cultura organizacional

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Autor: Fabio Costa Nery Identificação do autor: Aluno de mestrado do curso PROFIAP-UFMS Este texto busca transcrever de forma resumida as diversas ideias e informações expostas nos documentos referente a aula 02 da disciplina Teoria das Organizações. Textos: Mauricio Serva, Marcio Silva Rodriguês Um grande interesse tem sido constatado pelo tema epistemologia pela comunidade científica de administração no Brasil principalmente em programas stricto sensu de mestrado e doutorado, tendo também sido refletidos principalmente como tema nas divisões acadêmicas da ANPAD e na realização de um colóquio internacional sobre o tema na Universidade Federal de Santa Catarina. É importante ressaltar não apenas os estudos sobre epistemologia “geral”, nas ciências da administração, mas também os estudos de epistemologia “específicas” ou subáreas das ciências da administração. A epistemologia apresenta-se como saber multidisciplinar, buscando estudar a produção do conhecimento científico do ponto de vista lógico, linguístico, sociológico, ideológico e antropológico. A partir da segunda metade dos anos de 1960 caracteriza-se o desenvolvimento da análise de disciplinas individuais, sendo estes em sua grande maioria realizados pelos próprios cientistas pertencentes às disciplinas, tendo Edgar Morin feito um extenso estudo sobre as bases e detalhes do denominado paradigma da complexidade, obtendo posteriormente reconhecimento da comunidade global. Na epistemologia geral destacasse o conjunto de obras de Boaventura Santos, trazendo uma rigorosa retrospectiva histórica da ciência desde o século XVI até o presente. No campo da epistemologia da administração, uma primeira reflexão com razoável difusão nos meios acadêmicos vem com a publicação do livro escrito por Gibson Burrel e Gareth Morgan em 1979. seguindo-se uma série de trabalhos sobre o posterior paradigma da análise organizacional. Em seu desenvolvimento, a epistemologia da administração tem seu marco entre 1981 e 1984, com uma série de seminários realizados no programa de Doutorado em Administração, na universidade de Laval, sendo a coletânea de textos publicados Michel Audet e Jean-Louis

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Cultura organizacional

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Autor: Fabio Costa Nery

Identificao do autor: Aluno de mestrado do curso PROFIAP-UFMSEste texto busca transcrever de forma resumida as diversas ideias e informaes expostas nos documentos referente a aula 02 da disciplina Teoria das Organizaes.

