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ANTONIO AFONSO CORTEZI
A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO
NOROESTE PAULISTA
FRANCA 2005
ANTONIO AFONSO CORTEZI
A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO
NOROESTE PAULISTA Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da FACEF Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de Franca.
Orientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Oliveira
FRANCA 2005
ANTONIO AFONSO CORTEZI
A EMPRESA JÚNIOR NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO EM CURSOS SUPERIORES DE ADMINISTRAÇÃO DO
NOROESTE PAULISTA
Franca, 29 de março de 2005.
Orientador: __________________________________________________________ Dr. Paulo de Tarso Oliveira FACEF – Franca Examinadora: ________________________________________________________ Dra. Edna Maria Campanhol Facef – Franca Examinadora: ________________________________________________________ Dra. Silvia Maria Conrado Jacintho Unesp - Franca
Dedico ao meu pai, João Baptista Cortezi (in memorian) que sempre incentivou meus estudos, à minha mãe Gláucia Peres Cortezi, com suas orações e incentivo e a meu irmão Alexandre Augusto Cortezi com seu apoio durante minha ausência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
- ao meu orientador, Dr. Paulo de Tarso Oliveira, pela dedicação e paciência;
- aos membros da Banca de Qualificação pelo profissionalismo e correção das análises; e
- aos funcionários da Facef, em especial : Roberta e Camila;
RESUMO O objetivo deste trabalho é refletir sobre as estruturas das empresas juniores de instituições de ensino superior do noroeste do Estado de São Paulo. Analisando seus aspectos estruturais, de gestão, formas de constituição, objetivos específicos, formalidades burocráticas, relacionamento dos alunos com os professores, instituição de ensino e empresários. A empresa júnior é um modelo oriundo da Europa, mais precisamente, da França, com o objetivo de incentivar a participação dos alunos no mercado de trabalho e promover o desenvolvimento das empresas francesas. No modelo brasileiro ocorreram algumas mudanças estruturais para que se adaptasse à cultura organizacional brasileira. A empresa júnior brasileira necessita de mudanças de paradigmas para cumprir sua função de propiciar ao aluno experiências profissionais. A empresa júnior tem como finalidade precípua fomentar as alterações dos modelos de administração no local onde estão inseridas e a mudança da mentalidade gerencial. Na presente pesquisa, são feitas considerações sobre as instituições de ensino superior, tomadas aqui como objeto de estudos, para que possamos avaliar a continuidade ou não do modelo atual de empresa júnior. Observou-se que algumas alterações conceituais e estruturais necessitam ser implementadas para que o modelo sobreviva e cumpra seu papel de proporcionar o desenvolvimento prático-teórico dos alunos dos cursos de administração. Palavras-chave: empresa júnior; estruturas; formas de gestão; cursos de
administração.
ABSTRACT The main goal of this research is to analyse the structures of junior companies set up in northwest universities of Sao Paulo State, Brazil, namely: their structural management aspects, forms of constitution, specific goals, bureaucracy, relationships among professors and students, and higher education institutions and entrepreneurs. The junior company is a model originally conceived in France to promote both the students’ engagement in the labour market and the development of French companies. The Brazilian model has undergone some structural changes so as to fit to the organizational culture of the country. Brazilian junior companies require changes of paradigms to fulfill their utmost function of enriching students’ professional experience. Their main goal should be to encourage changes in their local administration models as much as in their management mentality. In this work, some considerations are made on the higher education institutions, taken as a research object, so that we may evaluate whether the current model of junior company should be kept. In conclusion, the research suggests that some conceptual, structural changes are required so as the model plays its significant role of providing the students of bussiness administration with the pratical-theorical development needed.
Key-words: Junior company; structures; management forms; business
administration courses.
RESUMEN El objetivo principal de esta investigación es analizar las estructuras de las empresas juniores establecidas en instituciones de enseñanza superior del noroeste del estado de Sao Paulo, Brazil, incluyendo aspectos estructurales de gestión, formas de constituición, objetivos específicos, formalidades burocráticas, relaciones entre profesores y estudiantes, entre instituiciones de enseñanza superior y empresarios. La empresa junior es un modelo concebido originalmente en Francia y que tiene por objetivo fomentar tanto la participación de los alumnos en el mercado de trabajo como el desarrollo de las compañías francesas. Al modelo brasileño, sin embargo, se le hicieron cambios estructurales para que pudiera se adaptar a la cultura organizacional del país. Las empresas juniores brasileñas necesitan cambios de paradigma para cumplir su función esencial de enriquecer la experiencia profesional de los estudiantes. El objetivo principal de la empresa debe ser alentar modificaciones del los modelos administrativos locales y de la mentalidad gerencial. En esta investigación, se hacen consideraciones sobre las instituiciones de enseñanza superior, tomadas como objeto de estudios, para que podramos analizar si el modelo actual de la empresa junior deba o no ser mantenido. En conclusión, la investigación indica que algunos cambios conceptuales y estructurales son necesarios para que el modelo pueda desempeñar su papel significativo de proveer a los alumnos de administración de empresas el desarrollo práctico-teórico que necesitan.
Palavras-clave: Empresa junior; estructuras; formas de gerencia; cursos de
administración de empresas.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 1. A EMPRESA JÚNIOR E O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO .......................... 19 1.1 A Empresa Júnior: Conceito .................................................................... 19 1.2 O Curso de Administração ........................................................................ 23 CAPÍTULO 2 A EMPRESA JÚNIOR: CAMINHOS............................................. 30 2.1 A Empresa júnior no Mundo ...................................................................... 30 2.2 A Empresa júnior no Brasil ....................................................................... 34 2.3 O modelo brasileiro e modelo estrangeiro.............................................. 39 2.4 A formalização da empresa júnior: aspectos burocráticos ...................... 42 2.5 A empresa júnior e o Novo Código Civil ................................................. 46 2.6 A Empresa Júnior e sua estrutura .......................................................... 48
2.7. O docente na Empresa Júnior ................................................................ 51 3. CAPÍTULO 3 O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO E A EMPRESA JUNIOR . 54 3.1 As interações entre o Curso de Administração e a Empresa Júnior ....... 56 3.2 A formação do Administrador e a Empresa Júnior ................................. 60 3.3 A execução dos projetos da Empresa Júnior ........................................... 69 3.4 Os recursos humanos na Empresa Júnior ............................................... 74 CAPÍTULO 4 AS EMPRESAS JUNIORES DO NOROESTE PAULISTA ......... 77 4.1 Procedimentos Metodológicos ................................................................. 77 4.2 Tabulação dos Resultados da Pesquisa .................................................. 80 4.2 1 A Constituição da empresa júnior e seu estatuto ..................................... 81 4.2.2 A Origem dos membros da empresa júnior ............................................. 82 4.2.3 A Substituição dos membros da empresa júnior ..................................... 82 4.2.4. A Divulgação dos serviços da Empresa Júnior ........................................ 83 4.2.5. O funcionamento do atendimento da Empresa Júnior ............................. 84 4.2.6. A Confecção de ante-projeto de consultoria da Empresa Júnior.............. 85 4.2.7 A duração dos serviços prestados pela Empresa Júnior ......................... 85
4.2.8. Os tipos de serviços prestados pela Empresa Júnior............................... 86 4.2.9. Análise da qualidade dos serviços prestados pela Empresa Júnior ....... 87 4.2.10 A reincidência na procura de serviços da Empresa Júnior ................... 87 4.2.11 O acompanhamento dos docentes na coordenação da Empresa Júnior 88 4.2.12 O custo dos serviços prestados pela Empresa Júnior ............................ 89 4.2.13 Quanto à estrutura oferecida pelas instituições de ensino superior à Empresa Júnior .................................................................................................... 90 4.2.14 Os resultados da consultoria da Empresa Júnior .................................. 90 4.2.15 As contribuições da Empresa Júnior para a formação do administrador ............................................................................................................................. 92 4.2.16 Um estudo comparativo das Empresas Juniores do noroeste paulista com outras do país....................................................................................................... 93 4.2.17 As Conclusões da Pesquisa.................................................................... 98 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................105 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 114 ANEXOS .............................................................................................................. 121 Anexo I ................................................................................................................. 122 Anexo II ................................................................................................................ 129 Anexo III ............................................................................................................... 131
INTRODUÇÃO
Para a formação do administrador exigem-se características
específicas, no que concerne a perfil, habilidades e competências, imprescindíveis
para enfrentar a competitividade do mercado de trabalho. Esse processo de
formação é complementado pela implantação de empresas juniores, por parte das
universidades. A empresa júnior, como empresa sem fins lucrativos, deverá ter
estrutura jurídica própria e ser gerida de acordo com as normas contidas em seu
estatuto, regimento interno e leis das associações civis sem fins lucrativos
(MORETTO, 2004).
Estatuto é definido como lei orgânica de um estado, sociedade ou
associação; constituição, ordenação, regra; regulamento, conjunto de leis, de regras,
código (FERREIRA, 1988).
No entanto, a instituição “empresa júnior” enfrenta algumas
dificuldades frente à evolução das mudanças no que diz respeito à administração.
O presente estudo analisa as empresas juniores das instituições de
ensino superior, que oferecem o curso de Administração, situadas no noroeste do
Estado de São Paulo.
O intuito do trabalho é conhecer e analisar a forma de participação dos
alunos e docentes, proporcionando o levantamento do perfil, suas características e
relações com a formação do administrador.
Em um cenário de constantes mudanças e inúmeras exigências,
busca-se a legitimação profissional e acadêmica do administrador, bem como a
verdadeira contribuição da empresa júnior como coadjuvante do processo de ensino-
aprendizagem e preparação do profissional.
A própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, recomenda
que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
(OLIVEIRA, 1995).
Sobre o assunto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
nº 9424 de 24/12/96), em seu artigo 3º, preconiza que o ensino será ministrado com
base nos seguintes princípios: inciso X - valorização da experiência extra-escolar e
inciso XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais
(apud CARNEIRO, 2003, p. 35).
Contradizendo e criticando o que determina a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, Pedro Demo (2004) enfatiza que tal lei nada mais é do que
um reflexo da letargia nacional nesse campo, que impede perceber o quanto as
oportunidades de desenvolvimento dependem da qualidade educativa da população.
Por sua vez, a Pesquisa Nacional realizada pelo Conselho Federal de
Administração (2003,p.23) enfatiza a necessidade de se definir um espaço próprio,
peculiar, inconfundível, que dê identidade a uma profissão. A Administração, no
caso, deve ser conceituada como a arte de liderar pessoas e gerenciar recursos
tecnológicos, materiais, físicos, financeiros etc., visando a busca de resultados
superiores para a organização, a fim de estabelecer-se um espaço bem mais amplo,
de difícil caracterização de limites. Todavia, as diferenças observadas entre o que se
ensina na maioria dos cursos de Administração e o que se pratica na maioria das
organizações, contribuíram também para dificultar a caracterização da identidade do
administrador (Conselho Federal de Administração, 2003).
As indagações sobre a contribuição e manutenção da empresa júnior
na formação do administrador se fazem necessárias, pois é dessa contribuição que
depende o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre a formação dos
profissionais oriundos das instituições de ensino superior brasileiras.
Na sociedade contemporânea, o mundo caracteriza-se pela
necessidade de profissionais dotados de atitudes (posturas e procedimentos),
habilidades (capacidade e destreza) e competências (articulação de conhecimentos
e habilidades) para o desempenho eficiente e eficaz, em sinergia com os objetivos
organizacionais de produção, de maneira flexível e adaptável às demandas dos
mercados em que atuam (MORETTO, 2004).
Este estudo surgiu da necessidade de definir quais os requisitos
imprescindíveis para implantação da empresa júnior, sua contribuição para a
formação e preparação do administrador para o mercado de trabalho.
O ensino brasileiro insiste numa formação unilateral, habilitando os
indivíduos na esfera técnica e atrofiando-os na criatividade e no comportamento não
participativo (MORETTO, 2004).
Pode-se dizer que o trabalhador que não sabe pensar já não é útil para
a produtividade moderna (DEMO, 2004).
A empresa júnior tem sua função social na medida em que oferece ao
aluno a preparação para enfrentar o mercado de trabalho, além de fomentar a
aprendizagem na prática, exigindo dele, através do estudo de problemas
organizacionais, a busca de soluções e caminhos que servirão de base para sua
formação profissional.
A pesquisa justificou-se para analisar se a empresa júnior propiciará
condições de adaptação às constantes exigências do mercado em relação à
qualificação da mão-de-obra.
A função precípua da empresa júnior é fazer com que o aluno tenha
contato direto com os problemas das empresas, incentivando a formação de seu
senso crítico e analítico para resolução dos mesmos, contribuindo sobremaneira
para a associação da teoria com a prática, como forma de laboratório complementar
do ensino acadêmico, proporcionando ao aluno vivenciar o dia-a-dia de uma
empresa e desenvolver seu espírito empreendedor, já que a finalidade da empresa
júnior é, essencialmente, a de promover o desenvolvimento de seus membros, seja
no aspecto técnico, acadêmico, profissional e pessoal (MORETTO, 2004).
A empresa júnior possui uma dimensão social e através dela é feito o
repasse de uma tecnologia básica, muitas vezes presa às universidades, às micro e
pequenas empresas (MATOS, 1997).
Segundo Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos, define-se
responsabilidade social como o compromisso da empresa com a comunidade,
abrangendo todas as relações da empresa: seus funcionários, clientes,
fornecedores, acionistas, concorrentes, meio ambiente e organizações públicas e
estatais (NETO & FROES,1999).
A empresa júnior, por seu caráter social, deverá cumprir sua função
perante a sociedade, na medida em que proporciona o desenvolvimento ético
adequado e o desempenho ambiental propício da empresa, melhorando a qualidade
de vida de seus funcionários e família.
Utiliza o poder e as relações com seus fornecedores e até
concorrentes incentivando-os a serem socialmente responsáveis.
Os alunos, ao atuarem na empresa júnior, poderão familiarizar-se com
as condutas baseadas em princípios e valores éticos.
As instituições de ensino superior brasileiras, através da empresa
júnior, devem incentivar para que as atividades universitárias se voltem para a
realidade social e procure envolver-se em problemas sociais (OLIVEIRA, 2000)
O estudo da empresa júnior tem como finalidade analisar seu
funcionamento, seus objetivos, seu espaço físico e cultural, seus métodos e seus
resultados.
Nesse sentido, justifica-se o oferecimento de uma educação voltada
para a formação integral do indivíduo, para o desenvolvimento da inteligência, do
seu pensamento, da sua consciência e do seu espírito, capacitando-o para viver
numa sociedade pluralista em permanente processo de transformação (MORAES,
2001a).
O curso de administração necessita buscar a construção de uma base
tecno-científica que permita aos alunos desenvolverem um processo de auto-
questionamento e aprendizado, de modo a torná-los capazes de absorverem,
processarem e adequarem-se, por si mesmos, às necessidades e solicitações das
organizações do mundo moderno (MORETTO, 2004).
Especificamente para o curso de administração, o profissional deve ser
agente transformador, capaz de ajustar-se com agilidade aos avanços das ciências e
da tecnologia no estabelecimento de uma nova ordem. Ser capaz de alterar e
quebrar paradigmas, buscando o desenvolvimento pessoal e empresarial das
comunidades.
A empresa júnior tem como função mobilizar os alunos e professores
na solução de problemas por meio do desenvolvimento das consultorias, preparando
o aluno para corresponder às expectativas do mercado, no qual a mudança é o
único caminho para a sobrevivência.
Considerada como uma instituição sem fins lucrativos, a empresa
júnior não é meramente uma prestadora de serviços, visto que provoca mudanças
em um ser humano, criando hábitos, visão, compromisso e conhecimento, onde,
essas mudanças atingem a sociedade como um todo, proporcionando a quebra de
paradigmas e surgimento de novas posturas (DRUCKER, 1997).
O presente estudo tem como finalidade identificar elementos que
constatem a influência da empresa júnior na capacitação, na formação dos
administradores, suas estruturas formais, além dos aspectos relativos à sua
implantação, manutenção e peculiaridades dentro das instituições de ensino
superior, analisando-se até que ponto a empresa júnior contribui efetivamente para a
formação do administrador.
Além disso, procurou-se destacar quais os incentivos oferecidos pelas
instituições de ensino superior para a manutenção da empresa júnior e de sua infra-
estrutura, bem como o apoio logístico e financeiro aos docentes e a suas relações, a
fim de verificar quais as atividades das empresas juniores, através de suas ações e
seus resultados, constituem meios de contribuição para a formação do
administrador.
Para a efetivação deste estudo, algumas indagações foram
consideradas: Se o modelo atual de empresa júnior contribui para a formação do
administrador, habilitação e capacitação do administrador, quais as estruturas deste
modelo e as houveram inovações que influenciaram a postura das empresas
conforme o mercado de trabalho?
Se a empresa júnior tem cumprido sua função social de preparar,
desenvolver e qualificar o administrador para sua atuação profissional e quais suas
implicações com o mercado, com a instituição e com os alunos? De que forma sua
estrutura funciona como ferramenta importante para a formação do administrador?
Há indícios de que suas atividades, ações e resultados propiciam uma
evolução e desenvolvimento das técnicas administrativas?
A empresa júnior consegue transportar a teoria para prática de maneira
adequada, proporcionando uma efetiva contribuição para a formação do
administrador?
A relação docente, aluno e instituição de ensino proporciona o
desenvolvimento do administrador, sua vivência e preparação adequadas para a sua
atuação no mercado?
Na pesquisa foram feitas entrevistas com membros da empresa júnior,
através de um roteiro de perguntas. As instituições de ensino superior foram
escolhidas da região noroeste do Estado de São Paulo, que possuem o curso de
administração de empresas, não se preocupando se os cursos eram oferecidos no
período diurno ou noturno.
As entrevistas foram realizadas, com abertura para considerações
livres fora do roteiro de perguntas, buscando contribuir, ainda mais, para a
relevância do tema.
Na aplicação da pesquisa, não houve preocupação de avaliar o
processo burocrático de regularização ou regulamentação da constituição da
empresa júnior sob o ponto de vista jurídico-legal.
CAPÍTULO 1 A EMPRESA JÚNIOR E O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
É preciso conceituar ou definir o que é empresa, para que se possa
analisar as diversas tipologias.
No Dicionário Aurélio1, o termo “empresa” define-se como aquilo que
se empreende; empreendimento; organização particular ou governamental, ou de
economia mista, que produz bens e/ou serviços, com vista, em geral, à obtenção do
lucro; como organização jurídica; firma, sociedade.
O vocábulo “empresa” é conceituado, ainda, como uma organização
destinada à produção de bens e serviços, tendo como objetivo o lucro e
independentemente do produto, definida por seu estatuto jurídico (SANDRONI,
1999).
Organizações, por sua vez, são instituições sociais, cuja ação
desenvolvida por seus membros é dirigida por objetivos, sendo projetadas como
sistemas de atividades e autoridade deliberadamente estruturados e coordenados,
atuando de forma interativa com o ambiente que os cerca (MORAES, 2001a).
As organizações devem ser consideradas como se fossem
organismos, ou seja, sistemas vivos que existem, e um ambiente mais amplo do qual
dependem em termos de satisfação das suas necessidades (MORGAN,1996).
