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ANTONIO AFONSO CORTEZI A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO NOROESTE PAULISTA FRANCA 2005

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ANTONIO AFONSO CORTEZI

A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO

NOROESTE PAULISTA

FRANCA 2005

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ANTONIO AFONSO CORTEZI

A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO

NOROESTE PAULISTA Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da FACEF Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de Franca.

Orientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Oliveira

FRANCA 2005

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ANTONIO AFONSO CORTEZI

A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO

NOROESTE PAULISTA

Franca, 29 de março de 2005.

Orientador: __________________________________________________________ Dr. Paulo de Tarso Oliveira FACEF – Franca Examinadora: ________________________________________________________ Dra. Edna Maria Campanhol Facef – Franca Examinadora: ________________________________________________________ Dra. Silvia Maria Conrado Jacintho Unesp - Franca

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Dedico ao meu pai, João Baptista Cortezi (in memorian) que sempre incentivou meus estudos, à minha mãe Gláucia Peres Cortezi, com suas orações e incentivo e a meu irmão Alexandre Augusto Cortezi com seu apoio durante minha ausência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

- ao meu orientador, Dr. Paulo de Tarso Oliveira, pela dedicação e paciência;

- aos membros da Banca de Qualificação pelo profissionalismo e correção das análises; e

- aos funcionários da Facef, em especial : Roberta e Camila;

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RESUMO O objetivo deste trabalho é refletir sobre as estruturas das empresas juniores de instituições de ensino superior do noroeste do Estado de São Paulo. Analisando seus aspectos estruturais, de gestão, formas de constituição, objetivos específicos, formalidades burocráticas, relacionamento dos alunos com os professores, instituição de ensino e empresários. A empresa júnior é um modelo oriundo da Europa, mais precisamente, da França, com o objetivo de incentivar a participação dos alunos no mercado de trabalho e promover o desenvolvimento das empresas francesas. No modelo brasileiro ocorreram algumas mudanças estruturais para que se adaptasse à cultura organizacional brasileira. A empresa júnior brasileira necessita de mudanças de paradigmas para cumprir sua função de propiciar ao aluno experiências profissionais. A empresa júnior tem como finalidade precípua fomentar as alterações dos modelos de administração no local onde estão inseridas e a mudança da mentalidade gerencial. Na presente pesquisa, são feitas considerações sobre as instituições de ensino superior, tomadas aqui como objeto de estudos, para que possamos avaliar a continuidade ou não do modelo atual de empresa júnior. Observou-se que algumas alterações conceituais e estruturais necessitam ser implementadas para que o modelo sobreviva e cumpra seu papel de proporcionar o desenvolvimento prático-teórico dos alunos dos cursos de administração. Palavras-chave: empresa júnior; estruturas; formas de gestão; cursos de

administração.

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ABSTRACT The main goal of this research is to analyse the structures of junior companies set up in northwest universities of Sao Paulo State, Brazil, namely: their structural management aspects, forms of constitution, specific goals, bureaucracy, relationships among professors and students, and higher education institutions and entrepreneurs. The junior company is a model originally conceived in France to promote both the students’ engagement in the labour market and the development of French companies. The Brazilian model has undergone some structural changes so as to fit to the organizational culture of the country. Brazilian junior companies require changes of paradigms to fulfill their utmost function of enriching students’ professional experience. Their main goal should be to encourage changes in their local administration models as much as in their management mentality. In this work, some considerations are made on the higher education institutions, taken as a research object, so that we may evaluate whether the current model of junior company should be kept. In conclusion, the research suggests that some conceptual, structural changes are required so as the model plays its significant role of providing the students of bussiness administration with the pratical-theorical development needed.

Key-words: Junior company; structures; management forms; business

administration courses.

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RESUMEN El objetivo principal de esta investigación es analizar las estructuras de las empresas juniores establecidas en instituciones de enseñanza superior del noroeste del estado de Sao Paulo, Brazil, incluyendo aspectos estructurales de gestión, formas de constituición, objetivos específicos, formalidades burocráticas, relaciones entre profesores y estudiantes, entre instituiciones de enseñanza superior y empresarios. La empresa junior es un modelo concebido originalmente en Francia y que tiene por objetivo fomentar tanto la participación de los alumnos en el mercado de trabajo como el desarrollo de las compañías francesas. Al modelo brasileño, sin embargo, se le hicieron cambios estructurales para que pudiera se adaptar a la cultura organizacional del país. Las empresas juniores brasileñas necesitan cambios de paradigma para cumplir su función esencial de enriquecer la experiencia profesional de los estudiantes. El objetivo principal de la empresa debe ser alentar modificaciones del los modelos administrativos locales y de la mentalidad gerencial. En esta investigación, se hacen consideraciones sobre las instituiciones de enseñanza superior, tomadas como objeto de estudios, para que podramos analizar si el modelo actual de la empresa junior deba o no ser mantenido. En conclusión, la investigación indica que algunos cambios conceptuales y estructurales son necesarios para que el modelo pueda desempeñar su papel significativo de proveer a los alumnos de administración de empresas el desarrollo práctico-teórico que necesitan.

Palavras-clave: Empresa junior; estructuras; formas de gerencia; cursos de

administración de empresas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 1. A EMPRESA JÚNIOR E O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO .......................... 19 1.1 A Empresa Júnior: Conceito .................................................................... 19 1.2 O Curso de Administração ........................................................................ 23 CAPÍTULO 2 A EMPRESA JÚNIOR: CAMINHOS............................................. 30 2.1 A Empresa júnior no Mundo ...................................................................... 30 2.2 A Empresa júnior no Brasil ....................................................................... 34 2.3 O modelo brasileiro e modelo estrangeiro.............................................. 39 2.4 A formalização da empresa júnior: aspectos burocráticos ...................... 42 2.5 A empresa júnior e o Novo Código Civil ................................................. 46 2.6 A Empresa Júnior e sua estrutura .......................................................... 48

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2.7. O docente na Empresa Júnior ................................................................ 51 3. CAPÍTULO 3 O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO E A EMPRESA JUNIOR . 54 3.1 As interações entre o Curso de Administração e a Empresa Júnior ....... 56 3.2 A formação do Administrador e a Empresa Júnior ................................. 60 3.3 A execução dos projetos da Empresa Júnior ........................................... 69 3.4 Os recursos humanos na Empresa Júnior ............................................... 74 CAPÍTULO 4 AS EMPRESAS JUNIORES DO NOROESTE PAULISTA ......... 77 4.1 Procedimentos Metodológicos ................................................................. 77 4.2 Tabulação dos Resultados da Pesquisa .................................................. 80 4.2 1 A Constituição da empresa júnior e seu estatuto ..................................... 81 4.2.2 A Origem dos membros da empresa júnior ............................................. 82 4.2.3 A Substituição dos membros da empresa júnior ..................................... 82 4.2.4. A Divulgação dos serviços da Empresa Júnior ........................................ 83 4.2.5. O funcionamento do atendimento da Empresa Júnior ............................. 84 4.2.6. A Confecção de ante-projeto de consultoria da Empresa Júnior.............. 85 4.2.7 A duração dos serviços prestados pela Empresa Júnior ......................... 85

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4.2.8. Os tipos de serviços prestados pela Empresa Júnior............................... 86 4.2.9. Análise da qualidade dos serviços prestados pela Empresa Júnior ....... 87 4.2.10 A reincidência na procura de serviços da Empresa Júnior ................... 87 4.2.11 O acompanhamento dos docentes na coordenação da Empresa Júnior 88 4.2.12 O custo dos serviços prestados pela Empresa Júnior ............................ 89 4.2.13 Quanto à estrutura oferecida pelas instituições de ensino superior à Empresa Júnior .................................................................................................... 90 4.2.14 Os resultados da consultoria da Empresa Júnior .................................. 90 4.2.15 As contribuições da Empresa Júnior para a formação do administrador ............................................................................................................................. 92 4.2.16 Um estudo comparativo das Empresas Juniores do noroeste paulista com outras do país....................................................................................................... 93 4.2.17 As Conclusões da Pesquisa.................................................................... 98 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................105 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 114 ANEXOS .............................................................................................................. 121 Anexo I ................................................................................................................. 122 Anexo II ................................................................................................................ 129 Anexo III ............................................................................................................... 131

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INTRODUÇÃO

Para a formação do administrador exigem-se características

específicas, no que concerne a perfil, habilidades e competências, imprescindíveis

para enfrentar a competitividade do mercado de trabalho. Esse processo de

formação é complementado pela implantação de empresas juniores, por parte das

universidades. A empresa júnior, como empresa sem fins lucrativos, deverá ter

estrutura jurídica própria e ser gerida de acordo com as normas contidas em seu

estatuto, regimento interno e leis das associações civis sem fins lucrativos

(MORETTO, 2004).

Estatuto é definido como lei orgânica de um estado, sociedade ou

associação; constituição, ordenação, regra; regulamento, conjunto de leis, de regras,

código (FERREIRA, 1988).

No entanto, a instituição “empresa júnior” enfrenta algumas

dificuldades frente à evolução das mudanças no que diz respeito à administração.

O presente estudo analisa as empresas juniores das instituições de

ensino superior, que oferecem o curso de Administração, situadas no noroeste do

Estado de São Paulo.

O intuito do trabalho é conhecer e analisar a forma de participação dos

alunos e docentes, proporcionando o levantamento do perfil, suas características e

relações com a formação do administrador.

Em um cenário de constantes mudanças e inúmeras exigências,

busca-se a legitimação profissional e acadêmica do administrador, bem como a

verdadeira contribuição da empresa júnior como coadjuvante do processo de ensino-

aprendizagem e preparação do profissional.

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A própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, recomenda

que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho

(OLIVEIRA, 1995).

Sobre o assunto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei

nº 9424 de 24/12/96), em seu artigo 3º, preconiza que o ensino será ministrado com

base nos seguintes princípios: inciso X - valorização da experiência extra-escolar e

inciso XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais

(apud CARNEIRO, 2003, p. 35).

Contradizendo e criticando o que determina a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, Pedro Demo (2004) enfatiza que tal lei nada mais é do que

um reflexo da letargia nacional nesse campo, que impede perceber o quanto as

oportunidades de desenvolvimento dependem da qualidade educativa da população.

Por sua vez, a Pesquisa Nacional realizada pelo Conselho Federal de

Administração (2003,p.23) enfatiza a necessidade de se definir um espaço próprio,

peculiar, inconfundível, que dê identidade a uma profissão. A Administração, no

caso, deve ser conceituada como a arte de liderar pessoas e gerenciar recursos

tecnológicos, materiais, físicos, financeiros etc., visando a busca de resultados

superiores para a organização, a fim de estabelecer-se um espaço bem mais amplo,

de difícil caracterização de limites. Todavia, as diferenças observadas entre o que se

ensina na maioria dos cursos de Administração e o que se pratica na maioria das

organizações, contribuíram também para dificultar a caracterização da identidade do

administrador (Conselho Federal de Administração, 2003).

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As indagações sobre a contribuição e manutenção da empresa júnior

na formação do administrador se fazem necessárias, pois é dessa contribuição que

depende o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre a formação dos

profissionais oriundos das instituições de ensino superior brasileiras.

Na sociedade contemporânea, o mundo caracteriza-se pela

necessidade de profissionais dotados de atitudes (posturas e procedimentos),

habilidades (capacidade e destreza) e competências (articulação de conhecimentos

e habilidades) para o desempenho eficiente e eficaz, em sinergia com os objetivos

organizacionais de produção, de maneira flexível e adaptável às demandas dos

mercados em que atuam (MORETTO, 2004).

Este estudo surgiu da necessidade de definir quais os requisitos

imprescindíveis para implantação da empresa júnior, sua contribuição para a

formação e preparação do administrador para o mercado de trabalho.

O ensino brasileiro insiste numa formação unilateral, habilitando os

indivíduos na esfera técnica e atrofiando-os na criatividade e no comportamento não

participativo (MORETTO, 2004).

Pode-se dizer que o trabalhador que não sabe pensar já não é útil para

a produtividade moderna (DEMO, 2004).

A empresa júnior tem sua função social na medida em que oferece ao

aluno a preparação para enfrentar o mercado de trabalho, além de fomentar a

aprendizagem na prática, exigindo dele, através do estudo de problemas

organizacionais, a busca de soluções e caminhos que servirão de base para sua

formação profissional.

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A pesquisa justificou-se para analisar se a empresa júnior propiciará

condições de adaptação às constantes exigências do mercado em relação à

qualificação da mão-de-obra.

A função precípua da empresa júnior é fazer com que o aluno tenha

contato direto com os problemas das empresas, incentivando a formação de seu

senso crítico e analítico para resolução dos mesmos, contribuindo sobremaneira

para a associação da teoria com a prática, como forma de laboratório complementar

do ensino acadêmico, proporcionando ao aluno vivenciar o dia-a-dia de uma

empresa e desenvolver seu espírito empreendedor, já que a finalidade da empresa

júnior é, essencialmente, a de promover o desenvolvimento de seus membros, seja

no aspecto técnico, acadêmico, profissional e pessoal (MORETTO, 2004).

A empresa júnior possui uma dimensão social e através dela é feito o

repasse de uma tecnologia básica, muitas vezes presa às universidades, às micro e

pequenas empresas (MATOS, 1997).

Segundo Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos, define-se

responsabilidade social como o compromisso da empresa com a comunidade,

abrangendo todas as relações da empresa: seus funcionários, clientes,

fornecedores, acionistas, concorrentes, meio ambiente e organizações públicas e

estatais (NETO & FROES,1999).

A empresa júnior, por seu caráter social, deverá cumprir sua função

perante a sociedade, na medida em que proporciona o desenvolvimento ético

adequado e o desempenho ambiental propício da empresa, melhorando a qualidade

de vida de seus funcionários e família.

Utiliza o poder e as relações com seus fornecedores e até

concorrentes incentivando-os a serem socialmente responsáveis.

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Os alunos, ao atuarem na empresa júnior, poderão familiarizar-se com

as condutas baseadas em princípios e valores éticos.

As instituições de ensino superior brasileiras, através da empresa

júnior, devem incentivar para que as atividades universitárias se voltem para a

realidade social e procure envolver-se em problemas sociais (OLIVEIRA, 2000)

O estudo da empresa júnior tem como finalidade analisar seu

funcionamento, seus objetivos, seu espaço físico e cultural, seus métodos e seus

resultados.

Nesse sentido, justifica-se o oferecimento de uma educação voltada

para a formação integral do indivíduo, para o desenvolvimento da inteligência, do

seu pensamento, da sua consciência e do seu espírito, capacitando-o para viver

numa sociedade pluralista em permanente processo de transformação (MORAES,

2001a).

O curso de administração necessita buscar a construção de uma base

tecno-científica que permita aos alunos desenvolverem um processo de auto-

questionamento e aprendizado, de modo a torná-los capazes de absorverem,

processarem e adequarem-se, por si mesmos, às necessidades e solicitações das

organizações do mundo moderno (MORETTO, 2004).

Especificamente para o curso de administração, o profissional deve ser

agente transformador, capaz de ajustar-se com agilidade aos avanços das ciências e

da tecnologia no estabelecimento de uma nova ordem. Ser capaz de alterar e

quebrar paradigmas, buscando o desenvolvimento pessoal e empresarial das

comunidades.

A empresa júnior tem como função mobilizar os alunos e professores

na solução de problemas por meio do desenvolvimento das consultorias, preparando

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o aluno para corresponder às expectativas do mercado, no qual a mudança é o

único caminho para a sobrevivência.

Considerada como uma instituição sem fins lucrativos, a empresa

júnior não é meramente uma prestadora de serviços, visto que provoca mudanças

em um ser humano, criando hábitos, visão, compromisso e conhecimento, onde,

essas mudanças atingem a sociedade como um todo, proporcionando a quebra de

paradigmas e surgimento de novas posturas (DRUCKER, 1997).

O presente estudo tem como finalidade identificar elementos que

constatem a influência da empresa júnior na capacitação, na formação dos

administradores, suas estruturas formais, além dos aspectos relativos à sua

implantação, manutenção e peculiaridades dentro das instituições de ensino

superior, analisando-se até que ponto a empresa júnior contribui efetivamente para a

formação do administrador.

Além disso, procurou-se destacar quais os incentivos oferecidos pelas

instituições de ensino superior para a manutenção da empresa júnior e de sua infra-

estrutura, bem como o apoio logístico e financeiro aos docentes e a suas relações, a

fim de verificar quais as atividades das empresas juniores, através de suas ações e

seus resultados, constituem meios de contribuição para a formação do

administrador.

Para a efetivação deste estudo, algumas indagações foram

consideradas: Se o modelo atual de empresa júnior contribui para a formação do

administrador, habilitação e capacitação do administrador, quais as estruturas deste

modelo e as houveram inovações que influenciaram a postura das empresas

conforme o mercado de trabalho?

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Se a empresa júnior tem cumprido sua função social de preparar,

desenvolver e qualificar o administrador para sua atuação profissional e quais suas

implicações com o mercado, com a instituição e com os alunos? De que forma sua

estrutura funciona como ferramenta importante para a formação do administrador?

Há indícios de que suas atividades, ações e resultados propiciam uma

evolução e desenvolvimento das técnicas administrativas?

A empresa júnior consegue transportar a teoria para prática de maneira

adequada, proporcionando uma efetiva contribuição para a formação do

administrador?

A relação docente, aluno e instituição de ensino proporciona o

desenvolvimento do administrador, sua vivência e preparação adequadas para a sua

atuação no mercado?

Na pesquisa foram feitas entrevistas com membros da empresa júnior,

através de um roteiro de perguntas. As instituições de ensino superior foram

escolhidas da região noroeste do Estado de São Paulo, que possuem o curso de

administração de empresas, não se preocupando se os cursos eram oferecidos no

período diurno ou noturno.

As entrevistas foram realizadas, com abertura para considerações

livres fora do roteiro de perguntas, buscando contribuir, ainda mais, para a

relevância do tema.

Na aplicação da pesquisa, não houve preocupação de avaliar o

processo burocrático de regularização ou regulamentação da constituição da

empresa júnior sob o ponto de vista jurídico-legal.

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CAPÍTULO 1 A EMPRESA JÚNIOR E O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

É preciso conceituar ou definir o que é empresa, para que se possa

analisar as diversas tipologias.

No Dicionário Aurélio1, o termo “empresa” define-se como aquilo que

se empreende; empreendimento; organização particular ou governamental, ou de

economia mista, que produz bens e/ou serviços, com vista, em geral, à obtenção do

lucro; como organização jurídica; firma, sociedade.

O vocábulo “empresa” é conceituado, ainda, como uma organização

destinada à produção de bens e serviços, tendo como objetivo o lucro e

independentemente do produto, definida por seu estatuto jurídico (SANDRONI,

1999).

Organizações, por sua vez, são instituições sociais, cuja ação

desenvolvida por seus membros é dirigida por objetivos, sendo projetadas como

sistemas de atividades e autoridade deliberadamente estruturados e coordenados,

atuando de forma interativa com o ambiente que os cerca (MORAES, 2001a).

As organizações devem ser consideradas como se fossem

organismos, ou seja, sistemas vivos que existem, e um ambiente mais amplo do qual

dependem em termos de satisfação das suas necessidades (MORGAN,1996).

1.1. Empresa Júnior: Conceito

A empresa júnior é uma forma de associação civil sem fins lucrativos,

geridas por estudantes, por meio do desenvolvimento de estudos nas áreas

1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

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correlatas ao currículo acadêmico e sob a orientação de professores, que passam a

aplicar a teoria no ambiente real das organizações de produção (MORETTO, 2004).

A proposta da empresa júnior é promover o desenvolvimento de seus

membros e envolvidos, tanto no aspecto técnico, pessoal, como no profissional.

Como empresa sem fins lucrativos, a empresa júnior é uma prestadora de serviços,

o que se realiza em forma de consultoria, não tendo como objetivo precípuo de

obtenção do lucro, e sim resultados, uma vez que empresa sem fins lucrativos existe

em função do desempenho em mudar pessoas e a sociedade e sob estes aspectos

diferem das outras empresas – aquelas que sobrevivem do lucro financeiro

(DRUCKER, 1997).

Apesar disso, a empresa júnior necessita auferir resultados financeiros

satisfatórios para a sua sobrevivência e cumprimento de seus objetivos, assumindo

todas as responsabilidades de uma empresa normal, visto que propicia, ou pelo

menos deveria propiciar, uma perfeita relação entre a teoria e prática na capacitação

do administrador.

A empresa júnior é um modelo oriundo de outros países, com algumas

adaptações ao modelo brasileiro de gestão.

Considerada por alguns como uma forma de extensão universitária, na

qual o aluno, com a sua participação e atuação, mantém seu contato com a

realidade do mercado além de ser uma forma do aluno vivenciar o dia-a-dia das

empresas, preparando-se para enfrentar os desafios da profissão.

As atividades das empresas juniores contribuem sobremaneira para o

desenvolvimento das características necessárias ao administrador.

É preciso que colabore para incrementar suas habilidades,

capacidades e competências, como método coadjuvante do curso de administração.

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Sendo assim, a atual estrutura da empresa júnior passa por algumas

transformações, visto que seu formato não é uma unanimidade em todas as

instituições de ensino superior.

Alguns dos problemas enfrentados pela empresa júnior, no modelo

brasileiro, são: a alta rotatividade de seus membros e as exigências burocráticas,

que demandam um esforço maior em sua manutenção e gerenciamento.

Contrariamente aos modelos estrangeiros, nos quais as empresas

desse tipo têm autonomia e não estão vinculadas às universidades, no Brasil, a

empresa júnior precisa contar com o apoio da instituição para sua permanência.