Textos: Mauricio Serva, Marcio Silva Rodrigus

Um grande interesse tem sido constatado pelo tema epistemologia pela comunidade cientfica de administrao no Brasil principalmente em programas stricto sensu de mestrado e doutorado, tendo tambm sido refletidos principalmente como tema nas divises acadmicas da ANPAD e na realizao de um colquio internacional sobre o tema na Universidade Federal de Santa Catarina. importante ressaltar no apenas os estudos sobre epistemologia geral, nas cincias da administrao, mas tambm os estudos de epistemologia especficas ou subreas das cincias da administrao. A epistemologia apresenta-se como saber multidisciplinar, buscando estudar a produo do conhecimento cientfico do ponto de vista lgico, lingustico, sociolgico, ideolgico e antropolgico. A partir da segunda metade dos anos de 1960 caracteriza-se o desenvolvimento da anlise de disciplinas individuais, sendo estes em sua grande maioria realizados pelos prprios cientistas pertencentes s disciplinas, tendo Edgar Morin feito um extenso estudo sobre as bases e detalhes do denominado paradigma da complexidade, obtendo posteriormente reconhecimento da comunidade global. Na epistemologia geral destacasse o conjunto de obras de Boaventura Santos, trazendo uma rigorosa retrospectiva histrica da cincia desde o sculo XVI at o presente. No campo da epistemologia da administrao, uma primeira reflexo com razovel difuso nos meios acadmicos vem com a publicao do livro escrito por Gibson Burrel e Gareth Morgan em 1979. seguindo-se uma srie de trabalhos sobre o posterior paradigma da anlise organizacional. Em seu desenvolvimento, a epistemologia da administrao tem seu marco entre 1981 e 1984, com uma srie de seminrios realizados no programa de Doutorado em Administrao, na universidade de Laval, sendo a coletnea de textos publicados Michel Audet e Jean-Louis Malouin, sendo o livro um marco para a construo da disciplina, sendo o estabelecendo efetivo da epistemologia da administrao, onde aps se seguem diversos trabalhos. No Brasil possvel destacar os trabalhos de Garcia e Bonzo (2000) que se refere ao estudo epistemolgico sobre o pensamento administrativo considerado por eles como convencional, j Guimares (2004) faz um estudo sobre a anlise epistemolgica no campo do empreendorismo. Em todo esse frutfero contexto, diversas correntes epistemolgicas surgiram e sobre elas que tratamos agora. Dentro das bases epistemolgicas que edificaram a cincia da administrao e, consequentemente, a moderna empresa capitalista podemos citar diversas correntes epistemolgicas, dentre elas o utilitarismo, o positivismo, o funcionalismo e o sistemismo. O Positivismo, relacionado especificamente cincia positiva, pretende mostrar o que verdadeiro, em oposio ao que falso, e, ao realizar isso no campo cientfico, considerando as transformaes supracitadas, o positivismo, calcado em valores eminentemente humanos, emerge como a base filosfica e ideolgica da sociedade. Segundo Padovani e Catagnola (1990), embora o positivismo tenha surgido inicialmente na Frana, com Augusto Comte, na Inglaterra, bero do empirismo, que ele se manifesta em toda a sua genuinidade a partir dos trabalhos de Herbert Spencer. Em termos operacionais, em oposio ao idealismo, o projeto positivista defende a importncia e exige o respeito para a cincia desenvolvida com base na experincia imediata, dados positivos e os dados sensveis, ou seja, para o positivismo, a nica realidade existente a realidade fsica (comprovada cientificamente). Revoluciona o fazer cientfico devido ao estabelecimento de observaes controladas e de tcnicas de coletas de dados, por ter sua essncia calcada no empirismo, restringe-se a explicar apenas o observvel (repetitivo e, em muitos casos, consensual). Para o funcionalismo, Um lugar em cada coisa, cada coisa em seu lugar, cabendo a noo de fato social, que em resumo so modos de agir, pensar e sentir (gerais, externos e coercitivos) e que definem alguns comportamentos, independente das manifestaes individuais. Durkheim deduz, de acordo com Aron (2002), a ideia que manteve por toda sua sociologia: o indivduo nasce da sociedade e no a sociedade nasce dos indivduos. Partido desse pressuposto e associando a ideia de funo (a contribuio de uma atividade para o funcionamento do todo - viso totalitria). Por funo Malinowski (1970), considerado um dos fundadores do funcionalismo, entende todas as atividades desenvolvidas com o objetivo de satisfazer alguma necessidade (primria ou secundria). Simon (1979) denominou de incluso parcial, ou seja, ao considerar somente os aspectos relevantes para a organizao, o funcionalismo reduziu os indivduos a meros instrumentos (peas substituveis), necessrios ao fluxo material, sem quaisquer consideraes com os aspectos individuais (humanos), nesta linha, os sistemas organizativos encontraram na burocracia uma forma de personificar a essncia do funcionalismo. Formadas as bases pelo funcionalismo, adentramos no sistemismo que prope uma renovao metodolgica ao enquadrar o dinamismo da sociedade e/ou das organizaes como um fenmeno relevante (DEMO, 1985). De acordo com Demo (1985), um sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos direta ou indiretamente relacionados que formam um todo autossustentado maior que a soma das partes. A interao com o ambiente origina uma das caractersticas metodolgicas centrais do sistemismo: a circularidade. Em outras palavras, partindo do ciclo bsico de um sistema (input, converso, output e retroalimentao), possvel afirmar que os sistemas buscam constantemente, a partir da retroalimentao, combater os constantes desequilbrios provocados pelo ambiente e garantir a preservao de seus limites, aqui podemos citar uma entropia negativa que refere-se capacidade de um sistema em aperfeioar-se constantemente, combatendo os desequilbrios, a partir de recursos importados do ambiente. Na cincia da administrao, os princpios da teoria de sistema foram muito bem-vindos devido a sua nfase no todo (organizao, sistema) e no equilbrio desse, como demonstram Rosenweig e Kast (1980). De posse das caractersticas descritas acerca da teoria dos sistemas, inegvel sua contribuio no desenvolvimento das cincias sociais, especialmente, na administrao. Ademais, essa postura proporcionou o desenvolvimento e/ou o aprimoramento de alguns temas centrais na cincia da administrao, tais como: estrutura, estratgia, liderana, motivao, aprendizagem e redes organizacionais.

