crm - modelo ti

81
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia, Contabilidade e Administração MODELO DE CRM APLICADO AO SUPORTE DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ESTUDO DE CASO Cristiane Belitardo Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado de Especialização pelo curso de Pós- Graduação em MBA Gerência Empresarial. Área de Concentração: Gerência Empresarial Taubaté – SP 2000

Upload: api-3799425

Post on 07-Jun-2015

1.812 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Crm - Modelo Ti

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia, Contabilidade e

Administração

MODELO DE CRM APLICADO AO SUPORTE DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO:

ESTUDO DE CASO

Cristiane Belitardo

Monografia apresentada ao Departamento de Economia,

Contabilidade e Administração da Universidade de

Taubaté, como parte dos requisitos para a obtenção do

Certificado de Especialização pelo curso de Pós-

Graduação em MBA Gerência Empresarial.

Área de Concentração: Gerência Empresarial

Taubaté – SP

2000

Page 2: Crm - Modelo Ti

2

COMISSÃO JULGADORA

Data:______________________________________________

Resultado:_________________________________________

Prof. Dr.:___________________________________________

Assinatura:_________________________________________

Prof. Dr.:___________________________________________

Assinatura:_________________________________________

Prof. Dr.:___________________________________________

Assinatura:_________________________________________

Page 3: Crm - Modelo Ti

3

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia, Contabilidade e

Administração

MODELO DE CRM APLICADO AO SUPORTE DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO:

ESTUDO DE CASO

Cristiane Belitardo

Monografia apresentada ao Departamento de Economia,

Contabilidade e da Universidade de Taubaté, como parte

dos requisitos para a obtenção do Certificado de

Especialização pelo curso de Pós-Graduação em MBA

Gerência Empresarial.

Área de Concentração: Gerência Empresarial

Orientador: Prof. Dr. Edson A. Araújo Querido de Oliveira

Taubaté – SP

2000

Page 4: Crm - Modelo Ti

4

Dedico este trabalho à minha querida

família pelos momentos de atenção que

lhe foram subtraídos.

A Oswaldo Pagoti de Britto Júnior pela

compreensão, dedicação e apoio ao

longo deste trabalho.

Page 5: Crm - Modelo Ti

5

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Edson A. Araújo Querido de Oliveira, pela habilidade com que me orientou

neste trabalho.

Ao Sr. Mardem Lima, gerente do departamento de Suporte ao Usuário de Tecnologia

da Informação da EMBRAER S.A., pelo direcionamento e apoio na elaboração deste

trabalho.

À EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronáutica S. A., que me forneceu ambiente

para a realização da pesquisa.

Page 6: Crm - Modelo Ti

6

SUMÁRIO Lista 08 Resumo 09 1 Introdução 10 2 Revisão da Literatura 13

2.1 Conceitos de marketing de relacionamento 16

3 A necessidade do relacionamento personalizado 21 3.1 O foco em produtos 24 3.2 O foco em clientes 25 3.3 Relacionamentos como estratégia 29

4 Marketing de Relacionamento e o Banco de Dados 35 4.1 Banco de dados de marketing 36 4.2 Aumentando a rentabilidade com o cliente 38

5 Customer Relationship Management – CRM 39 5.1 CRM é mais do que tecnologia 41 5.2 Benefícios do Call Center 47

6 Necessidade de CRM ao cliente interno 49 6.1 Satisfação dos usuários 51 6.2 Implantado sistemas de CRM 52

7 Estudo de Caso do projeto de implantação de CRM no Departamento de Suporte ao Usuário de Tecnologia da Informação da EMBRAER 54 7.1 Um pouco sobre a EMBRAER 55 7.2 Ambiente interno da EMBRAER 57 7.3 Situação interna da equipe de help desk 58 7.4 Análise e seleção da solução 61 7.5 Empresas classificadas 61 7.6 Conclusão da avaliação das empresas classificadas 63 7.7 Implantação dos serviços de help desk da empresa Imarés 64

7.7.1 Pesquisa de satisfação dos clientes de TI 68

Page 7: Crm - Modelo Ti

7

8 Conclusão 70

9 Anexo 1 72

10 Anexo 2 74

11 Referências Bibliográficas 76

12 Abstract 77

Page 8: Crm - Modelo Ti

8

LISTA DE FIGURAS

Fig 3.1 Marketing de Massa utilizado por empresas com foco em Produtos. 25 Fig 3.2 Diferença na orientação do marketing de relacionamento

e o marketing de massa. 28 Fig 7.1 Número de ligações realizadas para o Help Desk versus

número de ligações abandonadas pelo usuário no período de maio a agosto de 2000. 65

Fig 7.2 Número de ligações recebidas, atendidas e abandonadas

entre no período de maio a agosto de 2000. 65 Fig 7.3 Tempo médio de espera do usuário por atendimento pelo

Help Desk (em segundos). 66 Fig 7.4 Tempo médio de atendimento por usuário pelo Help Desk

(em minutos). 66 Fig 7.5 Comparação entre resolução de problemas em 1º nível e

2º nível. 67 Fig 7.6 Comparação entre quantidade de ligações recebidas

(software DAC – Siemens) e quantidade de chamados abertos (base Notes – SAAT). 67

Fig 7.7 Acompanhamento da pesquisa de satisfação de usuários entre os meses maio a agosto de 2000. 69

Page 9: Crm - Modelo Ti

9

BELITARDO, C. Modelo de CRM aplicado ao suporte de Tecnologia da Informação: Estudo de

Caso. Taubaté-SP, 2000. 77p. Monografia – Universidade de Taubaté.

O marketing como conhecemos está perdendo espaço no contexto de

mudanças que o mundo vem presenciando nos últimos anos. As velhas regras

de identificação e satisfação das necessidades dos clientes já não se aplicam

mais. É o momento para utilização de novas técnicas e oportunidades que o

marketing de relacionamento pode oferecer. O marketing tradicional lida com

segmentos de mercado. O marketing de relacionamento concentra-se no

cliente individual, naqueles que recebem e proporcionam o máximo de valor. A

finalidade deste trabalho é aplicar o marketing de relacionamento, através de

uma de suas estratégias – o CRM (Customer Relationship Management) no

cliente interno. O cliente interno possui as mesmas necessidades do cliente

externo e até pouco tempo atrás não eram reconhecidos. O departamento

fornecedor em estudo é o Departamento de Informática, atualmente chamado

de Tecnologia da Informação, que devido à sua complexidade está totalmente

associada ao sucesso da empresa. Esse estudo de caso apresenta a análise

do problema e a solução implantada. Os resultados que tem sido colhidos

demonstram o aumento da satisfação do cliente interno (usuário de

microinformática).

Page 10: Crm - Modelo Ti

10

Capítulo 1

Introdução

Um dos conceitos básicos do marketing é o relacionamento de confiança

entre o prestador de serviço ou fornecedor e os clientes buscando obter uma maior

parceria e consequentemente uma maior fidelidade.

O objetivo deste trabalho foi estudar o CRM (Customer Relationship

Management) aplicado ao cliente interno, endomarketing, em um departamento de

informática, uma vez que é um grande prestador de serviços, para os demais

departamentos de uma empresa, mostrando a necessidade de evolução constante no

sistema de comunicação com o cliente.

Numa empresa, as ações e decisões referentes ao atendimento de usuários,

que neste trabalho serão chamados de clientes, precisam estar fortemente alicerçadas

em informações que agilizem e otimizem todo o processo de atendimento e solução,

seja ele por telefone, e-mail ou no local de trabalho.

Essas informações de relacionamento, que tipo de suporte o cliente

normalmente solicita, quantas vezes ele procurou para problemas deste tipo, se o

cliente está necessitando de uma ferramenta ou treinamento em determinada

ferramenta, precisam ser compiladas ou recuperadas no momento que o contato entre

o help desk e o cliente está ocorrendo para que se possa conhecer e reconhecer o

cliente e desta forma direcionar serviços completamente ajustados a ele, facilitando o

trabalho do cliente que terá mais tempo para focar seus esforços no negócio da

empresa.

Page 11: Crm - Modelo Ti

11

Neste contexto o Call Center transforma-se num Contact Center gerenciando

todo e qualquer contato do cliente com o departamento de informática, através da rede

interna, Internet, fax ou telefone, respondendo em tempo real a qualquer solicitação.

Tendo em vista a semelhança na concepção e desejos do cliente interno e

cliente externo, este trabalho não se preocupa em dimensionar o conceito de CRM e

Marketing de Relacionamento para o cliente interno.

Este trabalho é composto por 7 (sete) capítulos. O capítulo 1 introduz o leitor

ao trabalho explicando seu objetivo, no capítulo 2 é feita a revisão da literatura

iniciando-se com conceitos de Marketing defendidos por Philip Kotler (1980), ainda

neste capítulo o leitor encontrará conceitos de Marketing de Relacionamento e os

pontos de vista de alguns autores.

O capítulo 3 estuda a necessidade do relacionamento personalizado com o

cliente e como o desenvolvimento dessa relação faz com que o cliente perceba a

vantagem da fidelidade, faz comparação entre marketing com foco em produtos com o

marketing com foco em clientes além de mostrar a importância do desenvolvimento do

relacionamento com clientes como estratégia da empresa.

O capítulo 4 estuda o marketing de relacionamento propriamente dito e a

necessidade da utilização de ferramentas de banco de dados computacionais

permitindo, desta forma, o gerenciamento dinâmico de dados importantes de clientes

atuais e potenciais.

O CRM – Customer Relationship Management é estudado no capítulo 5 e

definido como uma estratégia de negócio voltado ao entendimento e antecipação das

necessidades dos clientes atuais e potenciais. Ainda nesse capítulo CRM é visto como

uma combinação do marketing de relacionamento com a tecnologia da informação.

Page 12: Crm - Modelo Ti

12

A importância da aplicação de modelo de CRM ao cliente interno foi mostrado

no capítulo 6 onde é estudado o relacionamento do departamento de informática com

os demais departamentos da empresa, a satisfação dos usuários de recursos de

informática, as necessidades do departamento de suporte ao usuário de informática,

como satisfazer às expectativas dos usuários e finalmente a implantação de sistemas

de CRM.

O projeto de implantação de CRM no departamento de suporte ao usuário de

informática foi estudado no capítulo 7. Como esse estudo de caso foi realizado na

EMBRAER, esse capítulo traz informações sobre a empresa (as alianças estratégicas

realizadas, seus produtos, e o cenário interno da empresa), sobre a situação atual e

desejável do departamento de tecnologia da informação, os resultados esperados bem

como a análise e seleção da solução que trouxesse os resultados esperados.

Page 13: Crm - Modelo Ti

13

Capítulo 2

Revisão da Literatura

Todo trabalho seriamente desenvolvido deve estar baseado em informações

precisas, universalmente aceitas ou cientificamente comprovadas. Sendo assim, para

a realização deste trabalho foi utilizado uma série de conceitos apresentados e

defendidos por alguns dos mais conhecidos e renomados profissionais da área de

marketing, dentre eles, Philip Kotler e Michael Porter.

O primeiro, e talvez o principal conceito a ser desvendado, não só por sua

importância, mas pela polêmica discussão acerca da melhor definição, é “o que é

Marketing?”

“Marketing é o processo de planejamento e execução desde a

concepção, preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas

que satisfaçam os objetivos de pessoas e de organizações” (Kotler, 1980).

“Marketing é um processo social e administrativo pelo qual indivíduos e

grupos obtêm o que necessitam e o que desejam através da criação e troca de

produtos e valor com outras pessoas” (Kotler, 1998).

Assim como Kotler, ao longo do tempo, procurou desenvolver diversas

definições que melhor explanassem o que se entende por marketing, muitos outros

autores assim o fizeram, mas sempre deixaram claro a questão da satisfação de

necessidades e/ou desejos a partir de um processo de troca de valores, materiais ou

imateriais. Esses valores fazem parte do chamado PRODUTO e que é definido da

seguinte maneira:

Page 14: Crm - Modelo Ti

14

“Produto é qualquer coisa que pode ser oferecida a alguém para

satisfazer uma necessidade ou desejo”. (Kotler, 1998)

“Uma necessidade humana é um estado de privação de alguma

satisfação básica” e “desejos são vontades para satisfações específicas das

necessidades mais profundas”. (Kotler, 1998)

Este processo de troca de valores ocorre num espaço físico ou mental,

envolvendo pessoas ou grupos com necessidades e/ou desejos a satisfazer mediante

a troca de valores que possuem. Esta é a chamada DEMANDA de MERCADO,

definidos por Kotler (1998) com as seguintes palavras:

“Demanda são desejos de produtos específicos apoiada na habilidade e

vontade de comprá-los.” E,

“Um mercado é composto por clientes potenciais que partilham de uma

mesma necessidade ou desejo e estão aptos a engajar-se num processo de troca para

satisfazer aquela necessidade ou desejo”.