Além disso, os alunos necessitam da interferência de um professor

com notável saber e capacidade de coordenação, outorgando credibilidade à

atuação frente aos clientes.

Por sua vez, os jovens administradores também enfrentam problemas,

como a pouca experiência prática e a mentalidade dos empresários das pequenas e

médias empresas, os quais contratam estagiários, mas não aproveitam as

potencialidades destes.

Esta situação provoca um círculo vicioso: o estagiário, ou seja, aquele

aluno que inicia suas atividades como aprendiz, muitas vezes é desestimulado pelo

mercado, por ser considerado como um profissional incompleto e dispor de exígua

experiência prática.

Percebe-se, portanto, que a empresa júnior deveria ser o caminho para

o melhor aproveitamento desse futuro profissional. As atividades, ações e resultados

da empresa júnior têm como função básica promover e desenvolver o administrador

e através dela o aluno pode ser notado pelas empresas que buscam cada vez mais

talentos.

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As empresas juniores têm sua forma de atuação, seus estilos de

gestão, suas características comuns, suas ações e resultados, proporcionando uma

perfeita correlação entre a teoria e a prática, reforçando a formação dos alunos

como administradores.

O estudo pretende analisar a empresa júnior e suas características,

levando-se em consideração sua evolução nos cursos de administração. Baseia-se

no perfil e condições de aprendizagem, embora o conceito empresa júnior seja

aplicado a qualquer curso oferecido pelas instituições de ensino superior.

A evolução dos cursos de administração no Brasil contribuiu para os

questionamentos sobre a formação do administrador e acompanha o

desenvolvimento industrial, pressionando a qualidade do ensino superior e exigindo

que as instituições de ensino superior tivessem maior preocupação com a formação

do futuro profissional de acordo com um perfil estabelecido por uma Comissão, que

relegou às entidades de ensino superior a reformulação de todo o conceito de

ensino de administração adquirido anteriormente (ANDRADE; AMBONI, 2002).

A partir de 1980 o setor privado da educação superior sofreu sérias

mudanças estruturais, que vão desde a queda da demanda até o aumento das

instituições privadas. Além disso, as exigências impostas pelo Ministério da

Educação e Cultura (MEC) fizeram com que as instituições de ensino superior

alterassem seus currículos e grades escolares.

Nesse cenário, houve a necessidade de mudanças e no modo de

ensinar administração, com a finalidade de atingir os resultados pretendidos.

Assim, para melhor entender as características da empresa júnior no

contexto dos cursos de administração, faz-se necessário conhecer os conceitos

implícitos nos cursos de administração.

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1.2 O curso de Administração

Com as constantes exigências do ensino da administração e a

crescente demanda, as instituições de ensino superior promoveram uma verdadeira

proliferação de instituições de ensino isoladas, muitas das quais antigas escolas de

ensino secundário, de pequeno porte (SAMPAIO, 2002).

Considera-se, ainda, a descentralização dessas instituições nos

grandes centros urbanos, ressaltando-se um importante fato: a evolução do ensino

superior no Brasil devido a um dispositivo constitucional, em seu art. 207: “As

universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão

financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre

ensino, pesquisa e extensão” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1998), apud OLIVEIRA,

1995), o que ofereceu maior autonomia às universidades, abrindo caminho para a

qualidade do ensino.

Outro marco fundamental foi a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional), a qual, em seu artigo 46, estabelece as finalidades da

educação superior: estímulo à criação cultural e desenvolvimento do espírito

científico e do pensamento reflexivo, formação de profissionais aptos à inserção em

diversos setores e de participação no desenvolvimento da sociedade brasileira

(NISKIER, 1997).

No aspecto científico, a nova Lei estabelece normas gerais de incentivo

e investigação, divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos, que

possam ser divulgados por meio de publicações, etc. Enfim, a legislação promove

uma quebra de paradigmas educacionais, impondo às instituições, em especial as

instituições de ensino superior privadas, a se adaptarem às novas exigências.

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Nesse contexto, as instituições não puderam manter-se alheias quanto

às novas realidades para os cursos de Administração. Assim, a Comissão de

Especialistas de Ensino de Administração – CEEAD, reunido em março de 2001, fez

algumas considerações sobre a profissão do administrador:

A contextualização proposta às novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Administração ao resgatar, no âmbito da proposta original, o comprometimento com um novo modelo de competitividade e produtividade exigido pelas organizações; o desenho de um novo mercado, mais exigente e consciente de seus direitos, bem como o estabelecimento de novas relações de trabalho e/ou emprego, tanto quanto o fortalecimento de novos setores como o de serviços, vem defender e focar a preocupação com os aspectos inerentes à formação do Administrador de modo a repensar e viabilizar a melhor implementação e consolidação de um processo contínuo de ensino aprendizagem (...) no sentido de melhor fundamentar a proposta de novas diretrizes: o perfil do egresso do curso; as competências e habilidades esperadas do Administrador, os campos e tópicos de estudos definidos na proposta original, integrando teoria e prática (grifo nosso); reconhecimento das habilidades e competências extracurriculares, objetivando maior compromisso social do egresso; estrutura geral do curso. (Proposta submetida à apreciação do Conselho Nacional de Educação, 2001 p. 3-4). apud ANDRADE; AMNONI, 2002.

Na realidade, a proposta dos especialistas sugere uma série de

alterações no ensino de administração. No que concerne à empresa júnior, esta

deverá adaptar-se às mudanças que o mercado exige para colaborar na formação

do egresso e sua absorção no competitivo mercado de trabalho. Será um veículo de

reformulação do conceito de prática e incrementação das ações do estágio

supervisionado.

O estágio supervisionado, por sua vez, vem como meio de colocar

aspectos práticos à formação teórica do administrador, além de ser uma atividade

compulsória do discente de administração. Em sua origem, o estágio supervisionado

preocupa-se em colocar em prática os conceitos apreendidos durante o curso de

Administração (ROESCH, 1996).

Todavia, há uma rejeição, por parte do aluno, com relação aos

estágios, pois ao estagiar o aluno exerce função de um funcionário, mas não recebe

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como tal, sua atuação na empresa limita-se a trabalhos de pouca significação

organizacional e é considerado como uma forma de exploração de mão-de-obra.

Essa situação fica ainda mais visível, nas pequenas empresas e se

torna mais complexa no interior do Estado de São Paulo, onde maioria das

empresas é de pequeno e médio porte ou origem familiar, deixando para o aluno

poucas oportunidades práticas de administração e gestão.

Para minimizar esse efeito, as instituições de ensino contam com o

estágio supervisionado obrigatório inserido na grade curricular dos Cursos de

Administração.

Essa condição, apesar de constituir-se uma ação positiva, limita as

possibilidades de atividades práticas – o que seria uma das funções das empresas

juniores.

Não se pode deixar de considerar a atitude do empresariado com

relação à colocação do “aprendiz” (estagiário) em sua empresa. Ele, muitas vezes,

toma atitudes defensivas e paternalistas com o estagiário de administração, ao invés

de aproveitar e obter contribuições mais efetivas para sua empresa.

Uma análise mais atenta mostra que um dos maiores problemas da

prática da administração na empresa júnior estaria na forma de administrar essa

atividade e na forma como ela é vista pelo empresariado e pelas próprias instituições

de ensino superior.

A elaboração de um currículo de matérias que incentivem as questões

mais práticas e a obrigatoriedade do estágio supervisionado poderão influenciar na

evolução das instituições de ensino superior no que diz respeito à inserção da

empresa júnior em seus quadros de atividades, pelo menos de uma maneira mais

efetiva.

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Considerando que o conhecimento da administração tem a finalidade

de entender, explicar e tornar mais eficaz a prática gerencial, o desempenho da

empresa júnior pode fazer com que o aluno tenha maior vivência prática por ter

acesso a situações reais, sem esquecer que o conhecimento, sob todos os

aspectos, melhora o desempenho das decisões, fato este inquestionável.

Moreira (2000) salienta, ainda, que o conhecimento experimental dos

estudiosos da Administração resultará em um gerador de conhecimento. E vai mais

além, considerando “que a integração teoria-prática não é apenas forte demais,

mas indispensável” (MOREIRA, 2000a, grifo nosso).

Esse aspecto de integração em determinadas instituições de ensino

não fica claro no que diz respeito à empresa júnior, devido à sua própria

configuração.

Os cursos de Administração das instituições de ensino superior, em

sua grande maioria, ocorrem no período noturno, o que compromete a permanência

e continuidade da atuação do aluno na empresa júnior, por não ter tempo disponível

para atuar na empresa, pois, trabalha durante o período diurno.

O mesmo problema tem acontecido com o estágio supervisionado, em

que o acompanhamento é feito de forma burocratizada e sem conhecimento mais

profundo do desenvolvimento do estagiário. O que leva, em alguns casos, à extinção

da empresa júnior como veículo propagador do conhecimento prático-teórico.

Isso não quer dizer que o instituto “empresa júnior” seja ineficaz, mas

que sua forma de gestão pode ser criticada e analisada para atingir os resultados

esperados pelo mercado e pelo Ministério da Educação.

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Para tanto, é preciso entender a origem do problema, a configuração

atual da empresa júnior e sua significação dentro do ensino prático da

administração.

A definição das condições mais eficazes da empresa júnior exige que

se compreenda o perfil exigido do profissional de administração, isto é, quais as

qualidades e habilidades são necessárias para uma atuação profissional de acordo

com o que requer o mercado.

Segundo a Comissão do Exame Nacional dos Cursos de

Administração, que elaborou o perfil dos alunos dos cursos de administração e suas

habilidades, ficou estabelecido como perfil exigido para o graduando de

administração, os seguintes itens:

1- Internalização de valores e responsabilidade social, justiça e

ética profissional;

2- Sólida formação humanística e visão global que o habilite a

compreender o meio social, político, econômico e cultural em que está

inserido e a tomar decisões em um mundo diversificado e

interdependente;

3- Sólida formação técnico-científica para atuar na administração

das organizações e desenvolver atividades específicas da prática

profissional;

4- Ter competência para empreender ações, analisando,

criticamente, as organizações, antecipando e promovendo suas

transformações;

5- Ter capacidade de atuar de forma interdisciplinar; e

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6- Ter capacidade de compreensão da necessidade de contínuo

aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento da autoconfiança.

No que diz respeito às habilidades, consideram-se como exigências, os

seguintes itens:

1- Expressar-se corretamente nos documentos técnicos

específicos, bem como nas relações interpessoais, de forma a auxiliar

na interpretação da realidade das organizações;

2- Utilizar raciocínio lógico, crítico e analítico, operando valores e

formulações quantitativas e estabelecendo relações formais com

fenômenos;

3- Interagir criativamente em face dos diferentes contextos

organizacionais e sociais;

4- Compreender o todo administrativo, de modo integrado,

sistêmico e estratégico, bem como de suas relações com o ambiente

externo;

5- Lidar com modelos de gestão inovadores;

6- Resolver problemas e desafios organizacionais com flexibilidade

e adaptabilidade;

7- Ordenar atividades e programas, identificar e dimensionar riscos

para a tomada de decisões;

8- Selecionar estratégias adequadas de ação, para atender a

interesses interpessoais e institucionais;

9- Selecionar procedimentos que privilegiem formas de atuação em

prol dos objetivos comuns; e articular o conhecimento sistematizado

com a ação pessoal (REVISTA DO PROVÃO, 2002).

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Uma comparação com a pesquisa do Conselho Federal de

Administração, do Perfil, Formação e Oportunidade de trabalho do

administrador profissional (1999), destacou que o perfil dos administradores

requeridos pelas empresas constitui-se de: conhecimentos de informática, inglês,

planejamento e conhecimento geral sólido. Em relação às habilidades temos: saber

trabalhar em equipe, capacidade de planejar, de tomar decisões, criatividade, de

aprender, comunicar-se bem verbalmente, capacidade de negociar, de assumir

riscos, ter visão articulada da empresa e comunicar-se bem por escrito.

Quando a pesquisa analisa as atitudes esperadas de um

administrador, destacam-se: a capacidade de aprender a aprender, reconhecer a

empresa que trabalha como sua, desejar aperfeiçoar-se continuamente, interesse

em participar de programas de pós-graduação, buscando atualização contínua e

experiência prática.

No item da pesquisa que analisa atitudes pessoais, destaca-se o

espírito empreendedor, capacidade de motivar equipe, fazer as coisas acontecerem,

ter iniciativa, ser ético, ter maturidade, entusiasmo pelo trabalho, ser comprometido e

pré-disposto a trabalhar muitas horas por dia. Nesse ponto, a pesquisa sinaliza a

influência da empresa júnior na formação do administrador.

É preciso, portanto, conhecer a origem da empresa júnior e de onde o

modelo surgiu como veículo de aprimoramento das atividades administrativas e seus

caminhos .

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CAPÍTULO 2 A EMPRESA JÚNIOR: CAMINHOS

O distanciamento entre instituições de ensino superior e a comunidade

não poderia ser corrigido pela academia em um prazo relativamente curto, por

razões relacionadas à agilidade da mudança dos currículos.

Havia a necessidade de criar um instrumento capaz de apresentar aos

estudantes a realidade do mercado sem as deficiências de outras formas, como os

estágios.

A solução encontrada foi a criação da empresa júnior para

descaracterizar os vínculos às instituições de ensino superior. Ao preparar o

profissional para vivenciar situações que encontrará no mercado de trabalho, a

empresa júnior adquire uma extensão social, influenciando a comunidade em que

vive.

2.1 A Empresa Júnior no Mundo

O conceito de empresa júnior surgiu na França, com base em uma lei

nacional de associações com vocação econômica de 1901. No ano de 1967 o

estudante Bernard Caioso, da ESSEC Business School - L’Ecole Supérieure des

Sciences Economiques et Commerciales de Paris, idealizou uma estrutura

administrada por estudantes que pudessem colocar à disposição das empresas,

elaborando estudos a preços razoáveis e com agilidade (MATOS, 1997).

Essas associações seriam formadas exclusivamente por estudantes

universitários para prestar serviços às empresas tendo o apoio das universidades.

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Esse conceito difundiu-se nas maiores universidades, desenvolveu-se

e espalhou-se por todo o mundo, originando a criação da Confédération Nationale

des Junior-Entrepises2 (CNJE), com o objetivo de promover e representar o

movimento Empresa Júnior na França (MORETTO, 2004). A CNJE reúne e

coordena mais de 114 empresas juniores nas principais cidades européias, cujos

membros pertencem a diversas nacionalidades (JADE, 2004).

Com o avanço do modelo de empresa na Europa, criou-se o European

Confederation of Junior Enterprise3 (JADE) para proteger, defender e desenvolver a

marca/patente dos estudos realizados por essas associações (MATOS, 1997).

A associação francesa ainda conserva as características de sua

fundação, sendo classificada como empresa de natureza civil, sem fins lucrativos,

com legislação própria, reconhecida por suas características.

A empresa júnior francesa tem a preocupação da formação acadêmico-

profissional por reconhecer o distanciamento entre a realidade prática exigida pelas

empresas do mercado e os conhecimentos adquiridos na universidade (MATOS,

1997).

Na França, apenas os estudantes que estão cursando a graduação

podem participar como membros da empresa júnior, concluído o curso, o graduando

perde o direito de participação da associação. Como membro da empresa júnior o

estudante pode eleger a diretoria executiva e adquire o direito de trabalhar em

projetos e pesquisas.

2 Confederação de Empresas Juniores da França 3 Confederação européia das empresas juniores.

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A empresa júnior seria um canal para o desenvolvimento de atividades

extracurriculares, através de trabalhos de consultoria para empresas que

complementassem a formação dos graduandos franceses.

O modelo francês de empresa júnior oferece, preferencialmente,

trabalhos de consultoria a grandes empresas, propiciando a divulgação como

prestadora de serviços, mantendo poucos vínculos com a instituição de ensino

superior. Preocupa-se em criar um planejamento voltado à qualidade dos projetos

apresentados.

O mercado europeu, com a presença de oligopólios, exige constantes

investimentos em tecnologia e a procura de novos processos que melhorem a

qualidade produtiva e administrativa (MATOS, 1997).

Nesse sentido, no modelo europeu de empresa júnior, os membros que

se destacam em sua atuação podem tornar-se chefes de projetos, responsabilidade

que se restringe a um número limitado de alunos.

Os membros da diretoria são responsáveis pela gestão anual da

empresa júnior, cuidando da administração, gerenciamento, estratégias, marketing

interno e externo, gerenciamento das equipes de trabalho, além da qualidade dos

projetos.

A função primordial da empresa júnior, nesse modelo europeu, é levar

ao conhecimento do graduando as situações reais, antevistas em sala de aula, para

o campo real do trabalho.

Torna-se, portanto, um meio de estender o curso de graduação a uma

interessante especialização para o futuro profissional em seu mercado de trabalho,

mais especificamente do administrador de empresas (MORETTO, 2004).

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Atualmente, as empresas juniores européias formam uma rede de

estudantes com características empreendedoras, buscando a solução e não os

problemas. As empresas juniores devem colaborar para a união dos países e para a

regionalização das estruturas administrativas das empresas européias.

A European Confederation of Junior Enterprises (JADE, 2004) tem

como missão promover a empresa júnior, assegurando a qualidade constante de

seus membros, oferecendo uma plataforma de transferência de conhecimento.

O movimento empresa júnior europeu possibilita uma plataforma

multicultural de aprendizagem e mudança, com sinergia aos jovens europeus,

incentivando a mentalidade empresarial entre os estudantes, desenvolvendo futuros

líderes para compreensão de sua responsabilidade social, além de valorizar as

universidades, e é reconhecida por suas atividades no setor público ou na sociedade

civil (JADE, 2004).

Uma das funções dessa organização é formar uma rede no campo de

sua especialização, no marketing e no gerenciamento, por meio da ciência e

tecnologia da informação. Muitos dos projetos são em forma de pesquisas, estudos,

planejamento de negócios, análises e competências flexíveis e oferecidas sob

medida às empresas-clientes.

Os valores preconizados das empresas juniores européias são: a

cultura organizacional, o desenvolvimento pessoal, o envolvimento pró-ativo, a

responsabilidade social, abertura de novos conceitos e mudanças interculturais.

Na Itália, por exemplo, a empresa júnior responsabiliza-se pelos

seguintes tipos de consultorias: desenvolvimento e estudo de novos produtos,

análise da concorrência e definição do posicionamento estratégico, reengenharia do

processo produtivo, gerenciamento de suprimentos, análise da satisfação do cliente,

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desenvolvimento de plano de negócios, recrutamento e seleção, organização de

seminários sobre tecnologia da informação, projeção e desenvolvimento de sites

(empreendimentos virtuais) e implementação do sistema de qualidade (CIJE, 2004).

Assim, as empresas juniores européias atendem a clientes de empresas

de grande porte, que investem grandes quantias nos projetos e incentivam outras

atividades (MORETTO, 2004).

Elas estabelecem parcerias que proporcionam o contato interpessoal

entre organizações diferentes, incentivam as pessoas a entenderem claramente o

que há por trás da filosofia de cooperação, definem os planos de cooperação que

cada um deve construir e promovem análises periódicas da direção e estado da

cooperação (JADE, 2004).

2.2 A empresa júnior no Brasil

No Brasil, a empresa júnior possui um estágio menos avançado do que

o modelo europeu quando trata de questões sociais e tem possibilidades de atuação

nos mais variados níveis, tendo plenas e totais condições de assumir uma postura

menos omissa de contribuir ativamente para a mudança, suprindo deficiências e

necessidades que surgem no ensino superior.

A empresa júnior chega ao Brasil em 1987, por meio da Câmara de

Comércio Franco-Brasileira, de onde foi difundida entre estudantes de Administração

de Empresas, com a proposta de organizar associações semelhantes nas

faculdades brasileiras (MORETTO, 2004).

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A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo foi a pioneira na implantação

dessa novidade, no ano de 1989, financiada pela Federação do Comércio do Estado

de São Paulo.

Com o nome de Júnior GV, oferecia serviços de assessoria nas áreas

de organização e métodos para a Fundação S.O.S. Mata Atlântica.

O resultado criou uma expectativa entre as micros e pequenas

empresas, para as quais a assessoria era uma impossibilidade devido ao elevado

custo. Surge, então, a empresa júnior da FAAP (Função Armando Álvares

Penteado), que também começa a funcionar nos moldes da empresa júnior da FGV-

SP.

Em 1990, criou-se a FEJESP - Federação das Empresas Juniores do

Estado de São Paulo, garantindo assim a unidade do movimento, em âmbito

estadual, com representatividade e troca de informações sobre as empresas juniores

de todo o Estado de São Paulo.

A empresa júnior é definida, no Brasil, como uma associação civil, sem

fins lucrativos, constituída por alunos de graduação, presta serviços e desenvolve

projetos para empresas, entidades e a sociedade em geral, contando com

supervisão de professores e profissionais especializados (FEJESP, 1997).

Constitui-se como associação pela união de pessoas que se organizam

para fins não econômicos (CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, Lei 10.406 de 10/01/02). É

conceituada desta forma por meio de definição que deverá constar em estatuto

próprio (MATOS, 1997).

As empresas juniores cujas finalidades estão vinculadas à promoção

de atividades de caráter instrutivo e científico conforme os preceitos de estudo,

pesquisa e extensão universitária da instituição de ensino.

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Desenvolvem projetos de consultoria supervisionados pelos docentes,

procurando fomentar a atuação do aluno nas situações similares do meio em que

atuará, habilitando-o para enfrentar as intempéries do mercado em constantes

mudanças.

