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Cláudio D. Shikida (http://shikida.net ) Porto Alegre, 29 de maio de 2010 Instituto Liberdade / FACE (PUC-RS)

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Curso de Formação de Lideranças - Shikida

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Page 1: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Cláudio D. Shikida(http://shikida.net)

Porto Alegre, 29 de maio de 2010Instituto Liberdade / FACE (PUC-RS)

Page 2: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Breve Introdução Você, agora, pode escolher: ou gasta mais um minuto neste

anfiteatro comigo (suponho que tenhamos ao menos uma pessoa além de mim neste auditório...) ou pode sair agora.

Mais um minuto. E você deve rever sua decisão.

Aproveite! Sua chance é agora!

Há um certo desconforto e uma certa satisfação em jogo, certo?

Agora sim, vamos à economia.

Page 3: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Tópicos Introdução Análises econômicas do governo Falhas de mercado e soluções políticas Consequências não-intencionais dos incentivos O lado não-romântico da democracia Eleitores e a lógica das urnas Ignorância Racional Ciclos Político-Econômicos Burocracia Grupos de Interesse Rent-Seeking Escolha Pública hoje Conclusão

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 4: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Introdução A política nos jornais

A política na ciência ou a ciência da política

Escolha Pública: uma nova abordagem para um problema antigo

Def: Escolha Pública é a aplicação do ferramental econômico na compreensão dos fenômenos políticos.

Por que aprendemos mais sobre o comportamento dos políticos quando trabalhamos sob este prisma?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 5: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Análises econômicas do governo Richard Musgrave Economia Normativa

James Buchanan Economia Positiva

Donald Wittman e a Nova Escolha Pública de Byran Caplan

Conclusão

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 6: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Por que o governo deveria intervir no sistema

econômico?

Externalidades

Bens Públicos

Assimetria de Informação

Poder de Mercado

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 7: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Mas, quem disse que a correção do mercado

necessariamente vem do governo?

...precisamos de “corretivo” externo?

...ou o mercado se auto-regula?

Não existe uma resposta única.

Cada caso é um caso.

Claro, o governo tem um papel, mas qual seria este?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 8: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Há alguma falha de mercado aí embaixo?

“Em 1947, os gibis se transformaram em prioridade para a vereadora carioca Lia Correia Dutra. [Ela] (...) [c]hamou a atenção (...) para o quanto eram perigosas as revistas vendidas ‘com fins lucrativos e para enriquecimento de seus proprietários, sem ter nenhuma finalidade educativa’”. [A guerra dos gibis, Gonçalo Junior, Companhia das Letras, 2004]

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 9: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Exemplos de soluções governamentais para falhas de

mercado

O problema da informação assimétrica: a criação de um sistema legal que pune a quebra de contratos

Exemplos de soluções de mercado para falhas de mercado

O problema dos “limões”: resolvido pelo mercado?

Vale a pena ter várias faculdades com níveis distintos de qualidade? (e.g. cursos de economia de qualidades variadas)

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 10: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas O famoso caso dos faróis.

Faróis em portos têm um problema: como cobrar pelo serviço?

Um facho de luz de um farol ajudará um navio a se desviar de algum perigoso obstáculo.

Mas o comandante do navio não paga ao farol.

Assim, acreditava-se que havia uma falha de mercado clara: era impossível precificar o serviço do farol. Alguns achavam que os faróis eram exemplos claros de bens públicos.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 11: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Bem público

O caráter “público” de um bem tem a ver a excludência e com a rivalidade.

Estrada congestionada e com pedágio Estrada congestionada e sem pedágio Estrada não congestionada e com pedágio Estrada não congestionada e sem pedágio

Note que a tecnologia e as instituições podem, ambas, alterar o grau de rivalidade ou de excludência de um bem.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 12: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Entretanto, a pesquisa histórica mostrou que a

realidade era um pouco diferente.

Ronald Coase, em estudo sobre os faróis ingleses no século XIX, mostrou que o serviço dos faróis era, de fato, precificado...e de forma privada.

Como?

O proprietário do farol cobrava os serviços do porto mais próximo.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 13: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Esta é uma boa solução.