Para uma empresa, o grupo de pessoas envolvidas diretamente ou

indiretamente em qualquer parte do processo de troca de seus produtos, seja na

produção, na distribuição, na administração, na compra, no consumo, ou

simplesmente no desejo desses produtos é chamado de PÚBLICO, o que Philip Kotler

(1980) define da seguinte maneira:

“Um público é um grupo distinto de pessoas e/ou organizações que

possuem um interesse real ou potencial e/ou um impacto sobre uma organização.”

Seja este público interno (funcionários e prestadores de serviço) ou externo

(clientes e não clientes) todas as suas expectativas quanto à empresa, seus serviços

e/ou produtos devem ser atendidas, pois disso depende o sucesso da instituição. É

Page 15: Crm - Modelo Ti

15

importante salientar que esse sucesso depende ainda de uma série de variáveis

externas, as quais devem ser acompanhadas e das quais devem ser controladas,

apesar de não estar sob a responsabilidade da instituição. Pode-se citar como

variáveis externas as transformações sociais, culturais e econômicas da sociedade na

qual a empresa está inserida e/ou com a qual mantêm qualquer nível de

relacionamento, bem como medidas governamentais que porventura possam

influenciar as relações da empresa.

Todas as variáveis internas e externas que envolvem as relações da

empresa, alterando o nível de demanda por seus produtos e/ou serviços, determinam

o que é chamado de CICLO DE VIDA DO PRODUTO OU SERVIÇO. Entende-se por

ciclo de vida os diversos estágios pelos quais passam os produtos e/ou serviços de

uma empresa, bem como a própria empresa, desde a sua concepção ou criação, até a

sua saída do mercado ou o seu desuso.

Deve ser lembrado que antes mesmo da introdução de qualquer produto ou

serviço no mercado, toda empresa seriamente organizada e administrada deve

possuir um propósito fundamental enquanto empresa; uma diretriz básica que norteie

as suas relações com os seus diversos públicos e principalmente com seus clientes.

Trata-se de uma definição do que é e para que se destina a empresa, também

chamado de MISSÃO DA EMPRESA, definido por Djalma de Pinho Rebouças de

Oliveira (1989) como:

“(...) uma forma de se traduzir determinado sistema de valores em

termos de crenças ou áreas básicas de atuação, considerando as tradições e filosofias

da empresa.”

A missão da empresa assemelha-se a um objetivo social que justifique sua

existência, independente do produto ou do serviço que a instituição forneça. Porém

Page 16: Crm - Modelo Ti

16

para perpetuar-se no mercado e buscar o crescimento é preciso estabelecer o que se

pretende atingir, onde a empresa pretende chegar, o que denomina-se OBJETIVOS

DE MERCADO, bem como metas quantitativas de faturamento, rentabilidade,

posicionamento, etc.

Para atingir tais objetivos, uma empresa deve adequar os recursos

disponíveis às oportunidades de mercado, dentro de um processo de planejamento

chamado de PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, definido por Philip Kotler (1998) com

as seguintes palavras:

“Planejamento estratégico é o processo gerencial de desenvolver e

manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as

mudanças de oportunidades de mercado. O objetivo do planejamento estratégico é

orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e

crescimento satisfatórios.”

Conclui-se, então, que na elaboração de uma estratégia mercadológica são

definidas, portanto, as bases que irão direcionar o trabalho da empresa e a busca por

seus objetivos.

2.1 Conceitos de Marketing de Relacionamento

Um relacionamento é formado a partir de uma série contínua de interações

colaborativas. Como isso acontece ao longo do tempo, o relacionamento desenvolve

um “contexto” do qual as duas partes – empresa e cliente – participam por meio de

sucessivas interações. Dessa forma, cada relacionamento é diferente, inerente apenas

a seus participantes individuais.

Page 17: Crm - Modelo Ti

17

Só recentemente o marketing de relacionamento tornou-se em grande escala

prático e acessível em termos de custo, graças aos recursos atuais de computação. A

tecnologia de banco de dados permite que uma empresa siga os passos de seus

clientes de forma individual e que os diferencie uns dos outros. Tecnologias

interativas, como os sites da Internet, os call centers e as ferramentas de automação

da força de vendas permitem a conexão automatizada do cliente com a empresa,

permitindo que ela receba “feedback” – incluindo especificações de produtos e

serviços – de seus clientes individuais. Além disso a tecnologia de personalização em

massa permite que a empresa configure seus produtos digitalmente, produzindo em

massa, na verdade, lotes de múltiplas versões de um mesmo produto.

Assim, em vez de fazer amostragem de mercado de clientes potenciais para

determinar as necessidades do “cliente médio”, o marketing de relacionamento

mantém o foco em um cliente de cada vez. Ao usar esses três tipos de tecnologia da

computação – banco de dados, interatividade e personalização em massa – o

marketing pode estabelecer um relacionamento que se dá do seguinte modo:

“Eu o conheço, você está no meu banco de dados. Basta me dizer o

que quer e eu providenciarei a você”.

Assim, essa interação provavelmente fará parte de uma série de interações

encadeadas, que construirão juntas, ao longo do tempo, um contexto cada vez mais

rico para o relacionamento.

“Da última vez fizemos desta forma. Como você prefere agora? Que tal

assim? Está melhor dessa maneira?”.

A cada interação e nova personalização – a cada vez que a empresa e o

cliente retomam o relacionamento – a empresa consegue adequar melhor seu produto

ou serviço às necessidades desse cliente. Na verdade, o relacionamento torna-se

Page 18: Crm - Modelo Ti

18

cada vez mais inteligente, satisfazendo cada vez mais as necessidades desse cliente

em particular. Esse relacionamento pode ser chamado de Relacionamento de

Aprendizado.

Quando um cliente se envolve num relacionamento de aprendizado, logo se

percebe que é mais conveniente para ele continuar comprando da mesma empresa

(ainda que a um preço sem desconto) do que ter que explicar a um dos concorrentes o

que quer.

Pode-se dizer que o marketing de relacionamento envolve o

acompanhamento da preferência manifestada pelo cliente individual, ao longo do

tempo, a administração de uma série de interações com o cliente e a avaliação de

suas operações relacionadas com diferentes produtos.

É desnecessário dizer que essas atividades exigem um alto grau de

integração. Elas representam um grande desafio para qualquer canal de distribuição

existente e a simples gerência de um esforço sério de marketing de relacionamento

pode significar a reavaliação da estrutura organizacional, dos sistemas de informação

e da estrutura orçamentária e de remuneração da empresa.

Este trabalho nasceu da necessidade de aprimorar o Serviço ao Cliente da

Tecnologia da Informação, frente à grande e comum insatisfação dos usuários que são

apontadas normalmente em pesquisas de fornecedor interno.

É muito comum observarmos a angústia de usuários quando precisam entrar

em contato com o Help Desk – seção da tecnologia da informação responsável por

ajudá-los no que tange à utilização de recursos computacionais da empresa.

Diante este contexto, a solução proposta é aplicar a estratégia de CRM

(Customer Relationship Management) e foram, então, observados os pontos de vista

de alguns autores.

Page 19: Crm - Modelo Ti

19

Merlin Stone e Neil Woodcock (1998), abordam como gerenciar os

relacionamentos com os clientes, comunicação de marketing e marketing de banco de

dados. Tratam de aspectos essenciais do marketing de relacionamento e ressaltam o

fato de que este tipo de marketing depende de informações acerca do cliente para ser

eficaz. O gerenciamento do relacionamento com o cliente no decorrer de muitos

contatos, possivelmente em vários locais diferentes, seria impossível, não fosse o

desenvolvimento rápido e constante da Tecnologia da Informação, particularmente nas

áreas de telecomunicações e gerenciamento de banco de dados.

Ian Gordon (1998), mantem foco em como as organizações devem

administrar seus relacionamentos de modo a alcançar vantagens mútuas para todos

os seus participantes (clientes, fornecedores, funcionários e investidores). A sua

abordagem principal é que os relacionamentos são os únicos bens verdadeiros da

empresa, pois um relacionamento fornece à empresa rendimentos a longo prazo e

baixos riscos e a oportunidade de aumentar tanto o rendimentos quanto o lucro de

diversas maneiras.

Ressalta, ainda, que as expectativas dos clientes em relação aos

fornecedores, produtos e serviços estão crescendo e eles estão se tornando mais

sofisticados em suas compras, além de conhecer melhor o negócio de seus

fornecedores e que, para satisfazer as expectativas em constante alteração dos

clientes, serão necessárias a adoção e a implementação de novas abordagens, às

vezes à custa dos programas existentes. Se o marketing de relacionamento for

adotado com sucesso, a importância e o valor dessa abordagem relativa aos já

existentes precisa do estabelecimento de um acordo e um entendimento comum.

Regis McKenna (1992), ressalta que o marketing de relacionamento começa

com o consumidor e o que eles pensam sobre os produtos e empresas comparando-

Page 20: Crm - Modelo Ti

20

os com outros produtos e empresas e também que os clientes definem uma hierarquia

de valores, desejos e necessidades com base em dados empíricos, opiniões,

referências obtidas através de propaganda de boca e experiências anteriores com

produtos e serviços. Os clientes usam essas informações para tomar decisões de

compra.

Don Peppers e Martha Rogers (2000a) e (2000b) expõem uma teoria sobre

competição numa era pós-industrial e que está presente nos planos de negócios de

muitas das grandes empresas. O que eles chamam de Marketing um a um, outros

autores chamam de Gerência do Relacionamento com Clientes (CRM), Gerência do

Relacionamento Corporativo (ERM), intimidade com o cliente, gerência do

relacionamento contínuo, marketing em tempo real e marketing possibilitado pela

tecnologia e outros mais.

O fato é que a idéia se apresenta sob os mais variados disfarces, mas, no

entanto, ela é única e se baseia no desenvolvimento e na gerência de relacionamentos

individuais com clientes individuais.

O próximo capítulo tratará da necessidade do relacionamento personalizado e

desmistificação da cultura popular de que apenas a satisfação é capaz de tornar o

cliente fiel.

Page 21: Crm - Modelo Ti

21

Capítulo 3

A necessidade do relacionamento personalizado

A concorrência atualmente é global e não está simplesmente relacionada à

abrangência geográfica. Um exemplo disso é o maior concorrente de uma tradicional

enciclopédia ser um software. Coisa impensável há algum tempo era uma empresa de

software competir com um tradicional fornecedor de enciclopédias.

Uma rede de hipermercados também pode ser uma agência de turismo bem-

sucedida. Como? Através do conhecimento do hábito de compras de seus clientes,

percebendo mudanças nesses hábitos é capaz de identificar eventos nas vidas dos

clientes. Esses eventos levam a mudanças de necessidades e a rede de

hipermercados pode oferecer produtos e serviços para suprir essas novas

necessidades.

O que é facilmente observado no exemplo acima é que não foi criado um

novo produto e depois alardeado no mercado, foi através do conhecimento dos

clientes que criaram-se produtos que satisfizessem as necessidades específicas

desses clientes.

Por trás disso, a idéia é bem simples: se o cliente tem uma necessidade, mais

cedo ou mais tarde ele irá satisfazê-la. Por isso, saber identificar a ocorrência de

eventos que determinam mudanças nas necessidades é fundamental para participar

da vida de cada um dos clientes.

Assim, marketing de relacionamento significa relacionar-se com clientes de

forma individual possibilitando a identificação de suas necessidades e tratá-lo de forma

Page 22: Crm - Modelo Ti

22

personalizada; em poucas palavras, significa tratar pessoas diferentes de forma

diferenciada.

O desenvolvimento de uma relação personalizada com o cliente faz com que

a fidelidade deste cliente traga conveniência para ele. Ouve-se muito falar que cliente

fiel é mais barato, mas isso vale para os dois lados pois, para o cliente, é mais barato

manter-se fiel à empresa porque sempre existe o custo da troca. Com isso, a crença

de que a satisfação do cliente o torna fiel não é totalmente verdadeira. O cliente

satisfeito pode mudar desde que não haja custo nessa mudança. O que garante a

fidelidade do cliente é a inconveniência de mudar. Satisfação não traz fidelidade,

necessariamente.

Mudar para o modelo de Relacionamento com o Cliente é voltar a fazer

negócio à moda antiga. Conhecer cada um dos clientes, seus hábitos e necessidades.

Mas, como as empresas possuem muitos clientes, é impossível implementar esse

modelo sem o auxílio da tecnologia. O custo da tecnologia baixou de forma

significativa tornando acessível para a maioria das empresas, mas o modelo de

relacionamento é muito mais que tecnologia é muito importante que se mude a forma

de fazer negócios.

Mas, então o que é Marketing de Relacionamento? O Marketing de

Relacionamento é o processo contínuo de identificação e criação de novos valores

com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida

toda de parceria. Isso envolve a compreensão, a concentração e a administração de

uma contínua colaboração entre fornecedores e clientes selecionados para a criação e

o compartilhamento de valores por meio de interdependência e alinhamento

organizacional.

