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  • 7/27/2019 CPFL - MODELO DE AO

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    MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA EM RIBEIRO PRETO/SP

    EXCELENTSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DA 2 SUBSEO

    JUDICIRIA DO ESTADO DE SO PAULO

    O MINISTRIO PBLICO FEDERAL, no exerccio das

    atribuies previstas nos artigos 127 e seguintes, da

    Constituio da Repblica de 1988, na Lei Complementar n 75/93,

    e com fundamento no artigo 37 da Carta Poltica de 1988, bem

    assim na Lei n 7.347/85, vem propor

    AO CIVIL PBLICA

    em face de

    CPFL Companhia Paulista de Fora e Luz,

    sociedade annima com filial em Ribeiro Preto,CNPJ n 33.050.196/0001-88, na pessoa de seuGerente Regional em Ribeiro Preto, situada na Av.Paschoal Innechi, n 888, CEP 14076-010;

    pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

    Rua Alice Alm Saadi, n 665 Nova Ribeirnia - CEP 14.096-570 Ribeiro Preto/SP- Telefone: 16 3965 2010

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    MINISTRIO PBLICO FEDERAL 2

    1. Dos fatos

    1.1. Do procedimento administrativo n 1.34.010.000306/2003-64

    A presente Ao Civil Pblica se originou a partir

    dos procedimentos administrativos em epgrafe, instaurados em

    razo de representaes da Fundao de Proteo e Defesa do

    Consumidor (PROCON), em Ribeiro Preto/SP e em Sertozinho/SP,

    noticiando diversas reclamaes imputadas COMPANHIA PAULISTA

    DE FORA E LUZ CPFL, referentes forma com que so feitasaferies nos medidores de energia instalados nas unidades

    consumidoras de seus usurios.

    Segundo consta dos autos, a partir do ano de 2002,

    a COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ passou, de forma mais

    acentuada, a realizar vistorias em residncias em Ribeiro Preto

    - e demais cidades que compem a jurisdio da 2 Subseo

    Judiciria do Estado de So Paulo -, com o intuito de constatar

    eventuais fraudes ou irregularidades nos aparelhos de medio de

    consumo de energia eltrica.

    At a. No haveria nenhuma ressalva. Contudo, de

    forma sistemtica, ante a constatao unilateral de que

    supostamente haveria rompimento, violao ou falsificao de

    lacres, causando danos no mecanismo interno do aparelho medidor

    e importando em medies de consumo de energia inferiores ao

    real, os agentes da COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ passaram a

    promover a retirada do aparelho medidor e a apresentar ao

    consumidor um documento denominado Termo de Ocorrncia de

    Irregularidade (TOI) para que seja assinado, sem esclarecer

    sobre o seu contedo.

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    Ocorre que, ao firmar o referido Termo de

    Ocorrncia de Irregularidade, o consumidor est se declarando

    ciente e comprometido a ressarcir o dbito correspondente aos

    danos e prejuzos COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ,

    referentes s ocorrncias descritas no termo e constatadas na

    unidade de consumo sob sua responsabilidade. Literalmente, o

    contedo da declarao o seguinte1:

    Declaro estar ciente e comprometido a ressarcir CPFL Companhia Paulista de Fora e Luz, odbito correspondente aos danos e prejuzoscausados mesma, calculados conforme preceitua alegislao vigente, referentes s ocorrnciasdescritas neste termo e constatadas na unidade deconsumo sob minha responsabilidade.

    Aps, o consumidor recebe correspondncia de

    empresa privada especializada em cobrana informando que, caso

    no concorde com a cobrana ou os respectivos valores os

    quais, diga-se de passagem, so bastante elevados -, dever

    apresentar recurso no prazo de 10 (dez) dias, sendo que a noapresentao do recurso no prazo determinado, ou o no pagamento

    na data de vencimento, implicar na suspenso imediata do

    fornecimento de energia eltrica2.

    Fica evidente que, diante do grave dano

    representado pela iminente interrupo do fornecimento de

    energia, os consumidores, embora no concordando com a acusao

    de fraude ou mesmo com os valores estimados, se vem coagidos a

    assinarem o Termo de Ocorrncia de Irregularidade.

    Essa prtica adotada pela COMPANHIA PAULISTA DE

    FORA E LUZ abusiva, no s porque na sua execuo muitas

    vezes submete as pessoas a situao vexatria, mas tambm porque

    1Conforme fls. 10, 16, 30 e 36 do procedimento administrativo n. 1.34.010.000306/2003-64.2Conforme fls. 08, 15, 20, 28 e 35 do procedimento administrativo n. 1.34.010.000306/2003-64.

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    viola princpios e direitos dos consumidores, dizendo-se

    utilizar os ditames da Resoluo n 456/00 da ANEEL para dar

    aparncia de legalidade aos seus atos.

    O certo que a conduta da COMPANHIA PAULISTA DE

    FORA E LUZ extrapola em muito o regramento previsto na

    Resoluo n 456/00 da ANEEL. Apesar de prever a lavratura, a

    norma exige a elaborao de laudo pericial para a comprovao

    tcnica de possveis vcios, bem como, no prev clusula de

    reconhecimento de dvida. Cabe aqui transcrio do artigo 72 da

    referida norma:

    Artigo 72. Constatada a ocorrncia de qualquerprocedimento irregular cuja responsabilidade nolhe seja atribuvel e que tenha provocadofaturamento inferior ao correto, ou no caso deno ter havido qualquer faturamento, aconcessionria adotar as seguintes providncias:I - emitir o Termo de Ocorrncia deIrregularidade, em formulrio prprio,contemplando as informaes necessrias ao

    registro da irregularidade, tais como:a) identificao completa do consumidor;b) endereo da unidade consumidora;c) cdigo de identificao da unidadeconsumidora;d) atividade desenvolvida;e) tipo e tenso de fornecimento;f) tipo de medio;g) identificao e leitura(s) do(s) medidor(es) edemais equipamentos auxiliares de medio;h) selos e/ou lacres encontrados e deixados;i) descrio detalhada do tipo de irregularidade;

    j) relao da carga instalada;l) identificao e assinatura do inspetor daconcessionria; em) outras informaes julgadas necessrias;II - solicitar os servios de percia tcnica dorgo competente vinculado segurana pblicae/ou do rgo metrolgico oficial, este quando sefizer necessria a verificao do medidor e/oudemais equipamentos de medio;III - implementar outros procedimentosnecessrios fiel caracterizao dairregularidade;

