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Cuidados imediatos ao recém- nascido O processo de cuidar em Enfermagem na Saúde da Mulher Prof. Tatiane H. Trigueiro Acad. José Francisco Sampaio Souza

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Promoo da sade do RN e da famlia

Cuidados imediatos ao recm-nascidoO processo de cuidar em Enfermagem na Sade da MulherProf. Tatiane H. TrigueiroAcad. Jos Francisco Sampaio Souza

IntroduoCompreende-se por assistncia imediata ao RN, aquela dispensada logo aps o nascimento, ou seja, nas duas primeiras horas que sucedem o parto.

A Lei do Exerccio Profissional de Enfermagem no Brasil, confere ao Enfermeiro, a prestao de assistncia mulher durante a gestao, parto e puerprio, e tambm ao RN.

ObjetivosPromover e manter o equilbrio orgnico;Estabelecer a permeabilidade das VVAA;Manter a temperatura corporalPrevenir infeces;Incentivar o aleitamento natural.AssistnciaCONTATO PELE-A-PELE

Para a assistncia ao recm-nascido normal, que constitui a maioria das situaes, nada mais deve ser feito alm de se enxugar, aquecer, avaliar e entregar me para um contato ntimo e precoce.

(MS, 2001)

Adaptao vida extrauterinaA transio da circulao fetal ou placentria para a respirao independente a alterao fisiolgica mais profunda pela qual o RN passa. A perda de conexo placentria significa a perda de suporte metablico completo, especialmente o suporte de O2 e a remoo de dixido de carbono.

Sistema respiratrio:Fatores qumicos: no sangue ( O2, de dixido carbono e do pH) desencadeiam impulsos que excitam o centro respiratrio na medula;Estmulo trmico: resfriamento sbito do RN; essa mudana abrupta de temperatura excita impulsos sensoriais na pele que so transmitidos ao centro respiratrio.O estmulo ttil pode ajudar a iniciar a respirao.

Nos alvolos, a tenso de superfcie do lquido reduzida pelo surfactante, uma substncia produzida pelo epitlio alveolar que reveste a superfcie alveolar.Adaptao vida extrauterinaSistema circulatrioOcorrem gradualmente em consequncia da mudana de presso nos pulmes, corao e vasos principais.A transio da circulao fetal para ps-natal envolve o fechamento dos shunts fetais: forame oval, ducto arterioso e ducto venoso.Conforme os vasos pulmonares recebem sangue, a presso no AD, VD e AAPP diminui.A presso atrial esquerda aumenta, com consequente fechamento do forame oval.Com o aumento do fluxo sanguneo pulmonar e diminuio da resistncia vascular pulmonar, o ducto arterioso comea a se fechar.

Fatores que controlam o fechamento ductal:Concentrao de O2 no sangue e queda das prostaglandinas endgenas.Forame oval: ao nascimento ou logo aps;Ducto arterioso: por volta do quarto dia de vida.

Adaptao vida extrauterinaCirculao fetal

Estado fisiolgico de outros sistemasTermorregulaoAps estabelecimento da respirao, a regulao do calor mais crtica para a sobrevivncia do RN.A grande rea de superfcie do RN favorece a perde de calor para o ambiente;A fina camada de gordura subcutnea do RN no fornece isolamento suficiente para a conservao do calor.;O mecanismo de produo de calor do RN diferente do de um adulto, que pode aumentar a produo por meio de um calafrio. O RN produz calor por meio da termognese sem tremor (TST), que envolve metabolismo e consumo de O2 aumentados.Fontes termognicas:Corao, fgado e crebro.Tecido adiposo marrom ou gordura marrom: maior contedo de citocromos mitocondriais; tem maior capacidade de produzir calor mediante atividade metablica intensificada.Sistema gastrointestinalAlterao no padro das fezes dos RNMecnioPrimeiras fezes do RN, compostas de lquido amnitico, secrees intestinais, clulas mucosas e possivelmente sangue (sangue materno ingerido ou sangramento mnimo dos vasos do trato alimentar).A passagem do mecnio deve ocorrer nas primeiras 24 a 48 h, podendo retardar em at 7 dias em RN MBP ao nascer.Fezes transicionaisOcorrem por volta do 3 dia aps incio da amamentao; marrom-esverdeadas a marrom-amareladas, finas e menos viscosas que o mecnio; podem conter coalhos de leite.Fezes do leite: em geral ocorrem por volta do 4 diaEm RN amamentados, fezes amarelas a douradas, consistncia pastosa e cheiro de leite azedo;RN alimentados com mamadeira: fezes amarelo-claro a marrons, consistncia mais firme e odor mais ativo.Estado fisiolgico de outros sistemas(WHEELER, 2011)Sistema neurolgicoAo nascimento, o SN est incompletamente integrado, mas suficientemente desenvolvido para manter a vida extrauterina.A maior parte das funes neurolgicas constitui-se de reflexos primitivos.SNA: crucial durante a transio pois estimula as respiraes iniciais, ajuda manter o equilbrio cido-base e regula parcialmente o controle da temperatura.

