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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
CULTURA CORPORAL NO COTIDIANO ESCOLAR
Renata Mendanha de Moura
APARECIDA DE GOIÂNIA 2010
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RENATA MENDANHA DE MOURA RENATA MENDANHA DE MOURA
CULTURA CORPORAL NO COTIDIANO ESCOLAR
Artigo apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da Professora Ms. Milna Martins Arantes, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.
APARECIDA DE GOIÂNIA 2010
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
CONTRIBUIÇÕES DA COMPREENSÃO DA CULTURA CORPORAL NO COTIDIANO ESCOLAR
Aparecida de Goiânia, ____ de dezembro de 2010.
EXAMINADORES
Orientadora – Prof. Ms. Milna Martins Arantes – Nota: ______ / 70
Primeiro examinador - Prof.(a) Ms. ----- - Nota:___ / 70
Segundo examinador - Prof.(a) ----- - Nota:___ / 70
Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70
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CONTRIBUIÇÕES DA COMPREENSÃO DA CULTURA CORPORAL
NO COTIDIANO ESCOLAR
Renata Mendanha de Moura*
RESUMO: Este artigo enfatiza o estudo da cultura corporal, e as contribuições que dela se ressalta, ao inseri - lá no cotidiano escolar, através dos jogos e a dança. Possibilitando a criança desenvolver-se a cerca do conhecimento de seu próprio corpo. Para tanto organiza-se este estudo bibliográfico com o objetivo de instrumentalizar o professor pedagogo na apropriação e utilização dos elementos da cultura corporal de movimento na sua prática pedagógica. Ao ampliar a utilização de atividades lúdicas através dos jogos e da dança na escola percebe-se a ampliação dos saberes e conhecimentos dos alunos tanto no que se refere a percepção, a criatividade, sociabilização, criticidade, participação e envolvimento. Por considerar importante para o cotidiano escolar a busca de práticas que reinventem a escola é que este estudo que ora propomos se faz significativo. Palavra-chave: Cultura corporal. Dança. Jogos.
INTRODUÇÃO
Este artigo busca estabelecer um diálogo com autores que discutem o corpo e
a cultura corporal de movimento, a fim de reafirmar a vinculação deste tema com a
cultura, faz-se necessário analisar o contexto e as transformações pelas quais se
passam o conceito de corpo e seu significado sócio-cultural.
Neste contexto, o papel da cultura é de transformar o corpo tanto em seus
aspectos biológicos, quanto nos seus aspectos psicológicos, estéticos, éticos e
conceituais. Proporcionam-se diversas experiências ao homem no decorrer de sua
vida, modificando hábitos, maneiras e costumes, nas diferentes regiões e épocas.
Portanto, essas modificações reafirmam que o corpo é a expressão da cultura, por
ser o corpo a via de linguagem intermediaria dessas mudanças, através de gestos,
movimentos e atitudes. De maneira que os corpos se constroem e se reconstroem e
expressam as criativas articulações entre cultura e natureza.
Ao (inter) relacionar os estudos da corporalidade com o contexto educacional,
ressaltam-se a dança e os jogos como ações práticas educativas significativas.
Estas práticas são capazes de (re) significar o conhecimento que os alunos
possuem sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca de forma lúdica,
prazerosa, participativa e interativa.
* Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da professora Ms. Milna Martins Arantes.
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Para tanto, organiza-se este artigo de cunho bibliográfico em tópicos que
visam a uma maior compreensão da temática, inicia-se o mesmo com a finalidade de
compreender e reafirmar o corpo na perspectiva cultural, apresentam-se algumas
aproximações conceituais com a cultura corporal de movimento. Em um segundo
momento, apresenta-se a dança e o jogo como práticas culturais e suas
possibilidades no contexto escolar.
E para finalizar (temporariamente) este estudo, busca-se afirmar a dança e os
jogos como uma possibilidade de superar as práticas escolares que não considerem
a dimensão corporal dos alunos, para tanto se reafirma que o professor pedagogo
pode e deve conhecer e aprofundar seus estudos nesta área, com vistas a elaborar
práticas que valorizem o corpo, suas possibilidades de movimento e expressão na
sala de aula.
DISCUTINDO O CORPO: a perspectiva cultural
Na busca da compreensão sobre o corpo humano, vários são os estudos que
vêm historicamente sendo construídos. Neste trabalho, propor-se esclarecer que é
impossível analisá-lo desvinculado da cultura. Entretanto, o corpo é compreendido
de forma hegemônica pelo viés biologicista. É um grande desafio construir um
discurso que supere esta visão, em busca de um olhar que pense o corpo a partir
das significações culturais.
O corpo humano não é um dado puramente biológico sobre o qual a cultura
impinge especificidades. O corpo é fruto da interação natureza/cultura. Conceber o
corpo como meramente biológico é pensá-lo - explícita ou implicitamente - como
natural e, consequentemente, entender a natureza do homem como anterior ou pré-
requisito da cultura. Santos (1990) critica aqueles que propõem a volta a um suposto
corpo natural não atingido pela cultura. Segundo ele, não se pode esquecer a
natureza necessariamente social de uso do corpo.
O homem só chegou ao seu estágio atual de desenvolvimento devido a um
processo cultural de apropriação de comportamentos e atitudes que, inclusive, foram
transformados o seu componente biológico. A cultura corporal estabelece mudanças
tanto nos aspectos físicos, quanto no aspecto mental do homem, por este ter de se
adaptar à maneira de se sentir, pensar e agir conforme os costumes pré-
determinados por uma determinada sociedade.
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Não é possível desvincular o homem da cultura. O que o diferencia de outros
animais, principalmente, é a sua capacidade de produzir cultura. Neste contexto,
pode-se afirmar que cultura não é um ornamento, um algo a mais que se sobrepôs à
natureza animal. “A cultura foi a própria condição de sobrevivência da espécie.
Portanto, pode- se dizer que a natureza do homem é cultural”. (GEERTZ, 1978,
apud DAÓLIO, 1995).
A ênfase dada ao entendimento do corpo na formação dos profissionais da
educação, herdou-se a perspectiva da área da saúde, a qual ainda se refere ao
homem e ao seu corpo como entidades primordialmente biológicas. Temos ouvido
comentários sobre o corpo que introduzem uma noção que separa a natureza da
cultura. Quando se defende a procura por um corpo natural, está se falando que é
possível encontrar um corpo pré-cultural, ou que seja imune à cultura. Entretanto,
quando se refere ao corpo livre, parece que se busca um corpo que não seja
escravizado ou moldado pelas regras sociais. Como se quisesse achar um corpo
ainda não atingido pela cultura ou anterior a ela.
Pensar o corpo em uma perspectiva natural apresenta-se uma visão limitada,
mas é preciso compreender o corpo em suas constantes transformações e na sua
relação com mundo sócio-cultural, cujas marcas são temporais/ históricas, em cada
época o corpo cumpre e pode subverter a ordem vigente. Portanto, faz-se
necessário uma análise das influências sócio-culturais e históricas sobre o corpo.
Segundo Kofes (1991) o meu eu se destacava ao corpo de tal forma que
parecia ser desvinculada por atitudes que escondiam o corpo, pois, no século XVII
antes da revolução industrial, o corpo era tratado como objeto manipulado para
enfrentar exercícios diários tendo como troca de seu serviço braçal a mercadoria
para sua sobrevivência, portanto prejudicava o andamento natural de sua vida.
Porém, hoje no século XXI, com as mudanças existentes pelo avanço da revolução
industrial, pode-se perceber que o homem tem sua própria função sendo
remunerado como tal e sendo possível designar o corpo como sinônimo do meu eu
com possibilidades de comandar as necessidades e movimentos que podem ser
gerados através dos sentidos e expressão corporal. Pois, senti - se o corpo como via
de mão única tendo como espaço do prazer com plenitude e equilíbrio para
estabelecer uma vida saudável, tendo-o como um sujeito e não mais como objeto,
homens com agilidade e prazer em realizar atividades que os trazem domínio e
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movimentos benéficos; mulheres ágeis e não mais frágeis, com garra ao realizar seu
trabalho com flexibilidade dos músculos e não mais flacidez.
Entretanto, se antes não se considerava a devida importância ao corpo
pensando ser apenas um intermédio aos movimentos para realizações de atividades
obrigatórias para alcançar seu limite corporal, hoje se dá essa importância à
liberdade do corpo e se dando atenção necessária para melhor estabelecer seu
trabalho em sua vida, no seu cotidiano. Haja vista que o autor Mauss (1950 apud
KOFES, 1991), afirma que o corpo aprende em relação à sociedade em que está
inserido, em diferente momento histórico; acumula experiências e aprendizagem
cada vez mais e do corpo se observa diversas maneiras de se expressar tais como:
andar, dormir, dançar, nadar, gestos, postura e os gestos faciais como o olhar.
Os polinésios nadam diferentemente de nós. E mesmo entre nós diz Mauss que, se em sua geração se ensinava a nadar de olhos fechados os de geração atual, aprendem a nadar de olhos abertos, inibindo os medos, familiarizando – se com a água. Os Masai dormem de pé, o que talvez ocasionasse insônia aos não Masai. Mauss se prolonga em ilustrar que é a sociedade que ensina o corpo e nele marca as diferenças que ela reconhece e ou estabelece: de sexo, de idade, de hierarquia social. Os corpos expressariam o que a sociedade nos corpos escreve (MAUSS, 950 apud KOFES, 1991, p.48).
Kofes (1991) cita, também, Clastres (1974), esse autor compreende o corpo
como memória, espaço e tempo, são marcados com rituais de iniciação, com os
quais o jovem passa para a idade adulta, “as sociedades sem escrita escreve as leis
em seus corpos, sendo marcado individualmente para que não se esqueçam que é
um membro daquela comunidade, sendo que as cicatrizes seria a escritura marcada
ao seu próprio corpo”. A sociedade dita suas leis aos seus membros, ela inscreve o
texto da lei na superfície do corpo. Porque a lei que funda a vida social da tribo a
ninguém é pressuposto esquecer. (CLASTRES, 1974, apud KOFES, 1991, p.4).
A autora enfatiza que cada cultura pode ser expressa em diferentes atitudes
utilizando o corpo como via de linguagem, assim como os vários estudos da
Antropologia voltada a corporalidade, cita-se a cultura indígena que se envolve na
pintura corporal, própria de sua linguagem. No entanto, o corpo e a expressão
cultural, visto que a cultura é formada devido a variações de corpos, em que é
possível perceber as mudanças de costumes existentes em cada região, a fim de
expressar sua sociedade.
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Neste contexto, o corpo é um componente da cultura, um objeto de estudo da
Antropologia, a qual afirma que hoje o corpo não é apenas questão de disciplina por
agir de maneira certa em seu trabalho, por ter educação ao se relacionar com as
pessoas, mas encontra-se indisciplinar por haver possibilidades de agir com o corpo
de maneira liberal com movimentos livres como na dança, em todas as atividades
em que o corpo é chamado a expressar-se. Há dois aspectos fundamentais a se
considerar quando se trata de pensar o corpo como objeto de estudo: primeiro,
destaca-se o corpo e suas maneiras de se movimentar e expressar, o corpo como
linguagem; no outro aspecto, o corpo e o cuidado que se deveria ter com sua saúde
devem manter suas necessidades de vivencia garantidas para toda vida.
Entretanto o corpo não pode ser constituído, apenas, pela perspectiva natural,
pois este está vinculado, diretamente, pela aproximação com a sociedade que nela
habita. O corpo se constrói e influencia a transformação de seu comportamento em
função das adaptações de outros comportamentos para sua melhor convivência.
Neste contexto, é impossível encontrar um corpo desvinculado da cultura, isto é, um
“corpo livre”, porque ninguém sobrevive sozinho e nem tem possibilidade de
evolução da espécie sem a influência histórico-cultural.
Ao desenrolar a historia sócio-cultural, é possível encontrar grandes
mudanças relacionadas ao comportamento humano e a utilização do corpo para
realizações de suas necessidades. A cultura corporal de movimento se materializa
como uma área de conhecimento que discute o corpo, a corporalidade em suas
constantes transformações. Compreende-se o corpo como linguagem e expressão e
não o limitando apenas aos seus aspectos motores e biológicos. Assim, no decorrer
da história, percebem-se diferentes manifestações da corporalidade humana
diretamente vinculada aos pensamentos de cada época, revoluções, tecnologias
existentes, variações de cultura, mudanças de regiões, países, religiões, raças,
costumes, entre outros.
Neste sentido, pretende-se discutir a cultura corporal de movimento, para
compreender e (re) significar a prática corporal no contexto educacional.
CULTURA CORPORAL E/OU CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO
Segundo o coletivo de autores (1992), o estudo da corporalidade na cultura
visa a esclarecer e a destacar as expressões corporais por meio de linguagem, visto
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em movimentos lúdicos e outros em que se destaca em sua vida, sendo
compreendidos como consciência social.
As pessoas atribuem pensamentos diversos ao se tratar de movimentos
corporais sem aprofundar diretamente se estão realizando de fato algo benéfico para
seu corpo, às vezes, o sujeito participa de atividades pelas quais se pensa não ter
valor nenhum para seu preparo físico e, na verdade, pode-se proporcionar ao corpo
movimentos que trará benefícios físicos e mentais como o prazer em realizar.
Ao relacionar a cultura corporal às atividades realizadas nas escolas pelo
pedagogo por meio lúdico, possibilita maior ênfase nos movimentos corporais assim
como nos jogos, nas danças, nas ginásticas, entre outros. Pode-se perceber que o
aluno que realiza com prazer as atividades relacionadas a esses movimentos com
sua própria vida, enfatizando em sua devida alto-estima a motivação que é
estabelecida. Porém, ao trabalhar com esses movimentos dentro da cultura corporal
é necessário pré-estabelecer o contexto histórico do qual tudo isso surgiu, para,
assim, iniciar o processo ensino-aprendizagem e, com isto, pode-se também mostrar
as significações por meio do desenvolvimento sócio-político. Para transparecer nos
alunos a importância do cuidado com o meio ambiente quando se realiza atividades
em áreas e campos verdes promovendo a leitura das necessidades de cuidados de
sua própria realidade.
Quando a criança joga, ela opera um significado de suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66).
O coletivo de autores (1992) afirma que ao se tratar de jogos, tem-se o
pensamento de que é algo inventado pelo homem, resultado de seu processo
criativo, para se ter o prazer em realizar e obter um pequeno distanciamento mental
de acontecimentos de sua própria vida. Para os pedagogos, ao adaptar o jogo em
seu plano de aula, tem-se como objetivo proporcionar aos alunos mudanças em seu
cotidiano escolar para balancear as necessidades de realização de sua matriz
curricular, com o vínculo afetivo e conhecimento prévio de cada aluno, como o que
ele pode se adaptar, gostar, se sentir motivado para assim vincular com outras
atividades proporcionadas pelo professor.
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Entretanto, o jogo trás para o aluno a vontade e a ação vinculada com o
prazer ao realizá-la, o que promove maior afirmação em suas escolhas e decisões.
Porém, quando essas ações não estão bem auxiliadas e planejadas devido ao que
pode vir a acontecer no decorrer do jogo como ganhar ou perder, em equipes ou
individual, pode-se ocorrer grande perda do prazer em jogar.
Quanto mais difíceis são as regras do jogo, tanto maior é a exigência ao
realizá-lo, o que muitas vezes torna o jogo tenso, de modo que é de grande valia
demonstrar com detalhes as regras do jogo na escola, para estabelecer o
conhecimento ao praticá-lo. Porém, há jogos que as regras não são tão claras, mas,
mesmo assim, é necessária muita atenção também para participar. Desse modo, os
profissionais devem demonstrar aos alunos que, além de ganhar ou perder, a alegria
e a diversão devem estar em primeiro plano, já que as atitudes de participação nos
jogos promovem o domínio do conhecimento, o raciocínio lógico e a determinação
para alcançar seus objetivos que podem ser estimulados apenas no jogar. Assim, a
aprendizagem dessa prática poderá levar a ultrapassar obstáculos que os alunos
vão se deparar em sua vida.
Conforme o coletivo de autores (1992), na escola é possível pré-estabelecer
esse vínculo do aluno com jogo e com o real, com a finalidade de perceber e
reconhecer suas possibilidades de ação; facilitar sua socialização com os demais
grupos como: família, criança, adulto, professor e outros. Os valores são
demonstrados em relação à convivência com o outro, em conjunto ou individual. A
evidente conscientização faz promover os pensamentos para utilizar os jogos já
existentes ou inventar outros jogos, fabricados com materiais naturais, utilizando sua
criatividade. E, ao elevar seu conhecimento diante dessas possibilidades, os alunos
poderão relacionar o que se joga aos conteúdos estudados como também, em outra
instância, podem construir uma relação de interdisciplinaridade entre os diferentes
conhecimentos.
Num programa de jogos para as diversas séries, é importante que os conteúdos dos mesmos sejam selecionados, considerando a memória lúdica da comunidade em que os alunos vivem e oferecendo-lhe ainda o conhecimento dos jogos das diversas regiões brasileiras e de outros países (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 67).
Ao se tratar de esportes em geral pode se relacionar previamente ao jogo por
também ser algo que intermedia a pré-relação ao próximo, compreensão de regras,
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técnicas, táticas a serem cumpridas para obter melhores resultados. Entretanto, no
que se refere ao individuo, é importante ressaltar a necessidade de se relacionar
positivamente com o próximo. Ao praticar determinados esportes, é necessário
compreender quando se joga com o companheiro e quando se joga contra o
adversário. Tendo em vista que o esporte relaciona-se diretamente à cultura corporal
por ser responsável principalmente por movimentos específicos por cada esporte
escolhido a ser praticado. Ao adaptar a prática esportiva na escola, é preciso
resgatar e apresentar aos alunos valores que provocam o pensamento diante das
atividades realizadas coletiva ou individualmente com propósito de demonstrar a
importância da solidariedade e respeito humano.
A capoeira é uma modalidade muito importante para relacioná-la ao âmbito
escolar, já que proporciona aos alunos variações de experiências motoras,
interligadas a vivências rítmicas, criativas e expressivas, o que faz a criança
conhecer melhor seu próprio corpo. Nos dias atuais, a capoeira tem sido considera
uma modalidade esportiva e não mais apenas como, no seu surgimento, aflorava a
vontade de estabelecer a capoeira como defesa pessoal, sua única arma seria o
próprio corpo. Os escravos no século XVI foram transportados como animais em
navios, chamados de navio negreiro, para o Brasil com intuito de trabalhar nas
fazendas de cana de açúcar, porém eles não vieram passivamente, de modo que
eles encontravam-se em situação de humilhação, a capoeira foi ensinada aos
escravos ainda presos como uma dança com cantorias e músicas africanas, essa
dança podia também se desenvolver como uma forma de resistência.
A capoeira encerra em seus movimentos a luta de emancipação do negro no Brasil escravocrata. Em seu conjunto de gestos, a capoeira expressa de forma explícita, a „‟voz‟‟ do oprimido na sua relação com o opressor. Seus gestos, hoje esportivizados e codificados em muitas ‟‟escolas‟‟ de capoeira, no passado significaram saudade da terra de da liberdade perdida; desejo velado de reconquista da liberdade que tinha como arma apenas o próprio corpo. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 76).
Esta luta foi marginalizada e proibida no Brasil durante décadas, só houve a
liberação dessas práticas na década de 1930 quando foi reformulada repensada
como um esporte e não mais uma manifestação cultural ao presidente Getúlio
Vargas. A capoeira foi aperfeiçoada na Bahia e transmitida por gerações. Assim
como as danças afro, a capoeira foi devidamente reconhecida no século XIX, essa
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dança foi originada com a diversidade de religiões africanas, utiliza-se do corpo para
expressar as manifestações de sua cultura afro descendente.
Nos dias atuais, estabeleceu-se a Lei 10.639 de 09 de janeiro de corrente ano
sancionada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva realizou mudanças na lei de
Diretrizes e Bases (LDB) tornando-se obrigatório a inclusão do estudo da História e
Cultura Afro Brasileira como objetivo resgatar a contribuição da raça negra nas
áreas sócio/econômico, política e cultural no cenário brasileiro e também propõe que
nos calendários incluam o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência
Negra. Ao se desenvolver essa consciência, proporciona-se maior esclarecimento
dessas modalidades, além de possibilitar maior conhecimento de seu corpo através
da diversidade cultural.
Conforme os coletivos de autores (1992), as escolas também podem oferecer
outras formas de prática da expressão corporal. Assim como a dança, há também a
ginástica, prática de exercícios físicos que utiliza ou não aparelhos; provoca valiosas
experiências corporais; enriquece as vivências do aluno em suas próprias ações
corporais; eleva o conhecimento da cultura corporal, fundamentado nas ações:
„‟saltar, trepar, balançar, equilibrar, rolar, girar‟‟. Pode-se pré-relacionar a ginástica
com temas de outras culturas, com mudanças rítmicas, danças, lutas e outros.
Propõe-se uma forma de movimento e expressão que possa configurar uma
ginástica com diferentes abordagens.
Pode-se entender a ginástica como uma forma particular de exercitação onde, com ou sem uso de aparelhos, abre-se a possibilidade de atividades que provocam valiosas experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal das crianças, em particular, e do homem, em geral (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 77).
No que se refere aos movimentos proporcionados pela dança, isto é, como
representação de expressões vivida pelo homem, esta prática faz transparecer as
emoções, os sentimentos e a afetividade em vários aspectos da vida tais como
família, trabalho, hábitos saudáveis e outros. A dança é entendida como uma arte
que requer um desenvolvimento e uma disponibilidade corporal. Visto que, nas
escolas brasileiras, tem-se feito um resgate histórico-social da dança presente na
origem cultural, seja do índio, do branco ou negro com o objetivo despertar a
construção da cidadania e identidade social.
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É necessário também abordar a riqueza que se compõe o trabalho com a
criatividade de expressões, em que a dança proporciona aos alunos como a
compreensão da corporalidade e o suporte necessário para expressar e estimular a
criação de grupos de dança, jogos, entre outros. É importante estabelecer as
técnicas, habilidades, regras, necessárias para assim desenvolver essa prática de
acordo com suas necessidades e de sua comunidade, porém é fundamental a
preparação e orientação do professor. Com isto, abri-se o espaço para o aluno ter
conhecimento e se auto-organizar, pois cada indivíduo possui qualidades e vontades
próprias, adquire objetivos pessoais a cada modalidade escolhida.
Neste contexto, entende-se a cultura corporal de movimento como uma área
do saber que discute as práticas corporais construídas historicamente, bem como
sua transposição didática, em especial, para o contexto escolar. Embora esta área
de ensino tenha sido estudada de forma mais sistematizada pela educação física, o
pedagogo pode e deve apropriar-se de alguns elementos deste estudo, visando
compreender a dimensão corporal, motora e afetiva de seus alunos. Com a
finalidade de compreender melhor a complexidade que é o ser humano em suas
permanentes transformações e dimensões. Não é possível proporcionar o
desenvolvimento cognitivo dos alunos se não compreendemos todas as faces de
seu desenvolvimento. Portanto, faz-se necessário superar a dicotomia corpo e
mente, e a cultura corporal de movimento pode ser um caminho para práticas
educativas que busquem a compreensão integral dos indivíduos.
É nesta perspectiva que se aponta a dança e o jogo como práticas corporais
que podem e devem fazer parte da prática pedagógica na escola, não só como
especificidade da educação física, mas como elemento constitutivo da prática do
pedagogo, principalmente, quando se trata da educação infantil e do ensino
fundamental. Proporcionar práticas de dança e jogos de forma lúdica, tornam-se
condições necessárias para que os alunos possam viver sua corporalidade de forma
expressiva, significativa interligando com a produção de conhecimento, seja ela nas
áreas da língua portuguesa, matemática, artes,ciências, entre outras.
A dança e o jogo são modalidades expressivas e significativas na
aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, ambos necessitam de atenção, ensino
e aprendizagem, conhecimentos, apropriação de regras, técnicas, interação, entre
outros. Logo, pressupõe-se a ajuda de profissionais especializados, dentre eles
destaca-se o professor de educação física e o pedagogo, para estabelecer essas
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práticas no cotidiano escolar e beneficiar os alunos integralmente. Portanto, a
discuti-se a seguir a importância destas práticas pedagógicas.
DANÇA: o movimento como expressão e linguagem
Segundo Vargas (2007), a prática do movimento corporal na escola possibilita
grandes benefícios, primeiramente, porque respeita a diversidade de indivíduos e
formas de expressão; segundo, porque favorece movimentos espontâneos, fluentes,
livres que ampliam a possibilidade de diálogo corporal e integração, isto é, promove
o contato social. Mas, especificamente, por se tratar da arte do movimento, a dança
possibilita um encontro harmonioso e poético com o corpo, proporcionando um
conhecimento equilibrado e uma maior amplitude de seu próprio crescimento através
de novas experiências corporais, emocionais, sociais e cognitiva.
A dança, ao integrar-se ao universo escolar, assume uma função simbólica de
permitir ao aluno se expressar, dialogar, conhecer, apropriar de sua corporalidade;
utiliza seus sentimentos, as expressões que dela se ressalta e a criatividade ao
longo do desenvolvimento, sem discriminar as diferenças sociais, gostos e caminhos
que cada um quer percorrer ao longo de suas vidas. Porém, a dança como prática
social e cultural no contexto escolar vem sendo pouco utilizada por falta de
conhecimento, principalmente, do professor pedagogo.
Vargas (2007), afirma que é possível integrar a dança nas escolas, pois além
de ser uma prática de expressão corporal, a criança e/ou adolescente, ao se
movimentar através do ritmo da música, utiliza-se do corpo como meio de
linguagem, realiza-se de maneira prazerosa o ato de dançar e se expressar. “A
dança é capaz de ser mediadora no processo de construção de um ser humano
mais sensível, crítico, criativo e autônomo” (VARGAS, 2007, p.52).
Ao se movimentar através de um ritmo musical, expressa-se não apenas
através do corpo em si, mas pode-se usufrui de todas as dimensões tais como: a
afetividade, a estética, a cognição, a ética, entre outros sentimentos que envolvem o
homem. A escola tem o papel essencial de possibilitar aos alunos o novo, o prazer e
a vontade de participar por ser foco dessas mudanças, estimulando a cada dia a
descoberta de algo em seu próprio corpo sendo com harmonia, liberdade de
expressão e criatividade. “A expressão corporal poderia chegar a ser um auxiliar
eficaz para os docentes em seu objetivo de atingir um amadurecimento integral,
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tento em si próprios como em seus aprendizes.” (STOKE & HARF 1987, apud
VARGAS, 2007, p. 53).
A autora cita que as crianças sentem a necessidade de se movimentar por
terem grande quantidade de energia e quando não liberada, a criança se torna presa
em sua própria vida, estaguinada, insegura, entediada. Não aproveita quase nada
do objetivo que se quer alcançar na escola. Através da dança, estudiosos e
professores veem a possibilidade de um novo olhar voltado à educação diária, com
entusiasmo, alegria e satisfação e bem estar ao praticar a dança.
Vargas (2007), ao citar os autores como Robinson (1992) e Joyce (1987),
esclarece que o movimento corporal é utilizado nas escolas como prática educativa,
através da dança, podem-se possibilitar o desenvolvimento e o crescimento
psicológicos para as crianças; proporciona-se a experimentação de diversos
sentimentos, pensamentos expressões que propiciam as crianças e/ou adolescentes
a refletir sobre si e sobre o mundo que o cerca.
A prática da dança nas situações educativas buscará proporcionar condições para o desenvolvimento das funções mentais como: atenção, concentração, imaginação, memória, raciocínio, curiosidade, observação, criatividade, exploração, entendimento qualitativo de situações de poder de crítica, já por seu caráter artístico buscará desenvolver o senso estético, a expressão cênica, a educação do sentido rítmico e musical, a sensibilidade e a expressão artística (VARGAS, 2007, p.59).
Ao propor a inserção da dança nas escolas, não se podem pensar as
expressões do corpo como objeto de movimentos técnicos, programados, mas o
trabalho com as dinâmicas de meninos e meninas devem priorizar o conhecimento
de próprio corpo dos alunos e instigar suas vontades de se expressar, comunicar-se
para que se possa atuar, criar e recriar os movimentos com autonomia. Pode-se
inclusive ampliar e (re) significar os padrões sociais, a compreensão de seu próprio
corpo e suas possibilidades de mudanças no cotidiano através dele.
Tem-se visto que a dança está diretamente relacionada aos movimentos
corporais e com isso lida com as emoções existentes no corpo. Através da dança,
podem-se transparecer os movimentos em relação ao sentimento comparado à
expressão de um instante como um salto de alegria, como contorcer-se ao sentir
dor, tremer de medo. As expressões mais específicas acontecem de maneira rápida
ou lenta, mas, na maioria das vezes, ocorrem inconsciente assim como as
expressões faciais, os movimentos nas mãos ou de partes isoladas do corpo. Assim,
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exercita-se, também, a mente ao realizar esses mínimos movimentos mesmo os
movimentos mais bruscos.
A autora define a dança como uma atividade artística que utiliza o corpo e tem
os movimentos como o instrumento primordial. E, ao definir a dança, é preciso que
se fale dos ritmos que dela se necessita para melhor se expressar. No entanto, o
ritmo pode vir de várias formas assim como da natureza com os sons dos
movimentos das ondas, ventos com estações do ano e outros; os ritmos biológicos
como a batida do coração, gástricos, entre outros. O ritmo musical, o canto,
possibilita maior ênfase nos movimentos em que dança é trabalhada de acordo com
o tempo de forma especifica e intencional, assim, pode-se captar as variações de
gestos e velocidade no decorrer da música escolhida. “Som e movimento sempre
estiveram unidos e ao primeiro é atribuída a qualidade geradora do outro, através
dos impulsos naturais do indivíduo”. (MORATO, 1986, p.29 apud VARGAS, 2007,
p.67).
O uso da técnica vem sendo questionada no ensino da dança, principalmente
no ambiente escolar, a dança pode se utilizar de técnicas para se organizar e se
realizar, porém, ao se estabelecer essa técnica, tem-se como referência apenas
uma maneira específica de organizar os movimentos. Contudo, é preciso investigar
da melhor forma para aplicar a técnica não desvinculada da interação e experiências
de vida no ambiente escolar. É interessante obter as técnicas particulares de acordo
com as necessidades de se praticar esses movimentos para proporcionar o mesmo
prazer ao realizá-los.
Segundo Vargas (2007), nas escolas, recomenda-se a dança natural por ser
mais criativa e oferecer a participação direta dos alunos ao montar as coreografias já
com o intermédio de sua personalidade ou expressão de suas vivências, o que
melhora significativamente na formação desses aprendizes. Visto que tais
manifestações utilizam de emoções provocadas para se ter o resultado que se
espera da dança, uma espécie de comunicação com o mundo. As palavras e os
movimentos são duas fontes da comunicação e a autora afirma que as expressões
do corpo se manifestam de forma mais clara do que, muitas vezes, as próprias
palavras, porque “os movimentos nunca mentem”, necessita-se trabalhar as duas
formas de comunicação nas escolas.
Vargas (2007) ressalta que quando se dá oportunidade de expressão aos
alunos, proporciona-lhes a liberdade de expandir a criatividade associada ao
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desenvolvimento e ao processo de aprendizagem por redefinir situações que dela já
se viveu ou, por ir à busca do novo, com associações diversas, a fim de utilizar sua
mente produtivamente e descobrir o que se julgava não conseguir em função das
novas potencialidades quando se podem alcançar resultados imprevisíveis.
Em um processo de criação, os praticantes devem ser estimulados a improvisar livremente, utilizando-se da sensibilidade, liberando-se das fronteiras imaginárias que muitas vezes não se atrevem a transpor, aproveitando surpresas e sugestões que surgem no trabalho, acomodando e desacomodando seus corpos. (VARGAS, 2007, p.73).
A expressão sobre a forma de movimentos como a dança tem muitas
contribuições positivas aos alunos: primeiramente ressalta-se a necessidade de se
movimentar, de forma espontânea e criativa; segundo, por relacionar-se com o
próximo de forma afetiva, harmoniosa para assim criar novos movimentos na dança.
A inter-relação professor-aluno, bem como a ampliação das relações sociais
contribui de forma significativa para a formação do sujeito. O vinculo entre
professor–aluno é importante para que realize o que se propõe, de forma positiva e
pode-se até descobrir juntos a melhor forma de praticar tal movimento, porém essas
ações necessitam do auxílio do professor para que haja interação e seriedade ao
realizá-las.
Vargas (2007), afirma que assim como o estudo de outros conteúdos, é
importante que o professor tenha um autoconhecimento para inserir aos alunos algo
renovador assim como a dança, já que se trata de um estudo de seu corpo e de
movimentos corporais através de conteúdos e temas para ampliar o conhecimento.
O professor deve estar bem preparado também, no que se refere ao conhecimento
de seu corpo, mostrar a gestualidade, a postura e os movimentos trabalhados,
transparecendo segurança no que se tem a propor.
Os professores têm o papel de incentivar e integrar os alunos ao que se
propõe, de modo que é necessário planejar as aulas cuidados, porque todos os
alunos possuem personalidade, gostos e etnias diferenciadas, eles obtêm uma visão
critica e insegura a cerca da renovação. Porém, a experiência a cerca dos
movimentos e o conhecimento em plenitude são fatores relevantes para o que se
pretende alcançar em relação à dança. Por outro lado, estabelece-se a
interdisciplinaridade com a junção das práticas que envolvem conteúdos diversos
para obter melhor compreensão dos mesmos pelos alunos, utilizando-se de métodos
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para incentivar e deixar que os alunos elevem sua vontade de criar e recriar através
da dança.
Sabemos que na escola a apresentação de dança é um dos feitos que mais agrada não somente aos participantes, mas também aos demais professores e professoras, colegas, amigos e familiares das crianças e adolescentes. Quase sempre nas comemorações escolares há espetáculos envolvendo os alunos e alunas da aula de dança, sendo um momento de muita satisfação para toda comunidade escolar. Ver o que se pode realizar com recursos próprios normalmente é motivo de orgulho para todos. (VARGAS, 2007, p.78).
Vargas (2007), afirma que para se compor uma apresentação de dança, a
participação envolve toda a comunidade escolar assim como os professores, os
alunos, mesmo os que não queiram participar da coreografia. Até os pais de alunos
se envolvem nestas apresentações como alguma habilidade específica para formar
o cenário, organizar os lugares adequados dos dançarinos e da platéia, confeccionar
o figurino e vários outros itens necessários para uma melhor apresentação. Contudo,
afirma-se que ao apresentar atividades lúdicas no ambiente escolar agrada não
somente os alunos e os professores, mas também toda comunidade. Participar e
interagir por meio desta arte do movimento, especialmente no ambiente escolar,
configura-se um momento de renovações de conhecimento e experiências e
aprendizagem de todos.
JOGO COMO PRÁTICA CULTURAL
A influência da prática do jogo relacionado na cultura corporal dentro do
âmbito escolar está diretamente ligada a percepção do ser humano por inteiro, pois
na sua prática todas as dimensões se fazem presente: a cognição, a corporalidade,
a afetividade, a estética, o social, a política, a ética.
Através do jogo pode se imaginar infinitas práticas já existentes, bem como o
criar e (re) criar, para qualquer faixa etária de idade e diferentes gostos. Pode-se
instigar o imaginário em jogos de faz de contas, o raciocínio lógico em jogos como o
xadrez e uma partida de futebol onde se utiliza os movimentos corporais e o
raciocínio para planejar estratégias para a possibilidade de ganho.
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Tentar definir o jogo não é uma tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de „‟mamãe e filhinha‟‟, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na ateia e uma infinidade de outros. Tais jogos, embora recebam a mesma denominação, têm suas especificidades. (KISHIMOTO, 2009, p.13).
Segundo Kishimoto (2009), o ato de jogar implica em definir a perspectiva de
classe social e de culturas diferenciadas conforme os jogos são executados e
contextualizados na forma pela qual são inseridos nas comunidades por meio das
experiências vividas assim como o jogo de arco e flecha, quando inserido nas tribos
indígenas significa treinar as crianças para sua própria maturidade e sobrevivência,
pela caça para sua alimentação. Já em outros ambientes onde não se necessita
necessariamente da caça, o mesmo jogo é, apenas, um simples ato de jogar.
Entende-se o jogo enquanto fator social que assume a imagem em que cada
sociedade lhe atribui e há diferenciações pelo modo como são produzidos diante de
cada atitude, pois depende do lugar e da época em que os jogos são propostos,
assumindo significados distintos.
Kishimoto (2009) afirma que o ato de jogar quando o público alvo é o infantil,
as crianças se fazem com o intuito de brincar de se divertir, sem pensar no efeito ou
resultado final, porém quando esses jogos são inseridos em sala de aula o alvo seria
estabelecer aos alunos a devida compreensão a cerca do jogo escolhido. Não se
deve priorizar escolha dos alunos, mas sim o efeito que essa prática pode
desenvolver nos participantes. Pode-se afirmar que quando se oferece a
oportunidade de escolha aos alunos torna-se o ato de jogar não muito produtivo,
seria apenas um ensino, um trabalho executado aos alunos.
Bomtempo (2009) ao citar Freud (1976), Piaget (1971), Luria (1932) e
Vygotsky (1984) afirma que o jogo de fantasia possibilita observar claramente os
sonhos e imaginações em sua fase adulta enfatizando o faz-de-conta, incluindo a
concentração das crianças ao construir algum brinquedo de peças ou montar um
quebra cabeça. “Quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem
compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da
natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui”. (PIAGET, 1971, apud
BOMTEMPO, 2009, p. 59).
Piaget cita também o jogo simbólico que é muito usado pelas crianças por
utilizar a imaginação a cerca da brincadeira, pois o jogo é simbólico quando uma
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criança lhe atribui diferenças de significado diante do objeto, de modo que um
pedaço de madeira se torna um cavalinho ou quando se assume um papel para ele
importante ao seu convívio como se classificar “a mãe”, ou “o pai”, “o médico‟”,
“policial” e outros.
Já Vigotsky (1894 apud BOMTEMPO, 2009), afirma que os jogos e
brincadeiras que a criança utiliza dependem da faixa etária de idade, pois um
brinquedo que serve para um bebê não tem interesse para uma criança de mais
idade, isso se configura com o amadurecimento das poucas experiências já vividas.
Entretanto, cita também que a criança usa muito do imaginário por desejar ser algo
que de imediato não tem possibilidade de se realizar assim como “ser a mãe” é algo
que precisará muitos anos para acontecer, logo, ela cria sua própria história para ser
a mãe de algum brinquedo, criando um mundo próprio. É de grande valia o ato de
jogar e brincar para o desenvolvimento da criança, quando se estabelece uma base
a cerca do real e do imaginário utilizando-se de seu corpo para ações comandadas
pela mente. As distinções entre a imaginação e a compreensão do real ocorrerão de
acordo com as experiências vividas.
Os jogos infantis: apropriação cultural
Segundo Kishimoto (1993), o jogo tradicional infantil oferece a possibilidade
de novas criações de acordo com suas experiências, motivações e dinamização do
cotidiano e inter-relação social. No Brasil, houve a mistura de três raças, a vermelha,
a negra na raça branca, com isso ocorreu-se a mistura de culturas e com essa
miscigenação houve mudanças em vários aspectos já existentes, modificou-se até o
folclore. Pode-se retirar dessa tradição, veiculada aos jogos infantis, tem-se o
exemplo da pipa que, no século 206 a.C., já existia na China, sendo que o imperador
fazia medições do campo onde se instalava as pipas e no castelo servia para
comunicar aos aliados a posição e o pedido de ajuda. Até hoje em pleno século XXI,
joga-se pipa ou o chamado papagaio, depende-se de qual região esse jogo é citado,
ocorrem distintas denominações como em Portugal se chamada de estrela, raia,
arraia, papagaio bacalhau, gaivotão; no Brasil, é chamada de papagaio, curica, pipa,
cafifa, pandorga, arraia, quadrado e raia. “Os portugueses trouxeram o papagaio do
Oriente, Japão e China, onde é popular, em todas as classes sociais, desde
remotíssimo tempo”. (KISHIMOTO, 1993, p.19).
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Há jogos estimulados pela lenda dos contos do Folclore assim como o bicho
papão, as histórias de bruxas contadas geralmente por pessoas mais velhas para as
crianças em que se estimulou o ato de inventar jogos assim como os de pique que,
iniciaram nos anos de 1979, eram praticadas por grupos de crianças de cinco a dez
anos. Uma criança é escolhida para ser a bruxa e, ao contar de vinte a trinta, os
outros participantes devem correr, se pego pela bruxa automaticamente se tornará
bruxa apenas com um mágico toque, logo este será o próximo a pegar os outros.
Este jogo de pique se encontra nos dias atuais e pode se afirmar que existem vários
movimentos corporais envolvidos como no ato de correr e o uso do raciocínio lógico
para fazer estratégias na escolha de irem em direção ao mais próximo para pegá-lo.
Kishimoto (1993), afirma que a maioria de jogos tradicionais mais conhecidos
foram os primeiros portugueses que trouxeram para o Brasil, os jogos de
amarelinha, bolinha de gude, jogos de botão, pião e outros. Cita o jogo do pião foi
trazido pelos brancos e é feito de madeira com uma ponta de prego, era uma
atividade recreativa.
Tudo indica que os portugueses divulgaram este jogo nos primeiros tempos da colonização brasileira. A existência do pião em Portugal, em tempos passados, e confirmada por Teófilo Braga, no cancioneiro de Resende e nas ordenações Afonsinas que cita, entre alguns jogos de sociedade do século XV, o pião. (KISHIMOTO, 1993, p.25).
O Brasil recebeu influência dos negros africanos em todos os setores: do
econômico, cultural e social, a partir da chegada de escravos para trabalho em cana-
de-açúcar, era direcionado a cada senhor de engenho que pudesse ter 120
escravos, para substituir o trabalho dos índios. Com estimativa de aproximadamente
cinco milhões de negros africanos no Brasil, a miscigenação redefiniu a cultura, pois
os negros tiveram anos de contato direto e sofreram influencias de Paris e Londres.
Pode-se afirmar que existem brinquedos universais, pois se encontra em várias
culturas e situação social como a bola, arminhas de simulação a caça, dança de
roda, lutas corporais e outros presente a décadas imemoriais. Em várias culturas
pode também se observar a fabricação de jogos com elementos naturais assim
como a arminha de casca de bananeira, em que se faz incisões no talo e deixa
fragmentado na base, ao pegar faz barulhos simulando o tiro de espingarda, foi
criado em 1825 porém podendo ser visto até hoje na África.
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A autora, no decorrer de suas análises, cita os jogos criados em sua grande
maioria por crianças que vivem no campo, jogos pelos quais sugere a violência
infantil assim como o jogo de beliscar, de matar passarinhos, geralmente praticado
por adolescentes que gostam de mostrar valentia e até a torturar ao colega ou matar
animais. Percebe-se a falta de instruções e o desleixo por parte destes que causam
a dor ao próximo com as toscas brincadeiras. Esta prática acontece com relação ao
desenvolvimento etário da criança com idade pré-escolar utilizando de violência e
destruição como forma de mostrar táticas de um bom jogador.
Destaca-se também entres os jogos citados os que são inventados pelos
fatos heróicos ou não, valores e ocasiões que passaram na época da escravidão.
Esses jogos são origem nacional manifestados no folclore infantil, com o nome
amarra-Negra, capitão-de-mato, escolhe-se um menino que se distancia do grupo e
se esconde fora de vista de todos para da lhes um sinal que significa que podem ir
procurá-lo, esse sinal e o grito „‟capitão-de-mato-amarra-negra!‟‟e todos correm a
sua procura, basta da um toque para que seja substituído e recomeça-se a
brincadeira. Entretanto, este tipo de jogo proporciona a socialização de todos, para
cultivar a cultura infantil necessária a cada um, pois cada um se dispõe de
expressões diferenciadas e, ao brincar com o jogo que não fez parte de vivências,
oferece-se por meio do convívio mais uma aprendizagem.
Kishimoto (1993), ao citar diferentes culturas e suas práticas de jogos infantis,
enfatiza a cultura indígena que utiliza diversificadas vivências em seu cotidiano,
como de sobrevivência para treinar ou de denominar a tarefa educativa para seu
próprio convívio. Seus jogos de pequenos arcos e flechas para a caça de animais e
peixes, são realizados apenas por meninos que acompanham seus pais, já meninas
ficam com as mães ajudam a colher raízes, o preparo de alimentos e o cuidado com
o irmão mais novo, eles podem utilizar de práticas adultas assim como amarrar com
um pano seu irmão nos ombros, gostam de imitar os animais com intuito de
reconhecê-lo obtendo reflexos de símbolos e outros.
Porém, observam-se outros jogos assim como o chamado cama de gato em
que se utiliza apenas fios que se enroscam nos dedos e necessita-se de uma outra
pessoa para ultrapassar os fios para outros dedos, formando outro desenho. O jogo
da peteca, que tem a origem indígena, é proveniente de tribos tupis do Brasil, é
confeccionada em palha de milho ou areia, serragem achatada e enfia-se as penas,
que servem como bolas sendo jogada de um lodo para o outro. O jogo do Gavião é
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formado por uma fila grande com meninos e meninas, escolhe-se o menino maior
para ser o Gavião, coloca-se diante da fila e grita „‟tenho fome‟‟, logo o primeiro da
fila estende a perna e pergunta: “Quer isso?” e ele contesta, até que chegue o final
da fila ele diz: “Sim”, e então trata-se de pegar o menino que corre sem direção, os
demais tentam impedir e faz outra fila, se o Gavião não consegue pegar o menino ai
começa de novo, se consegue, leva triunfantemente o cativo para o lugar que é seu
ninho, e procede o jogo ate que o último tenha sido pego. Desse modo, citam-se
diversos outros jogos utilizados em tribos indígenas assim como Jaguar, peixe pacu,
Jacami, dos patos marreca, do casamento e outros. Estas práticas são inventadas
por crianças e adultos indígenas.
Ao relatar as práticas de jogo em diversas culturas, pode–se perceber que de
toda forma foi possível observar as expressões corporais de variados jogos e estilos,
porém prioriza-se a ênfase na cultura corporal. Visto que em variações de idades,
classe social, raça e culturas se podem perceber práticas que os traz benefícios e
prazer em realizá-las.
Com a realização e valorização destes jogos na escola os jogos africanos,
portugueses e indígenas nota-se que os alunos vivem e precisam ter consciência,
tanto do ponto de vista do professor, quanto do aluno, de que os jogos como já
mencionado, enquanto elemento da cultura corporal, possibilita a vivência de
diferentes forma de ser, agir, conhecer a história, refletir sobre o mundo e sobre si
mesmo. Os jogos, compreendidos como cultura, transmitem uma história, bem como
diversificam possibilidade de viver sua corporalidade. Ao brincar aprendem-se
conceitos e resignifica o seu tempo, bem como sua compleição motora, em que o
corpo pode expressar diferentes formas, padrões, valores estético, ser livre e
criativo.
Neste sentido, o jogo se torna importante recurso para a aprendizagem, pois
possibilita uma relação mais harmônica entre corpo e mente, apropria-se de diversas
formas de brincar e muitos jogos são resgatados pelos ancestrais. Portanto é de
extrema relevância que os pedagogos possam valorizar estas práticas, no cotidiano
de seu fazer pedagógico, tanto por estes seres ricos mediadores entre a criança e o
mundo, entre a criança e sua motricidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A apropriação e conhecimento corpo através das diferentes expressões da
cultura corporal de movimento, em especial da dança e jogos no cotidiano escolar,
promove a valorização da alto-estima, a percepção de si e do outro, bem como a
melhoria da capacidade de expressão e comunicação.
Transformando a vida de profissionais da educação, em especial dos
pedagogos e dos alunos, pois tais práticas permitem a criatividade, participação,
investigação, pesquisa, autoconhecimento, conhecendo singularmente seu corpo,
suas vontades e limites ao participar.
No contexto escolar, as experiências de movimentos podem proporcionar o
conhecimento a cerca de seu próprio corpo e as diversidades culturais através de
estudos teóricos e práticos organizados pelo professor aumentando a compreensão,
a valorização e consciência diante das diferenças de costumes, hábitos, raças,
religiões e etnias.
As práticas que envolvem o movimento corporal, como a dança e o jogo,
inseridas no cotidiano escolar podem ampliar o poder de crítica dos alunos, pois os
torna mais autônomos. Visto que ao participar essas modalidades os alunos buscam
novos conhecimentos, seja em suas vidas seja na escola, como por exemplo: o uso
de táticas de jogos, a utilização de alguma informação inserida no jogo, temas ou
táticas e ao participar de aulas, apresentações de dança, pesquisas, busca-se
técnicas, a livre expressão, a utilização das músicas como temas, sentimentos, que
se quer transmitir, discussões, provocações, entre outros.
Portanto, percebe-se a importância de colocar em prática o conhecimento que
envolve a corporalidade no ambiente escolar, através de movimentos específicos ou
espontâneos. Essas práticas modificam o cotidiano dos alunos, alterando e
ampliando seu conhecimento a cerca de novas culturas e modifica-se a interação de
seu „‟eu‟‟ através de realizações de movimentos e a consciência plena das
necessidades vinculadas pelo corpo para que tenha uma vida saudável e apta a
novos conhecimentos.
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ABSTRACT: This article emphasizes the study of body culture, and its contributions, and to insert it at school, by games and dance. Allowing the child to develop knowledge about their own body. So this study is organized bibliographically aiming to equip the teacher and educator in appropriation and utilization of elements from body culture and body movement in his teaching. By expanding the usage of activities across fun games and dances at the school, the students realize enlargements of knowledge and understanding in regards to perception, creativity, socializing, criticism, participations and involvement. By considering the importance for classroom practices that the search for reinventing the school is that this study does suggest that is significant. Keywords: Body Culture. Dance. Games.
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