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CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DE UM SELO BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE LIMPEZA DOMÉSTICA Norton Dallacort (UFRGS) [email protected] O contexto ambiental da atualidade exige que seja considerada a variável ecologia na fabricação de produtos. A certificação ambiental, compulsória ou voluntária, é um mecânismo da Avaliação de Conformidade de Produtos e de marketing ecológiico que contribui para o projeto de produtos mais seguros para o meio ambiente. Assim, a rotulagem tem se desenvolvido e se tornado importante tanto para o fabricante, fator competitivo e de estratégia de mercado, quanto para o consumidor que consegue identificar produtos que não agridam o ambiente.Este trabalho tem como objetivo identificar critérios para certificação de produtos de limpeza doméstica para a criação de um selo ambiental nacional. O método utilizado inclui o levantamento de critérios propostos em selos de outros países para a manufaturação de produtos de limpeza doméstica, em especial a dos detergentes. Os resultados esperados são: descrição de como funciona a Avaliação de Conformidade e programas de etiquetagem no Brasil; análise dos selos ambientais internacionais e a descrição dos efeitos causados pela produção, uso e descarte de detergentes. Palavras-chaves: Cerficação ambiental; detergentes; XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DE

UM SELO BRASILEIRO DE

CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE

LIMPEZA DOMÉSTICA

Norton Dallacort (UFRGS)

[email protected]

O contexto ambiental da atualidade exige que seja considerada a

variável ecologia na fabricação de produtos. A certificação ambiental,

compulsória ou voluntária, é um mecânismo da Avaliação de

Conformidade de Produtos e de marketing ecológiico que contribui

para o projeto de produtos mais seguros para o meio ambiente. Assim,

a rotulagem tem se desenvolvido e se tornado importante tanto para o

fabricante, fator competitivo e de estratégia de mercado, quanto para o

consumidor que consegue identificar produtos que não agridam o

ambiente.Este trabalho tem como objetivo identificar critérios para

certificação de produtos de limpeza doméstica para a criação de um

selo ambiental nacional. O método utilizado inclui o levantamento de

critérios propostos em selos de outros países para a manufaturação de

produtos de limpeza doméstica, em especial a dos detergentes. Os

resultados esperados são: descrição de como funciona a Avaliação de

Conformidade e programas de etiquetagem no Brasil; análise dos selos

ambientais internacionais e a descrição dos efeitos causados pela

produção, uso e descarte de detergentes.

Palavras-chaves: Cerficação ambiental; detergentes;

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

Segundo Ball (2001) questões relativas à sustentabilidade constituem ainda alvo de

investigação, tais como: como podemos alcançá-la, como as empresas atenderão à crescente

urgência por projetos e produtos mais ecológicos, qual é a melhor prática ambiental, como

devem ser geridas as questões ambientais nos processos pelo mundo, entre outras.

O fortalecimento do movimento ambiental, iniciado na década de 70, provocou mudanças nas

demandas da população. Os consumidores passaram a refletir a sua consciência ambiental em

sua opção de compra e na aquisição de produtos que tenham menor impacto ambiental. O

marketing ambiental tem exercido papel importante no desenvolvimento de produtos e pode

ser definido como a gestão que contribui para o projeto da modificação de produtos, as

mudanças no processo produtivo e o perfil da propaganda, para satisfazer as necessidades do

consumidor e da sociedade de forma lucrativa e sustentável (PEATTIE e CHARTER, 2003;

PEREIRA, 2004)

O objetivo da estratégia de marketing ambiental pode ser dividido em duas dimensões. A

primeira é desenvolver produtos que exerçam um menor impacto ambiental, atendendo às

necessidades de quem compra e que sejam economicamente viáveis. Já a segunda está ligada

à imagem de qualidade do produto e do fabricante, visando atributos dos produtos e a história

da empresa em relação a respeito ambiental (GÚERON, 2003 apud OTTMAN, 1994).1

Como resposta a essas exigências do consumidor, as empresas e indústrias têm tido uma

postura proativa, adotando estratégias de marketing verde, com foco na elaboração de novos

projetos e produtos voltados na proteção do meio-ambiente (SOUZA, 1993). A busca pela

eficiência no consumo de energia e insumos, a minimização de resíduos e a criação de

circuitos de reutilização e reciclagem resultam em grandes implicações para o comércio

internacional (GUÉRON, 2003).