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    IV - proceder a reviso do faturamento com basenas diferenas entre os valores efetivamentefaturados e os apurados por meio de um doscritrios descritos nas alneas abaixo, semprejuzo do disposto nos arts. 73, 74 e 90:a) aplicao do fator de correo determinado apartir da avaliao tcnica do erro de mediocausado pelo emprego dos procedimentosirregulares apurados;b) na impossibilidade do emprego do critrioanterior, identificao do maior valor de consumode energia eltrica e/ou demanda de potnciaativas e reativas excedentes, ocorridos em at 12(doze) ciclos completos de medio normalimediatamente anteriores ao incio dairregularidade; ec) no caso de inviabilidade de utilizao deambos os critrios, determinao dos consumos deenergia eltrica e/ou das demandas de potnciaativas e reativas excedentes por meio deestimativa, com base na carga instalada nomomento da constatao da irregularidade,aplicando fatores de carga e de demanda obtidos apartir de outras unidades consumidoras comatividades similares. 1 Se a unidade consumidora tivercaracterstica de consumo sazonal e airregularidade no distorceu esta caracterstica,a utilizao dos critrios de apurao dosvalores bsicos para efeito de reviso dofaturamento dever levar em considerao osaspectos da sazonalidade. 2 Comprovado, pela concessionria ouconsumidor, na forma do art. 78 e seuspargrafos, que o incio da irregularidadeocorreu em perodo no atribuvel ao atualresponsvel, a este somente sero faturadas asdiferenas apuradas no perodo sobresponsabilidade do mesmo, sem aplicao dodisposto nos arts. 73, 74 e 90, exceto nos casosde sucesso comercial. 3 Cpia do termo referido no inciso I deverser entregue ao consumidor no ato da sua emisso,preferencialmente mediante recibo do mesmo, ou,enviada pelo servio postal com aviso derecebimento (AR). 4 No caso referido no inciso II, quando nofor possvel a verificao no local da unidadeconsumidora, a concessionria dever acondicionaro medidor e/ou demais equipamentos de medio eminvlucro especfico, a ser lacrado no ato daretirada, e encaminhar ao rgo responsvel pela

    percia.

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    Diante da patente utilizao de prtica abusiva

    pela COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ em detrimento de diversos

    consumidores de Ribeiro Preto e regio e do risco de ver

    agravado este quadro, no h outra alternativa seno a

    propositura desta ao3 para obstar a referida prtica, bem como,

    para garantir a continuidade da prestao adequada de servio

    pblico essencial aos aludidos consumidores.

    1.2. Do procedimento administrativo n 1.34.010.000516/2006-03

    A presente Ao Civil Pblica tambm buscou

    elementos no citado procedimento, o qual foi instaurado em

    virtude de cpia dos autos do Mandado de Segurana n

    2006.61.02.003667-2.encaminhada por determinao do Juzo da 2

    Vara Federal.

    Segundo consta da respeitvel deciso4, a

    existncia de inmeras aes com o mesmo objeto, ou seja, a

    interrupo do fornecimento de energia eltrica em residncias

    de pessoas que se encontram momentaneamente impossibilitadas de

    pagar as faturas mensais de energia eltrica por motivos de

    doena ou outra situao de carncia material e financeiras

    passageiras e considerando princpio da dignidade da pessoa

    humana e a essencialidade dos servios em questo motivou o

    Poder Judicirio a remeter cpia do feito mencionado para que O

    MINISTRIO PBLICO FEDERAL adotasse as providncias pertinentes.

    Assim, diante do inadimplemento dos

    hipossuficientes consumidores, fica clara a conduta da COMPANHIA

    PAULISTA DE FORA E LUZ em adotar, como uma das primeiras

    3 Segue-se nesta inicial os argumentos extrados da Ao Civil Pblica n. 2153/04, 6 Vara Cvel da Comarca de Barueri/SP.4

    Conforme fls. 134 do procedimento administrativo n. 1.34.010.000516/2006-03.

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    medidas, justamento a interrupo no fornecimento de energia

    eltrica, no restando outra alternativa seno a propositura

    desta ao para obstar a referida prtica, bem como, para

    garantir a continuidade da prestao adequada de servio pblico

    essencial aos consumidores deste servio essencial.

    2. Breves consideraes sobre a competncia do Juzo

    Cabe um breve aparte para mencionar que a questoda competncia da Justia Federal para processar e julgar a

    presente demanda j foi debatida no bojo dos autos de Conflito

    de Competncia n. 52.743-SP5, suscitado justamente por uma das

    Varas Federais da 2 Subseo Judiciria do Estado de So Paulo.

    A ementa ficou assim redigida:

    CONFLITO DE SEGURANA MANDADO DE SEGURANAIMPETRADO CONTRA DIRIGENTE DE CONCESSIONRIA DEENERGIA ELTRICA COMPETNCIA DA JUSTIAFEDERAL.

    Traz-se baila Smula n. 150 emitida pelo

    Superior Tribunal de Justia, na qual se reafirma a competncia

    deste Juzo em feitos desse jaez:

    Compete Justia Federal decidir sobre aexistncia de interesse jurdico que justifique apresena, no processo, da Unio, suas Autarquiasou Empresas Pblicas.

    Assim, considerando que a concessionria de

    energia eltrica age por delegao do Poder Pblico Federal e,

    no caso vertente, a COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ est

    flagrantemente descumprindo as determinaes contidas na

    5Conforme fls. 14/19 do procedimento administrativo n. 1.34.010.000516/2006-03.

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    Resoluo n 456/00 da ANEEL, encontra-se presente interesse

    jurdico a justificar a competncia da Justia Federal para o

    julgamento do presente feito.

    3. Do direito

    3.1. Das prticas abusivas cometidas pela requerida

    3.1.1. Da presuno de que o consumidor frauda o seu aparelhomedidor e dos meios utilizados para a estimao do consumo

    nesses casos

    A Lei n. 8.078/90, mais conhecida como Cdigo de

    Defesa do Consumidor, define no artigo 39, inciso V, dentre

    outras atividades, como sendo prtica abusiva exigir do

    consumidor vantagem manifestamente excessiva.