Page 23: Crm - Modelo Ti

23

O marketing de relacionamento deriva dos princípios do marketing tradicional,

ainda que seja bem diferente. O marketing pode ser definido como processo de

identificação e satisfação das necessidades do cliente de um modo competitivamente

superior de forma a atingir os objetivos da organização. A partir daí, ele se desenvolve,

porém, possuindo seis dimensões que o diferencia materialmente das definições

históricas de marketing.

Tomadas em conjunto, essas diferenças tem o potencial para transformar a

visão da empresa sobre o marketing que ela pratica e sobre quase toda a empresa,

desde o trabalho que ela efetua com a tecnologia empregada, passando pelos

produtos que fabrica, até a estrutura com que ela alcança seus objetivos.

O marketing de relacionamento:

! Procura criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor entre

o produtor e o consumidor;

! Reconhece o valor fundamental que os clientes individuais tem não

apenas como compradores, mas na definição do valor que desejam;

! Exige que uma empresa, em conseqüência de sua estratégia de

marketing e de seu foco sobre o cliente, planeje e alinhe seus

processos de negócios, suas comunicações, sua tecnologia e seu

pessoal para manter o valor que o cliente individual deseja;

! É um esforço contínuo e colaborativo entre o comprador e o vendedor;

! Reconhece o valor dos clientes por seu período de vida de consumo,

assim o marketing de relacionamento procura unir progressivamente a

empresa aos clientes; e,

Page 24: Crm - Modelo Ti

24

! Procura construir uma cadeia de relacionamentos dentro da

organização para criar o valor desejado pelos clientes.

Isso tem uma série de importantes implicações. Com o marketing de

relacionamento, a empresa dos dias atuais se concentra em seis atividades:

tecnologia e clientes individuais, objetivos da empresa, seleção e rejeição de clientes,

uma cadeia de relacionamentos, reavaliação dos quatro “Ps” do marketing (produto,

preço, promoção e praça/disribuição) e utilização de gerentes de relacionamento para

ajudar as empresas a criarem novos valores com outras (Gordon, 1999).

Uma característica importante do marketing de relacionamento é que não é

uma iniciativa do tipo tudo ou nada. Ela deve ser iniciada com poucos clientes e, a

medida que a cultura vai sendo assimilada pela empresa e os resultados vão

aparecendo, avança-se de forma lenta e gradual até chegar ao ponto onde não é mais

possível justificar o investimentos em novas iniciativas de marketing.

3.1 O Foco em Produtos

Muitas empresas ainda trabalham com foco em produtos. Assim, com

produtos padronizados, não há diferenciação de clientes. A forma de comunicação

com clientes acontece de forma unidirecional através de mídia de massa, falando para

os clientes. Todas as métricas são relativas a participação no mercado. Por isso, o

critério de sucesso dessas empresas é justamente a busca cada vez maior de clientes

para aumentar sua participação no mercado.

Page 25: Crm - Modelo Ti

25

Todo o conhecimento do mercado vem de pesquisas, segmentações,

amostragens, etc. Todo esse trabalho admite um erro estatístico calculado, mas o

conceito parte do princípio que no segmento todos os clientes são iguais.

Com isso, a forma de remunerar os vendedores de empresas com esse foco

é provavelmente o melhor indicador de como as empresas trabalham. Se os

vendedores têm quota de produtos, claramente a empresa mede a venda de produtos

e não o desenvolvimento e a retenção de seus melhores clientes.

A figura 3.1 ilustra o marketing de massa utilizado por empresas com foco em

produtos.

Fonte: Elaborado pela autora. Fig.3.1 – Marketing de massa utilizado para foco em produtos

3.2 O Foco em Clientes

As empresas que são focadas em clientes utilizam personalização em massa

para criar pacotes de serviços e produtos de forma a satisfazer as necessidades

específicas de cada cliente. A personalização em massa consiste na disponibilização

de um produto básico cercado de opções. Algumas empresas de telefonia celular, por

exemplo, colocam ao redor do serviço básico (a ligação telefônica), outros serviços,

como o serviço de correio de voz, identificação do número que está chamando, ligação

Clientes Atingidos

1

Nec

essi

dade

s sa

tisfe

itas

Marketing de Massa

O marketing de massapreocupa-se em atingir omaior número de clientes.

Page 26: Crm - Modelo Ti

26

em espera, entre outros, além de oferecer distintos pacotes de número de minutos

incluídos na assinatura básica.

As várias combinações dessas opções geram produtos distintos,

personalizados para as necessidades de cada cliente. Percebe-se que não se está

sendo criado um novo produto e sim uma combinação de opção ao redor do produto.

Quando o foco está no cliente, cada cliente é único. Dessa forma, toda a

comunicação é individual e bidirecional (Peppers & Rogers, 2000a). Aprende-se com

cada um dos clientes, através de seu “feedback”, do diálogo. Na realidade, o diálogo é

incentivado de forma que a empresa possa conhecer as necessidades particulares de

cada um de seus clientes, com o objetivo de desenvolver serviços e produtos

personalizados. Nesse tipo de empresa, o sucesso é medido não simplesmente pela

venda de produtos ou serviços, e sim pelo desenvolvimento e retenção dos melhores

clientes.

Isso não significa que a empresa que é focada em clientes não deve medir

sua participação no mercado e muito menos que não se deva ter iniciativas de

comunicação através de meios de massa. Significa que só isso não basta. É preciso

também trabalhar em iniciativas de desenvolvimento e retenção de clientes, dos

melhores clientes, e isso deve ser medido e acompanhado pela gerência da empresa.

Para a empresa com foco no cliente, a participação de mercado é secundária à

participação no cliente.

Na busca pela participação no mercado, a empresa concentra-se em atender

uma necessidade específica de um grupo muito grande de clientes. Dessa forma,

através de um produto único que visa satisfazer essa necessidade, atinge-se todo o

mercado de massa. Como os clientes têm muitas opções, a luta das empresas pela

Page 27: Crm - Modelo Ti

27

participação no mercado é intensa e a principal arma é a redução de preços. A

corrosão das margens é inevitável e nada de valor se entrega ao cliente além, é claro,

do produto.

Na busca de participação no cliente, o objetivo é identificar outras

necessidades nos clientes de maior valor e potencial, relacionadas ou não à

necessidade básica que os levou a fazer negócios como a empresa. O objetivo é

ampliar o número de necessidades para os quais se fornecem produtos e serviços.

Quanto maior o número de necessidades, maior a conveniência do cliente continuar

com a empresa. Para se descobrir esse conjunto ampliado de necessidades a

empresa precisa incentivar o diálogo com o cliente.

Com os seus melhores clientes, a empresa necessita desenvolver a chamada

“Relação de Aprendizado”. Nessa relação, o cliente participa ativamente com

reclamações, sugestões e “feedback”. Com isso a empresa consegue conduzir suas

ações de acordo com as necessidades dos clientes, respondendo essas necessidades

e muitas vezes antecipando novas necessidades.

A maior vantagem do marketing de relacionamento é a informação que a

empresa tem do cliente e que seus concorrentes não tem. Essas informações têm de

vir do cliente, através do diálogo. O diálogo que é desenvolvido com os clientes deve

ser sempre único ao longo de toda a vida de relação da empresa com o cliente. Cada

nova conversa é baseada na anterior construindo um longo e único diálogo.

A empresa deve se lembrar de todas as interações e transações passadas,

de todos os detalhes. A razão para isso é muito simples: o cliente se lembra de tudo, e

se ele se lembra, a empresa também deve se lembrar. Lembrar-se do que o cliente

Page 28: Crm - Modelo Ti

28

disse é simplesmente nunca fazer com que o cliente lhe diga a mesma coisa mais de

uma vez.

Numa relação assim, os interesses dos clientes sempre devem ser

preservados. Afinal, se o cliente é incentivado pela empresa a lhe dar informação

sobre si e sobre sua vida, algo tem que lhe ser fornecido em troca. Todas as ações da

empresa devem estar alinhadas às necessidades do cliente para que ele perceba que

houve valor no fornecimento das informações e que vale a pena fornecer mais

informações.

É muito importante a empresa deixar claro, na ocasião da coleta das

informações do cliente, sua política de privacidade e seus objetivos. As informações

jamais deverão ser utilizadas de forma diferente daquela expressa ao cliente.

Quanto mais o cliente investe na relação, mais ele tem interesse de que a

relação tenha sucesso. Isso faz com que haja a fidelidade. Para o cliente, começar

uma nova relação não é muito conveniente, implica em ensinar ao novo fornecedor

tudo o que ensinou ao antigo: necessidades, gostos e preferências. Desta forma, o

cliente fica motivado a reclamar mais, a dar mais opinião para o sucesso da relação.

A figura 3.2 demonstra a diferença de foco entre o Marketing de

Relacionamento e o Marketing de Massa.

Obter mais clientes

Marketing de Massa

Mar

ketin

g de

Rel

acio

nam

ento

Necessidades satisfeitas

Clientes Atingidos

Conservar e desenvolver os cliente

Page 29: Crm - Modelo Ti

29

Fonte: Elaborado pela autora. Fig 3.2 – Diferença na orientação entre marketing de relacionamento e o de massa.

3.3 Relacionamentos como estratégia

Historicamente, a estratégia de marketing envolvia a seleção de segmentos

de mercado alternativos para alcançar, em seguida, a alocação de recursos

financeiros e outros de acordo com um conjunto de ações de marketing – chamado de

mix de marketing – para servir cada segmento. Este conjunto compreende produto,

preço, promoção e praça/distribuição (Quatro “Ps” do marketing).

Esta definição tradicional do conjunto de ações de marketing é inteiramente

apropriada quando a intenção é a concentração em um mercado específico.

Entretanto, quando esse segmento se reduz a uma única pessoa ou empresa e

quando o objetivo é criar um valor mútuo e compartilhado com o cliente durante toda

uma existência de compras, o conceito de conjunto de ações de marketing transforma-

se fundamentalmente.

A idéia é levar em consideração as implicações para a estratégia no

reconhecimento de relacionamentos como base para alocar e alinhar os recursos

dentro de uma empresa e mostrar que o marketing de relacionamento difere do

marketing tradicional que se concentrava na combinação produto/serviço e aplicava o

marketing dos “Quatro Ps” para a administrar a demanda e facilitar o intercâmbio de

bens/serviços por dinheiro (Gordon, 1999).

Nesta abordagem, a empresa deve escolher os clientes com os quais deseja

se associar e relacionar a fim de criar o valor que cada um espera. É fácil de visualizar

que isso leva a empresa a um território diferente – longe do foco sobre a produção, por

Page 30: Crm - Modelo Ti

30

exemplo, e no caminho para se tornar um fornecedor mais completo e estratégico para

seus clientes individuais. E serão necessárias diferentes capacitações – pessoal,

processo, tecnologia e conhecimento e percepção – dentro da organização. Essas

capacidades são exigidas para garantir que o marketing de relacionamento alcance

seu objetivo.

Se a intenção do marketing de relacionamento é criar continuamente valores

mútuos com os clientes individuais, a empresa deve prestar atenção ao

desenvolvimento de capacidades que permitam aos clientes prioritários obter o valor

que procuram individualmente.

Basicamente, são quatro as capacidades que a empresa deve procurar

desenvolver de maneira a agregar valores aos clientes:

! Negócios são pessoas: Os relacionamentos envolvem basicamente pessoas,

que se ligam individualmente, em equipes e com organização para que as

empresas possam se agregar. As pessoas, no marketing de relacionamento,

também administram a tecnologia e os processos que resultam em valor para e

com os clientes e procuram conhecimento e percepção sobre eles.

! Negócio é processo: Muitas empresas precisam, antes de implantar o marketing

de relacionamento, passar por uma reengenharia de seus negócios em torno dos

clientes e procurar garantir que o valor deles seja intensificado no processo.

Contudo, com grande freqüência, sabe-se que os executivos querem reduzir

custos e muitos simplesmente adotam novas tecnologias como modo para fazer

isso e esquecem que a tecnologia, para dar certo, necessita de revisão dos

processos. O próprio relacionamento deve ser considerado como um processo,

Page 31: Crm - Modelo Ti

31

com subprocessos estabelecidos para se compreender as expectativas do cliente

e a avaliação do desempenho da empresa em relação a essas expectativas.

! Negócio é tecnologia: É dispensável explanar muito sobre o poder da tecnologia

para ajudar a agregar valor ao relacionamento com o cliente por meio da

informação, comunicação e compreensão compartilhadas. O marketing de

relacionamento e seus componentes essenciais, incluindo a customização em

massa, é impossível sem os efeitos capacitadores da tecnologia para armazenar,

recuperar, processar, comunicar e analisar dados, incluindo aqueles sobre os

clientes.

! Negócio é conhecimento e percepção: Todos os negócios prosperam em maior

ou menor grau por causa do conhecimento e percepção que conseguiram juntar e

usar para o benefício do cliente. Historicamente, o enfoque do conhecimento

estava sobre a pesquisa de novos produtos ou aplicações subjacentes. Mais tarde,

houve uma mudança nesse enfoque para os processos de desenvolvimento e

produção.