Com o intenso comércio de mercadorias entre os países, demonstra-se a necessidade de

adoção de certificações e selos regulamentadores de origem, para atestar a qualidade de

produtos e serviços com vistas à sustentabilidade (CAMPANHOL, ANDRADE, ALVES,

2003). O selo verde ou ambiental é de maneira geral qualquer programa que verifica a

proteção ao meio ambiente. O selo de certificação é uma maneira de averiguar por meios de

normas técnicas e regulamentações as proteções que o produto faz ao ambiente.

Campanhol, Andrade e Alves (2003) mencionam algumas certificações importantes quando se

consideram as dimensões ambiental, social e econômica da sustentabilidade: a IS0 9000:

certifica os sistemas de qualidade; a ISO 14000: certifica as questões ligadas ao meio

ambiente; a BS 8800: trata de saúde e segurança do trabalho, responsabilidade social e gestão

ambiental. Todos estes voltados a minimizar o impacto que os produtos têm sobre as

condições de vida da sociedade.

Segundo Campanhol et al. (2003) em 1940 surgiram os primeiros rótulos obrigatórios,

aplicados a agrotóxicos e raticidas, com recomendações e cuidados de armazenagem e

manuseio. Somente nos anos 70 vieram os rótulos voluntários conferidos por entidades

ambientais ou pelo próprio produtor, para garantir alimentos sem uso de agrotóxicos

Atualmente, sob o ponto de vista empresarial, os rótulos podem ser utilizados como estratégia

competitiva ou de conscientização dos consumidores. A variável ambiental assume uma

importância cada vez maior, podendo se tornar um pré-requisito para a realização de

negócios. Essa nova variável tem sido incorporada por empresas e faz parte da decisão

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estratégica, de maneira mais acentuada, em empresas que têm perfil exportador (BIAZIN,

GODOY, 2000b).

Em se tratando do Brasil, pode-se perceber que tanto as demandas internacionais, quanto as

internas, estão levando as empresas a buscarem certificações e selos verdes. De maneira geral,

os consumidores e outras empresas estão preferindo produtos que respeitam o meio ambiente

durante o processo de produção e toda a cadeia produtiva (BIAZIN, GODOY, 2000a;

BIAZIN, GODOY, 2000b).

O selo ambiental é definido como um programa de verificação em relação à proteção do meio

ambiente, abrangendo todas as características da produção e do descarte do produto

classificado. No Brasil não dispomos de selo para muitos produtos, isso é devido a

complexidade de elaboração de um selo. Podemos tirar como exemplo o selo de energia

elétrica do INMETRO, este projeto foi apoiado por grandes empresas do ramo e acabou

virando a Lei 10.295 de 2001 e o decreto 4059.

Muitos são os produtos que representam impacto sobre o meio ambiente. Dentre eles

destacam-se os produtos de limpeza doméstica, visto que são utilizados por uma vasta

proporção da população no mundo e com uma alta freqüência, cujos resíduos são lançados

nos rios e esgotos. As exigências de biodegradabilidade para produtos de limpeza e higiene

doméstica já são realidade na comunidade Européia, entretanto no Brasil os fabricantes ainda

não dispõem de selos ou regulamentações que norteiem a fabricação de tais produtos com

menor impacto. Os produtos de limpeza e higiene doméstica são um dos principais causadores

de poluição ambiental, principalmente em relação à biodegrabilidade de ingredientes

utilizados na fabricação do produto.

Duas questões ficam evidentes, a primeira é que ainda não existem selos específicos para

produtos de limpeza e higiene doméstica no Brasil. A outra é que o próprio processo de

criação de selos ainda não está claramente descrito e evidente para os agentes: pesquisadores,

produtores e para a população. A falta de clareza sobre este processo limita a ação e

contribuição destes agentes para que novos selos sejam criados. Portanto, duas hipóteses

podem ser postuladas neste trabalho: hipótese 1- é possível identificar as etapas do processo

de criação de selos regulamentadores a partir do estudo de casos da literatura; hipótese 2- é

possível identificar critérios para certificação de um produto de limpeza a partir do estudo de

selos existentes em outros países.

Desta forma, os objetivos desse artigo são: (i) esclarecer o processo de criação de selos

regulamentadores e, (ii) identificar critérios para certificação de produtos de limpeza

doméstica a partir de selos ecológicos internacionais que poderão ser utilizados na criação de

requisitos para produtos de limpeza em um selo ambiental nacional. Na sequência o leitor

encontrará uma revisão bibliográfica que inclui rotulagens ambientais, os eco-labels já

existentes no mundo, características dos problemas causados por produtos de limpeza

doméstica. Posteriormente, são identificados critérios já definidos pelos selos ambientais de

outros países e, por fim, discute-se a possibilidade da inserção no Brasil de um selo

regulamentador para produtos de higiene e limpeza doméstica.