    O mesmo codex, no artigo 51, pargrafo 1, ao

    tratar das clusulas abusivas, traz critrios de aferio da

    vantagem excessiva, nos seguintes termos:

    Presume-se exagerada, entre outros casos, avantagem que:I - ofende os princpios fundamentais do sistema

    jurdico a que pertence;II - restringe direitos e obrigaes fundamentaisinerentes natureza do contrato, de tal modo aameaar seu objeto ou o equilbrio contratual:III mostre-se excessivamente onerosa para oconsumidor, considerando-se a natureza e contedodo contrato, o interesse das partes e outrascircunstncias peculiares ao caso.

    A legislao consumerista se norteia conforme o

    princpio da vulnerabilidade do consumidor e da harmonizao dos

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    interesses, com base no equilbrio e na boa-f, estabelecendo,

    ainda, como direitos bsicos do consumidor, o acesso s

    informaes adequadas e claras sobre os servios, com

    especificao correta da quantidade e do preo.

    Na apurao do consumo supostamente subtrado, a

    COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ no dispe de nenhum mtodo

    seguro para chegar ao valor efetivamente consumido e no

    registrado pelo medidor pretensamente adulterado ou violado.

    O que a Resoluo n 456/00 da ANEEL prope, narealidade, so critrios de estimao ou de arbitramento, mas

    no de apurao ou constatao objetiva do que foi consumido ou

    subtrado do medidor.

    Partindo-se do pressuposto de que a imputao de

    fraude ou adulterao verdadeira, no se tem como determinar

    em que momento esta efetivamente ocorreu. J se vislumbra neste

    aspecto a subjetividade e a arbitrariedade na eleio de

    critrios pela COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ para estimar o

    possvel valor da energia desviada do registro.

    A constatao de que houve um degrau no nvel de

    consumo, ou seja, que em determinado ms em perodo anterior

    constatao da fraude houve significativa diminuio em relao

    ao padro normal de consumo, trata-se de tnue indcio que pode

    muito bem coincidir com um ms em que a moradia esteve

    desabitada por motivo de viagem ou desocupada ainda que

    parcialmente por qualquer outra razo particular.

    Tentar estimar o consumo pela carga atual de

    aparelhos ou pontos de luz existentes na residncia tampouco se

    mostra como meio adequado ou capaz de trazer informao segura

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    do consumo passado efetivo, pois no h certeza de que todos os

    aparelhos ou pontos de consumo j existiam no perodo adotado ou

    mesmo que estiveram efetivamente ligados ou em operao como se

    supe no clculo.

    A anlise de dois casos, dentre outros tantos

    ocorridos em Ribeiro Preto/SP, revela como o critrio de

    estimao de consumo equivocado e sujeito a erros grotescos,

    apresentando valores incompatveis com o padro de consumo da

    famlia consumidora.

    Foi juntado o memorial de clculos do valor

    estimado do consumidor Benedito Garcia dos Reis6. Denota-se que

    no h qualquer justificativa para se adotar o aventado perodo,

    bem como o marco inicial da suposta irregularidade. No se

    mostra crvel que a fraude tenha sido cometida h tanto tempo e

    com valores to exorbitantes (R$1.727,59 um mil, setecentos e

    vinte e sete reais e cinqenta e nove centavos) e somente ento

    vir a ser constatada, apesar dos agentes da COMPANHIA PAULISTA

    DE FORA E LUZ fazerem mensalmente a leitura do relgio.

    Registre-se que no h apresentao de laudo

    pericial com o fim de atestar as irregularidades aventadas, como

    se exige a Resoluo n 456/00 da ANEEL em seu artigo 72.

    possvel depreender que neste caso, como em

    outros tantos, o perodo eleito como indicador do incio da

    irregularidade escolhido simplesmente por ser o de maior

    consumo faturado, o que permite a COMPANHIA PAULISTA DE FORA E

    LUZ obter maior lucro, sem nenhuma relao com o provvel ms em

    que se deu a pretensa fraude.

    6Conforme fls. 29 do procedimento administrativo n. 1.34.010.000306/2003-64.

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    No caso adotado como paradigma, verifica-se que o

    ms escolhido como incio do perodo irregular junho de 2001,

    mas o consumo referencial adotado foi de 485 kwh relacionado ao

    ms de outubro de 2000. No ltimo ms constante do memorial, o

    valor medido foi de 269 kwh. Nota-se que em todo o perodo h

    diversos valores de consumo.

    Ora, se o consumidor tivesse cometido a fraude que

    lhe apontada, provavelmente se beneficiaria com registros de

    consumo nfimos. Como se explica, ento, que o consumidor em

    questo instalou dispositivo fraudulento em junho de 2001, sequase a totalidade dos registros posteriores apresentou um

    consumo superior quele tido na suposta data em que teria havido

    a irregularidade no aparelho medidor?

    Outra situao esdrxula, que demonstra a forma

    arbitrria de estimativa da dimenso da pretensa fraude, ocorreu

    com o consumidor Antnio Carlos Conceio7, onde o prprio

    consumidor informa que reside naquele endereo desde a data de

    04 de agosto de 2001 e que no alterou caractersticas de seu

    relgio medidor.

    Desprezando os argumentos expendidos pelo

    consumidor, a COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ imputou-lhe os

    valores devidos desde o ms de abril de 2000, quando alegam que

    teria se iniciado a fraude, totalizando o montante exorbitante

    de R$ 4.429,95 (quatro mil, quatrocentos e vinte e nove reais e

    noventa e cinco centavos).

    Mais uma vez, a COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ

    partiu do pressuposto de que a fraude ocorreu em perodo

    coincidente com o mais alto consumo de energia da unidade

    7Conforme fls. 34/37 do procedimento administrativo n. 1.34.010.000306/2003-64.

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    de seus agentes com a imposio de clusula de reconhecimento de

    dvida no bojo do Termo de Ocorrncia de Irregularidade.