Outro conhecimento incluía pesquisa de mercado, que ajudava a oferecer

equilíbrio para as empresas orientadas pela tecnologia, fornecendo perspectivas e

exigências dos segmentos de mercado. Mas, raramente, as empresas se

concentram em conseguir conhecimento e percepção sobre o cliente e, em

seguida, usarem isso de modo a aprofundar e ampliar os relacionamentos com

ele.

O primeiro passo para se iniciar um marketing de relacionamento é

justamente identificar cada cliente. Identificar um cliente significa conhecer sua

Page 32: Crm - Modelo Ti

32

identidade, forma de contato preferida, todas as reclamações feitas e quais foram as

ações tomadas.

O grande problema nesta fase, é que as informações do cliente devem estar

disponíveis em todos os pontos de contato com o cliente. Isso implica que é a

empresa que deve identificar o cliente e não apenas um funcionário dela.

Pode parecer um grande desafio, mas sem a identificação dos clientes fica

impossível de se estabelecer um relacionamento com eles.

O segundo passo aparece após a identificação dos clientes, a diferenciação.

Os clientes são diferentes e, ignorar ou desconhecer essas diferenças, não os

tornam iguais. Os clientes são diferentes em seu valor para a empresa e em suas

necessidades. O objetivo da diferenciação de clientes é encontrar clientes de maior

valor e os clientes de maior potencial e deste modo desenvolver uma relação de

aprendizado.

! Diferenciação por valor: ao falar de valor, deve-se ter em mente o valor vitalício,

que é o valor de cada cliente durante todo o seu relacionamento com a empresa e

deve ser expresso sempre em lucratividade. O custo de atendimento a cada cliente

também deve ser medido, pelo fato de que o custo muda de cliente para cliente.

Já o valor potencial é mais difícil de ser medido, pois envolve dados externos à

empresa, além de inferências estatísticas. Porém ele existe e deve ser medido.

Uma forma prática de medi-lo é saber quantas vezes o cliente utilizou os serviços

ou produtos da empresa ou de seu concorrente. Se o cliente utiliza os serviços da

empresa, mas também utiliza os de seu concorrente, ele tem um potencial que

deve ser desenvolvido pela empresa.

Page 33: Crm - Modelo Ti

33

Para os clientes de maior valor deve ser implementadas iniciativas de

retenção como programas de reconhecimento e possibilidade de utilização de canais

de comunicação exclusivos.

Para os clientes de maior potencial, que necessitam de tratamento distinto,

deve-se investir neles para entendê-los, buscando uma participação cada vez maior

nesses clientes.

! Diferenciação por necessidades: o cliente também pode ser diferenciado por

suas necessidades. Quanto maior o número de necessidades conhecidas, maior a

oportunidade de participar no cliente.

Pode-se citar o exemplo das necessidades de usuários de computador

quando o foco do uso em casa ou no trabalho. Usuários domésticos necessitam de um

computador com placa de som para jogos, de placa de fax/modem para conexão com

a Internet, entre outros. Já o usuário que utiliza o computador no trabalho precisa de

placa de rede, não necessita de placa de modem, pois em geral, a rede corporativa o

conecta com o mundo externo e a placa de som passa a ser desejável mas, não

fundamental.

É importante lembrar que descobrir novas necessidades é descobrir novas

oportunidades. Quanto mais a empresa sabe sobre seus clientes, mais valor a

empresa tem para eles. Da mesma forma, quanto mais a empresa entende e responde

a essas necessidades, mais seus serviços são percebidos e diferenciados.

Uma vez tendo sido descobertos, os clientes de maior valor e clientes de

maior potencial, o próximo passo da empresa é incentivar esses clientes a interagir. A

interação é a única forma de conhecer cada vez mais os clientes. Com esses clientes,

o objetivo final da empresa deve ser o desenvolvimento de uma relação de

Page 34: Crm - Modelo Ti

34

aprendizado, onde cada vez mais os serviços e produtos serão personalizados para

que o cliente veja as vantagens de continuar com a empresa.

As interações iniciadas pelos clientes têm muito mais potencial do que as

interações iniciadas pela empresa. É claro que quando o cliente liga para o call center

de uma empresa, ele está em busca de atendimento e de algum serviço. Não é

necessário dizer que essa é uma ótima oportunidade para a empresa conhecer melhor

o cliente, pois cada nova pergunta respondida pelo cliente significa conhecimento

acumulado a respeito dele.

Quando a interação é iniciada pela empresa, ela deve obedecer a duas

regras básicas: deve utilizar o canal de comunicação preferido pelo cliente e deve ter a

permissão do cliente para utilizar este canal, pois uma mensagem da empresa enviada

para o correio eletrônico de clientes, sem que eles tenham permitido, pode gerar uma

grande antipatia e fazer com que o cliente feche este canal de interação.

Após esse conhecimento das necessidades dos clientes, a empresa deve

personalizar seus serviços e produtos para fazer com que a experiência do cliente de

fazer negócios com essa empresa seja única.

Cada vez mais a empresa deve personalizar e dar “feedback” para que,

através do entendimento do cliente, seja capaz de fornecer o que ele espera, além de

adequar a mensagem e o diálogo à forma preferida pelo cliente.

A personalização de produtos ou serviços exige grande flexibilidade da

empresa além de treinamento adequado das pessoas que têm contato com o cliente.

A empresa deve estar preparada para mudar seu comportamento de acordo com cada

cliente.

Page 35: Crm - Modelo Ti

35

No próximo capítulo será tratado da importância da tecnologia de banco de

dados para o marketing de relacionamento. Sem essa tecnologia, seria impossível a

identificação dos clientes, a sua diferenciação e interação com eles.

Page 36: Crm - Modelo Ti

36

Capítulo 4

O Marketing de Relacionamento e o Banco de Dados

O assunto marketing de relacionamento está em ascensão. Caracterizado

como desenvolvimento de ferramentas e meios que permitam um contato direto,

quase íntimo com o cliente, procurando desenvolver-lhe uma psicologia de fidelidade.

A preocupação com o cliente final e com a sua ‘satisfação’ está em pauta nas

estratégias das empresas. Contudo, os consumidores ainda se mostram insatisfeitos

nas pesquisas, pois as empresas têm aplicados os métodos de maneira tal que

desagradam os clientes.

As malas diretas enviadas pelo correio, normalmente vão para o lixo sem que,

ao menos, sejam lidas. Quando o consumidor recebe ligações do telemarketing

normalmente tenta desligá-las o mais rápido possível. Pode-se dizer que o orçamento

anual gasto nestes tipos de ações transformam-se em dinheiro jogado no lixo.

Com a utilização da Internet, isso tem se tornado cada vez mais freqüente,

pois as empresas tem enviado uma quantidade grande de propaganda para os

endereços de correio eletrônico das pessoas.

Para além do aborrecimento com a “gestão” de todo esse lixo, os cidadãos

interrogam-se sobre a legitimidade do negócio crescente das listas de postagens

eletrônicas (mailing list) e do uso, sem sua autorização, de dados pessoais que

preencheram, ingenuamente, num inquérito qualquer.

Isto significa que a cultura difundida de marketing de relacionamento

necessita de urgente transformação numa estratégia de fidelização de clientes, pois

Page 37: Crm - Modelo Ti

37

ele é uma filosofia de administração empresarial baseada na aceitação da orientação

para o cliente e para o lucro por parte de toda a empresa, e no reconhecimento de que

se deve buscar novas formas de comunicação para estabelecer um relacionamento

profundo e duradouro com os clientes, fornecedores e todos os intermediários, como

forma de obter uma vantagem competitiva sustentável.

Este tipo de marketing usa as ferramentas de banco de dados e comunicação

dirigida, assentando-se sobre informações, conhecimento e experiência:

! Sobre a tecnologia na qual compete;

! Sobre a sua concorrência;

! Sobre os seus clientes;

! Sobre novas fontes de tecnologia que podem alterar o ambiente competitivo;

! Sobre sua própria organização:

Segundo Gordon (1999), o marketing de relacionamento se concentra nos

processos e no que for necessário para aprimorar o relacionamento com o cliente, não

apenas nos envolvimentos de linha de frente com ele. Ele procura transformar a

empresa em uma outra que seja mais hábil em administração como uma empresa

digital, na qual as tradicionais “leis” de marketing sejam ultrapassadas. No mundo

digital, os clientes são importantes individualmente e, assim, atendidos com produtos

personalizados e customizados em massa, processos de serviços e de comunicações.

Page 38: Crm - Modelo Ti

38

4.1 Banco de Dados de Marketing

Segundo Gordon (1999), o marketing de relacionamento inclui a reunião e a

análise sobre os clientes individuais, preservando desse modo os clientes e

enfatizando a fidelidade dos mesmos.

De maneira geral, pode-se definir o banco de dados de marketing como o

gerenciamento de um sistema dinâmico de informações inteligíveis, atualizados, com

dados relevantes sobre os clientes atuais e potenciais.

Utilizado de forma adequada, o Banco de Dados pode ajudar as empresas a

focarem sua atenção para onde estará direcionado o Marketing dos próximos anos -

cultivando e retendo os clientes atuais.

O Banco de Dados viabiliza o relacionamento com os clientes da seguinte

forma:

! Os esforços de marketing tornam-se tanto mais eficientes quanto eficazes, porque

a empresa está hábil para identificar a expectativa de seus clientes mais

importantes, e daí apresentar a eles a oferta, produto ou serviço adequado no

tempo correto;

! A tecnologia está preparada para administrar os dados que a empresa necessita

para interagir com seus clientes de maneira verdadeiramente personalizada e

rentável;

! Um "diálogo" verdadeiro pode ser mantido com clientes ao descobrir interações

contínuas, identificando mudanças no comportamento de compra, propensão à

inadimplência e permitindo à instituição antecipar risco e oportunidades futuras; e,

Page 39: Crm - Modelo Ti

39

! O desenvolvimento de novos produtos é facilitado ao se conhecer o perfil da sua

base de clientes atuais e futuros, como ele satisfaz o cliente e quais as mudanças

poderiam resultar em maior aceitação do serviço ou produto.

O marketing apoiado em banco de dados deve repensar a maneira que

conduz o negócio. O plano de marketing e os programas táticos devem ser totalmente

reprojetados para explorar corretamente o banco de dados.

4.2 Aumentando a Rentabilidade com o Cliente

Para aumentar a rentabilidade o marketing das empresas precisa intensificar

o uso da informação do cliente.

As empresas, às portas do novo século, estão se conscientizando da

necessidade de intensificar o foco no relacionamento com clientes se quiserem manter

e crescer no seu mercado. Apesar dos orçamentos das empresas ainda estarem

direcionados para o marketing de massa e programas de conquista de novos clientes,

elas estão aprendendo que é possível melhorar a rentabilidade vendendo mais

produtos e serviços para os clientes atuais.

Além disso, alguns estudos em diversos tipos de indústrias demonstraram

que os custos chegam a ser 5 vezes maiores na conquista de um novo cliente do que

na venda cruzada para um cliente existente (PriceWaterHouse Coopers, 1999).

Segundo tendências da atualidade, estreitar o relacionamento, melhorar o

serviço ao cliente e a qualidade são os fatores chaves para sobreviver no século 21. A

utilização de estratégias sofisticadas com o Bando de Dados de Marketing

desempenhará um papel importante em ajudar empresas a atingir os seus objetivos.

Page 40: Crm - Modelo Ti

40

O banco de dados pode ser usado eficientemente para pesquisas de

comportamento, planejamento estratégico, desenvolvimento de produtos, análise de

preços, identificação dos melhores clientes e programas de marketing direto de massa

e dirigido.

Neste capítulo foi visto a utilidade do banco de dados computacional como

viabilizador do marketing de relacionamento. No próximo capítulo será apresentado o

CRM (Customer Relationship Management) que combina a filosofia da gestão do

relacionamento com cliente e a tecnologia da informação.

Page 41: Crm - Modelo Ti

41

Capítulo 5

Customer Relationship Management - CRM

O CRM ou Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente, é a integração

do Marketing e da Tecnologia da Informação para prover a empresa com meios mais

eficazes e integrados para atender, reconhecer e cuidar do cliente, em tempo real, e

transformar estes dados em informações que, permitem que o cliente seja “conhecido”

e tenha um tratamento personalizado.

Além de estar preparado para o pronto atendimento, é preciso incorporar

todos os dados de contato no Banco de Dados estratégico para gerar uma

comunicação continuada e com pertinência por qualquer meio (telefone, e-mail e

pessoal). Além disso a captura centralizada desses dados, transmitida para um banco

de dados permite conhecer o perfil do cliente, detectar pontos críticos e oportunidades.

Segundo o Gartner Group (dez 1999), “CRM é uma estratégia de negócio

voltada ao entendimento e antecipação das necessidades dos clientes atuais e

potenciais de uma empresa. Do ponto de vista tecnológico, CRM envolve capturar os

dados do cliente ao longo de toda a empresa, consolidar todos esses dados em um

banco de dados central, analisar os dados consolidados, distribuir os resultados dessa

análise aos vários pontos de contato com o cliente através de qualquer ponto de

contato com a empresa”.