Umas das finalidades mais importantes da empresa júnior é estimular as

parcerias e o contato da empresa com o futuro administrador. No entanto, o assunto

não foi explorado exaustivamente, o que torna ainda mais instigante este estudo nas

instituições de ensino superior brasileiras.

Segundo disposições estatutárias a empresa júnior tem como objetivos

(FEJESP, 1997):

1. Proporcionar ao estudante aplicação prática de conhecimentos teóricos, relativos

à área de formação profissional específica;

2. Desenvolver o espírito crítico, analítico e empreendedor do aluno;

3. Intensificar o relacionamento Empresa/Escola;

4. Facilitar o ingresso de futuros profissionais, colocando-os em contato direto com

o seu mercado de trabalho;

5. Contribuir com a sociedade, através de prestação de serviços, proporcionando ao

micro, pequeno e médio empresário, especialmente, um trabalho de qualidade

como um todo no mercado de trabalho;

6. Desenvolver no estudante a capacidade e habilidade de resolução de conflitos

gerados pelas atividades práticas verídicas, facilitando sua convivência com a

realidade vivida por profissionais de administração frente às mudanças dos

mercados, globalização e às novas tecnologias.

A empresa júnior tem a natureza de uma empresa real, com uma

diretoria executiva, conselho de administração, estatuto e regimentos, com uma

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gestão autônoma e isenta em relação à diretoria da faculdade e do centro

acadêmico ou qualquer outra entidade que possa influenciar suas relações.

Tal situação que pode ser entendida como um dos motivos de

desestímulo à atividade dentro das instituições de ensino superior, pois sua atuação

acaba sendo mais controladora do que realizadora de intercâmbios entre as

empresas e a instituição de ensino.

O aluno é o principal alvo da empresa júnior, cuja missão é buscar seu

desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico, por meio da prestação de

serviços de qualidade, além de prepará-lo para enfrentar o mercado de trabalho.

A empresa júnior complementa a formação acadêmica de um

estudante, pois lhe proporciona experiência em vários aspectos e áreas, tais como:

1. Administração de uma empresa;

2. Organização do trabalho em equipe;

3. Delegação de Responsabilidades;

4. Participação efetiva em reuniões de trabalho;

5. Negociação com clientes, patrocinadores, fornecedores, parceiros, etc.;

6. Exercícios de atividades financeiras e contábeis de uma empresa;

7. Decisões sobre políticas de imagem e prospecção de negócios e novos

produtos; e

8. Contato direto com problemas e situações da realidade empresarial

(FEJESP, 1997).

As empresas juniores são compostas exclusivamente de estudantes,

sendo a qualidade do serviço garantida pela orientação e coordenação dos

professores das instituições onde estas empresas estão estabelecidas, ou ainda,

pelo auxílio de profissionais da área, o que reduz significativamente os custos e

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mantém a qualidade pela supervisão dos profissionais que assessoram e orientam

os alunos em seus procedimentos e processos.

O custo de um projeto da empresa júnior é bem inferior ao de uma

consultoria de grande porte, tornando acessível os serviços de consultoria a micro,

pequenas e médias empresas, que não possam arcar com os custos.

As instituições de ensino superior que contam com as empresas

juniores, além da possibilidade de oferecer uma oportunidade diferenciada de

desenvolvimento para o aluno, são favorecidas pela divulgação do trabalho perante

a comunidade empresarial.

Além disso, promove a integração de seu corpo docente com os alunos

e o mercado e prepara os alunos para enfrentarem o mercado de trabalho com uma

qualificação diferenciada, seja qual for a área de atuação, uma vez que terão a

oportunidade de vivenciar na prática a teoria apreendida em sala de aula.

O trabalho de implantação de uma empresa júnior requer uma postura

bastante profissional por parte dos alunos interessados, que devem ter

responsabilidades e espírito empreendedor.

É recomendável, portanto, que seja estruturado um cronograma e um

planejamento, prevendo-se uma divisão de tarefas entre os grupos

empreendedores.

O Projeto de Criação da Empresa Júnior deverá ser apresentado para

discussão junto à Direção da Faculdade ou Universidade, Corpos Docente e

Discente, com base em uma proposta bem definida e planejada (ANDRADE;

AMBONI, 2002).

O projeto deverá definir os objetivos da empresa júnior e as vantagens

que ela poderá trazer à Instituição de Ensino Superior, aos professores e alunos.

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Para que tudo transcorra da melhor maneira possível, é necessário que

a instituição de ensino superior disponibilize uma estrutura interna para apoiar a

iniciativa, cujo interesse é propiciar ao alunado uma vivência prática das teorias

apreendidas dentro do ambiente acadêmico, e que, poderão refletir na qualidade de

sua atuação profissional.

2.3 O modelo brasileiro e o modelo estrangeiro

No contexto internacional, observa-se que a empresa júnior francesa

desenvolveu-se fora do espaço físico das universidades, sendo independente das

instituições de ensino superior da qual seus integrantes são oriundos, com sede em

áreas comerciais e arcando com os custos de aluguel, equipamentos e telefone

(MATOS, 1997). Por esse motivo, a empresa júnior européia não sofre interferências

externas, exceto do mercado.

No Brasil, o modelo de empresa júnior depende da colaboração da

instituição de ensino superior, sem a qual não poderia manter-se com uma estrutura

adequada para seu funcionamento.

Desse modo, a empresa brasileira sofre com as influências de seu

vínculo com a instituição de ensino superior que a sustenta, além dos encargos

iniciais que inviabilizam a criação e manutenção, principalmente por serem

compostas por universitários.

Procurando dar maior credibilidade ao modelo brasileiro, é necessária

a presença e o acompanhamento de um docente, cujo custo ficará a cargo da

instituição de ensino superior.

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Por sua vez, a empresa júnior européia precisou desenvolver suas

formas e metodologias de trabalho para que conquistassem o reconhecimento,

mesmo porque não havia docentes disponíveis para acompanhar os processos de

consultoria.

Além disso, há dificuldade de requisitar docentes que se dediquem

integralmente como consultores nas empresas juniores.

A empresa júnior européia atua para grandes corporações, em seus

investimentos em tecnologia e outras atividades, tornando-se mais atraente para o

mercado de trabalho exigente (MATOS, 1997).

O modelo brasileiro procura atender às demandas das empresas

consideradas micros e pequenas que não podem arcar com os custos de uma

consultoria.

Um fator que influencia a regularização jurídico-legal das empresas

juniores brasileiras é o aspecto burocrático e a incidência de impostos e taxas, o que

pode desestimular sua criação nas universidades particulares brasileiras.

Na Europa, a empresa júnior, por ser independente, preocupou-se

mais com a qualidade dos projetos, o que determinou melhor qualificação da

estrutura educacional. Assim, captou as exigências desse contexto, procurando

apresentar aos estudantes mais efetivamente esta realidade (MATOS, 1997).

Essa postura proporcionou um afunilamento do mercado de trabalho,

na exigência de profissionais com conhecimentos atualizados sobre conceitos de

qualidade produtiva e administrativa.

O modelo brasileiro ainda sofre as conseqüências da instabilidade de

suas empresas, dos processos burocráticos enraizados, das culturas

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organizacionais arcaicas, das dificuldade de adaptação às mudanças e das

necessidades do mercado.

O estudante tem dificuldade de inserir-se no mercado de trabalho, pelo

alto índice de desemprego e, muitas vezes, por sua baixa qualificação profissional.

Essa situação não é diferente no mercado europeu, mas o modelo de

empresa júnior proporciona mais competitividade, pois os estudantes acabam

adquirindo maior experiência por terem atuado em grandes corporações.

Além disso, os programas de estágios das empresas européias

incentivam as habilidades dos futuros profissionais, com programas de trainee.

No caso brasileiro, a despeito dos programas das universidades

conterem estágios obrigatórios, a forma gera uma utilização inadequada do

universitário, que é submetido a subempregos, sem a valorização e a remuneração

adequada.

A cultura do estudante brasileiro influencia sobremaneira sua atuação e

ascensão profissional.

Na Europa, os estudantes atuam na empresa júnior com total

liberdade, possuindo uma maturidade que se origina da qualidade dos sistemas de

ensino básico, o que não acontece com o estudante brasileiro, que vem de uma

educação básica de qualidade duvidosa, com sistemas de ensino ultrapassados e

não compatíveis com as exigências do mercado de trabalho.

Uma das mais significativas diferenças entre as instituições francesas e

as brasileiras está no reconhecimento das primeiras e os problemas de implantação

das segundas, além do tempo de existência e as características das instituições de

ensino superior do modelo estrangeiro.

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A burocratização pode exercer influência sobre o nascimento e

sobrevivência da empresa júnior no Brasil, portanto, é mister conhecer os caminhos

burocráticos do modelo brasileiro de empresa júnior, além das formalidades

estruturais e jurídico-legais para abertura da empresa júnior.

2.4 A formalização da empresa júnior: aspectos burocráticos

Para ser regularmente reconhecida, a empresa júnior brasileira

necessita passar por um complexo processo burocrático.

O estatuto é peça fundamental para a estruturação original da empresa

júnior, e será seguido um padrão, a fim de evitarem-se excessos e discrepâncias,

devendo tal projeto, conforme o estatuto (ver ANEXO I), ser aprovado em

Assembléia Geral dos alunos da Instituição, convocada para tal finalidade (FEJESP,

2004).

Como requisitos legais e pela forma burocrática, a empresa júnior

deverá ser registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, conforme

seu caráter de associação civil sem fins lucrativos, juntamente com a Ata de

Fundação da Empresa Júnior e a Ata de Eleição e Posse da Diretoria.

Ainda deverá ser cadastrada no INSS (Instituto Nacional de

Seguridade Social), ter isenção do IR (Imposto de Renda) e na Receita Federal ter o

número de seu C.G.C (Código Geral Comercial).

Após sua efetivação legal, a empresa júnior, deverá, na sua atuação,

apresentar ao cliente uma Proposta de Serviço de Consultoria contendo as

seguintes informações:

1- Descrição Técnica do Projeto;

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2- Metodologia a ser empregada;

3- Resultado Final (pretendido e realizável);

4- Prazos para o trabalho;

5- Orçamentos (custos) e

6- Forma de Pagamento.

Feito isso, segue-se um Contrato de Consultoria com:

a) Conteúdo da Proposta;

b) Direitos e Obrigações de ambas as partes;

c) Termos de rescisão;

d) Datas de Entrega e Pagamento.

Os estagiários participantes deverão assinar Termo de Compromisso

entre Consultor Júnior e a Empresa Júnior, com o Programa de Estágio, Atribuições,

Datas de Entrega e Recebimento, Forma de Recebimento e Apólice de seguro

(FEJESP, 2004).

A atuação da empresa júnior dependerá dos cursos oferecidos pela

instituição de ensino superior e as necessidades das empresas conveniadas, não

ficando, a princípio, limitada a uma única área de mercado.

A Federação das Empresas Juniores (FEJESP), que atua no Estado de

São Paulo, congrega todas as empresas cadastradas ligadas às universidades, sem

limitação à área, ou seja, não possui cadastradas as empresas juniores somente

dos cursos de administração, mas de toda e qualquer área de atuação.

No que diz respeito aos processos fiscais, é necessário ter registro no

CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - Secretaria da Fazenda (Receita

Federal), cuja identificação deve-se ao recolhimento de impostos, para o controle de

relatórios periódicos e manutenção do cadastro atualizado (FEJESP, 2004).

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Esse registro tem validade de seis meses e sem ele a entidade poderá

tornar-se marginal.

As empresas juniores são isentas de Inscrição Estadual por não

negociar mercadorias.

No que diz respeito aos documentos fiscais necessários, a empresa

júnior deverá ter Livros Fiscais que são discriminados assim: Livro Razão,

obrigatório e indispensável para medir o desempenho da empresa, o Livro Diário,

obrigatório por lei, onde são registrados todos os fatos contábeis, discriminando-se

dia, mês e ano, Livro Caixa, onde serão descritas todas as operações e

movimentações financeiras e o Livro-Ata que consiste no registro, por escrito, das

reuniões, sessões de assembléia geral ou extraordinária, assim como as

deliberações importantes para a sobrevivência da empresa júnior.

No que se refere às taxas, as empresas juniores estão sujeitas as

seguintes: TFA (Taxa de Fiscalização de Anúncios), cobrada pelas Prefeituras

Municipais quando há exploração ou utilização de qualquer meio, de anúncios e nos

logradouros públicos.

A TLIF (Taxa de Localização, Instalação e Funcionamento) em razão

da localização, instalação e funcionamento.

Quanto ao Imposto de Renda, todas as empresas juniores,

consideradas instituições de educação, sem fins lucrativos, são imunes ao imposto

de renda (art.14 do Código Tributário Nacional – Lei 5.172/66).

Cabe salientar que os dirigentes e administradores da empresa júnior,

que possuem remuneração, não gozam da imunidade tributária.

No que se refere ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

Serviços) a empresa júnior, para ser isenta, precisa enquadrar-se como prestadora

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de serviços, não podendo em seus documentos constar os termos serviço,

assessoria, consultoria, projetos e similares.

Quanto ao I.S.S. (Imposto sobre Serviços), a empresa júnior pode

solicitar sua imunidade mediante requerimento que justifique o pedido, por serem

consideradas empresas sem fins lucrativos, mediante justificativa clara à Prefeitura,

para obter a isenção.

Para o I.P.I. (Imposto sobre Produtos Industrializados) dependerá das

atividades executadas pela empresa júnior, ficando isenta desde que não produza

insumos nem artigos industriais.

Outro imposto é o COFINS (Contribuição para Financiamento da

Seguridade Social), de recolhimento mensal, o qual todas as empresas, inclusive as

empresas juniores são obrigadas a recolher.

A relação anual de informações sociais (RAIS), no caso das empresas

juniores que não têm qualquer funcionário, é necessário apresentar, anualmente, a

RAIS com declaração negativa, indicando que não possuem empregados.

Existe, ainda, o Programa de Integração Social (PIS), que distribui

lucros gerados pelas contribuições feitas das pessoas jurídicas e com o repasse do

governo através do imposto de renda devido.

Embora não esteja isenta desse imposto, a empresa júnior que não

tiver funcionário fará uma declaração nula na folha de pagamento.

Assim, levando-se em consideração que a legislação brasileira sofre

constantes alterações, as mudanças precisam ser acompanhadas por um

profissional hábil, que, no caso, poderá ser um advogado ou um contador.

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Por ter essa pesada carga de tributos e taxas, as empresas juniores

brasileiras precisam estar vinculadas às instituições de ensino superior, para sua

criação e manutenção.

Todavia, a empresa júnior é um instituto bastante burocrático frente às

peculiaridades do ensino superior, cujos alunos trabalham ou pretendem trabalhar

em empresas da região e não tiveram oportunidade de entrada no mercado com

uma valiosa orientação profissional prática.

2.5 A empresa júnior e o Novo Código Civil

A promulgação do Novo Código Civil Brasileiro (2002) estabelece

algumas mudanças que podem interferir na forma, na estrutura e nos serviços

prestados pela empresa júnior, mas não contempla a empresa júnior como uma de

suas tipologias.

O novo Código trata do empresário em primeiro lugar, sua

caracterização, inscrição e capacidade (HENTZ, 2003).

Em seu artigo 966, o Código Civil considera empresário quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação

de bens e serviços.

No parágrafo único, qualifica quem não é considerado empresário,

como os profissionais liberais, por exemplo, que, segundo Hentz (2003), são

dispensáveis, porque não se enquadram na definição de empresário contida no

início do referido artigo.

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O texto jurídico obriga, ainda, o empresário à inscrição de sua empresa

no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início das

atividades (Código Civil, 2002).

Nas relações externas, a empresa se obriga por seu nome de

empresa. Define ainda o nome empresarial, como a designação da firma ou

denominação adotada por pessoa natural ou pessoa jurídica (incluem-se sociedades

sem fins lucrativos – regime das empresas juniores), pela qual se fazem conhecidas

no exercício de suas atividades empresariais (HENTZ, 2003).

Para os administradores, o Código Civil é a cobrança de suas

responsabilidades para com a sociedade, em caso de prejuízos por atos sociais

(HENTZ, 2003), ou seja, o administrador deverá ressarcir os prejuízos que causar

por sua culpa à empresa.

O artigo 1.011 diz que o administrador da sociedade deverá ter, no

exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo

costuma empregar na administração de seus próprios negócios (Código Civil, 2002).

Quanto à administração de sociedade, o novo Código Civil estabelece

como deveres impostos por lei aos membros do conselho de administração e

diretoria o seguinte: a) Dever de diligência – pelo qual o administrador deve

empregar, no desempenho de suas atribuições, o cuidado e diligência que todo

homem ativo e probo, costumeiramente, emprega na administração de seus próprios

negócios; b) Dever de lealdade – o administrador não pode usar, em proveito próprio

ou de terceiro, informação pertinente aos planos ou interesses da empresa e à qual

teve acesso em razão do cargo que ocupa, agindo sempre com lealdade para com

aquela. O descumprimento desse dever de lealdade pode caracterizar, em alguns

casos, crime de concorrência desleal (COELHO, 2004).

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Segundo o autor, o administrador não é responsável pelas obrigações

assumidas pela companhia por ato regular de gestão, mas responderá pelo ilícito

seu, pelos prejuízos que causar, com culpa ou dolo, ainda que dentro de suas

atribuições ou poderes, ou com violação da lei ou do estatuto.

O termo “empresário” compreende tanto aquele que, de forma singular,

pratica profissionalmente atividade negocial, como a pessoa de direito constituída

para o mesmo fim (FAZZIO JR, 2003).

A companhia pode promover a responsabilidade judicial do

administrador, por prejuízo que este lhe tenha causado, mediante prévia deliberação

em assembléia ordinária, ou se constar da ordem do dia, ou tiver relação direta com

a matéria de apreciação, pela assembléia extraordinária (COELHO, 2004).

O Código Civil pondera em seu artigo 1.011, parágrafo primeiro, que

não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, se

condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos

públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,

peculatos; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional,

contra as normas de defesa da concorrência, contra relações de consumo, a fé

pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (CÓDIGO

CIVIL, 2002).

O administrador responderá, ainda, por perdas e danos perante a

sociedade, que realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo

em desacordo com a maioria (Art. 1013, § 2º).

2.6 A Empresa Júnior e sua estrutura

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A forma de gestão das empresas juniores é um aspecto importante de

conhecimento e análise de suas características e peculiaridades.

A empresa júnior essencialmente promove o desenvolvimento dos

alunos envolvidos, tanto no aspecto técnico, acadêmico, profissional como no

pessoal (MORETTO, 2004). Ela desempenha um papel de canal de transferência de

conhecimento autônomo com relação à universidade, mas associada a ela, já que é

formada por iniciativa de seus docentes, além de utilizar seu espaço físico e o nome

da instituição de ensino (MATOS, 1997).

Atua, também, como uma possibilidade do estudante de graduação -

no caso deste trabalho, o aluno de administração de empresas - entre em contato

com o mercado e desenvolva-se profissionalmente.

Como modelo, possui muitas variáveis no que se refere às estruturas,

os modelos gerenciais, as culturas e os tipos de instituições de ensino superior, ou

seja, variáveis que influenciam seu desempenho (MORETTO, 2004).

A empresa júnior é vista como meio de ligação da teoria com a prática

e o desenvolvimento das questões administrativas, tendo como fatores de influência

a gestão interna, a gestão estratégica, as relações com o mercado de trabalho, a

gestão financeira, os recursos humanos, a prestação de serviços e a qualidade.

A forma de administração é ditada pela hierarquia definida pelo

processo de constituição da empresa júnior. Nesse estilo de empresa, a estrutura

deve ser flexível para não prejudicar a forma de consecução das atividades.

Normalmente a estrutura é funcional, os integrantes exercem funções

ou processos em trabalhos similares, valorizam-se a especialização, multiplicidade

de contatos entre as hierarquias e aplicação da divisão de trabalho às tarefas de

execução e à supervisão (CURY, 2000).

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Essa estrutura é mais comum em empresas de pequeno e médio porte,

o que facilita o controle e a supervisão (STONER; FREEMAN, 1995).

Segundo Moretto (2004) a empresa júnior facilita uma visão global da

empresa.

Porém, esse tipo de estrutura tem suas desvantagens, como, por

exemplo, o fato de ser lenta às modificações ambientais que exigem mais

coordenação dos integrantes e a dificuldade de coordenação e o custo elevado

(CURY, 2000).

As empresas juniores são estruturas pequenas que não apresentam

problemas na administração, pela proximidade entre seus membros. A hierarquia é a

formalização das relações de poder e subordinação entre os membros do grupo,

com o intuito de facilitar a coordenação das atividades (MORETTO, 2004).

O arranjo hierárquico da empresa júnior é bastante variado, compondo-

se de modelos rígidos e autoritários, inspirados no controle burocrático, como vimos

anteriormente.

Outro fator que influencia a atuação da empresa júnior é a cultura

organizacional, ou seja, o conjunto de valores, crenças e normas não escritas de

uma empresa.

A cultura organizacional da empresa júnior dependerá de seus

elementos, da instituição de ensino superior, do corpo docente e discente, além das

características do mercado em que está inserida.

Como a empresa júnior atua em micros e pequenas empresas que, em

sua maioria, são empresas familiares, o conceito de cultura afeta de maneira

significativa a condução da prestação de serviços.

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Segundo Moretto (2004) a descentralização, o compartilhamento de

poder, o envolvimento dos membros e socialização da informação e do

conhecimento foram entendidos, até então, como pontos positivos em uma empresa

júnior.

Um mecanismo de tomada de decisão enfatiza o poder da diretoria,

mas abre um caminho mais democrático e amparado pelo processo burocrático que

são as assembléias que podem ser convocadas, obedecendo ao estatuto e à

legislação vigente.

