvel, os lucros sejam mantidos no Pas. Porm, sabemos que ningum vai querer investir no Brasil se ns proibirmos de mandar lucros para fora. Por isso, ns permitimos a remessa de lucros para fora do pas, mas na forma que for regulada pela lei. Agora que voc entendeu a questo econmica, veja o seguinte item abaixo. O que est errado com ele? A lei disciplinar, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, e incentivar os reinvestimentos e a remessa de lucros. Este item est errado porque diz que a lei incentivar a remessa de lucros. A remessa de lucros algo que no queremos e que iremos regular. No temos nenhum interesse em incentivar isso. Esse item no faz sentido econmico, e voc agora consegue julg-lo sem ter que se preocupar com sua memria e sua capacidade de decorar este texto. 4.3 Explorao da Atividade Econmica pelo Estado 00000000000 00000000000 - DEMO 17. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita 4.3.1 Casos de Explorao Direta Leia o incio do art. 173 da Constituio: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos da segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei No incio dessa aula, eu falei que um dos fundamentos da ordem econmica a livre iniciativa. Isso significa que ns confiamos na liberdade de empresrios para fornecer os bens e servios que precisamos. O Estado, a princpio, no produz nada. OLHO ABERTO, pois o art. 173 a exceo a esta regra. O artigo prev que possvel a explorao direta da atividade econmica pelo Estado. Por explorao direta da atividade econmica, pense em uma empresa explorando minerais e vendendo no mercado internacional. Ou em um armazm comprando alimentos para vender depois. Esta uma exceo bem grande ao princpio da atividade econmica. E, por ser uma exceo, a Constituio exige que s acontea em casos excepcionais. O primeiro caso o da atividade que a prpria Constituio diz que o Estado deve explorar. 25, 2, da Constituio, que permite que Estados explorem diretamente os servios locais de gs canalizado. Neste caso, os Estados no precisam apresentar uma justificativa de segurana nacional ou interesse coletivo: se a Constituio diz que podem explorar diretamente, eles podem fazer sem ter que se explicarem. 00000000000 00000000000 - DEMO 18. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O segundo caso mais complicado. possvel explorar outras segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme Digamos, por exemplo, que haja uma preocupao do Estado em coletar plasma de sangue para a produo de remdios. Neste caso, possvel que uma lei crie uma empresa para fazer exatamente isso, destacando a necessidade de sua criao para atender a relevante interesse coletivo. A idia aqui simples: se h uma questo de segurana nacional ou interesse coletivo, o Estado pode explorar diretamente uma atividade. E estes imperativos devem ser definidos em lei. EM RESUMO, ao estudar este tpico, busque reforar na memria os dois casos bsicos em que a explorao direta de atividade econmica pelo Estado so permitidos: A Constituio prev explicitamente que o Estado vai explorar a atividade; Um imperativo de segurana nacional ou de interesse coletivo, conforme definido em lei 4.3.2 Empresas pblicas e sociedades de economia mista At agora, ns s olhamos para o incio do art. 173. O artigo tem quatro pargrafos, que precisamos estudar para a prova. Vamos comear com o pargrafo primeiro: 1 A lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica, da sociedade de economia mista e de suas subsidirias que explorem atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios, dispondo sobre: I - sua funo social e formas de fiscalizao pelo Estado 00000000000 00000000000 - DEMO 19. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita e pela sociedade; II - a sujeio ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrios; III - licitao e contratao de obras, servios, compras e alienaes, observados os princpios da administrao pblica; IV - a constituio e o funcionamento dos conselhos de administrao e fiscal, com a participao de acionistas minoritrios; V - os mandatos, a avaliao de desempenho e a responsabilidade dos administradores. Para entender esse pargrafo, voc precisa ter uma noo bsica do que so empresa pblica e sociedade de economia mista. Como o foco desta matria direito econmico, e no direito administrativo, irei apenas mencionar as caractersticas bsicas dessas empresas. Caso tenha interesse em estudar empresas pblicas e sociedades de economia mista em mais detalhe, recomendo minhas aulas de direito administrativo, onde posso tratar dessas matrias com mais calma. Empresas pblicas so empresas de propriedade exclusiva do governo. Isso significa que o nico dono da empresa pblica o Estado: no h nenhum outro scio ou acionista. o caso, por exemplo, da Caixa Econmica Federal. A sociedade de economia mista, por sua vez, uma empresa em que o Estado s possui parte. Estas empresas, que sempre assumem a forma de sociedade annima, podem ter scios privados. Constituir uma sociedade de economia mista uma forma de o governo conseguir acesso a capital sem perder controle sobre a explorao da atividade. Este o caso da Petrobrs: se voc quiser ser scio do governo na Petrobrs, basta ir a uma corretora e comprar quantas aes voc quiser. 00000000000 00000000000 - DEMO 20. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita empresas estatais referir a sociedade de economia mista e a empresa pblica. A idia que voc entenda que estou falando das duas sem ter que ficar sempre repetindo esses nomes. Voltando agora ao estudo do pargrafo primeiro, notamos que ele estabelece que as empresas estatais e suas subsidirias devem obedecer a regras especficas para operar. Estas regras estaro Hoje, no h uma lei nica prevendo tal estatuto. Ainda assim, cada uma das matrias previstas neste pargrafo tem que ser estabelecidas por lei. Vamos agora olhar os incisos um por um: I - sua funo social e formas de fiscalizao pelo Estado e pela sociedade: Como dito anteriormente, a atuao direta pelo Estado deve atender a um fim pblico. A lei deve prever o objetivo de uma empresa estatal e dizer como ns iremos fiscalizar para ver se est cumprindo esse objetivo. II - a sujeio ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrios: Esta um ponto importante. Pare. Leia de novo. Este um daqueles casos em que a sua primeira impresso vai estar errada. Por isso estou gastando tanto tempo para chamar sua ateno. Este inciso II est dizendo que uma empresa estatal vai ser tratada do mesmo jeito que empresas privadas. No h privilgios. Ela vai pagar tributo, tem que obedecer regras de cdigo civil, vai seguir a Consolidao das Leis do Trabalho, etc. Lembre-se disso: a Petrobrs pagou 6,7 bilhes em imposto de renda e CSLL em 2012. 