Dessa definição, conclui-se que CRM relaciona-se com captura,

processamento, análise e distribuição de dados (o que ocorre em todos os tipos de

sistemas), mas com a total preocupação com o cliente (o que não ocorre nos sistemas

Page 42: Crm - Modelo Ti

42

tradicionais). O cliente é agora o centro de todo o modelo de dados. Isso

definitivamente traz implicações sérias. Nos sistemas e processos que são concebidos

à luz do CRM, o cliente é o centro, e todos os relatórios e consultas têm o cliente como

“porta de entrada”.

O CRM é a combinação da filosofia do Marketing de Relacionamento que

ensina a importância de manter os clientes e estabelecer com os mesmos um

relacionamento estável e duradouro através do uso intensivo da informação, aliado à

tecnologia que provê recursos de informática e telecomunicações superando as

capacidades dos Call Centers convencionais.

Essa integração pressupõe que a empresa esteja disposta a melhorar o

relacionamento utilizando tecnologia adequada à nova metodologia. É uma grande

virada no conceito de atendimento ao cliente, que extrapola a prática existente em

qualidade, possibilitando aumentar a satisfação do cliente e, conseqüentemente, a

rentabilidade.

Os recursos humanos devem ser treinados e capacitados, em todos os níveis,

não só para melhorar a qualidade, mas também para usar adequadamente as

informações que se transformam em estratégias de negócios.

Atualmente, existe um bom número de soluções a disposição no mercado,

mas também nota-se uma formação de equívocos em torno do que significa Marketing

de Relacionamento, CRM e os recursos tecnológicos mais apropriados. É preciso

derrubar o mito de que uma única solução seja suficiente.

O gerenciamento do cliente é composto de uma parte da solução típica de

Call Center mais a solução de Banco de Dados estratégico, sendo que uma

complementa a outra.

Page 43: Crm - Modelo Ti

43

Integrando o Marketing e a Tecnologia da Informação no esforço para manter

a sua posição competitiva, as empresas estão concentrado-se em oferecer melhores

serviços aos seus clientes.

Portanto, adotar o quanto antes o método do CRM é uma questão de manter

a competitividade, pois os clientes, foco da atenção de muitas empresas, aumentaram

as suas expectativas e não se contentam simplesmente com um acesso rápido e fácil,

a qualquer hora às centrais de atendimento.

É preciso alterar o Call Center para um Contact Center, em que os analistas

tenham autonomia plena para resolver qualquer problema do cliente na primeira

chamada, ou em tempo hábil. Além disso, é preciso que toda a empresa esteja

preparada para prestar o atendimento e reconhecimento que o cliente deseja (e que a

empresa promete), e isso só é possível se for disponibilizado o mesmo “front office”

(software com a ficha do cliente e todos os dados de relacionamento) do Contact

Center para qualquer departamento da empresa com a finalidade de auxiliar o

crescimento e manutenção desse forte relacionamento que se transformará em

receitas e lucros crescentes.

5.1 CRM é mais do que Tecnologia

Atualmente, CRM é o grande assunto do momento; com isso, corre o sério

risco de ser mais uma moda. Para que esse fato não ocorra, é preciso compreender

que CRM é uma filosofia, uma estratégia fundamentada no Marketing de

Relacionamento e impacta diretamente na gestão da empresa, principalmente no que

se refere ao relacionamento com os clientes e à infra-estrutura da empresa, que passa

a ser em tempo real.

Page 44: Crm - Modelo Ti

44

Desta forma, as ações e decisões referentes ao cliente atual e potencial

precisam estar fortemente alicerçadas em informações que agilizem e otimizem todo o

processo de vendas e atendimento. A implantação do CRM está fundamentada sobre

dois pilares:

! processo de trabalho orientado para o cliente, que é compartilhado por toda a

empresa; e,

! uso intenso da informação do cliente, suportado pela informatização de vendas,

marketing e serviços.

É notável a ênfase que tem sido dada ao CRM como implantação de

tecnologia somente, na informatização de Call Center. O Brasil ainda não está

acostumado com a utilização de base de dados de marketing com isso a solução

tende a ser implementada parcialmente, desperdiçando a grande oportunidade de

voltar a empresa para o cliente e iniciar a prática efetiva do marketing de

relacionamento.

Sem uma mudança dos processos e a implantação de um modelo de

relacionamento que faça uma entrega sustentada de valor a longo prazo para o

cliente, o CRM será apenas tecnologia, não conduzindo a empresa ao estágio da

resposta em tempo real. Portanto, para evitar a tendência de tratar o CRM como

tecnologia, recomenda-se que a empresa assuma a estratégia de CRM em quatro

fases:

! Definição e planejamento do modelo de relacionamento;

! Redesenho dos processos de atendimento do cliente;

! Seleção da solução; e,

! Implantação da tecnologia de CRM.

Page 45: Crm - Modelo Ti

45

Um dos maiores erros que ocorre nos projetos de CRM, assim como

acontece também em outros projetos, e que leva inevitavelmente a subutilização

dessa técnica, é iniciar a implantação pela seleção da solução e pela compra do

hardware como se apenas isto fosse resolver todos os problemas da empresa.

A empresa investe, normalmente, valores altíssimos em recursos, porém não

o suficiente e nem onde deveria para causar a mudança cultural e organizacional que

é necessário para competir em tempo real. Abaixo segue a descrição das fases para

uma implantação bem sucedida:

! Definição e Planejamento do Modelo de Relacionamento: esta fase é a

definição de como o cliente será tratado, quais os eventos de relacionamentos que

gerarão resposta, e em que tempo, e como o plano de comunicação deverá ser

desenvolvido para construir o relacionamento e gerar o valor proposto pela

estratégia competitiva da empresa.

Também são desenvolvidos a especificação e customização dos softwares de

CRM e o redesenho dos processos. Nessa fase, é indispensável o envolvimento

da alta direção, pois implica numa série de decisões que determinarão uma

mudança de postura em relação ao cliente, atendimento e diversas outras

atividades realizadas que precisam ser repensadas para adaptar a empresa à

nova realidade competitiva em tempo real.

! Redesenho dos Processos de Atendimento do Cliente: é o levantamento e

documentação dos processos do atendimento ao cliente, desde o pedido de uma

visita, o atendimento telefônico, até o fluxo do pedido dentro da empresa.

Atendimento ao Cliente significa não só o atendimento ao telefone mas todas

as atividades que visam atendê-lo, quer seja no pedido de compra, numa

reclamação, na baixa de uma fatura, no envio de uma literatura. A empresa passa

Page 46: Crm - Modelo Ti

46

a ter tempos de resposta condicionados pela expectativa do cliente e não pelas

limitações operacionais, impostas anteriormente pela própria tecnologia que era

lenta comparada com o que se tem a disposição atualmente.

! Seleção da Solução: a decisão pela solução de CRM passa pela seleção do

software, que é determinada pelo modelo de relacionamento. O software, por sua

vez, irá determinar qual é o melhor hardware para compor essa solução. O

hardware inclui os computadores, o equipamento de telefonia e vários outros

equipamentos.

! Implantação da Tecnologia de CRM: é a aplicação, em toda a empresa, do

processo de revisar a forma de pensar o negócio. Técnicas, tecnologias e

processos são agora implantados para materializar a estratégia de CRM. Essa

implantação pode ser escalonada mas deve obedecer a um ritmo que não

interrompa a revisão dos processos operacionais ou cause descrédito na

estratégia proposta.

Como podemos verificar o Customer Relationship Management (CRM), é um

dos métodos mais sofisticados e eficientes, que transformam a maneira como as

empresas podem aumentar a rentabilidade dos clientes atuais.

A empresa precisa melhorar o perfil dos seus funcionários, treiná-los

continuamente, incentivar a iniciativa bem sucedida e assumir um maior risco até que

o modelo de relacionamento esteja estabilizado. Isso é, com procedimentos e limites

de competência bem definidos; assim, o medo da punição deixa de ser a trava para a

criatividade. Os funcionários assumem o seu papel como construtores do

relacionamento com o cliente e artesão do aumento do lucro para a empresa,

perpetuando a organização no mercado.

Page 47: Crm - Modelo Ti

47

Os clientes já não aceitam mais o atendimento cordial e gentil sem nenhum

poder de decisão. Os clientes desejam lidar com quem pode resolver problemas e

oferecer soluções melhores e mais criativas.

Por isso, é preciso ir além da implantação da tecnologia. É preciso dotar a

empresa de estratégia, processo e tecnologia para que esteja preparada para prestar

o atendimento e reconhecimento que o cliente deseja e espera com a finalidade de

auxiliar o crescimento e manutenção desse forte relacionamento que se transformará

em receitas e lucros crescentes.

5.2 Call Center

Através de um número telefônico, o cliente tem a oportunidade de comunicar-

se com a empresa para solicitar mais informações, ajuda ou reclamar sobre algum

problema. Este é um dos meios mais utilizados para promover a satisfação do cliente

e obter uma resposta do nível de satisfação com o produto ou serviço.

O maior diferencial do call center em relação a outro meio é a interação entre

empresa e cliente, permitindo a troca de informações. O contato com clientes pode

proporcionar:

! o apontamento falhas e correção;

! o atendente de callcenter pode apresentar a lista de produtos ou serviços

oferecidos ao cliente e o cliente pode sugerir novos produtos ou serviços;

! o atendimento das expectativas do cliente;

! o foco na satisfação do cliente; e,

! agregar valor aos produtos ou serviços.

Page 48: Crm - Modelo Ti

48

Uma das melhores maneiras de construir relacionamentos duradouros com os

clientes é o contato direto com eles. O serviço ao cliente evita uma atitude bastante

comum nas empresas de hoje que é "empurrar" os clientes atuais de uma área para

outra, sem qualquer tratamento uniforme, nenhum compromisso de tratamento

individualizado e sem qualquer registro no banco de dados que documente uma

insatisfação. As pessoas são relegadas a "especialistas", o que nem sempre significa

melhor tratamento, pois devemos considerar o possível resultado de muitas

solicitações de diferentes clientes sendo atendidas por diferentes áreas da

organização.

O que ocorre atualmente, em muitos casos, aqueles clientes que dedicam seu

tempo para escrever ou fazer uma ligação telefônica para uma empresa são tratados

como "amostra intencional", cujas opiniões, satisfações e insatisfações não podem ser

generalizadas para um conjunto mais amplo de clientes. Mesmo os departamentos de

pesquisa de Marketing (que deveriam conhecer melhor) rejeitam a oportunidade de

utilizar dados colhidos a partir de contatos espontâneos com clientes e,

provavelmente, menosprezarão a importância das informações contidas nesses

contatos.

O fato de um cliente gastar seu tempo para contatar uma empresa parece

sugerir um desejo dele se relacionar com ela para corrigir o problema encontrado. O

telefone é o principal meio para a empresa comunicar-se com seus clientes. Primeiro,

a comunicação é melhor e mais completa, a emoção pode ser controlada ou

enfatizada. A percepção do sentimento do cliente - ansiedade, insatisfação. - é mais

facilmente sentida e pode-se dar uma resposta adequada para ajudar a criar

satisfação por parte do cliente. O retorno é instantâneo. Portanto, a taxa de sucesso

para acalmar ânimos exaltados e reforçar lealdade de marca é alta.

Page 49: Crm - Modelo Ti

49

Segundo, a empresa pode fornecer resposta imediata e solução do problema

- atitudes extremamente valorizadas pela sociedade acostumada a "respostas

rápidas".

A outra vantagem é que o custo de responder às ligações é mais barato do

que responder aos e-mails de clientes. Além do custo, devemos considerar o ganho

de produtividade com comunicação telefônica e o tempo de resposta para o cliente.

5.2 Benefícios do Call Center

Apesar dos usos mais comuns para o call center ser o atendimento a

reclamações e fornecimento de informações, existe uma variedade de benefícios para

o cliente e a empresa. Podemos citar, como exemplo, os seguintes:

! Benefícios para o cliente

! Representa um contato direto e estruturado;

! Acesso facilitado a informações através de uma estrutura dedicada e

profissionalmente implantada com essa finalidade.

! Benefícios para a empresa

Dos grandes benefícios que o call center traz para a empresa podemos citar o

número de acesso livre e a distribuição adequada da carga de chamadas entre os

atendentes que:

# permite identificar o cliente definitivamente;

# otimiza o atendimento ao cliente; e,

# agrega maior controle de qualidade.

Page 50: Crm - Modelo Ti

50

O serviço de Call Center permitirá à empresa distribuir as chamadas

percentual ou uniformemente, de acordo com a capacidade de cada Central de

Atendimento. E se todas as linhas de uma Central estiverem ocupadas, é possível

encaminhar as chamadas para uma mensagem padrão ou personalizada.

A operação de um Call Center só compensa se for bem realizada. É preciso

conhecer a dimensão dos compromissos que esta operação envolve. Ao considerar a

instalação do número e a implantação do Serviço ao Cliente, existem algumas

questões básicas sobre as quais uma empresa deve refletir:

! os recursos são adequados e a capacidade instalada é suficiente para lidar com o

número de chamadas esperadas?