O controle é um aspecto a ser considerado no processo de

administração da empresa júnior e depende da cultura e das influências de seus

membros e da instituição a que está vinculada direta ou indiretamente.

2.7 O docente na Empresa Júnior

Um elemento fundamental na administração da empresa júnior é o

docente, que transmite conhecimento técnico, dá segurança e orientação aos

projetos da empresa.

O docente deve ser como um facilitador entre o aluno, a empresa-

cliente e a instituição de ensino. Por seu notável saber e experiência, poderá dar

credibilidade ao projeto executado pela empresa júnior. Assim, o relacionamento do

docente com os alunos é de fundamental importância para o processo de

aprendizagem - os professores sintonizados com o movimento intermediam clientes

potenciais, propiciam o relacionamento entre os empresários e o corpo discente

(MORETTO, 2004).

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A presença do docente na atuação da empresa júnior de forma integral

é uma característica importante para a atuação e conhecimento do mercado, vez

que os docentes com suas habilidades e experiência profissionais podem ser fonte

de conhecimento prático e teórico que colaborará na evolução da empresa júnior e

na comunidade em que está inserida.

Os docentes agem como verdadeiros tutores, embora devamos

reconhecer que, em alguns casos, sua atuação pode ser prejudicial, provocando

desestímulo à participação dos alunos nos projetos da empresa júnior.

Um dos problemas a serem enfrentados é a continuidade da

participação do docente nos projetos da empresa júnior. Algumas vezes, ele acaba

sendo mais conhecido do que o projeto da empresa e seus integrantes, despertando

a vaidade.

Além disso, algumas características precisam ser observadas para que

esse docente seja um efetivo colaborador da empresa júnior.

Existem quatro tipos de docentes que atuam na empresa júnior: o

professor esporádico, que orienta projetos pontuais pertencentes a sua área de

conhecimento; o professor tutor, que aconselha, discute e chama a atenção, sana

as dúvidas e indica fontes e formas, mas não está presente na rotina diária da

empresa júnior; o professor exclusivo, presente em toda rotina da empresa,

aconselhando e discutindo, além de interferir no processo decisório e atuar como

supervisor; por fim, o professor inativo, que não está envolvido com os projetos da

empresa júnior, não mantém vínculos com os membros, considerando-os como

concorrentes (MORETTO, 2004).

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Um fato importante da atuação do professor é que ele se envolva e

conquiste a participação de outros docentes e dos alunos nos projetos da empresa

júnior.

Sendo assim, o professor orientador da empresa júnior deve ser um

aglutinador, convergindo os interesses para uma única direção: o interesse na

preparação profissional do futuro administrador.

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CAPÍTULO 3 O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO E A EMPRESA JÚNIOR

O perfil e as habilidades requeridas pelo ensino de Administração

levam a questionar o papel da empresa júnior na formação do administrador e o

caminho que as instituições de ensino superior estão trilhando para que o aluno

forme-se de acordo com o concorrido mercado de trabalho. Desse modo, faz-se

necessária uma consideração sobre a natureza do conhecimento em Administração,

no que se refere à teoria e a prática:

(...) O conhecimento da administração tem um fim: ele é gerado para que possamos entender, explicar e tornar mais eficaz a prática gerencial. Destarte tem um público certo e definido ao qual se destina, além da própria comunidade acadêmica. Atentos ao seu desenvolvimento estão não apenas os professores e pesquisadores, mas também gerentes, administradores, consultores, executivos e empresários. Quanto mais complexo for o meio empresarial, o ambiente no qual as empresas devem trabalhar, mais dinâmica será a geração de conhecimento (...) o conhecimento experimental dos estudiosos da Administração formará, ao lado das pesquisas formais e da prática empresarial, como mais um gerador do conhecimento. (MOREIRA, 2000b, grifo nosso)

Compreende-se, portanto, que a aprendizagem é um fator primordial

no questionamento sobre o ensino da administração. Pode-se, por analogia, citar

uma questão trazida da área médica que tem como característica a aprendizagem

centrada no aluno, a quem é transferida a responsabilidade de sua própria

aprendizagem, identificando o que precisa para melhor compreender e gerenciar

informações, etc. (MENGES; SVINICK, 1996).

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Utiliza-se a prática como forma de motivá-los, além do estudo de caso,

seminários, vídeos e simulações. Essa idéia deriva da teoria em que a

aprendizagem é um processo que ensina a construir ativamente o conhecimento e

não é apenas um processo receptivo.

Nesse sentido, conforme Menges & Svinick (1996), consideram-se dois

aspectos essenciais na aprendizagem: o papel do tutor, em nosso caso, o docente,

e os tipos de problemas relatados para o estudo.

No estudo do ensino de Administração, essas são considerações

importantes, pois a utilização de meios ou recursos para implementar a teoria pode

facilitar, ao aluno, a transposição para a prática por sua atuação na empresa júnior,

ressaltando-se que a prática necessita de preparação para que possa tornar-se

efetiva e eficaz, o que cabe ao docente e aos tipos de abordagens de ensino

escolhidos, a fim de tornar o aluno apto para enfrentar os verdadeiros problemas

organizacionais.

A capacidade de praticar é uma outra reflexão sobre o ensino de

administração cujo processo leva à experiência, definida como a atividade de

relembrar e trazer de volta tudo o que o aluno aprendeu, observando o sentido,

definido como atividade de explorar o aspecto positivo e benéfico da experiência.

Há também a questão de reavaliação da experiência por meio de

atividade que permita examiná-la. A visão que o professor tem, muitas vezes, é

equivocada, porque considera como seu dever apenas o fato de dirigir, de guiar e de

orientar os alunos (SNYDERS, 1994), sem considerar a diversidade cultural e

educacional que compõem o alunado.

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Na instituição de ensino superior do setor privado, isso é bastante

visível: em uma única sala de aula, existe uma diversidade de pessoas, o que faz

com que a teoria e a prática sejam vistas de formas diferentes.

Na pesquisa do Conselho Federal de Administração (CFA, 1999, p.85),

surgem algumas sugestões para formar administradores mais ajustados às

demandas: “parcerias com as empresas”, objetivando aproximar os alunos do

mercado; “utilização de métodos menos teóricos e mais práticos” e “oportunidades

de estágio para os estudantes”.

Com esses três elementos, o ensino prático da Administração acaba

por se aproximar mais do perfil esperado pela LDB (Lei de Diretrizes de Bases),

além de ser também o perfil mais adequado às exigências de mercado.

Sendo assim, o quesito de implantação de empresa júnior justifica-se,

pois deverá e poderá formar essa consciência prática e colaborar para que o futuro

profissional chegue ao mercado com condições para enfrentar as mudanças.

Sabe-se que a vivência prática de situações, em sua fase acadêmica,

pode significar uma conquista do profissional no mercado.

Em virtude disso, este estudo investigou se a empresa júnior oferece

subsídios para preencher essa lacuna na formação do perfil dos alunos do curso de

Administração.

3.1 As interações entre o curso de administração e a empresa júnior

O conceito de empresa júnior contemplado na pesquisa é considerado

proposta de qualidade para a formação do administrador. Além do perfil, em suas

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habilidades e atitudes, a relevância do tema é demonstrada pela pesquisa realizada

sob a coordenação do Conselho Federal de Administração: Perfil, formação e

oportunidade de trabalho do administrador profissional (1999), cujo objetivo era

reunir materiais quantitativos e qualitativos atualizados e confiáveis sobre o perfil, a

formação escolar, a atuação e as oportunidades de trabalho do administrador

profissional, além de conhecer o nível de aperfeiçoamento atual do administrador em

relação às oportunidades e perspectivas profissionais. Nesse âmbito, a pesquisa

focaliza alguns requisitos da empresa júnior.

No item: “Sugestões capazes de elevar o nível da formação do

administrador”, observa-se a visão dos professores sobre o perfil e as oportunidades

de trabalho para o administrador profissional. Nesse quesito, apontou-se a

necessidade de apoio por parte da instituição de ensino superior para criação da

empresa júnior (6,5%).

No quesito: “Avaliação das metodologias de ensino e dos recursos

didáticos passíveis de serem explorados nos cursos de administração”, um

programa de consultoria através da empresa júnior é citado por 66,7% dos

professores entrevistados.

Quando o tema é: “Atributos de grande e total importância para a

qualidade da formação do administrador”, estabelecer parcerias com as empresas e

estimular os estudantes a participarem das empresas juniores conquista a média 4.

No quesito “Melhorias que as instituições de ensino superior devem

imprimir à formação do administrador”, o incentivo à criação da empresa júnior tem

13% dos entrevistados, segundo o ponto de vista dos empregadores, cuja principal

consideração é formular um currículo capaz de responder às necessidades do

mercado (50,7%).

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No quesito: “Contribuições dos empregadores para a formação do

administrador”, a contratação de serviços das empresas juniores atinge 8% dos

entrevistados, segundo os empregadores.

Cabe aqui analisar, hipoteticamente, que a pouca consideração a

respeito dos serviços da empresa júnior pode ser resultado do descaso que as

instituições de ensino superior têm em criar ou divulgar os serviços da empresa

júnior para o mercado, quando de sua implantação e manutenção – um dos

aspectos que se pretende analisar neste estudo.

A pesquisa do Conselho Federal de Administração (1999) apontou,

ainda, a ausência de empresa júnior nas instituições como causa de uma das

maiores deficiências na formação universitária: a desarticulação entre teoria e

prática é citada por 22,4% dos respondentes e a distância entre a formação

universitária e as exigências do mercado de trabalho é citada em 16,7%.

A solução para esse panorama é apontada pela pesquisa em um item

relacionado com o estabelecimento de parcerias com as empresas (18,7%), além de

buscar a aproximação da teoria com a prática (8,1%), e finaliza sugerindo o apoio

das instituições de ensino superior na criação das empresas juniores (6,5%).

O tema sobre a criação da empresa júnior volta a ser mencionado na

pesquisa quando se indaga sobre a importância que a empresa tem como

incentivadora da qualidade e da formação do administrador.

Com base nesses dados, pode-se afirmar que o ensino-aprendizagem

da administração através da empresa júnior poderá ser o meio de relacionar-se a

teoria com a prática e, assim, o ensino de administração seria complementado com

a atuação da empresa júnior.

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Na pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração em

2003, as empresas juniores não são mais citadas como veículo de incentivo à

formação prática do aluno.

Quando se fala de qualidade, na opinião dos professores, o

compromisso das instituições de ensino superior à efetiva aprendizagem dos

estudantes (29,03%) é quesito mais citado.

A existência de atividades extracurriculares capazes de contribuir para

ampliar e aprofundar a aprendizagem do estudante aparece em apenas 6,07% das

respostas ao quesito indicador da qualidade do curso de administração (CFA, 2003).

No quesito identidade do administrador, nas duas opções mais

utilizadas pelos administradores (63%), pelos docentes (73%) e pelos empregadores

(63%) estão: promover sinergia e visão sistêmica.

Quando a pesquisa procura definir as principais características do

administrador não obtém consenso no que concerne à qualificação para assumir um

cargo gerencial.

Os administradores (55%) e professores (50%) acham necessária a

formação em Administração, mas o empregador acha que serve qualquer graduação

e especialização em administração (36%), seguida de graduação em administração

(27%).

Para os conhecimentos, competências e habilidades, no item

conhecimento: “Ter visão ampla, profunda e articulada do conjunto das áreas de

conhecimento”, a pesquisa detecta entre administradores (44%), professores (63%)

e empregadores (39%).

No item “Competências”, capacidade de identificar e solucionar

problemas aparece em primeiro lugar.

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Nas habilidades, o item mais citado é relacionamento interpessoal. No

que se refere à atitude, praticamente há um empate na porcentagem das respostas,

avaliando como o comportamento ético, seguido de atitude empreendedora e

finalizando os itens principais como comprometimento.

Nas oportunidades de trabalho a pesquisa aponta, em primeiro lugar, o

setor de serviços (CFA, 2003).

No resultado final da pesquisa, algumas considerações podem ser

preocupantes.

A expansão dos cursos de Administração em todo o país está

formando mal o administrador, visto que não preparam convenientemente o egresso

para enfrentar os desafios do mercado de trabalho.

Um dos motivos desse despreparo pode ser a desatualização das

disciplinas, ou a não incorporação de avanços tecnológicos.

Acresce-se a esses condicionantes, o fato de as funções gerenciais

nas organizações terem sido ocupadas por profissionais de todas as áreas, o que

dificulta a inserção do profissional no mercado, e o setor predominante da atuação

do administrador ser o de serviços.

Nas duas pesquisas realizadas pelo Conselho Federal de

Administração (1999 e 2003) a empresa júnior, é considerada como meio de

fomento à qualidade da formação e do ensino de administração, não ocupa lugar de

destaque, sendo que na pesquisa de 2003 nem sequer foi citada nos itens de menor

porcentagem de referência, razão pela qual é necessário entender a função que

exerce a empresa júnior como meio de complementação da formação do

administrador.

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3.2 A formação do Administrador e a Empresa Júnior

O motivo da existência da empresa júnior, como ideal precípuo, é o de

fazer com que o graduando entre em contato com as questões práticas,

complementando a formação teórica que recebeu ou está recebendo durante o

curso de administração.

A presença da empresa júnior promove a instituição de ensino superior

que abriga e sustenta a estrutura, mantendo as instalações físicas e o docente para

orientar e acompanhar os projetos.

É um fomento à complementação da formação do administrador, que

não deixa, segundo Matos (1997) de enquadrar-se perfeitamente como instrumento

de extensão universitária, que concretiza duas missões: de comunicar-se com a

sociedade, repassando conhecimentos básicos e de ser veículo de transferência de

conhecimento.

Não se pode negar o aspecto mercadológico do qual a instituição de

ensino superior poderá tirar proveito, através da imagem perante a sociedade

empresarial e acadêmica, propiciando uma formação diferenciada aos seus futuros

profissionais.

As empresas juniores são centros de prestação de serviço ao

empresário das empresas micros, pequenas e médias, por oferecerem um serviço

com um preço acessível, fornecendo aperfeiçoamento técnico, além da oportunidade

do estudante desenvolver uma visão global (MORETTO, 2003).

Sob essa perspectiva, o curso de administração necessita buscar a

construção de uma base tecno-científica que permita aos estudantes desenvolverem

um processo de auto-questionamento, senso crítico-analítico, tornando-se capazes

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de absorverem e adequarem-se aos requisitos e necessidades do mercado de

trabalho.

Todavia, as habilidades e competências, vistas anteriormente, de nada

adiantam se não houver um ambiente propício para desenvolvê-las.

Na empresa júnior, existe a possibilidade de equilibrar a teoria com a

prática em suas diferenças, porém o mais importante é o propósito de

aprendizagem.

Um aspecto a ser considerado nesse processo de aprendizagem é a

interdisciplinaridade contida na atuação do aluno na empresa júnior, cuja prática

situa-se na categoria ação, de caráter intencional, comprometida, direcionada a uma

finalidade, que é a transformação, o aperfeiçoamento social e educacional

(MORETTO, 2003).

A atuação, na empresa júnior, é uma importante ferramenta de

preparação do profissional, sob todos os aspectos, na medida em que provoca a

proximidade da instituição de ensino superior com o mercado, com os alunos, com a

comunidade e com as empresas, fomentando mais rapidamente os processos de

modernização das ações administrativas e gerenciais.

Nesse contexto, é necessário conhecer a fundo o papel dos sujeitos

que fazem parte da empresa júnior, elementos essenciais de seu sucesso.

Cabe aqui relacionar quais são os sujeitos que, direta ou indiretamente,

concretizam as relações com os alunos, instituição, cliente e mercado, ou seja, os

chamados sujeitos principais, mais especificamente: o aluno, as empresas-clientes

(micro e pequenas empresas), o professor-orientador, a instituição de ensino

superior e os parceiros ou colaboradores.

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O grupo composto por alunos, formalmente vinculados à instituição de

ensino superior e em processo de graduação, é considerado o principal cliente, cuja

missão é buscar seu desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico através da

prestação de serviços de qualidade (FEJESP, 2004).

A empresa júnior complementa e sedimenta a formação acadêmica de

um estudante em sob aspectos, pois propicia a ele experiências em administração

de empresas, organização do trabalho em equipe, aprendendo a delegar

responsabilidades, ter uma participação efetiva em reuniões de trabalho, negociar

com clientes, patrocinadores, fornecedores e parceiros, exercitar atividades

financeiras e contábeis da empresa, tomar decisões sobre políticas de imagem e

prospecção de negócios e produtos e ter contato direto com problemas e situações

da realidade empresarial.

Na empresa júnior todos são tratados da mesma forma, o que

possibilita identificação, potencializando o processo de comunicação e engajamento

de cada grupo (MORETTO, 2003).

Para Moretto (2003), os alunos podem ser classificados em: globais,

setoriais, realizadores e membros. Os alunos globais são os graduandos

pertencentes à instituição de ensino superior e que, independentemente do curso ao

qual estão atrelados, apresentam disponibilidade de se envolverem ativa ou

reativamente com a empresa júnior.

Eles são considerados receptores de conhecimento e, futuramente,

possíveis clientes ou parceiros.

Os alunos setoriais são os que integram o grupo discente comum da

empresa júnior, ou seja, aqueles graduandos com os quais a empresa júnior detém

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vínculos estatutários, por isso têm permissão para integrar a empresa como membro

ou consultor.

Já os chamados alunos realizadores, nem sempre são diferenciados

pela empresa júnior. Pertencem à faixa setorial e estão envolvidos direta ou

indiretamente com a empresa júnior, desenvolvendo estudos, consultorias, eventos,

pesquisas, etc.

Os alunos membros são os acadêmicos que gerenciam e que atam

laços fortes de responsabilidade com a empresa. Cada grupo interfere e sofre

interferência de forma particular, por isso carecem de cuidados diferenciados

(MORETTO, 2003).

Independentemente das definições que os autores fazem com relação

aos alunos (graduandos) que atuam na empresa júnior, é importante salientar que

eles formam os futuros empresários e executivos que poderão se tornar clientes da

empresa júnior.

O estudante universitário ou graduando é o veículo através do qual a

instituição de ensino superior procura efetivar o seu máximo propósito, que é

propiciar melhores condições de vida para todos os cidadãos (NÉRICI, 1993).

É, ainda, a razão pela qual a instituição de ensino superior abriga e

custeia a empresa júnior em seu objetivo final de prepará-lo para o mercado.

Outro sujeito presente nas relações da empresa júnior é o professor-

orientador, aquele que transmite seu conhecimento técnico, indica as fontes e

formas de fazer, contribuindo com a qualidade dos estudos realizados pela empresa

júnior (MORETTO, 2003).

A facilidade de participação do docente para orientar as ações da

empresa júnior permite que o leque de opções seja muito maior para o estudante,

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que deve encontrar formas de desenvolver seu espírito crítico e conhecer a

realidade do mercado, inovando em busca de novas metodologias e proposição de

soluções (MATOS, 1997).

A presença do professor-orientador na empresa propicia ao aluno

maior segurança em relação ao planejamento, à execução e à conclusão dos

projetos, além de dar maior credibilidade aos serviços, na medida em que eles são

profissionais mais experientes e possuem um bom relacionamento com o meio

empresarial, prospectando os clientes em potencial.

O docente incentiva a desenvolver as competências na empresa,

assim como as habilidades individuais, à medida que conquista prestígio e confiança

(MORETTO, 2003).

Algumas características podem ser delineadas para que o professor-

orientador tenha o perfil para atuar na empresa júnior, utilizando, por analogia, as

condições definidas por Nérici (1997):

1- Ter capacidade de adaptação, ou seja, capacidade de

sintonizar-se com a realidade humana de seus alunos, bem como de

suas relações, melhorando seu desempenho frente as suas condições

e características. Na orientação da empresa júnior, o professor-

orientador deverá ter essa capacidade de conhecer e aproveitar seu

aluno, na melhor função, conforme a tipologia da consultoria. Deve

saber, ainda, adequar a característica de cada membro às

potencialidades das funções, procurando estimulá-lo e desenvolvê-lo

para enfrentar o mercado de trabalho;

2- Ter equilíbrio emocional, evitando extremos de atitudes, a fim de

suscitar credibilidade perante seus orientandos, sejam quais forem as

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situações dos projetos. O professor-orientador é um coordenador, que

mantém o desempenho de seus alunos com sua forma de administrar

e gerenciar as adversidades;

3- Coerência de comportamento, ou seja, oscilações de humor,

comprometendo a confiabilidade de seus alunos. Na consultoria

promovida pela empresa júnior, o comportamento do docente é

imprescindível para que o aluno espelhe suas atitudes perante as

situações cotidianas, o que formará uma espécie de modelo de

atuação profissional.

4- Capacidade de empatia, que consiste na capacidade do

professor de se colocar na situação do outro, a fim de compreender

melhor e superar as dificuldades. O professor deve encarar seus

orientandos na empresa júnior individualmente, pois cada aluno tem

suas peculiaridades, habilidades e vocações, cabendo ao professor-

orientador percebê-las e incentivá-las;

5- Capacidade de motivar-se, visto que o próprio professor-

orientador tem de motivar-se por seu desempenho, por aquilo que

esteja realizando com seus alunos, empolgando-os fisicamente e

intelectualmente pelos projetos e processos que ocorrem dentro e fora

da empresa júnior.

Outros sujeitos, integrantes das relações da empresa júnior, são as

empresas, público-alvo da consultoria.

As empresas juniores tornam acessíveis os serviços de consultoria

para as micros e pequenas empresas pelo baixo custo de um projeto, já que utilizam

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estudantes e oferecem garantia propiciada pelo apoio da instituição de ensino

superior e pela presença de docentes com notável conhecimento e experiência.

