cultura organizacional

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Cultura Organizacional: Mapeando o Terreno Referência: MARTIN, Joanne. Organizational Culture: Mapping the terrain. 1 st , London: Sage, 2002. Cap 3, 4 e 5.

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Apresentação de Resenha de Doutorado - O que é cultura? O que não é cultura? O que os pesquisadores estudam quando dizem que estão estudando cultura? A definição dos 3 perspectivas de Martin (2002).

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Page 1: Cultura Organizacional

Cultura Organizacional:

Mapeando o TerrenoReferência: MARTIN, Joanne. Organizational Culture:Mapping the terrain. 1st, London: Sage, 2002. Cap 3, 4 e 5.

Page 2: Cultura Organizacional

O que é cultura? O que não é cultura?

“Para analisar porque membros comportam-se do modo que o fazem, nósnormalmente olhamos para os valores que governam o comportamento,que é o segundo nível... Mas como os valores são difíceis de seremobservados diretamente, é normalmente necessário inferi-los ao entrevistarmembros chave da organização ou contentar-se em analisar artefatos, comodocumentos e organogramas. No entanto, ao identificar tais valores, nósnormalmente notamos que eles representam precisamente apenas osvalores manifestos ou expostos de uma cultura. Isto é, eles se focam em oque as pessoas dizem como a razão para o seu comportamento, o que elasgostariam idealisticamente que estas razões fossem e o que é normalmentea racionalização para seu comportamento. No entanto, as razões implícitaspara seu comportamento permanecem escondidas ou inconscientes. Pararealmente entender uma cultura e para ter certeza mais completamente dosvalores do grupo e do comportamento demonstrado, é imperativo lidar comas premissas implícitas, que são tipicamente inconscientes mas que narealidade determinam como os membros do grupo percebem, pensam esentem” (Schein, 1985, p.3)

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Acerca da Definição de Schein (1985)

• A cultura é ligada ao comportamento dos membros de um grupo social;

• Ao associar a cultura à valores constrói-se uma fundação teórica para análises quantitativas;

• Há uma clara separação entre valores manifestos e implícitos;

• Existe a ligação do implícito ao que as pessoas percebem, pensam e sentem.

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O que é cultura? O que não é cultura?

“Em uma situação particular o conjunto de sentidos que evolui dá a um grupo seu próprio ethos, ou caráter distintivo que é expresso em padrões de crenças (ideologia), atividade (normas e rituais), linguagem e outras formas simbólicas através das quais os membros das organizações tanto criam quanto mantém sua visão do mundo e a imagem de si no mundo. O desenvolvido de uma visão de mundo com seu entendimento compartilhado de identidade de grupo, propósito e direção são produtos de uma história única, interações pessoais e circunstâncias ambientais do grupo” (Smircich, 1983a, p. 56).

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Acerca da Definição de Smircich (1983)• Através de sua experiência com o ambiente o

grupo social define seus padrões de crenças (ideologias), atividades (normas e rituais), linguagem e outras formas simbólicas;

• Através destes elementos os membros do grupo social tanto criam quanto mantém sua auto-imagem;

• Este processo é resultado da história do grupo social, suas interações e fatores ambientais que os afetam.

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O que é cultura? O que não é cultura?

“Cultura não necessariamente implica em uma uniformidade de valores. Na verdade muitos valores diferentes podem ser apresentados por pessoas na mesma cultura. Em tal instância, o que é mantém unidos os membros de uma organização? Eu sugiro que nós olhemos pra a existência de um quadro comum de referência ou um reconhecimento compartilhado de questões relevantes. Pode não haver concordância sobre se estas questões seriam relevantes ou se são valorizadas positivamente ou negativamente... Elas podem ordenar-se diferentemente com respeito a esta questão, mas positiva ou negativamente, elas são todas orientadas a ela” (Feldman, 1991, p. 154).

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Acerca da Definição de Feldman (1991)

• Não há necessariamente uma uniformidade devalores na cultura;

• Valores diferentes podem ser apresentados pordiferentes pessoas;

• Deve-se olhar para um quadro comum dereferências ou questões relevantes;

• Pode não haver concordância ou ordenamentoigual das diferentes referências ou questões daparte dos membros do grupo social.

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O que é cultura? O que não é cultura?