! sistema disponível é adequado para não manter a pessoa esperando?

! Existe um procedimento para cuidar das chamadas de modo que o contato

produza satisfação aos clientes?

Em resumo para a utilização do Serviço ao Cliente a empresa deve adequar

seus recursos técnicos, humanos, operacionais no sentido de realmente poder atender

bem o cliente e prestar respostas/soluções em tempo real, gerando satisfação e

retorno .

Page 51: Crm - Modelo Ti

51

Capítulo 6

Necessidade de CRM ao Cliente Interno

As empresas são formadas por vários departamentos que devem trabalhar

para um objetivo comum que é atingir a missão da empresa. Contudo, facilmente

observa-se os departamentos de algumas empresas trabalharem de modo individual,

ou seja, sem relacionamento com os demais, o que favorece o aparecimento de

conflitos e problemas internos.

Muito bom seria se a empresa trabalhasse como o corpo humano, cada

membro, cada órgão harmoniosamente se interrelacionando para atingir um objetivo

comum que é a vida do indivíduo.

Cada departamento de uma empresa é ao mesmo tempo cliente e

fornecedor.

Neste contexto, serão estudados os relacionamentos do departamento de

informática com os demais departamentos da empresa. A escolha desse

departamento para a análise não foi por acaso. São raras as empresas em que o

departamento de informática é bem visto pelo restante desta. Um dos motivos para tal

afirmação é que esse departamento depende de alta tecnologia e esta, por sua vez,

sofre alterações diárias e não conta com grande padronização. Isto resulta que muito

antes do usuário se adaptar a uma solução tecnológica outra versão ou mesmo

solução já está sendo implantada e muitas vezes sem treinamento específico.

A Informática é o departamento que provê o suporte tecnológico da empresa

e, em muitos casos, não mantém um bom relacionamento com seus clientes internos,

Page 52: Crm - Modelo Ti

52

os usuários. É preciso conscientização no sentido de que o foco da empresa não é o

departamento de informática, mas se este não funcionar adequadamente os clientes

acabam perdendo tempo que seria destinado para produzir e vender mais, para se

aborrecer.

O tempo que decorre entre o usuário solicitar um auxílio via telefone ao Help

Desk e a solução ser viabilizada normalmente é grande, às vezes por imperícia do

analista de help desk que ao ser muito técnico e não dedica atenção necessária à

reclamação do usuário, e também do usuário que não sabe descrever corretamente o

problema tecnológico que está enfrentando.

Sem contar que é difícil quantificar, sem um banco de dados, qual o tipo de

dúvida ocorre mais e com que freqüência, que departamentos, ou que usuários

sentem mais dificuldades – e daí prover treinamentos. Aumentar a disponibilidade da

informação para o usuário, quando um equipamento de informática deixa de funcionar,

quanto tempo o usuário tem que esperar pela solução?

É comum e inconcebível a empresa perder um negócio por indisponibilidade

de tecnologia, pois quando o usuário não consegue acessar adequadamente uma

informação necessária ao seu trabalho isto pode significar perda de competitividade.

Pesquisa de “fornecedor interno”, onde são colhidas informações sobre a

satisfação do usuário, é uma excelente ferramenta para se mensurar a insatisfação e

demonstrar onde estão os maiores problemas no departamento, onde precisa se

concentrar os processos de mudança.

Page 53: Crm - Modelo Ti

53

6.1 Satisfação dos Usuários

Os “help desks” internos, geralmente, não conseguem atender todas as

expectativas dos cliente. O ambiente de trabalho desta equipe é muito complexo e

esta complexidade tende a aumentar a medida que novas tecnologias são criadas e

consequentemente são incorporadas na organização.

Para aumentar a satisfação do usuário é necessário, além da melhoria da

qualidade de serviço, um aumento da produtividade, ou seja, solucionar os problemas

dos usuários no menor tempo possível. Para isso o help desk precisa ter:

! acesso rápido a informações de diagnóstico, facilitando a solução de diagnóstico

na primeira chamada;

! rastreamento dos recursos da empresa inclusive as configurações de software e

hardware – inventário do parque de informática;

! treinamento constante dos analistas (reciclagem), técnico e administrativo; e,

! acompanhamento dos chamados e gerenciamento dos problemas.

O cliente interno espera que no seu primeiro contato com o help desk seu

problema seja solucionado, infelizmente, nem sempre isso é possível sendo

necessário abertura de chamados para o grupo de suporte que atende no local de

serviço do usuário.

Se não houver um acompanhamento adequado, gerenciamento eletrônico de

pedidos abertos, é muito fácil esquecer daquele cliente que em muitos casos está sem

trabalhar por problemas de informática.

É importante que esta seção da informática esteja equipado com ferramentas

que indique um tempo definido para o atendimento e solução do problema, que

Page 54: Crm - Modelo Ti

54

forneça estatísticas de atendimentos prestados, tanto por telefone ou e-mail quanto

por atendimento local, isso otimiza o serviço prestado. A satisfação do cliente aumenta

muito quando ele recebe um tratamento personalizado e seus problemas são

resolvidos rapidamente.

6.2 Implantando Sistemas de CRM (Customer Relationship Management)

Algumas empresas acreditam que a implementação de sistemas de CRM não

é diferente de implementar outros sistemas de abrangência corporativa, infelizmente a

chance de falhas em projetos de CRM é grande se relacionados aos sistemas

tradicionais.

Os motivos são bem conhecidos: excesso de atenção em tecnologia e

aplicações e pouca atenção com o cliente em si. Numa iniciativa de CRM, o “C” de

cliente, é o principal detalhe.

Pode-se dizer que o que está ao redor dos projetos de CRM pouco tem a ver

com o cliente. A empresa, em geral, está preocupada em reduzir seus gastos ou

fidelizar o cliente. Não se pode deixar de observar os benefícios para a empresa, mas

o foco tem de ser no cliente e nos benefícios para o cliente.

Os benefícios para o cliente podem ser: acesso a informações de melhor

qualidade, facilidade de compra e de comunicação com a empresa, economia de

tempo e de dinheiro, eliminação de solicitações de dados redundantes, e que resulta

na facilidade do cliente de fazer negócios com a empresa.

O conceito mais profundo do CRM é o seguinte: cada cliente é distinto e deve

ser tratado de forma diferente (Peppers&Rogers, 2000a). A função do CRM analítico é

Page 55: Crm - Modelo Ti

55

justamente determinar quais são esses clientes, quais devem ser tratados de forma

personalizada e quais os clientes devem ser deslocados para níveis de prioridade

inferior. Infelizmente, sem essa estratégia todos os outros esforços são nulos.

A maioria das empresas, no entanto, está focada no CRM operacional, que é

a automação da força de vendas, call centers, sites de comércio eletrônico. É

perceptível que tudo isso é importante, mas em muitos casos, pouco tem a ver com o

cliente e seu objetivo é racionalizar e otimizar os processos da empresa.

Um exemplo disso é que os dados retirados do call center, em geral, são:

tempo de cada ligação, quantidade de ligações não atendidas, chamadas por agente

ou por motivo, etc. O correto deveria ser: quantas vezes um cliente de alto valor para a

empresa esperou um cliente de menor valor ser atendido, quantas chamadas foram

necessárias para resolver o problema do cliente.

A implementação de projetos de CRM deve ter como linha mestra a mudança

nos processos da empresa que envolvem o cliente – ver a empresa com olhos críticos

dos melhores clientes. Sem isso a implementação de CRM passa a ser apenas um

pacote de software.

Até o momento, discutiu-se, neste trabalho, os conceitos de marketing de

relacionamento e como os relacionamentos da empresa devem ser tomados como

estratégia de mercado, a importância da tecnologia da informação como viabilizador

do negócio da empresa e sobre CRM como integrador da filosofia de marketing de

relacionamento com a tecnologia da informação. No próximo capítulo será estudado

um modelo de CRM aplicado ao cliente interno.

Page 56: Crm - Modelo Ti

56

Capítulo 7

Projeto de implantação de CRM no Departamento de Suporte ao Usuário de Tecnologia da Informação da EMBRAER: Estudo de Caso.

Nos últimos anos, com a produção de novas aeronaves e a dedicação a

novos projetos, a EMBRAER tem crescido de forma muito rápida, com inúmeras

pessoas sendo contratadas todos os meses. O volume de trabalho aumentou muito e

mesmo com tantas contratações ainda se vê muito por fazer.

Com esse crescimento a “toque de caixa” a empresa não teve tempo

suficiente de “digerir” toda essa mudança e muito menos ter um planejamento

estrutural que absorvesse melhor estas alterações.

Desta forma, vemos a EMBRAER crescendo e ao mesmo tempo se

estruturando, através da intensa revisão de seus processos e sistemas buscando

adquirir agilidade, essencial para se manter competitiva no mercado em que atua.

Diante deste cenário, foi criada a seção de Suporte ao Usuário de Informática

da EMBRAER - TSS, dentro da Diretoria de Tecnologia da Informação, que desde

então tem realizado intensas pesquisas com os usuários, melhor descritos como

clientes, com o intuito de mapear suas necessidades e expectativas e prover soluções

com o objetivo de contribuir para o sucesso da empresa.

Page 57: Crm - Modelo Ti

57

7.1 Um pouco sobre a EMBRAER

A EMBRAER é uma empresa totalmente voltada para o cliente e com mais de

30 anos de experiência em projetar, fabricar, comercializar e dar apoio pós-venda a

seus produtos civis e de defesa em operação ao redor do mundo.

Além das unidades de São José dos Campos, Botucatu e Gavião Peixoto em

São Paulo, a EMBRAER possui representação em quatro países: Estados Unidos,

França, Austrália e China.

Fundada em 1969 como empresa estatal de capital misto, ela foi privatizada

em 1994. Seus atuais controladores detêm 60% de seu capital votante distribuído

entre o Grupo Bozano Simonsen e os fundos de pensão Previ e Sistel.

Em 1999, a EMBRAER formalizou uma aliança estratégica com um grupo

formado pelas maiores empresas aeroespaciais francesas: Aerospatiale-Matra,

Dassault Aviation e Thomson-CSF, que adquiriram 20% do capital votante da

empresa. Estas alianças ajudam a EMBRAER a ter acesso a novas tecnologias,

melhorar seus processos de fabricação e desenvolver novos mercados para seus

produtos.

O espírito empresarial que ora permeia a empresa tem resultado em

melhorias significativas na sua eficiência, na qualidade dos seus produtos e serviços,

bem como na sua lucratividade.

A EMBRAER está classificada entre os quatro maiores fabricantes de

aeronaves comerciais do mundo e possui uma bem estabelecida família de aviões

regionais que vão do turboélice para 30 passageiros, EMB 120 Brasília, passando pelo

Page 58: Crm - Modelo Ti

58

jato para 35 passageiros, ERJ 135, pelo novo ERJ 140, de 44 assentos e chegando

até o ERJ 145 para 50 passageiros.

Para complementar essa linha de produtos, a EMBRAER lançou, em julho de

1999, uma nova família de jatos - o ERJ 170, o ERJ 190-100 e o ERJ 190-200 - com

capacidades para, respectivamente, 70, 98 e 108 passageiros.

O emprego de modernas ferramentas gerenciais e de engenharia permitirá à

empresa desenvolver e entregar o primeiro membro desta família na segunda metade

do ano 2002, apenas 38 meses após o lançamento oficial do programa. Essa nova

família de aeronaves garantirá a continuidade da linha de produtos comerciais da

empresa no novo século e fortalecerá a sua participação no mercado de jatos de

transporte regional, que atualmente já é de 45%.

A EMBRAER desempenha também um papel estratégico no sistema de

defesa brasileiro - mais de 50% da frota da Força Aérea Brasileira é constituída de

produtos da empresa. Mais de 20 forças aéreas no exterior também operam com os

aviões da empresa.

No momento, está sendo desenvolvido o EMB 145 AEW&C, para alerta aéreo

antecipado, o EMB 145 RS, para sensoreamento remoto, e o EMB 145 MP, para

patrulhamento marítimo, todos baseados na plataforma do bem-sucedido jato

comercial ERJ 145. Também está sendo desenvolvido o Super Tucano e sua versão

leve de ataque denominada ALX. Essas aeronaves possuem grande potencial de

exportação, o que contribuirá para manter a comercialização destes produtos ao longo

dos próximos anos.

Além disso, a empresa segue uma bem traçada política de parcerias para

seus programas de jatos comerciais e produtos de defesa, para que o relacionamento

da EMBRAER com alguns dos maiores e mais importantes fabricantes e fornecedores

Page 59: Crm - Modelo Ti

59

aeroespaciais do mundo seja fortalecido. Exemplo disso é a parceria feita com a

Liebherr International, da Alemanha, para a criação da Embraer-Liebherr

Equipamentos do Brasil S.A. (ELEB), uma nova empresa que gerará mais

oportunidades de negócios nos segmentos de trens de pouso e componentes

hidráulicos.