Texto:Rafael Alcadipani

A pretenso de aplicao universal de um modelo de administrar e gerar resultados, no importando a natureza da organizao tem como origem o principal legado de Frederick Taylor, o da popularizao da racionalizao extrema e metdica. A escrita acadmica envolve, via de regra, a realizao de pesquisas, bem como a difuso do conhecimento atividade de significativa complexidade. Porm, a invaso da lgica gerencial nas organizaes educacionais est gerando um habitat bastante inspito para o acadmico de vocao. Ricardo Bresler, advertiu em 1999 que as faculdades e universidades brasileiras passavam por um ntido processo de McDonaldizao, com cursos enlatados, esvaziamento da reflexo, os ataques liberdade acadmica, transformando alunos em clientes. Inseridos em tal lgica, professores so premiados ou punidos, muitas vezes, transformou o professor em um mero prestador de servios, subtraindo dele as funes de educador. a lgica do consumo-satisfao que, muitas vezes, destoa da formao de um sujeito reflexivo e maduro. No Brasil, produo acadmica se transformou em sinnimo de fazer pontos. Na lgica da academia produtivista, o tempo para reflexo deixado de lado, a formao de alunos escamoteada e o desenvolvimento intelectual significa apenas nmeros em uma tabela. Os que questionam so logo estigmatizados como causadores de problema e a sua opinio , simplesmente, deixada de lado. Deixar a nobre tarefa de produzir e divulgar conhecimento para a lgica das fbricas de sardinha antes de qualquer coisa um desperdcio.

Texto: Vergara e Pinto

Vergara e Pinto (2001) do continuidade a pesquisa realizada por Vergara e Carvalho Jr. (1995) em trabalho intitulado m trabalho intitulado Nacionalidade dos Autores Referenciados na Literatura Brasileira sobre Organizaes, o trabalho trs como resultados marcantes:

Maioria dos artigos analisados oriunda do ENANPAD, na proporo aproximada de 60/40;

A rigor, a grande maioria dessas referncias , provavelmente, estrangeira, ainda assim os Estados Unidos seriam os maiores contribuintes individuais de referncias estrangeiras, os as estrangeiras atingem 69,10% da totalidade de referncias;

Somadas as referncias em lngua inglesa (estadunidenses, britnicas e australianas), verifica-se que tal soma responde por 75,88% das referncias estrangeiras, excluindo-se as no identificadas;

As referncias latino-americanas, tal como no perodo anterior, continuam inexpressivas;

Anais do ENANPAD revelam artigos cuja maioria resultado de pesquisa de campo realizada no Brasil;

O ponto de destaque deste trabalho, contudo, est relacionado presena maior dos autores nacionais como referncia. Pelo significativo aumento da produo acadmica nesse perodo e pelo grande volume de referncias analisadas, um aumento de mais de 40% na participao de autores nacionais (de 21,7% para 30,9%) merece confiana e deve ser ressaltado um indcio de que algo positivo est em andamento na pesquisa acadmica brasileira, dentro da rea consideradaTexto: Bertero

Neste texto Bertero expe textos apresentados no encontra da Anpad, em setembro de 2012, transcrevendo os textos de vrios autores, conforme relato a seguir:

