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Painel 2: Painel 2: Grupo Econômico, Grupo Econômico, Blindagem Patrimonial e Blindagem Patrimonial e Ocultação de Ativos Ocultação de Ativos eminário sobre Execução Fiscal – Emagis/TRF4 - PGFN 4 e 5 de outubro de 2012 – Londrina-PR Roberto Leonel de Oliveira Lima Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação – Copei Escritório de Pesquisa e Investigação na 9ª Região Fiscal – Espei09 – Curitiba/PR

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Page 1: Painel 2: Grupo Econômico, Blindagem Patrimonial e Ocultação de Ativos Seminário sobre Execução Fiscal – Emagis/TRF4 - PGFN 4 e 5 de outubro de 2012 –

Painel 2: Painel 2: Grupo Econômico, Grupo Econômico, Blindagem Patrimonial e Blindagem Patrimonial e

Ocultação de AtivosOcultação de Ativos

Seminário sobre Execução Fiscal – Emagis/TRF4 - PGFN4 e 5 de outubro de 2012 – Londrina-PR

Roberto Leonel de Oliveira Lima Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil

Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação – CopeiEscritório de Pesquisa e Investigação na 9ª Região Fiscal – Espei09 –

Curitiba/PR

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Seminário sobre Execução Fiscal - Emagis/TRF4 – out/2012 2

Aspectos preliminares relativos à busca da comprovação destes ilícitos

Exemplos de operações com risco de Blindagem Patrimonial, Ocultação e Lavagem de Dinheiro

Análise de Casos

SumárioSumário

Blindagem e Ocultação de AtivosBlindagem e Ocultação de Ativos

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Necessidade de investigação fiscal em conjunto ou não com uma investigação criminal para reunião de informações, entre outras, sobre: identificação dos métodos utilizados para lavagem ou ocultação de

bens, direitos e valores; identificação de interpostas pessoas ou empresas “albergue” (que

servem para acobertar patrimônio ou movimentação financeira). Investigação criminal conjunta com Ministério Público e Polícia

(relativas aos ilícitos de Lavagem de Dinheiro, Sonegação e Fraude à Execução Fiscal) inclusive com uso de técnicas especiais de investigação;

Compartilhamento de provas (reunidas nas investigações e em eventuais ações de buscas) com a RFB e PGFN para fins de lançamento e/ou execução fiscal;

Aspectos Preliminares – Ocultação de Aspectos Preliminares – Ocultação de AtivosAtivos

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Seminário sobre Execução Fiscal - Emagis/TRF4 – out/2012 4

Alguns exemplos clássicos de operações com Alguns exemplos clássicos de operações com risco de Lavagem de Dinheirorisco de Lavagem de Dinheiro

Operações com interposição fraudulenta de terceiros Mútuos sem comprovação do efetivo repasse financeiro Ganhos fictícios em atividade rural - principalmente pessoas físicas Receita Bruta incompatível com o porte ou capacidade operacional do estabelecimento empresarial, gerando lucros isentos distribuídos aos sócios Renda fictícia declarada em DIRPF (principalmente rendimentos de profissionais liberais) Ganhos sistemáticos de capital ou em renda variável Investimento Estrangeiro Direto – “RDE/IED”. Titularidade de bens, direitos e valores no País por não residentes ou empresas “offshore” Empréstimos estrangeiros (para físicas ou jurídicas) – “RDE/ROF”

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Crimes contra a Administração Pública (desvios de recursos federais através de uma OSCIP) e Contra a Ordem Tributária;

Esquemas de Ocultação e de Lavagem dos recursos desviados;

Enriquecimento ilícito dissimulado dos principais responsáveis;

Força Tarefa: CGU, DPF, MPF, RFB e PFN

Medidas cautelares e de execução fiscal

Caso Parceria

Ocultação de Ativos

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Caso Parceria – descrição sucinta do caso A OSCIP investigada firmou centenas de contratos ou convênios

denominados “parcerias” com entes públicos, principalmente Prefeituras;

Estas parcerias se prestavam principalmente ao fornecimento pela OSCIP de mão de obra, na sua maioria para atender a programas do governo federal na área da saúde (espécie de terceirização, mas sem licitação);

A OSCIP recebia na ordem de R$ 100 milhões/anuais com os contratos de parceria;

Após a parceria firmada, os recursos federais eram repassados pelas Prefeituras para a OSCIP – integralmente - em contas bancárias individualizadas por convênio, cuja movimentação ficava exclusivamente a cargo dos dirigentes da entidade.

Verificou-se desvios de dezenas de milhões de Reais e dissimulações para encobrir os reais beneficiários, a partir de inúmeras estratégias

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Fluxo Financeiro dos recursos das Parcerias firmadas entre a OSCIP e

centenas de PrefeiturasRecurso Federal

Conta Específica

da Parceria

controlada pela OSCIP

Prefeitura

Salários e Ordenados

Encargos e Despesas

Administrativas

Transferência para c/c da Matriz

Irregularidades verificadas em alguns casos:

•Superfaturamento

•Pagos a Empresas Ligadas

• Saques em espécie frequentes e expressivos

R$

R$

1/3 R$

1/3 R$

1/3 R$Sem

prestação

de contas para as

Prefeituras

Desvios

Desvios

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Estratégia de Dissimulação na contabilidade da OSCIP: Simular aquisições de títulos da dívida pública, correspondendo cada saque em espécie a “adiantamento para aquisição de títulos da dívida pública”. Esta conta chegou a ter saldo acumulado em 31/12/2007 de R$ 42 milhões.

Para dificultar ainda mais qualquer auditoria, aumentando a ocultação, a entidade simulou aquisições de extensas terras inexistentes no Pará, declarando em escrituras públicas e na contabilidade ter utilizado para o pagamento dos valores de aquisição - cerca de R$ 48 milhões - parte dos títulos podres falsamente adquiridos;

Dirigentes da entidade pretendiam utilizar os títulos podres e as terras inexistentes na quitação de débitos previdenciários para com a RFB, um deles na ordem de R$ 96 milhões (débito por não pagamento de Contribuição Previdenciária Patronal);

Etapas de Ocultação - Estratégias utilizadas pela OSCIP para dissimular os expressivos saques em

espécie

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Expressiva Evolução Patrimonial do casal de dirigentes

Extrato de dados das Declarações anuais de IRPF do presidente da Entidade (o mesmo extrato se repetia para o cônjuge que apresentava declarações em

separado)

•Receitas da Atividade Rural•Distribuição de Lucros Isentos

Origem declarada dos recursos:

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A partir de 2005, o casal de dirigentes da entidade passou a declarar à RFB

expressivas receitas da atividade rural, que seriam decorrentes de vendas de

suínos a diversos frigoríficos (alguns com ligações suspeitas com eles mesmos e com

seu próprio contador). Lavagem de dinheiro de recursos desviados dos convênios,

utilizando-se o artifício de declarar receita incentivada da atividade rural para

fins de IRPF, na maior parte, de fato, inexistente;

Faturamento fictício e expressivo de uma empresa agropecuária de

propriedade dos dirigentes da entidade, com consequente distribuição de lucros

isentos aos sócios. A empresa não tinha capacidade operacional para exercer a

atividade e em apenas um ano de “uso” foi descartada após meteórica

“lucratividade” no ano-base de 2008. (Faturamento declarado de R$ 7

milhões. Lucro distribuído isento: R$ 2 milhões).

Lavagem de DinheiroReceitas Fictícias da Atividade Rural para fazer

frente aos expressivos acréscimos patrimoniais pessoais

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Em out/2008

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Receitas Fictícias da Agropecuária

(Correspondência do ex-contador para o advogado – 2009)

Depreende-se que a Agropecuária não tinha imóvel para operar

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Em agosto de 2011 a Justiça Federal (2ª Vara Criminal de Curitiba) condenou os dirigentes e associados da entidade;

Dos 16 acusados pelo MPF, 12 foram condenados por peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, cujas penas variaram entre 5 e 17 anos de reclusão;

A sentença decretou o confisco dos bens sequestrados, avaliados em aproximadamente R$ 15 milhões (imóveis, automóveis, aeronaves e contas correntes);

Os réus também receberam a proibição cautelar de trabalharem em OSCIP ou entidades que recebam valores do Poder Público. Também não podem exercer cargo ou função, por concurso ou comissionados, na Administração Pública, direta ou indiretamente, ou que envolvam gestão de recursos públicos; e

No corpo da sentença o magistrado afirmou que “a prisão preventiva deveria ser decretada” e “que os acusados deveriam responder presos a fase eventual de apelo (...) Entretanto, a jurisprudência não tem sido rigorosa, via de regra, com o crime de colarinho branco, adotando postura diferente”. E completou: “se não é o caso de impor a prisão preventiva, é imperativo a imposição de medidas cautelares”.

Condenação em Primeira Instância

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Execução Fiscal pela PFN

A OSCIP e os corresponsáveis (dirigentes e empresas ligadas a estes, envolvidas no esquema), foram incluídos em Certidões de Dívida Ativa, com ajuizamento imediato de execução fiscal, por não terem impugnado a notificação de suspensão do gozo de imunidade e de isenção nem o Auto de Infração.

Processo de execução fiscal em fase de citação.

Os bens arrolados estão bloqueados no processo de sequestro criminal. PFN solicitará penhora nos autos da medida assecuratória penal (cerca de R$ 15 milhões).

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OBRIGADO!OBRIGADO!

RECEITA FEDERAL DO BRASILRECEITA FEDERAL DO BRASILCoordenação-Geral de Pesquisa e Investigação - CopeiCoordenação-Geral de Pesquisa e Investigação - Copei

Roberto Leonel de Oliveira LimaRoberto Leonel de Oliveira LimaAuditor Fiscal da Receita Federal do Brasil

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