1.1. Empresa Júnior: Conceito
A empresa júnior é uma forma de associação civil sem fins lucrativos,
geridas por estudantes, por meio do desenvolvimento de estudos nas áreas
1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
correlatas ao currículo acadêmico e sob a orientação de professores, que passam a
aplicar a teoria no ambiente real das organizações de produção (MORETTO, 2004).
A proposta da empresa júnior é promover o desenvolvimento de seus
membros e envolvidos, tanto no aspecto técnico, pessoal, como no profissional.
Como empresa sem fins lucrativos, a empresa júnior é uma prestadora de serviços,
o que se realiza em forma de consultoria, não tendo como objetivo precípuo de
obtenção do lucro, e sim resultados, uma vez que empresa sem fins lucrativos existe
em função do desempenho em mudar pessoas e a sociedade e sob estes aspectos
diferem das outras empresas – aquelas que sobrevivem do lucro financeiro
(DRUCKER, 1997).
Apesar disso, a empresa júnior necessita auferir resultados financeiros
satisfatórios para a sua sobrevivência e cumprimento de seus objetivos, assumindo
todas as responsabilidades de uma empresa normal, visto que propicia, ou pelo
menos deveria propiciar, uma perfeita relação entre a teoria e prática na capacitação
do administrador.
A empresa júnior é um modelo oriundo de outros países, com algumas
adaptações ao modelo brasileiro de gestão.
Considerada por alguns como uma forma de extensão universitária, na
qual o aluno, com a sua participação e atuação, mantém seu contato com a
realidade do mercado além de ser uma forma do aluno vivenciar o dia-a-dia das
empresas, preparando-se para enfrentar os desafios da profissão.
As atividades das empresas juniores contribuem sobremaneira para o
desenvolvimento das características necessárias ao administrador.
É preciso que colabore para incrementar suas habilidades,
capacidades e competências, como método coadjuvante do curso de administração.
Sendo assim, a atual estrutura da empresa júnior passa por algumas
transformações, visto que seu formato não é uma unanimidade em todas as
instituições de ensino superior.
Alguns dos problemas enfrentados pela empresa júnior, no modelo
brasileiro, são: a alta rotatividade de seus membros e as exigências burocráticas,
que demandam um esforço maior em sua manutenção e gerenciamento.
Contrariamente aos modelos estrangeiros, nos quais as empresas
desse tipo têm autonomia e não estão vinculadas às universidades, no Brasil, a
empresa júnior precisa contar com o apoio da instituição para sua permanência.
Além disso, os alunos necessitam da interferência de um professor
com notável saber e capacidade de coordenação, outorgando credibilidade à
atuação frente aos clientes.
Por sua vez, os jovens administradores também enfrentam problemas,
como a pouca experiência prática e a mentalidade dos empresários das pequenas e
médias empresas, os quais contratam estagiários, mas não aproveitam as
potencialidades destes.
Esta situação provoca um círculo vicioso: o estagiário, ou seja, aquele
aluno que inicia suas atividades como aprendiz, muitas vezes é desestimulado pelo
mercado, por ser considerado como um profissional incompleto e dispor de exígua
experiência prática.
Percebe-se, portanto, que a empresa júnior deveria ser o caminho para
o melhor aproveitamento desse futuro profissional. As atividades, ações e resultados
da empresa júnior têm como função básica promover e desenvolver o administrador
e através dela o aluno pode ser notado pelas empresas que buscam cada vez mais
talentos.
As empresas juniores têm sua forma de atuação, seus estilos de
gestão, suas características comuns, suas ações e resultados, proporcionando uma
perfeita correlação entre a teoria e a prática, reforçando a formação dos alunos
como administradores.
O estudo pretende analisar a empresa júnior e suas características,
levando-se em consideração sua evolução nos cursos de administração. Baseia-se
no perfil e condições de aprendizagem, embora o conceito empresa júnior seja
aplicado a qualquer curso oferecido pelas instituições de ensino superior.
A evolução dos cursos de administração no Brasil contribuiu para os
questionamentos sobre a formação do administrador e acompanha o
desenvolvimento industrial, pressionando a qualidade do ensino superior e exigindo
que as instituições de ensino superior tivessem maior preocupação com a formação
do futuro profissional de acordo com um perfil estabelecido por uma Comissão, que
relegou às entidades de ensino superior a reformulação de todo o conceito de
ensino de administração adquirido anteriormente (ANDRADE; AMBONI, 2002).
A partir de 1980 o setor privado da educação superior sofreu sérias
mudanças estruturais, que vão desde a queda da demanda até o aumento das
instituições privadas. Além disso, as exigências impostas pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC) fizeram com que as instituições de ensino superior
alterassem seus currículos e grades escolares.
Nesse cenário, houve a necessidade de mudanças e no modo de
ensinar administração, com a finalidade de atingir os resultados pretendidos.
Assim, para melhor entender as características da empresa júnior no
contexto dos cursos de administração, faz-se necessário conhecer os conceitos
implícitos nos cursos de administração.
1.2 O curso de Administração
Com as constantes exigências do ensino da administração e a
crescente demanda, as instituições de ensino superior promoveram uma verdadeira
proliferação de instituições de ensino isoladas, muitas das quais antigas escolas de
ensino secundário, de pequeno porte (SAMPAIO, 2002).
Considera-se, ainda, a descentralização dessas instituições nos
grandes centros urbanos, ressaltando-se um importante fato: a evolução do ensino
superior no Brasil devido a um dispositivo constitucional, em seu art. 207: “As
universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1998), apud OLIVEIRA,
1995), o que ofereceu maior autonomia às universidades, abrindo caminho para a
qualidade do ensino.
Outro marco fundamental foi a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional), a qual, em seu artigo 46, estabelece as finalidades da
educação superior: estímulo à criação cultural e desenvolvimento do espírito
científico e do pensamento reflexivo, formação de profissionais aptos à inserção em
diversos setores e de participação no desenvolvimento da sociedade brasileira
(NISKIER, 1997).
No aspecto científico, a nova Lei estabelece normas gerais de incentivo
e investigação, divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos, que
possam ser divulgados por meio de publicações, etc. Enfim, a legislação promove
uma quebra de paradigmas educacionais, impondo às instituições, em especial as
instituições de ensino superior privadas, a se adaptarem às novas exigências.
Nesse contexto, as instituições não puderam manter-se alheias quanto
às novas realidades para os cursos de Administração. Assim, a Comissão de
Especialistas de Ensino de Administração – CEEAD, reunido em março de 2001, fez
algumas considerações sobre a profissão do administrador:
A contextualização proposta às novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Administração ao resgatar, no âmbito da proposta original, o comprometimento com um novo modelo de competitividade e produtividade exigido pelas organizações; o desenho de um novo mercado, mais exigente e consciente de seus direitos, bem como o estabelecimento de novas relações de trabalho e/ou emprego, tanto quanto o fortalecimento de novos setores como o de serviços, vem defender e focar a preocupação com os aspectos inerentes à formação do Administrador de modo a repensar e viabilizar a melhor implementação e consolidação de um processo contínuo de ensino aprendizagem (...) no sentido de melhor fundamentar a proposta de novas diretrizes: o perfil do egresso do curso; as competências e habilidades esperadas do Administrador, os campos e tópicos de estudos definidos na proposta original, integrando teoria e prática (grifo nosso); reconhecimento das habilidades e competências extracurriculares, objetivando maior compromisso social do egresso; estrutura geral do curso. (Proposta submetida à apreciação do Conselho Nacional de Educação, 2001 p. 3-4). apud ANDRADE; AMNONI, 2002.
Na realidade, a proposta dos especialistas sugere uma série de
alterações no ensino de administração. No que concerne à empresa júnior, esta
deverá adaptar-se às mudanças que o mercado exige para colaborar na formação
do egresso e sua absorção no competitivo mercado de trabalho. Será um veículo de
reformulação do conceito de prática e incrementação das ações do estágio
supervisionado.
O estágio supervisionado, por sua vez, vem como meio de colocar
aspectos práticos à formação teórica do administrador, além de ser uma atividade
compulsória do discente de administração. Em sua origem, o estágio supervisionado
preocupa-se em colocar em prática os conceitos apreendidos durante o curso de
Administração (ROESCH, 1996).
Todavia, há uma rejeição, por parte do aluno, com relação aos
estágios, pois ao estagiar o aluno exerce função de um funcionário, mas não recebe
como tal, sua atuação na empresa limita-se a trabalhos de pouca significação
organizacional e é considerado como uma forma de exploração de mão-de-obra.
Essa situação fica ainda mais visível, nas pequenas empresas e se
torna mais complexa no interior do Estado de São Paulo, onde maioria das
empresas é de pequeno e médio porte ou origem familiar, deixando para o aluno
poucas oportunidades práticas de administração e gestão.
Para minimizar esse efeito, as instituições de ensino contam com o
estágio supervisionado obrigatório inserido na grade curricular dos Cursos de
Administração.
Essa condição, apesar de constituir-se uma ação positiva, limita as
possibilidades de atividades práticas – o que seria uma das funções das empresas
juniores.
Não se pode deixar de considerar a atitude do empresariado com
relação à colocação do “aprendiz” (estagiário) em sua empresa. Ele, muitas vezes,
toma atitudes defensivas e paternalistas com o estagiário de administração, ao invés
de aproveitar e obter contribuições mais efetivas para sua empresa.
Uma análise mais atenta mostra que um dos maiores problemas da
prática da administração na empresa júnior estaria na forma de administrar essa
atividade e na forma como ela é vista pelo empresariado e pelas próprias instituições
de ensino superior.
A elaboração de um currículo de matérias que incentivem as questões
mais práticas e a obrigatoriedade do estágio supervisionado poderão influenciar na
evolução das instituições de ensino superior no que diz respeito à inserção da
empresa júnior em seus quadros de atividades, pelo menos de uma maneira mais
efetiva.
Considerando que o conhecimento da administração tem a finalidade
de entender, explicar e tornar mais eficaz a prática gerencial, o desempenho da
empresa júnior pode fazer com que o aluno tenha maior vivência prática por ter
acesso a situações reais, sem esquecer que o conhecimento, sob todos os
aspectos, melhora o desempenho das decisões, fato este inquestionável.
Moreira (2000) salienta, ainda, que o conhecimento experimental dos
estudiosos da Administração resultará em um gerador de conhecimento. E vai mais
além, considerando “que a integração teoria-prática não é apenas forte demais,
mas indispensável” (MOREIRA, 2000a, grifo nosso).
Esse aspecto de integração em determinadas instituições de ensino
não fica claro no que diz respeito à empresa júnior, devido à sua própria
configuração.
Os cursos de Administração das instituições de ensino superior, em
sua grande maioria, ocorrem no período noturno, o que compromete a permanência
e continuidade da atuação do aluno na empresa júnior, por não ter tempo disponível
para atuar na empresa, pois, trabalha durante o período diurno.
O mesmo problema tem acontecido com o estágio supervisionado, em
que o acompanhamento é feito de forma burocratizada e sem conhecimento mais
profundo do desenvolvimento do estagiário. O que leva, em alguns casos, à extinção
da empresa júnior como veículo propagador do conhecimento prático-teórico.
Isso não quer dizer que o instituto “empresa júnior” seja ineficaz, mas
que sua forma de gestão pode ser criticada e analisada para atingir os resultados
esperados pelo mercado e pelo Ministério da Educação.
Para tanto, é preciso entender a origem do problema, a configuração
atual da empresa júnior e sua significação dentro do ensino prático da
administração.
A definição das condições mais eficazes da empresa júnior exige que
se compreenda o perfil exigido do profissional de administração, isto é, quais as
qualidades e habilidades são necessárias para uma atuação profissional de acordo
com o que requer o mercado.
Segundo a Comissão do Exame Nacional dos Cursos de
Administração, que elaborou o perfil dos alunos dos cursos de administração e suas
habilidades, ficou estabelecido como perfil exigido para o graduando de
administração, os seguintes itens:
1- Internalização de valores e responsabilidade social, justiça e
ética profissional;
2- Sólida formação humanística e visão global que o habilite a
compreender o meio social, político, econômico e cultural em que está
inserido e a tomar decisões em um mundo diversificado e
interdependente;
3- Sólida formação técnico-científica para atuar na administração
das organizações e desenvolver atividades específicas da prática
profissional;
4- Ter competência para empreender ações, analisando,
criticamente, as organizações, antecipando e promovendo suas
transformações;
5- Ter capacidade de atuar de forma interdisciplinar; e
6- Ter capacidade de compreensão da necessidade de contínuo
aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento da autoconfiança.
No que diz respeito às habilidades, consideram-se como exigências, os
seguintes itens:
1- Expressar-se corretamente nos documentos técnicos
específicos, bem como nas relações interpessoais, de forma a auxiliar
na interpretação da realidade das organizações;
2- Utilizar raciocínio lógico, crítico e analítico, operando valores e
formulações quantitativas e estabelecendo relações formais com
fenômenos;
3- Interagir criativamente em face dos diferentes contextos
organizacionais e sociais;
4- Compreender o todo administrativo, de modo integrado,
sistêmico e estratégico, bem como de suas relações com o ambiente
externo;
5- Lidar com modelos de gestão inovadores;
6- Resolver problemas e desafios organizacionais com flexibilidade
e adaptabilidade;
7- Ordenar atividades e programas, identificar e dimensionar riscos
para a tomada de decisões;
8- Selecionar estratégias adequadas de ação, para atender a
interesses interpessoais e institucionais;
9- Selecionar procedimentos que privilegiem formas de atuação em
prol dos objetivos comuns; e articular o conhecimento sistematizado
com a ação pessoal (REVISTA DO PROVÃO, 2002).
Uma comparação com a pesquisa do Conselho Federal de
Administração, do Perfil, Formação e Oportunidade de trabalho do
administrador profissional (1999), destacou que o perfil dos administradores
requeridos pelas empresas constitui-se de: conhecimentos de informática, inglês,
planejamento e conhecimento geral sólido. Em relação às habilidades temos: saber
trabalhar em equipe, capacidade de planejar, de tomar decisões, criatividade, de
aprender, comunicar-se bem verbalmente, capacidade de negociar, de assumir
riscos, ter visão articulada da empresa e comunicar-se bem por escrito.
Quando a pesquisa analisa as atitudes esperadas de um
administrador, destacam-se: a capacidade de aprender a aprender, reconhecer a
empresa que trabalha como sua, desejar aperfeiçoar-se continuamente, interesse
em participar de programas de pós-graduação, buscando atualização contínua e
experiência prática.
No item da pesquisa que analisa atitudes pessoais, destaca-se o
espírito empreendedor, capacidade de motivar equipe, fazer as coisas acontecerem,
ter iniciativa, ser ético, ter maturidade, entusiasmo pelo trabalho, ser comprometido e
pré-disposto a trabalhar muitas horas por dia. Nesse ponto, a pesquisa sinaliza a
influência da empresa júnior na formação do administrador.
É preciso, portanto, conhecer a origem da empresa júnior e de onde o
modelo surgiu como veículo de aprimoramento das atividades administrativas e seus
caminhos .
CAPÍTULO 2 A EMPRESA JÚNIOR: CAMINHOS
O distanciamento entre instituições de ensino superior e a comunidade
não poderia ser corrigido pela academia em um prazo relativamente curto, por
razões relacionadas à agilidade da mudança dos currículos.
Havia a necessidade de criar um instrumento capaz de apresentar aos
estudantes a realidade do mercado sem as deficiências de outras formas, como os
estágios.
A solução encontrada foi a criação da empresa júnior para
descaracterizar os vínculos às instituições de ensino superior. Ao preparar o
profissional para vivenciar situações que encontrará no mercado de trabalho, a
empresa júnior adquire uma extensão social, influenciando a comunidade em que
vive.
2.1 A Empresa Júnior no Mundo
O conceito de empresa júnior surgiu na França, com base em uma lei
nacional de associações com vocação econômica de 1901. No ano de 1967 o
estudante Bernard Caioso, da ESSEC Business School - L’Ecole Supérieure des
Sciences Economiques et Commerciales de Paris, idealizou uma estrutura
administrada por estudantes que pudessem colocar à disposição das empresas,
elaborando estudos a preços razoáveis e com agilidade (MATOS, 1997).
Essas associações seriam formadas exclusivamente por estudantes
universitários para prestar serviços às empresas tendo o apoio das universidades.
Esse conceito difundiu-se nas maiores universidades, desenvolveu-se
e espalhou-se por todo o mundo, originando a criação da Confédération Nationale
des Junior-Entrepises2 (CNJE), com o objetivo de promover e representar o
movimento Empresa Júnior na França (MORETTO, 2004). A CNJE reúne e
coordena mais de 114 empresas juniores nas principais cidades européias, cujos
membros pertencem a diversas nacionalidades (JADE, 2004).
Com o avanço do modelo de empresa na Europa, criou-se o European
Confederation of Junior Enterprise3 (JADE) para proteger, defender e desenvolver a
marca/patente dos estudos realizados por essas associações (MATOS, 1997).
A associação francesa ainda conserva as características de sua
fundação, sendo classificada como empresa de natureza civil, sem fins lucrativos,
com legislação própria, reconhecida por suas características.
A empresa júnior francesa tem a preocupação da formação acadêmico-
profissional por reconhecer o distanciamento entre a realidade prática exigida pelas
empresas do mercado e os conhecimentos adquiridos na universidade (MATOS,
1997).
Na França, apenas os estudantes que estão cursando a graduação
podem participar como membros da empresa júnior, concluído o curso, o graduando
perde o direito de participação da associação. Como membro da empresa júnior o
estudante pode eleger a diretoria executiva e adquire o direito de trabalhar em
projetos e pesquisas.
2 Confederação de Empresas Juniores da França 3 Confederação européia das empresas juniores.
A empresa júnior seria um canal para o desenvolvimento de atividades
extracurriculares, através de trabalhos de consultoria para empresas que
complementassem a formação dos graduandos franceses.
O modelo francês de empresa júnior oferece, preferencialmente,
trabalhos de consultoria a grandes empresas, propiciando a divulgação como
prestadora de serviços, mantendo poucos vínculos com a instituição de ensino
superior. Preocupa-se em criar um planejamento voltado à qualidade dos projetos
apresentados.
O mercado europeu, com a presença de oligopólios, exige constantes
investimentos em tecnologia e a procura de novos processos que melhorem a
qualidade produtiva e administrativa (MATOS, 1997).
Nesse sentido, no modelo europeu de empresa júnior, os membros que
se destacam em sua atuação podem tornar-se chefes de projetos, responsabilidade
que se restringe a um número limitado de alunos.
Os membros da diretoria são responsáveis pela gestão anual da
empresa júnior, cuidando da administração, gerenciamento, estratégias, marketing
interno e externo, gerenciamento das equipes de trabalho, além da qualidade dos
projetos.
A função primordial da empresa júnior, nesse modelo europeu, é levar
ao conhecimento do graduando as situações reais, antevistas em sala de aula, para
o campo real do trabalho.
Torna-se, portanto, um meio de estender o curso de graduação a uma
interessante especialização para o futuro profissional em seu mercado de trabalho,
mais especificamente do administrador de empresas (MORETTO, 2004).
Atualmente, as empresas juniores européias formam uma rede de
estudantes com características empreendedoras, buscando a solução e não os
problemas. As empresas juniores devem colaborar para a união dos países e para a
regionalização das estruturas administrativas das empresas européias.
A European Confederation of Junior Enterprises (JADE, 2004) tem
como missão promover a empresa júnior, assegurando a qualidade constante de
seus membros, oferecendo uma plataforma de transferência de conhecimento.