2. Referencial teórico

Os impactos, que o fator ecológico gera, dependem do nível de consciência e de

conhecimento de informação do consumidor. Por isso, a informação ambiental fornecida pelo

fabricante deve ser segura, bem como, as informações sobre como o produto protege o

ambiente, e isso influencia na hora da compra do consumidor. Surge então a necessidade de

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uma padronização e comprovação dos termos adotados pelo fabricante.

A nomenclatura em torno da rotulagem ambiental é diversificada e as vezes confusa. Para que

fique mais claro o entendimento e para que se tornem conhecidas entre as empresas e os

consumidores Campanhol, Andrade e Alves (2003) elaboraram um quadro comparativo que

esclarece as diferenças entre as expressões usualmente adotadas (figura1).

Selo Verde ou Selo

Ambiental

Nome genérico para qualquer programa que verifica a proteção do

meio ambiente ou adoção de mecanismos limpos de produção.

Certificação

Ambiental

Resultado de um programa que a empresa empreende, como ISO

14000. Ele gera mudanças políticas e de gestão em relação ao meio

ambiente. Após uma auditoria é concedido o certificado com sua

data de validade. Para que ele seja renovado é preciso ocorrer uma

nova auditoria.

Rótulos de

Fabricante

Partem da iniciativa do fabricante. Evidenciam atributos como:

reciclável, retornável, biodegradável, dentre outros. A sua adoção é

polêmica, pois, nem sempre os fabricantes são éticos nas

informações prestadas.

Rótulos de Terceira

Parte

Programas de rotulagem ambiental implementados por órgãos

públicos ou privados independentes do fabricante.

Rótulos Mandatários São de caráter obrigatório e podem ser divididos em: informativos

(apresentam informações técnicas como o consumo de água de

uma determinada lavadora em relação a quilos de roupa); alertas ou

avisos de risco (trazem informações relativas aos danos ambientais

ou à saúde, um exemplo é a estampa de caveira nos defensivos

agrícolas).

Rótulos Voluntários São voluntários e independentes, pois, são aplicados por terceiros a

quem se disponha integrar determinado sistema. Por exemplo: o

selo de qualidade ambiental ABNT.

Figura 1 – Diferenciação de selos ambientais. Fonte: Campanhol, Andrade e Alves (2003) adaptado de Biazin

(2000b)

Segundo Guéron (2003) os selos verdes são concedidos por organizações privadas ou

governamentais para os produtos com base em analise do ciclo de vida, ou seja, em todas as

etapas de produção, uso e até descarte do produto, pois em qualquer um desses estágios

podem ocasionar conseqüências ambientais. Além disso, a rotulagem deve ser voluntária e

deve ser realizada por entidades reconhecidas como representativas em todos os segmentos

organizados da sociedade (GUERON, 2003 apud REGAZZI, 2000)2.

Os selos ambientais se tornam um instrumento muito eficaz para desenvolver consciência

ambiental e orientar para a preferência de escolha na aquisição de produtos. Para as empresas,

a obtenção do selo representa uma forma de aumentar a credibilidade dela junto ao mercado

consumidor. Isso funciona como uma oportunidade estratégica, agregando valor para a

empresa e se diferenciando das demais.

Tanto o consumidor quanto o fabricante obtêm benefícios desta iniciativa. Biazin e Godoy

(2000a) citam como relevantes, por exemplo, a diferenciação do produto no mercado, o

incentivo ao desenvolvimento de tecnologias apropriadas, além da ampliação do mercado e a

diminuição de custos com seguros.

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Já para o consumidor, destaca-se a possibilidade de mudanças de hábitos e um consumo mais

ecológico. Porém, o consumidor não sabe diferenciar os tipos de rótulos a não ser quando

extremamente divulgados pela mídia. Daí vem à dúvida quanto à veracidade de informação, o

que torna o consumidor mais exigente.

2.1. Avaliação de Conformidade

Segundo o Livreto de Avaliação da Conformidade (LAC) (2007), a avaliação de

conformidade é definida como o exame sistemático do grau de atendimento por parte de um

produto, processo ou serviço a requisitos especificados.