00000000000 00000000000 - DEMO 21. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Estou chamando ateno para este item porque ele pode ser contrrio a suas expectativas. Voc pode estar pensando: se o governo criou a empresa, por que ele no deu privilgios para ela? Por que a empresa estatal tem que ficar pagando imposto ou obedecendo leis, j que ela est buscando atingir um fim pblico? A resposta simples: garantir um jogo limpo no mercado. Em vrias ocasies, as empresas estatais vo concorrer diretamente com empresas privadas. O Banco do Brasil concorre com o Ita e o Bradesco, por exemplo. Se a estatal tivesse um tratamento privilegiado, seria muito difcil que algum conseguisse concorrer. Imagine se o banco do Brasil pudesse no pagar imposto, contratar gente sem ter que pagar direitos trabalhistas e desobedecer o cdigo de defesa do consumidor? Seria muito difcil para qualquer banco privado existir nessa situao. E, como ns vimos antes, nossa maior defesa contra um fornecedor ruim o concorrente dele. O inciso II tenta manter as regras iguais para todo mundo concorrendo. Leia de novo o inciso II. E nunca mais se esquea: sempre que uma questo falar de privilgios atribudos e empresas estatais, desconfie. Em geral, empresas estatais iro seguir o mesmo regime jurdico que empresas privadas (embora haja excees, como veremos a seguir). Especialmente no que se refere a direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrios. III - licitao e contratao de obras, servios, compras e alienaes, observados os princpios da administrao pblica: No inciso anterior, vimos que empresas estatais seguem as mesmas regras que as empresas privadas, com algumas excees. Vamos agora estudar uma destas excees. Licitao, como voc bem sabe, um processo de aquisio de bens e servios pela administrao pblica. Licitaes normalmente seguem vrias regras especficas. Estas regras, a princpio, tm por 00000000000 00000000000 - DEMO 22. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita objetivo garantir que a administrao consiga o melhor preo e os melhores servios. As regras tambm tm o objetivo de evitar corrupo e garantir que fornecedores possam competir em igualdade de condies. A Constituio exige que a legislao sobre licitao e contratao pelas estatais observe os princpios da administrao pblica. Esta uma exceo expressa previso de sujeio das estatais ao regime prprio das empresas privadas. As empresas estatais tero que licitar, ainda que eventualmente o faam por procedimentos simplificados. No se esquea: a regra geral que as estatais sigam o regime privado. E uma das excees a essa regra so licitaes e contratos, que devem seguir os princpios e o regime da administrao pblica. IV - a constituio e o funcionamento dos conselhos de administrao e fiscal, com a participao de acionistas minoritrios: O Conselho de Administrao um grupo de executivos responsvel por monitorar o funcionamento da empresa. Eles no necessariamente iro participar do dia-a-dia da empresa. Alis, o ideal que no participem: a funo do conselho de administrao ser os orientao estratgica geral. O Conselho Fiscal, por sua vez, tem por objetivo fiscalizar as atividades da empresa e dar uma opinio sobre a adequao das demonstraes financeiras. O inciso IV quer dizer duas coisas. A primeira que a lei deve definir como sero constitudos e como funcionaro esses dois conselhos. A segunda coisa que estes conselhos devem assegurar a participao de acionistas minoritrios. Acionistas minoritrios so aqueles que no possuem aes suficientes para controlar a empresa. Apesar dessa falta de controle, 00000000000 00000000000 - DEMO 23. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita eles ainda tm interesse em que a empresa seja bem administrada: afinal, so donos de parte dela, ainda que de parte pequena. Para garantir essa participao dos minoritrios, a Constituio exige que os minoritrios possam participar dos Conselhos. Normalmente, isso feito por uma reserva de vagas nos Conselhos para eleio exclusiva pelos minoritrios. V - os mandatos, a avaliao de desempenho e a responsabilidade dos administradores. Este dispositivo no levanta muitas dvidas. A lei deve regular os mandatos dos administradores, ou seja, a eleio de executivos por tempo especfico para administrar a empresa. E a lei deve definir como esses administradores sero avaliados e, eventualmente, responsabilizados por m administrao. Ainda no tpico de empresas estatais, devemos discutir os pargrafos 2 e 3 do artigo 173. Comecemos com o 2: 2 - As empresas pblicas e as sociedades de economia mista no podero gozar de privilgios fiscais no extensivos s do setor privado. A esta altura do campeonato, espero que voc j veja esse pargrafo como quase redundante. Ns acabamos de ver que, a princpio, empresas estatais (lembre-se que estamos chamando tanto empresas pblicas como sociedades de economia mista de estatais) no possuem tratamento privilegiado. O art. 173, 1, II, estabelece a sujeio das estatais ao regime jurdico prprio das empresas privadas. O que o 2 faz reforar mais uma vez essa igualdade entre empresas estatais e empresas privadas. Empresas estatais no podem gozar de privilgios fiscais prprios. 00000000000 00000000000 - DEMO 24. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O que so privilgios fiscais? Resumindo, so direitos a pagar menos imposto. O Brasil cobra bastante imposto. Se o governo pudesse dar benefcios fiscais para suas prprias empresas, haveria uma concorrncia desleal com as empresas privadas, que tm que pagar impostos. Para reforar estes pontos, recomendo que voc revise com freqncia o quadro abaixo. A idia dele fazer voc lembrar instantaneamente dessa diferena: Regras Bsicas - Empresas Pblicas e Sociedades de Economia Mista Em geral, seguem o regime prprio de empresas privadas Seguem as mesmas regras que empresas privadas sobre direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrias No podem receber privilgios fiscais que empresas privadas no possam receber tambm Devem fazer licitaes e contratos seguindo princpios da administrao pblica Quando voc ler isso de novo, lembre do porqu de haver cores diferentes para os itens. A princpio, no para ter diferena entre empresas estatais e empresas privadas (regras em azul). Uma exceo a essa regra a exigncia de licitaes e contratos segundo princpios da administrao pblica (regra em vermelho). Para terminar essa seo, vamos ler o 3: 3 - A lei regulamentar as relaes da empresa pblica com o Estado e a sociedade. O que esse pargrafo quer dizer , basicamente, que a forma como a empresa pblica interage com a sociedade deve ser prevista em lei. 00000000000 00000000000 - DEMO 25. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Do seu ponto de vista, este pargrafo chama alguma ateno s pelo fato de ser o nico item desse artigo inteiro que se refere apenas a empresa pblica e no a sociedade de economia mista tambm. Fique de olho para no ser ganho por um peguinha que mencione sociedade de economia mista tambm. Cobrar um detalhe to pequeno certamente seria uma questo maliciosa, mas melhor estar prevenido do que ter que reclamar depois. 4.3.3 Represso ao abuso de poder econmico Comeamos este tpico com a leitura do 4 do art. 173: 4 - A lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros. Mais frente, ns iremos estudar em detalhe a lei 12.529/12, que regula o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia. Esta lei talvez a melhor expresso do 4 na realidade brasileira. Por hora, vamos apenas discutir o que diz o 4 especificamente. O pargrafo fala em abuso de mercado que leve dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e aumento arbitrrio de lucros. Por dominao de mercado, pense em uma situao em que uma nica empresa domine um setor. Imagine, por exemplo, a compra de todos os postos de gasolina de uma cidade por uma nica empresa. Por eliminao da concorrncia, pense em aes que diminuam a competio entre dois agentes. A compra de todos os postos de gasolina pode fazer isso. Outra forma de eliminar a concorrncia seria todos os donos de postos de gasolina combinarem em cobrar o mesmo preo. O aumento arbitrrio dos lucros, por sua vez, refere-se ao ganho econmico indevido obtido em razo do abuso. 00000000000 00000000000 - DEMO 26. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O ponto mais importante deste pargrafo inteiro a expresso . A dominao do mercado, a eliminao da concorrncia e o aumento de lucros no so ruins em si. Imagine se a cidade s tem dois postos de gasolina porque os preos deles so to baixos que os outros concorrentes no conseguiram competir e fecharam. Essa diminuio da concorrncia no necessariamente ruim, j que foi baseada em preos menores, algo bom ao consumidor. Ou imagine que uma empresa lance um celular to melhor que os outros que quase todo mundo compre esse novo celular. Essa dominao do mercado tambm pode ser benfica, j que oferece um produto melhor ao mercado. Suponha que uma questo de concurso apresente o seguinte texto. Como voc iria marcar? A lei reprimir a dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros. Se voc entendeu bem esse tpico, voc ir marcar falso. O problema no a dominao dos mercados ou a eliminao da concorrncia. O por objetivo ter esses impactos. Alis, a legislao de defesa da concorrncia diz expressamente que ns podemos permitir atos contrrios concorrncia desde que apresentem outros benefcios. Vamos estudar isso com mais detalhe mais frente em nosso curso. Antes de encerrar esta sesso, precisamos dar uma olhada no ltimo pargrafo do art. 173: 5 - A lei, sem prejuzo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurdica, estabelecer a responsabilidade desta, sujeitando-a s punies compatveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econmica e financeira e contra a 00000000000 00000000000 - DEMO 27. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita economia popular. A funo deste artigo garantir que a pessoa jurdica da empresa tambm pague por atos ilcitos que pratique. Mais uma vez, vamos tentar entender a questo econmica por trs da norma. Um ato contra a ordem econmica vai beneficiar duas pessoas diferentes: o administrador (uma pessoa fsica de carne e osso) e a empresa (uma pessoa jurdica, ou seja, uma entidade abstrata). Se ns s punssemos o administrador, a empresa manteria toda a vantagem ilcita que obteve. Numa situao dessas, a empresa no tem nenhum incentivo a forar seu administrador a seguir a lei. Pelo contrrio: teria todo o interesse em achar um administrador que aceitasse cometer atos ilegais, j que, na pior das hipteses, s o administrador sofreria. O 5 tem por objetivo evitar isso. A pessoa jurdica tambm ser a, ela ter de pagar pelos danos que causar. E, espera-se, vai tentar evitar que o administrador cometa esses atos ilegais. 4.4 Regulao, Servio Pblico e Explorao Mineral 4.4.1 Art. 174, caput Passamos agora anlise do art. 174 da Constituio, que tem a seguinte redao: Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econmica, o Estado exercer, na forma da lei, as funes de fiscalizao, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor pblico e indicativo para o setor privado. 00000000000 00000000000 - DEMO 28. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Este incio do art. 174 o outro lado da moeda do art. 173. Se voc se lembra de nosso estudo acima, o art. 173 bem claro em limitar a ao direta do Estado na economia. O art. 174, por outro lado, busca dizer de forma especfica de que formas o Estado pode intervir indiretamente na economia. Quando voc ler este artigo de novo, eu quero que voc lembre dele em quatro partes. A primeira parte em que o Estado vai agir. Ele no agir aqui diretamente, como no art. 173. Ele ir agir em duas condies: como fixador de normas e como regulador da atividade. O papel de agente normativo bem simples. O Estado vai estabelecer as normas da atividade. Ele ir dizer, por exemplo, que qualificao voc precisa ter para exercer uma atividade, que condies de segurana devem ser obedecidas, que informaes devem ser fornecidas, etc. Na prxima vez que voc pegar uma bebida, veja o rtulo. Boa parte daquelas informaes est l porque o Estado mandou. Esse o papel normativo. O papel de agente regulador pode ser mais complexo, e ir variar bastante dependendo do setor que se trata. A idia bsica que o agente regulador ir monitorar condies de mercado, estimular certos comportamentos, fiscalizar agentes que estejam operando no setor, etc. A quantidade de aes regulatrias to extensa que at difcil descrever em poucas palavras o que a ao regulatria. A segunda parte prev que a ao do Estado como agente normativo e regulador deve se dar na forma da lei. Isso significa que o Estado s pode fazer o que a lei permite. Para que uma ao normativa ou regulatria seja possvel, o Estado deve prever ela em lei ou, pelo menos, autorizar em lei que esse tipo de ao seja realizada. 00000000000 00000000000 - DEMO 29. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita A terceira parte diz respeito s funes que sero exercidas pelo Estado na condio de agente normativo e regulador. As funes so as seguintes: Fiscalizao: Verificar se normas, acordos e padres de conduta esto sendo cumpridos no mercado. o caso, por exemplo, de o Estado checar se a distribuidora de energia eltrica est cobrando a quantidade de energia certa na conta de luz. Incentivo: Criar estmulos para comportamento que o Estado deseje realizar. Note que este estmulo voluntrio: a pessoa no est obrigada a exercer o comportamento. o caso, por exemplo, de uma lei diminuindo impostos de uma empresa que tenha ajudado a financiar um filme brasileiro. Planejamento: Estabelecer diretrizes para o desenvolvimento do mercado e para orientar a ao de empresas e cidados. o caso, por exemplo, da elaborao de um planejamento a construo de ferrovias e portos para escoar soja. Este planejamento pelo Estado auxilia agricultores a decidir se iro conseguir escoar sua produo e se faz sentido plantar mais. A quarta e ltima parte o efeito da ao de planejamento do Estado: . Esta parte est falando do planejamento pelo Estado. A idia que o governo tem que ser coerente. Se o Estado incentiva uma empresa a produzir soja, ele no pode no dia seguinte dificultar a vida de quem esteja produzindo. Se o Estado diz que vai criar uma rodovia do Gois ao Maranho para escoar certa produo, no pode mudar de idia e colocar a rodovia entre Mato Grosso e So Paulo. O setor privado, por outro lado, no precisa seguir o planejamento do Estado. Se o governo tem um plano para produzir mais soja em Gois, o agricultor pode querer produzir, e pode tambm no querer produzir. Ele no est obrigado a seguir o plano do governo. 00000000000 00000000000 - DEMO 30. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita NO V PARA A PROVA SEM ESSE ARTIGO NA CABEA. Para que a memorizao fique mais fcil, leia atentamente o quadro: Interveno do Estado na Economia as 4 partes do Artigo 174 Condio: agente normativo e regulador Forma: na forma da lei Funes: fiscalizao, incentivo e planejamento Efeito do planejamento: determinante para setor pblico, indicativo para setor privado Leia novamente o artigo. Veja se voc consegue, sem ler este quadro, identificar cada uma dessas quatro partes e explicar a funo delas em cada. Depois de ler o artigo, veja o item seguinte, ache o que est errado e explique o porqu: Como agente normativo, explorador e regulador da atividade econmica, o Estado exercer, na forma de decreto regulamentador, as funes de fiscalizao, incentivo, produo e planejamento, sendo este determinante para o setor privado Este item um festival de erros. Primeiro, o artigo refere-se funo como agente normativo e regulador somente no h nada que se falar em explorador direto. O art. 173 que trata da explorao direta. Segundo, a Constituio exige lei, no s decreto. Terceiro, a funo de produo no tem nada a ver com o artigo. Quarto, o planejamento apenas determinante para o setor pblico. No determinante ao privado. 00000000000 00000000000 - DEMO 31. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita 4.4.2 Art. 174, pargrafos Agora que estudamos a parte inicial do art. 174, podemos passar para a anlise dos pargrafos deste artigo. Vamos um por um: 1 - A lei estabelecer as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporar e compatibilizar os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. Para os fins deste concurso, tente lembrar de trs elementos desta norma: Diretrizes e bases tem que ser estabelecidas por lei; O planejamento para um desenvolvimento nacional equilibrado; Planejamento deve incorporar e compatibilizar planos nacionais e regionais de desenvolvimento Vamos seguir ao pargrafo segundo: 2 - A lei apoiar e estimular o cooperativismo e outras formas de associativismo. Cooperativismo uma forma de organizar a atividade empresarial. Sem entrar em muitos detalhes, pense em uma sociedade cooperada como um grupo de pessoas que se rene para executar uma atividade econmica em conjunto, mas mantendo alguma independncia e sem relao de subordinao. o caso, por exemplo de um grupo de agricultores que se rene em uma cooperativa para comprar remdios para suas vacas e para vender o leite em conjunto. Ao se unirem em uma cooperativa, os agricultores conseguem um preo menor para os remdios que compram e um preo maior para o leite que vendem. E eles ganham essas vantagens sem ter que vender suas fazendas ou virarem empregados diretos de outra pessoa. 00000000000 00000000000 - DEMO 32. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Um ponto importante que voc deve entender sobre as cooperativas que, idealmente, elas no so a empresa em si. A prpria lei 5.764/71 estabelece que, em um contrato de cooperativa, os associados contratam em contribuir com bens ou servios para o exerccio de uma atividade econmica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. A idia que a cooperativa ajuda os associados a realizarem a atividade econmica cada um por conta prpria, sendo que a cooperativa no recebe lucro por sua atuao. A Constituio v com bons olhos este tipo de acerto. H uma idia que a cooperativa um arranjo nobre, que une esforos para um objetivo comum sem retirar a autonomia de cada agente. O que voc tem que lembrar deste artigo que a Constituio orienta o Estado a promover cooperativismo. E que o Estado tambm deve promover formas similares de associao econmica. Lembre tambm que o Estado deve fazer essa promoo por meio de lei. Este um ponto importante para voc ter em mente quando estiver lendo qualquer artigo da Constituio: sempre que o texto de um artigo menciona lei, est colocando uma exigncia bastante importante sobre a forma como a ao estatal deve acontecer. E essa exigncia pode facilmente cair em uma prova. Para terminar este artigo, vamos olhar o pargrafo 3 e 4 em conjunto: 3 - O Estado favorecer a organizao da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteo do meio ambiente e a promoo econmico- social dos garimpeiros. 4 - As cooperativas a que se refere o pargrafo anterior tero prioridade na autorizao ou concesso para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpveis, nas reas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei. 00000000000 00000000000 - DEMO 33. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O pargrafo terceiro segue a linha de promover o cooperativismo. Neste caso especfico, orienta o Estado a estimular garimpeiros a se organizarem em cooperativas. A idia que essas cooperativas vo facilitar a proteo ao meio ambiente e a promoo econmico- social dos garimpeiros. Dentro dessa linha, o pargrafo quarto j garante um benefcio imediato s cooperativas de garimpeiros. Essas cooperativas vo ter prioridade para pesquisa e lavra de recursos e jazidas de minerais. Pesquisa a procura por minrios valiosos, antes de se saber se existem ou no em um lugar. A lavra ocorre depois que se descobrem minerais em um lugar: o direito de explorar os minerais j descobertos. O que a Constituio est fazendo dando prioridade s cooperativas de garimpeiros para ganharem tanto os direitos de pesquisa como de lavra. Estes direitos sero concedidos para dois tipos de reas: reas em que estiverem atuando: o caso do garimpeiro que est trabalhando em uma rea sem ter o direito para isso. A Constituio d, a cooperativas de garimpeiros nessa situao, prioridade para o concesso/autorizao necessria. reas fixadas de acordo com o art. 21, XXV: O art. 21, XXV, diz as reas e as condies para o exerccio da atividade de garimpagem, em forma associativa -se de reas que a prpria Unio vai dedicar para os garimpeiros envolvidos em cooperativas. Agora que passamos pelo estudo dos pargrafos, vamos ver se voc reteve bem o contedo. Julgue os itens abaixo: a) Planos nacionais e regionais de desenvolvimento devem ser incorporados e compatibilizados no mbito do planejamento para o desenvolvimento nacional. 