Situação que vai ao encontro do novo Estatuto da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte - Decreto 3.474/00 (SEBRAE, 2004), que tem por

objetivo estabelecer um tratamento diferenciado, propiciando benefícios e incentivos

para que se possa atuar no mercado competitivo.

A definição de micro e pequena empresa pode ser avaliado por receita

bruta anual ou por critérios adotados pelo SEBRAE (2004) através de dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizando o número de pessoas

ocupadas.

Assim, considera-se microempresa, na indústria, as que tiverem

empregadas até 19 pessoas ocupadas e no comércio e serviços, até 9 pessoas

ocupadas.

A pequena empresa, nesse critério, é considerada a empresa que tiver,

na indústria, de 20 a 99 pessoas ocupadas e no comércio ou serviços de 10 a 49

pessoas ocupadas.

Outro sujeito, elemento essencial que circula no universo da empresa

júnior é a instituição de ensino superior que exerce um papel importante, pois

oferece uma oportunidade diferenciada de desenvolvimento para o aluno, uma vez

que os serviços realizados pela empresa júnior sedimentam o nome da instituição

perante a comunidade e o mercado (FEJESP, 2004).

A instituição de ensino superior que resolve apoiar a empresa júnior,

passa a ter um custo, oferecendo espaço físico, equipamentos e outros gastos,

inclusive com o pagamento do professor-orientador (MATOS, 1997).

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O ganho está na complementação à aprendizagem do aluno, pois é o

modelo mais próximo para que ele adquira experiências, possibilitando a perfeita

relação da teoria com as práticas administrativas e gerenciais.

A empresa júnior, atuando dentro ou fora da instituição de ensino que a

patrocina, confere a esta credibilidade, que conduz à responsabilidade e

comprometimento de suas ações (MORETTO, 2003).

Portanto, o objetivo da exploração do conceito de empresa júnior pelas

instituições é validá-lo tanto quanto o estágio curricular supervisionado, no que diz

respeito aos cursos de administração, visto que a presença efetiva da empresa

júnior dentro da instituição agrega valor aos serviços oferecidos, à medida que suas

atividades incentivam o aprimoramento profissional do futuro candidato a

administrador. É uma vantagem competitiva, constituindo-se a base do pensamento

estratégico moderno, possibilitando à empresa crescer em volume, melhorar para

aproveitar a vantagem competitiva (ZACARELLI, 2003).

Finalmente, existem os sujeitos considerados como parceiros ou

colaboradores. Organizações que, livres de sua natureza jurídica, se aliam à

empresa júnior em busca de relacionamentos mutuamente benéficos. São as

entidades de classe, O.N.G.s (organizações não governamentais), confederações,

federações, associações, cooperativas, etc. (MORETTO, 2003). A tendência de

estruturação das políticas de apoio desses órgãos dever interessar aos

administradores da empresa júnior, pela enorme possibilidade de parcerias a

oferecer para essas associações. Além disso, a empresa júnior pode e deve realizar

serviços de cunho social, contribuindo para a melhoria do bem-estar de

comunidades, visto que há necessidade de incrementar as ações do poder público,

insuficientes para oferecer apoio à população de um modo geral (MATOS, 1997).

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3.3 A execução dos projetos da Empresa Júnior

Os resultados pretendidos pela empresa júnior refletem-se nos projetos

executados com os parceiros. A orientação é a premissa básica da prestação de

serviços por parte da empresa júnior (MORETTO, 2003).

Constitui-se em uma etapa que terá conseqüências significativas no

desenvolvimento do projeto final apresentado ao cliente pelos membros da empresa

júnior.

A orientação ficará a cargo do professor-orientador do curso de

administração, conforme sua especialidade e poderá contar com o apoio de outros

profissionais do corpo docente da instituição de ensino superior.

Na maioria dos casos, os professores estão presentes nos primeiros

contatos com o cliente, abordando, fazendo anotações, entrevistando, levantando

possibilidades e oferecendo alguns caminhos para a consultoria, enfim

acompanhando a execução dos serviços.

A orientação da empresa júnior é concretizada sob forma de projetos.

Para Maximiniano (2004), um projeto é um empreendimento temporário

ou uma seqüência de atividades com começo, meio e fim programados; que tem por

objetivo fornecer um produto singular e dentro das previsões orçamentárias.

Segundo Keeling (2002), projeto pode ser definido como um esforço

temporário empreendido para criar produto ou serviço único e tem as seguintes

características: é independente, possui propósitos e objetivos distintos, tem duração

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limitada, ou seja, data de início e término além dos recursos, administração e

estruturas próprias.

Na empresa júnior, os projetos nem sempre contam com esses

requisitos, exceto no que diz respeito ao tempo, o que ocorre devido à variedade de

empresas e por serem, geralmente, projetos incidentais (aqueles projetos

emergenciais).

Todavia, os projetos apresentados pela empresa júnior têm destinação

definida, uma vez que, em sua maioria, são dedicados para à micro e pequena

empresa, ou mais especificamente, a um segmento do mercado industrial e de

serviços, que, no nosso caso, está relacionado com área de administração.

A ação da empresa júnior é considerada uma consultoria, que é um

processo interativo de um agente de mudança externo à empresa, o qual assume a

responsabilidade de auxiliar executivos e profissionais da empresa-cliente nas

tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da situação

(OLIVEIRA, apud MORETTO, 2003).

A consultoria define-se sob dois aspectos: o primeiro como um

conjunto estruturado de ações lógicas exercidas entre duas ou mais pessoas ou

áreas, chamado de processo interativo que culmina no desenvolvimento do projeto

(MORETTO, 2003).

O segundo como um processo interativo de um agente de mudança

externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os empresários e

profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo o controle

direto da situação (OLIVEIRA, 2003).

Outra área de atuação da empresa júnior é a realização de um plano

de negócios, definido como um documento que possui a caracterização do negócio,

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sua forma de operar, suas estratégias, seu plano para conquistar uma fatia do

mercado e as projeções de despesas, receitas e resultados financeiros (SALIM;

HOCHMAN; RAMAL e RAMAL, 2003).

Os projetos da empresa júnior deverão conter, segundo Kelling (2002):

1- Simplicidade de proposto: o projeto deverá possuir metas e

objetivos bem definidos, primeiro porque a micro e pequena empresa

não possuem potencialidade para projetos que não sejam objetivos;

2- Clareza de propósitos e escopo: a descrição do projeto, através

do esboço apresentado pela empresa júnior, considerando as

limitações, administração, qualidade e, principalmente, os resultados;

3- Controle independente: o projeto a ser elaborado deve conter

todas as possibilidades do mercado, ou seja, a flexibilidade para ser

alterado conforme a necessidade;

4- Facilidade de medição: o projeto deverá ser comparado e

medido de acordo com o que foi estabelecido previamente;

5- Flexibilidade de emprego: os projetos devem ser idealizados

pelos alunos, mas, principalmente, conforme a orientação do professor

especialista, para que não prejudique a obtenção dos resultados;

6- Motivação e moral da equipe: a idealização do projeto deve

envolver e ser atraente à equipe da empresa júnior, provocando

entusiasmo e interesse. Nessa consideração a figura do professor-

orientador é muito importante para o aspecto motivacional da equipe;

7- Sensibilidade ao estilo de liderança e administração: a formação

holística da equipe responsável pela idealização e execução do projeto

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da empresa júnior deverá sensibilizar-se com os estilos de liderança de

seus componentes e sob a orientação do professor;

8- Desenvolvimento individual: uma equipe de projeto envolvida e

competente, resulta na viabilidade de execução do mesmo. A empresa

júnior tem como função precípua desenvolver o aluno em suas

capacidades e potencialidades perante às situações;

9- Segurança dos projetos: os membros da empresa júnior devem

se conscientizar que, na sua atuação, o sigilo pode significar o sucesso

ou não do projeto. Uma informação sobre o projeto deve manter o

sigilo para os elementos da consultoria-júnior, até por questões éticas e

de sobrevivência.

Um projeto é uma máquina de mudança que na prática deverá conter:

o conceito, reações potenciais, apoio e avaliação de viabilidade (KELLING, 2003).

Todavia, a prática resulta em uma grande dificuldade para a

administração dos projetos da empresa júnior, pela complexidade, finalidade e

escassez dos recursos.

Não se deve esquecer também da cultura organizacional, que requer

conhecimento e aplicação de princípios e técnicas da administração, habilidades

importantes para todos os que desenvolvem projetos, seja dentro ou fora da

empresa júnior.

Para administrar um projeto é preciso preparar o projeto, mobilizar os

recursos, realizar as atividades e encerrar o projeto (MAXIMINIANO, 2004).

Uma metodologia foi desenvolvida para orientar a execução dos

projetos de consultoria da empresa júnior, que deverão conter: Descrição técnica do

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projeto; Metodologia a ser usada; Resultado final; Prazos; Orçamentos e Forma de

pagamento.

Quando a proposta for aceita, elabora-se um contrato de serviço de

consultoria, com: conteúdo da proposta, direitos e obrigações das partes, termos de

rescisão e datas de entrega e pagamento (FEJESP, 2004), padronizando as ações

das empresas juniores ressaltando em flexibilidade e adaptação que os projetos

devem ter.

A empresa júnior, como instituição sem fins lucrativos, não está

prestando meramente um serviço e sim utilizando seus serviços para provocar

mudanças nos sujeitos, mais especificamente nos alunos, nas empresas e na

comunidade a qual está inserida.

Alguns parceiros ou colaboradores têm, na empresa júnior, uma ótima

oportunidade para aproximarem-se da academia (MORETTO, 2003).

A divulgação dos serviços prestados pela empresa júnior pode servir

de modelo e atrair a atenção para idealização e a execução de projetos sociais,

além da possibilidade de atrair patrocínios aos projetos.

Cabe aqui uma ressalva: que as parcerias sejam feitas entre as

empresas e não entre as pessoas, destacando assim o papel empresarial e

profissional da empresa júnior.

Os projetos executados com esses sujeitos formalizam a possibilidade

de evolução dessas parcerias com as quais toda a comunidade será beneficiada.

A instituição sem fins lucrativos cria hábitos, visão, compromissos,

conhecimento, tornando-se parte receptora, ao invés de mera fornecedora de ações.

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As próprias instituições sem fins lucrativos sabem que necessitam ser

administradas, exatamente porque não têm um lucro convencional e que necessitam

disso para que possam se concentrar em sua missão (DRUCKER, 1997).

3.4 Os recursos humanos na Empresa Júnior.

Para as organizações com objetivos como os das empresas juniores,

os recursos humanos têm uma responsabilidade ainda maior, tendo em vista que o

desenvolvimento dos participantes não é apenas uma alavanca de suas metas, e

sim seu objetivo final (MORETTO, 2003).

Sob essa perspectiva, é importante lembrar que as pessoas

determinam a capacidade de desempenho de uma organização.

Nenhuma organização pode ir melhor que as pessoas que tem. Assim,

o rendimento dos recursos humanos determina realmente o desempenho da

organização (DRUCKER, 1997).

Tanto a empresa júnior quanto um centro ou diretório acadêmico são

constituídos como associações civis, sem fins lucrativos, regidos por estatutos e

formados exclusivamente por estudantes de determinada instituição de ensino

(MATOS, 1997).

Os processos seletivos realizados de forma aleatória, resultam em uma

seleção ineficiente, cujo resultado reflete diretamente nos objetivos pretendidos pela

consultoria da empresa júnior.

A responsabilidade por essa deficiência na seleção e recrutamento dos

membros da empresa júnior, na maioria das vezes, está nas mãos do professor-

orientador, que deve estar ciente de que o ideal do recrutamento é tentar aproximar

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ao máximo o perfil do aluno com as características necessárias para o

desenvolvimento adequado dos projetos.

Nem sempre as habilidades, competências e capacidades podem ser

avaliadas para um perfil adequado de seu corpo discente, visto que há uma grande

quantidade de estudantes que não possuem experiência humana e vivencial para

responsabilizar-se por projetos idealizados pela empresa júnior.

Não havendo processos seletivos no recrutamento dessa mão-de-obra,

a empresa júnior fica limitada a desenvolver projetos menos significativos.

O recrutamento deve ser feito com muita cautela, comunicando aos

possíveis candidatos os benefícios que a empresa júnior pode proporcionar, as

limitações e restrições legais e estatutárias, além da necessidade de manter-se uma

equipe coesa e atuante.

É preciso que a instituição de ensino superior entenda esse processo

de seleção para a composição dos membros da empresa júnior.

A missão da empresa júnior é formar o estudante na prática,

desenvolvendo suas potencialidades, habilidades e competências para que possa

fazer uso delas em sua vida profissional.

Para tanto, possui um conjunto de normas que orientam sua finalidade

e definem de seu modo de pensamento que corresponde a um pré-requisito para o

ingresso de seus participantes.

O quadro social reúne os estudantes em categorias conhecidas como

membros aspirantes ou efetivos; o membro efetivo possui direitos privativos de votar

e ser votado e de requerer a convocação da assembléia geral, enquanto que o

aspirante origina-se da vontade do estudante de participar das atividades da

empresa júnior (MATOS, 1997).

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O regimento interno é o instrumento selecionador dos recursos

humanos que irão trabalhar na empresa júnior.

Assim, a priori, não há processo seletivo, mas condições a serem

estabelecidas por ocasião da admissão ou não de um integrante da empresa júnior.

Não há um processo seletivo mais detalhado para que se defina o perfil

do participante da empresa júnior, mas a conveniência e a limitação de que o

candidato deva necessariamente estar inscrito no curso de graduação da instituição

de ensino patrocinadora da empresa júnior.

A empresa júnior não é constituída por todos os estudantes da

instituição de ensino, ou por aqueles que contribuam periodicamente com uma taxa,

mas por uma parcela de estudantes que se interessam em fazer parte de seu quadro

e são aprovados como membros efetivos pelo conselho, segundo normas definidas

no estatuto ou regimento interno (MATOS, 1997).

O recrutamento é feito dentro da instituição de ensino superior por

meio de cartazes nas salas e corredores, visitas da coordenação às salas de aulas e

palestras de apresentação de calouros.

O processo seletivo da empresa júnior obedece às seguintes fases: a)

triagem – período de análise das fichas de inscrição e dos currículos dos

interessados, seguido de uma pré-seleção conforme as necessidades da empresa;

b) entrevista – que permite que o candidato tenha contato direto com os

responsáveis pela seleção e escolha dos elementos que atuarão na empresa júnior;

c) dinâmica de grupo – em que ocorre uma reunião de uma parcela de candidatos

para executarem uma tarefa em conjunto, com a finalidade de observar sua

capacidade de liderança, iniciativa, comunicabilidade, criatividade, trabalho em

equipe e controle (MORETTO, 2004).

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Apesar de bem estruturado, esse processo nem sempre pode ser

cumprido pela instituição determinado pela escassez de voluntários para

participarem dos projetos da empresa júnior.

CAPÍTULO 4 AS EMPRESAS JUNIORES DO NOROESTE PAULISTA.

O universo de pesquisa concentra-se no noroeste do Estado de São

Paulo, na região de São José do Rio Preto, que possui uma localização privilegiada,

caracterizando-se como pólo regional, sede da 8a Região Administrativa do Estado

de São Paulo. Possui 96 municípios e cerca de 1.351.746 habitantes (Conjuntura

Econômica de São José do Rio Preto, 2004). Na cidade de São José do Rio Preto

são oferecidos 5 cursos de Administração.

A região é centro de crescimento nas áreas do comércio e serviços

especializados de alta tecnologia, medicina avançada e educação, o que tem

contribuído para a melhoria de seus níveis de competitividade e a ampliação dos

mercados. Segundo dados da Conjunta Econômica de São José do Rio Preto

(2004) na área educacional, somente a cidade de São José do Rio Preto representa

3,51% da população do Estado.

As instituições, objeto desse estudo, são instituições privadas e os

cursos são oferecidos no período noturno. O curso de administração embora seja o

de maior demanda nas instituições não são os únicos ofertados por elas.

4.1 Procedimentos Metodológicos

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As entrevistas semi-estruturadas foram previamente agendadas com

os responsáveis e componentes das empresas juniores das instituições de ensino

superior, foco deste estudo.

Utilizou-se um roteiro de perguntas abertas (ver ANEXO II), onde as

perguntas foram formuladas e as respostas constaram de anotações das respostas.

Não houve preocupação de seguir fielmente o roteiro, vez que, nas

conversas, sempre surgiram questionamentos interessantes que foram anotados

pelo pesquisador.

O roteiro apenas serviu de base para manter a ordem dos assuntos

para todos os entrevistados, que poderiam indagar e discutir sobre o tema.

Para enriquecer o conteúdo da pesquisa, foram enviados, via e-mail,

questionários para que as instituições de outros estados visando contribuir e

incrementar o estudo.

Para tanto, não houve a escolha de instituições com características

específicas das escolhidas no universo da pesquisa, proporcionando elementos de

comparação e análise mais interessantes.

O universo da pesquisa concentrou-se em 6 instituições de ensino

superior, situadas no noroeste do Estado de São Paulo, onde 3 delas localizam-se

na cidade de São José do Rio Preto e foram as seguintes: UNIP (Universidade

Paulista), UNIRP (Centro Universitário de Rio Preto), Faculdades Dom Pedro II, da

cidade de São José do Rio Preto.

Outras três instituições pesquisadas pertencem à região de São José

do Rio Preto (noroeste paulista) e foram as seguintes: FAIMI (Faculdades de

Administração Integradas de Mirassol), FAI (Faculdades Integradas de Jales) e

UNIFEV (Centro Universitário de Votuporanga).

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As instituições de ensino superior foram escolhidas onde,

preferencialmente, são oferecidos os cursos de administração, considerando,

somente, as características de implantação da empresa júnior, seu funcionamento,

aspectos peculiares e resultados, desconsiderando, portanto, se a empresa júnior

era vinculada a uma instituição pública ou privada, se estava ou não filiada à

Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo ou se cumpria a

regulamentação jurídica, como os trâmites legais para sua inscrição.

A pesquisa foi realizada através de formulários com perguntas abertas,

separando os seguintes assuntos: os aspectos da instituição de ensino superior, os

serviços, a qualidade dos serviços, acompanhamento dos docentes, a estrutura da

empresa júnior, os resultados atingidos e a contribuição para a formação do

administrador, além de questões que foram surgindo por ocasião da aplicação do

formulário.

As reuniões realizaram-se com os membros da empresa júnior, todos

docentes responsáveis pela condução da empresa júnior de sua instituição de

ensino, ou seja, coordenadores das empresas.

O preenchimento do formulário foi feito pelo próprio entrevistador,

proporcionando os esclarecimentos das perguntas mais complexas e o surgimento

de outros questionamentos.

As perguntas eram exclusivamente abertas e os respondentes tiveram

liberdade de discorrer sobre o assunto, dar opiniões e fazer sugestões, contribuindo

sobremaneira para a proposta da pesquisa, ou seja, levantar as atividades, as ações

e os resultados das empresas juniores e suas características, além das influências

na formação do administrador, suscitando dúvidas e sugestões.

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Procurou-se descobrir as conexões causais e analisar a

demonstrabilidade dos modelos atuais das empresas juniores das instituições de

ensino superior pesquisadas, assim como os aspectos que foram investigados,

proporcionando uma descrição e compreensão do modus operandi das empresas

juniores.

Utilizou-se, ainda, a pesquisa bibliográfica e a documental, propiciando

uma maior especificidade e contribuição ao assunto abordado.

O trabalho conta com a observação de fatos sociais colhidos do

contexto natural - são formas de um problema meramente observado, sem qualquer

interferência - apresentados simplesmente como eles se sucedem em determinada

sociedade.

O estudo conterá a descrição da origem da empresa júnior no contexto

mundial, propiciando uma análise comparativa como o modelo brasileiro.

Nesse aspecto, cabe considerar alguns dados históricos sobre a

implantação dos cursos de administração no Brasil, bem como definir o perfil do

profissional de administração, conforme diretrizes do Ministério da Educação,

visando analisar a atuação na empresa júnior como forma de auxiliar na constituição

desse perfil.

Visando incrementar o estudo, foram enviados, por e-mail, o roteiro

para 3 instituições: Universidade do Vale do Itajaí em Santa Catarina, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Assim procurar-se-á construir um modelo baseado na situação atual,

obtendo formas para observá-lo (MATTAR, 2002).

4.2. Tabulação dos Resultados da Pesquisa

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Através da elaboração da pesquisa, surgem os resultados da

sondagem entre as instituições de ensino superior que oferecem os cursos de

administração e que possuem um modelo de empresa júnior, mesmo que não seja

dentro do padrão exigido e destacando-se dentro do universo da pesquisa, com

suas peculiaridades e semelhanças – as instituições de ensino superior do noroeste

paulista.

4.2.1 A constituição da Empresa Júnior e seu Estatuto

A questão refere-se a como a empresa júnior completa seus quadros e

como funciona a confecção de seu estatuto.

Nas instituições de ensino superior do noroeste de São Paulo –

universo da pesquisa - os anúncios para compor a empresa júnior ocorrem entre os

alunos dos cursos, para que formem suas chapas e candidatos ao preenchimento

dos cargos.

São afixados anúncios nos locais onde o aluno mais freqüenta ou nas

salas de aula. Em alguns casos, o professor coordenador da empresa júnior vai até

as salas de aula, comunicando pessoalmente aos alunos a existência de vagas.

A maioria das empresas juniores pesquisadas utiliza como modelo de

estatuto aquele inspirado na empresa júnior mais antiga do Brasil: da Fundação

Getúlio Vargas de São Paulo.