“Membros não concordam acerca de fronteiras claras, nãopodem identificar soluções compartilhadas e não reconciliamcrenças contraditórias e múltiplas identidades. No entanto,estes membros mantêm que pertencem a uma cultura. Elesdividem uma orientação comum e um propósito superior,enfrentam problemas similares e tem experiênciascomparáveis. No entanto, estas orientações partilhadas epropósitos acomodam diferentes crenças e tecnologiasincomensuráveis, estes problemas implicam em diferentessoluções e estas experiências têm múltiplos significados...Logo, para ao menos algumas culturas, para desconsiderar asambigüidades em favor estritamente do que é claro ecompartilhado é excluir alguns dos aspectos mais centrais daexperiência cultural dos membros e ignorar a essência de suacomunidade cultural” (Meyerson, 1991a, p. 131-132).

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Acerca da Definição de Meyerson (1991)

• Membros não concordam, não compartilhamsoluções, não reconciliam crenças e possuemidentidades múltiplas.

• No entanto dividem uma orientação comum,propósito superior, propósitos similares eexperiências similares;

• No entanto acomodam diferentes crenças etecnologias incomensuráveis;

• Desconsiderar as ambigüidades é ignorar aessência de sua comunidade cultural.

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Definição de Martin

Quando organizações são examinadas de um pontode vista cultural, a atenção é direcionada a aspectosda vida organizacional que historicamente tem sidonormalmente ignorados ou pouco estudados, comohistórias que as pessoas contam aos novatos paraexplicar “como as coisas são feitas por aqui”, asformas com as quais os escritórios são organizados eitens pessoais são ou não são exibidos, as piadas queas pessoas contam, a atmosfera de trabalho(silenciosa e luxuosa ou barulhenta e suja), asrelações entre as pessoas (afetivas em algumas áreasdo escritório e claramente nervosas e talvezcompetitivas em outros lugares) e assim por diante.

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Abordagens Ideográficas e Materialistas

• Definições ideográficas da cultura enfatizaminterpretações subjetivas, onde aspectos materiaisda cultura podem ser descritos em termosobjetivistas, ou seu sentido pode ser interpretadosubjetivamente.

• Manifestações materialistas incluem as condiçõesmateriais do trabalho (ex., o caro tapete de umescritório executivo e o barulho e a sujeira de umalinha de montagem), o tamanho dos contrachequesdos empregados e outros indicadores de seu bemestar material.

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Áreas de desacordo:

A cultura é compartilhada?• Muitas definições de cultura organizacional incluem

um foco explícito em o que é compartilhado;

• Mesmo as definições conflituosas, no entanto,implicitamente presumem que algumas visões sãocompartilhadas por subculturas;

• Cultura é menos definida normalmente como umsistema compartilhado incompleto, permitindo umavariação maior entre as interpretações;

• Para Martin (2002) a cultura inclui conflito eambigüidade assim como o que é compartilhado.

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Áreas de desacordo:

A cultura é única?• Muitas definições propõe que a definição de que

a cultura é “única” ou “distintiva”, sustentando(normalmente sem evidências) que suascaracterísticas são raramente, se alguma vez,encontradas em outras organizações;

• Se o autor acredita que a cultura é única, entãoseu estudo provavelmente irá conter menosgeneralizações teóricas.

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O que Pesquisadores Culturais Estudam

Quando Eles Afirmam Estar Estudando Cultura

Rituais - O ritual é como um drama(Rosen, 1985; Trice & Beyer, 1984).Ele consiste em um cuidadosamenteplanejado e executado conjunto deatividades, executadas em umcontexto social (uma audiência), comcomeços e fins bem delimitados(como uma peça) e papéis bemdefinidos para os membrosorganizacionais (como um script). ORitual é repetido.

Histórias organizacionais -Consistem em dois elementos: umanarrativa, descrevendo umaseqüência de eventos e um conjuntode significados e interpretações – asmorais da história. Os detalhes deuma narrativa e as interpretações deseus significados podem variar,dependendo em quem está contandoa história, a audiência e o contexto.Um script é uma moldura cognitivaque está implícita em uma históriaorganizacional, o esqueleto dahistória que permanece depois queos detalhes que não são essenciaissão retirados (Schank & Abelson,1977).

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O que Pesquisadores Culturais Estudam

Quando Eles Afirmam Estar Estudando Cultura

Jargão - a língua especial que apenasos pertencentes à cultura podemcompreender (Clark, 1998). OJargão Técnico é orientado na tarefae parece ser emocionalmente neutro.O jargão emocionalmente carregadoé mais voltado para os sentimentos(ex.: Ignatow & Jost, 2000). Apelidossão outra forma de jargão emocional.O jargão também refere-se a lugaresou nomes de cargo. Alguns jargõesapóiam-se em metáforas.