Apesar da dificuldade de criação de um sistema mundial unificado para a avaliação de

conformidade, é de extrema importância a conciliação das práticas em avaliações que levem

em conta particularidades dos sistemas de cada país. Isso resulta em Acordos de

Reconhecimentos Mútuos que auxiliam para a minimização de impactos das barreiras técnicas

e também ajudam o comércio internacional (LAC, 2007).

A Avaliação de Conformidade visa proporcionar confiança ao consumidor, mostrando que o

produto, processo ou serviço está de acordo com as normas e/ou regulamentos estabelecidos

anteriormente, ao passo que, mostra aos empresários as características técnicas que o produto

deve atender, para então poder se adequar a esses critérios (LAC, 2007).

A classificação descrita no LAC (2007) a atividade de validação da conformidade pode ser

realizada quanto ao agente econômico e quanto ao campo de utilização. Quanto ao agente

econômico ela pode ser: (i) de primeira parte: feita pelo fabricante ou pelo fornecedor; (ii) de

segunda parte: quando é feita pelo comprador/cliente; (iii) de terceira parte: quando é feita por

uma organização sem interesse na comercialização do produto, assim, independente do

fabricante e do consumidor. Quando o processo é feito por terceira parte, a organização

precisa ser acreditada, ou seja, ser reconhecida quanto à competência técnica da organização

que atesta a conformidade para processar a Avaliação de Conformidade de produtos,

processos, serviços e até gestão de pessoal (LAC, 2007).

O gestor do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) é o Instituto Nacional

de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que obedece as políticas

públicas do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(CONMETRO) e nos requisitos propostos pela International Organization for

Standardization (ISO), que é a entidade normalizadora oficial. O INMETRO é o único

acreditador oficial no Brasil, bem como em outros países que existem apenas um acreditador,

ele é internacionalmente reconhecido pelo International Accreditation Forum (IAF)

(PIZZOLATO, 2006; LAC, 2007). No que diz respeito à avaliação de conformidade quanto

ao Campo de Utilização, ela pode ser feita voluntária ou compulsoriamente. Quando é

exercida pelo Estado, é de caráter compulsório, portanto feita através de uma autoridade

regulamentadora, por meio de instrumentos legais, quando o fator analisado pode causar

riscos à segurança do consumidor, ao meio ambiente ou prejuízos econômicos à sociedade.

Ela é voluntária quando se trata de uma decisão do fabricante ou do fornecedor, e neste caso

representa uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes, assim atrai e informa o

cliente e aumenta a participação no mercado (LAC, 2007)

Na Figura 2 são apresentadas diferenças entre os programas de Avaliação da Conformidade:

Caráter do

Programa Quanto à referência

Caráter Regulamentos São estabelecidos pelo poder Público;

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Compulsório técnicos São obrigatórios;

Pode referenciar uma norma, tornando-a obrigatória.

Caráter Voluntário Normas

São sempre emitidas por uma ONG;

No Brasil, são emitidas pela ABNT;

São consensuais e voluntárias. Figura 2: Diferenças entre os caráteres Compulsório e Voluntário adaptado das definições de LAC (2007)

De acordo com o Instituto Ethos, existe uma dificuldade em controlar os selos, devido a

abundância excessiva deles e por serem praticados por diversos organismos, assim a

certificação fica debilitada para diferenciar os produtos.

Os regulamentos técnicos são estabelecidos pelo poder público e de caráter obrigatório, já no

caso de uma norma, é emitida por uma ONG, no caso do Brasil, a Associação Brasileiras de

Normas Técnicas é a reconhecida pelo Conmetro como um fórum nacional de normalização.

A avaliação da conformidade é possível através de mecanismos e no Brasil são praticadas:

a) a certificação: realizada por terceira parte por uma organização acreditada pelo INMETRO

para executar a avaliação de conformidade;

b) a declaração da conformidade do fornecedor: garantia escrita de que o produto, processo ou

serviço está em conformidade com os requisitos especificados, é de primeira parte;

c) a inspeção: usada para avaliar serviços após a execução;

d) a etiquetagem: é determinada por ensaios e informada ao consumidor uma característica do

produto, normalmente quanto ao desempenho

e) o ensaio: determinação de uma ou mais características de acordo com um procedimento

especificado (LAC, 2007).

O mecanismo trabalhado neste artigo é a certificação, que envolve o processo de rotulagem, e

pode ser realizado por uma organização pública ou privada, ou seja, realizado por terceira

parte, que já foi definida anteriormente.

A etiqueta ao ser associada a metas de desempenho, como no caso da eficiência energética do

INMETRO, é um estimulante para aprimoramento tecnológico, instigando o consumidor a

preferir equipamentos de qualidade superior. Outro exemplo visto no Brasil é o Selo Ruído,

que indica o nível de ruído de alguns eletro-utilitários domésticos. Em geral, a etiqueta é

aquela que fornece informações ao cliente e que ajuda, junto a outros fatores, ele a escolher o

produto (LAC, 2007). Já a certificação é feita com o auxilio de ensaios, verificações conforme

mercado e fabricante, auditorias, aprovação do sistema de qualidade, certificação dos sistemas

de gestão quanto a normas tecnicas.

Para receber a Acreditação de Organismos de Certificação de Produtos (OCP) ou a

Acreditação de Organismos de Verificação de Desempenho (OVD) são necessários alguns

documentos mostrados na Figura 3.

Os organismos certificadores de produtos (OCP) são aqueles que concedem a certificação á

produtos,serviços ou processos com base em normas ou regulamentos técnicos, seja

voluntária ou compulsoriamente. Já os organismos de verificação de desempenho de produto

(OVD) examinam se os produtos em questão estão de acordo com a legislação, documentos

normativos, regulamentos ou critérios, para a função solicitada. Aqueles que desejam ser OCP

ou OVD devem atender as legislações e documentos, mostradas na Figura 3 e disponíveis no

site do INMETRO.

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OCP (Organismo de Certificação de Produtos) OVD (Organismos de Verificação de Desempenho)

Referências para harmonização entre avaliações pelos

OAC no contexto do Programa de Válvulas ABNT NBT

2007:15827

Informações Sobre os Acordos de Reconhecimento

Mútuo no Campo da Acreditação

Informações Sobre os Acordos de Reconhecimento

Mútuo no Campo da Acreditação

Orientações para a acreditação de organismos de  

avaliação da conformidade

Orientações para a acreditação de organismos de  

avaliação da conformidade

Critérios para a acreditação de organismo de

certificação de produto e de verificação de desempenho

de produto

Critérios para a acreditação de organismo de

certificação de produto e de verificação de desempenho

de produto

Auditoria-Testemunha para Organismos de Certificação Auditoria-Testemunha para Organismos de Certificação

Diretriz do IAF para aplicação do ISO/IEC Guia

65:1996 – 2ª edição

Diretriz do IAF para aplicação do ISO/IEC Guia

65:1996 – 2ª edição

Uso da logomarca, do símbolo e de referências à

acreditação

Uso da logomarca, do símbolo e de referências à

acreditação

Política de Transição para a Implantação da Nova

Política de Preços das Atividades de Acreditação de

Organismo de Certificação e de Inspeção

Política de Transição para a Implantação da Nova

Política de Preços das Atividades de Acreditação de

Organismo de Certificação e de Inspeção

Tratamento de Não-Conformidades Detectadas Durante

Processos de Acreditação de Organismo

Tratamento de Não-Conformidades Detectadas Durante

Processos de Acreditação de Organismo

Regulamento para a Acreditação de Organismos Regulamento para a Acreditação de Organismos

Preços dos serviços de acreditação de organismos Preços dos serviços de acreditação de organismos

Lista de Verificação para Análise de Documentação em

Solicitação de Concessão de Acreditação para a ABNT

ISO IEC GUIA 65

Lista de Verificação para Análise de Documentação em

Solicitação de Extensão de Escopo para a ABNT ISO

IEC GUIA 65

Documentos

Orientativos

Documentos

Normativos

Formulários

Figura 3: Documentos necessários para ser um OCP ou OVD. Adaptado de:

http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/organismos/ovd.asp e

http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/organismos/ocp.asp

2.2 Rotutagem ambiental pelo mundo

Atualmente diversas organizações em muitos países, tanto desenvolvidos quanto em

desenvolvimento, estão adotando essa nova prática. Na Figura 4 são apresentados selos

utilizados em todo o mundo.

As rotulagens em sua grande maioria surgiram no fim da década de 80 e início da década de

90. Porém, anteriormente já existiam rótulos para substâncias tóxicas controladas, produtos

organicamente cultivados e não utilização de agrotóxicos que muitas vezes eram colocadas

pelos próprios produtores, conforme comentado no início deste artigo.