Se os navios não afundam graças ao farol, então eles aportarão em algum porto.

É fácil ver que a média de navios no porto próximo será significativa. Ao desembarcarem as mercadorias e realizarem transações, movimentam a economia local.

Logo, o dono do porto está remunerando o serviço do farol ao pagar algum valor a seu proprietário.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 14: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas O que podemos aprender com isto?

O dono de um recurso sabe que há várias formas de ser remunerado pelo uso do mesmo. Às vezes, de forma não tão óbvia.

Por que o dono do farol se preocupa com o pagamento pelos seus serviços?

Ele deseja, mais do que ninguém, obter ganhos pela venda de seus serviços.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 15: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Falhas de mercado e soluções políticas Note o meu itálico: mais do que ninguém.

Perceba que o proprietário tem um incentivo que ninguém mais tem para lucrar com o farol.

Mais ainda: ele, melhor do ninguém, sabe como lucrar com o farol. Note que ele até descobriu em que dimensão do bem poderia ganhar .

Por isto tantas políticas públicas falham: elas ignoram a lógica do mercado. Mesmo quando buscam mimetizar o mercado, poderão criar novos problemas ao tentarem resolver os antigos.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 16: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Consequências não-intencionais dos incentivos Como uma política pública pode ter este efeito?

Nos EUA era um hábito comum as companhias aéreas não cobrarem pela viagem de menores de dois anos.

Em 1989 ocorreu um acidente com uma aeronave da UnitedAirlines. Duas crianças morreram.

Políticos, burocratas e a sociedade, de forma geral, conseguiram alterar a lei, introduzindo a exigência de que crianças deveriam ficar em assentos separados e deveriam pagar pela viagem.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 17: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Consequências não-intencionais dos incentivos Um burocrata do setor afirmou: “the economic cost of

the extra passenger seat ...[is] a very small price for preventing injuries and saving lives”.

Aparentemente, esta é uma boa política pública, não?

E se eu disser que ela, potencialmente, expõe mais crianças ao risco de acidentes?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 18: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Consequências não-intencionais dos incentivos Se o gasto com a viagem aérea aumenta (agora a

criança também paga), eu poderia optar por viajar de automóvel.

A probabilidade de uma criança morrer em um acidente automobilístico é maior do que a probabilidade dela morrer em um acidente aéreo.

Quantos aviões caíram mês passado?

Quantos automóveis sofreram acidentes mês passado?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 19: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Consequências não-intencionais dos incentivos A lição aqui é a seguinte: incentivos devem ser muito bem

entendidos (mesmo assim...).

A sociedade pode explorar melhor isto, através do mecanismo de erro-acerto, sob regras simples.

Entretanto, governos, em diversas ocasiões, não permitem que a sociedade use este mecanismo para melhorar a vida de todos.

Será que o político se preocupa em entender bem os efeitos dos incentivos de um experimento que não o afeta diretamente?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 20: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Já que falamos de regras, vamos deixar este tópico para explorar um pouco mais algumas regras que são muito usadas na política para a tomada de decisões.

Ou seja, vamos falar do lado “não-romântico” da democracia.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 21: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Escolha Coletiva – vejamos um exemplo,

aparentemente, bem distante de nossa discussão.

Três atletas no triathlon Dia 1: corrida

Dia 2: natação

Dia 3: bicicleta

Como construir o ranking?

Três exigências.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 22: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Se o atleta A for melhor classificado que o atleta B e se o atleta B for melhor classificado que o atleta C, então, o atleta A será melhor que C. (Transitividade)

Se o atleta A ganhar do atleta B nas três modalidades, A deveria ter melhor classificação do que B (o mesmo para a comparação entre A, C ou B, C).

A classificação de dois atletas não deve ser alterado no caso em que o terceiro atleta desista da competição antes de seu término.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 23: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Corrida Natação Ciclismo

A 1 3 2

B 2 1 3

C 3 2 1

Em Corrida, A é melhor do que B que é melhor do que C.

Em Natação, B é melhor do que C que é melhor do que A.

Em Ciclismo, C é melhor do que A que é melhor do que B.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 24: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Corrida Natação Ciclismo

A 1 3 2

B 2 1 3

C 3 2 1

Vamos estabelecer um critério: decidimos entre dois atletas e, o vencedor, disputa com o terceiro.