Nas Faculdades Integradas de Mirassol (FAIMI), no período da

pesquisa, ocorria uma reestruturação da empresa júnior, no que diz respeito a sua

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composição, com a inclusão de cinco professores de cada curso sob a

responsabilidade de um coordenador geral.

No Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV), atualmente está em

vigor um novo estatuto, com o qual se constitui um Conselho Administrativo

composto de seis alunos e cinco professores. Neste caso, os cargos mais

significativos (diretoria, presidência, tesoureiro e conselho fiscal) são ocupados por

docentes e os outros completados por alunos.

4.2.2 A origem dos membros da Empresa Júnior

Refere-se à origem dos elementos que irão fazer parte integrante dos

membros da empresa júnior, mais precisamente, quais os cursos, exceto de

administração, que podem compor a equipe que comporá a empresa júnior.

Os membros que compõem a grande maioria das empresas juniores

pesquisadas,são oriundos dos cursos de administração, ciências contábeis e

economia.

Em algumas empresas juniores, conforme a oferta da graduação, são

admitidos os alunos dos cursos, tais como os de Comércio Exterior.

Na FAIMI, os cursos de Pedagogia, Letras, Direito e Administração são

atuantes na empresa júnior, proporcionando a multidisciplinaridade e a amplitude

das consultorias.

Nas outras instituições, os cursos podem servir de apoio em questões

pertinentes às áreas, mas não há envolvimento direto.

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4.2.3 A substituição dos membros da Empresa Júnior

Nas instituições que constituem o universo da pesquisa, existem várias

fórmulas de desligamento do aluno.

Na Dom Jr, na UNIRP e na UNIP (São José do Rio Preto), quando o

aluno sai da empresa júnior a vaga fica em aberto até sua substituição natural. Neste

caso, o organograma é extenso, favorecendo a recolocação de outro aluno.

Há casos, como na FAIMI (Mirassol) e UNIFEV (Votuporanga) onde há

a colaboração de cargos de suplência, visando a possível saída de componentes da

empresa júnior.

4.2.4 A divulgação dos serviços da Empresa Júnior

Neste item, analisa-se como a empresa júnior entra em contato com

seus futuros clientes, ou seja, suas formas de abordagens.

Na Universidade Paulista (UNIP) de São José do Rio Preto, os serviços

são prospectados pelos alunos dos cursos, especialmente de administração.

No Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP), os serviços ficam

disponíveis no site da empresa júnior e conta com os alunos para divulgação dos

serviços. Em alguns casos, os alunos são proprietários de empresas que necessitam

dos serviços da empresa júnior.

Na UNIFEV, a divulgação dos serviços ocorre com chamadas no rádio,

no site, nas salas de aula e no jornal interno.

O mesmo sistema é utilizado pela FAIMI, além de murais internos.

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Na Dom Jr. de São José do Rio Preto, empresa júnior das Faculdades

D. Pedro II, a empresa procura contato com as associações, utilizando-se de

material promocional.

Em Jales, as Faculdades Integradas de Jales (FAI) acreditam na

propaganda boca-a-boca para divulgar seus serviços, vez que a cidade é

considerada de pequeno porte.

4.2.5 O funcionamento do atendimento da Empresa Júnior

Este tópico da pesquisa refere-se à metodologia do atendimento da

empresa júnior, suas formas e dimensionamento.

Na maioria das empresas entrevistadas o atendimento é realizado por

telefone, pessoalmente e via internet, como na FAI-Jales.

Na UNIP não há atendimento, pois o funcionamento ocorre apenas no

período de aulas, ficando, fora desse horário, a cargo de um professor coordenador.

Na FAIMI, os chamados auxiliares fazem a triagem e depois levam o

pré-projeto aos elementos das diretorias, quando são convocados os alunos para a

participação.

Na Dom Jr, existem orientações financeiras, pedagógicas e técnica,

havendo um docente com permanência integral na empresa júnior.

Na UNIFEV de Votuporanga, o atendimento funciona 10 horas por dia,

com três estagiários, subsidiados pela instituição de ensino e os projetos são

analisados em reuniões semanais e distribuídos para as áreas afins.

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4.2.6 A confecção de ante-projeto de consultoria da Empresa Júnior

Verifica-se neste item um modelo de ante-projeto, para que o cliente

tenha a noção de como será a prestação dos serviços.

Todas as empresas participantes da pesquisa fazem um pré-projeto,

cujo modelo está disponível nos sites das referidas instituições de ensino.

Na UNIP, há um modelo de projeto prévio, mas ainda não foi colocado

em prática.

Na UNIRP não há realização de ante-projeto, que surge conforme as

necessidades dos clientes.

Na FAI-Jales, são analisados os objetivos – o que o cliente deseja, um

orçamento e um cronograma de atuação.

4.2.7 A duração dos serviços prestados pela Empresa Júnior

Este item refere-se à descrição do tempo de duração, em média, da

consultoria realizada pela empresa júnior, revelando uma grande disparidade de

prazos.

Na UNIP a consultoria pode durar até 90 dias, sempre atrelada ao ano

letivo.

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Na instituição FAI-Jales, atendimento de apenas consultoria durará

aproximadamente um mês.

Na UNIRP, a duração pode atingir até dois meses. Já na UNIFEV, o

prazo é indeterminado, pois tem foco nos estágios.

Na FAIMI a duração dos serviços depende do projeto. Há um trabalho

com a Prefeitura Municipal, por exemplo, que não tem prazo de término.

Na Dom Jr., os serviços podem durar em média três meses.

4.2.8 Os tipos de serviços prestados pela Empresa Júnior

Refere-se à área de atuação da empresa júnior, ou seja, qual a maior

incidência de atendimentos por área.

Na Dom Jr., as áreas são pesquisa de mercado, serviços

administrativos, financeiros e gerenciais.

Na FAIMI, as áreas que atuam são a jurídica, pedagógica,

administrativa, pois na empresa júnior todos os cursos estão envolvidos, de forma

multidisciplinar.

Na UNIFEV, a consultoria está em fase de reestruturação, atuando em

treinamento, capacitações, oficinas para a comunidade, cujos mentores são os

docentes. Atuam também na de desenvolvimento de negócios.

Na UNIRP, os projetos são da área financeira – projeto de recuperação

financeira, mercadológica, material de divulgação e marketing.

A FAI-Jales realiza pesquisas de administração pública, levantamento

e análise de clima interno e organização da empresa; comercialização, cadastro de

empresas, etc.

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Na UNIP há consultoria a micro e pequenas empresas nas áreas de

marketing, finanças e recursos humanos.

4.2.9 Análise da Qualidade dos Serviços Prestados pela Empresa Júnior

No que diz respeito ao modo como os serviços são avaliados em sua

qualidade pela empresa júnior, observa-se o seguinte:

Na Dom Jr. e na FAIMI a qualidade dos serviços são avaliados pelos

professores orientadores, das áreas de economia, contabilidade e gerenciamento.

Na UNIRP o contato para o feedback é feito diretamente com o cliente.

Na UNIFEV nenhum projeto é feito sem a anuência de um docente,

que é o responsável direto (coordenador).

Na UNIP, cada serviço segue o projeto, avaliado pelo coordenador.

Na FAI-Jales os serviços são avaliados nas reuniões da diretoria e

analisados pelos elementos dessa diretoria.

4.2.10 A reincidência na procura dos serviços da Empresa Júnior

Este item da pesquisa foi elaborado para verificar o retorno dos clientes

aos serviços da empresa júnior.

Na FAI-Jales, cinco empresas retornaram a requisitar os serviços da

empresa júnior. Enquanto que na Dom Jr., no período de 10 anos de existência da

empresa júnior, aproximadamente 10 empresas retornaram.

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Na UNIP – São José do Rio Preto e na FAIMI, não foi possível obter

informações nesse sentido. Na primeira porque não se faz esse tipo de avaliação e,

na segunda, porque a empresa passa por reestruturação.

Em Votuporanga, as empresas que continuam a usufruir dos serviços

da UNIFEV são: Prefeitura Municipal, empresas locais (na área de custos e planos

de negócios) e projetos de comunicação.

Alguns clientes mantêm contato com a UNIRP, principalmente alunos e

ex-alunos, visto que estes, geralmente, são microempresários que requisitam os

serviços da empresa júnior da instituição de ensino superior a qual fazem parte.

4.2.11 O acompanhamento de Docentes na Coordenação da Empresa Junior

O item refere-se à participação dos professores na orientação dos

serviços da empresa júnior.

A empresa júnior da UNIRP possui um coordenador, remunerado pela

instituição, porém todos os docentes da instituição, mesmo que não participem da

empresa júnior diretamente, devem colaborar com a prestação dos serviços.

O acompanhamento é feito pelo coordenador da empresa júnior e a

interferência de um docente especialista, se houver necessidade.

Na FAIMI, os professores não são remunerados pelos serviços

prestados na empresa júnior, exceto se houve a execução de um projeto.

Após a efetivação da consultoria, o professor acompanha o andamento

do trabalho por relatório oferecido pelos membros da empresa júnior e nas reuniões

semanais.

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Caso seja necessário, poder-se-ão utilizar contato por e-mail ou

telefone, para agilizar o processo de tomada de decisão.

Na Dom Jr., há três docentes (contabilidade, economia e

administração) e todos são remunerados pela instituição (4 horas-aula). O docente

supervisiona todos os projetos, integralmente.

Na UNIP de São José do Rio Preto, há um coordenador da empresa

júnior, que é docente da instituição. Conforme o estatuto, o docente da área

específica deverá acompanhar a consultoria com aconselhamentos e sanando

dúvidas, podendo, em caso extremo, suspender o projeto.

Na FAI-Jales, um docente faz a análise dos dados coletados pela

consultoria, além das sugestões propostas pelos diretores envolvidos. O professor

não interfere diretamente no projeto.

A empresa júnior da UNIFEV é subordinada ao Núcleo de

Empreendedores, cujo coordenador-professor é o mesmo. Neste caso, o projeto é

acompanhado desde o início até sua conclusão. A interferência pode ocorrer de

todas as formas na orientação dos serviços.

4.2.12 O Custo dos Serviços prestados pela Empresa Junior

No quesito da pesquisa que se refere à geração de custo para os

usuários da consultoria, nota-se que na maioria das instituições pesquisadas o custo

da consultoria não existe, pois a sua conceituação de empresa sem fins lucrativos é

mantida, focalizando-se a aprendizagem prática do aluno.

Na UNIFEV, o custo refere-se às horas/aula dos professores. Já na

FAI-Jales, depende do tipo de serviço e se houver custo é revertido em bens para a

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própria empresa júnior. Na UNIP há um custo simbólico para pagamento dos

docentes e os estágios dos alunos.

Nas instituições pesquisadas pela internet, os serviços deverão ser

cobrados dependendo da extensão, ou seja, o prazo.

Em algumas instituições são realizadas pesquisas, que geram gastos

repassados para o cliente. Nesse caso, os consultores e gerentes recebem por hora

e lucro do projeto reinvestido na empresa.

4.2.13 Quanto à estrutura oferecida pelas instituições ensino superior à

Empresa Junior

O comprometimento da instituição de ensino está no fornecimento do

toda a infra-estrutura para o funcionamento da empresa júnior.

Na maioria das instituições, as quais as empresas juniores estão

instaladas oferecem sala, computador, telefone ou ramal e todos os materiais de

escritório necessários. Além disso, os professores coordenadores são remunerados

pelas instituições de ensino.

Na maioria dos casos a instituição paga a energia elétrica, contas

telefônicas, considerados pelos coordenadores o mínimo que a instituição deve

disponibilizar para que a empresa júnior obtenha estrutura de funcionamento

adequado.

4.2.14 Os resultados da consultoria da Empresa Júnior

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Ao citarem seus pontos fracos e fortes os respondentes citam o

seguinte: O ponto forte da empresa júnior da UNIFEV é o apoio que a instituição dá

aos serviços. O ponto fraco está na baixa motivação dos alunos, ocasionada pela

falta de tempo, já que muitos trabalham e são originários de outras cidades, essa

realidade atrapalha o andamento dos projetos.

O mesmo problema enfrentado pela FAIMI, que tem como ponto forte

alunos capacitados e a estrutura oferecida pela instituição.

Contrariamente à FAIMI, a estrutura da UNIRP é seu ponto fraco, pois

a empresa júnior fica em uma sala que não proporciona visibilidade para o aluno e

nem para os clientes.

Na Dom Jr., o ponto forte é a integração do aluno no mundo dos

negócios, no entanto esse mesmo fator parece ser o motivo do ponto fraco, que é o

desinteresse, por parte do aluno, em participar dos projetos da empresa, visto que

por já fazer parte do mercado de trabalho, o aluno apresenta descrença nas

mudanças desse mercado.

Na UNIP de São José do Rio Preto, o ponto fraco é a pouca adesão do

aluno nos projetos, pelo pouco tempo de que dispõem e a conseqüente falta de

interesse.

Como ponto forte, observa-se o interesse e o esforço da instituição em

manter a proposta da empresa júnior.

As empresas juniores pesquisadas raramente possuem levantamento

dos dados sobre os integrantes que formaram a empresa júnior e estão atuando no

mercado de trabalho.

Não sabem informar, com certeza, se os egressos dos cursos de

administração estão atuando no mercado de trabalho, em áreas especificas ou não.

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O levantamento dos egressos e sua permanência no mercado de

trabalho não faz parte do interesse das instituições de ensino superior pesquisadas.

4.2.15 As contribuições da Empresa Júnior para a formação do administrador.

Para a FAI-Jales, a empresa júnior dá oportunidade de praticar o que

se aprende na teoria, lidando com diferentes situações e pessoas. E para a UNIFEV

coopera para que o estagiário tenha conhecimentos práticos.

A FAIMI considera que a empresa júnior proporciona real prática da

teoria, ou seja, uma visão da realidade, como a facilidade de ter sempre um

professor para auxiliar. No caso específico, a empresa júnior executou mais

trabalhos sociais, contribuindo para a melhoria da sociedade.

Para a Dom Jr., a empresa júnior, quando desenvolve projetos na

prática, complementa o conhecimento teórico-científico e proporciona troca de

informações.

Para a UNIP de São José do Rio Preto, se houvesse a participação

mais efetiva dos alunos seria um diferencial profissional, visto que agregaria valor à

formação, conhecimento prático ao futuro profissional.

Nesse sentido, a instituição acredita que o atual modelo de empresa

júnior deve ser revisto.

Observa-se a aplicabilidade de conhecimentos teóricos, por intermédio

do clima organizacional, da hierarquia no ambiente da empresa júnior.

O acompanhamento dos professores supervisores dão suporte técnico

aos projetos.

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4.2.16 Um estudo comparativo das empresas juniores do noroeste paulista

com outras do país.

No Brasil existem alguns modelos de empresas juniores que possuem

suas peculiaridades, indicando uma proposta de inovação e tendências de

mudanças no modelo atual de empresa júnior.

Como forma de incrementar a pesquisa, foram enviados, via e-mail, o

formulário de perguntas, para outras instituições de ensino superior do país,

resultando no retorno de três instituições de ensino superior que possuem empresa

júnior em funcionamento, a saber: Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALE), em

Santa Catarina (RS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e

Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALE), em Santa Catarina, os

alunos são admitidos na empresa júnior como estagiários ou gerentes para as áreas

de projetos, gestão e custos.

A empresa júnior atua na área de administração portuária, comércio,

indústria, construção naval, setor metalúrgico, turismo e hotelaria de micros e

pequenas empresas.

Para ao atendimento ao cliente, os alunos fazem o preenchimento de

ficha cadastral, seleção de necessidades, apresentação de propostas de projetos e

assinatura do convênio.

O acompanhamento de professores das áreas afins é feito sob a

coordenação de um professor supervisor, que faz a orientação e supervisão dos

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projetos. No grupo de estagiários há um gerente que apresenta os questionamentos

ao professor-supervisor, que faz as orientações a respeito do projeto da empresa

júnior e sem a qual nenhum projeto é viabilizado.

Convênios são realizados com a Associação Comercial, Câmara de

Lojistas, Porto de Itajaí, Prefeitura Municipal, além de parceria com o SEBRAE.

A prestação de serviços da empresa júnior na UNIVALE pode durar até

um semestre.

Os serviços, na UNIVALE, são acompanhados periodicamente, ao final

de cada semestre, quando é realizada uma pesquisa de satisfação do cliente.

A UNIVALE tem como pontos fortes oportunidades de estágios

extracurriculares, aprendizagem profissional nas áreas dos cursos acadêmicos, o

desenvolvimento de projetos, qualidade dos serviços oferecidos, liberdade de ação,

remuneração dos estagiários e clima organizacional dentro da empresa júnior, não

havendo, portanto, pontos fracos. O cliente entra em contato, por telefone ou

internet, responde a uma ficha de atendimento, que será encaminhada para os

diretores de projeto.

Na UNIVALE, a empresa júnior proporciona a oportunidade de

vivenciar os problemas de gestão de micros, pequenas e médias empresas.

Outra instituição de ensino superior é a Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRS), cujo estatuto é registrado como sociedade simples,

possuindo um diretor para cada área: marketing, relações externas, recursos

humanos, projetos e financeiro.

Na UFRS, os 12 anos de atuação no mercado e a indicação de ex-

clientes, professores e alunos é um meio de atrair novos clientes.

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O presidente tem apenas uma função legal e não atua diretamente nas

atividades da empresa júnior.

Os professores-orientadores auxiliam na formulação de propostas e na

solução de dúvidas. As propostas são elaboradas em reuniões semanais e o

docente não interfere em nenhum momento no processo de atendimento da

empresa júnior.

A UFRS tem como ponto forte a qualidade dos serviços,

proporcionando uma ótima imagem no mercado e os docentes são todos doutores

na sua área e prestam assistência sempre que necessário. Como fraqueza dessa

empresa júnior destacam-se: a falta de recursos e a alta rotatividade dos membros

da empresa júnior.

A proposta de consultoria é elaborada pelos gerentes, diretores e

coordenador do projeto: etapas, métodos, cronograma e orçamento.

A UFRS presta serviços do 2º e 3º setores, gerando projetos e

propostas em todas as áreas: hotéis, frigoríficos, metalúrgicas e autônomos.

Os serviços são avaliados por equipes de pós-vendas, utilizando os

clientes antigos como referência para os novos clientes (“eles são os melhores

vendedores do nosso produto”).

O atendimento é finalizado com a assinatura de um contrato e a

consultoria pode chegar a ter duração de 10 semanas.

A empresa júnior da UFRS é tida como meio auxiliar na formação do

aluno de administração, com ênfase no potencial dos alunos, sua competência e

utilidade para a sociedade, proporcionando-lhe uma bagagem profissional.

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), a empresa júnior é

constituída por cinco diretorias executivas, chamada de modelo de gestão orbital:

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Presidência, Administrativo, Financeiro, Marketing, Projetos e Recursos Humanos,

nos quais os membros se distribuem entre os cargos de diretores, gerentes e

trainees, em sistema de rodízio.

Os candidatos, antes de serem admitidos a participar da empresa

junior, passam por uma análise do conselho de professores, depois de um período

de, no mínimo, 7 meses e por meio da avaliação de desempenho, o membro poderá

ser efetivado, podendo então ter direito a voto e ser candidato à diretoria.

Em determinados períodos, são realizados processos de capacitação

de trainees – PCT (Processo de Capacitação de Trainees), proporcionando a

renovação dos membros da empresa júnior.

Os gerentes têm por função coordenar os trabalhos dos trainees, que,

caso não sejam efetivados, continuarão no rodízio pelas diretorias.

A meta da empresa júnior é a gestão do conhecimento, com a qual os

integrantes da empresa se comprometem a passar a experiência para os outros

membros, permitindo que o conhecimento não se perca.

A participação em eventos, como feiras, ou organizando os eventos é

uma forma de divulgação dos serviços prestados pela empresa júnior.

Há um programa para prospecção de clientes, mas pela intensa

demanda, nunca foi utilizado.

Na Universidade Federal da Bahia - UFBA, por terem os estudantes

apenas quatro horas por dia de trabalho, o tempo médio dos projetos é de dois

meses.

A UFBA possui um docente da área que acompanha todo o projeto e é

responsável por indicar os métodos de trabalho e pesquisa, realizar o

acompanhamento do material e sua revisão, mas a realização fica a cargo dos

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membros da empresa júnior, e, ainda, interfere no projeto quando há necessidade e

para manter a credibilidade dos serviços.

Na UFBA, a fraqueza (ponto fraco) é o tempo de consultoria e o ponto

forte é o preço. A instituição está passando por um processo de Planejamento

Estratégico Participativo, com o qual será elaborada a análise S.W.O.T

(investigação, por pesquisa, dos pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades).

Por ser uma empresa sem fins lucrativos, a empresa júnior da EFBA

utiliza um modelo de precificação que visa a cobrir todos os custos fixos e ter uma

margem para reinvestimento, aplicados no desenvolvimento de seus membros e das

empresas, através de cursos, equipamentos, insumos, marketing e manutenção do

espaço físico.

Os serviços são customizados para que possam adequar-se às

necessidades específicas e gerar soluções para cada cliente.

As áreas de atuação são: estruturação organizacional, financeira,

recrutamento e seleção, análise de cargos e salários, avaliação de desempenho,

plano de negócios, pesquisa de mercado quantitativa e qualitativa, estudo

exploratório, mapeamento do mercado.

A ação de um grupo de pós-venda para identificar como o cliente

avaliou o trabalho na forma de avaliar os resultados da prestação de serviços.

A empresa júnior é uma experiência única, porque permite que o aluno

não só conheça, mas saiba como lidar com o mundo dos negócios, mesmo sendo

um graduando. Tem como missão a capacitação de seus membros e um modelo

para facilitar a atuação prática do aluno.