Humor - O humor faz ponte entremomentos desconfortáveis, ofereceum modo de aliviar a tensão epermite às pessoas expressar aquiloque de outra forma estariamproibidas de dizer. Uma classificaçãodos tipos de humor, por exemplo,pode fornecer um ponto de partidaútil. Formas de humor baseadas emgênero, raça ou identidade étnica,assim como piadas específicasorganizacionais sobre concorrentes ecolegas de outros grupos, parecemchamar a atenção para as fronteirasentre os participantes e os estranhosà cultura.

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O que Pesquisadores Culturais Estudam

Quando Eles Afirmam Estar Estudando Cultura

Arranjos Físicos - Arquitetura, decoração interior e normas devestimenta são pistas culturais particularmente poderosas, emparte porque elas são tão fáceis de ver. Alguns consultores, porexemplo, orgulham-se de serem capazes de “avaliar” a cultura deuma organização durante o pequeno tempo que leva para dirigir atéum prédio, saudar a recepcionista e andar até o escritório da pessoacom quem irão se encontrar. Mesmo uma descrição curta, “diretaao ponto” dos arranjos físicos de uma organização pode ser beminformativa.

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Práticas Formais e Informais

As práticas por muito tempo têm sido o focoprincipal de atenção na pesquisa organizacional.Diferentemente das práticas informais, aspráticas formais são escritas e, portanto, maisfacilmente controladas pela administração.Quatro tipos de práticas formais têm sido deinteresse particular para os pesquisadores dacultura: estrutura, tarefa e tecnologia, regras eprocedimentos e controles financeiros.

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Práticas Formais e Informais

As práticas informais envolvem interação diretae não estão escritas. As práticas informaisfreqüentemente assumem a forma de regrassociais (ex.: Lundberg, no prelo). Estas regrassão raramente escritas porque isto revelaria ainconsistência entre o que é formalmenteprescrito e o que acontece na realidade.

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A proposta das 3 perspectivas de Martin (2002)

Diferenciação

Fragmentação

Integração

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Perspectiva da Integração

Se concentra nestas manifestações de uma culturaque tem interpretações mutuamente consistentes.Um quadro de integração de uma cultura vê umconsenso (embora não necessariamenteunanimidade) através da organização. A partir daperspectiva de integração, a cultura é aquilo que éclaro; excluindo a ambigüidade. Para sumarizar istoem uma metáfora, a partir de uma perspectiva deintegração, a cultura é como um monólito sólido queé visto da mesma forma pelas pessoas, não importade que ângulo elas o vejam.

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Perspectiva da Diferenciação

Tem seu foco nas manifestações culturais que teminterpretações inconsistentes, como quando um dosaltos executivos anuncia uma política e então comporta-se de uma maneira inconsistente com a política. A partirde uma perspectiva de diferenciação, o consenso existedentro da organização – mas apenas nos níveis menoresde análise, rotulados de “subculturas”. Subculturaspodem existir em harmonia, independentemente ou emconflito uma com a outra. Dentro de uma subculturatudo é claro; a ambigüidade é banida dos interstíciosentre as subculturas. Para expressar a perspectiva dediferenciação em uma metáfora, as subculturas são comoilhas de claridade em um mar de ambigüidade.

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Perspectiva da Fragmentação

Conceitualiza o relacionamento entre asmanifestações culturais como nem claramenteconsistente nem claramente inconsistente. Aoinvés, interpretações de manifestações culturaissão ambiguamente ligadas uma a outra,colocando a ambigüidade, ao invés da claridade,no centro da cultura. Na visão da fragmentação,o consenso é uma questão transitória eespecífica.

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Estudos a partir da perspectiva da Integração

• Cada manifestação cultural mencionada é consistentecom a próxima, criando uma rede de elementos que sereforçam mutuamente;

• O consenso amplamente coletivo é outra marcaregistrada de um estudo de integração;

• Os desvios da consistência, consenso em toda aorganização e claridade são vistos como um problema ealgumas vezes soluções são propostas.

• Prevalecência do material descritivo consistente com avisão da integração (consistência, consenso em toda aorganização e claridade), mais uma posição normativa:Desvios da integração são vistos a partir de um ideal deintegração como becos sem saída indesejáveis.

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Estudos a partir da perspectiva da Diferenciação

• Se concentram em manifestações culturais quetem interpretações inconsistentes (ex.:Brunsson, 1986);

• Geralmente vêem as diferenças, incluindo asinconsistências, como desejáveis e inescapáveis,ambas descritivamente e normativamente. Vozesde dissenso não são silenciadas ou ignoradas ediferenças subculturais são um foco de atenção.

• Conflitos entre subculturas são examinadosexplicitamente.

Page 25: Cultura Organizacional

Estudos a partir da perspectiva da Fragmentação

• É a mais difícil perspectiva para articular porque elase concentra na ambigüidade e a ambigüidade édifícil de conceitualizar claramente;

• A fragmentação inclui mais do que a ambigüidadeque deriva da ignorância ou confusão. Ela tambémabrange a complicações que as oposições claras aopensamento dicotômico omitem. Ela inclui astensões irreconciliáveis entre os opostos, algumasvezes descritas como ironias, paradoxos oucontradições;

• Existem múltiplas abordagens da maioria dosproblemas e estas visões estão em um fluxoconstante (ex.: Golden, 1992).

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A definição formal de Cultura de Martin (2002)

Defino cultura mais formalmente, então, comoconsistindo de interpretações subjetivas emprofundidade de uma ampla gama demanifestações culturais (uma visão generalistaao invés de uma especialista), tanto ideográficosquanto materiais.

Cultura, argumento, deveria ser vista de todas astrês perspectivas teóricas, não seqüencialmente,mas simultaneamente.

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A proposta das 3 perspectivas de Martin (2002)

• De acordo com a visão da integração, algunsaspectos da cultura são partilhados por muitosmembros produzindo interpretaçõesconsistentes e claras de manifestações. A marcaregistrada da perspectiva da integração é aconsistência em manifestações, consenso amploe coletivo e claridade.

Page 28: Cultura Organizacional

A proposta das 3 perspectivas de Martin (2002)

• De acordo com a perspectiva da diferenciação,outros aspectos da cultura serão interpretadosdiferentemente para diferentes grupos, criandosubculturas que se sobrepõe e se acomodammutuamente em relacionamentos de harmonia,independência e / ou conflito. As característicasdefinidoras da perspectiva de diferenciação sãoinconsistências acerca de manifestações, com oconsenso e claridade apenas dentro das subculturas.Subculturas podem existir em harmonia, conflito ouindependentemente uma da outra.

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A proposta das 3 perspectivas de Martin (2002)

• Finalmente, de acordo com a visão dafragmentação, alguns aspectos da cultura serãointerpretados ambiguamente, com ironia,paradoxo e tensões irreconciliáveis. Ao invés deprocurar o consenso dentro de fronteirasculturais ou subculturais, a perspectiva dafragmentação encontra apenas afinidadespassageiras em questões específicas.

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Implicações das Três Perspectivas no

que Diz Respeito à Mudança CulturalPerspectiva

Integração Diferenciação Fragmentação

Papel do Líder Centrada no líder Times de líderes podem ter influência secundária

Poder espalhado entre os indivíduos e o ambiente (discursos hegemônicos)

Papel do Ambiente Pode ter alguma influência, mas é separado da cultura

As influências ambientais são salientes; podem ser externas (inesperadas) ou promovidas (abordagem de nexo).

Os limites entre a organização e o meio ambiente permeáveis e em fluxo constante (abordagem de nexo).

Implicações da Ação Controle de cima para baixo pelos líderes, ou procura a estratégia de cultura adequada ou questiona a habilidade normativa de controlar a cultura.

Poucos conselhos diretos para os administradores ou grupos coordenados.

O indivíduo visto como indefeso ou capaz de contribuir intelectualmente para minar os discursos hegemônicos.

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Níveis de Análise e as Três Perspectivas

Perspectiva

Nível de Análise Integração Diferenciação Fragmentação

Organizacional Consenso através da organização; o objetivo é assimilação e conformidade;

Não há consenso em toda a organização; a organização é um aglomerado de subculturas;

Atenção a questões específicas sem consenso; padrões de ativação de questões no fluxo;

Subcultural Nenhuma diferença subcultural importante; subculturas podem representar o todo;

Relação das subculturas pode ser:MelhoriaConflitoIndependente;

Limites subculturaisincertos, flutuantes, nebulosos, repousando, superpostos;

Individual Unificado, constante, um membro da cultura.

Auto-composto de múltiplas identidades subculturais.

Auto fragmentado em fluxo: sem unidade central.