00000000000 00000000000 - DEMO 34. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita b) A lei estimular o cooperativismo em detrimento de outras formas de associativismo. c) O Estado obrigado a levar em conta o impacto ao meio ambiente ao favorecer cooperativas de garimpeiros. d) Cooperativas de garimpeiros tero prioridade na autorizao ou concesso de pesquisa ou lavra em qualquer rea em que desejem atuar. J julgou os itens? muito importante que voc tente resolver por conta prpria antes de continuar a ler. Esse exerccio vai forar voc a colocar a questo nas suas prprias palavras. Vai forar voc a notar o que que se lembra e o que que ficou obscuro. Dessa forma, quando voc ler as respostas, voc vai poder ir direto no que errou ou esqueceu. Dessa forma, voc vai corrigindo e completando o que ficou na sua mente. Ns estamos fazendo vrios exerccios nesse curso. E bem importante que voc sempre faa eles com toda a ateno possvel. Julgou os itens? Ento vamos s respostas. O item (a) claramente verdadeiro. Eu simplesmente simplifiquei e inverti a ordem do texto da constituio. Esse o truque mais velho que tem para pegar algum que s decorou o texto. Se voc entendeu a questo, fcil. Se s decorou, vai ter dificuldade com essa mudana de ordem. O item (b) falso. A lei realmente vai estimular o cooperativismo. Mas no em detrimento de outras formas de associativismo. Alis, a Constituio manda que outras formas de associativismo sejam tambm promovidas. O item (c) verdadeiro. Este o tipo de item que pode te confundir em uma prova. Ele menciona duas coisas que voc sabe que a Constituio quer proteger: cooperativas e meio ambiente. Mas voc pode ficar na dvida se a Constituio exige os dois no mesmo contexto. Espero que, se voc se deparar com um item destes na 00000000000 00000000000 - DEMO 35. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita prova, lembre que meio ambiente deve ser levado em conta para estmulo a cooperativas de garimpeiros. O item (d) falso. E ele falso pelo finzinho do enunciado, ao dizer que a prioridade dada somente para dois tipos de reas: (1) as em que j atuem e (2) as definidas pela Unio para garimpagem associativa. A cooperativa no ganha prioridade para qualquer rea que quiser. 4.4.3 Art. 175 Servios Pblicos O art. 175 tem o seguinte caput: Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos. Este um artigo bastante importante. Para fixar cada parte dele, vamos ler em partes. Incumbe ao Poder Pblico. Este um dever do Poder Pblico. Mas ele no precisa executar esse dever pessoalmente. Continue lendo. na forma da lei. Como eu j disse antes, sempre preste muita ateno quando a Constitui exigncia importante. diretamente ou sob regime de concesso ou permisso: O Estado pode executar diretamente o servio pblico. o caso, por exemplo, do servio de telefonia fixa antes das privatizaes na dcada de 1990. E ele pode contratar com algum para prestar este servio por ele. o caso da telefonia fixa depois das privatizaes. Concesso e permisso so contratos celebrados entre o Estado e empresas para a prestao de um servio pblico. Estes contratos so 00000000000 00000000000 - DEMO 36. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita usados para vrios tipos diferentes de servio: distribuio de energia eltrica, operao de ferrovia, construo e manuteno de rodovias, etc. O que voc deve lembrar que concesso e permisso so formas de algum executar um servio pblico pelo Poder Pblico. Ns iremos estudar a concesso e a permisso com mais ateno e detalhe na aula 03, que ser disponibilizada em 05 de outubro. sempre atravs de licitao: Este trecho essencial! No se esquea dele! A licitao exigida para que uma concesso ou permisso seja realizada. O governo no pode escolher livremente quem vai prestar o servio. Ele deve abrir uma licitao pblica, e o vencedor dessa licitao ganha o direito de celebrar a concesso ou permisso com o Estado. a prestao de servios pblicos: difcil encontrar uma definio precisa e unnime sobre servios pblicos. Por ora, tenha em mente a noo geral de um servio de interesse pblico que deve ser prestado de acordo com o que este artigo prev. Na aula 03, ns iremos estudar essa matria com um pouco mais de ateno. bastante coisa para lembrar. E olha que o art. 175 ainda no acabou! Ainda temos mais um pargrafo nico com mais regrinhas para estudar: Pargrafo nico. A lei dispor sobre: I - o regime das empresas concessionrias e permissionrias de servios pblicos, o carter especial de seu contrato e de sua prorrogao, bem como as condies de caducidade, fiscalizao e resciso da concesso ou permisso; II - os direitos dos usurios; III - poltica tarifria; IV - a obrigao de manter servio adequado. 00000000000 00000000000 - DEMO 37. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O inciso I manda a lei dispor sobre aplicveis a empresas com contratos de concesso e permisso. A idia que estas empresas esto prestando servio pblico, e por isso devem seguir certas normas, como zelar pelos bens vinculados ao servio e manter em dia informaes necessrias para o Estado. O inciso tambm fala que a lei vai dispor sobre o contrato. Neste ponto, ele menciona vrias coisas diferentes. Vamos ver uma por uma: Carter especial: como dissemos antes, estamos tratando aqui de empresas privadas prestando servios pblicos. Este contrato possui um carter diferenciado de outros contratos. Prorrogao: prorrogao , basicamente, a extenso do prazo do contrato. Se voc se lembra bem, o contrato de concesso/permisso s pode ser feito aps licitao. Por este motivo, a lei deve prever as ocasies em que aceitvel uma prorrogao, j que nesse caso no h nova licitao Caducidade: caducidade uma forma de extino do contrato. Normalmente ocorre em razo do no cumprimento do contrato pelo concessionrio. Fiscalizao: Tratando-se de servio pblico, o Estado tem que ficar de olho se o concessionrio ou permissionrio est cumprindo com sua parte do contrato. O contrato deve prever como essa fiscalizao ser feita. Resciso: Resciso outra forma de extino do contrato. Pode acontecer mesmo em caso de cumprimento do contrato at aquele momento. Tentei explicar item por item para que voc consiga ver a lgica por trs deste inciso. Espero que isso faa com que seja mais fcil para voc lembrar o que est dentro deste inciso. Relembrando, a lei deve prever: 1) regime das concessionrias e permissionrias de servio pblico; 2) carter especial do contrato; 3) regras sobre prorrogao, caducidade, fiscalizao e resciso do contrato. 