Por exemplo, entre A e B, A ganha de B em Corrida e em Ciclismo, mas perde B em Natação.

Assim, A ganha de B em duas modalidades. Elegemos A como vencedor e vemos como ele se sai com C: A ganha de C em corrida, mas perde de C em Natação e Ciclismo.

Resultado: C é o vencedor. 29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 25: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Corrida Natação Ciclismo

A 1 3 2

B 2 1 3

C 3 2 1

Mas se a disputa inicial fosse entre A e C? Sabemos que C ganha de A em duas modalidades (Natação e Ciclismo). Mas e quanto à disputa entre C e B?

C ganha de B em Ciclismo, mas perde em Corrida e Natação.

Resultado: B é o vencedor.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 26: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Corrida Natação Ciclismo

A 1 3 2

B 2 1 3

C 3 2 1

E se a disputa inicial fosse entre B e C? Já sabemos que B ganha de C em duas modalidades. Logo, a disputa final seria entre B e C.

Neste caso, B ganha de A em Natação, mas perde tanto em Corrida quanto em Ciclismo.

Resultado: A é o vencedor.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 27: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Corrida Natação Ciclismo

A 1 3 2

B 2 1 3

C 3 2 1

Observe que o resultado final, nestas disputas simples varia conforme a ordem em que decidimos os embates iniciais.

O vencedor que sai da aplicação da regra de maioria simples entre A e B disputa com C. (C vence)

O vencedor que sai da aplicação da regra de maioria simples entre A e C disputa com B. (B vence)

O vencedor que sai da aplicação da regra de maioria simples entre B e C disputa com A. (A vence)

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 28: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Corrida Natação Ciclismo

A 1 3 2

B 2 1 3

C 3 2 1

Como decidir entre os três?

O único jeito, sob estas regras, é alguém arbitrar o vencedor.

A regra de maioria simples não foi suficiente para gerar um vencedor.

Este é o chamado Paradoxo de Arrow. Como transpor este problema para a política?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 29: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia

Defesa Saúde Educação

Deputado A 1 3 2

Deputado B 2 1 3

Deputado C 3 2 1

Eis o problema.

A maioria simples pode não levar a lugar algum. Por isso, políticos adoram ter o controle da ordem da votação de itens. (Controle da Agenda)

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

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O lado não-romântico da democracia A ordem importa...

...e o tipo de voto importa também.

Pense em reuniões para decidir orçamentos ou greves.

Pense, também, no impeachment do presidente Collor. Televisionado Ao vivo Qual o custo do deputado pivô em apoiar o impeachment? E o

benefício? Você se lembra de quem deu o voto pivotal?

Paulo Romano, PFL-MG...componente da base aliada do governo na época.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 31: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Transitividade das preferências não precisa ser igual

para todos na sociedade.

Logo, o argumento de que políticos tentam “maximizar” o bem-estar de todos é, no mínimo, complicado. Não seria um bom modelo para se entender como as pessoas reagem aos incentivos no mundo político.

Grupos de interesse, portanto, “combinam” com “Controle da Agenda”.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 32: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia O que o exemplo anterior nos ensina acerca dos supostos

benefícios de uma democracia participativa?

Votação de orçamentos dependem do controle da agenda?

Na prática, o problema consiste em entender os mecanismos de decisão política e seus impactos sobre a implementação de políticas públicas.

Para quem se faz política pública?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 33: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Fala-se de controle “social” maior sob a prática do

orçamento participativo.

Mas o que é “social”?

Controle da agenda qualifica o “social”.

Se você diz que isto é democracia, então veja o lado nada romântico da mesma: grupos manobram – em reuniões públicas – para cansar pessoas e alterarem a ordem dos tópicos a serem votados.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 34: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Em outras palavras: mesmo que aceitemos que isto é a

democracia, o resultado acima mostra que existe uma possibilidade concreta de que a democracia leve a resultados socialmente ruins.

Estudar o papel das regras é importante.

Novamente: entender a reação das pessoas aos incentivos no mercado político é importante.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 35: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Considere o problema de cinco amigos que dividem

um dormitório.