A EMBRAER foi o maior exportador brasileiro de 1999 e está homologada

dentro das normas ISO 9001, capacitada para projetar, fabricar, vender e prestar

serviços de manutenção em aeronaves e peças.

7.2 Ambiente interno da EMBRAER

O ambiente interno mostra que suas diversas áreas estão cada vez mais

voltadas aos seus processos e que com as mudanças e desafios assumidos pela

empresa, fica claro que o tempo e a qualidade devem continuar andando juntos

sempre em ritmo acelerado, exigindo a máxima racionalização do tempo e dedicação

do profissional naquilo que é de sua responsabilidade. Em resumo, o ambiente de

tecnologia da informação e suas áreas de apoio devem ser potencialmente eficientes

para garantir a disponibilidade para as diversas áreas de negócio da empresa.

Desta forma, durante o 2º semestre de 1999, foram realizados vários estudos

e pesquisas internas para identificar as reais necessidades dos usuários localizados

na unidade de São José dos Campos ou nas outras unidades organizacionais da

empresa. Destacam-se nestes estudos a identificação de um Acordo de Nível de

Serviços adequado, a compreensão da cultura dos usuários de informática da

EMBRAER, a tendência do mercado para prestação de serviço de atendimento ao

usuário de informática baseado em nível de serviço e principalmente a decisão de

Page 60: Crm - Modelo Ti

60

escolher entre a implementação de soluções de integração de ferramentas

(insourcing) ou pela contratação de serviços de terceirização (outsourcing).

A partir da compreensão desse ambiente, a então criada Gerência de Suporte

ao Usuário se habilitou definir e escolher a melhor solução que atendesse a

necessidade da empresa. O próximo passo foi conhecer, então, empresas

fornecedoras de soluções de software e hardware, consultorias de implementação de

Help Desk e Call Center, prestadoras de serviços de mão-de-obra especializada e

assistência técnica de hardware.

A definição da solução foi para a contratação de serviços de “help desk” e

Assistência Técnica além da aquisição do software ideal para o gerenciamento de

Suporte ao Usuário e de contratação do serviço de consultoria na implementação da

metodologia necessária para que a Diretoria de Tecnologia da Informação

correspondesse às expectativas dos usuários, seus clientes.

7.3 Situação Atual da equipe de Help Desk

A Gerência de Suporte ao Usuário da EMBRAER, em sua equipe de Help

Desk, conta atualmente 45% (quarenta e cinco porcento) dos chamados de suporte de

informática solucionados em primeiro nível (atendimento telefônico); para isso, possui

o efetivo de 11 (onze) analistas para suporte ao usuário no primeiro nível e 13 (treze)

analistas para atendimento de suporte de informática de segundo nível (no local de

trabalho do usuário). O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira das 7:20 h

as 22:00 h e aos sábados das 7:20 h as 14:00 h.

Page 61: Crm - Modelo Ti

61

Também possui cinco linhas telefônicas destinadas ao suporte de usuários, e

seu banco de dados de chamados apenas contabiliza a quantidade de chamados

abertos, em execução e fechados.

Atualmente, a EMBRAER ultrapassou a marca de 9000 funcionários e mais

de 4800 subcontratados, deste total, aproximadamente 6500 pessoas são usuários de

recursos de informática dos mais variados ambientes e sistemas. Baseados nestas

informações, é dispensável ressaltar a complexidade e a responsabilidade do

departamento de suporte ao usuário desta empresa.

Integrado aos objetivos da empresa, o departamento de Suporte ao Usuário,

baseados na análise da situação atual, percebe a necessidade da elaboração do

Projeto “Suporte ao Usuário 2000” cujo objetivo é a melhoria da prestação de serviços

de suporte ao usuário atingindo a satisfação do cliente interno e com isso tornando a

empresa mais veloz.

Esse projeto é formado por um conjunto de soluções que conta com

contratação e parceria de empresas de software e hardware, consultorias de

implementação de “help desk” e “call center”, Assistência técnica de hardware e

serviços de mão-de-obra especializada.

A Gerência de Suporte ao Usuário - TSS, deseja que na seção de “help

desk”, 80% (oitenta porcento) dos chamados de suporte de informática sejam

solucionados em primeiro nível (atendimento telefônico). O número de analistas

alocados para esse objetivo será de responsabilidade da empresa contratada e que

esta também fosse responsável por solucionar todos os problemas administrativos e

sociais da equipe. O atendimento seria de 24 horas x 7 dias/semanais x 365 dias/ano.

Page 62: Crm - Modelo Ti

62

Ideal, também, que a empresa fosse proprietária de software de

gerenciamento de “help desk” e que fosse customizado para atender as necessidades

da Embraer, além da responsabilidade na capacitação técnica e comportamental da

equipe.

Com o escopo do contrato da empresa prestadora de serviços de “help desk”

baseado em nível de serviço espera-se atendimento às necessidades especificadas

pela Embraer, independente da quantidade de ocorrência gerada, enquanto que a

alocação direta de recursos poderia ser alterada conforme a demanda de atendimento.

A proposta também deve contemplar atendimentos de primeiro e segundo

nível para as unidades operacionais da Embraer no Brasil (São José dos Campos,

Embraer Liebherr, Gavião Peixoto e Botucatu) e de primeiro nível para as Unidades

Operacionais localizadas no exterior (Fort Lauder Dale – EUA, Le Bourget – França,

Melbourne – Austrália e Beijing – China) esperando com isso a efetivação do ponto de

contato único garantindo agilidade, customização de esforços e padronização.

A Embraer constatou a necessidade da existência de atendimento bilíngüe

(português e inglês) para os turnos de primeiro e segundo nível, prestando assim

apoio para as unidades internacionais, aos executivos e profissionais estrangeiros em

viagem, além de parceiros e clientes.

O horário de atendimento de 24 horas x 7 dias/semana x 365 dias/ano

garantirá atendimento em todas as unidades organizacionais da Embraer

independente do fuso horário. Outro motivo importante deste item é a existência da

administração e instalação de sistemas corporativos pela unidade de São José dos

Campos.

Page 63: Crm - Modelo Ti

63

A nova empresa deverá possuir equipe de assistência técnica própria e estar

comprometida com o nível de serviço, além de administrar e garantir a reposição de

peças diretamente com o fabricante sem envolver a contratante. A equipe de

atendimento de segundo nível será responsável por diagnosticar e solucionar

problemas de hardware e software enquanto os técnicos de hardware estarão

dedicados a executar os serviços em laboratório e prestar apoio necessário para a

equipe de segundo nível. Isto garantirá o rápido atendimento aos usuários de forma

eficiente com o menor tempo possível de indisponibilidade de recursos conforme o

grau de prioridade que cada solicitação é designada.

7.4 Análise e Seleção da Solução

No início de janeiro de 2000 a Gerência de Suporte ao Usuário de informática

selecionou onze empresas capazes de fornecer o serviço desejado (Help Desk 1º

nível - ponto de atendimento, Help Desk 2º nível – Atendimento Local e de Assistência

Técnica de Hardware). Foi também desenvolvido uma especificação técnica do serviço

para apresentar aos potenciais fornecedores (Anexos 1 e 2).

Das onze empresas selecionadas, apenas três chegaram à fase final do

processo. Será apresentado uma breve descrição sobre a proposta de cada umas das

empresas classificadas.

7.5 Empresas Classificadas

! Asyst – Serviços Especializados em Informática

Page 64: Crm - Modelo Ti

64

Empresa atuante no mercado há 14 anos, é especializada em prestação de

serviços de suporte ao usuário de informática para grandes empresas multinacionais e

com alto grau de satisfação de seus clientes. Utiliza metodologia própria de integração

de equipe, treinamentos técnicos e comportamentais.

Em fevereiro de 2000 foi convocada uma reunião com o representante da

Asyst para conhecer esta empresa e sua metodologia e estratégia para

implementação do projeto. Nesta reunião foram abordados os seguintes itens:

apresentação da empresa, rol de clientes, casos de sucesso, compreensão do

ambiente Embraer e as necessidades apontadas na especificação técnica,

apresentação da proposta comercial, resultados esperados e por fim o cronograma de

ação.

! Grupo Imarés

Empresa atuante no mercado há mais de 21 anos, é especializada em

prestação de serviços relacionados a entrada de dados, impressão off-line e

equipamentos de transmissão remota de dados. Atualmente, o Grupo Imarés busca

oferecer soluções completas, possuindo atuação em serviços de “help desk” para

grandes empresas.

Assim como aconteceu com a empresa citada anteriormente, em fevereiro de

2000 foi convocada uma reunião com o representante do Grupo Imarés cujo o objetivo

foi conhecer a empresa e sua metodologia e estratégia para implementação do

projeto. Nesta reunião o o representante do Grupo Imarés apresentou e detalhou

todas as etapas do processo de integração do pessoal bem como o tempo de

implementação deste serviço.

! Grupo TMS

Page 65: Crm - Modelo Ti

65

Empresa certificada ISO 9002, tem em seu escopo integração de soluções,

fornecimento de hardware e software, desenvolvimento e implementação de sistemas,

projeto e execução do ambiente físico, venda e terceirização de Call Centers,

recrutamento, seleção e treinamento especializado de profissionais para centrais de

atendimento.

7.6 Conclusão da avaliação das empresas classificadas

As três empresas classificadas demonstraram capacidades e condições para

fornecer o serviço solicitado pela EMBRAER, contudo, numa análise detalhada e

crítica chegou-se a uma escolha da empresa fornecedora dos serviços de “help desk”.

O Grupo TMS não conseguiu alcançar o nível de pontuação aos itens

exigidos pela Embraer em comparação com suas concorrentes e na fase final

mostrou-se inflexível para negociar.

A empresa Asyst apresentou excelentes condições em atender o nível de

serviço e expectativas solicitadas. Sua proposta de trabalho e atendimento das metas

eram baseadas em prestação de serviço de grande qualidade comprovado por outros

clientes. Entretanto, em sua proposta, não apresentou o compromisso de alcance de

atendimento baseado em nível de serviço.

Finalmente, o Grupo Imarés, apresentou proposta com grande ênfase em

prestação de serviços de “help desk” comprovado pela lista de grandes clientes. Além

da qualidade da proposta e do entendimento completo da especificação de serviços

apresentadas pela EMBRAER, outros pontos chamaram a atenção para a solução de

serviços, entre eles a metodologia utilizada e solução integrada. O grupo também

Page 66: Crm - Modelo Ti

66

mostrou flexibilidade para renegociação do valor da proposta sem alteração do escopo

da mesma. Além disso, o grupo ainda mostrou-se determinado a ser o fornecedor de

serviços de “help desk” da EMBRAER.

7.7 Implantação dos serviços de “help desk” da empresa Imarés

Os serviços de “help desk” da Imarés na EMBRAER foram implantados em

maio de 2000. Esta empresa tem utilizado para realização de seus trabalhos o

software DAC da Siemens (call center), o software próprio de contabilização e histórico

de chamados – SAAT, desenvolvido em Lotus Notes e pesquisa de satisfação de

usuários.

Os resultados foram sendo contabilizados desde então mantendo sempre

uma melhora crescente na satisfação dos usuários. A seguir serão apresentados

gráficos evolutivos (figuras 7.1 a 7.6) baseados nas seguintes informações:

! na quantidade de ligações recebidas, atendidas e abandonadas;

! em tempo média de espera do usuário por atendimento na linha telefônica

(TME);

! em tempo médio de atendimento do usuário (TMA);

! evolução de resolução de chamados em primeiro nível versus segundo nível; e,

! comparação entre ligações realizadas e chamados efetivamente abertos (DAC x SAAT).

Page 67: Crm - Modelo Ti

67

! Pesquisa de satisfação com os usuários

Fonte: Documentação técnica EMBRAER

Fig. 7.1 – Percentual de ligações realizadas para o help desk versus ligações abandonadas pelo usuário entre os meses maio-agosto de 2000:

72%

28%

62%

38%

68%

32%

60%

40%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

M aio Junho Julho Agosto

Ligações realizadas ao Help Desk x Ligações abandonadas pelo usuário

Atendidas

Abandonadas

12909

9240

3460

24912

15058

8952

16664

11186

5219

20029

11887

7950

0

5000

10000

15000

20000

25000

M aio Junho Julho Agosto

Número de Ligações Recebidas, Atendidas e Abandonadas

Recebidas

Atendidas

Abandonadas

Page 68: Crm - Modelo Ti

68

Fonte: Documentação técnica EMBRAER Fig. 7.2 – Números de ligações recebidas, atendidas e abandonadas entre os meses

maio-agosto de 2000.

Fonte: Documentação técnica EMBRAER. Fig. 7.3 – Tempo médio de espera do usuário por atendimento pelo help desk (em

segundos).