O movimento empresa júnior europeu possibilita uma plataforma
multicultural de aprendizagem e mudança, com sinergia aos jovens europeus,
incentivando a mentalidade empresarial entre os estudantes, desenvolvendo futuros
líderes para compreensão de sua responsabilidade social, além de valorizar as
universidades, e é reconhecida por suas atividades no setor público ou na sociedade
civil (JADE, 2004).
Uma das funções dessa organização é formar uma rede no campo de
sua especialização, no marketing e no gerenciamento, por meio da ciência e
tecnologia da informação. Muitos dos projetos são em forma de pesquisas, estudos,
planejamento de negócios, análises e competências flexíveis e oferecidas sob
medida às empresas-clientes.
Os valores preconizados das empresas juniores européias são: a
cultura organizacional, o desenvolvimento pessoal, o envolvimento pró-ativo, a
responsabilidade social, abertura de novos conceitos e mudanças interculturais.
Na Itália, por exemplo, a empresa júnior responsabiliza-se pelos
seguintes tipos de consultorias: desenvolvimento e estudo de novos produtos,
análise da concorrência e definição do posicionamento estratégico, reengenharia do
processo produtivo, gerenciamento de suprimentos, análise da satisfação do cliente,
desenvolvimento de plano de negócios, recrutamento e seleção, organização de
seminários sobre tecnologia da informação, projeção e desenvolvimento de sites
(empreendimentos virtuais) e implementação do sistema de qualidade (CIJE, 2004).
Assim, as empresas juniores européias atendem a clientes de empresas
de grande porte, que investem grandes quantias nos projetos e incentivam outras
atividades (MORETTO, 2004).
Elas estabelecem parcerias que proporcionam o contato interpessoal
entre organizações diferentes, incentivam as pessoas a entenderem claramente o
que há por trás da filosofia de cooperação, definem os planos de cooperação que
cada um deve construir e promovem análises periódicas da direção e estado da
cooperação (JADE, 2004).
2.2 A empresa júnior no Brasil
No Brasil, a empresa júnior possui um estágio menos avançado do que
o modelo europeu quando trata de questões sociais e tem possibilidades de atuação
nos mais variados níveis, tendo plenas e totais condições de assumir uma postura
menos omissa de contribuir ativamente para a mudança, suprindo deficiências e
necessidades que surgem no ensino superior.
A empresa júnior chega ao Brasil em 1987, por meio da Câmara de
Comércio Franco-Brasileira, de onde foi difundida entre estudantes de Administração
de Empresas, com a proposta de organizar associações semelhantes nas
faculdades brasileiras (MORETTO, 2004).
A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo foi a pioneira na implantação
dessa novidade, no ano de 1989, financiada pela Federação do Comércio do Estado
de São Paulo.
Com o nome de Júnior GV, oferecia serviços de assessoria nas áreas
de organização e métodos para a Fundação S.O.S. Mata Atlântica.
O resultado criou uma expectativa entre as micros e pequenas
empresas, para as quais a assessoria era uma impossibilidade devido ao elevado
custo. Surge, então, a empresa júnior da FAAP (Função Armando Álvares
Penteado), que também começa a funcionar nos moldes da empresa júnior da FGV-
SP.
Em 1990, criou-se a FEJESP - Federação das Empresas Juniores do
Estado de São Paulo, garantindo assim a unidade do movimento, em âmbito
estadual, com representatividade e troca de informações sobre as empresas juniores
de todo o Estado de São Paulo.
A empresa júnior é definida, no Brasil, como uma associação civil, sem
fins lucrativos, constituída por alunos de graduação, presta serviços e desenvolve
projetos para empresas, entidades e a sociedade em geral, contando com
supervisão de professores e profissionais especializados (FEJESP, 1997).
Constitui-se como associação pela união de pessoas que se organizam
para fins não econômicos (CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, Lei 10.406 de 10/01/02). É
conceituada desta forma por meio de definição que deverá constar em estatuto
próprio (MATOS, 1997).
As empresas juniores cujas finalidades estão vinculadas à promoção
de atividades de caráter instrutivo e científico conforme os preceitos de estudo,
pesquisa e extensão universitária da instituição de ensino.
Desenvolvem projetos de consultoria supervisionados pelos docentes,
procurando fomentar a atuação do aluno nas situações similares do meio em que
atuará, habilitando-o para enfrentar as intempéries do mercado em constantes
mudanças.
Umas das finalidades mais importantes da empresa júnior é estimular as
parcerias e o contato da empresa com o futuro administrador. No entanto, o assunto
não foi explorado exaustivamente, o que torna ainda mais instigante este estudo nas
instituições de ensino superior brasileiras.
Segundo disposições estatutárias a empresa júnior tem como objetivos
(FEJESP, 1997):
1. Proporcionar ao estudante aplicação prática de conhecimentos teóricos, relativos
à área de formação profissional específica;
2. Desenvolver o espírito crítico, analítico e empreendedor do aluno;
3. Intensificar o relacionamento Empresa/Escola;
4. Facilitar o ingresso de futuros profissionais, colocando-os em contato direto com
o seu mercado de trabalho;
5. Contribuir com a sociedade, através de prestação de serviços, proporcionando ao
micro, pequeno e médio empresário, especialmente, um trabalho de qualidade
como um todo no mercado de trabalho;
6. Desenvolver no estudante a capacidade e habilidade de resolução de conflitos
gerados pelas atividades práticas verídicas, facilitando sua convivência com a
realidade vivida por profissionais de administração frente às mudanças dos
mercados, globalização e às novas tecnologias.
A empresa júnior tem a natureza de uma empresa real, com uma
diretoria executiva, conselho de administração, estatuto e regimentos, com uma
gestão autônoma e isenta em relação à diretoria da faculdade e do centro
acadêmico ou qualquer outra entidade que possa influenciar suas relações.
Tal situação que pode ser entendida como um dos motivos de
desestímulo à atividade dentro das instituições de ensino superior, pois sua atuação
acaba sendo mais controladora do que realizadora de intercâmbios entre as
empresas e a instituição de ensino.
O aluno é o principal alvo da empresa júnior, cuja missão é buscar seu
desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico, por meio da prestação de
serviços de qualidade, além de prepará-lo para enfrentar o mercado de trabalho.
A empresa júnior complementa a formação acadêmica de um
estudante, pois lhe proporciona experiência em vários aspectos e áreas, tais como:
1. Administração de uma empresa;
2. Organização do trabalho em equipe;
3. Delegação de Responsabilidades;
4. Participação efetiva em reuniões de trabalho;
5. Negociação com clientes, patrocinadores, fornecedores, parceiros, etc.;
6. Exercícios de atividades financeiras e contábeis de uma empresa;
7. Decisões sobre políticas de imagem e prospecção de negócios e novos
produtos; e
8. Contato direto com problemas e situações da realidade empresarial
(FEJESP, 1997).
As empresas juniores são compostas exclusivamente de estudantes,
sendo a qualidade do serviço garantida pela orientação e coordenação dos
professores das instituições onde estas empresas estão estabelecidas, ou ainda,
pelo auxílio de profissionais da área, o que reduz significativamente os custos e
mantém a qualidade pela supervisão dos profissionais que assessoram e orientam
os alunos em seus procedimentos e processos.
O custo de um projeto da empresa júnior é bem inferior ao de uma
consultoria de grande porte, tornando acessível os serviços de consultoria a micro,
pequenas e médias empresas, que não possam arcar com os custos.
As instituições de ensino superior que contam com as empresas
juniores, além da possibilidade de oferecer uma oportunidade diferenciada de
desenvolvimento para o aluno, são favorecidas pela divulgação do trabalho perante
a comunidade empresarial.
Além disso, promove a integração de seu corpo docente com os alunos
e o mercado e prepara os alunos para enfrentarem o mercado de trabalho com uma
qualificação diferenciada, seja qual for a área de atuação, uma vez que terão a
oportunidade de vivenciar na prática a teoria apreendida em sala de aula.
O trabalho de implantação de uma empresa júnior requer uma postura
bastante profissional por parte dos alunos interessados, que devem ter
responsabilidades e espírito empreendedor.
É recomendável, portanto, que seja estruturado um cronograma e um
planejamento, prevendo-se uma divisão de tarefas entre os grupos
empreendedores.
O Projeto de Criação da Empresa Júnior deverá ser apresentado para
discussão junto à Direção da Faculdade ou Universidade, Corpos Docente e
Discente, com base em uma proposta bem definida e planejada (ANDRADE;
AMBONI, 2002).
O projeto deverá definir os objetivos da empresa júnior e as vantagens
que ela poderá trazer à Instituição de Ensino Superior, aos professores e alunos.
Para que tudo transcorra da melhor maneira possível, é necessário que
a instituição de ensino superior disponibilize uma estrutura interna para apoiar a
iniciativa, cujo interesse é propiciar ao alunado uma vivência prática das teorias
apreendidas dentro do ambiente acadêmico, e que, poderão refletir na qualidade de
sua atuação profissional.
2.3 O modelo brasileiro e o modelo estrangeiro
No contexto internacional, observa-se que a empresa júnior francesa
desenvolveu-se fora do espaço físico das universidades, sendo independente das
instituições de ensino superior da qual seus integrantes são oriundos, com sede em
áreas comerciais e arcando com os custos de aluguel, equipamentos e telefone
(MATOS, 1997). Por esse motivo, a empresa júnior européia não sofre interferências
externas, exceto do mercado.
No Brasil, o modelo de empresa júnior depende da colaboração da
instituição de ensino superior, sem a qual não poderia manter-se com uma estrutura
adequada para seu funcionamento.
Desse modo, a empresa brasileira sofre com as influências de seu
vínculo com a instituição de ensino superior que a sustenta, além dos encargos
iniciais que inviabilizam a criação e manutenção, principalmente por serem
compostas por universitários.
Procurando dar maior credibilidade ao modelo brasileiro, é necessária
a presença e o acompanhamento de um docente, cujo custo ficará a cargo da
instituição de ensino superior.
Por sua vez, a empresa júnior européia precisou desenvolver suas
formas e metodologias de trabalho para que conquistassem o reconhecimento,
mesmo porque não havia docentes disponíveis para acompanhar os processos de
consultoria.
Além disso, há dificuldade de requisitar docentes que se dediquem
integralmente como consultores nas empresas juniores.
A empresa júnior européia atua para grandes corporações, em seus
investimentos em tecnologia e outras atividades, tornando-se mais atraente para o
mercado de trabalho exigente (MATOS, 1997).
O modelo brasileiro procura atender às demandas das empresas
consideradas micros e pequenas que não podem arcar com os custos de uma
consultoria.
Um fator que influencia a regularização jurídico-legal das empresas
juniores brasileiras é o aspecto burocrático e a incidência de impostos e taxas, o que
pode desestimular sua criação nas universidades particulares brasileiras.
Na Europa, a empresa júnior, por ser independente, preocupou-se
mais com a qualidade dos projetos, o que determinou melhor qualificação da
estrutura educacional. Assim, captou as exigências desse contexto, procurando
apresentar aos estudantes mais efetivamente esta realidade (MATOS, 1997).
Essa postura proporcionou um afunilamento do mercado de trabalho,
na exigência de profissionais com conhecimentos atualizados sobre conceitos de
qualidade produtiva e administrativa.
O modelo brasileiro ainda sofre as conseqüências da instabilidade de
suas empresas, dos processos burocráticos enraizados, das culturas
organizacionais arcaicas, das dificuldade de adaptação às mudanças e das
necessidades do mercado.
O estudante tem dificuldade de inserir-se no mercado de trabalho, pelo
alto índice de desemprego e, muitas vezes, por sua baixa qualificação profissional.
Essa situação não é diferente no mercado europeu, mas o modelo de
empresa júnior proporciona mais competitividade, pois os estudantes acabam
adquirindo maior experiência por terem atuado em grandes corporações.
Além disso, os programas de estágios das empresas européias
incentivam as habilidades dos futuros profissionais, com programas de trainee.
No caso brasileiro, a despeito dos programas das universidades
conterem estágios obrigatórios, a forma gera uma utilização inadequada do
universitário, que é submetido a subempregos, sem a valorização e a remuneração
adequada.
A cultura do estudante brasileiro influencia sobremaneira sua atuação e
ascensão profissional.
Na Europa, os estudantes atuam na empresa júnior com total
liberdade, possuindo uma maturidade que se origina da qualidade dos sistemas de
ensino básico, o que não acontece com o estudante brasileiro, que vem de uma
educação básica de qualidade duvidosa, com sistemas de ensino ultrapassados e
não compatíveis com as exigências do mercado de trabalho.
Uma das mais significativas diferenças entre as instituições francesas e
as brasileiras está no reconhecimento das primeiras e os problemas de implantação
das segundas, além do tempo de existência e as características das instituições de
ensino superior do modelo estrangeiro.
A burocratização pode exercer influência sobre o nascimento e
sobrevivência da empresa júnior no Brasil, portanto, é mister conhecer os caminhos
burocráticos do modelo brasileiro de empresa júnior, além das formalidades
estruturais e jurídico-legais para abertura da empresa júnior.
2.4 A formalização da empresa júnior: aspectos burocráticos
Para ser regularmente reconhecida, a empresa júnior brasileira
necessita passar por um complexo processo burocrático.
O estatuto é peça fundamental para a estruturação original da empresa
júnior, e será seguido um padrão, a fim de evitarem-se excessos e discrepâncias,
devendo tal projeto, conforme o estatuto (ver ANEXO I), ser aprovado em
Assembléia Geral dos alunos da Instituição, convocada para tal finalidade (FEJESP,
2004).
Como requisitos legais e pela forma burocrática, a empresa júnior
deverá ser registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, conforme
seu caráter de associação civil sem fins lucrativos, juntamente com a Ata de
Fundação da Empresa Júnior e a Ata de Eleição e Posse da Diretoria.
Ainda deverá ser cadastrada no INSS (Instituto Nacional de
Seguridade Social), ter isenção do IR (Imposto de Renda) e na Receita Federal ter o
número de seu C.G.C (Código Geral Comercial).
Após sua efetivação legal, a empresa júnior, deverá, na sua atuação,
apresentar ao cliente uma Proposta de Serviço de Consultoria contendo as
seguintes informações:
1- Descrição Técnica do Projeto;
2- Metodologia a ser empregada;
3- Resultado Final (pretendido e realizável);
4- Prazos para o trabalho;
5- Orçamentos (custos) e
6- Forma de Pagamento.
Feito isso, segue-se um Contrato de Consultoria com:
a) Conteúdo da Proposta;
b) Direitos e Obrigações de ambas as partes;
c) Termos de rescisão;
d) Datas de Entrega e Pagamento.
Os estagiários participantes deverão assinar Termo de Compromisso
entre Consultor Júnior e a Empresa Júnior, com o Programa de Estágio, Atribuições,
Datas de Entrega e Recebimento, Forma de Recebimento e Apólice de seguro
(FEJESP, 2004).
A atuação da empresa júnior dependerá dos cursos oferecidos pela
instituição de ensino superior e as necessidades das empresas conveniadas, não
ficando, a princípio, limitada a uma única área de mercado.
A Federação das Empresas Juniores (FEJESP), que atua no Estado de
São Paulo, congrega todas as empresas cadastradas ligadas às universidades, sem
limitação à área, ou seja, não possui cadastradas as empresas juniores somente
dos cursos de administração, mas de toda e qualquer área de atuação.
No que diz respeito aos processos fiscais, é necessário ter registro no
CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - Secretaria da Fazenda (Receita
Federal), cuja identificação deve-se ao recolhimento de impostos, para o controle de
relatórios periódicos e manutenção do cadastro atualizado (FEJESP, 2004).
Esse registro tem validade de seis meses e sem ele a entidade poderá
tornar-se marginal.
As empresas juniores são isentas de Inscrição Estadual por não
negociar mercadorias.
No que diz respeito aos documentos fiscais necessários, a empresa
júnior deverá ter Livros Fiscais que são discriminados assim: Livro Razão,
obrigatório e indispensável para medir o desempenho da empresa, o Livro Diário,
obrigatório por lei, onde são registrados todos os fatos contábeis, discriminando-se
dia, mês e ano, Livro Caixa, onde serão descritas todas as operações e
movimentações financeiras e o Livro-Ata que consiste no registro, por escrito, das
reuniões, sessões de assembléia geral ou extraordinária, assim como as
deliberações importantes para a sobrevivência da empresa júnior.
No que se refere às taxas, as empresas juniores estão sujeitas as
seguintes: TFA (Taxa de Fiscalização de Anúncios), cobrada pelas Prefeituras
Municipais quando há exploração ou utilização de qualquer meio, de anúncios e nos
logradouros públicos.
A TLIF (Taxa de Localização, Instalação e Funcionamento) em razão
da localização, instalação e funcionamento.
Quanto ao Imposto de Renda, todas as empresas juniores,
consideradas instituições de educação, sem fins lucrativos, são imunes ao imposto
de renda (art.14 do Código Tributário Nacional – Lei 5.172/66).
Cabe salientar que os dirigentes e administradores da empresa júnior,
que possuem remuneração, não gozam da imunidade tributária.
No que se refere ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) a empresa júnior, para ser isenta, precisa enquadrar-se como prestadora
de serviços, não podendo em seus documentos constar os termos serviço,
assessoria, consultoria, projetos e similares.
Quanto ao I.S.S. (Imposto sobre Serviços), a empresa júnior pode
solicitar sua imunidade mediante requerimento que justifique o pedido, por serem
consideradas empresas sem fins lucrativos, mediante justificativa clara à Prefeitura,
para obter a isenção.
Para o I.P.I. (Imposto sobre Produtos Industrializados) dependerá das
atividades executadas pela empresa júnior, ficando isenta desde que não produza
insumos nem artigos industriais.
Outro imposto é o COFINS (Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social), de recolhimento mensal, o qual todas as empresas, inclusive as
empresas juniores são obrigadas a recolher.
A relação anual de informações sociais (RAIS), no caso das empresas
juniores que não têm qualquer funcionário, é necessário apresentar, anualmente, a
RAIS com declaração negativa, indicando que não possuem empregados.
Existe, ainda, o Programa de Integração Social (PIS), que distribui
lucros gerados pelas contribuições feitas das pessoas jurídicas e com o repasse do
governo através do imposto de renda devido.
Embora não esteja isenta desse imposto, a empresa júnior que não
tiver funcionário fará uma declaração nula na folha de pagamento.
Assim, levando-se em consideração que a legislação brasileira sofre
constantes alterações, as mudanças precisam ser acompanhadas por um
profissional hábil, que, no caso, poderá ser um advogado ou um contador.
Por ter essa pesada carga de tributos e taxas, as empresas juniores
brasileiras precisam estar vinculadas às instituições de ensino superior, para sua
criação e manutenção.
Todavia, a empresa júnior é um instituto bastante burocrático frente às
peculiaridades do ensino superior, cujos alunos trabalham ou pretendem trabalhar
em empresas da região e não tiveram oportunidade de entrada no mercado com
uma valiosa orientação profissional prática.
2.5 A empresa júnior e o Novo Código Civil
A promulgação do Novo Código Civil Brasileiro (2002) estabelece
algumas mudanças que podem interferir na forma, na estrutura e nos serviços
prestados pela empresa júnior, mas não contempla a empresa júnior como uma de
suas tipologias.