    A situao gerada por esta prtica abusiva na

    acepo legal do termo, pois traz vantagem excessiva a COMPANHIA

    PAULISTA DE FORA E LUZ em detrimento do consumidor, estando em

    total desacordo com o teor do artigo 51, pargrafo 1, inciso I,

    do Cdigo de Defesa de Consumidor. cristalina a ofensa aos

    princpios da boa-f e do equilbrio, bem como ao direito bsico

    informao precisa da quantidade e do preo do servio.

    H vantagem excessiva tambm nos termos do inciso

    II do referido dispositivo, pois a ameaa de corte, ou de

    privao do servio essencial, retira do consumidor a opo de

    no aceitar a estimativa feita pela COMPANHIA PAULISTA DE FORA

    E LUZ, reduzindo-lhe a possibilidade de discutir judicialmente

    ou at mesmo por meio de perito imparcial (o que inclusive est

    previsto na resoluo e no deliberadamente informado ao

    consumidor), no s a ocorrncia da fraude, mas sobretudo o

    valor a ser arbitrado pelo ato ilcito que lhe imputado, isto

    , o prejuzo causado pela fraude na medio.

    Tal prtica restringe o direito de escolha do

    consumidor, como tambm o seu direito fundamental inerente

    natureza do contrato, que o direito informao precisa da

    quantidade de energia consumida. Tal prtica ameaa o objeto do

    contrato ou mesmo o seu equilbrio, pois ao exigir pagamento de

    valores arbitrados em torno de R$ 4.000 (quatro mil reais), sob

    pena de corte no fornecimento de energia, acaba por privar os

    consumidores de servio essencial ou exigir pagamento que muitas

    vezes supera at o valor do prprio imvel.

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    Por ltimo, a prtica adotada pela COMPANHIA

    PAULISTA DE FORA E LUZ de cobrar valores arbitrados por ela

    prpria decorrentes do ato ilcito, com a possibilidade de corte

    do fornecimento de energia, representa uma vantagem

    excessivamente onerosa ao consumidor, que sequer conta com

    respaldo efetivo, seja da Lei de Concesses ou mesmo da

    Resoluo n. 456/00 da ANEEL.

    3.1.2. Da suspenso abrupta de energia eltrica a consumidoresinadimplentes

    Consoante se pode depreender dos fatos ocorridos

    com o impetrante na ao mandamental referida no item 1.2 e do

    teor da respectiva deciso judicial, atitude corriqueira da

    COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ suspender o fornecimento de

    energia eltrica dos consumidores que se encontram

    inadimplentes.

    A legislao prev a possibilidade de a

    concessionria de servio pblico interromper o fornecimento de

    energia eltrica somente em duas hipteses: 1) se motivada por

    razes de ordem tcnica ou de segurana das instalaes, e 2)

    por inadimplemento do usurio, considerando o interesse da

    coletividade (interesse pblico sobrepondo-se ao interesse

    particular), conforme disposto no artigo 6, pargrafo 3,

    inciso II, da Lei n 8.987/95:

    Artigo 6o Toda concesso ou permisso pressupe aprestao de servio adequado ao plenoatendimento dos usurios, conforme estabelecidonesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivocontrato.

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    meios, devidamente autorizados pela lei, anotando-se que o Poder

    Concedente (Estado) estabelece unilateralmente todos os aspectos

    do negcio jurdico realizado, subordinando-se o concessionrio

    (particular) a estes.

    Fica, entretanto, ressalvado o direito de ser

    cobrada a remunerao diretamente do usurio situado na outra

    ponta da relao jurdica pelos meios ordinrios, objetivando-

    se, enfim, a manuteno daquele equilbrio econmico-financeiro

    do contrato firmado.

    Contudo, no se pode olvidar do princpio da

    proporcionalidade, haja vista que eventual inadimplncia no

    pode ser invocada para a interrupo de servio essencial,

    principalmente em face dos consumidores em situao de quase

    total hipossuficincia.

    No caso apresentado como paradigma, o consumidor

    pessoa hipossuficiente, encontrando-se desempregado e acometido

    por cegueira como conseqncia de ser portador de sndrome de

    imunodeficincia adquirida. E mais, reside com ele e sob seus

    cuidados seus dois filhos menores. No caso em questo a

    interrupo do fornecimento de energia eltrica claramente leva

    a graves danos sade do consumidor e de seus filhos.

    Assim, os dispositivos legais permissivos ao corte

    de energia eltrica, no caso de haver constatao de

    irregularidades, esbarram-se no direito fundamental do indivduo

    dignidade. Posto isso, cumpre fazer prevalecer o chamado

    princpio da proporcionalidade, constitucionalmente

    consagrado, embora de forma implcita, mas decorrente dos

    princpios inerentes atividade administrativa em sentido amplo

    e do sistema jurdico-constitucional como um todo.

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    MINISTRIO PBLICO FEDERAL 17

    O princpio da proporcionalidade de aplicao

    cabvel nos casos, como o do presente, em que valores ou

    princpios constitucionais colidem entre si, sendo, neste

    sentido, um meio para solucionar o conflito entre normas usando

    da ponderao do peso relativo de cada uma delas aplicveis, em

    tese, possibilitando a fundamentao de decises em sentidos

    opostos. Na espcie, busca-se, portanto, a ponderao entre

    distintos bens constitucionais.

    O Supremo Tribunal Federal8

    , a respeito damatria, esclareceu:

    (...) a aplicao do princpio daproporcionalidade se d quando verificadarestrio a determinado direito fundamental ou umconflito entre distintos princpiosconstitucionais de modo a exigir que seestabelea o peso relativo de cada um dosdireitos por meio da aplicao das mximas que

    integram o mencionado princpio daproporcionalidade. So trs as mximas parciaisdo princpio da proporcionalidade: a adequao, anecessidade e a proporcionalidade em sentidoestrito. [...] H de perquirir-se, na aplicaodo princpio da proporcionalidade, se em face doconflito entre dois bens constitucionaiscontrapostos, o ato impugnado afigura-se adequado(isto , apto para produzir o resultadodesejado), necessrio (isto , insubstituvel poroutro meio menos gravoso e igualmente eficaz) eproporcional (ou seja, se estabelece uma relao

    ponderada entre o grau de restrio de umprincpio e o grau de realizao do princpiocontraposto).