Nessas instituições, a empresa júnior está passando por um processo

de transição onde há uma tendência em preservar a continuidade da empresa júnior

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através de um processo mais definido de permanência dos elementos que atuam na

empresa júnior.

4.2.17 As conclusões da Pesquisa

Os relatos da pesquisa mostraram a dissonância dos modelos de

empresa júnior nas instituições de ensino superior.

Nas instituições de ensino superior pesquisadas, as empresas juniores

foram fundadas recentemente, salvo raras exceções, ou seja, em período menor do

que dois anos.

As empresas juniores mais antigas são as que pertencem às

instituições de ensino superior públicas.

Algumas instituições, passaram por um período de total inatividade e

estão tentando se reerguer, mas com mudanças no modelo original.

Todavia, é uma unanimidade o quesito desinteresse do aluno na

participação na empresa júnior, sendo que os cursos noturnos têm o maior índice de

resistência à participação na empresa, pois seus alunos trabalham durante o período

diurno.

É o caso da Dom Jr., fundada em 1998, mas atualmente inativa por

falta de interesse dos alunos, embora os docentes estejam disponíveis. A empresa

júnior da FAIMI está em período de reestruturação com a inclusão de outros cursos

tais como o curso de Direito, Pedagogia e Letras – o que, na prática, pode significar

um novo conceito de gestão.

Na UNIP de São José do Rio Preto, há uma nova estrutura a ser

testada: a empresa júnior da unidade de São José do Rio Preto estará vinculada a

empresa júnior da central em São Paulo, unificando os serviços.

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O estatuto é uma forma de regulamentar a representação jurídico-legal

da empresa júnior e sua elaboração outorga-lhe personalidade jurídica.

Nas instituições de ensino superior particulares, o estatuto da empresa

júnior presta-se apenas para direcionamento das funções, mas não é,

necessariamente, registrado.

Quanto à origem dos componentes, em todas as instituições

pesquisadas, as empresas juniores originam-se dos alunos dos cursos oferecidos,

mais especificadamente, dos cursos de Administração – foco deste estudo.

Há uma significativa tendência de que a empresa júnior seja composta

multidisciplinarmente pelas áreas dos cursos oferecidos pela instituição de ensino

superior e não somente de áreas como administração, economia e direito.

No que diz respeito à substituição dos membros da empresa júnior,

modelo de empresa nas instituições de ensino públicas é o mais adequado.

Nessas instituições, em especial, os alunos que compõem os quadros

da empresa júnior assumem compromisso de permanência e, ainda, colocam-se

como agentes multiplicadores.

Há o modelo do estagiário, chamado de trainee, que recebe orientação

dos elementos mais antigos, propiciando um turnover (rotatividade) mais produtivo –

essa seria a solução para a saída e entrada de pessoas durante o andamento de um

projeto de consultoria.

Os serviços da empresa júnior são conhecidos pela comunidade

através da qualidade de seus resultados.

O grande diferencial da empresa júnior é estabelecer parcerias com os

órgãos mais importantes da sociedade local, tais como associações, organizações

não governamentais, sindicatos, prefeituras, etc.

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Isso demanda um empenho mais efetivo por parte da instituição, dos

docentes da instituição e de todos os envolvidos.

O atendimento empresa júnior aos clientes inicia-se por uma pesquisa

com o cliente, entrevistas, análises das propostas e decisões em conjunto.

As reuniões periódicas para tomada de decisão são saudáveis na

medida em que proporciona a integração de todos os envolvidos no processo de

consultoria.

No que se refere ao atendimento, ainda, cabe ressaltar que a empresa

júnior deverá obedecer às peculiaridades da região na qual está inserida, bem como

o perfil de seus empresários, as tipologias das empresas, a cultura organizacional e

as discrepâncias da sociedade local.

O local físico, ou seja, as instalações, onde a empresa júnior funciona é

um aspecto estratégico importante. Ao longo da pesquisa, verificou-se que, em

alguns modelos, o atendimento situa-se fora da instituição de ensino superior,

propiciando maior flexibilidade.

Neste caso, o ideal é manter o modelo europeu, no qual a empresa

júnior está desvinculada totalmente das instituições de ensino superior, pelo menos

no que se refere ao espaço físico.

As reuniões periódicas e pesquisas de satisfação mantêm os alunos

em freqüente atividade na consultoria, visando assim, atender melhor a demanda de

clientes.

Os resultados pretendidos são os maiores indicadores do sucesso ou

fracasso da consultoria, o que resultará na sobrevivência da empresa júnior.

Quanto à ação prática da consultoria, geralmente é feito o ante-projeto,

após a discussão exaustiva com o cliente.

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Pode-se oferecer o chamado plano de negócios, que é uma ferramenta

de gestão para o planejamento e desenvolvimento inicial de uma organização, cujas

fases são: Identificação e avaliação da oportunidade.

A duração de um projeto de consultoria depende de vários aspectos,

onde o lapso temporal deve estar configurado no projeto. No caso da empresa

júnior, os projetos podem durar de três meses a um ano, dependendo da área de

atuação.

Os tipos de serviços prestados é um fator de inovação. Os cursos de

Administração são os mais freqüentes na empresa júnior, mas há uma forte

tendência à multidisciplinaridade da consultoria, visto que os problemas

apresentados pelos clientes nem sempre se relacionam a uma única área.

Uma inovação para a empresa júnior é aglutinar todos os cursos

oferecidos pela instituição de ensino superior, como meio de incentivar a formação

de equipes múltiplas.

Quando uma empresa-cliente procura a empresa júnior, dependendo

do tipo de serviço, a tendência é que retorne a utilizar-se dos serviços da consultoria,

cujos benefícios são inúmeros para aqueles que não podem obter outro tipo de

ajuda tecno-profissional.

Uma orientação na parte financeira da empresa, por exemplo,

proporciona bons resultados e pode fazer com que a empresa volte às suas funções

normais, mas outros tipos de serviços, como planejamento, marketing, treinamento e

desenvolvimento de pessoas, são investimentos permanentes que a empresa-cliente

poderá fazer.

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O acompanhamento dos docentes é um fator de suma importância

para a empresa júnior, pois oferece credibilidade e segurança aos alunos e à

instituição de ensino.

A experiência profissional adequada, suas características de liderança,

espírito de equipe e noções de relacionamento interpessoal facilitam a convivência

entre alunos, docentes e clientes.

O docente dentro da empresa júnior não é uma mera ferramenta de

imposição, mas um elemento-chave nesse processo de aprendizagem.

A escolha do docente que não tenha as características necessárias

para um ser um aglutinador, criativo e líder, pode comprometer ou desestimular os

alunos na consecução dos objetivos da empresa júnior.

O estabelecimento do preço da consultoria da empresa júnior é uma

situação delicada, vez que é uma empresa sem fins lucrativos cuja função principal

é a aprendizagem prática e vivencial de seus membros.

Em alguns casos, os preços cobrados pelas consultorias juniores são

valores simbólicos, revertidos em benefícios para a própria empresa júnior.

Em alguns casos pesquisados, o pagamento dos docentes é feito

apenas quando um projeto é concretizado.

Quanto à estrutura da empresa júnior, todas as instituições colocam à

disposição da empresa júnior uma infra-estrutura, ainda que mínima, para o seu

adequado funcionamento.

Um aspecto da pesquisa que pareceu ineficiente foi a forma como os

resultados da consultoria são analisados.

Não se observou uma efetiva consideração sobre os pontos fracos e

fortes da empresa júnior.

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Um dos pontos fortes da empresa júnior são aprendizado e a

motivação, a gestão horizontal, a efetividade da resposta ao cliente e a qualidade.

Como pontos fracos temos os problemas de comunicação interna, a

menor possibilidade de cobrança e o alto índice de desinteresse e desestímulo do

aluno em fazer parte da empresa júnior.

O ponto forte mais importante refere-se a melhor qualidade à

aprendizagem que proporciona ao aluno para melhores condições de enfrentar o

mercado de trabalho, visto que a empresa júnior contribui sobremaneira na formação

do administrador para a formação e desenvolvimento econômico-social da

sociedade em que está inserida.

Com suas atividades propicia ao aluno o espírito empreendedor e seu

sentido de criatividade na solução de problemas, sendo que o professor age como

um termômetro dessa aprendizagem, que servirá de apoio para a sua vida

profissional.

Se, por um lado, no ambiente da empresa júnior, os alunos aprendem

a conviver com a diversidade de culturas, áreas e comportamentos, a errar e a

acertar, a ter senso crítico, analítico e ético, preparando-se para enfrentar o

concorrido mercado de trabalho.

Por outro lado, esses alunos, em sua maioria, precisam conciliar

trabalho e estudo, e que, este nem sempre pertence à mesma área do curso que o

aluno freqüenta; muitas vezes assume mais importância que os estudos, visto que a

sobrevivência é mais preocupante do que seus talentos.

A pesquisa também revelou algumas contradições no que concerne à

credibilidade do modelo das empresas juniores.

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Em uma instituição de ensino superior pública, a empresa júnior possui

tradição e todo o suporte burocrático necessário, mas aquelas que se instalam nas

instituições privadas sofrem os problemas do investimento em toda a infra-estrutura,

docentes e mercado da região, enfrentando o preconceito com o fato de seu aluno

não ser considerado um profissional completo.

Barreiras surgirão, mas podem ser superadas com o resultado das

consultorias e os benefícios que oferecerão à comunidade local.

É uma quebra de paradigmas vencer o peso burocrático, a

responsabilidade e a ética dos componentes, e, ainda assim, promover a

aprendizagem prática, como valor agregado ao que foi apreendido em sala de aula.

Nesse contexto, não será mais importante o registro formalizado, mas

a proposta de consultoria para fomentar o conhecimento e a melhoria do mercado.

O modelo de empresa júnior passa por momentos de metamorfose,

cujo modelo original, vem, a cada dia, sofrendo mudanças para poder se adaptar

aos novos tempos.

Nesse sentido, é preciso que as instituições de ensino superior

superem esta fase de descrédito e faça da empresa júnior um modelo de

profissionais, que, se não estão plenamente preparados, pelo menos entrem no

mercado cientes dos problemas que enfrentarão.

Sob essa linha de ação, a empresa júnior passaria a ser não um

instituto em extinção, mas em mutação para se adaptar aos novos rumos dos

estudantes universitários do Brasil.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) no capítulo III - Da

Educação Profissional -considera a importância do assunto e a necessidade

profunda de mudança por que passa o chamado mundo do trabalho.

Mais do que nunca esse mundo vai se transformando no mundo do

conhecimento, do saber vertido em operações produtivas.

E complementa em seu artigo 43, inciso VI, que a finalidade da

educação superior é estimular o conhecimento dos problemas dos nacionais e

regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta

uma relação de reciprocidade (CARNEIRO, 2003).

A finalidade da educação segundo a LDB, é de pleno conhecimento do

educando, ou seja, como um processo intencional, um preparo para o exercício da

cidadania e qualificação para o trabalho.

Nesse exercício do conhecimento teórico e prático é que se situa o

objeto desse estudo, através de um instituto chamado empresa júnior.

O surgimento de novas demandas de profissionais no mercado de

trabalho com o aparecimento de novos setores e novas formas de emprego, o

impacto das novas tecnologias sobre o sistema produtivo substituindo parte do

trabalho humano pelo das máquinas, as mudanças da cultura da sociedade

decorrentes da globalização e as mudanças na ideologia e na forma de pensamento

são alguns dos fatores que criam um novo contexto para o ensino universitário

(MONTEIRO, 2002).

Desse mesmo modo, a empresa júnior necessita se transformar para

adaptar-se aos novos modelos de administração que o mercado exige.

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A pesquisa resultou em alguns questionamentos sobre a criação,

implantação e manutenção da empresa júnior nas instituições de ensino superior.

No que se refere aos membros que comporão e constituirão a empresa

júnior, como modelo mais avançando, encontra-se sob a forma de supervisão ou

tutoria.

Conforme o caso, seguindo o exemplo de instituições analisadas na

pesquisa: a suplência – substituição de membro que se afasta das funções da

empresa júnior - revela-se como uma alternativa, onde para cada elemento existe

um suplente que o substituirá conforme a necessidade.

Os modelos analisados na pesquisa, até pelo perfil dos pesquisados e

intencionalidade da pesquisa, pertencem eminentemente aos cursos de

administração.

Essa tendência, onde a empresa júnior apenas relaciona-se com os

cursos de administração mostra que há um certo desgaste desse modelo.

As instituições de ensino superior tendem a adotar um modelo que

congregue todos os cursos em uma única empresa, buscando uma

multidisciplinaridade e universalização das atividades.

A interdisciplinaridade proporcionará maior riqueza experiência prática

do aluno dentro desse processo de aprendizagem.

Os serviços oferecidos pela empresa júnior tendem a se ampliar para

atender as demandas das empresas locais.

A administração não é um fim em si mesma, e, no que se refere ao

aspecto administrativo podemos encontrar dificuldades e deficiências em áreas

financeiras, humanas, mercadológicas, etc.

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Todas essas áreas estão diretamente ligadas ao processo de gestão,

portanto a atuação da administração, independentemente da área.

O atendimento da empresa júnior deverá levar em conta a s

peculiaridades das empresas que procuram os serviços: empresas familiares de

pequeno e médio porte, assim como as grandes empresas.

Para uniformizar o atendimento é necessário que os projetos sigam um

modelo básico de consultoria, para que padronize e normatize os serviços a serem

prestados. Neste aspecto a figura do professor-coordenador é fundamental para

conduzir e orientar esse direcionamento.

A empresa júnior deve dispor de uma infra-estrutura mínima, que varia

de empresa para empresa – espaço físico, telefone, mesas, cadeiras, arquivo e

materiais de escritório para seu adequado funcionamento.

Na pesquisa realizada, detectou que umas das reclamações informais

refere-se ao espaço físico e a infra-estrutura disponível, ou seja, esse quesito reflete

qual é o interesse da instituição de ensino superior em manter a qualidade dos

serviços aos alunos e à comunidade através da empresa júnior.

Uma das preocupações reveladas pelo estudo é sobre a localização e

a infra-estrutura considerados componentes do sucesso da atuação da empresa

júnior.

Geralmente as salas disponibilizadas pelas instituições são pequenas e

de difícil acesso ao aluno e do futuro cliente, prejudicando sobremaneira a visão que

os alunos têm da importância que a instituição de ensino superior fornece à estrutura

disponibilizada para atendimento dos empresários locais.

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Uma estrutura bem montada faz com que o aluno dê maior

credibilidade à instituição e sinta-se motivado a participar dos projetos instituídos

pela empresa júnior, embora não seja esse o único fator de envolvimento.

O estudo revelou a necessidade da escolha adequada do docente

coordenador da empresa júnior; e de acordo com o estudioso de liderança Warren

Bennis (apud VERGARA, 1999) diz que ela é como a beleza: difícil de definir, mas

fácil de reconhecer.

O professor-coordenador da empresa júnior deve ser um líder e para

tanto possuir algumas características, que foram reveladas em um estudo realizado

por Withall, Appel e Newel (1962) contido na apostila do Curso de Especialização

em Avaliação de Didática, organizado por Edna Machado de Souza (1998) da

Universidade de Brasília são:

a) senso de humor; procedimentos de ensino na sala de aula;

b) firmeza do professor, seu gosto e entusiasmo pelo ensino de sua

disciplina;

c) personalidade do professor;

d) procedimentos da avaliação;

e) justiça do professor;

f) competência do professor na disciplina e sua experiência na

preparação profissional;

g) interesse, consideração, sensibilidade e acessibilidade do aluno

dentro e fora da sala da aula;

h) percepções do aluno a respeito de seu progresso no trabalho

acadêmico como resultado da influência do professor;

i) disciplina ou atmosfera da sala da aula;

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j) expectativas do professor em relação ao trabalho do aluno e

k) atitude do aluno com relação ao trabalho da disciplina como

resultado da influência do professor.

Todos os requisitos revelados pelo estudo podem, comparativamente,

serem transpostos para a atuação do professor-coordenador dentro da empresa

júnior.

Ele deverá ser um aglutinador de pessoas e contribuir para a perfeita

relação entre todos os setores da instituição, alunos e membros da sociedade

empresarial.

A motivação do aluno na presença e atuação nos projetos da empresa

júnior está diretamente ligada ao modo como o professor-coordenador conduz sua

equipe e os projetos de consultoria.

Esse item não está claramente definido na pesquisa, pois, na maioria

das vezes, são os próprios professores-coordenadores foram os respondentes às

indagações, mas é um fato referenciado informalmente pelos alunos.

É importante destacar que o professor-coordenador da empresa júnior,

por sua capacidade de liderança, contribua, positivamente, para a manutenção da

empresa júnior.

As relações da empresa júnior com o empresariado é um fator de suma

importância, conforme a pesquisa, visto que a fama da empresa júnior está calcada

na qualidade e seriedade dos projetos realizados na comunidade em que está

inserida.

Uma nova estrutura deve surgir nos próximos anos, onde não haverá a

necessidade de impor a burocracia e sim a qualidade e efetividade dos serviços e,

por conseqüência, dos membros da empresa júnior.

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As instituições de ensino superior estão tentando adaptar-se a um

modelo ainda sem forma definida que seja mais flexível e condizente com as

alterações do mercado.

O que se pode afirmar é que há uma necessidade de transformação ou

até mesmo, de adaptação a um modelo mais atual.

O modelo proposto desde sua origem é um modelo centralizador,

previamente definido, com normas rígidas e formação estrutural preestabelecida.

Outro aspecto importante refere-se a transformação das características

dos alunos que freqüentam os cursos de administração, onde o perfil vem se

transformando progressivamente.

Nas instituições de ensino superior particulares que têm cursos de

administração no período diurno, as possibilidades de implantação da empresa

júnior são maiores do que as que possuem cursos noturnos, pela menor

possibilidade dos discentes, fato esse que poderia ser minimizado com a

interdisciplinaridade dos cursos na participação da empresa júnior.

Nas instituições públicas, a empresa júnior conta com uma estrutura

burocrática que facilita a manutenção e continuidade da mesma.

No que diz respeito à forma de avaliação dos serviços, não tem,

segundo a pesquisa, nenhuma preocupação efetiva ou um modelo concreto sendo

operacionalizado, ou seja, colocado em prática.

Não há sequer um levantamento dos egressos dos cursos e nem

pesquisa pós-consultoria que poderia detectar as falhas dos procedimentos

implementados pela empresa júnior.

A empresa júnior nasceu com a intenção de proporcionar o

desenvolvimento de seus membros e de toda sociedade.

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As instituições de ensino superior são as maiores provedoras do

conhecimento, através do fomento da mudança dos paradigmas do mundo do

trabalho.

Este modelo de empresa deverá adaptar-se a esses processos de

mudanças, buscando preparar o aluno para o mercado de trabalho, visando dotá-los

de atitudes, habilidades e competências para o desempenho de sua função

profissional e social.

O propósito do estudo foi cumprido na medida em que discute e

analisa aspectos práticos da implantação da empresa júnior: instituto que pretende

preparar o aluno para enfrentar os desafios do mercado de trabalho.

Serve ainda de questionamento sobre a atuação da empresa júnior

proporcionando a harmonia entre a teoria e a prática do ensino de administração.

A contribuição, embora singela, propicia uma discussão para uma nova

proposta que poderá surgir a partir de novos modelos que preparem efetivamente o

aluno a enfrentar o desafio imposto pelo mercado de trabalho: profissionais mais

preparados, com base teórica e vivencia prática básica.

Resumidamente o estudo proporciona uma prévia das estratégias a

serem adotadas para uma melhor efetividade dos serviços da empresa júnior:

1. Uma melhor localização estratégica para os alunos e futuros

clientes;

2. Ter uma estrutura organizacional simples e flexível, sem o peso

da burocracia;

3. Proporcionar a interdisciplinaridade dos cursos, sob o comando

da administração;

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4. Oferecer serviços que tragam dividendos ao bom nome da

instituição e por conseqüência aos serviços da empresa júnior;

5. Ter uma atuação livre de influências políticas, financeiras e

administrativas, que só prejudicam a missão precípua da empresa

júnior;

6. Promover a atualização tecnológica, metodológica e de gestão

de pessoas;

7. Proporcionar uma perfeita identidade e relação com as

disciplinas teóricas e as práticas gerenciais;

8. Promover o contato com empresários que possam participar de

seminários, palestras, discussões, que promovam a integração da

empresa júnior com os demais setores da sociedade, reafirmando sua

responsabilidade social;

9. Participação integral do corpo docente da instituição,

proporcionando a interdisciplinaridade dos conteúdos ministrados em

sala de aula e as práticas propostas na empresa júnior (missão);

10. Promover avaliação constante e a reciclagem dos membros da

empresa júnior, assim como dos professores participantes;

11. Realizar reuniões que promovam na empresa júnior, a análise

de seus pontos fracos e fortes, assim como ao término da consultoria,

resultando em relatório detalhado.

12. Divulgar dentro e fora da comunidade acadêmica os serviços

proporcionados à micro, pequenas e médias empresas; (Ver ANEXO

III)

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A consecução dos objetivos da empresa júnior não é de simples

aplicação, mas se promovido e incentivado, pode trazer aos alunos, à instituição de

ensino superior , aos docentes e a sociedade benefícios que trarão uma verdadeira

mudança dos padrões de comportamento gerencial e humano e por conseqüência

mudanças das técnicas administrativas, criando novos modelos de gestão.