O novo Código trata do empresário em primeiro lugar, sua
caracterização, inscrição e capacidade (HENTZ, 2003).
Em seu artigo 966, o Código Civil considera empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação
de bens e serviços.
No parágrafo único, qualifica quem não é considerado empresário,
como os profissionais liberais, por exemplo, que, segundo Hentz (2003), são
dispensáveis, porque não se enquadram na definição de empresário contida no
início do referido artigo.
O texto jurídico obriga, ainda, o empresário à inscrição de sua empresa
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início das
atividades (Código Civil, 2002).
Nas relações externas, a empresa se obriga por seu nome de
empresa. Define ainda o nome empresarial, como a designação da firma ou
denominação adotada por pessoa natural ou pessoa jurídica (incluem-se sociedades
sem fins lucrativos – regime das empresas juniores), pela qual se fazem conhecidas
no exercício de suas atividades empresariais (HENTZ, 2003).
Para os administradores, o Código Civil é a cobrança de suas
responsabilidades para com a sociedade, em caso de prejuízos por atos sociais
(HENTZ, 2003), ou seja, o administrador deverá ressarcir os prejuízos que causar
por sua culpa à empresa.
O artigo 1.011 diz que o administrador da sociedade deverá ter, no
exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo
costuma empregar na administração de seus próprios negócios (Código Civil, 2002).
Quanto à administração de sociedade, o novo Código Civil estabelece
como deveres impostos por lei aos membros do conselho de administração e
diretoria o seguinte: a) Dever de diligência – pelo qual o administrador deve
empregar, no desempenho de suas atribuições, o cuidado e diligência que todo
homem ativo e probo, costumeiramente, emprega na administração de seus próprios
negócios; b) Dever de lealdade – o administrador não pode usar, em proveito próprio
ou de terceiro, informação pertinente aos planos ou interesses da empresa e à qual
teve acesso em razão do cargo que ocupa, agindo sempre com lealdade para com
aquela. O descumprimento desse dever de lealdade pode caracterizar, em alguns
casos, crime de concorrência desleal (COELHO, 2004).
Segundo o autor, o administrador não é responsável pelas obrigações
assumidas pela companhia por ato regular de gestão, mas responderá pelo ilícito
seu, pelos prejuízos que causar, com culpa ou dolo, ainda que dentro de suas
atribuições ou poderes, ou com violação da lei ou do estatuto.
O termo “empresário” compreende tanto aquele que, de forma singular,
pratica profissionalmente atividade negocial, como a pessoa de direito constituída
para o mesmo fim (FAZZIO JR, 2003).
A companhia pode promover a responsabilidade judicial do
administrador, por prejuízo que este lhe tenha causado, mediante prévia deliberação
em assembléia ordinária, ou se constar da ordem do dia, ou tiver relação direta com
a matéria de apreciação, pela assembléia extraordinária (COELHO, 2004).
O Código Civil pondera em seu artigo 1.011, parágrafo primeiro, que
não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, se
condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos
públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculatos; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional,
contra as normas de defesa da concorrência, contra relações de consumo, a fé
pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (CÓDIGO
CIVIL, 2002).
O administrador responderá, ainda, por perdas e danos perante a
sociedade, que realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo
em desacordo com a maioria (Art. 1013, § 2º).
2.6 A Empresa Júnior e sua estrutura
A forma de gestão das empresas juniores é um aspecto importante de
conhecimento e análise de suas características e peculiaridades.
A empresa júnior essencialmente promove o desenvolvimento dos
alunos envolvidos, tanto no aspecto técnico, acadêmico, profissional como no
pessoal (MORETTO, 2004). Ela desempenha um papel de canal de transferência de
conhecimento autônomo com relação à universidade, mas associada a ela, já que é
formada por iniciativa de seus docentes, além de utilizar seu espaço físico e o nome
da instituição de ensino (MATOS, 1997).
Atua, também, como uma possibilidade do estudante de graduação -
no caso deste trabalho, o aluno de administração de empresas - entre em contato
com o mercado e desenvolva-se profissionalmente.
Como modelo, possui muitas variáveis no que se refere às estruturas,
os modelos gerenciais, as culturas e os tipos de instituições de ensino superior, ou
seja, variáveis que influenciam seu desempenho (MORETTO, 2004).
A empresa júnior é vista como meio de ligação da teoria com a prática
e o desenvolvimento das questões administrativas, tendo como fatores de influência
a gestão interna, a gestão estratégica, as relações com o mercado de trabalho, a
gestão financeira, os recursos humanos, a prestação de serviços e a qualidade.
A forma de administração é ditada pela hierarquia definida pelo
processo de constituição da empresa júnior. Nesse estilo de empresa, a estrutura
deve ser flexível para não prejudicar a forma de consecução das atividades.
Normalmente a estrutura é funcional, os integrantes exercem funções
ou processos em trabalhos similares, valorizam-se a especialização, multiplicidade
de contatos entre as hierarquias e aplicação da divisão de trabalho às tarefas de
execução e à supervisão (CURY, 2000).
Essa estrutura é mais comum em empresas de pequeno e médio porte,
o que facilita o controle e a supervisão (STONER; FREEMAN, 1995).
Segundo Moretto (2004) a empresa júnior facilita uma visão global da
empresa.
Porém, esse tipo de estrutura tem suas desvantagens, como, por
exemplo, o fato de ser lenta às modificações ambientais que exigem mais
coordenação dos integrantes e a dificuldade de coordenação e o custo elevado
(CURY, 2000).
As empresas juniores são estruturas pequenas que não apresentam
problemas na administração, pela proximidade entre seus membros. A hierarquia é a
formalização das relações de poder e subordinação entre os membros do grupo,
com o intuito de facilitar a coordenação das atividades (MORETTO, 2004).
O arranjo hierárquico da empresa júnior é bastante variado, compondo-
se de modelos rígidos e autoritários, inspirados no controle burocrático, como vimos
anteriormente.
Outro fator que influencia a atuação da empresa júnior é a cultura
organizacional, ou seja, o conjunto de valores, crenças e normas não escritas de
uma empresa.
A cultura organizacional da empresa júnior dependerá de seus
elementos, da instituição de ensino superior, do corpo docente e discente, além das
características do mercado em que está inserida.
Como a empresa júnior atua em micros e pequenas empresas que, em
sua maioria, são empresas familiares, o conceito de cultura afeta de maneira
significativa a condução da prestação de serviços.
Segundo Moretto (2004) a descentralização, o compartilhamento de
poder, o envolvimento dos membros e socialização da informação e do
conhecimento foram entendidos, até então, como pontos positivos em uma empresa
júnior.
Um mecanismo de tomada de decisão enfatiza o poder da diretoria,
mas abre um caminho mais democrático e amparado pelo processo burocrático que
são as assembléias que podem ser convocadas, obedecendo ao estatuto e à
legislação vigente.
O controle é um aspecto a ser considerado no processo de
administração da empresa júnior e depende da cultura e das influências de seus
membros e da instituição a que está vinculada direta ou indiretamente.
2.7 O docente na Empresa Júnior
Um elemento fundamental na administração da empresa júnior é o
docente, que transmite conhecimento técnico, dá segurança e orientação aos
projetos da empresa.
O docente deve ser como um facilitador entre o aluno, a empresa-
cliente e a instituição de ensino. Por seu notável saber e experiência, poderá dar
credibilidade ao projeto executado pela empresa júnior. Assim, o relacionamento do
docente com os alunos é de fundamental importância para o processo de
aprendizagem - os professores sintonizados com o movimento intermediam clientes
potenciais, propiciam o relacionamento entre os empresários e o corpo discente
(MORETTO, 2004).
A presença do docente na atuação da empresa júnior de forma integral
é uma característica importante para a atuação e conhecimento do mercado, vez
que os docentes com suas habilidades e experiência profissionais podem ser fonte
de conhecimento prático e teórico que colaborará na evolução da empresa júnior e
na comunidade em que está inserida.
Os docentes agem como verdadeiros tutores, embora devamos
reconhecer que, em alguns casos, sua atuação pode ser prejudicial, provocando
desestímulo à participação dos alunos nos projetos da empresa júnior.
Um dos problemas a serem enfrentados é a continuidade da
participação do docente nos projetos da empresa júnior. Algumas vezes, ele acaba
sendo mais conhecido do que o projeto da empresa e seus integrantes, despertando
a vaidade.
Além disso, algumas características precisam ser observadas para que
esse docente seja um efetivo colaborador da empresa júnior.
Existem quatro tipos de docentes que atuam na empresa júnior: o
professor esporádico, que orienta projetos pontuais pertencentes a sua área de
conhecimento; o professor tutor, que aconselha, discute e chama a atenção, sana
as dúvidas e indica fontes e formas, mas não está presente na rotina diária da
empresa júnior; o professor exclusivo, presente em toda rotina da empresa,
aconselhando e discutindo, além de interferir no processo decisório e atuar como
supervisor; por fim, o professor inativo, que não está envolvido com os projetos da
empresa júnior, não mantém vínculos com os membros, considerando-os como
concorrentes (MORETTO, 2004).
Um fato importante da atuação do professor é que ele se envolva e
conquiste a participação de outros docentes e dos alunos nos projetos da empresa
júnior.
Sendo assim, o professor orientador da empresa júnior deve ser um
aglutinador, convergindo os interesses para uma única direção: o interesse na
preparação profissional do futuro administrador.
CAPÍTULO 3 O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO E A EMPRESA JÚNIOR
O perfil e as habilidades requeridas pelo ensino de Administração
levam a questionar o papel da empresa júnior na formação do administrador e o
caminho que as instituições de ensino superior estão trilhando para que o aluno
forme-se de acordo com o concorrido mercado de trabalho. Desse modo, faz-se
necessária uma consideração sobre a natureza do conhecimento em Administração,
no que se refere à teoria e a prática:
(...) O conhecimento da administração tem um fim: ele é gerado para que possamos entender, explicar e tornar mais eficaz a prática gerencial. Destarte tem um público certo e definido ao qual se destina, além da própria comunidade acadêmica. Atentos ao seu desenvolvimento estão não apenas os professores e pesquisadores, mas também gerentes, administradores, consultores, executivos e empresários. Quanto mais complexo for o meio empresarial, o ambiente no qual as empresas devem trabalhar, mais dinâmica será a geração de conhecimento (...) o conhecimento experimental dos estudiosos da Administração formará, ao lado das pesquisas formais e da prática empresarial, como mais um gerador do conhecimento. (MOREIRA, 2000b, grifo nosso)
Compreende-se, portanto, que a aprendizagem é um fator primordial
no questionamento sobre o ensino da administração. Pode-se, por analogia, citar
uma questão trazida da área médica que tem como característica a aprendizagem
centrada no aluno, a quem é transferida a responsabilidade de sua própria
aprendizagem, identificando o que precisa para melhor compreender e gerenciar
informações, etc. (MENGES; SVINICK, 1996).
Utiliza-se a prática como forma de motivá-los, além do estudo de caso,
seminários, vídeos e simulações. Essa idéia deriva da teoria em que a
aprendizagem é um processo que ensina a construir ativamente o conhecimento e
não é apenas um processo receptivo.
Nesse sentido, conforme Menges & Svinick (1996), consideram-se dois
aspectos essenciais na aprendizagem: o papel do tutor, em nosso caso, o docente,
e os tipos de problemas relatados para o estudo.
No estudo do ensino de Administração, essas são considerações
importantes, pois a utilização de meios ou recursos para implementar a teoria pode
facilitar, ao aluno, a transposição para a prática por sua atuação na empresa júnior,
ressaltando-se que a prática necessita de preparação para que possa tornar-se
efetiva e eficaz, o que cabe ao docente e aos tipos de abordagens de ensino
escolhidos, a fim de tornar o aluno apto para enfrentar os verdadeiros problemas
organizacionais.
A capacidade de praticar é uma outra reflexão sobre o ensino de
administração cujo processo leva à experiência, definida como a atividade de
relembrar e trazer de volta tudo o que o aluno aprendeu, observando o sentido,
definido como atividade de explorar o aspecto positivo e benéfico da experiência.
Há também a questão de reavaliação da experiência por meio de
atividade que permita examiná-la. A visão que o professor tem, muitas vezes, é
equivocada, porque considera como seu dever apenas o fato de dirigir, de guiar e de
orientar os alunos (SNYDERS, 1994), sem considerar a diversidade cultural e
educacional que compõem o alunado.
Na instituição de ensino superior do setor privado, isso é bastante
visível: em uma única sala de aula, existe uma diversidade de pessoas, o que faz
com que a teoria e a prática sejam vistas de formas diferentes.
Na pesquisa do Conselho Federal de Administração (CFA, 1999, p.85),
surgem algumas sugestões para formar administradores mais ajustados às
demandas: “parcerias com as empresas”, objetivando aproximar os alunos do
mercado; “utilização de métodos menos teóricos e mais práticos” e “oportunidades
de estágio para os estudantes”.
Com esses três elementos, o ensino prático da Administração acaba
por se aproximar mais do perfil esperado pela LDB (Lei de Diretrizes de Bases),
além de ser também o perfil mais adequado às exigências de mercado.
Sendo assim, o quesito de implantação de empresa júnior justifica-se,
pois deverá e poderá formar essa consciência prática e colaborar para que o futuro
profissional chegue ao mercado com condições para enfrentar as mudanças.
Sabe-se que a vivência prática de situações, em sua fase acadêmica,
pode significar uma conquista do profissional no mercado.
Em virtude disso, este estudo investigou se a empresa júnior oferece
subsídios para preencher essa lacuna na formação do perfil dos alunos do curso de
Administração.
3.1 As interações entre o curso de administração e a empresa júnior
O conceito de empresa júnior contemplado na pesquisa é considerado
proposta de qualidade para a formação do administrador. Além do perfil, em suas
habilidades e atitudes, a relevância do tema é demonstrada pela pesquisa realizada
sob a coordenação do Conselho Federal de Administração: Perfil, formação e
oportunidade de trabalho do administrador profissional (1999), cujo objetivo era
reunir materiais quantitativos e qualitativos atualizados e confiáveis sobre o perfil, a
formação escolar, a atuação e as oportunidades de trabalho do administrador
profissional, além de conhecer o nível de aperfeiçoamento atual do administrador em
relação às oportunidades e perspectivas profissionais. Nesse âmbito, a pesquisa
focaliza alguns requisitos da empresa júnior.
No item: “Sugestões capazes de elevar o nível da formação do
administrador”, observa-se a visão dos professores sobre o perfil e as oportunidades
de trabalho para o administrador profissional. Nesse quesito, apontou-se a
necessidade de apoio por parte da instituição de ensino superior para criação da
empresa júnior (6,5%).
No quesito: “Avaliação das metodologias de ensino e dos recursos
didáticos passíveis de serem explorados nos cursos de administração”, um
programa de consultoria através da empresa júnior é citado por 66,7% dos
professores entrevistados.
Quando o tema é: “Atributos de grande e total importância para a
qualidade da formação do administrador”, estabelecer parcerias com as empresas e
estimular os estudantes a participarem das empresas juniores conquista a média 4.
No quesito “Melhorias que as instituições de ensino superior devem
imprimir à formação do administrador”, o incentivo à criação da empresa júnior tem
13% dos entrevistados, segundo o ponto de vista dos empregadores, cuja principal
consideração é formular um currículo capaz de responder às necessidades do
mercado (50,7%).
No quesito: “Contribuições dos empregadores para a formação do
administrador”, a contratação de serviços das empresas juniores atinge 8% dos
entrevistados, segundo os empregadores.
Cabe aqui analisar, hipoteticamente, que a pouca consideração a
respeito dos serviços da empresa júnior pode ser resultado do descaso que as
instituições de ensino superior têm em criar ou divulgar os serviços da empresa
júnior para o mercado, quando de sua implantação e manutenção – um dos
aspectos que se pretende analisar neste estudo.
A pesquisa do Conselho Federal de Administração (1999) apontou,
ainda, a ausência de empresa júnior nas instituições como causa de uma das
maiores deficiências na formação universitária: a desarticulação entre teoria e
prática é citada por 22,4% dos respondentes e a distância entre a formação
universitária e as exigências do mercado de trabalho é citada em 16,7%.
A solução para esse panorama é apontada pela pesquisa em um item
relacionado com o estabelecimento de parcerias com as empresas (18,7%), além de
buscar a aproximação da teoria com a prática (8,1%), e finaliza sugerindo o apoio
das instituições de ensino superior na criação das empresas juniores (6,5%).
O tema sobre a criação da empresa júnior volta a ser mencionado na
pesquisa quando se indaga sobre a importância que a empresa tem como
incentivadora da qualidade e da formação do administrador.
Com base nesses dados, pode-se afirmar que o ensino-aprendizagem
da administração através da empresa júnior poderá ser o meio de relacionar-se a
teoria com a prática e, assim, o ensino de administração seria complementado com
a atuação da empresa júnior.
Na pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração em
2003, as empresas juniores não são mais citadas como veículo de incentivo à
formação prática do aluno.
Quando se fala de qualidade, na opinião dos professores, o
compromisso das instituições de ensino superior à efetiva aprendizagem dos
estudantes (29,03%) é quesito mais citado.
A existência de atividades extracurriculares capazes de contribuir para
ampliar e aprofundar a aprendizagem do estudante aparece em apenas 6,07% das
respostas ao quesito indicador da qualidade do curso de administração (CFA, 2003).
No quesito identidade do administrador, nas duas opções mais
utilizadas pelos administradores (63%), pelos docentes (73%) e pelos empregadores
(63%) estão: promover sinergia e visão sistêmica.
Quando a pesquisa procura definir as principais características do
administrador não obtém consenso no que concerne à qualificação para assumir um
cargo gerencial.
Os administradores (55%) e professores (50%) acham necessária a
formação em Administração, mas o empregador acha que serve qualquer graduação
e especialização em administração (36%), seguida de graduação em administração
(27%).
Para os conhecimentos, competências e habilidades, no item
conhecimento: “Ter visão ampla, profunda e articulada do conjunto das áreas de
conhecimento”, a pesquisa detecta entre administradores (44%), professores (63%)
e empregadores (39%).
No item “Competências”, capacidade de identificar e solucionar
problemas aparece em primeiro lugar.
Nas habilidades, o item mais citado é relacionamento interpessoal. No
que se refere à atitude, praticamente há um empate na porcentagem das respostas,
avaliando como o comportamento ético, seguido de atitude empreendedora e
finalizando os itens principais como comprometimento.
Nas oportunidades de trabalho a pesquisa aponta, em primeiro lugar, o
setor de serviços (CFA, 2003).
No resultado final da pesquisa, algumas considerações podem ser
preocupantes.
A expansão dos cursos de Administração em todo o país está
formando mal o administrador, visto que não preparam convenientemente o egresso
para enfrentar os desafios do mercado de trabalho.
Um dos motivos desse despreparo pode ser a desatualização das
disciplinas, ou a não incorporação de avanços tecnológicos.
Acresce-se a esses condicionantes, o fato de as funções gerenciais
nas organizações terem sido ocupadas por profissionais de todas as áreas, o que
dificulta a inserção do profissional no mercado, e o setor predominante da atuação
do administrador ser o de serviços.
Nas duas pesquisas realizadas pelo Conselho Federal de
Administração (1999 e 2003) a empresa júnior, é considerada como meio de
fomento à qualidade da formação e do ensino de administração, não ocupa lugar de
destaque, sendo que na pesquisa de 2003 nem sequer foi citada nos itens de menor
porcentagem de referência, razão pela qual é necessário entender a função que
exerce a empresa júnior como meio de complementação da formação do
administrador.