A mielinizao do SN segue leis cefalopodais e proximodistais de desenvolvimento e relaciona-se com a destreza das habilidades motoras fina e grossa.A mielina necessria para a transmisso rpida e eficiente de alguns, mas no todos, impulsos nervosos ao longo da via neural.

Todos os nervos cranianos esto presentes e mielinizados, exceto os nervos ptico e olfativo.

Estado fisiolgico de outros sistemasLogo aps o parto, quando h condio satisfatria, o contato fsico entre a me e o RN e a suco devem ser estabelecidos o mais precocemente possvel, pois alm de auxiliar no processo de aleitamento, favorece a contratilidade uterina.

Alimentar, hidratar, proteger, aquecer, acalentar, aliviar os incmodos, fornecer apoio e segurana, permitem o bem estar do RN.Adaptao vida extrauterinaCuidado de Enfermagem ao RNO RN exige observao habilidosa e completa para ter um ajuste satisfatrio vida extrauterina.

Estabelecimento das VASO estabelecimento da permeabilidade das VAS inicia-se logo aps o desprendimento ceflico, com a limpeza da face.

A desobstruo das VAS constituda pelo posicionamento adequado do RN e a aspirao da boca e narinas.

A aspirao contribui para uma boa ventilao do RN e afasta a possibilidade de atresia de coanas e esfago, porm deve ser realizada somente quando necessrio.

Na presena de secrees, deve-se realizar a aspirao rpida e suave da boca e das narinas com sonda de borracha ou polietileno, conectada ao aspirador na sala de parto.

Na presena de lquido meconial, assim que ocorrer o desprendimento ceflico, o profissional dever realizar aspirao de boca e narinas (aspirao intra-parto).Manuteno da temperatura corpreaO RN dever ser recepcionado em campos estreis aquecidos, ser enxugado de maneira rpida, mas suave.A resposta ao estresse trmico, envolve mecanismos adaptativos, com um gasto muito grande de energia e consequente aumento no consumo de oxignio.Poder ser colocado em contato pele a pele com o corpo da me, porm coberto com o campo aquecido.

Efeitos da hipotermia T < 36 CResfriamento = vasoconstrio perifrica = forma do organismo controlar a perda de calor.Aumenta o consumo de O2 e glicose, diminuindo a oferta de O2 para os tecidosOcorre hipoxemia = aumento da FR = vasoconstrio pulmonarDiminui a captao de O2 pelos pulmes e o O2 para os tecidos = glicose anaerbicaOcorre liberao de cido ltico na corrente sangunea = Acidose Metablica

Avaliao inicial: ndice de ApgarSistema mais usado para verificar o ajuste imediato do RN vida extrauterina.Observao da frequncia cardaca, esforo respiratrio, tnus muscular, irritabilidade reflexa e cor.Atribui-se um escore de 0,1 ou 2.Os escores totais de 0 a 3 representam sofrimento grave;Escores de 4 a 6 significam dificuldade moderada;Escores de 7 a 10 indicam ausncia de dificuldade de ajuste vida extrauterina.

(WHEELER,2011)ndice de APGARSINAL012Frequncia cardacaAusenteLenta, < 100 bpm>= 100 bpmEsforo respiratrioAusenteIrregular, lento, choro fracoBom, choro forteTnus muscularFracoAlguma flexo dos membrosBem flexionadoIrritabilidade reflexaNenhuma respostaCaretaChoro, espirroCorCiantico, plidoCorpo rosado, membros cianticosCompletamente rosaCianose centralNo caso de haver cianose central, com movimentos respiratrios normais e FC > que 100bpm, o RN dever receber oxignio umedecido e aquecido, para evitar perda de calor e o ressecamento das mucosas da VAS.

Mtodos de administrao de Oxignio ao RNAjustar o fluxmetro em 5l/minuto e colocar o tubo a uma distncia de 2 cm das narinasDessa forma 80% de oxignio so administrados, jamais encostar o tubo na narina, para evitar pneumotrax devido a presso das VASAssim que o RN se tornar rosado, remover a cnula e desligar o oxignio gradativamenteObservar colorao do RN, caso volte a ficar ciantico, administrar novamente oxignio

Avaliao ClnicaPESOO peso do RN ao nascimento e a idade gestacional esto relacionados com a incidncia de morbidade e mortalidade perinatais; quanto menor o peso e a IG, maiores a morbidade e mortalidade.Idade gestacionalPr-termo: < 37 semanasA termo: >= 37 semanasPs-termo: >= 42 semanasO RN com peso APROPRIADO PARA IDADE GESTACIONAL (AIG) tem crescimento a uma taxa normal, independente da ocasio do nascimento pr-termo, a termo ou ps-termo.O RN GRANDE PARA IDADE GESTACIONAL (GIG) tem crescimento a uma taxa acelerada durante a vida fetal;O RN PEQUENO PARA A IDADE GESTACIONAL (PIG) tem restrio ou atraso do crescimento intrauterino.