40,52

8,9

22

7,1

25,41

6,37

37,82

5,89

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

M aio Junho Julho Agosto

Tempo médio de espera (TME) em segundos

Geral

VIP

6

3 3

2

3,25

1,6

3,79

1,44

0

1

2

3

4

5

6

M aio Junho Julho Agosto

Tempo médio de atendimento (TMA) em minutos

Geral

VIP

Page 69: Crm - Modelo Ti

69

Fonte: Documentação técnica EMBRAER. Fig. 7.4 – Tempo médio de atendimento por usuário em minutos.

Fonte: Documentação técnica EMBRAER Fig. 7.5 – Comparação de resolução de problemas em 1º nível versus 2º nível

12%

88%

14%

86%

22%

78%

46%

54%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

M aio Junho Julho Agosto

Resolução de problemas: 1º nível x 2º nivel

1º N v́el

2º Nível

9240

678

15058

2554

11186

3009

11887

4594

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

M aio Junho Julho Agosto

Evolução DAC x SAAT

DAC

SAAT

Page 70: Crm - Modelo Ti

70

Fonte: Documentação técnica EMBRAER. Fig. 7.6 – Comparação entre quantidade de ligações recebidas (software DAC) versus

quantidade de chamados abertos (Base Notes SAAT). 7.7.1 Pesquisa de satisfação dos clientes de Tecnologia da Informação

A empresa Imarés tem desenvolvido desde sua implantação na Embraer,

criteriosa pesquisa de satisfação com um universo de 50 usuários por mês, escolhidos

aleatoriamente a partir da base de dados, desenvolvida em Lotus Notes, de

atendimento – SAAT. Essa pesquisa contempla de modo quantitativo notas dadas

pelos usuários (de 0 a 5) para os itens:

! central de atendimento;

! Disponibilidade de atendimento;

! Prazo de atendimento;

! Prazo para a solução;

! Feedback – retorno dado para o usuário

! Conhecimento técnico da equipe de suporte;

! Cortesia do analista de suporte; e,

! Nível geral do suporte.

A figura 7.7 abaixo ilustra a média das notas dadas pelos usuários em percetual.

Page 71: Crm - Modelo Ti

71

Fonte: Documentação técnica EMBRAER. Fig. 7.7 – Acompanhamento da pesquisa de satisfação de usuário realizada entre os

meses maio e agosto de 2000.

É de fácil percepção ao olhar a figura 7.7 que o índice “bom” veio caindo a

medida que a capacidade de atendimento e abertura de chamadas aumentou, de 9240

(maio/2000) para 11887(agosto/2000), isso deve-se, também às várias transformações

tecnológicas (migração de correio eletrônico, sistemas corporativos, entre outros) que

a EMBRAER vem implantando simultaneamente à adequação do help desk. Contudo,

percebe-se que houve aumento no índice “satisfatório” de 10 (dez) pontos percentuais

em relação ao mês de maio de 2000, além da baixa de 3 (três) pontos percentuais do

índice de “insatisfatório” em relação ao mês de julho de 2000.

58%

40%

2%

52%

40%

8%

55%

40%

5%

48%

50%

2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

M aio Junho Julho Agosto

Pesquisa de Satisfação de Usuários - Acompanhamento

Bom

Satisfatório

Insatisfatório

Page 72: Crm - Modelo Ti

72

Conclusão

O objetivo deste trabalho foi estudar o CRM aplicando no cliente interno. O

departamento da empresa escolhido como fornecedor foi o departamento de

informática da Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.

Nascido da necessidade de aprimoramento do suporte ao usuário de

tecnologia da informação, frente à grande e comum insatisfação dos usuários que

foram apontadas em pesquisas de fornecedor interno, este trabalho estudou a solução

adotada pela Embraer.

Para cumprir o objetivo estabelecido foram estudados os fundamentos

teóricos de marketing de relacionamento, da tecnologia da informação como

viabilizador deste marketing e do CRM. No último capítulo deste trabalho foi descrito o

estudo de caso da filosofia de CRM aplicada ao cliente interno.

Embora o tempo decorrido desde a implantação da empresa Imarés na

Embraer ser relativamente curto e ainda todas as soluções previstas não estarem em

pleno funcionamento (atendimento de suporte em primeiro nível aos sites dos Estados

Unidos, França, Austrália e China), pode-se observar um considerável aumento tanto

da satisfação do usuário quanto da quantidade de chamados atendidos pela equipe de

suporte de primeiro nível.

É fato que a meta de atendimento de 80% dos chamados de suporte serem

resolvidos em primeiro nível, visto o universo de equipamentos de informática ser

muito grande e sem padronização na EMBRAER, a grande variedade de sistemas

(desenvolvidos interna ou externamente ) e softwares utilizados além da velocidade de

Page 73: Crm - Modelo Ti

73

crescimento da empresa, é um tanto desafiadora. Por isso busca-se atingir tal meta de

atendimento.

Ainda é cedo para se afirmar o sucesso da implantação do modelo de CRM

no cliente interno de tecnologia da informação da empresa, contudo pela análise dos

dados retirados mensalmente do sistema de call center Siemens (DAC), da base de

dados Notes (SAAT) e da pesquisa de satisfação de usuários realizada mensalmente,

pode-se traçar boas perspectivas para um futuro próximo, que é o atingimento da

missão do departamento de informática que é o de viabilizar o negócio da empresa,

tornando-a mais veloz em suas decisões e processos.

Foi visto, também, que CRM é muito mais do que tecnologia, do que um

conjunto de software, é necessário uma mudança de cultura. Na prática, sabemos que

implementar CRM não é uma tarefa simples. Exige muita dedicação, esforço e

investimento de uma empresa.

Deixa claro, também, que este trabalho é bastante amplo e não esgota o

tema. E como sugestão para continuidade a implantação da filosofia de CRM em

outros departamentos da empresa, tornando-a mais rápida e eficiente internamente e

com isso, aumentando sua competitividade.

Page 74: Crm - Modelo Ti

74

Anexo 1

Especificação Técnica para Contratação de Serviços de Suporte ao Usuário

A empresa prestadora de serviços de suporte ao usuário de microinformática

deverá estar capacitada a atender todos os usuários da Embraer – São José dos

Campos (SP) e também as demais unidades operacionais para isso a Gerência de

Suporte ao Usuário da Embraer desenvolveu uma especificação técnica que

apresenta as necessidades identificadas e que esta gerência entende que satisfará os

objetivos da empresa.

- Escopo do trabalho:

! Implementar metodologia de Help Desk adequada às necessidade, de modo que

seja possível administrar e conduzir o nível de satisfação determinado para o

primeiro e segundo nível de atendimento ao usuário de microinformática;

! Prestar suporte telefônico de primeiro nível, em escala 24x7x365, nos idiomas

Português e Inglês fluentes em acordo com a escala de horários definida,

considerando as Unidades e Escritórios nacionais e internacionais. O idioma

francês também poderá ser solicitado;

! Prestar suporte local de segundo nível, inicialmente para a planta principal,

localizada em São José dos Campos e para as outras unidades localizadas no

Brasil;

Page 75: Crm - Modelo Ti

75

! Possuir capacitação técnica necessária para atender e selecionar dúvidas e

problemas referentes a softwares de automação de escritórios, utilitários Windows,

aplicações desenvolvidas internamente, entre outros;

- Escopo do trabalho:

A tabela abaixo apresenta a escala de horários, entendida e definida pela

área interna de Suporte ao usuário, como ideal para o atendimento de primeiro nível

(atendimento telefônico).

O objetivo da escala de horários é atender os diversos tipos de usuários,

estando eles dentro ou fora da empresa, este ultimo se conectando ao ambiente

Embraer através de meios de comunicação alternativa. Ambos os tipos de usuários

podem ser desde executivos até representantes técnicos.

A Embraer possui aplicações desenvolvidas internamente e disponibilizada na

Internet e que necessitam também de suporte aos seus usuários que podem ser

desde funcionários da Embraer, clientes e parceiros e podem estar distribuídos em

diversos países.

Turnos Horário Analista para Atendimento Telefônico

Analista para Atendimento em Campo

Turno Normal 07:30h às 17:06h 7 (gerais, em português) 5 (gerais, em ing./port.)

10 (em português) 10 (em inglês/português)

Turno especial 06:00h às 14:00h 2 (gerais, Port./Inglês, e sistemas corporativos)

01 (atendimentos gerais de software e hardware)

Turno especial 14:00h às 22:00h 2 (gerais, Port./Inglês, e sistemas corporativos)

01 (atendimentos gerais de software e hardware)

Turno especial 22:00h às 06:00h 2 (gerais, Port./Inglês, e sistemas corporativos)

Page 76: Crm - Modelo Ti

76

Anexo 2

Especificação para Contratação de Serviços de Assistência Técnica de Hardware

A empresa prestadora de serviços de assistência técnica de hardware deverá

estar capacitada a atender todo parque de equipamentos de microinformática da

Embraer – São José dos Campos (SP) e também as demais unidades operacionais

para isso a Gerência de Suporte ao Usuário da Embraer desenvolveu uma

especificação técnica que apresenta as necessidades identificadas e que esta

gerência entende que satisfará os objetivos da empresa.

- Escopo do trabalho:

! Responsabilidade pelo atendimento, diagnóstico e solução dos problemas físicos

nos equipamentos de informática;

! Cobertura de mão-de-obra na planta Embraer;

! Cobertura total de peças para a CPU, teclado, mouse, monitor, impressoras e

todos os respectivos periféricos;

! Instalar e configurar todo o novo hardware adquirido pela Embraer. Além disso,

todo o parque deverá ser assumido como item do parque, a partir do momento da

aquisição;

Page 77: Crm - Modelo Ti

77

! Utilizar e adaptar-se ao software de gerenciamento de help desk e outras

ferramentas definidas utilizadas pela Embraer, para prestar suporte ao usuário;

! A empresa contratada deverá administrar e prover Assistência técnica do parque

de equipamentos de microinformática das unidades operacionais especificadas. A

empresa contratada será o ponto focal na distribuição e gerenciamento dos

chamados para os técnicos residentes que trabalham única e exclusivamente ao

atendimento de equipamentos em garantia;

! Deverá manter um número de técnicos residentes bem como peças para reposição

suficiente para suprir a demanda de chamados técnicos gerados pelos usuários;

! O horário de trabalho da equipe de apoio de assistência técnica será de Segunda

a Sexta-feira das 07:20 às 17:06 h, podendo ser alterado conforme necessidade

identificada;

! Os técnicos deverão possuir conhecimentos gerais em microinformática e

eletrônica, estando capacitados para realizar instalações, configurações e

manutenções de hardware e softwares;

! e metodologia de Help Desk adequada às necessidade, de modo que seja possível

administrar e conduzir o nível de satisfação determinado para o primeiro e segundo

nível de atendimento ao usuário de microinformática;

! Prestar suporte telefônico de primeiro nível, em escala 24x7x365, nos idiomas

Português e Inglês fluentes em acordo com a escala de horários definida,

considerando as Unidades e Escritórios nacionais e internacionais. O idioma

francês também poderá ser solicitado;

Page 78: Crm - Modelo Ti

78

! Prestar suporte local de segundo nível, inicialmente para a planta principal,

localizada em São José dos Campos e para as outras unidades localizadas no

Brasil;

Page 79: Crm - Modelo Ti

79

Referências Bibliográficas

GORDON, Ian. Marketing de Relacionamento: Estratégias, Técnicas e Tecnologias

para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Littera Mundi, 1998.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e

controle. São Paulo: Atlas, 1998.

KOTLER, Philip. Marketing . São Paulo: Atlas, 1980.

McKENNA, Regis. Marketing de Relacionamento – Estratégias bem-sucedidas para a

era do cliente. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

OLIVEIRA, Djalma P. R. Estratégia Mercadológica. São Paulo: Atlas, 1989.

PEPPERS, Don & ROGERS, Martha. CRM – Marketing 1 to 1 Rio de Janeiro:

Campus, 2000 (a).

PEPPERS, Don, & ROGERS, Martha. O Gerente um a um – Desenvolvendo

Relacionamento com o Cliente. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (b).

COOPERS, PRICEWATERHOUSE. Path to Competitive Advantage. New York, 1999.

STONE, Merlin, & WOODCOCK, Neil. Marketing de Relacionamento. São Paulo:

Littera Mundi, 1998.

Page 80: Crm - Modelo Ti

80

Page 81: Crm - Modelo Ti

81

Abstract

The marketing as we know is a losing space in the context of changes that the

world is nowadays witnessing. The old identification rules and satisfaction the

customers´ need they are not applied anymore. It is the moment for the use of new

techniques and opportunities that the relationship marketing can offer. The traditional

marketing deal with market segments. The relationship marketing concentrates on the

individual customer, on those that receive and provide the maximum of value. The

purpose of this work is to apply the relationship marketing, through one of its strategies

- CRM (Customer Relationship Management) in the internal customer. The internal

customer has the same needs as the external customer and has they were also not

recognized sometime ago. The provider department on this study is the Department of

Computer science, now called Information Technology, that totally due to its complexity

is associated to the success of the company. The study of the presented case, for

being a project, consists just the analysis of the problem and the solution that will be

implanted in the future.