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Figura 4 – Diferentes selos ambientais adotados em diferentes países

Fonte: http://www.globalecolabelling.net/

Com esse novo estilo de rotulagem, cada país propõe regulamentações específicas para

variados tipos de produto, como eletrônicos, refrigeradores, televisão, calçados, produtos de

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couro, produtos de higiene pessoal, detergentes e limpeza doméstica/industrial, construção

civil, setor moveleiro, entre outros. Os rótulos se referem a informações técnicas como o

consumo de água; alertas ou avisos de risco ambiental ou à saúde, orientando os

consumidores sobre tais produtos.

As certificações encontradas pelo mundo são em sua maioria voluntárias e de competentes a

ONG's (Organização não-governamental) ou por terceira parte (público ou privado). Como

exemplos de certificações Governamentais: Alemanha, Canadá, Eslováquia, Espanha, Índia,

Israel, Nova Zelândia e República Tcheca. Dentre as sem fins lucrativos as certificações dos

seguintes países: Austrália, China, EUA, Hong Kong e Tailândia.

2.3 Poluição causada por produtos de limpeza doméstica

O esgoto doméstico é um dos maiores causadores de poluição, ele é composto por água de

banho, excretas, papel higiênico, sabão e detergentes (TEIXEIRA e CARTONILHO, 2007).

Os detergentes são grandes indutores de poluição física e provém das indústrias e residências.

Um dos problemas encontrados é a formação de espuma na superfície aquática que dificulta a

ação de bactérias aeróbias que são de fundamental importância para a decomposição de

materiais orgânicos em suspensão. Além de conter substâncias tóxicas, a espuma dificulta a

entrada de luz na água (STRUJAK e VIDAL, 2006; AZEVEDO e VIDAL, 2006; AZEVEDO

E CHASIN, 2004).

O essencial componente dos detergentes são os surfactantes, também chamados de

tensoativos. Os surfactantes são um dos causadores de problemas nas águas de abastecimento,

como a dificuldade de coagulação e sedimentação, remoção do ferro, gosto e odor. Além dos

tensoativos, os detergentes são compostos por carbonatos e silicatos para aumentar a sua

eficiência. Alguns dos surfactantes são facilmente metabolizados por bactérias, mas grande

parte resiste e acaba passando pelo tratamento do esgoto e atingindo mananciais de

abastecimento (TEIXEIRA e CARTONILHO, 2007).

As descargas de detergentes que atingem as águas naturais são provenientes de indústrias, ou

pelas próprias indústrias de fabricação de detergentes e também dos esgotos sanitários. Elas

afetam diretamente o poder autodepurador dos corpos d’água, pois são germicidas e assim

inibem a oxidação biológica do meio, que é realizada por bactérias (TEIXEIRA e

CARTONILHO, 2007). Segundo Teixeira e Cartonilho (2007) os detergentes contém também

em suas formulações substancias fosfatadas, ou seja, ricas em fósforo, as quais aceleram o

fenômeno de eutrofização, ou crescimento de algas, que se manifesta como uma nata verde

sobre a superfície de lagos e rios. O fosfato em excesso causa o aumento de algas em função

do efeito tóxico que exerce sobre o zooplancton que é predador das algas.

No que diz respeito à biodegradabilidade de detergentes, a legislação brasileira, considera

testes que medem exclusivamente a biodegradabilidade primária. Nestes testes verifica-se se o

tensoativo perde a cabeça, porção da molécula que detém a capacidade detergente, o que não

é indicativo de biodegradação completa no meio ambiente, visto que a biodegradabilidade de

todo o restante da molécula não é avaliada. Além disso, a norma atende apenas os tensoativos

aniônicos, que representam 40% dos tensoativos totais. Também não existem recomendações

na norma a respeito de ensaios para controle da biodegradação dos demais constituintes da

formulação detergente, tais como conservantes, corantes, aditivos, perfumes, etc (PAULA).

O site Planeta Sustentável da Editora Abril afirma que os detergentes, e outros produtos de

limpeza, possuem substâncias nocivas, dentre elas o fosfato, que ajuda a proliferar algas que

roubam o oxigênio da água e destrói a vida aquática, e o cloro, que causa alergias na pele e

irritações nos olhos. Como veremos depois, esses dois elementos e alguns de seus derivados

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são um dos principais critérios citados por selos ambientais internacionais sobre esses

produtos.

Devido à potencial contribuição do smog fotoquímico urbano (poluição do ar em áreas

urbanas causada por compostos que surgiram por reações fotoquímicas), produtos

manufaturandos e reguladores da qualidade tem estimado a emissão de componentes

orgânicos dos produtos de limpeza na Califórnia, EUA (NAZAROFF e WESCHLER, 2004)

(Figura 5). O total estimado de emissão de 32 toneladas/dia correspondente a 1g/ pessoa/dia

para a população do estado inteiro.

0,64 20

7,4 220

2,1 64

3,4 100

0,87 26

0,74 22

15,15 452Total:

Limpeza de forno e de metal

Limpeza de banheiro: sanitário, pia, banheira,

Removedores de mancha (Spot Removers)

Limpeza de vidro

Limpadores de uso geral

Desengordurantes de uso geral

Emissão de COV

(tonelada/dia)

Emissão de COV per

capita (mg/(dia*pessoa))Produto

Figura 5 – Estimativa da emissão de VOCs (componentes orgânicos voláteis) na atmosfera a respeito do uso de

produtos de limpeza doméstica e comercial e de purificadores de ar na California em 1997

Levando em consideração a composição dos detergentes, juntamente com os efeitos que os

mesmos podem causar no meio ambiente, a legislação brasileira e a iniciativa global para

desenvolver selos ecológicos, percebe-se a necessidade da inserção brasileira nesse setor.

3. Método

Para atingir os objetivos apresentados neste artigo foram realizadas as atividades

metodológicas descritas em 3.1 e 3.2.

3.1 Para identificar critérios para a rotulagem de produtos de limpeza doméstica, foram

identificados selos/rótulos internacionais e analisados quanto às exigências que estas

rotulagens impunham aos fabricantes de produtos detergentes. Os elementos avaliados em

cada rotulagem incluem: se são selos de primeira, segunda ou terceira parte; que tipo de

exigência trazem para que possam ser inspirar a criação de requisitos para rotulagem

ambiental nacional. O método de pesquisa é bibliográfica e parte de dados secundários.

3.2 Elaborar e aplicar um questionário a indústrias brasileiras de produtos de limpeza

doméstica quanto a certificações ambientais, e também buscar na literatura e sites

especializados normas e leis existentes

4. Resultados

O levantamento bibliográfico permitiu identificar entre os diveros selos investigados sete

destes apresentavam critérios para produtos de limpeza doméstica, e são: o Environmental

Choice (do Canadá, Austrália e Nova Zelândia), Hong Kong Eco Label, Nordic

Environmental Label (validos na Finlândia, Noruega, Dinamarca e Suécia), Green Seal dos

EUA e Green Label da Tailândia, conforme apresentado na Figura 6.

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Austrália Hong KongPaíses

Nórdicos

Nova

ZelândiaTailândia EUA Canadá

Deve ser de fácil de biodegradação X X X X X X

Os surfactantes devem ser biodegradaveis X X X¹

Não deve conter EDTA (Ácido Etilenodeiamino Tetra-

Acético)X X X X X

Não deve conter NTA (Ácido Nitriloacético) X X X X

Não deve conter APEO (Etoxilatos de Alquifenóis) X X X X

Não deve conter opacificadores X

Não deve conter compostos clorados X² X

Não deve conter xileno sulfonados X

Não deve conter hidrocarbonetos e/ou solventes

halogenadosX X X

Restrições quanto ao uso do Formaldeído X X⁴ X

Não deve conter formalina X

Não deve conter componentes bioacumuláveis X X X

Não deve conter metais pesados X X

Restrições quanto a quantidade de Fósforo ou

compostosX⁵ X X X

Rewstrição quanto a fosfatos e fosfonados X X⁶ X X

Metais tóxicos X X X X⁷

Restrições quanto a substâncias carcinogênicas ou

desreguladores endócrinosX X X

Restrições quanto a ingredientes mutagênicos ou

teratogênicosX X⁸

Restrições quanto a agentes mutagênicos X⁹ X

Restrições quanto a sensibilização por contato na

pele/olhos/bocaX X¹⁰ X X

Restrições quanto a toxidade de inalação X

Restrições quanto a toxidade à vida aquática X

Restrições quanto a colorantes, fragrância e/ou

conservantesX X X X

Restrições quanto a dosagem X

Deve conter plásticos recicláveis X

Deve ser adequado ao sistema de águas residuais X

Não deve ser considerado ambientalmente perigoso X

Deve conter frases de risco sobre classificação de

produto nocivo ou irritanteX

O produto não diluido não deve contribuir para o

empobrecimento da camada de ozônioX

Deve gerar um relatório sobre gestão de resíduos e

energiaX

Deve conter informações ao consumidor X

Deve ter a EU Flower X

Não deve ser classificado como desregulador endócrinoX

Figura 6 – Critérios importantes avaliados por sete selos ambientais

¹ Pelo menos 90% devem ser biodegradáveis anaeróbicamente

Metais tóxicos, incluindo, mas não limitados, ao arsênio, cádmio, cromo, chumbo,

prata e mercúrio;

² Não de conter tricloro etano e outros compostos;

Substâncias genotóxicas, mutagênicas, teratogênicas e tóxicas à reprodução de

acordo com a Lei de Substâncias Perigosas B.E. 2535;

³ Hipoclorito de sódio e compostos roganoclorados;

Superior a 0,1% de qualquer ingrediente que é classificado ou pode ser

classificado como mutagênico ou teratogênico; superior a 1% de qualquer

ingrediente que é classificado como um sensibilizador de contato ou como um

possível agente mutagênico . *⁴

Não deve conter doadores de formaldeído

¹

O produto não deve conter mais de 0,1% em peso de substâncias classificados

como: causadoras de sensibilização por contato na pele ou inalação.⁵

Não deve exceder 25 mg/l

*de acordo com os critérios aprovados para a classificação de substâncias perigosas pelo

Regime de Avaliação e Notificação da Indústria Nacional.⁶

Fosfatos e Fosfonatos no detergente não devem exceder 0,5%

por kg do produto A partir dos critérios apresentadas nos selos investigados, pode-se ressaltar alguns que estão

frequentemente presentes, caracterizando-os como importantes requisitos para serem

aplicados num possível selo brasileiro, tais como os detergentes: conter surfactantes

biodegradáveis; atender restrições quanto à degradabilidade anaeróbica; não conter EDTA,

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NTA e APEO e não conter componentes bioacumuláveis. Os demais critérios presentes nos

selos se aplicam a situações ou formulações específicas e devem ser considerados caso a caso.

Para atender ao segundo objetivo deste artigo, foram elaborados perguntas que estão em fase

de aplicação a indústrias que manufaturas detergentes e produtos de limpeza doméstica em

geral.

a) Quais são as legislações/normas técnicas que a empresa deve atender ao desenvolver

produtos/processo com enfoque em sustentabilidade ou meio ambiente?

b) A empresa já atende a alguma certificação/selo voluntária ou compulsória? Quais?

c) Na inexistência de certificação, a empresa realiza alguma prática voltada ao meio ambiente ou

à sustentabilidade?

Dentre as normas pesquisas, existe o manual de boas práticas na produção de detergentes da

ANVISA, mas nada em específico para o fator ambiental.

5 Considerações finais

No Brasil já existem iniciativas para a certificação ambiental voltada para produtos de higiene

pessoal (xampus, sabonetes sólidos e líquidos e higienizadores corporais), calçados de couro e

produtos têxteis. A ABNT ou está desenvolvendo um selo de qualidade ambiental para

produtos de higiene pessoal, avaliando a redução de consumo de energia, materiais e impactos

de poluição provenientes da produção, uso e descarte dos produtos. O Brasil já tem várias

tomadas de iniciativas em diversos ramos industriais, além de ter competência de se inserir

para essa modalidade metrológica. Porém para continuar nesse caminho, devem-se continuar

pesquisando mais sobre as variáveis ecológicas, basenado-se principalmente nos selos já

existentes e de grande impacto no mercado e qualificando os sistemas de garantia ambiental

das empresas nacionais e internacionais, para que o consumidor crie e aprimore os hábitos

sustentáveis.

Um dos mecanismos de avaliação de conformidade existente, além da certificação abordada

nesse trabalho, é a etiquetagem. Como sugestão a novos trabalhos, pode-se estudar melhor o

processo de elaboração, baseando-se num programa já existe no Brasil, que é o de eficiência

energética, criando portarias e especificações baseadas na certificação ambiental proposta.

Para dar prosseguimento aos passos necessários à criação de um programa de etiquetagem

para produtos de limpeza é necessário identificar se existem normas ou leis nacionais que os

fabricantes devam atender. Entende-se como argumento para investigações futuras, a

elaboração de um questionário de pesquisa que possa ser aplicado em indústrias fabricantes de

produtos de limpeza doméstica/detergentes, e em toda sua cadeia produtiva, visando

identificar exigências legais vigentes. As possíveis exigências legais definirão outros

requisitos que se constituem em informações de entrada para um futuro programa etiquetagem

nacional.

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