Para Luciano Rossoni, a academia deve ser vista como empreendimento social e deve ser objeto de anlise das teorias por ela formuladas, podendo ser vista por trs facetas: a que envolve o contedo propriamente dito, as relaes sociais em que os pesquisadores esto imersos e o aparato institucional da cincia. O autor adentra aos problemas que para ele so: o desejo insacivel por publicaes, talvez devido a poltica de avaliao da CAPES; o objetivo de internacionalizar nossa produo, derivando questionamentos sobre o quanto contribumos localmente e a repercusso em qualidade no frum global; e o paroquialismo de nossa academia, sendo a valorizao do que feito aqui em detrimento dos demais. necessrio questionar os princpios pelos quais nossa atividade construda. Em seu texto Alexandre Faria inicia citando a expanso das fronteiras do conhecimento, com trs vertentes principais: transformao sistmica de tudo o que no conhecimento em conhecimento; expanso das instituies e organizaes que compem e governam o sistema do conhecimento; e o processo combinado de desterritorializao e reterritorializao desse sistema do conhecimento. O autor cita que preciso reconhecimento das dimenses invisveis (tidas como no conhecimento pelo sistema dominante de conhecimento) o que nos ajudaria a entender por que estamos to comprometidos com o produtivismo e to seduzidos pela internacionalizao. Um sentimento de antiamericanismo proliferou em dcadas recentes, em decorrncia da ascenso do unilateralismo dos EUA, das seguidas crises da ordem neoliberal ocidental e da ascenso de economias emergentes. Esse quadro ajuda a explicar o surgimento de novas possibilidades a partir do resto do mundo. Tais opes geoepistmicas so denominadas desocidentalizao e descolonizao (MIGNOLO, 2011); o surgimento dessas opes tem sido acompanhado de um movimento do tipo empire strikes back, denominado reocidentalizao. A reocidentalizao promove muitas oportunidades sedutoras para pesquisadores e instituies locais. Por um lado, esse quadro restringe as outras duas opes; por outro lado, refora e justifica as outras duas opes. O avano agressivo da reocidentalizao para contornar as crises da ordem neoliberal ocidental tem resultado no engajamento de crescente quantidade de pesquisadores e instituies de Gesto no Brasil e outros pases com a desocidentalizao. Por sua vez, a expanso dessas duas opes na academia de Gesto refora e justifica o engajamento com a descolonialidade. A reflexo que Rafael Alcadipani prope em sua interveno a respeito dos motivos que levam nossa academia a produzir escritos com to pouca contribuio terica e originalidade. Cita nossos trs pecados que so o produtivismo, o paroquialismo e o estrangeirismo. O produtivismo, que a produo de artigos acadmicos apenas para cumprir quesitos de pontuao acadmica. O paroquialismo, caracterizado pela grande preocupao por parte de algumas reas e em algumas cabeas do campo em preservar o que nosso, com uma hipervalorizao do que nacional, pelo simples fato de serem nacionais. Estrangeirismo, caracterizado pela tendncia que temos de supervalorizar o estrangeiro, tratando-se de uma questo histrica em nosso pas originado em nosso passado colonial. Precisamos, ento, pensar em como produzir conhecimento em Administrao procurando desenvolver pesquisas srias, fugindo da armadilha de produzir por produzir, evitando o paroquialismo, mas, por outro lado, evitando a adorao no refletida ao que vem de fora. Precisamos formar alunos que sejam capazes de pensar com sua prpria cabea e que sejam capazes de realizar pesquisa de qualidade. Sandro Cabral fala sobre as dificuldades de publicao em veculos de maior impacto, nacionais e internacionais, este ltimo com diversas barreiras, desde o preconceito de colegas, lngua e uma discriminao efetiva ou no dos Estados Unidos e Europa Ocidental. O autor cita o impacto do produtivismo sobre o que publicado e seu sistema de recompensa e punio, tem gerado comportamentos desviantes, indo desde a produo de peas de baixssima relevncia, passando pela emerso de coautorias esprias, pelas presses exercidas junto a editores de peridicos, pelo envio simultneo do mesmo artigo a vrios peridicos, em um flagrante desrespeito ao escasso tempo dos avaliadores, chegando, por fim, clonagem de artigos. A busca pela maximizao de pontinhos Capes pode colocar em xeque um princpio basilar dos peridicos cientficos: o ineditismo dos artigos publicados, gerando consequncias negativas para a comunidade acadmica, principalmente em relao ao quesito credibilidade.