Comprimento:O comprimento da cabea ao calcanhar tambm medido. Devido posio fletida usual do RN, importante estender a perna completamente ao medir o comprimento total do corpo. Comprimento mdio: 48 a 53 cm.Medidas gerais

Medidas geraisFontanelas:De dimenses variveis: anterior em formato de losango, com variaes de 1 a 5 cm. A posterior tem formato triangular e do tamanho de uma polpa digital.

Permetro ceflico:Para RN a termo, entre 33 e 33,5 cm. Pode ser menor em funo do processo de modelagem que ocorre durante o parto vaginalPermetro torcico:30,5 a 33 cm. O PC cerca de 2 a 3 cm maior que o PT. Podem parecer inicialmente iguais.Medidas gerais

Permetro Abdominal: no precisa ser medido rotineiramente no neonato, mas deve ser medido em caso de distenso abdominal, para determinar suas alteraes ao longo do tempo. medido logo acima do nvel do umbigo. Medidas gerais

CredeizaoPara prevenir a oftalmia do neonato, deve ser instilada uma gota de nitrato de prata a 1% em cada olho do RN.Chlamydia trachomatis a principal causa de oftalmia do neonato nos Estados Unidos. O nitrato de prata eficaz contra conjuntivite gonoccica.

(WHEELER, 2011)

Administrao profiltica de Vitamina KLogo aps o parto, administra-se vitamina K como dose intramuscular nica de 0,5 a 1 mg para evitar doena hemorrgica do RN, tambm denominada sangramento por deficincia de vitamina K.A vitamina K lipossolvel necessria para a produo dos fatores de coagulao, principalmente a protrombina absorvida da dieta e produzida normalmente pela microbiota intestinal, onde absorvida e transportada ao fgado para a sntese dos fatores de coagulaoO RN ainda no tem o colo colonizado com bactrias e so deficientes de vitamina K

Administrao de Vacina Contra Hepatite BPara reduzir a incidncia do vrus da hepatite B em crianas e suas graves consequncias cirrose e cncer de fgado na vida adulta, recomenda-se a primeira de trs doses da vacina logo aps o parto e antes da alta hospitalar.A injeo aplicada no musculo vasto lateral da perna esquerda, uma vez que este local se associa melhor resposta imunolgica que a rea ventro-gltea.

BanhoOportunidade para observar o comportamento do RN, estado de conscincia, prontido e atividade muscular.Com a possibilidade de transmisso de vrus da hepatite B e HIV via sangue materno e lquido amnitico tinto de sangue, o momento tradicional de banho do RN tem sido questionado. O RN precisa ser considerado uma fonte potencial de contaminao at que se prove o contrrio.Deve-se, portanto, como parte das precaues-padro, calar luvas ao manipular o RN, at que o sangue e lquido amnitico sejam removidos pelo banho.(WHEELER, 2011)CUIDADO DO UMBIGOAlgodo/gaze embebido em lcool 70%; realizar a limpeza de todo o coto umbilical, desde sua base at a extremidade, fazendo um movimento de 360.

A fralda deve ser dobrada na frente abaixo do coto umbilical para evitar irritao e umidade no local. Os pais devem ser instrudos sobre a deteriorao do coto, que se d por meio do processo de gangrena seca. O tempo mdio de separao do cordo (coto) vai de 10 a 14 dias.A cicatrizao completa da base do cordo leva mais algumas semanas. O cuidado consiste em manter a rea limpa e seca e observar quaisquer sinais de infeco.BanhoIdentificao do RNO RN dever ser identificado com pulseira de material plstico no pulso com o nome da me, n de identidade hospitalar, sexo, Apagar, hora, data de nascimento e peso.Em sequncia, realiza-se a identificao pela impresso plantar do RN e a digital materna que devem ser registradas, bem como os dados especficos do nascimento, na Declarao de Nascido Vivo e na ficha do RN.DNV: documento padronizado e distribudo nacionalmente pelo MS, que alm de carter legal, alimenta os sistemas de informao de nascimentos (SINASC).RefernciasBRASIL. Ministrio da Sade. CPI da Mortalidade Materna Braslia : Ministrio da Sade, 2001.WHEELER, B.J. Promoo da sade do recm-nascido e da famlia. In: HOCKENBERRY, M.J.; WILSON, D. Wong Fundamentos de Enfermagem Peditrica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.