00000000000 00000000000 - DEMO 38. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Falta muito pouco para terminarmos o art. 175! Continue comigo! Os incisos seguintes so mais fceis de lembrar. A lei deve definir os direitos dos usurios. Esta uma regra bem fcil de lembrar. A lei deve tambm dispor sobre a poltica tarifria. Tarifa o preo cobrado pela concessionria ou permissionria pelo servio pblico. Quando voc paga sua conta de luz ou a conta do seu telefone fixo, voc est pagando uma tarifa. O que a constituio est dizendo aqui que a lei deve estabelecer normas sobre a poltica tarifria em cada setor. Para terminar, a lei deve dispor sobre . Quando o Estado contrata com uma empresa para prestar servio pblico, ele quer que esse servio seja bem prestado. Servio adequado como chamamos o servio bem feito pela concessionria ou permissionria. A lei deve estabelecer normas sobre a adequao do servio para que o Estado possa cobrar a prestao adequada. Para fixar o que vimos, vamos analisar alguns itens: a) O Poder Pblico s pode prestar servios pblicos por concesso ou permisso, que devem sempre ser precedidas de licitao. b) As regras emanadas de agncias reguladoras sobre caducidade de concesses e permisses devem ser aplicadas independentemente do que diga a lei sobre o tema. J analisou os itens? Lembre-se do que eu disse antes: importante que voc tente julgar estes itens por conta prpria antes de ver as respostas. Poder Pblico pode prestar servios pblicos por concesso ou permisso. E pode tambm prestar os servios diretamente. Quando o 00000000000 00000000000 - DEMO 39. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita prestao direta do servio. Sempre preste muita ateno em palavras facilitam a sua interpretao. Se voc consegue pensar em um caso marcar o item e ir para frente. Antes de passar deste item, lembro mais uma vez que concesso e permisso devem ser precedidas de licitao. Esta parte do item estava certa, e essencial que voc no se confunda com isso. um pouco mais complicado. A princpio, regras sobre caducidade devem ser previstas na forma da lei. Agncias reguladoras podem estabelecer normas complementares, mas essas normas no podem ir contra a lei. Quando o item diz que as normas das agncias tem um problema. E voc pode interpretar este item como errado. Esta questo tem um texto bastante ambguo. Voc vai ver vrias questes com textos ambguos em sua vida de concurseiro. Acostume- se ao fato de que nem sempre os itens viro da forma mais precisa para isso que servem recursos para anulao de questo e alterao de gabarito. Nesses casos, tente encontrar a justificativa mais forte para decidir por falso ou verdadeiro. Se voc tiver se preparado bem, ter uma boa chance de acertar. E, se no acertar, ter um bom motivo para recorrer. 4.4.4 Art. 176 - Jazidas e demais recursos minerais Estamos quase no fim deste tpico! Sei que bastante coisa nova que voc est lendo, e que difcil a princpio ver como tudo se encaixa. Persista! Com o estudo constante, vai chegar o ponto em que 00000000000 00000000000 - DEMO 40. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita voc vai olhar estes artigos e imediatamente lembrar e entender o que prevem. O art. 176 bem especfico, e iremos passar por ele rapidamente. Eis o que diz o artigo: Art. 176. As jazidas, em lavra ou no, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidrulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de explorao ou aproveitamento, e pertencem Unio, garantida ao concessionrio a propriedade do produto da lavra. O que esse artigo faz separar a propriedade dos minrios e recursos hidrulicos da propriedade da terra em que esto. O incio deste artigo menciona trs recursos que voc deve lembrar. O primeiro so jazidas, em lavra ou no. Ou seja, est tratando de minrios que estejam sendo explorados atualmente assim como minrios que sequer tenham sido trabalhados. O segundo recurso so os demais recursos minerais. O terceiro recurso so os potenciais de energia hidrulica. propriedade distinta da do solo, para efeito de explorao ou descobre ouro no quintal da sua casa, voc no pode simplesmente pegar esse ouro e vender. A propriedade do solo distinta da propriedade do direito de explorar o recurso. De quem , ento, essa propriedade? Da Unio. Lembre-se disso: da Unio. E se a fazenda estiver no Par? No importa, pertence Unio. E se estiver em Curitiba? No importa, pertence Unio. Isso significa que s a Unio pode explorar minerais? No. Leia a Unio ir fornecer uma concesso 00000000000 00000000000 - DEMO 41. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita de explorao. Ou seja, algum ganha o direito de lavra e, com esse direito, ganha propriedade do produto da explorao. Para ajudar voc a se lembrar deste artigo, reveja o quadro abaixo: Artigo 176 Do que trata? O que faz? Jazidas, em lavra ou no Demais recursos minerais Potenciais de energia hidrulica Considera que so propriedade distinta do solo Diz que so da Unio Garante a concessionrio a propriedade do produto da lavra Antes de sair deste tema, vamos dar uma olhada rpida nos pargrafos do art. 176: 1 A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente podero ser efetuados mediante autorizao ou concesso da Unio, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituda sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administrao no Pas, na forma da lei, que estabelecer as condies especficas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indgenas. Pontos de destaque deste pargrafo so: Pesquisa e lavra dependem de autorizao ou concesso da unio Explorao s pode ser feita por brasileiros ou empresa constituda sob as leia brasileiras Explorao s pode ser feita por empresas com sede e administrao no Brasil 00000000000 00000000000 - DEMO 42. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Explorao s pode ser feita na forma da lei, que dir como poder ser feita a explorao quando os recursos estiverem em faixa de fronteira ou em terras indgenas Seguindo em frente: 2 - assegurada participao ao proprietrio do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. Como voc viu h pouco, a propriedade do solo diferente da propriedade dos recursos. Mas o dono do solo ganha uma participao da explorao. Aquele ouro que voc encontrou no seu quintal? Voc no pode tirar ele do cho diretamente e vender. Mas voc vai receber alguma coisa por ele. Quanto voc vai receber? o que a lei vai dizer. 