3.2 A formação do Administrador e a Empresa Júnior
O motivo da existência da empresa júnior, como ideal precípuo, é o de
fazer com que o graduando entre em contato com as questões práticas,
complementando a formação teórica que recebeu ou está recebendo durante o
curso de administração.
A presença da empresa júnior promove a instituição de ensino superior
que abriga e sustenta a estrutura, mantendo as instalações físicas e o docente para
orientar e acompanhar os projetos.
É um fomento à complementação da formação do administrador, que
não deixa, segundo Matos (1997) de enquadrar-se perfeitamente como instrumento
de extensão universitária, que concretiza duas missões: de comunicar-se com a
sociedade, repassando conhecimentos básicos e de ser veículo de transferência de
conhecimento.
Não se pode negar o aspecto mercadológico do qual a instituição de
ensino superior poderá tirar proveito, através da imagem perante a sociedade
empresarial e acadêmica, propiciando uma formação diferenciada aos seus futuros
profissionais.
As empresas juniores são centros de prestação de serviço ao
empresário das empresas micros, pequenas e médias, por oferecerem um serviço
com um preço acessível, fornecendo aperfeiçoamento técnico, além da oportunidade
do estudante desenvolver uma visão global (MORETTO, 2003).
Sob essa perspectiva, o curso de administração necessita buscar a
construção de uma base tecno-científica que permita aos estudantes desenvolverem
um processo de auto-questionamento, senso crítico-analítico, tornando-se capazes
de absorverem e adequarem-se aos requisitos e necessidades do mercado de
trabalho.
Todavia, as habilidades e competências, vistas anteriormente, de nada
adiantam se não houver um ambiente propício para desenvolvê-las.
Na empresa júnior, existe a possibilidade de equilibrar a teoria com a
prática em suas diferenças, porém o mais importante é o propósito de
aprendizagem.
Um aspecto a ser considerado nesse processo de aprendizagem é a
interdisciplinaridade contida na atuação do aluno na empresa júnior, cuja prática
situa-se na categoria ação, de caráter intencional, comprometida, direcionada a uma
finalidade, que é a transformação, o aperfeiçoamento social e educacional
(MORETTO, 2003).
A atuação, na empresa júnior, é uma importante ferramenta de
preparação do profissional, sob todos os aspectos, na medida em que provoca a
proximidade da instituição de ensino superior com o mercado, com os alunos, com a
comunidade e com as empresas, fomentando mais rapidamente os processos de
modernização das ações administrativas e gerenciais.
Nesse contexto, é necessário conhecer a fundo o papel dos sujeitos
que fazem parte da empresa júnior, elementos essenciais de seu sucesso.
Cabe aqui relacionar quais são os sujeitos que, direta ou indiretamente,
concretizam as relações com os alunos, instituição, cliente e mercado, ou seja, os
chamados sujeitos principais, mais especificamente: o aluno, as empresas-clientes
(micro e pequenas empresas), o professor-orientador, a instituição de ensino
superior e os parceiros ou colaboradores.
O grupo composto por alunos, formalmente vinculados à instituição de
ensino superior e em processo de graduação, é considerado o principal cliente, cuja
missão é buscar seu desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico através da
prestação de serviços de qualidade (FEJESP, 2004).
A empresa júnior complementa e sedimenta a formação acadêmica de
um estudante em sob aspectos, pois propicia a ele experiências em administração
de empresas, organização do trabalho em equipe, aprendendo a delegar
responsabilidades, ter uma participação efetiva em reuniões de trabalho, negociar
com clientes, patrocinadores, fornecedores e parceiros, exercitar atividades
financeiras e contábeis da empresa, tomar decisões sobre políticas de imagem e
prospecção de negócios e produtos e ter contato direto com problemas e situações
da realidade empresarial.
Na empresa júnior todos são tratados da mesma forma, o que
possibilita identificação, potencializando o processo de comunicação e engajamento
de cada grupo (MORETTO, 2003).
Para Moretto (2003), os alunos podem ser classificados em: globais,
setoriais, realizadores e membros. Os alunos globais são os graduandos
pertencentes à instituição de ensino superior e que, independentemente do curso ao
qual estão atrelados, apresentam disponibilidade de se envolverem ativa ou
reativamente com a empresa júnior.
Eles são considerados receptores de conhecimento e, futuramente,
possíveis clientes ou parceiros.
Os alunos setoriais são os que integram o grupo discente comum da
empresa júnior, ou seja, aqueles graduandos com os quais a empresa júnior detém
vínculos estatutários, por isso têm permissão para integrar a empresa como membro
ou consultor.
Já os chamados alunos realizadores, nem sempre são diferenciados
pela empresa júnior. Pertencem à faixa setorial e estão envolvidos direta ou
indiretamente com a empresa júnior, desenvolvendo estudos, consultorias, eventos,
pesquisas, etc.
Os alunos membros são os acadêmicos que gerenciam e que atam
laços fortes de responsabilidade com a empresa. Cada grupo interfere e sofre
interferência de forma particular, por isso carecem de cuidados diferenciados
(MORETTO, 2003).
Independentemente das definições que os autores fazem com relação
aos alunos (graduandos) que atuam na empresa júnior, é importante salientar que
eles formam os futuros empresários e executivos que poderão se tornar clientes da
empresa júnior.
O estudante universitário ou graduando é o veículo através do qual a
instituição de ensino superior procura efetivar o seu máximo propósito, que é
propiciar melhores condições de vida para todos os cidadãos (NÉRICI, 1993).
É, ainda, a razão pela qual a instituição de ensino superior abriga e
custeia a empresa júnior em seu objetivo final de prepará-lo para o mercado.
Outro sujeito presente nas relações da empresa júnior é o professor-
orientador, aquele que transmite seu conhecimento técnico, indica as fontes e
formas de fazer, contribuindo com a qualidade dos estudos realizados pela empresa
júnior (MORETTO, 2003).
A facilidade de participação do docente para orientar as ações da
empresa júnior permite que o leque de opções seja muito maior para o estudante,
que deve encontrar formas de desenvolver seu espírito crítico e conhecer a
realidade do mercado, inovando em busca de novas metodologias e proposição de
soluções (MATOS, 1997).
A presença do professor-orientador na empresa propicia ao aluno
maior segurança em relação ao planejamento, à execução e à conclusão dos
projetos, além de dar maior credibilidade aos serviços, na medida em que eles são
profissionais mais experientes e possuem um bom relacionamento com o meio
empresarial, prospectando os clientes em potencial.
O docente incentiva a desenvolver as competências na empresa,
assim como as habilidades individuais, à medida que conquista prestígio e confiança
(MORETTO, 2003).
Algumas características podem ser delineadas para que o professor-
orientador tenha o perfil para atuar na empresa júnior, utilizando, por analogia, as
condições definidas por Nérici (1997):
1- Ter capacidade de adaptação, ou seja, capacidade de
sintonizar-se com a realidade humana de seus alunos, bem como de
suas relações, melhorando seu desempenho frente as suas condições
e características. Na orientação da empresa júnior, o professor-
orientador deverá ter essa capacidade de conhecer e aproveitar seu
aluno, na melhor função, conforme a tipologia da consultoria. Deve
saber, ainda, adequar a característica de cada membro às
potencialidades das funções, procurando estimulá-lo e desenvolvê-lo
para enfrentar o mercado de trabalho;
2- Ter equilíbrio emocional, evitando extremos de atitudes, a fim de
suscitar credibilidade perante seus orientandos, sejam quais forem as
situações dos projetos. O professor-orientador é um coordenador, que
mantém o desempenho de seus alunos com sua forma de administrar
e gerenciar as adversidades;
3- Coerência de comportamento, ou seja, oscilações de humor,
comprometendo a confiabilidade de seus alunos. Na consultoria
promovida pela empresa júnior, o comportamento do docente é
imprescindível para que o aluno espelhe suas atitudes perante as
situações cotidianas, o que formará uma espécie de modelo de
atuação profissional.
4- Capacidade de empatia, que consiste na capacidade do
professor de se colocar na situação do outro, a fim de compreender
melhor e superar as dificuldades. O professor deve encarar seus
orientandos na empresa júnior individualmente, pois cada aluno tem
suas peculiaridades, habilidades e vocações, cabendo ao professor-
orientador percebê-las e incentivá-las;
5- Capacidade de motivar-se, visto que o próprio professor-
orientador tem de motivar-se por seu desempenho, por aquilo que
esteja realizando com seus alunos, empolgando-os fisicamente e
intelectualmente pelos projetos e processos que ocorrem dentro e fora
da empresa júnior.
Outros sujeitos, integrantes das relações da empresa júnior, são as
empresas, público-alvo da consultoria.
As empresas juniores tornam acessíveis os serviços de consultoria
para as micros e pequenas empresas pelo baixo custo de um projeto, já que utilizam
estudantes e oferecem garantia propiciada pelo apoio da instituição de ensino
superior e pela presença de docentes com notável conhecimento e experiência.
Situação que vai ao encontro do novo Estatuto da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte - Decreto 3.474/00 (SEBRAE, 2004), que tem por
objetivo estabelecer um tratamento diferenciado, propiciando benefícios e incentivos
para que se possa atuar no mercado competitivo.
A definição de micro e pequena empresa pode ser avaliado por receita
bruta anual ou por critérios adotados pelo SEBRAE (2004) através de dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizando o número de pessoas
ocupadas.
Assim, considera-se microempresa, na indústria, as que tiverem
empregadas até 19 pessoas ocupadas e no comércio e serviços, até 9 pessoas
ocupadas.
A pequena empresa, nesse critério, é considerada a empresa que tiver,
na indústria, de 20 a 99 pessoas ocupadas e no comércio ou serviços de 10 a 49
pessoas ocupadas.
Outro sujeito, elemento essencial que circula no universo da empresa
júnior é a instituição de ensino superior que exerce um papel importante, pois
oferece uma oportunidade diferenciada de desenvolvimento para o aluno, uma vez
que os serviços realizados pela empresa júnior sedimentam o nome da instituição
perante a comunidade e o mercado (FEJESP, 2004).
A instituição de ensino superior que resolve apoiar a empresa júnior,
passa a ter um custo, oferecendo espaço físico, equipamentos e outros gastos,
inclusive com o pagamento do professor-orientador (MATOS, 1997).
O ganho está na complementação à aprendizagem do aluno, pois é o
modelo mais próximo para que ele adquira experiências, possibilitando a perfeita
relação da teoria com as práticas administrativas e gerenciais.
A empresa júnior, atuando dentro ou fora da instituição de ensino que a
patrocina, confere a esta credibilidade, que conduz à responsabilidade e
comprometimento de suas ações (MORETTO, 2003).
Portanto, o objetivo da exploração do conceito de empresa júnior pelas
instituições é validá-lo tanto quanto o estágio curricular supervisionado, no que diz
respeito aos cursos de administração, visto que a presença efetiva da empresa
júnior dentro da instituição agrega valor aos serviços oferecidos, à medida que suas
atividades incentivam o aprimoramento profissional do futuro candidato a
administrador. É uma vantagem competitiva, constituindo-se a base do pensamento
estratégico moderno, possibilitando à empresa crescer em volume, melhorar para
aproveitar a vantagem competitiva (ZACARELLI, 2003).
Finalmente, existem os sujeitos considerados como parceiros ou
colaboradores. Organizações que, livres de sua natureza jurídica, se aliam à
empresa júnior em busca de relacionamentos mutuamente benéficos. São as
entidades de classe, O.N.G.s (organizações não governamentais), confederações,
federações, associações, cooperativas, etc. (MORETTO, 2003). A tendência de
estruturação das políticas de apoio desses órgãos dever interessar aos
administradores da empresa júnior, pela enorme possibilidade de parcerias a
oferecer para essas associações. Além disso, a empresa júnior pode e deve realizar
serviços de cunho social, contribuindo para a melhoria do bem-estar de
comunidades, visto que há necessidade de incrementar as ações do poder público,
insuficientes para oferecer apoio à população de um modo geral (MATOS, 1997).
3.3 A execução dos projetos da Empresa Júnior
Os resultados pretendidos pela empresa júnior refletem-se nos projetos
executados com os parceiros. A orientação é a premissa básica da prestação de
serviços por parte da empresa júnior (MORETTO, 2003).
Constitui-se em uma etapa que terá conseqüências significativas no
desenvolvimento do projeto final apresentado ao cliente pelos membros da empresa
júnior.
A orientação ficará a cargo do professor-orientador do curso de
administração, conforme sua especialidade e poderá contar com o apoio de outros
profissionais do corpo docente da instituição de ensino superior.
Na maioria dos casos, os professores estão presentes nos primeiros
contatos com o cliente, abordando, fazendo anotações, entrevistando, levantando
possibilidades e oferecendo alguns caminhos para a consultoria, enfim
acompanhando a execução dos serviços.
A orientação da empresa júnior é concretizada sob forma de projetos.
Para Maximiniano (2004), um projeto é um empreendimento temporário
ou uma seqüência de atividades com começo, meio e fim programados; que tem por
objetivo fornecer um produto singular e dentro das previsões orçamentárias.
Segundo Keeling (2002), projeto pode ser definido como um esforço
temporário empreendido para criar produto ou serviço único e tem as seguintes
características: é independente, possui propósitos e objetivos distintos, tem duração
limitada, ou seja, data de início e término além dos recursos, administração e
estruturas próprias.
Na empresa júnior, os projetos nem sempre contam com esses
requisitos, exceto no que diz respeito ao tempo, o que ocorre devido à variedade de
empresas e por serem, geralmente, projetos incidentais (aqueles projetos
emergenciais).
Todavia, os projetos apresentados pela empresa júnior têm destinação
definida, uma vez que, em sua maioria, são dedicados para à micro e pequena
empresa, ou mais especificamente, a um segmento do mercado industrial e de
serviços, que, no nosso caso, está relacionado com área de administração.
A ação da empresa júnior é considerada uma consultoria, que é um
processo interativo de um agente de mudança externo à empresa, o qual assume a
responsabilidade de auxiliar executivos e profissionais da empresa-cliente nas
tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da situação
(OLIVEIRA, apud MORETTO, 2003).
A consultoria define-se sob dois aspectos: o primeiro como um
conjunto estruturado de ações lógicas exercidas entre duas ou mais pessoas ou
áreas, chamado de processo interativo que culmina no desenvolvimento do projeto
(MORETTO, 2003).
O segundo como um processo interativo de um agente de mudança
externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os empresários e
profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo o controle
direto da situação (OLIVEIRA, 2003).
Outra área de atuação da empresa júnior é a realização de um plano
de negócios, definido como um documento que possui a caracterização do negócio,
sua forma de operar, suas estratégias, seu plano para conquistar uma fatia do
mercado e as projeções de despesas, receitas e resultados financeiros (SALIM;
HOCHMAN; RAMAL e RAMAL, 2003).
Os projetos da empresa júnior deverão conter, segundo Kelling (2002):
1- Simplicidade de proposto: o projeto deverá possuir metas e
objetivos bem definidos, primeiro porque a micro e pequena empresa
não possuem potencialidade para projetos que não sejam objetivos;
2- Clareza de propósitos e escopo: a descrição do projeto, através
do esboço apresentado pela empresa júnior, considerando as
limitações, administração, qualidade e, principalmente, os resultados;
3- Controle independente: o projeto a ser elaborado deve conter
todas as possibilidades do mercado, ou seja, a flexibilidade para ser
alterado conforme a necessidade;
4- Facilidade de medição: o projeto deverá ser comparado e
medido de acordo com o que foi estabelecido previamente;
5- Flexibilidade de emprego: os projetos devem ser idealizados
pelos alunos, mas, principalmente, conforme a orientação do professor
especialista, para que não prejudique a obtenção dos resultados;
6- Motivação e moral da equipe: a idealização do projeto deve
envolver e ser atraente à equipe da empresa júnior, provocando
entusiasmo e interesse. Nessa consideração a figura do professor-
orientador é muito importante para o aspecto motivacional da equipe;
7- Sensibilidade ao estilo de liderança e administração: a formação
holística da equipe responsável pela idealização e execução do projeto
da empresa júnior deverá sensibilizar-se com os estilos de liderança de
seus componentes e sob a orientação do professor;
8- Desenvolvimento individual: uma equipe de projeto envolvida e
competente, resulta na viabilidade de execução do mesmo. A empresa
júnior tem como função precípua desenvolver o aluno em suas
capacidades e potencialidades perante às situações;
9- Segurança dos projetos: os membros da empresa júnior devem
se conscientizar que, na sua atuação, o sigilo pode significar o sucesso
ou não do projeto. Uma informação sobre o projeto deve manter o
sigilo para os elementos da consultoria-júnior, até por questões éticas e
de sobrevivência.
Um projeto é uma máquina de mudança que na prática deverá conter:
o conceito, reações potenciais, apoio e avaliação de viabilidade (KELLING, 2003).
Todavia, a prática resulta em uma grande dificuldade para a
administração dos projetos da empresa júnior, pela complexidade, finalidade e
escassez dos recursos.
Não se deve esquecer também da cultura organizacional, que requer
conhecimento e aplicação de princípios e técnicas da administração, habilidades
importantes para todos os que desenvolvem projetos, seja dentro ou fora da
empresa júnior.
Para administrar um projeto é preciso preparar o projeto, mobilizar os
recursos, realizar as atividades e encerrar o projeto (MAXIMINIANO, 2004).
Uma metodologia foi desenvolvida para orientar a execução dos
projetos de consultoria da empresa júnior, que deverão conter: Descrição técnica do
projeto; Metodologia a ser usada; Resultado final; Prazos; Orçamentos e Forma de
pagamento.
Quando a proposta for aceita, elabora-se um contrato de serviço de
consultoria, com: conteúdo da proposta, direitos e obrigações das partes, termos de
rescisão e datas de entrega e pagamento (FEJESP, 2004), padronizando as ações
das empresas juniores ressaltando em flexibilidade e adaptação que os projetos
devem ter.
A empresa júnior, como instituição sem fins lucrativos, não está
prestando meramente um serviço e sim utilizando seus serviços para provocar
mudanças nos sujeitos, mais especificamente nos alunos, nas empresas e na
comunidade a qual está inserida.
Alguns parceiros ou colaboradores têm, na empresa júnior, uma ótima
oportunidade para aproximarem-se da academia (MORETTO, 2003).
A divulgação dos serviços prestados pela empresa júnior pode servir
de modelo e atrair a atenção para idealização e a execução de projetos sociais,
além da possibilidade de atrair patrocínios aos projetos.
Cabe aqui uma ressalva: que as parcerias sejam feitas entre as
empresas e não entre as pessoas, destacando assim o papel empresarial e
profissional da empresa júnior.
Os projetos executados com esses sujeitos formalizam a possibilidade
de evolução dessas parcerias com as quais toda a comunidade será beneficiada.
A instituição sem fins lucrativos cria hábitos, visão, compromissos,
conhecimento, tornando-se parte receptora, ao invés de mera fornecedora de ações.
As próprias instituições sem fins lucrativos sabem que necessitam ser
administradas, exatamente porque não têm um lucro convencional e que necessitam
disso para que possam se concentrar em sua missão (DRUCKER, 1997).