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ANEXOS

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ESTATUTO PADRÃO4

Capítulo I – Denominação, Sede, Finalidade e Duração. Artigo 1º - A “nome da empresa júnior” - é uma associação civil sem fins lucrativos e com prazo de duração indeterminado, com sede “endereço da empresa júnior” e foro na cidade de “nome da cidade”, Estado de “nome do Estado”, que se regerá pelo presente estatuto e pelas disposições legais aplicáveis. Artigo 2º - A “nome da Empresa Júnior” tem por finalidade:

a) Proporciona a seus membros efetivos as condições necessárias à aplicação prática de seus conhecimentos teóricos relativos à sua área de formação profissional;

b) Dar à sociedade um retorno dos investimentos que ela realiza na Universidade, através de serviços de alta qualidade, realizados pró futuros profissionais da área de “especialidade de atuação da Empresa Júnior” do Curso de Graduação da “nome da instituição de ensino superior à qual está ligada à Empresa Júnior”.

c) Incentivar a capacidade empreendedora do aluno, dando a ele uma visão profissional já no âmbito acadêmico;

d) Realizar estudos e elaborar diagnósticos e relatórios sobre assuntos específicos inseridos em sua área de atuação;

e) Assessorar a implantação de soluções indicadas para problemas diagnosticados;

f) Valorizar alunos e professores da “nome da instituição de ensino superior à qual está lida a Empresa Júnior” no mercado de trabalho e no âmbito acadêmico, bem como a referida instituição.

g) Outros aspectos poderão ser citados, de acordo com a Empresa Júnior. Capítulo II – Quadro Social, Direitos e Deveres Artigo 3º. Os membros da “nome da Empresa Júnior” serão admitidos por “definir um mecanismo de ingresso”, podendo ser de “número de alternativas” categorias:

a) MEMBROS HONORÁRIOS: toda pessoa física ou jurídica que tenha prestado ou venha a prestar serviços relevantes para o desenvolvimento dos objetivos da “nome da Empresa Júnior”, sendo dispensada do pagamento de contribuição social.

b) MEMBROS EFETIVOS: estudantes do curso de graduação da “nome da instituição de ensino à qual está ligada a Empresa Júnior”, salvo em disposição em contrário neste estatuto.

c) MEMBROS ASSOCIADOS: estudantes do curso de graduação da “nome da instituição de ensino à qual está ligada a Empresa Júnior”, membro efetivo ou não, que trabalha na administração da “nome da Empresa Júnior”.

4 Modelo extraído do Kit FEJESP, 1997: Empresa Júnior. O que é? Como montar? e do Estatuto da Empresa Júnior da FGV-SP

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Parágrafo Único – Os membros da “nome da Empresa Júnior” não respondem, mesmo que subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Artigo 4º. – São direitos dos membros efetivos:

a) Comparecer e votar nas Assembléias Gerais; b) Solicitar a qualquer tempo, informações relativas às atividades da “nome da

Empresa Júnior”; c) Utilizar todos os serviços colocados à sua disposição pela “nome da Empresa

Júnior”. d) Ser eleito membro do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva; e) Requerer a convocação de Assembléia Geral, na forma prevista neste

Estatuto. Parágrafo único: Os membros honorários não possuem direito ao voto nas Assembléias Gerais.

Artigo 6º. Perde-se a condição de membro da “nome da Empresa Júnior”:

a) Pela renúncia; b) Pela constituição, abandono ou jubilamento dos cursos na “nome da

instituição de ensino à qual está ligada a Empresa Júnior”; c) Pela morte, no caso de pessoas físicas ou pela cassação de suas atividades,

no caso de pessoa jurídica; d) Por decisão de "determinada fração" dos membros do Conselho de

Administração, fundada na violação de qualquer das disposições do presente Estatuto;

Parágrafo Primeiro. Caso um membro efetivo gradue-se no meio de um projeto, ele continuará como membro efetivo até a conclusão do mesmo. Parágrafo segundo - Da deliberação da Diretoria Executiva que promover a exclusão do associado caberá recurso à Assembléia Geral, no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da decisão. O recurso deverá ser escrito e contemplar as razões que, no entender do recorrente, justifiquem a necessidade de reforma da deliberação recorrida. A Assembléia Geral, nessa hipótese, decidirá em caráter definitivo, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à Assembléia Geral especialmente convocada para esse fim. Parágrafo terceiro – Os membros que compõem a empresa júnior, qualquer que seja a condição, perderão a condição de integrante da empresa júnior “nome da empresa” também:

a) pela conclusão do curso de graduação na “nome da instituição”; b) durante o período de jubilamento ou abandono do curso de graduação da

“nome da instituição de ensino superior”, sendo automaticamente readmitido após os término do período de jubilamento em questão.

Capítulo III – Patrimônio Artigo 7º. O patrimônio da “nome da Empresa Júnior” é formado:

a) Pelas contribuições regulares dos membros efetivos, a serem fixadas pela Diretoria Executiva e encaminhadas ao Conselho de Administração;

b) Pelas contribuições de membros associados;

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c) Pelo produto de contribuições recebidas por serviços prestados a terceiros; d) Pelas contribuições voluntárias e doações recebidas e patrocínios ; e e) Por subvenções e legados oferecidos à “nome da Empresa Júnior” e aceitos

pelo Conselho de Administração; Parágrafo Único. Em caso de extinção da “nome da Empresa Júnior” ou de dificuldades de caixa, o seu patrimônio será destinado a “por exemplo, a nome da instituição de ensino a qual está ligada a Empresa Júnior ”, neste caso deve a Diretoria Executiva ou o Conselho Consultivo convocar uma Assembléia Geral para deliberar sobre o assunto. Capítulo IV – Assembléia Geral Artigo 8º. A Assembléia Geral é o órgão de deliberação soberano da “nome da Empresa Júnior” que poderá ser Ordinária ou Extraordinária. Artigo 9º. Somente os membros efetivos terão direito a voto nas Assembléias Gerais, correspondendo 1 (um) voto de cada membro efetivo, vedada a representação, nas Assembléias Gerais, por procuração. Artigo 10º. As Assembléias Gerais serão convocadas por “agente de convocação, com “ número” dias de antecedência a sua realização, mediante divulgação dirigida a todos os membros efetivos. Parágrafo Único. As Assembléias Gerais serão, ainda, convocadas pela Diretoria Executiva, a requerimento de membros efetivos representando, no mínimo, “porcentagem” dos membros efetivos da “nome da Empresa Júnior”. Artigo 11º. A Assembléia Geral Ordinária reunir-se-á “número” vezes ao ano, sendo um “número” meses após o início do ano civil e outra no prazo de “número” de meses antes do término do mesmo. Artigo 12º. A Assembléia Geral Ordinária destina-se a analisar o parecer do Conselho de Administração a respeito das demonstrações financeiras, do relatório de atividades elaborado pela Diretoria Executiva e eleger os membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva. Artigo 13º. Serão nulas as decisões da Assembléia Geral sobre assuntos não incluídos na ordem do dia, a não ser que na Assembléia Geral se encontrem todos os membros efetivos e não haja oposição. Artigo 14º. A instauração da Assembléia Geral requer um quorum de “fração” dos membros efetivos e suas decisões serão sempre tomadas por maioria de “fração” de votos dos presentes, a não ser que disposto de forma distinta neste Estatuto. Parágrafo 1. Se à hora marcada para a Assembléia Geral não houver quorum de maioria absoluta dos membros efetivos, será dado um prazo de 30 (trinta) minutos para que seja atingido este quorum.

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Parágrafo 2. Caso não seja atingido o quorum de realização da Assembléia Geral, após decorridos os 30 (trinta) minutos da primeira convocação, a Assembléia Geral se realizará se estiverem presentes pelo menos “fração” dos membros efetivos. Parágrafo 3. Se na segunda convocação não houver este novo quorum, a Assembléia geral não se realizará e a decisão sobre os assuntos em pauta será tomada pela Diretoria e aprovada pelo Conselho de Administração. Artigo 15º. A Assembléia Geral será presidida por “identificação do presidente” e as funções de secretário da Assembléia Geral serão desempenhadas por “identificação do secretário”. Capítulo V - Conselho de Administração Artigo 16º. O Conselho de Administração é o órgão de deliberação da “nome da empresa júnior”, composto por “número” membros eleitos por membros efetivos da “nome da Empresa Júnior ” para mandato de “período de tempo”. Artigo 17º. O Conselho de Administração reunir-se-á, pelo menos, “número” vezes durante o ano civil, mediante convocação do “agente da convocação” com antecedência mínima de “número” dias. Parágrafo Único. As reuniões do Conselho de Administração deverão ser ainda convocadas pelo seu presidente, a requerimento de, no mínimo, “porcentagem” de seus membros ou a requerimento da Diretoria Executiva. Artigo 19º. O Conselho de Administração é o órgão de assessoria da empresa júnior, cujos participantes são indicados pela Diretoria Executiva e eleitos em Assembléia Geral, e tem as seguintes funções:

a) Regulamentar as deliberações da Assembléia Geral; b) Examinar e emitir parecer sobre as demonstrações financeiras, relatórios de

atividades e orçamentos apresentados pela Diretoria Executiva, a cada reunião ordinária do Conselho de Administração;

c) Estabelecer diretrizes fundamentais da “nome da Empresa Júnior”; d) Manifestar-se sobre propostas e matérias que lhe sejam submetidas pela

Diretoria Executiva; e) Aprovar a admissão de membros da “nome da Empresa Júnior” e perda da

condição de membro da “nome da Empresa Júnior” em caso de violação das disposições do presente Estatuto;

f) Aceitar subvenções e legados; g) Aprovar as contribuições regulares fixadas pela Diretoria Executiva e por esta

encaminhada ao Conselho de Administração; h) Em caso de ocorrer vacância na Diretoria Executiva ou no Conselho de

Administração, indicar o nome de substituto; i) Deliberar sobre casos omissos neste Estatuto, por solicitação encaminhada

pela Diretoria Executiva.

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Capítulo VI - Conselho Consultivo Artigo 20. O Conselho consultivo é um órgão da empresa júnior “nome da empresa” e tem como função acompanhar, questionar e, conforme for solicitado, aconselhar a Diretoria Executiva sobre atitudes e deliberações tomadas por esta ou por qualquer um dos membros da empresa júnior “nome da empresa”. Artigo 21. O Conselho Consultivo será composto por até 4 (quatro) membros colaboradores e membros do corpo docente da Instituição de Ensino Superior, eleitos em Assembléia Geral Ordinária, para mandato de 1 (um) ano, havendo eleições para 2 (dois) conselheiros a cada Assembléia Geral Ordinária. Parágrafo único: O Conselho Consultivo reunir-se-á de acordo com as necessidades manifestadas pela Diretoria Executiva ou a requerimento de, no mínimo, o primeiro número inteiro maior que 1/3 (um terço) dos membros efetivos da empresa júnior “nome da empresa”. Capítulo VII – Das Eleições Artigo 22. Os membros da Diretoria executiva e do Conselho de Administração são eleitos por membros efetivos da “nome da Empresa Júnior” em eleições realizadas em Assembléia Geral convocada para esse fim. Artigo 23. O Edital de Convocação da Assembléia Geral de Eleições deve ser publicado com o mínimo “prazo” dias de antecedência à data da eleição. Artigo 24. Todo o membro efetivo pode candidatar-se a um cargo na Diretoria executiva ou no Conselho de Administração sendo a eleição realizada em “sistema de eleição”. Parágrafo Único. A reeleição para um mesmo cargo da Diretoria Executiva ou Conselho de Administração é permitida uma única vez. Capítulo VIII– Diretoria Executiva Artigo 25. A Diretoria Executiva é investida dos poderes de administração e representação da “nome da Empresa Júnior” de forma a assegurar a consecução de seus objetivos, observando e fazendo observar o presente estatuto e as deliberações da Assembléia Geral. Artigo 26. A Diretoria Executiva será composta por “número” membros, eleitos entre os membros efetivos da “nome da Empresa Júnior” para mandato de “prazo”. Artigo 27. A Diretoria Executiva será composta de “Diretorias existentes”. Parágrafo Único – As funções de cada Diretoria serão definidas pelos respectivos regimentos. Artigo 28. Compete à Diretoria Executiva:

a) Executar as deliberações da Assembléia Geral e do Conselho de Administração;

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b) Fixar as contribuições regulares dos membros efetivos bem como sua

periodicidade e encaminhá-las ao Conselho de Administração para aprovação.

c) Elaborar as demonstrações financeiras, relatórios de atividades e orçamento anual, apresentando-se ao Conselho de Administração para exame e emissão de parecer;

d) Receber os pedidos de prestação de serviços a terceiros, sempre levando em conta a capacidade da “nome da Empresa Júnior” para assumi-los, bem como seus interesses e objetivos fundamentais;

e) Elaborar e aprovar as propostas de prestação de serviços e respectivos contratos;

f) Requerer e providenciar todas as formalidades necessárias à obtenção de imunidade e isenções fiscais; e

g) Indicar os substitutos de Diretores no caso de impedimentos temporários dos mesmos, sendo que, no caso do Diretor Presidente, seu substituto temporário será necessariamente um outro Diretor Executivo.

Artigo 29. Em quaisquer atos que envolvam obrigações sociais, inclusive assinatura de contratos, emissão de cheques, ordens de pagamento, a “nome da Empresa Júnior” será representada por 2 (dois) Diretores em conjunto ou por Diretor e por um procurador. Parágrafo Único. A “nome da Empresa Júnior” é representada por procurador desde que a especifique os poderes e tenha prazo de validade limitado ao ano civil, executada as procurações “ad judicia”. Capítulo IX – Disposições Gerais Artigo 30. O exercício social coincidirá com o ano civil. Artigo 31. Os resultados da “nome da Empresa Júnior” que se verifiquem ao final de cada exercício social serão compulsoriamente reinvestidos nas atividades por ela conduzidas. Artigo 32. É vedada a remuneração aos integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva pelo exercício de tais funções, bem como a distribuição de bonificações ou vantagens a dirigentes, membros associados ou efetivos da “nome da Empresa Júnior”. Parágrafo Único. Os participantes de todos os projetos receberão da “nome da Empresa Júnior” reembolso referente aos custos incorridos nos mesmos. Artigo 33. Os membros efetivos que se formarem no exercício de seus mandatos serão substituídos da seguinte forma “procedimento”. Artigo 34. A “nome da Empresa Júnior” será extinta a qualquer tempo, “procedimento”. Artigo 35. O presente Estatuto somente poderá ser modificado pelo “procedimento”.

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Capítulo X – Disposições Gerais Artigo 36 O exercício social coincidirá com o ano civil. Artigo 37 Os resultados da empresa júnior “nome da empresa” que se verificarem ao final de cada exercício social serão compulsoriamente reinvestidos nas atividades por ela conduzidas. Artigo 38. Para alteração do presente Estatuto é exigido o voto de 2/3 (dois terços) dos membros presentes à Assembléia especialmente constituída para esse fim. (A partir daqui, devem ser acrescentados artigos que possuam prazo de vigência restritos como, por exemplo: a data da primeira Assembléia para realização de eleições e prazo de duração das datas de início e término do mandato da primeira gestão ou da gestão durante a qual sejam realizadas mudanças no estatuto que porventura venham a atingi-la, etc). A empresa júnior “nome da empresa” Associação Civil é representada por:

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Mestrado FACEF – 2004 Nome da Instituição: _________________________________________________ Localização:___________________________Cidade:______________________ Cursos:___________________________________________________________ Período: ( ) diurno ( ) noturno Número de alunos: ________ Nome da empresa júnior: _____________________________________________ Fundada em ___/____/____ Da constituição:

1. Como são constituídos os integrantes e o estatuto da empresa júnior?

2. De que cursos provêm os integrantes que fazem parte da empresa júnior?

3. Na consultoria há participação de alunos de outros cursos?

4. Caso um integrante da EJ seja convidado para trabalhar em uma empresa, como é feita sua substituição?

5. Como é feita a reeleição da empresa júnior? Quais são as regras de

substituição dos integrantes que compõem os cargos mais elevados, como Presidente, Vice e Tesoureiro ou integrantes da empresa júnior?

Dos serviços

6. Como as empresas locais ficam sabendo dos serviços prestados pela empresa júnior? Qual a forma de abordagem?

7. Como funciona o atendimento da empresa júnior às empresas que procuram seus serviços?

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8. Há um ante-projeto (planejamento) antes da apresentação dos serviços de

consultoria que será executado pela empresa júnior? E de que forma são feitos?

9. Em média, quanto tempo duram os serviços prestados pela equipe da empresa júnior?

10. Quais os tipos de serviços prestados até a presente data e sua áreas de

atuação e seus resultados ?

11. Quais os tipos de empresa às quais a EJ tem prestado serviços (áreas de atuação)?

12. As atividades da EJ são simuladas ou acontecem na prática ?

Qualidade dos serviços

13. Como é avaliado o resultado final dos serviços prestados pelos membros da empresa júnior?

14. Quantas empresas retornaram para outros serviços elaborados pelos

integrantes da EJ?

Acompanhamento de docentes

15. Existe a presença de algum professor no processo de consultoria da empresa júnior?

16. Como é realizado esse acompanhamento do docente dentro do processo de

diagnóstico, realização e conclusão da consultoria? 17. Que tipo de interferência tem o docente no processo de atendimento da empresa

júnior às empresas que procuram os serviços? 18. Qual o custo dos serviços para o contratante da empresa júnior e como é

distribuída essa quantia?

Estrutura

19. Qual a forma de colaboração da instituição de ensino superior na permanência da empresa júnior, ou seja, o que a instituição oferece como infra-estrutura?

Análise dos resultados 20. Cite os pontos fortes e fracos da empresa júnior nesta instituição.

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21. A empresa júnior possui um levantamento de quantos integrantes que participaram do processo de consultoria estão empregados?

Formação do Administrador 22. De que forma a empresa júnior, na sua opinião, contribui na formação do futuro administrador?

TABELA COMPARATIVA DOS MODELOS DE EMPRESA JÚNIOR MODELO ATUAL E O PROPOSTO PELO ESTUDO

MODELO ATUAL

MODELO PROPOSTO

SUBSTITUIÇÃO DOS MEMBROS DA EMPRESA JÚNIOR Não há formula prévia de substituição Preparação de suplentes ou trainees

SELEÇÃO DO PARTICIPANTES Aleatoriamente, conforme disponibilidade do aluno.

Por habilidade, competências formada por processo de avaliação pelos docentes.

TEMPO DE PERMANÊNCIA DOS MEMBROS DA DIRETORIA DA EMPRESA JÚNIOR

Até 2 anos 1 ano DIVULGAÇÃO DA EMPRESA JÚNIOR

Alunos ou contato com empresários Convênios com Associações, Sindicatos, SEBRAE, SENAC, etc.

CONFECÇÃO DE ANTE-PROJETO DE CONSULTORIA

Depende da consultoria Há um modelo padrão , adaptável às

necessidades das áreas de consultoria DURAÇÃO DAS CONSULTORIAS

3 a 6 meses, em alguns casos até 12 meses

Depende do projeto e conforme análise do Conselho: Mínimo de 12 meses.

TIPOS DE SERVIÇOS

Área de administração Todas as áreas sob a gestão dos alunos do curso de Administração, exceto serviços técnicos e especializados.

TIPOS DE EMPRESAS ATENDIDAS

Micros, Pequenas e Médias Todos os tipos de empresas, conforme a

solicitação e a estrutura para atendimento

SUPERVISÃO DE DOCENTES

Um professor-coordenador independe de suas qualidades profissionais e pessoais

Um coordenador-geral com habilidades especiais para conduzir o processo e

seus vários sub-coordenadores de diversas áreas.

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FORMA DE INTERFERÊNCIA DO DOCENTE

Controle conforme a necessidade

Interferência na elaboração, durante e depois do projeto de consultoria.

FORMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS SERVICOS PRESTADOS

Retorno do cliente

Pesquisa de satisfação , por formulários ou visitas pós-vendas.

CUSTOS DOS SERVIÇOS DA EMPRESA JÚNIOR Nenhum custo ou apenas um custo

simbólico para despesas de manutençãoCusto para a manutenção e pagamento

dos profissionais colaboradores e despesas básicas. Incentivo à atuação.

ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PELAS IES ÀS EMPRESAS

JUNIORES

Básico: Sala , Computadores, Telefones Toda a estrutura logística: sala,

coordenadores, computadores, telefones, material promocional, site, etc.

PESQUISA DOS RESULTADOS DA CONSULTORIA Não há preocupação com os resultados

efetivos Análise periódica dos resultados, passo a

passo e direcionamento. AMBIENTE INTERNO DA EMPRESA JÚNIOR

Uma empresa com problemas de relacionamento internos

A presença de um professor-coordenador com características para o inter-

relacionamento pessoal. MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS

Totalmente desestimulados Preocupação com a motivação dos alunos, sob todos os aspectos.

POSIÇÃO DA INSTITUIÇÃO EM RELAÇÃO A EMPRESA JÚNIOR

É apenas um setor da instituição Uma área de preparação do futuro profissional formado pela instituição

VISAO DOS ALUNOS SOBRE A EMPRESA JUNIOR Em alguns casos desconhecem sua

existência. Visão definida e difundida dentro da

instituição. REGISTRO JURIDICO-LEGAL

Imprescindível para sua existência

Não há necessidade de registro, visto que outras alternativas mostram-se mais

frutíferas. Fonte: A empresa júnior no ensino de administração: um estudo em cursos de administração em cursos superiores de administração do noroeste paulista” Antonio Afonso Cortezi/2004.

Page 133: CORTEZI Ant.nio Afonso - pos.unifacef.com.brpos.unifacef.com.br/wp-content/uploads/2018/01/Antonio-Afonso-Co… · ANTONIO AFONSO CORTEZI A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: