crime passional- por que eles matam por amor

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COMPORTAMENTO POR QUE ELES MATAM POR AMOR¿ “Quando atirei na Ângela a minha angústia e dor eram terríveis. Matei por amor(...) ”, diz Doca Street após matar a sua namorada e socialite Ângela Diniz. ESPE CIAL ANA MÁRCIA ARAÚJO DE AGUIAR- RA: 2208108076 JORNALISMO INTERPRETATIVO ESPECIAL “MATEI POR AMOR”

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ESPE CIAL POR QUE ELES MATAM POR AMOR¿ ANA MÁRCIA ARAÚJO DE AGUIAR- RA: 2208108076 JORNALISMO INTERPRETATIVO ESPECIAL “Quando atirei na Ângela a minha angústia e dor eram terríveis. Matei por amor(...)”, diz Doca Street após matar a sua namorada e socialite Ângela Diniz.

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Page 1: Crime passional- Por que eles matam por amor

COMPORTAMENTO POR QUE ELES MATAM POR AMOR¿

“Quando atirei na Ângela a minha angústia e dor eram terríveis. Matei por amor(...)”, diz Doca Street após matar a sua namorada e socialite Ângela Diniz.

ESPE

CIAL

ANA MÁRCIA ARAÚJO DE AGUIAR- RA: 2208108076 JORNALISMO INTERPRETATIVO

ESPECIAL

“MATEI POR AMOR”

Page 2: Crime passional- Por que eles matam por amor

POR QUE ELES MATAM POR AMOR?

Doca Street foi pivô de um dos crimes passionais

mais conhecidos do país no final da década de

70, assassinou a socialite e namorada Ângela

Diniz. Na época ele se sentia ofendido, magoado

e desprezado. Ele declarou que foi sua culpa,

entendia o que tinha acontecido, mas a angústia

e a dor que sentia eram terríveis. “Para mim a

vida tinha acabado”, relatou depois de matá- la

com três tiros. “Matei por amor”, disse Doca ao

sair do tribunal quando foi absolvido no primeiro

julgamento, mas condenado no segundo

julgamento.

Doca Street não aceitava o jeito

descontraído de Ângela Diniz. Ela sempre

simpática e linda roubava a atenção de

todos, suas atitudes e comportamentos às

vezes eram chocantes para aquela época. E

foi com uma mudança brusca de opção

sexual, ou bissexualidade que Doca se

sentiu um verme. Com três tiros tirou a vida da armada.

Outro caso não tão recente que

ficou conhecido no país inteiro foi o

da adolescente Eloá Cristina, 15

anos, que residia na cidade de

Santo André, no grande ABC.

Namorava Lindemberg 22 anos,

começou a se envolver quando

tinha 12 anos e ao terminar o

namoro (com 15 anos) tornou- se

refém num cárcere privado mais

longo do país. O Brasil acompanhou

de perto e ao vivo todo o drama que

acabou em tragédia. Nayara amiga

e também refém de Lindemberg,

afirmou: “ele queria voltar com Eloá,

perguntava por que ela o

desprezava e humilhava”. Após

saber que Eloá tinha falecido ele

declarou para os policiais que a

amava e não queria que tivesse

acabado desse jeito.

Lindemberg não aceitava o término

do namoro, achava que não poderia

viver sem ela. Sentia- se

desprezado e só, sem vontade de

viver.

COMPORTAMENTO

Page 3: Crime passional- Por que eles matam por amor

Eloá Lindemberg

O crime passional é conhecido

como homicídio movido de uma

paixão descontrolável e

momentânea. Paixão vem do grego

pathos pode ser definida como uma

afeição, sentimento forte e

dominante. O crime é movido por

paixão ou intenso descontrole

emocional¿ Por que uma pessoa

que se diz feliz e faz juras de amor

é capaz de dar fim ao ente amado¿

Pessoas de várias classes sociais,

aparentemente normal e saudável

ou sem nenhum desequilíbrio

emocional, pode sim matar em

surtos ou sob grande pressão.

Vamos percorrer os casos mais

chocantes de paixão e tragédia,

tentar entender com relatos de

especialistas, assassinos e uma

vítima por que eles matam por

amor.

Vendo essas duas histórias,

podemos afirmar que o criminoso

passional não tem raça, credo, faixa

etária ou classe social, mas na

maioria dos casos tem sexo, o

masculino.