    Usando o raciocnio acima exposto, h que se

    aquilatar, sob a tica do caso concreto, qual valor

    constitucionalmente garantido tem prevalncia.

    8IF n 2127-8/SP, acrdo publicado no DJ em 22 de agosto de 2003.

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    Entende-se, assim, a considerao da dignidade da

    pessoa humana como princpio a se relevar precipuamente perante

    a lide posta, porquanto os consumidores no podem ver sua

    unidade residencial privada de um bem essencial como a energia

    eltrica, de uso constante e importncia fundamental na vida

    moderna.

    O princpio da dignidade da pessoa humana

    constitui um dos princpios fundamentais do Estado Democrtico

    de Direito (artigo 1, inciso III, da Constituio Federal). A

    dignidade da pessoa humana o valor constitucional supremo queagrega em torno de si os demais direitos e garantias

    fundamentais expressos na Lei Maior. Sendo assim, sua

    observncia obrigatria para a interpretao de qualquer

    norma, pois, como entende Uadi Lammgo Bulos9, quando o texto

    constitucional proclama a dignidade da pessoa humana, est

    corroborando um imperativo de justia social.

    Destarte, no obstante a previso legal no sentido

    de autorizar o desligamento da energia eltrica pela

    concessionria em face de fraude no consumo de energia, o que se

    deve levar em conta o valor mais prejudicado, sendo da

    responsabilidade do julgador, como rgo jurisdicional que busca

    a pacificao social, promover a justia no conflito em litgio.

    importante, outrossim, demonstrar a

    essencialidade do servio de energia eltrica, o que

    impossibilita, por si s, a sua interrupo face ao princpio

    constitucional da dignidade da pessoa humana.

    evidente que a modernidade e o avano

    tecnolgico tornaram a energia eltrica um servio essencial. A

    9BULOS, Uadi Lammgo. Constituio federal anotada. 3. ed. So Paulo: Saraiva, 2001. p. 49

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    Sobre a natureza dos servios essenciais versa

    Zelmo Denari11:

    sempre muito complicado investigar a naturezado servio pblico, para tentar surpreender,neste ou naquele, o trao da sua essencialidade.Com efeito, cotejados, em seus aspectosmultifrios, os servios de comunicaotelefnica, de fornecimento de energia eltrica,gua, coleta de esgoto ou de lixo domiciliar,todos passam por uma gradao de essencialidade,que se exacerba justamente quando esto em causaos servios pblicos difusos (ut universi)relativos segurana, sade e educao.(...)Parece-nos, portanto, mais razovel sustentar aiminncia desse requisito em todos os serviosprestados pelo Poder Pblico.

    Ademais, a Lei n 7.783/89, a denominada "Lei de

    Greve", regulamentou o artigo 9, pargrafo 1, da Constituio

    da Repblica, ao classificar expressamente em seu 10 artigo os

    servios essenciais:

    Artigo 10 - So considerados servios ouatividades essenciais:I. tratamento e abastecimento de gua; produo edistribuio de energia eltrica, gs ecombustveis;

    Depreende-se, assim, consoante o artigo

    supracitado e o pargrafo nico do artigo 22 da lei

    consumerista, j transcrito outrora, a fundamentao legal

    exigida pelo ditames do direito positivo, que autoriza a

    compartilhar do entendimento aqui desenvolvido, ou seja, a

    energia eltrica possui natureza de servio essencial e deve,

    deste modo, ser prestada de maneira contnua.

    11Ada Pellegrine Grinover et al. Cdigo brasileiro de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 7. ed. Rio de Janeiro:

    Forense Universitria, 2001. p. 194.

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    Portanto, deflui-se que, pela natureza essencial

    da prestao do servio de energia eltrica, o corte de energia

    extrapola os limites da legalidade e afronta a dignidade da

    pessoa humana, devendo a concessionria se utilizar das vias

    processuais adequadas para a cobrana da fatura.

    Neste sentido j se proclamou o Tribunal de

    Justia do Paran12:

    ENERGIA ELTRICA - SUSPENSO DO FORNECIMENTO,ATRAVS DE ATO DA CONCESSIONRIA DO SERVIO

    PBLICO, POR ATRASO NO PAGAMENTO DA FATURAILEGALIDADE MANDADO DE SEGURANA CONCESSO -RECURSO PROVIDO.O fornecimento de energia eltrica constituiservio pblico essencial, devendo ser prestadocontinuamente (artigo 22, Lei 8.078/90), nosendo admissvel a suspenso com fundamento noatraso quanto ao pagamento da fatura, uma vez queo fornecedor pode se utilizar dos meios decobrana que o sistema jurdico lhe proporciona.

    Luiz Antnio Rizzato Nunes13 tambm se manifestanesse sentido:

    Como o corte proibido, sua ameaa com fins decobrana, por mais fora de razo, tambm ilegal, e o efetivo corte, por mais motivo ainda,tambm implica modo abusivo de pretender recebero seu crdito.

    Ademais, a jurisprudncia caminha no sentido deabarcar questes anlogas, ainda que subsista decises

    conflitantes dos Tribunais. Pede-se vnia para colacionar

    acrdo proferido pelo Superior Tribunal de Justia em sede de

    agravo regimental14 que vem arrematar a questo:

    12TJPR Ac. 18.450 - Apelao Cvel n 94.883-2, Relator: Juiz Convocado Lauro Laertes de Oliveira. Julg. 21.03.2001.

    13Luiz Antnio Rizzato Nunes. Comentrios ao cdigo de defesa do consumidor. So Paulo: Saraiva, 2001. p. 507/508.14STJ - AgRg no Ag 704477/RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2005/0145274-8; Ministro CASTRO

    MEIRA (1125); T2 - SEGUNDA TURMA; data do julgamento 03/11/2005; DJ 14.11.2005 p. 271.

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    ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOREGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. SMULA 211/STJ. FUNDAMENTAODEFICIENTE. SMULA 284/STF. ENERGIA ELTRICA.FRAUDE NO MEDIDOR. PERCIA UNILATERAL. DVIDACONTESTADA JUDICIALMENTE. INTERRUPO NOFORNECIMENTO. ILEGALIDADE.1. "Inadmissvel recurso especial quanto questo que, a despeito da oposio de embargosdeclaratrios, no foi apreciada pelo tribunal aquo " (Smula 211/STJ).2. " inadmissvel o recurso extraordinrio,quando a deficincia na sua fundamentao nopermitir a exata compreenso da controvrsia"(Smula 284/STF).3. Contestada em juzo dvida apuradaunilateralmente e decorrente de suposta fraude nomedidor do consumo de energia eltrica, hilegalidade na interrupo no fornecimento deenergia eltrica, uma vez que esse procedimentoconfigura verdadeiro constrangimento aoconsumidor que procura discutir no Judiciriodbito que considera indevido.4. "Tornado o dbito litigioso, o devedor nopoder sofrer nenhuma retaliao por parte docredor" (AgA 559.349/RS, Rel. Min. Joo Otviode Noronha, DJU de 10.05.2004).5. Agravo regimental improvido.

    Assim, conforme fartamente exposto, a

    concessionria COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ no pode cortar

    o fornecimento de energia eltrica aos consumidores

    inadimplentes dos municpios da 2 Subseo Judiciria do Estado

    de So Paulo, cabendo-lhe, caso intente efetuar a cobrana,

    lanar mo dos meios judiciais cabveis.

    3.2. Do descumprimento da Resoluo n 456/00 da ANEEL

    A situao sustentada nesta inicial no somente

    a interrupo de servio em decorrncia de simples inadimplncia

    de consumidores que deixaram por alguma razo de pagar as contas

    mensais do fornecimento do servio, mas de imputao de prtica

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    de ato ilcito aos consumidores e arbitramento de valores de

    indenizao feito pela prprio fornecedor com carter de extrema

    subjetividade, em valores que superam em dezenas ou centenas de

    vezes o valor mensal de consumo, o que compromete o oramento e

    a capacidade financeira de tais famlias.

    Trata-se de situao completamente diferente e

    estranha cobrana mensal pelos servios ou pela energia

    fornecida. A inadimplncia aqui tratada no somente do

    pagamento das contas mensais cujos valores foram registrados

    objetivamente pelo aparelho medidor, mas tambm da indenizaode ato ilcito em valores estimados unilateralmente pelos

    agentes da COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ.

    A resoluo da ANEEL15, embora no seu artigo 90,

    inciso I, autorize a suspenso do fornecimento quando verificada

    a ocorrncia de procedimentos irregulares que afetem a medio

    do consumo, em nenhum momento condiciona o religamento ou o

    restabelecimento do fornecimento ao pagamento do valor estimado

    como indenizao da fraude calculada em funo da quantidade de

    energia supostamente desviada.

    O artigo 4, pargrafo 1, da referida Resoluo16,

    estabelece claramente que no poder a concessionria do servio

    pblico condicionar a ligao ao pagamento de dbito que no

    seja decorrente de fato originado da prestao de servio

    pblico de energia eltrica.

    15Artigo 90. A concessionria poder suspender o fornecimento, de imediato, quando verificar a ocorrncia de qualquer das seguintes situaes:

    I utilizao de procedimentos irregulares referidos no art. 72; II revenda ou fornecimento de energia eltrica a terceiros sem a

    devida autorizao federal; III ligao clandestina ou religao revelia; e IV deficincia tcnica e/ou de segurana das instalaes da

    unidade consumidora, que oferea risco iminente de danos a pessoas ou bens, inclusive ao funcionamento dos sistema eltrico da concessionria.16

    Artigo 4 A concessionria poder condicionar a ligao, religao, alteraes contratuais, aumento de carga ou contratao de fornecimentos

    especiais, solicitados por quem tenha quaisquer dbitos no mesmo ou em outro local de sua ea de concesso, quitao dos referidos dbitos.

    1- A concessionria no poder condicionar a ligao de unidade consumidora ao pagamento de dbito que no seja decorrente de fato originado

    pela prestao do servio pblico de energia eltrica ou no autorizado pelo consumidor, no mesmo ou em outro local de sua rea de concesso,

    exceto nos casos de sucesso comercial.

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    O fato que est originando as cobranas da

    COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ no a prestao do servio

    de energia, enquanto execuo do contrato, mas sim o suposto

    dano decorrente de ato ilcito que se imputa ao consumidor. A

    fonte da obrigao de pagamento que se quer impor ao consumidor

    no o contrato em si, mas um ato ilcito, a suposta fraude ou

    violao do medidor.

    Se fosse possvel aceitar a privao do

    fornecimento de energia por ato ilcito relacionado com a

    atividade de fornecimento de energia, seria foroso admitir, attulo exemplificativo, a possibilidade da COMPANHIA PAULISTA DE

    FORA E LUZ se recusar a efetuar religao para o caso do

    consumidor que tivesse colidido com o caminho de servios da

    concessionria e se negasse a repar-lo.

    Mesmo no artigo 91 da Resoluo n 456/0017, que

    trata das hipteses de suspenso do servio, no h previso

    para o caso de recusa ou discordncia com a cobrana de

    indenizao referente energia subtrada do medidor. No inciso

    IV do referido artigo, apenas se prev a suspenso do

    fornecimento no atraso do pagamento do prejuzo causado

    instalao da concessionria. Nota-se que o clculo de dbito

    que est ensejando a interrupo do servio no se refere ao

    valor do dano causado ao relgio medidor da concessionria, mas

    sim a um arbitramento de consumo suposto e no medido ou

    registrado.

    17Artigo 91. A concessionria poder suspender o fornecimento, aps prvia comunicao formal ao consumidor, nas seguintes situaes: I

    atraso no pagamento da fatura relativa a prestao do servio pblico de energia eltrica; II atraso no pagamento de encargos e servios

    vinculados ao fornecimento de energia eltrica, prestados mediante autorizao do consumidor; III atraso no pagamento dos servios cobrveis

    estabelecidos no art. 109; IV atraso no pagamento de prejuzos causados nas instalaes da concessionria, cuja responsabilidade tenha sido

    imputada ao consumidor, desde que vinculados prestao do servio pblico de energia eltrica; V descumprimento das exigncias

    estabelecidas nos arts. 17 e 31; VI o consumidor deixar de cumprir exigncia estabelecida com base no disposto no pargrafo nico do art. 102;

    VII quando, encerrado o prazo para a soluo da dificuldade transitria ou o informado pelo consumidor para o fornecimento provisrio, nos

    termos dos arts. 32 e 111, no estiver atendido o que dispe o art. 3, para a regularizao ou ligao definitiva; e (Redao dada pela Resoluo

    Aneel n 90 de 27 de maro de 2001) VIII impedimento ao acesso de empregados

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    A abusividade da COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ

    fica mais evidente quando se observa que em nenhum momento

    cientificava ao consumidor da possibilidade deste requerer

    prpria concessionria que promovesse percia tcnica, por

    terceiro legalmente habilitado, conforme previsto anteriormente

    no artigo 72, inciso II, da multicitada Resoluo18. E mais, a

    concessionria no providencia a realizao da referida percia

    que atualmente obrigatria com a nova redao do inciso II

    dada pela Resoluo ANEEL n. 90/200119.

    Nota-se que a COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ,no mesmo dia em que faz a lavratura do termo de ocorrncia,

    entrega ao consumidor para assinar um termo em que se compromete

    a ressarcir a empresa dos danos causados sob sua

    responsabilidade, sem lhe dar conhecimento de que poderia ter

    exigido um parecer tcnico de terceiro no vinculado prpria

    concessionria, no s para esclarecer a existncia da prpria

    fraude ou desvio, como tambm discutir a razoabilidade dos

    valores cobrados.

    No se trata aqui de chamar ateno do direito de

    recorrer, mas o da possibilidade de exigir percia tcnica de

    terceiro imparcial e independente por conta da prpria

    concessionria. Com este simples e perverso artifcio, a

    COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ priva o consumidor de ter

    argumentos tcnicos em eventual recurso administrativo, o qualestar, assim, fadado ao insucesso.

    A ausncia de informao aos consumidores sobre a

    possibilidade de exigir percia independente, no momento da

    lavratura do termo de ocorrncia, retira-lhe a possibilidade de

    18Artigo 72. Constatada a ocorrncia de qualquer procedimento irregular cuja responsabilidade no lhe seja atribuvel e que tenha provocado

    faturamento inferior ao correto, ou no caso de no ter havido qualquer faturamento, a concessionria adotar as seguintes providncias: I (...);

    II promover a percia tcnica, a ser realizada por terceiro legalmente habilitado, quando requerida pelo consumidor;19

    Publicada no D.O de 28.03.2001, seo 1, p. 175, v. 139, n. 61-E.

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    apurar a autoria e a materialidade de eventual delito de fraude

    ou furto de energia.

    A COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ, com tal

    prtica, est trazendo danos coletividade, no s por privar

    consumidores do fornecimento de energia eltrica em situao no

    prevista na legislao pertinente, mas tambm por gerar

    intranqilidade at mesmo para aqueles que no esto sendo

    cobrados, pois se criou o temor de que os seus agentes podem

    imputar fraudes e exigir o pagamento de danos, em valores por

    ela mesma arbitrados, sob pena de corte.

    4. Da antecipao de tutela e requerimentos processuais

    Nos termos do artigo 84, pargrafo 3, do Cdigo

    de Defesa do Consumidor, sendo relevante o fundamento da demanda

    e havendo justificado receio de ineficcia do provimento final,

    lcito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou aps

    justificao prvia, citado o ru.

    O dispositivo retro permite expressamente a

    antecipao da tutela definitiva quando presentes os seus

    requisitos: relevncia do fundamento e risco de ineficcia do

    provimento final.

    Esto, pois, presentes os requisitos necessrios

    para a concesso da antecipao da tutela postulada.

    De fato, as questes discutidas nos autos so

    exclusivamente de direito, e os argumentos expendidos nesta

    inicial bastam para que se conclua, no mnimo, pela

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    verossimilhana da alegao de que a COMPANHIA PAULISTA DE FORA

    E LUZ vem lesando os consumidores dos municpios da 2 Subseo

    Judiciria do Estado de So Paulo.

    O fundamento da demanda relevante, pois h clara

    violao de direitos bsicos do consumidor, assegurados pela

    legislao consumerista, pela multicitada Resoluo da ANEEL e

    at mesmo pela Constituio da Repblica, que no esto sendo

    respeitados pela concessionria paulista.

    Considerando que a privao do fornecimento deenergia pela falta de pagamento, seja em decorrncia de fraude

    ou no, extrapola os limites legais, bem como a ausncia de

    informao ao consumidor da obrigatoriedade da realizao de

    percia por terceiro rgo oficial, desborda os limites da

    previso legal, se constata que as prticas abusivas da

    COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ est gerando danos de difcil

    reparao, o que comprometer a eficcia do provimento final se

    no houver a antecipao de seus efeitos.

    O desconforto e o constrangimento causados pela

    privao de energia a dezenas de famlia residentes na regio de

    Ribeiro Preto/SP no encontrar reparao adequada por

    indenizao meramente pecuniria, aps o trnsito em julgado da

    sentena de mrito desta ao. A perda de qualidade de vida a

    que os aludidos consumidores se submetero at o final do

    processo no ter como ser resgatada.

    Tanto verdade que, na grande maioria das vezes,

    os consumidores so obrigados a intentar aes judiciais para

    verem os seus direitos preservados. Verbi gratia, a cpia do

    Mandado de Segurana impetrado pelo consumidor Joo Roberto

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    Meloni que parte integrante do procedimento administrativo n.

    1.34.010.000516/20006-03.