Na tabela acima temos a disposição a pagar de cada um.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 36: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Por exemplo, Quentin está disposto a pagar até R$ 7,00

pelo aluguel do 1º filme. Para alugar um 2º filme, estaria disposto a pagar no máximo R$ 6,00.

Em outras palavras, para alugar dois filmes, Quentin estaria disposto a pagar, no total, até R$ 13,00.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 37: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Suponha que o aluguel de um filme é de R$ 8,00.

Suponha também que o total gasto com aluguel será dividido igualmente entre os cinco amigos.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 38: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Pensando no bem-estar de todos como a soma do bem-

estar de cada indivíduo, então podemos descobrir quantos filmes maximizam o bem-estar total.

Com um filme: (7 – 1.6) + (5 – 1.6) + (4 – 1.6) + (2 – 1.6) + (1 – 1.6) = R$ 11,00.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 39: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Com dois filmes: (7 + 6 – 3.2) + (5 + 4 – 3.2) + (4 + 2 –

3.2) + (2 + 1 – 3.2) + (1 + 0 – 3.2) = R$ 16,00.

Com três filmes, R$ 17,00.

Com quatro filmes, R$ 13,00.

Com cinco filmes, R$ 6,00.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 40: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Descobrimos que, ao alugarem três filmes, os colegas

terão o maior bem-estar agregado.

Mas o que é bom para o grupo é bom para cada um?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 41: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Com três filmes, cada um paga 24/5 = R$ 4.8

Não é difícil ver que Martin e Steven perdem mais do que ganham com o aluguel de três filmes. Aliás, ao preço de R$ 1.6 o vídeo (8/5 = 1.6), Quentin acha que vale a pena alugar até 4 filmes.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 42: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Spike adoraria alugar até 3 filmes. Ridley prefere 2

filmes, Martin alugaria apenas um filme e, Steven, nem isso.

Observe que Ridley é o eleitor mediano deste grupo. Abaixo dele estão pessoas que ganham com dois filmes (mas perdem com o aluguel de três) e, acima, estão dois que preferem três filmes a dois.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 43: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Temos dois resultados: 2 e 3 filmes. O primeiro é o do

eleitor mediano e o segundo é o que dá o maior bem-estar para os cinco amigos.

Neste caso, note que uma votação por maioria simples resultaria no aluguel de dois filmes apenas.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 44: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia O que aconteceu é que a democracia gerou um aluguel

de filmes menor do que o que maximiza o bem-estar dos cinco.

Por outro lado, imagine que a discussão fosse conduzida de outra forma.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 45: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Suponha, por exemplo, que seja decidido que

antecipadamente que três filmes serão alugados. Em seguida, pergunta-se a Quentin sobre sua disposição a pagar.

Quentin pagaria até R$ 5,00. Mas se o aluguel dos três filmes custará R$ 4,8, ele teria incentivo a revelar sua verdadeira intenção de pagar os R$ 5,00?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Quentin Spike Ridley Martin Steven

1º filme 7 5 4 2 1

2º filme 6 4 2 1 0

3º filme 5 3 1 0 0

4º filme 3 1 0 0 0

5º filme 1 0 0 0 0

Page 46: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

O lado não-romântico da democracia Percebeu o problema?

Perguntar a alguém sobre sua verdadeira disposição a pagar é algo que não se faz em uma barganha privada.

No caso do bem público, em que todos pagarão pela sua produção, a tendência é que cada um subestime sua disposição a pagar.

Obviamente, isto pode ser amenizado conforme características culturais, ideológicas ou mesmo pela “repetição deste jogo”.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 47: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Eleitores e a Lógica das Urnas Eleitores e a lógica das urnas

Por que votamos?

Porque somos obrigados.

Mas, se pudéssemos escolher, será que votaríamos?

Candidato realmente representa seus interesses?

A verdade é que a probabilidade de meu voto mudar uma eleição é baixa.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 48: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Ignorância Racional No Brasil, somos obrigados a votar.

Significa que temos que nos informar sobre os políticos, caso queiramos dar algum valor ao voto (ainda que nulo).

A sucessão das eleições aumenta o aprendizado do eleitor sobre o que esperar deste ou daquele político.

Este aprendizado nos ajuda a minimizar a ocorrência dos chamados ciclos político-econômicos.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 49: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Ciclos Político-Econômicos Suponha uma democracia com mandato presidencial de

quatro anos.

A forma mais óbvia de ciclo gerado por políticos é a seguinte:

Nos dois primeiros anos, austeridade. Ênfase, por exemplo, no combate à inflação, mesmo que isto custe algum desemprego.

Nos dois últimos anos, irresponsabilidade fiscal (gerando mais inflação) com o objetivo de ganhar a eleição.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 50: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Ciclos Político-Econômicos Ao contrário das flutuações geradas pelo mercado,

estas são diretamente criadas pelo governo.

Há ciclos políticos menos óbvios:

No parlamentarismo, manipular a data da eleição

“Desmontar” a administração atual para atrasar o início da gestão adversária (quando se percebe que a derrota é inevitável).

Etc.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 51: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Ciclos Político-Econômicos Estudos recentes mostram que estas manipulações

governamentais dos ciclos econômicos ocorrem com mais frequência em democracias mais novas (Portugal, Espanha, Grécia, Brasil, etc).

Isto acontece porque o eleitor aprende à medida em que participa de vários processos eleitorais.

Lei de Responsabilidade Fiscal, uma “Constituição Monetária”, ou mesmo a Constituição: o que significam em termos do ciclo?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 52: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Ciclos Político-Econômicos Existem no Brasil? Qual seu impacto?

Salvato, Antunes, Araujo Jr & Shikida (2008):

Amostra : 1985 a 2006 As variáveis analisadas foram: taxa de crescimento do PIB, taxa de

desemprego, taxa de inflação, despesa governamental e déficit público.

Principais resultados (...): i) evidências econométricas de manipulação oportunista pré-eleitoral da taxa de inflação no período posterior à implantação do Plano Real, e das taxas de desemprego e crescimento do produto; ii) não rejeição da hipótese de ação oportunista em relação ao gasto público e ao déficit governamental.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 53: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Um exemplo Jorge Vianna Monteiro, em sua carta quinzenal

([email protected]), em jan/2010:

É difícil monitorar as ações dos políticos.

Note que isto não se aplica apenas ao candidato que recebeu seu voto, mas também às supostas alternativas.

Assim:

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Page 54: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Um exemplo

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Page 55: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Outro exemplo Políticas macroeconômicas não são as únicas manipuláveis

pelo governo.

Políticas sociais também podem apresentar esta característica.

Canedo Pinheiro (2009): “...o aumento de um ponto percentual no número de beneficiários do programa elevou em 0,55 ponto percentual a votação de Lula em 2006, na média”. [http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/07/24/fgv-bolsa-familia-rendeu-lula-2-9-milhoes-de-votos-756970093.asp]

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Burocracia

Por que existem burocratas?

Supostamente, devem atender ao bem-estar social (ou, como gostam alguns, o “consenso social”).

Já vimos que isto é bastante complicado.

Logo, o que eles estão fazendo?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 57: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Burocracia

Outra pergunta: quem financia a agência governamental?

Congresso

Presidente

Como garantir que este financiamento não se traduza na substituição das preferências do eleitor mediano pelas preferências do “patrocinador”?

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Page 58: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Burocracia Vimos que falhas de mercado poderiam surgir por

problemas de informação assimétrica.

O mesmo acontece em empresas públicas.

Os incentivos não favorecem o monitoramento dos funcionários públicos pelos cidadãos.

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Page 59: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Burocracia A burocracia, sob incentivos errôneos, pode causar

danos à sociedade.

Ineficiência do serviço conjugado com ausência de punição.

Novamente: a quem servem os burocratas?

Veja o governo de SP em 2006:

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Page 60: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Burocracia A placa com o aviso “É crime desacatar funcionário público no exercício da

função ou em razão dela” deve ser retirada de todas as repartições públicas de São Paulo. A determinação é do Tribunal de Justiça paulista.

As placas, que funcionam como uma espécie de Habeas Corpus preventivo para o mau serviço público, representam, senão um desacato, uma verdadeira agressão aos cidadãos. O corregedor-geral do TJ-SP, desembargador Gilberto Passos, acolheu Representação ajuizada pelo corregedor do Tribunal de Ética e Disciplina da seccional paulista da OAB, Sergei Cobra Arbex.

Para a OAB paulista, os avisos ostensivos intimidam os cidadãos, usuários do serviço público, que temem reclamar quando não recebem atendimento adequado. Segundo Arbex, “da mesma maneira que se informa as sanções às quais o cidadão está sujeito em razão da incidência de norma legal, ele deve ser informado de seus direitos, também previstos em lei, para que possa exercer sua cidadania de maneira plena e irrestrita”.

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Page 61: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Burocracia Existem formas mais baratas de se fazer políticas

sociais, de forma igualmente eficiente?

Planos de Combate à Pobreza

Burocracia e as transferências intergovernamentais.

Transferência direta de renda para as pessoas.

Incentivos idênticos?

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Page 62: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Grupos de interesse Função de bem-estar social inexistente...

Eleitor mediano e grupos de interesse

Olson e o exemplo do Reino Unido no pós-guerra

Inevitavelmente nos reunimos em grupos

Mas o que importa são os objetivos do grupo

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 63: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Grupos de interesse Grupos podem se unir para conseguir mais benefícios às

custas de outros.

Veja o exemplo recente das transferências que o Distrito Federal recebe, relativamente a outros municípios.

Incentivos são “distorcidos” no sentido de que o grupo não quer exercer esforço para aumentar o benefício e consegue fazer isto via dispersão de custos para outros municípios. [http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/03/08/a-corrupcao-no-df-o-dinheiro-que-cai-do-ceu-272224.asp]

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 64: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Grupos de interesse Grupos de interesse buscam sempre concentrar

benefícios e dispersar custos.

Pense em um exercício simples.

Recolho 10 centavos de cada um de vocês e me apodero do total.

Você quase não notou a perda, mas eu ganhei um bocado.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 65: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Grupos de interesse Entretanto, existem também grupos que surgem com

objetivos distintos, concentrando custos e dispersando benefícios.

“Contas Abertas” é custeado por alguns, mas gera informações sobre gastos do governo para qualquer um que tenha acesso à internet. [http://contasabertas.uol.com.br/WebSite/]

“Transparência Brasil” faz serviço similar. [http://www.transparencia.org.br/index.html]

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 66: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Grupos de interesse Rent-seeking

Rent-seeking diz respeito a atividades improdutivas.

Que renda é esta?

Uma coisa é a busca pelo lucro.

Outra é a busca da renda citada acima.

O que Paris Hilton e a extração de petróleo têm em comum?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 67: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Rent-seeking Uma renda deste tipo ocorre

no caso de Paris Hilton.

O mesmo tipo de renda ocorre no caso da exploração petrolífera.

Tanto a beleza quanto a quantidade de petróleo a ser extraída dificilmente variam no curto ou no longo prazo.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 68: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Rent-seeking Existem casos em que esta limitação na quantidade de

um recurso é gerada artificialmente, através de leis.

Neste caso, cria-se uma renda artificialmente.

Exemplo: existem centenas de pipoqueiros na cidade e a prefeitura limita o número máximo de pipoqueiros a apenas vinte.

O que acontecerá?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 69: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Rent-seeking Colbert, na França

Geralmente pensado como um nobre funcionário público que industrializou a França.

Será mesmo?

Seu mercantilismo tinha como objetivo industrializar o país ou impedir a saída de ouro do mesmo?

Quem era seu patrocinador? O rei. Quais eram os interesses do rei? Receita tributária. Como arrecadar com uma estrutura de fiscalização famosa

por ser ineficaz? Leilão de direitos de monopólio.

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Claudio Djissey Shikida (2009)

Graficamente

Q

P

c

pi

A eficiência de mercado e o monopólio “colbertiano”

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Claudio Djissey Shikida (2009)

Graficamente

Q

P

c

pi

Note a diferença entre o monopólio natural e o artificial.

A perda de bem-estar é potencialmente maior, quanto maior o tamanho do mercado, originalmente.

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Rent-Seeking Exemplos no Brasil?

Estimativas?

Evidências anedóticas, contudo, são ricas.

Regulamentação

Estatização (e tentativas de reestatização a partir de 2010)

Disseminação do comportamento rent-seeking diminui o poder de fiscalização da sociedade sobre o governo no longo prazo?

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Page 73: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Rent-Seeking Rent-seeking nos remete a uma discussão mais

interessante: os incentivos aos quais se submetem os empresários.

A disciplina do mercado versus a busca de rendas: um problema simples de se resolver? Não.

Instituições: para que? Para quem?

Vejamos alguns exemplos.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

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0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 10 20 30 40 50 60 70 80

failed_sta

tes

econ_freedom

failed_states versus econ_freedom (with least squares fit)

Y = 155. - 1.42X

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y = -0.0553x + 8.9315R² = 0.7435

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 20 40 60 80 100 120

Índice de Respeito à Propriedade Intelectual (quanto maior, mais respeito) x Índice de Falência dos Estados (quanto

maior, mais falido)

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y = 0.5427x - 11.127R² = 0.3017

-20

0

20

40

60

80

100

120

0 20 40 60 80 100 120

Liberdade de Imprensa 2006 x Estados Falidos 2007 (ambas as escalas: quanto maior, menos livre e mais falido)

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y = 0.0785x2 - 0.4127x + 43.727R² = 0.2232

y = 1.691x + 34.113R² = 0.2018

0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25 30

Estados Falidos (quanto maior, mais falido) x Taxa de Atividade Empreendedora (Quanto maior, maior a taxa,

medido no eixo horizontal)

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Page 88: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

No Brasil? http://www.anpec.org.br/encontro2006/artigos/A06A

070.pdf

O que determina a desigualdade regional?

Instituições e História.

Algumas correlações.

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Page 94: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Cautelas:

Correlação não é causalidade.

O fato de eu ter fósforos em casa não quer dizer que eu terei alta probabilidade de desenvolver câncer no pulmão.

Já se eu tenho maços de cigarros em casa...

De qualquer forma, são correlações que nos indicam pistas para entender o papel das instituições que são os incentivos para as escolhas públicas.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 95: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje

Caplan (2005)

Disponível em: http://econfaculty.gmu.edu/bcaplan/econ.html

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Page 96: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje Vamos entender porque a crítica de Wittman – e a

nova “síntese” de Caplan melhoram bastante nosso entendimento atual sobre os mercados políticos.

Adiante!

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 97: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Se no mercado os agentes não são facilmente enganados, por que o contrário ocorreria com os eleitores?

Pense em você mesmo: quando lê um jornal, você realmente não percebe o que acontece no meio político?

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Page 98: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Ignorância dos eleitores significa que os mesmos cometeriam erros sistemáticos, sempre subestimando as consequências das políticas criadas pelos grupos de interesse.

Mas eleitores ignorantes não subestimam necessariamente. Eles podem, inclusive, sobreestimar os efeitos de uma política.

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Page 99: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Eleitores são enganados por informações falsas (ou imprecisas) geradas pelos grupos de interesse.

Wittman: será mesmo que as pessoas aceitam estas informações sem crítica?

Até mesmo um morador de uma favela, com baixo grau educacional, sabe o que é ótimo para ele. Ter pouca educação não significa que não processar informações visando o próprio bem-estar.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 100: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Além disso, a competição eleitoral provê informações para os menos informados.

Cada partido tenta denunciar o outro como “corrupto”, “ineficiente”, etc.

A competição diminui a desinformação.

No mercado, os mais eficientes vencem. Nas eleições, também (e sempre há a próxima eleição...).

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 101: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Grupos de interesse podem se distanciar das preferências do eleitor mediano (como vimos acima).

Mas barganhas políticas não mudam isto?

Exemplo.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 102: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Locatários de imóveis e locadores.

Políticos propõem o controle do aluguel que, digamos, traduz-se em uma mudança de bem-estar entre os dois.

Digamos que os locadores recebessem, neste caso, $ 10.000 ao custo de $ 12.000 para os locatários.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 103: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Logo, se a maioria é de locadores, a proposta é aprovada.

Barganha possível - locadores negociam com locatários: “podemos retirar nossa proposta de controle de aluguel, que lhe custaria, pelo menos, $10.000 desde que vocês aprovem um imposto sobre imóveis de $11.000 e transfiram a receita para nós”.

Neste caso, locatários ganham $ 1.000 (líquido de $11.000 ao invés de $10.000) e os locadores que perderiam $12.000, perdem apenas $11.000 (ganho líquido de $1.000).

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Page 104: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje A crítica central de Wittman

Você poderia dizer: “ei, e os custos de transação?”

Mas a democracia não diz respeito, exatamente, à diminuição dos custos de transação?

A regra da maioria e a regra da unanimidade: não é justamente a primeira que diminui custos de transação?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 105: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje O argumento de Caplan

Wittman: democracia funciona se os agentes forem racionais, as eleições forem competitivas e se os custos de transação políticos forem baixos.

Caplan: agentes são racionais nos mercados políticos?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 106: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje O argumento de Caplan

Teste de racionalidade: se geralmente há experts e não-experts, aceitamos os primeiros como mais bem informados.

Por exemplo: economia.

Caplan, em vários artigos, comparou as crenças dos economistas com as dos não-economistas. De fato, os não-experts não são tão racionais assim.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 107: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje O argumento de Caplan

Mas, um resultado interessante: não-economistas mais educados (em termos de educação formal) tendem a pensar mais como economistas.

Mas se há pouca racionalidade, isso significa que políticas ineficientes podem ser adotadas!

E não é porque o mercado político é ineficiente!

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 108: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje O argumento de Caplan

Mesmo que a democracia seja competitiva, a irracionalidade dos eleitores (no sentido acima descrito), pode gerar políticas ruins.

A “culpa” não é dos grupos de interesses apenas.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 109: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje O argumento de Caplan

Finalmente, o cerne da questão está na compreensão dos conceitos básicos da economia.

A polêmica sobre ideologia: sempre haverá quem diga que tudo é ideológico, embora isto não seja consensual (e.g. Bobbio).

Princípios básicos de Sociologia: há alguma diferença entre os livros?

E no Direito?

Na Economia não seria diferente.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 110: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje Em resumo:

Políticas ineficientes podem ser a regra, não a exceção.

Tentativas de atrasar a educação econômica não ajudam no desenvolvimento econômico e no combate à pobreza.

Ideologias pretenciosas que negam os princípios básicos da economia;

Má qualidade dos cursos de Economia;

Discurso pró-interdisciplinariedade e prática ultra-restritiva: barreiras à entrada e o auto-interesse do pesquisador/professor.

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Page 111: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje Instituições informais (valores ou, imprecisamente,

“cultura”, ideologia, etc) podem dificultar ou facilitar a criação de mecanismos de ação coletiva.

Instituições informais são relevantes?

Evidências na literatura são mistas.

Shikida, Araujo Jr & Sant´Anna (2011) encontram evidências de que a qualidade dos governos (failedstates) tem forte relação com valores culturais.

Cultura, neste estudo...

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Page 112: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje

É uma variável composta de quatro outras: Trust + Respect +Individual self-determination – obedience = Culture

Respect - Menos respeito entre indivíduos→ menos respeito pelos direitos de propriedade (e.g. escravidão)

Obedience - Obediência tem relação inversa com a individualidade.

Trust - Custos de transação: menos confiança (trust) → maiores custos de transação

Individual Self-Determination - Indivíduo acredita que todos devem usufruir dos benefícios (e arcar com o fardo dos custos) de suas próprias ações.

Page 113: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Escolha Pública hoje Outros estudos têm mostrado evidências da

importância da cultura em resultados econômicos.

Um desafio importante é entender a relação entre capital humano, instituições informais, instituições formais, qualidade do governo e, claro, prosperidade econômica.

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)

Page 114: Curso de Formação de Lideranças - Shikida

Conclusões Políticas econômicas não são dissociáveis do jogo

político.

Eleitores

Grupos de interesse

A (E)educação e as boas práticas (E)econômicas

Incentivos e a Cultura: a moral importa?

29/05/2010 Cláudio D. Shikida (2010)