Casos assim vêm aumentando no

índice de criminalidade. Pesquisas

feitas pela Delegacia da Mulher em

2010 apontam que a cada 10

assassinatos por dia no Estado de

São Paulo dois são crimes

passionais.

Números preocupantes, apesar de

ter a Lei Maria da Penha e proteção

as mulheres vítimas de abuso,

ainda assim não é possível de evitar

tal tragédia.

Segundo especialistas psiquiatras

forenses, todo mundo tem um grau

de periculosidade, mas poucos se

deixam levar para insanidade a

ponto de cometer um crime. É até

chocante afirmar que também faz

parte da cultura brasileira e

machista. Se a mulher desonrasse o

seu companheiro matar era lavar a

honra do homem. Isso culturalmente

ainda existe.

“O crime passional, diferentemente

do assassinato por conveniência

jamais é planejado com

antecedência. Ele pode ser um

sociopata ou até um neurótico

ansioso. Mata no momento, muitas

vezes sem intenção, não é

premeditado, simplesmente

explode”, afirma o psiquiatra

Eduardo Ferreira Santos.

Esses dois casos de

paixão poderiam ser

visto de outra forma,

se não fosse trágico.

Page 4: Crime passional- Por que eles matam por amor

A infância tem um papel muito

importante no desenvolvimento

sadio e mental do ser humano.

Alguns traços podem denunciar que

algo não está sendo assimilado de

forma correta. Se o assassino

sofresse de uma patologia psíquica

já demonstraria desde criança

alterações emocionais como:

torturar animais, vandalismo,

mentiras sistemáticas, agressão aos

colegas da escola e desafia

autoridades dos pais e professores.

Ao contrário daquele que comete

um crime passional é que não

demonstra rastro de maldade, pelo

contrário, se mostram tranqüilos,

controlados sem risco aparente. No

momento do crime são desprovidos

de emoção.

Na opinião do Bacharel em Direito

Benedito Raymundo Beraldo Jr.

“depois do ocorrido do fato o

homicida passional não tem medo

de zombarias, é como o significado

de futuro não existisse, fica preso

ao passado sentindo- se lesado,

ofendido na honra e no sentimento

pessoal. Relembram as juras de

amor eterno, os carinhos

dispensados ao outro e deixa sem

perceber a emoção tomar conta de

si”.

O que vemos é que a história de

amor dos homicidas passionais é

egocêntrica. Sabemos que a paixão

é um sentimento violento e

passageiro, mas para aqueles que

comentem o crime é um sentimento

impregnado por uma emoção

violenta, duradoura e colérica, com

dependência do outro, necessidade

de ter a pessoa pretendida sempre

sob controle e por perto para vigiar

seus passos. A possessividade e a

dominação são características

predominantes. O criminoso forma

uma combinação explosiva com

uma determinada parceira. A

maioria daqueles que cometem um

crime passional têm tendências

psicopatas.

Relatos de testemunhas ou vítimas

dizem que antes do crime eles eram

calmos, nunca tinha matado,

calados, incapazes de fazer mal a

alguém. Geralmente são homens

mais velhos relativo à mulher,

inseguros, ciumento, possessivo,

vaidoso e egoísta, eles relaciona- se

a mulheres mais novas, que não

reage e sabe manipular os

sentimentos do cônjuge.

Segundo Ana

Beatriz

Barbosa

Silva,

escritora,

psiquiatra,

autora de

livros que

falam de

„Mentes

perigosas‟ e „Mentes inquietas‟, diz

“o mal existe e não tem cura”. Ela

“O MAL EXISTE E NÃO TEM CURA”, AFIRMA ANA BEATRIZ BARBOSA, PSIQUIATRA

Page 5: Crime passional- Por que eles matam por amor

revela que 4% da população

apresentam esse lado sombrio da

mente.

Tive a oportunidade de entrevistar

uma jovem vítima que quase entrou

nessas estatísticas.

De poucas palavras, demonstrando

medo e insegurança, abriu um

pouco de sua vida, parte é essa que

gostaria de esquecer para sempre.

D.J.B., 26 anos, moradora da zona

norte de São Paulo, sabe muito bem

esse lado do psicopata, viveu na

pele por seis longos anos essa

tortura psicológica e física. Fez

boletim de ocorrência, corpo delito,

fugiu de onde morava sem olhar

para trás. Ainda hoje tem pesadelos

e muito medo que ele lhe encontre

boletim de ocorrência, corpo delito,

fugiu de onde morava sem olhar

para trás. Ainda hoje tem pesadelos

e muito medo que ele lhe encontre.

Ana: Como você o conheceu e

como era o relacionamento dos

dois?

D.J.B.: Os dois primeiros anos foi

um pouco tranquilo, ciumento e sem

exageros, mas tomava cuidado para

não aborrecê- lo. Era prestativo,

atencioso comigo e minha mãe.

Ana: Em que momento você

percebeu a mudança dele?

D.J.B.: Já com dois anos e meio,

fiquei ensaiando para terminar.

Quando tive coragem já estávamos

com 4 anos de namoro, tomei

coragem e terminei. Ele virou um

monstro com torturas psicológicas e

físicas. Me ameaçava todo dia,

ficava horas na frente do meu

trabalho, vigiava minha casa,

mandava mensagens, ligava, era

um terror. Com o término do namoro

“Demorei a dar o grito de socorro, mas graças a Deus não foi tarde”, conta a D.J.B. que fugiu por seis anos de um ex namorado psicopata.

Page 6: Crime passional- Por que eles matam por amor

desencadeou uma personalidade

que eu não conhecia de fato. Isso

aconteceu na época do sequestro

da Eloá, aquela de Santo André que

morreu. Ele falava que iria fazer

tudo aquilo comigo, fiquei

apavorada.

Ana: Você procurou ajuda, falou

para alguém da tua família¿

D.J.B. Demorei para dar o grito de

socorro, mas graças a Deus não foi

tarde. Tive coragem no dia em que

ele me sequestrou de carro, levou-

me para dentro de um matagal para

me violentar, lutei com todas as

minhas forças e conseguir me livrar.

Fiz corpo de delito, boletim de

ocorrência, mas não dei seguimento

ao processo.Tive medo dele achar

que não tinha mais nada a perder e

me matasse. Falei com minha mãe

e saimos de madrugada para um

lugar distante, ninguém da minha

família sabia. Por 2 anos ele

atormentou meu tio com ameaças

para saber onde eu estava.

Ana: Você fez algum tipo de

terapia para passar por cima

disso¿

D.J.B.: Não...Por muito tempo fiquei

bloqueada para relacionamentos.

Ainda tenho pesadelos com ele.

Tenho medo de a qualquer

momento ele apareça.

Ana: E hoje o seu coração está

ocupado¿

D.J.B.: Sim... Ele dar muita força e

coragem para eu esquecer. Ele

realmente me faz bem, sem

neuroses e risco. Agora eu sei o

que é respirar.

“O amor é capaz de abalar todo o

organismo”, diz o neurocientísta Renato

Sabbatini. Ele ao contrário da psiquiatra

Ana Beatriz Barbosa acredita que a

„doença da paixão é autocurável‟. Renato

Sabbatini explica como nosso organismo

reage a paixão.

A PAIXÃO CIENTIFICAMENTE

Page 7: Crime passional- Por que eles matam por amor

Quando estamos apaixonados

fisiologicamente o nosso

organismo sofre várias e

grandes alterações parecido de

um estresse. Os sintomas são

esses: aumento da pressão

sanguínea, dilatação dos vasos

na pele( é o que deixa o nosso

rosto corado), a liberação da

adrenalina, aumento do

metabolismo e da temperatura

corpórea, tremor muscular,

aumento do consumo de glicose

pelas células, aumento da

freqüência cardíaca e

respiratória e da força de

contração do músculo cardíaco,

suspirando várias vezes, pressão

no peito( por isso que se associa

o amor ao coração).

É comprovada pelo exame

ressonância magnética que

existem várias alterações

cerebrais em determinadas

regiões, inclusive substâncias

secretadas pelas células com a

dopamina e endorfina, também

liberam o hormônio da paixão a

ocitocina secretada pela hipófise

anterior.

Talvez toda essa alteração pode

desencadear um mal reverso,

não compreendido por alguns

seres humanos e é aí que tudo

explode por dentro sem causa

aparente.

Por Ana Márcia Aaron.

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