3 - A autorizao de pesquisa ser sempre por prazo determinado, e as autorizaes e concesses previstas neste artigo no podero ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prvia anuncia do poder concedente. Autorizaes de pesquisa so direitos a procurar minerais em lugares onde no h certeza de que existam. Para voc poder fazer isso, voc precisa de uma autorizao do governo. O que este pargrafo diz que essa autorizao s pode ser concedida por prazo determinado. Ou seja, se voc quiser procurar ouro no quintal de algum, deve procurar apenas no prazo estabelecido na autorizao. Este pargrafo tambm estabelece que as concesses no podem ser cedidas ou transferidas sem anuncia do poder concedente. Isso significa que, se voc ganha a autorizao de pesquisa, voc no pode vender essa autorizao para outra pessoa sem que o governo deixe. possvel transferir a concesso por algum motivo? Sim, desde que o poder concedente (ou seja, o Estado) concorde. 00000000000 00000000000 - DEMO 43. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita 4 - No depender de autorizao ou concesso o aproveitamento do potencial de energia renovvel de capacidade reduzida. uma fazenda. de eletricidade. Na prtica, voc no vai conseguir vender nenhuma Quando pensar em potencial de energia renovvel de capacidade reduzida, lembre- pode ser aproveitado, mas to pequeno que no faz sentido o governo ficar em cima. Se voc entende isso, fica mais fcil entender este pargrafo. O que o pargrafo diz que voc no precisa de autorizao ou concesso para aproveitar esses potenciais. Ou seja, para explorar esses potenciais pequenos, no precisa passar pela burocracia de autorizao ou concesso. E a, conseguiu entender este artigo? Vamos testar se voc pegou? Julgue os itens abaixo: a) O dono do solo tem direito propriedade sobre o produto da lavra de jazidas. b) Concesses de aproveitamento de potenciais de energia hidrulica s podem ser exploradas por empresas que tenham sua sede e administrao no Brasil. c) Autorizaes de pesquisa podem ser cedidas, desde que com prvia anuncia do poder concedente. d) Potenciais de energia renovvel s podem ser aproveitados mediante concesso. 00000000000 00000000000 - DEMO 44. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O que achou? Vamos item por item. tem direito propriedade do produto da lavra. O concessionrio tem propriedade sobre o produto da lavra. O dono do solo s tem direito a participao nos resultados. das condies para poder receber a concesso. H outras condies tambm; como o item no disse que essa era a nica, o item est correto. cedidas. A exceo exatamente o caso de prvia anuncia pelo poder concedente. precisam de concesso. 4.5 Outras Previses Constitucionais 4.5.1 Monoplios da Unio Monoplio significa, resumidamente, ser a nica pessoa que faz uma atividade econmica. Um monoplio pode acontecer por vrios motivos. Pode ser que no d para ter mais de uma pessoa fazendo algo. Pode ser que o monopolista seja to bom que ningum consiga concorrer com ele. Pode ser tambm que as leis ou a Constituio fixem o monoplio. Alis, esses so talvez os monoplios mais comuns na histria. E a nossa Constituio fixa alguns. O que o art. 177 faz exatamente dizer o que so monoplios da prpria Unio. MUITA ATENO PARA ESSE ARTIGO, ELE COBRADO DE FORMA LITERAL NOS CONCURSOS: 00000000000 00000000000 - DEMO 45. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita Art. 177. Constituem monoplio da Unio: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petrleo e gs natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinao do petrleo nacional ou estrangeiro; III - a importao e exportao dos produtos e derivados bsicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte martimo do petrleo bruto de origem nacional ou de derivados bsicos de petrleo produzidos no Pas, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petrleo bruto, seus derivados e gs natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrializao e o comrcio de minrios e minerais nucleares e seus derivados, com exceo dos radioistopos cuja produo, comercializao e utilizao podero ser autorizadas sob regime de permisso, conforme as alneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituio Federal. Para lembrar deste artigo, pense em trs coisas: petrleo, gs e minerais nucleares. O ideal seria conseguir lembrar de todos os detalhezinhos, como a diferena entre pesquisa e refinao, a importao de produtos e derivados, etc. Na prtica, eu sei que este s um dos pontos de um edital gigante. Voc provavelmente no ter tempo para conseguir decorar todos os detalhes deste artigo. Se tiver, timo. Se no tiver, tente no esquecer pelo menos disso: a unio tem monoplio sobre petrleo, gs e minerais nucleares Mas ateno! Isso no significa que todas as atividades associadas a petrleo, gs e minerais nucleares so monoplio da Unio. Postos de gasolina podem ser operados por outras empresas. Gases podem ser comercializados por outras empresas. Na dvida, se voc no lembrar dos detalhes, tente seguir a seguinte diretriz geral: se 00000000000 00000000000 - DEMO 46. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita envolver produo bsica (do tipo extrair ou refinar o petrleo), provavelmente monoplio da Unio. Se for algo comercial de pequeno porte, como atendimento direto ao consumidor, provavelmente no ser monoplio. Esta a regra geral para voc tentar lembrar quando estiver na dvida. De qualquer forma, vamos ir nos detalhes de cada um para ajudar voc a lembrar ainda melhor de cada item: Inciso I: pesquisa e lavra de petrleo, gs natural e outros hidrocarbonetos fluidos. Petrleo e gs natural so fceis de lembrar. Hidrocarboneto, como talvez voc lembre de sua aula de qumica orgnica, so compostos qumicos com tomos de hidrognio e carbono. Na prtica, pense em outros leos e gases que so explorados pelas mesmas empresas do mundo que exploram petrleo e gs. Inciso II: refinao. Refinao um processo necessrio para transformar petrleo em produtos como gasolina. No importa de onde vem o petrleo, importado ou nacional, se vier para o Brasil tem que ser refinado pela Unio. Inciso III: importao e exportao de produtos e derivados bsicos: O que sair da explorao e da refinao (por exemplo, gasolina) s pode ser vendido para fora do pas pela Unio. E s a Unio pode importar esses produtos de outros pases. Inciso IV: transporte de petrleo, derivados e gs: S a Unio pode levar esses produtos de um lugar para outro, antes e depois da produo. Inciso V: atividades com minrios e minerais nucleares: MUITA ATENO NESTE PONTO!!! S a Unio pode mexer com esses minrios. A exceo so os radioistopos usados para usos mdicos, agrcolas ou industriais, bem como aqueles que tenham meia-vida igual ou inferior a duas horas (art. 21, XIII, b e c). Meia-vida refere-se ao tempo de decaimento radioativo na 00000000000 00000000000 - DEMO 47. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita prtica, quanto menor for essa meia-vida, menos tempo um mineral vai criar radiao perigosa. Para lembrar da regra, tente lembrar do seguinte: no entram no monoplio da Unio aqueles teis para fins mdicos, agrcolas ou industriais ou aqueles que no sejam to perigosos. Lembre-se ainda do seguinte: nesses casos em que no h monoplio da Unio, ainda necessria a obteno de permisso pelo Estado. Uma coisa muito importante para voc lembrar que o fato de a Unio ter monoplio no significa que ela vai ter que explorar essas atividades por conta prpria. O que o monoplio faz dar o direito exclusivo sobre aquelas atividades. Em certos casos, a Unio pode contratar com outras empresas a realizao das atividades. o que diz o pargrafo 1: 1 A Unio poder contratar com empresas estatais ou privadas a realizao das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condies estabelecidas em lei. Os incisos I a IV tratam de petrleo, gs, hidrocarbonetos e seus derivados. ATENO: Minerais nucleares ficaram de fora. A Unio pode contratar com empresas para realizar essas atividades. E essas empresas no precisam ser estatais: ele pode contratar tambm com empresas privadas. E, como sempre, preste ateno parte que diz Como isso pode cair na sua prova? O avaliador pode testar se voc sabe que a Unio pode contratar. Ele pode testar se voc lembra que pode contratar tanto com estatais como com empresas privadas. E ele pode verificar se voc lembra que devem ser observadas as condies estabelecidas em lei. Ele pode colocar um peguinha dizendo que todas os monoplios da Unio podem ser contratados com empresas estatais ou privadas. Fique de olho em todos esses pontos. 00000000000 00000000000 - DEMO 48. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita O pargrafo primeiro terminou dizendo que devem ser observadas as condies estabelecidas na lei. E o que seriam essas condies? O pargrafo 2 mais especfico: 2 A lei a que se refere o 1 dispor sobre: I - a garantia do fornecimento dos derivados de petrleo em todo o territrio nacional; II - as condies de contratao; III - a estrutura e atribuies do rgo regulador do monoplio da Unio; So trs condies que a lei vai regular. A primeira a garantia de fornecimento no territrio. Para lembrar disso, pense no seguinte: a Unio tem monoplio sobre petrleo porque um recurso estratgico para o Brasil. Mesmo se ela contratar com algum para fazer alguma atividade, ela precisa garantir que esse recurso seja assegurado para o pas. Por este motivo, a lei vai prever a garantia de fornecimento dos derivados em todo o territrio nacional. A segunda condio prev as condies de contratao. A idia regular como a Unio vai contratar algum, e como devem estar os termos do contrato. A terceira condio diz que a lei deve definir a estrutura e as atribuies de um rgo regulador. Para este setor, o rgo regulador a Agncia Nacional do Petrleo. Para terminar este tpico, falta s dar uma olhada rpida no pargrafo terceiro: 3 A lei dispor sobre o transporte e a utilizao de materiais radioativos no territrio nacional 00000000000 00000000000 - DEMO 49. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita No tem muito o que falar aqui. s lembrar: materiais radioativos so perigosos. E a lei vai estabelecer as condies e formas para transporte E utilizao desses materiais. Ns vimos bastante coisa sobre os monoplios da Unio. Vamos revisar? Julgue os itens abaixo: a) A importao de derivados bsicos resultantes da atividade de refinao do petrleo constitui monoplio da Unio b) O enriquecimento de minrios e minerais nucleares pode ser autorizado sob regime de permisso, desde que se destine a fins de defesa nacional. c) A Unio poder contratar com empresas privadas a realizao de atividades de enriquecimento nuclear. d) A lei deve dispor sobre como garantir o fornecimento de derivados de petrleo no territrio nacional em caso de contratao de empresas para a realizao de atividades de produo de petrleo. Vamos item por item. basicamente a unio entre o inciso III e o inciso II. pudesse ser executado -se que os fins para os quais possvel a permisso so mdicos, agrcolas ou industriais. Lembre-se tambm que radioistopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas tambm so uma exceo ao monoplio e podem ser produzidos no regime de permisso. monoplio do art. 177 que no pode ser contratado com empresas privadas ou estatais. 00000000000 00000000000 - DEMO 50. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita fornecimento de derivados de petrleo no territrio nacional no caso de contratao com empresas de atividades relacionadas aos monoplios de petrleo. E a produo de petrleo uma dessas atividades. 4.5.2 Contribuio de Interveno no Domnio Econmico Para otimizar o ritmo de seus estudos e tentar diminuir um pouco o peso e a extenso desta aula, ns iremos estudar com mais detalhe a contribuio de interveno no domnio econmico com ateno na aula 03. 4.5.3 Artigos 178 a 181: disposies finais Chegamos reta final! Falta pouco para terminarmos o tpico de princpios da ordem constitucional econmica. Vamos agora olhar os ltimos quatro artigos do captulo da Constituio que trata dos princpios gerais da ordem econmica. Note que cada um destes artigos trata de uma coisa diferente, motivo pelo qual fica difcil agrup-los em um tpico geral. Vamos tentar olhar um por um e ver o que h de importante em cada. Comeamos com o art. 178: Art. 178. A lei dispor sobre a ordenao dos transportes areo, aqutico e terrestre, devendo, quanto ordenao do transporte internacional, observar os acordos firmados pela Unio, atendido o princpio da reciprocidade. Pargrafo nico. Na ordenao do transporte aqutico, a lei estabelecer as condies em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegao interior podero ser feitos por embarcaes estrangeiras. 00000000000 00000000000 - DEMO 51. Direito Econmico p/ Procurador da Fazenda Nacional- PGFN. Teoria e exerccios comentados. Prof Daniel Mesquita Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 71. Twitter: @danielmqt [email protected] Facebook: Daniel Mesquita artigo razoavelmente simples. A lei deve regular transportes areos, aquticos e terrestres. Neste contexto, h dois casos especficos que devem chamar mais ateno. O primeiro o caso do transporte internacional. Neste caso devem ser observados os acordos internacionais firmados pela Unio. M