    Diante do exposto, requer o MINISTRIO PBLICO

    FEDERAL a concesso de antecipao dos efeitos da tutela, para

    determinar COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ que cumpra as

    seguintes providncias em ateno aos consumidores dos

    municpios da 2 Subseo Judiciria do Estado de So Paulo:

    a) no se recusar a fazer o religamento deenergia para os consumidores que tiveram o seufornecimento suspenso em decorrncia de fraudeou violao do medidor, desde que estes assumamos custos da reparao do medidor e as custos dareligao quando ocorridos;

    b) no condicionar o religamento na situaoacima ao pagamento de valores arbitrados comoindenizao para a energia que se estimasubtrada;

    c) no suspender o fornecimento de energia emcasos de suspeita de fraude que no tenhacausado danos s instalaes da COMPANHIAPAULISTA DE FORA E LUZ, aps saneadas asinstalaes eltricas do consumidor; e

    d) dar cincia aos consumidores suspeitos defraudar ou violar os medidores de consumo quepodero exigir percia tcnica por terceiroimparcial, cuja realizao ser providenciadapela prpria COMPANHIA PAULISTA DE FORA E LUZ e

    s expensas desta, alm do direito de recurso;e) providenciar a realizao de servios depercia tcnica do rgo competente vinculado segurana pblica e/ou do rgo metrolgicooficial, este quando se fizer necessria averificao do medidor e/ou demais equipamentosde medio;

    f) no suspender o fornecimento de energiaeltrica aos consumidores inadimplentes de

    imveis de uso comprovadamente residencial;

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    g) que, no caso de consumidores inadimplentes deimveis de uso residencial, a COMPANHIA PAULISTADE FORA E LUZ poder, se assim desejar,restringir o fornecimento de energia eltrica

    aos mesmos consumidores inadimplentes, desde quefique garantido o fornecimento mnimo dirio dequantidade de Kwh que, comprovadamente, sejasuficiente para preservao da dignidade de suasfamlias;

    h) estabelecer multa cominatria de valor at R$100.000,00 (cem mil reais), por dia, no caso deretardamento do cumprimento da deciso que viera ser proferida, corrigida monetariamente, a serrecolhida ao Fundo de Reparao de Interesses

    Difusos Lesados, previsto no art. 13 da Lei n7.347/85, sem prejuzo de outras medidascabveis.

    5. Dos pedidos de mrito e requerimentos processuais

    Diante de todo o exposto, o MINISTRIO PBLICO

    FEDERAL requer, no mbito da jurisdio da 2 Subseo

    Judiciria do Estado de So Paulo, determinar:

    a) a citao da COMPANHIA PAULISTA DE FORA ELUZ, sociedade annima com filial em RibeiroPreto,CNPJ n 33.050.196/0001-88, na pessoa deseu Gerente Regional em Ribeiro Preto, situadana Av. Paschoal Innechi, n 888, CEP 14076-010;

    b) a condenao da COMPANHIA PAULISTA DE FORA ELUZ obrigao de fazer o religamento deenergia para os consumidores que tiveram o seufornecimento suspenso em decorrncia de fraudeou violao do medidor, desde que estes assumamos custos da reparao do medidor e as custos dareligao quando ocorridos;

    c) a condenao da COMPANHIA PAULISTA DE FORA ELUZ obrigao de no condicionar o religamentona situao acima ao ao pagamento de valores

    Rua Alice Alm Saadi, n 665 Nova Ribeirnia - CEP 14.096-570 Ribeiro Preto/SP Telefone: 16 3995 9333

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    arbitrados como indenizao para a energia quese estima subtrada;

    d) a condenao da COMPANHIA PAULISTA DE FORA E

    LUZ obrigao de no suspender o fornecimentode energia em casos de suspeita de fraude em queno tenha havido danos s instalaes daconcessionria, aps saneadas as instalaeseltricas do consumidor;

    e) a condenao da COMPANHIA PAULISTA DE FORA ELUZ obrigao de dar cincia aos consumidoressuspeitos de fraudar ou violar os medidores deconsumo de que podero exigir percia tcnicapor terceiro imparcial, cuja realizao ser

    providenciada pela prpria COMPANHIA PAULISTA DEFORA E LUZ e s expensas desta, alm do direitode recurso; e

    f) a condenao da COMPANHIA PAULISTA DE FORA ELUZ obrigao de providenciar a realizao deservios de percia tcnica do rgo competentevinculado segurana pblica e/ou do rgometrolgico oficial, este quando se fizernecessria a verificao do medidor e/ou demaisequipamentos de medio;

    g) a condenao da requerida obrigao de nosuspender o fornecimento de energia eltrica aosconsumidores inadimplentes de imveis de usocomprovadamente residencial;

    h) que, no caso de consumidores inadimplentes deimveis de uso residencial, a COMPANHIA PAULISTADE FORA E LUZ poder, se assim desejar,restringir o fornecimento de energia eltricaaos mesmos consumidores inadimplentes, desde que

    fique garantido o fornecimento mnimo dirio dequantidade de Kwh que, comprovadamente, sejasuficiente para preservao da dignidade de suasfamlias;

    i) estabelecer multa cominatria de valor at R$100.000,00 (cem mil reais), por dia, no caso deretardamento do cumprimento da deciso que viera ser proferida, corrigida monetariamente, a serrecolhida ao Fundo de Reparao de InteressesDifusos Lesados, previsto no art. 13 da Lei n

    Rua Alice Alm Saadi, n 665 Nova Ribeirnia - CEP 14.096-570 Ribeiro Preto/SP Telefone: 16 3995 9333

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    7.347/85, sem prejuzo de outras medidascabveis.

    Requer, ainda, a produo de todos os meios de

    prova em direito admitidas, sem exceo, especialmente pericial

    e oral, nesta incluindo ouvida de testemunhas e depoimento

    pessoal das partes.

    Acompanham a presente inicial o procedimento

    administrativo autuado sob n 1.34.010.000306/2003-64, o autuado

    sob n. 1.34.010.000451/2003-45 e o autuado sob n

    1.34.010.000516/2006-03.

    D-se causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais),

    para efeitos fiscais.

    Termos em que,

    Pede deferimento.

    Ribeiro Preto, 13 de dezembro de 2006.

    ____________________________________________ANA CRISTINA TAHAN DE CAMPOS NETTO DE SOUZA

    Procuradora da Repblica

    _____________________________ANDR LUIZ MORAIS DE MENEZES

    Procurador da Repblica

    ______________________________ANDREY BORGES DE MENDONAProcurador da Repblica

    Rua Alice Alm Saadi, n 665 Nova Ribeirnia - CEP 14.096-570 Ribeiro Preto/SP Telefone: 16 3995 9333

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    ______________________________

    CARLOS ROBERTO DIOGO GARCIAProcurador da Repblica

    ______________________________JOS LEO JNIOR

    Procurador da Repblica

    _________________________UENDEL DOMINGUES UGATTIProcurador da Repblica