3.4 Os recursos humanos na Empresa Júnior.
Para as organizações com objetivos como os das empresas juniores,
os recursos humanos têm uma responsabilidade ainda maior, tendo em vista que o
desenvolvimento dos participantes não é apenas uma alavanca de suas metas, e
sim seu objetivo final (MORETTO, 2003).
Sob essa perspectiva, é importante lembrar que as pessoas
determinam a capacidade de desempenho de uma organização.
Nenhuma organização pode ir melhor que as pessoas que tem. Assim,
o rendimento dos recursos humanos determina realmente o desempenho da
organização (DRUCKER, 1997).
Tanto a empresa júnior quanto um centro ou diretório acadêmico são
constituídos como associações civis, sem fins lucrativos, regidos por estatutos e
formados exclusivamente por estudantes de determinada instituição de ensino
(MATOS, 1997).
Os processos seletivos realizados de forma aleatória, resultam em uma
seleção ineficiente, cujo resultado reflete diretamente nos objetivos pretendidos pela
consultoria da empresa júnior.
A responsabilidade por essa deficiência na seleção e recrutamento dos
membros da empresa júnior, na maioria das vezes, está nas mãos do professor-
orientador, que deve estar ciente de que o ideal do recrutamento é tentar aproximar
ao máximo o perfil do aluno com as características necessárias para o
desenvolvimento adequado dos projetos.
Nem sempre as habilidades, competências e capacidades podem ser
avaliadas para um perfil adequado de seu corpo discente, visto que há uma grande
quantidade de estudantes que não possuem experiência humana e vivencial para
responsabilizar-se por projetos idealizados pela empresa júnior.
Não havendo processos seletivos no recrutamento dessa mão-de-obra,
a empresa júnior fica limitada a desenvolver projetos menos significativos.
O recrutamento deve ser feito com muita cautela, comunicando aos
possíveis candidatos os benefícios que a empresa júnior pode proporcionar, as
limitações e restrições legais e estatutárias, além da necessidade de manter-se uma
equipe coesa e atuante.
É preciso que a instituição de ensino superior entenda esse processo
de seleção para a composição dos membros da empresa júnior.
A missão da empresa júnior é formar o estudante na prática,
desenvolvendo suas potencialidades, habilidades e competências para que possa
fazer uso delas em sua vida profissional.
Para tanto, possui um conjunto de normas que orientam sua finalidade
e definem de seu modo de pensamento que corresponde a um pré-requisito para o
ingresso de seus participantes.
O quadro social reúne os estudantes em categorias conhecidas como
membros aspirantes ou efetivos; o membro efetivo possui direitos privativos de votar
e ser votado e de requerer a convocação da assembléia geral, enquanto que o
aspirante origina-se da vontade do estudante de participar das atividades da
empresa júnior (MATOS, 1997).
O regimento interno é o instrumento selecionador dos recursos
humanos que irão trabalhar na empresa júnior.
Assim, a priori, não há processo seletivo, mas condições a serem
estabelecidas por ocasião da admissão ou não de um integrante da empresa júnior.
Não há um processo seletivo mais detalhado para que se defina o perfil
do participante da empresa júnior, mas a conveniência e a limitação de que o
candidato deva necessariamente estar inscrito no curso de graduação da instituição
de ensino patrocinadora da empresa júnior.
A empresa júnior não é constituída por todos os estudantes da
instituição de ensino, ou por aqueles que contribuam periodicamente com uma taxa,
mas por uma parcela de estudantes que se interessam em fazer parte de seu quadro
e são aprovados como membros efetivos pelo conselho, segundo normas definidas
no estatuto ou regimento interno (MATOS, 1997).
O recrutamento é feito dentro da instituição de ensino superior por
meio de cartazes nas salas e corredores, visitas da coordenação às salas de aulas e
palestras de apresentação de calouros.
O processo seletivo da empresa júnior obedece às seguintes fases: a)
triagem – período de análise das fichas de inscrição e dos currículos dos
interessados, seguido de uma pré-seleção conforme as necessidades da empresa;
b) entrevista – que permite que o candidato tenha contato direto com os
responsáveis pela seleção e escolha dos elementos que atuarão na empresa júnior;
c) dinâmica de grupo – em que ocorre uma reunião de uma parcela de candidatos
para executarem uma tarefa em conjunto, com a finalidade de observar sua
capacidade de liderança, iniciativa, comunicabilidade, criatividade, trabalho em
equipe e controle (MORETTO, 2004).
Apesar de bem estruturado, esse processo nem sempre pode ser
cumprido pela instituição determinado pela escassez de voluntários para
participarem dos projetos da empresa júnior.
CAPÍTULO 4 AS EMPRESAS JUNIORES DO NOROESTE PAULISTA.
O universo de pesquisa concentra-se no noroeste do Estado de São
Paulo, na região de São José do Rio Preto, que possui uma localização privilegiada,
caracterizando-se como pólo regional, sede da 8a Região Administrativa do Estado
de São Paulo. Possui 96 municípios e cerca de 1.351.746 habitantes (Conjuntura
Econômica de São José do Rio Preto, 2004). Na cidade de São José do Rio Preto
são oferecidos 5 cursos de Administração.
A região é centro de crescimento nas áreas do comércio e serviços
especializados de alta tecnologia, medicina avançada e educação, o que tem
contribuído para a melhoria de seus níveis de competitividade e a ampliação dos
mercados. Segundo dados da Conjunta Econômica de São José do Rio Preto
(2004) na área educacional, somente a cidade de São José do Rio Preto representa
3,51% da população do Estado.
As instituições, objeto desse estudo, são instituições privadas e os
cursos são oferecidos no período noturno. O curso de administração embora seja o
de maior demanda nas instituições não são os únicos ofertados por elas.
4.1 Procedimentos Metodológicos
As entrevistas semi-estruturadas foram previamente agendadas com
os responsáveis e componentes das empresas juniores das instituições de ensino
superior, foco deste estudo.
Utilizou-se um roteiro de perguntas abertas (ver ANEXO II), onde as
perguntas foram formuladas e as respostas constaram de anotações das respostas.
Não houve preocupação de seguir fielmente o roteiro, vez que, nas
conversas, sempre surgiram questionamentos interessantes que foram anotados
pelo pesquisador.
O roteiro apenas serviu de base para manter a ordem dos assuntos
para todos os entrevistados, que poderiam indagar e discutir sobre o tema.
Para enriquecer o conteúdo da pesquisa, foram enviados, via e-mail,
questionários para que as instituições de outros estados visando contribuir e
incrementar o estudo.
Para tanto, não houve a escolha de instituições com características
específicas das escolhidas no universo da pesquisa, proporcionando elementos de
comparação e análise mais interessantes.
O universo da pesquisa concentrou-se em 6 instituições de ensino
superior, situadas no noroeste do Estado de São Paulo, onde 3 delas localizam-se
na cidade de São José do Rio Preto e foram as seguintes: UNIP (Universidade
Paulista), UNIRP (Centro Universitário de Rio Preto), Faculdades Dom Pedro II, da
cidade de São José do Rio Preto.
Outras três instituições pesquisadas pertencem à região de São José
do Rio Preto (noroeste paulista) e foram as seguintes: FAIMI (Faculdades de
Administração Integradas de Mirassol), FAI (Faculdades Integradas de Jales) e
UNIFEV (Centro Universitário de Votuporanga).
As instituições de ensino superior foram escolhidas onde,
preferencialmente, são oferecidos os cursos de administração, considerando,
somente, as características de implantação da empresa júnior, seu funcionamento,
aspectos peculiares e resultados, desconsiderando, portanto, se a empresa júnior
era vinculada a uma instituição pública ou privada, se estava ou não filiada à
Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo ou se cumpria a
regulamentação jurídica, como os trâmites legais para sua inscrição.
A pesquisa foi realizada através de formulários com perguntas abertas,
separando os seguintes assuntos: os aspectos da instituição de ensino superior, os
serviços, a qualidade dos serviços, acompanhamento dos docentes, a estrutura da
empresa júnior, os resultados atingidos e a contribuição para a formação do
administrador, além de questões que foram surgindo por ocasião da aplicação do
formulário.
As reuniões realizaram-se com os membros da empresa júnior, todos
docentes responsáveis pela condução da empresa júnior de sua instituição de
ensino, ou seja, coordenadores das empresas.
O preenchimento do formulário foi feito pelo próprio entrevistador,
proporcionando os esclarecimentos das perguntas mais complexas e o surgimento
de outros questionamentos.
As perguntas eram exclusivamente abertas e os respondentes tiveram
liberdade de discorrer sobre o assunto, dar opiniões e fazer sugestões, contribuindo
sobremaneira para a proposta da pesquisa, ou seja, levantar as atividades, as ações
e os resultados das empresas juniores e suas características, além das influências
na formação do administrador, suscitando dúvidas e sugestões.
Procurou-se descobrir as conexões causais e analisar a
demonstrabilidade dos modelos atuais das empresas juniores das instituições de
ensino superior pesquisadas, assim como os aspectos que foram investigados,
proporcionando uma descrição e compreensão do modus operandi das empresas
juniores.
Utilizou-se, ainda, a pesquisa bibliográfica e a documental, propiciando
uma maior especificidade e contribuição ao assunto abordado.
O trabalho conta com a observação de fatos sociais colhidos do
contexto natural - são formas de um problema meramente observado, sem qualquer
interferência - apresentados simplesmente como eles se sucedem em determinada
sociedade.
O estudo conterá a descrição da origem da empresa júnior no contexto
mundial, propiciando uma análise comparativa como o modelo brasileiro.
Nesse aspecto, cabe considerar alguns dados históricos sobre a
implantação dos cursos de administração no Brasil, bem como definir o perfil do
profissional de administração, conforme diretrizes do Ministério da Educação,
visando analisar a atuação na empresa júnior como forma de auxiliar na constituição
desse perfil.
Visando incrementar o estudo, foram enviados, por e-mail, o roteiro
para 3 instituições: Universidade do Vale do Itajaí em Santa Catarina, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Assim procurar-se-á construir um modelo baseado na situação atual,
obtendo formas para observá-lo (MATTAR, 2002).
4.2. Tabulação dos Resultados da Pesquisa
Através da elaboração da pesquisa, surgem os resultados da
sondagem entre as instituições de ensino superior que oferecem os cursos de
administração e que possuem um modelo de empresa júnior, mesmo que não seja
dentro do padrão exigido e destacando-se dentro do universo da pesquisa, com
suas peculiaridades e semelhanças – as instituições de ensino superior do noroeste
paulista.
4.2.1 A constituição da Empresa Júnior e seu Estatuto
A questão refere-se a como a empresa júnior completa seus quadros e
como funciona a confecção de seu estatuto.
Nas instituições de ensino superior do noroeste de São Paulo –
universo da pesquisa - os anúncios para compor a empresa júnior ocorrem entre os
alunos dos cursos, para que formem suas chapas e candidatos ao preenchimento
dos cargos.
São afixados anúncios nos locais onde o aluno mais freqüenta ou nas
salas de aula. Em alguns casos, o professor coordenador da empresa júnior vai até
as salas de aula, comunicando pessoalmente aos alunos a existência de vagas.
A maioria das empresas juniores pesquisadas utiliza como modelo de
estatuto aquele inspirado na empresa júnior mais antiga do Brasil: da Fundação
Getúlio Vargas de São Paulo.
Nas Faculdades Integradas de Mirassol (FAIMI), no período da
pesquisa, ocorria uma reestruturação da empresa júnior, no que diz respeito a sua
composição, com a inclusão de cinco professores de cada curso sob a
responsabilidade de um coordenador geral.
No Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV), atualmente está em
vigor um novo estatuto, com o qual se constitui um Conselho Administrativo
composto de seis alunos e cinco professores. Neste caso, os cargos mais
significativos (diretoria, presidência, tesoureiro e conselho fiscal) são ocupados por
docentes e os outros completados por alunos.
4.2.2 A origem dos membros da Empresa Júnior
Refere-se à origem dos elementos que irão fazer parte integrante dos
membros da empresa júnior, mais precisamente, quais os cursos, exceto de
administração, que podem compor a equipe que comporá a empresa júnior.
Os membros que compõem a grande maioria das empresas juniores
pesquisadas,são oriundos dos cursos de administração, ciências contábeis e
economia.
Em algumas empresas juniores, conforme a oferta da graduação, são
admitidos os alunos dos cursos, tais como os de Comércio Exterior.
Na FAIMI, os cursos de Pedagogia, Letras, Direito e Administração são
atuantes na empresa júnior, proporcionando a multidisciplinaridade e a amplitude
das consultorias.
Nas outras instituições, os cursos podem servir de apoio em questões
pertinentes às áreas, mas não há envolvimento direto.
4.2.3 A substituição dos membros da Empresa Júnior
Nas instituições que constituem o universo da pesquisa, existem várias
fórmulas de desligamento do aluno.
Na Dom Jr, na UNIRP e na UNIP (São José do Rio Preto), quando o
aluno sai da empresa júnior a vaga fica em aberto até sua substituição natural. Neste
caso, o organograma é extenso, favorecendo a recolocação de outro aluno.
Há casos, como na FAIMI (Mirassol) e UNIFEV (Votuporanga) onde há
a colaboração de cargos de suplência, visando a possível saída de componentes da
empresa júnior.
4.2.4 A divulgação dos serviços da Empresa Júnior
Neste item, analisa-se como a empresa júnior entra em contato com
seus futuros clientes, ou seja, suas formas de abordagens.
Na Universidade Paulista (UNIP) de São José do Rio Preto, os serviços
são prospectados pelos alunos dos cursos, especialmente de administração.
No Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP), os serviços ficam
disponíveis no site da empresa júnior e conta com os alunos para divulgação dos
serviços. Em alguns casos, os alunos são proprietários de empresas que necessitam
dos serviços da empresa júnior.
Na UNIFEV, a divulgação dos serviços ocorre com chamadas no rádio,
no site, nas salas de aula e no jornal interno.
O mesmo sistema é utilizado pela FAIMI, além de murais internos.
Na Dom Jr. de São José do Rio Preto, empresa júnior das Faculdades
D. Pedro II, a empresa procura contato com as associações, utilizando-se de
material promocional.
Em Jales, as Faculdades Integradas de Jales (FAI) acreditam na
propaganda boca-a-boca para divulgar seus serviços, vez que a cidade é
considerada de pequeno porte.
4.2.5 O funcionamento do atendimento da Empresa Júnior
Este tópico da pesquisa refere-se à metodologia do atendimento da
empresa júnior, suas formas e dimensionamento.
Na maioria das empresas entrevistadas o atendimento é realizado por
telefone, pessoalmente e via internet, como na FAI-Jales.
Na UNIP não há atendimento, pois o funcionamento ocorre apenas no
período de aulas, ficando, fora desse horário, a cargo de um professor coordenador.
Na FAIMI, os chamados auxiliares fazem a triagem e depois levam o
pré-projeto aos elementos das diretorias, quando são convocados os alunos para a
participação.
Na Dom Jr, existem orientações financeiras, pedagógicas e técnica,
havendo um docente com permanência integral na empresa júnior.
Na UNIFEV de Votuporanga, o atendimento funciona 10 horas por dia,
com três estagiários, subsidiados pela instituição de ensino e os projetos são
analisados em reuniões semanais e distribuídos para as áreas afins.
4.2.6 A confecção de ante-projeto de consultoria da Empresa Júnior
Verifica-se neste item um modelo de ante-projeto, para que o cliente
tenha a noção de como será a prestação dos serviços.
Todas as empresas participantes da pesquisa fazem um pré-projeto,
cujo modelo está disponível nos sites das referidas instituições de ensino.
Na UNIP, há um modelo de projeto prévio, mas ainda não foi colocado
em prática.
Na UNIRP não há realização de ante-projeto, que surge conforme as
necessidades dos clientes.
Na FAI-Jales, são analisados os objetivos – o que o cliente deseja, um
orçamento e um cronograma de atuação.
4.2.7 A duração dos serviços prestados pela Empresa Júnior
Este item refere-se à descrição do tempo de duração, em média, da
consultoria realizada pela empresa júnior, revelando uma grande disparidade de
prazos.
Na UNIP a consultoria pode durar até 90 dias, sempre atrelada ao ano
letivo.
Na instituição FAI-Jales, atendimento de apenas consultoria durará
aproximadamente um mês.
Na UNIRP, a duração pode atingir até dois meses. Já na UNIFEV, o
prazo é indeterminado, pois tem foco nos estágios.
Na FAIMI a duração dos serviços depende do projeto. Há um trabalho
com a Prefeitura Municipal, por exemplo, que não tem prazo de término.
Na Dom Jr., os serviços podem durar em média três meses.
4.2.8 Os tipos de serviços prestados pela Empresa Júnior
Refere-se à área de atuação da empresa júnior, ou seja, qual a maior
incidência de atendimentos por área.
Na Dom Jr., as áreas são pesquisa de mercado, serviços
administrativos, financeiros e gerenciais.
Na FAIMI, as áreas que atuam são a jurídica, pedagógica,
administrativa, pois na empresa júnior todos os cursos estão envolvidos, de forma
multidisciplinar.
Na UNIFEV, a consultoria está em fase de reestruturação, atuando em
treinamento, capacitações, oficinas para a comunidade, cujos mentores são os
docentes. Atuam também na de desenvolvimento de negócios.
Na UNIRP, os projetos são da área financeira – projeto de recuperação
financeira, mercadológica, material de divulgação e marketing.
A FAI-Jales realiza pesquisas de administração pública, levantamento
e análise de clima interno e organização da empresa; comercialização, cadastro de
empresas, etc.
Na UNIP há consultoria a micro e pequenas empresas nas áreas de
marketing, finanças e recursos humanos.
4.2.9 Análise da Qualidade dos Serviços Prestados pela Empresa Júnior
No que diz respeito ao modo como os serviços são avaliados em sua
qualidade pela empresa júnior, observa-se o seguinte:
Na Dom Jr. e na FAIMI a qualidade dos serviços são avaliados pelos
professores orientadores, das áreas de economia, contabilidade e gerenciamento.
Na UNIRP o contato para o feedback é feito diretamente com o cliente.
Na UNIFEV nenhum projeto é feito sem a anuência de um docente,
que é o responsável direto (coordenador).
Na UNIP, cada serviço segue o projeto, avaliado pelo coordenador.
Na FAI-Jales os serviços são avaliados nas reuniões da diretoria e
analisados pelos elementos dessa diretoria.
4.2.10 A reincidência na procura dos serviços da Empresa Júnior
Este item da pesquisa foi elaborado para verificar o retorno dos clientes
aos serviços da empresa júnior.
Na FAI-Jales, cinco empresas retornaram a requisitar os serviços da
empresa júnior. Enquanto que na Dom Jr., no período de 10 anos de existência da
empresa júnior, aproximadamente 10 empresas retornaram.
Na UNIP – São José do Rio Preto e na FAIMI, não foi possível obter
informações nesse sentido. Na primeira porque não se faz esse tipo de avaliação e,
na segunda, porque a empresa passa por reestruturação.
Em Votuporanga, as empresas que continuam a usufruir dos serviços
da UNIFEV são: Prefeitura Municipal, empresas locais (na área de custos e planos
de negócios) e projetos de comunicação.
Alguns clientes mantêm contato com a UNIRP, principalmente alunos e
ex-alunos, visto que estes, geralmente, são microempresários que requisitam os
serviços da empresa júnior da instituição de ensino superior a qual fazem parte.
4.2.11 O acompanhamento de Docentes na Coordenação da Empresa Junior
O item refere-se à participação dos professores na orientação dos
serviços da empresa júnior.
A empresa júnior da UNIRP possui um coordenador, remunerado pela
instituição, porém todos os docentes da instituição, mesmo que não participem da
empresa júnior diretamente, devem colaborar com a prestação dos serviços.
O acompanhamento é feito pelo coordenador da empresa júnior e a
interferência de um docente especialista, se houver necessidade.
Na FAIMI, os professores não são remunerados pelos serviços
prestados na empresa júnior, exceto se houve a execução de um projeto.
Após a efetivação da consultoria, o professor acompanha o andamento
do trabalho por relatório oferecido pelos membros da empresa júnior e nas reuniões
semanais.
Caso seja necessário, poder-se-ão utilizar contato por e-mail ou
telefone, para agilizar o processo de tomada de decisão.
Na Dom Jr., há três docentes (contabilidade, economia e
administração) e todos são remunerados pela instituição (4 horas-aula). O docente
supervisiona todos os projetos, integralmente.
Na UNIP de São José do Rio Preto, há um coordenador da empresa
júnior, que é docente da instituição. Conforme o estatuto, o docente da área
específica deverá acompanhar a consultoria com aconselhamentos e sanando
dúvidas, podendo, em caso extremo, suspender o projeto.
Na FAI-Jales, um docente faz a análise dos dados coletados pela
consultoria, além das sugestões propostas pelos diretores envolvidos. O professor
não interfere diretamente no projeto.
A empresa júnior da UNIFEV é subordinada ao Núcleo de
Empreendedores, cujo coordenador-professor é o mesmo. Neste caso, o projeto é
acompanhado desde o início até sua conclusão. A interferência pode ocorrer de
todas as formas na orientação dos serviços.
4.2.12 O Custo dos Serviços prestados pela Empresa Junior
No quesito da pesquisa que se refere à geração de custo para os
usuários da consultoria, nota-se que na maioria das instituições pesquisadas o custo
da consultoria não existe, pois a sua conceituação de empresa sem fins lucrativos é
mantida, focalizando-se a aprendizagem prática do aluno.
Na UNIFEV, o custo refere-se às horas/aula dos professores. Já na
FAI-Jales, depende do tipo de serviço e se houver custo é revertido em bens para a
própria empresa júnior. Na UNIP há um custo simbólico para pagamento dos
docentes e os estágios dos alunos.
Nas instituições pesquisadas pela internet, os serviços deverão ser
cobrados dependendo da extensão, ou seja, o prazo.
Em algumas instituições são realizadas pesquisas, que geram gastos
repassados para o cliente. Nesse caso, os consultores e gerentes recebem por hora
e lucro do projeto reinvestido na empresa.
4.2.13 Quanto à estrutura oferecida pelas instituições ensino superior à
Empresa Junior
O comprometimento da instituição de ensino está no fornecimento do
toda a infra-estrutura para o funcionamento da empresa júnior.
Na maioria das instituições, as quais as empresas juniores estão
instaladas oferecem sala, computador, telefone ou ramal e todos os materiais de
escritório necessários. Além disso, os professores coordenadores são remunerados
pelas instituições de ensino.
Na maioria dos casos a instituição paga a energia elétrica, contas
telefônicas, considerados pelos coordenadores o mínimo que a instituição deve
disponibilizar para que a empresa júnior obtenha estrutura de funcionamento
adequado.
4.2.14 Os resultados da consultoria da Empresa Júnior
Ao citarem seus pontos fracos e fortes os respondentes citam o
seguinte: O ponto forte da empresa júnior da UNIFEV é o apoio que a instituição dá
aos serviços. O ponto fraco está na baixa motivação dos alunos, ocasionada pela
falta de tempo, já que muitos trabalham e são originários de outras cidades, essa
realidade atrapalha o andamento dos projetos.
O mesmo problema enfrentado pela FAIMI, que tem como ponto forte
alunos capacitados e a estrutura oferecida pela instituição.
Contrariamente à FAIMI, a estrutura da UNIRP é seu ponto fraco, pois
a empresa júnior fica em uma sala que não proporciona visibilidade para o aluno e
nem para os clientes.
Na Dom Jr., o ponto forte é a integração do aluno no mundo dos
negócios, no entanto esse mesmo fator parece ser o motivo do ponto fraco, que é o
desinteresse, por parte do aluno, em participar dos projetos da empresa, visto que
por já fazer parte do mercado de trabalho, o aluno apresenta descrença nas
mudanças desse mercado.
Na UNIP de São José do Rio Preto, o ponto fraco é a pouca adesão do
aluno nos projetos, pelo pouco tempo de que dispõem e a conseqüente falta de
interesse.
Como ponto forte, observa-se o interesse e o esforço da instituição em
manter a proposta da empresa júnior.
As empresas juniores pesquisadas raramente possuem levantamento
dos dados sobre os integrantes que formaram a empresa júnior e estão atuando no
mercado de trabalho.
Não sabem informar, com certeza, se os egressos dos cursos de
administração estão atuando no mercado de trabalho, em áreas especificas ou não.
O levantamento dos egressos e sua permanência no mercado de
trabalho não faz parte do interesse das instituições de ensino superior pesquisadas.
4.2.15 As contribuições da Empresa Júnior para a formação do administrador.
Para a FAI-Jales, a empresa júnior dá oportunidade de praticar o que
se aprende na teoria, lidando com diferentes situações e pessoas. E para a UNIFEV
coopera para que o estagiário tenha conhecimentos práticos.
A FAIMI considera que a empresa júnior proporciona real prática da
teoria, ou seja, uma visão da realidade, como a facilidade de ter sempre um
professor para auxiliar. No caso específico, a empresa júnior executou mais
trabalhos sociais, contribuindo para a melhoria da sociedade.
Para a Dom Jr., a empresa júnior, quando desenvolve projetos na
prática, complementa o conhecimento teórico-científico e proporciona troca de
informações.
Para a UNIP de São José do Rio Preto, se houvesse a participação
mais efetiva dos alunos seria um diferencial profissional, visto que agregaria valor à
formação, conhecimento prático ao futuro profissional.
Nesse sentido, a instituição acredita que o atual modelo de empresa
júnior deve ser revisto.
Observa-se a aplicabilidade de conhecimentos teóricos, por intermédio
do clima organizacional, da hierarquia no ambiente da empresa júnior.
O acompanhamento dos professores supervisores dão suporte técnico
aos projetos.
4.2.16 Um estudo comparativo das empresas juniores do noroeste paulista
com outras do país.
No Brasil existem alguns modelos de empresas juniores que possuem
suas peculiaridades, indicando uma proposta de inovação e tendências de
mudanças no modelo atual de empresa júnior.
Como forma de incrementar a pesquisa, foram enviados, via e-mail, o
formulário de perguntas, para outras instituições de ensino superior do país,
resultando no retorno de três instituições de ensino superior que possuem empresa
júnior em funcionamento, a saber: Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALE), em
Santa Catarina (RS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e
Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALE), em Santa Catarina, os
alunos são admitidos na empresa júnior como estagiários ou gerentes para as áreas
de projetos, gestão e custos.
A empresa júnior atua na área de administração portuária, comércio,
indústria, construção naval, setor metalúrgico, turismo e hotelaria de micros e
pequenas empresas.
Para ao atendimento ao cliente, os alunos fazem o preenchimento de
ficha cadastral, seleção de necessidades, apresentação de propostas de projetos e
assinatura do convênio.
O acompanhamento de professores das áreas afins é feito sob a
coordenação de um professor supervisor, que faz a orientação e supervisão dos
projetos. No grupo de estagiários há um gerente que apresenta os questionamentos
ao professor-supervisor, que faz as orientações a respeito do projeto da empresa
júnior e sem a qual nenhum projeto é viabilizado.
Convênios são realizados com a Associação Comercial, Câmara de
Lojistas, Porto de Itajaí, Prefeitura Municipal, além de parceria com o SEBRAE.
A prestação de serviços da empresa júnior na UNIVALE pode durar até
um semestre.
Os serviços, na UNIVALE, são acompanhados periodicamente, ao final
de cada semestre, quando é realizada uma pesquisa de satisfação do cliente.
A UNIVALE tem como pontos fortes oportunidades de estágios
extracurriculares, aprendizagem profissional nas áreas dos cursos acadêmicos, o
desenvolvimento de projetos, qualidade dos serviços oferecidos, liberdade de ação,
remuneração dos estagiários e clima organizacional dentro da empresa júnior, não
havendo, portanto, pontos fracos. O cliente entra em contato, por telefone ou
internet, responde a uma ficha de atendimento, que será encaminhada para os
diretores de projeto.
Na UNIVALE, a empresa júnior proporciona a oportunidade de
vivenciar os problemas de gestão de micros, pequenas e médias empresas.
Outra instituição de ensino superior é a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRS), cujo estatuto é registrado como sociedade simples,
possuindo um diretor para cada área: marketing, relações externas, recursos
humanos, projetos e financeiro.
Na UFRS, os 12 anos de atuação no mercado e a indicação de ex-
clientes, professores e alunos é um meio de atrair novos clientes.
O presidente tem apenas uma função legal e não atua diretamente nas
atividades da empresa júnior.
Os professores-orientadores auxiliam na formulação de propostas e na
solução de dúvidas. As propostas são elaboradas em reuniões semanais e o
docente não interfere em nenhum momento no processo de atendimento da
empresa júnior.
A UFRS tem como ponto forte a qualidade dos serviços,
proporcionando uma ótima imagem no mercado e os docentes são todos doutores
na sua área e prestam assistência sempre que necessário. Como fraqueza dessa
empresa júnior destacam-se: a falta de recursos e a alta rotatividade dos membros
da empresa júnior.
A proposta de consultoria é elaborada pelos gerentes, diretores e
coordenador do projeto: etapas, métodos, cronograma e orçamento.
A UFRS presta serviços do 2º e 3º setores, gerando projetos e
propostas em todas as áreas: hotéis, frigoríficos, metalúrgicas e autônomos.
Os serviços são avaliados por equipes de pós-vendas, utilizando os
clientes antigos como referência para os novos clientes (“eles são os melhores
vendedores do nosso produto”).
O atendimento é finalizado com a assinatura de um contrato e a
consultoria pode chegar a ter duração de 10 semanas.
A empresa júnior da UFRS é tida como meio auxiliar na formação do
aluno de administração, com ênfase no potencial dos alunos, sua competência e
utilidade para a sociedade, proporcionando-lhe uma bagagem profissional.
Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), a empresa júnior é
constituída por cinco diretorias executivas, chamada de modelo de gestão orbital:
Presidência, Administrativo, Financeiro, Marketing, Projetos e Recursos Humanos,
nos quais os membros se distribuem entre os cargos de diretores, gerentes e
trainees, em sistema de rodízio.
Os candidatos, antes de serem admitidos a participar da empresa
junior, passam por uma análise do conselho de professores, depois de um período
de, no mínimo, 7 meses e por meio da avaliação de desempenho, o membro poderá
ser efetivado, podendo então ter direito a voto e ser candidato à diretoria.
Em determinados períodos, são realizados processos de capacitação
de trainees – PCT (Processo de Capacitação de Trainees), proporcionando a
renovação dos membros da empresa júnior.
Os gerentes têm por função coordenar os trabalhos dos trainees, que,
caso não sejam efetivados, continuarão no rodízio pelas diretorias.
A meta da empresa júnior é a gestão do conhecimento, com a qual os
integrantes da empresa se comprometem a passar a experiência para os outros
membros, permitindo que o conhecimento não se perca.
A participação em eventos, como feiras, ou organizando os eventos é
uma forma de divulgação dos serviços prestados pela empresa júnior.
Há um programa para prospecção de clientes, mas pela intensa
demanda, nunca foi utilizado.
Na Universidade Federal da Bahia - UFBA, por terem os estudantes
apenas quatro horas por dia de trabalho, o tempo médio dos projetos é de dois
meses.
A UFBA possui um docente da área que acompanha todo o projeto e é
responsável por indicar os métodos de trabalho e pesquisa, realizar o
acompanhamento do material e sua revisão, mas a realização fica a cargo dos
membros da empresa júnior, e, ainda, interfere no projeto quando há necessidade e
para manter a credibilidade dos serviços.
Na UFBA, a fraqueza (ponto fraco) é o tempo de consultoria e o ponto
forte é o preço. A instituição está passando por um processo de Planejamento
Estratégico Participativo, com o qual será elaborada a análise S.W.O.T
(investigação, por pesquisa, dos pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades).
Por ser uma empresa sem fins lucrativos, a empresa júnior da EFBA
utiliza um modelo de precificação que visa a cobrir todos os custos fixos e ter uma
margem para reinvestimento, aplicados no desenvolvimento de seus membros e das
empresas, através de cursos, equipamentos, insumos, marketing e manutenção do
espaço físico.
Os serviços são customizados para que possam adequar-se às
necessidades específicas e gerar soluções para cada cliente.
As áreas de atuação são: estruturação organizacional, financeira,
recrutamento e seleção, análise de cargos e salários, avaliação de desempenho,
plano de negócios, pesquisa de mercado quantitativa e qualitativa, estudo
exploratório, mapeamento do mercado.
A ação de um grupo de pós-venda para identificar como o cliente
avaliou o trabalho na forma de avaliar os resultados da prestação de serviços.
A empresa júnior é uma experiência única, porque permite que o aluno
não só conheça, mas saiba como lidar com o mundo dos negócios, mesmo sendo
um graduando. Tem como missão a capacitação de seus membros e um modelo
para facilitar a atuação prática do aluno.
Nessas instituições, a empresa júnior está passando por um processo
de transição onde há uma tendência em preservar a continuidade da empresa júnior
através de um processo mais definido de permanência dos elementos que atuam na
empresa júnior.
4.2.17 As conclusões da Pesquisa
Os relatos da pesquisa mostraram a dissonância dos modelos de
empresa júnior nas instituições de ensino superior.
Nas instituições de ensino superior pesquisadas, as empresas juniores
foram fundadas recentemente, salvo raras exceções, ou seja, em período menor do
que dois anos.
As empresas juniores mais antigas são as que pertencem às
instituições de ensino superior públicas.
Algumas instituições, passaram por um período de total inatividade e
estão tentando se reerguer, mas com mudanças no modelo original.
Todavia, é uma unanimidade o quesito desinteresse do aluno na
participação na empresa júnior, sendo que os cursos noturnos têm o maior índice de
resistência à participação na empresa, pois seus alunos trabalham durante o período
diurno.
É o caso da Dom Jr., fundada em 1998, mas atualmente inativa por
falta de interesse dos alunos, embora os docentes estejam disponíveis. A empresa
júnior da FAIMI está em período de reestruturação com a inclusão de outros cursos
tais como o curso de Direito, Pedagogia e Letras – o que, na prática, pode significar
um novo conceito de gestão.
Na UNIP de São José do Rio Preto, há uma nova estrutura a ser
testada: a empresa júnior da unidade de São José do Rio Preto estará vinculada a
empresa júnior da central em São Paulo, unificando os serviços.
O estatuto é uma forma de regulamentar a representação jurídico-legal
da empresa júnior e sua elaboração outorga-lhe personalidade jurídica.
Nas instituições de ensino superior particulares, o estatuto da empresa
júnior presta-se apenas para direcionamento das funções, mas não é,
necessariamente, registrado.
Quanto à origem dos componentes, em todas as instituições
pesquisadas, as empresas juniores originam-se dos alunos dos cursos oferecidos,
mais especificadamente, dos cursos de Administração – foco deste estudo.
Há uma significativa tendência de que a empresa júnior seja composta
multidisciplinarmente pelas áreas dos cursos oferecidos pela instituição de ensino
superior e não somente de áreas como administração, economia e direito.
No que diz respeito à substituição dos membros da empresa júnior,
modelo de empresa nas instituições de ensino públicas é o mais adequado.
Nessas instituições, em especial, os alunos que compõem os quadros
da empresa júnior assumem compromisso de permanência e, ainda, colocam-se
como agentes multiplicadores.
Há o modelo do estagiário, chamado de trainee, que recebe orientação
dos elementos mais antigos, propiciando um turnover (rotatividade) mais produtivo –
essa seria a solução para a saída e entrada de pessoas durante o andamento de um
projeto de consultoria.
Os serviços da empresa júnior são conhecidos pela comunidade
através da qualidade de seus resultados.
O grande diferencial da empresa júnior é estabelecer parcerias com os
órgãos mais importantes da sociedade local, tais como associações, organizações
não governamentais, sindicatos, prefeituras, etc.
Isso demanda um empenho mais efetivo por parte da instituição, dos
docentes da instituição e de todos os envolvidos.
O atendimento empresa júnior aos clientes inicia-se por uma pesquisa
com o cliente, entrevistas, análises das propostas e decisões em conjunto.
As reuniões periódicas para tomada de decisão são saudáveis na
medida em que proporciona a integração de todos os envolvidos no processo de
consultoria.
No que se refere ao atendimento, ainda, cabe ressaltar que a empresa
júnior deverá obedecer às peculiaridades da região na qual está inserida, bem como
o perfil de seus empresários, as tipologias das empresas, a cultura organizacional e
as discrepâncias da sociedade local.
O local físico, ou seja, as instalações, onde a empresa júnior funciona é
um aspecto estratégico importante. Ao longo da pesquisa, verificou-se que, em
alguns modelos, o atendimento situa-se fora da instituição de ensino superior,
propiciando maior flexibilidade.
Neste caso, o ideal é manter o modelo europeu, no qual a empresa
júnior está desvinculada totalmente das instituições de ensino superior, pelo menos
no que se refere ao espaço físico.
As reuniões periódicas e pesquisas de satisfação mantêm os alunos
em freqüente atividade na consultoria, visando assim, atender melhor a demanda de
clientes.
Os resultados pretendidos são os maiores indicadores do sucesso ou
fracasso da consultoria, o que resultará na sobrevivência da empresa júnior.
Quanto à ação prática da consultoria, geralmente é feito o ante-projeto,
após a discussão exaustiva com o cliente.
Pode-se oferecer o chamado plano de negócios, que é uma ferramenta
de gestão para o planejamento e desenvolvimento inicial de uma organização, cujas
fases são: Identificação e avaliação da oportunidade.
A duração de um projeto de consultoria depende de vários aspectos,
onde o lapso temporal deve estar configurado no projeto. No caso da empresa
júnior, os projetos podem durar de três meses a um ano, dependendo da área de
atuação.
Os tipos de serviços prestados é um fator de inovação. Os cursos de
Administração são os mais freqüentes na empresa júnior, mas há uma forte
tendência à multidisciplinaridade da consultoria, visto que os problemas
apresentados pelos clientes nem sempre se relacionam a uma única área.
Uma inovação para a empresa júnior é aglutinar todos os cursos
oferecidos pela instituição de ensino superior, como meio de incentivar a formação
de equipes múltiplas.
Quando uma empresa-cliente procura a empresa júnior, dependendo
do tipo de serviço, a tendência é que retorne a utilizar-se dos serviços da consultoria,
cujos benefícios são inúmeros para aqueles que não podem obter outro tipo de
ajuda tecno-profissional.
Uma orientação na parte financeira da empresa, por exemplo,
proporciona bons resultados e pode fazer com que a empresa volte às suas funções
normais, mas outros tipos de serviços, como planejamento, marketing, treinamento e
desenvolvimento de pessoas, são investimentos permanentes que a empresa-cliente
poderá fazer.
O acompanhamento dos docentes é um fator de suma importância
para a empresa júnior, pois oferece credibilidade e segurança aos alunos e à
instituição de ensino.
A experiência profissional adequada, suas características de liderança,
espírito de equipe e noções de relacionamento interpessoal facilitam a convivência
entre alunos, docentes e clientes.
O docente dentro da empresa júnior não é uma mera ferramenta de
imposição, mas um elemento-chave nesse processo de aprendizagem.
A escolha do docente que não tenha as características necessárias
para um ser um aglutinador, criativo e líder, pode comprometer ou desestimular os
alunos na consecução dos objetivos da empresa júnior.
O estabelecimento do preço da consultoria da empresa júnior é uma
situação delicada, vez que é uma empresa sem fins lucrativos cuja função principal
é a aprendizagem prática e vivencial de seus membros.
Em alguns casos, os preços cobrados pelas consultorias juniores são
valores simbólicos, revertidos em benefícios para a própria empresa júnior.
Em alguns casos pesquisados, o pagamento dos docentes é feito
apenas quando um projeto é concretizado.
Quanto à estrutura da empresa júnior, todas as instituições colocam à
disposição da empresa júnior uma infra-estrutura, ainda que mínima, para o seu
adequado funcionamento.
Um aspecto da pesquisa que pareceu ineficiente foi a forma como os
resultados da consultoria são analisados.
Não se observou uma efetiva consideração sobre os pontos fracos e
fortes da empresa júnior.
Um dos pontos fortes da empresa júnior são aprendizado e a
motivação, a gestão horizontal, a efetividade da resposta ao cliente e a qualidade.
Como pontos fracos temos os problemas de comunicação interna, a
menor possibilidade de cobrança e o alto índice de desinteresse e desestímulo do
aluno em fazer parte da empresa júnior.
O ponto forte mais importante refere-se a melhor qualidade à
aprendizagem que proporciona ao aluno para melhores condições de enfrentar o
mercado de trabalho, visto que a empresa júnior contribui sobremaneira na formação
do administrador para a formação e desenvolvimento econômico-social da
sociedade em que está inserida.
Com suas atividades propicia ao aluno o espírito empreendedor e seu
sentido de criatividade na solução de problemas, sendo que o professor age como
um termômetro dessa aprendizagem, que servirá de apoio para a sua vida
profissional.
Se, por um lado, no ambiente da empresa júnior, os alunos aprendem
a conviver com a diversidade de culturas, áreas e comportamentos, a errar e a
acertar, a ter senso crítico, analítico e ético, preparando-se para enfrentar o
concorrido mercado de trabalho.
Por outro lado, esses alunos, em sua maioria, precisam conciliar
trabalho e estudo, e que, este nem sempre pertence à mesma área do curso que o
aluno freqüenta; muitas vezes assume mais importância que os estudos, visto que a
sobrevivência é mais preocupante do que seus talentos.
A pesquisa também revelou algumas contradições no que concerne à
credibilidade do modelo das empresas juniores.
Em uma instituição de ensino superior pública, a empresa júnior possui
tradição e todo o suporte burocrático necessário, mas aquelas que se instalam nas
instituições privadas sofrem os problemas do investimento em toda a infra-estrutura,
docentes e mercado da região, enfrentando o preconceito com o fato de seu aluno
não ser considerado um profissional completo.
Barreiras surgirão, mas podem ser superadas com o resultado das
consultorias e os benefícios que oferecerão à comunidade local.
É uma quebra de paradigmas vencer o peso burocrático, a
responsabilidade e a ética dos componentes, e, ainda assim, promover a
aprendizagem prática, como valor agregado ao que foi apreendido em sala de aula.
Nesse contexto, não será mais importante o registro formalizado, mas
a proposta de consultoria para fomentar o conhecimento e a melhoria do mercado.
O modelo de empresa júnior passa por momentos de metamorfose,
cujo modelo original, vem, a cada dia, sofrendo mudanças para poder se adaptar
aos novos tempos.
Nesse sentido, é preciso que as instituições de ensino superior
superem esta fase de descrédito e faça da empresa júnior um modelo de
profissionais, que, se não estão plenamente preparados, pelo menos entrem no
mercado cientes dos problemas que enfrentarão.
Sob essa linha de ação, a empresa júnior passaria a ser não um
instituto em extinção, mas em mutação para se adaptar aos novos rumos dos
estudantes universitários do Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) no capítulo III - Da
Educação Profissional -considera a importância do assunto e a necessidade
profunda de mudança por que passa o chamado mundo do trabalho.
Mais do que nunca esse mundo vai se transformando no mundo do
conhecimento, do saber vertido em operações produtivas.
E complementa em seu artigo 43, inciso VI, que a finalidade da
educação superior é estimular o conhecimento dos problemas dos nacionais e
regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta
uma relação de reciprocidade (CARNEIRO, 2003).
A finalidade da educação segundo a LDB, é de pleno conhecimento do
educando, ou seja, como um processo intencional, um preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho.
Nesse exercício do conhecimento teórico e prático é que se situa o
objeto desse estudo, através de um instituto chamado empresa júnior.
O surgimento de novas demandas de profissionais no mercado de
trabalho com o aparecimento de novos setores e novas formas de emprego, o
impacto das novas tecnologias sobre o sistema produtivo substituindo parte do
trabalho humano pelo das máquinas, as mudanças da cultura da sociedade
decorrentes da globalização e as mudanças na ideologia e na forma de pensamento
são alguns dos fatores que criam um novo contexto para o ensino universitário
(MONTEIRO, 2002).
Desse mesmo modo, a empresa júnior necessita se transformar para
adaptar-se aos novos modelos de administração que o mercado exige.
A pesquisa resultou em alguns questionamentos sobre a criação,
implantação e manutenção da empresa júnior nas instituições de ensino superior.
No que se refere aos membros que comporão e constituirão a empresa
júnior, como modelo mais avançando, encontra-se sob a forma de supervisão ou
tutoria.
Conforme o caso, seguindo o exemplo de instituições analisadas na
pesquisa: a suplência – substituição de membro que se afasta das funções da
empresa júnior - revela-se como uma alternativa, onde para cada elemento existe
um suplente que o substituirá conforme a necessidade.
Os modelos analisados na pesquisa, até pelo perfil dos pesquisados e
intencionalidade da pesquisa, pertencem eminentemente aos cursos de
administração.
Essa tendência, onde a empresa júnior apenas relaciona-se com os
cursos de administração mostra que há um certo desgaste desse modelo.
As instituições de ensino superior tendem a adotar um modelo que
congregue todos os cursos em uma única empresa, buscando uma
multidisciplinaridade e universalização das atividades.
A interdisciplinaridade proporcionará maior riqueza experiência prática
do aluno dentro desse processo de aprendizagem.
Os serviços oferecidos pela empresa júnior tendem a se ampliar para
atender as demandas das empresas locais.
A administração não é um fim em si mesma, e, no que se refere ao
aspecto administrativo podemos encontrar dificuldades e deficiências em áreas
financeiras, humanas, mercadológicas, etc.
Todas essas áreas estão diretamente ligadas ao processo de gestão,
portanto a atuação da administração, independentemente da área.
O atendimento da empresa júnior deverá levar em conta a s
peculiaridades das empresas que procuram os serviços: empresas familiares de
pequeno e médio porte, assim como as grandes empresas.
Para uniformizar o atendimento é necessário que os projetos sigam um
modelo básico de consultoria, para que padronize e normatize os serviços a serem
prestados. Neste aspecto a figura do professor-coordenador é fundamental para
conduzir e orientar esse direcionamento.
A empresa júnior deve dispor de uma infra-estrutura mínima, que varia
de empresa para empresa – espaço físico, telefone, mesas, cadeiras, arquivo e
materiais de escritório para seu adequado funcionamento.
Na pesquisa realizada, detectou que umas das reclamações informais
refere-se ao espaço físico e a infra-estrutura disponível, ou seja, esse quesito reflete
qual é o interesse da instituição de ensino superior em manter a qualidade dos
serviços aos alunos e à comunidade através da empresa júnior.
Uma das preocupações reveladas pelo estudo é sobre a localização e
a infra-estrutura considerados componentes do sucesso da atuação da empresa
júnior.
Geralmente as salas disponibilizadas pelas instituições são pequenas e
de difícil acesso ao aluno e do futuro cliente, prejudicando sobremaneira a visão que
os alunos têm da importância que a instituição de ensino superior fornece à estrutura
disponibilizada para atendimento dos empresários locais.
Uma estrutura bem montada faz com que o aluno dê maior
credibilidade à instituição e sinta-se motivado a participar dos projetos instituídos
pela empresa júnior, embora não seja esse o único fator de envolvimento.
O estudo revelou a necessidade da escolha adequada do docente
coordenador da empresa júnior; e de acordo com o estudioso de liderança Warren
Bennis (apud VERGARA, 1999) diz que ela é como a beleza: difícil de definir, mas
fácil de reconhecer.
O professor-coordenador da empresa júnior deve ser um líder e para
tanto possuir algumas características, que foram reveladas em um estudo realizado
por Withall, Appel e Newel (1962) contido na apostila do Curso de Especialização
em Avaliação de Didática, organizado por Edna Machado de Souza (1998) da
Universidade de Brasília são:
a) senso de humor; procedimentos de ensino na sala de aula;
b) firmeza do professor, seu gosto e entusiasmo pelo ensino de sua
disciplina;
c) personalidade do professor;
d) procedimentos da avaliação;
e) justiça do professor;
f) competência do professor na disciplina e sua experiência na
preparação profissional;
g) interesse, consideração, sensibilidade e acessibilidade do aluno
dentro e fora da sala da aula;
h) percepções do aluno a respeito de seu progresso no trabalho
acadêmico como resultado da influência do professor;
i) disciplina ou atmosfera da sala da aula;
j) expectativas do professor em relação ao trabalho do aluno e
k) atitude do aluno com relação ao trabalho da disciplina como
resultado da influência do professor.
Todos os requisitos revelados pelo estudo podem, comparativamente,
serem transpostos para a atuação do professor-coordenador dentro da empresa
júnior.
Ele deverá ser um aglutinador de pessoas e contribuir para a perfeita
relação entre todos os setores da instituição, alunos e membros da sociedade
empresarial.
A motivação do aluno na presença e atuação nos projetos da empresa
júnior está diretamente ligada ao modo como o professor-coordenador conduz sua
equipe e os projetos de consultoria.
Esse item não está claramente definido na pesquisa, pois, na maioria
das vezes, são os próprios professores-coordenadores foram os respondentes às
indagações, mas é um fato referenciado informalmente pelos alunos.
É importante destacar que o professor-coordenador da empresa júnior,
por sua capacidade de liderança, contribua, positivamente, para a manutenção da
empresa júnior.
As relações da empresa júnior com o empresariado é um fator de suma
importância, conforme a pesquisa, visto que a fama da empresa júnior está calcada
na qualidade e seriedade dos projetos realizados na comunidade em que está
inserida.
Uma nova estrutura deve surgir nos próximos anos, onde não haverá a
necessidade de impor a burocracia e sim a qualidade e efetividade dos serviços e,
por conseqüência, dos membros da empresa júnior.
As instituições de ensino superior estão tentando adaptar-se a um
modelo ainda sem forma definida que seja mais flexível e condizente com as
alterações do mercado.
O que se pode afirmar é que há uma necessidade de transformação ou
até mesmo, de adaptação a um modelo mais atual.
O modelo proposto desde sua origem é um modelo centralizador,
previamente definido, com normas rígidas e formação estrutural preestabelecida.
Outro aspecto importante refere-se a transformação das características
dos alunos que freqüentam os cursos de administração, onde o perfil vem se
transformando progressivamente.
Nas instituições de ensino superior particulares que têm cursos de
administração no período diurno, as possibilidades de implantação da empresa
júnior são maiores do que as que possuem cursos noturnos, pela menor
possibilidade dos discentes, fato esse que poderia ser minimizado com a
interdisciplinaridade dos cursos na participação da empresa júnior.
Nas instituições públicas, a empresa júnior conta com uma estrutura
burocrática que facilita a manutenção e continuidade da mesma.
No que diz respeito à forma de avaliação dos serviços, não tem,
segundo a pesquisa, nenhuma preocupação efetiva ou um modelo concreto sendo
operacionalizado, ou seja, colocado em prática.
Não há sequer um levantamento dos egressos dos cursos e nem
pesquisa pós-consultoria que poderia detectar as falhas dos procedimentos
implementados pela empresa júnior.
A empresa júnior nasceu com a intenção de proporcionar o
desenvolvimento de seus membros e de toda sociedade.
As instituições de ensino superior são as maiores provedoras do
conhecimento, através do fomento da mudança dos paradigmas do mundo do
trabalho.
Este modelo de empresa deverá adaptar-se a esses processos de
mudanças, buscando preparar o aluno para o mercado de trabalho, visando dotá-los
de atitudes, habilidades e competências para o desempenho de sua função
profissional e social.
O propósito do estudo foi cumprido na medida em que discute e
analisa aspectos práticos da implantação da empresa júnior: instituto que pretende
preparar o aluno para enfrentar os desafios do mercado de trabalho.
Serve ainda de questionamento sobre a atuação da empresa júnior
proporcionando a harmonia entre a teoria e a prática do ensino de administração.
A contribuição, embora singela, propicia uma discussão para uma nova
proposta que poderá surgir a partir de novos modelos que preparem efetivamente o
aluno a enfrentar o desafio imposto pelo mercado de trabalho: profissionais mais
preparados, com base teórica e vivencia prática básica.
Resumidamente o estudo proporciona uma prévia das estratégias a
serem adotadas para uma melhor efetividade dos serviços da empresa júnior:
1. Uma melhor localização estratégica para os alunos e futuros
clientes;
2. Ter uma estrutura organizacional simples e flexível, sem o peso
da burocracia;
3. Proporcionar a interdisciplinaridade dos cursos, sob o comando
da administração;
4. Oferecer serviços que tragam dividendos ao bom nome da
instituição e por conseqüência aos serviços da empresa júnior;
5. Ter uma atuação livre de influências políticas, financeiras e
administrativas, que só prejudicam a missão precípua da empresa
júnior;
6. Promover a atualização tecnológica, metodológica e de gestão
de pessoas;
7. Proporcionar uma perfeita identidade e relação com as
disciplinas teóricas e as práticas gerenciais;
8. Promover o contato com empresários que possam participar de
seminários, palestras, discussões, que promovam a integração da
empresa júnior com os demais setores da sociedade, reafirmando sua
responsabilidade social;
9. Participação integral do corpo docente da instituição,
proporcionando a interdisciplinaridade dos conteúdos ministrados em
sala de aula e as práticas propostas na empresa júnior (missão);
10. Promover avaliação constante e a reciclagem dos membros da
empresa júnior, assim como dos professores participantes;
11. Realizar reuniões que promovam na empresa júnior, a análise
de seus pontos fracos e fortes, assim como ao término da consultoria,
resultando em relatório detalhado.
12. Divulgar dentro e fora da comunidade acadêmica os serviços
proporcionados à micro, pequenas e médias empresas; (Ver ANEXO
III)
A consecução dos objetivos da empresa júnior não é de simples
aplicação, mas se promovido e incentivado, pode trazer aos alunos, à instituição de
ensino superior , aos docentes e a sociedade benefícios que trarão uma verdadeira
mudança dos padrões de comportamento gerencial e humano e por conseqüência
mudanças das técnicas administrativas, criando novos modelos de gestão.
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ANEXOS
ESTATUTO PADRÃO4
Capítulo I – Denominação, Sede, Finalidade e Duração. Artigo 1º - A “nome da empresa júnior” - é uma associação civil sem fins lucrativos e com prazo de duração indeterminado, com sede “endereço da empresa júnior” e foro na cidade de “nome da cidade”, Estado de “nome do Estado”, que se regerá pelo presente estatuto e pelas disposições legais aplicáveis. Artigo 2º - A “nome da Empresa Júnior” tem por finalidade:
a) Proporciona a seus membros efetivos as condições necessárias à aplicação prática de seus conhecimentos teóricos relativos à sua área de formação profissional;
b) Dar à sociedade um retorno dos investimentos que ela realiza na Universidade, através de serviços de alta qualidade, realizados pró futuros profissionais da área de “especialidade de atuação da Empresa Júnior” do Curso de Graduação da “nome da instituição de ensino superior à qual está ligada à Empresa Júnior”.
c) Incentivar a capacidade empreendedora do aluno, dando a ele uma visão profissional já no âmbito acadêmico;
d) Realizar estudos e elaborar diagnósticos e relatórios sobre assuntos específicos inseridos em sua área de atuação;
e) Assessorar a implantação de soluções indicadas para problemas diagnosticados;
f) Valorizar alunos e professores da “nome da instituição de ensino superior à qual está lida a Empresa Júnior” no mercado de trabalho e no âmbito acadêmico, bem como a referida instituição.
g) Outros aspectos poderão ser citados, de acordo com a Empresa Júnior. Capítulo II – Quadro Social, Direitos e Deveres Artigo 3º. Os membros da “nome da Empresa Júnior” serão admitidos por “definir um mecanismo de ingresso”, podendo ser de “número de alternativas” categorias:
a) MEMBROS HONORÁRIOS: toda pessoa física ou jurídica que tenha prestado ou venha a prestar serviços relevantes para o desenvolvimento dos objetivos da “nome da Empresa Júnior”, sendo dispensada do pagamento de contribuição social.
b) MEMBROS EFETIVOS: estudantes do curso de graduação da “nome da instituição de ensino à qual está ligada a Empresa Júnior”, salvo em disposição em contrário neste estatuto.
c) MEMBROS ASSOCIADOS: estudantes do curso de graduação da “nome da instituição de ensino à qual está ligada a Empresa Júnior”, membro efetivo ou não, que trabalha na administração da “nome da Empresa Júnior”.
4 Modelo extraído do Kit FEJESP, 1997: Empresa Júnior. O que é? Como montar? e do Estatuto da Empresa Júnior da FGV-SP
Parágrafo Único – Os membros da “nome da Empresa Júnior” não respondem, mesmo que subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Artigo 4º. – São direitos dos membros efetivos:
a) Comparecer e votar nas Assembléias Gerais; b) Solicitar a qualquer tempo, informações relativas às atividades da “nome da
Empresa Júnior”; c) Utilizar todos os serviços colocados à sua disposição pela “nome da Empresa
Júnior”. d) Ser eleito membro do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva; e) Requerer a convocação de Assembléia Geral, na forma prevista neste
Estatuto. Parágrafo único: Os membros honorários não possuem direito ao voto nas Assembléias Gerais.
Artigo 6º. Perde-se a condição de membro da “nome da Empresa Júnior”:
a) Pela renúncia; b) Pela constituição, abandono ou jubilamento dos cursos na “nome da
instituição de ensino à qual está ligada a Empresa Júnior”; c) Pela morte, no caso de pessoas físicas ou pela cassação de suas atividades,
no caso de pessoa jurídica; d) Por decisão de "determinada fração" dos membros do Conselho de
Administração, fundada na violação de qualquer das disposições do presente Estatuto;
Parágrafo Primeiro. Caso um membro efetivo gradue-se no meio de um projeto, ele continuará como membro efetivo até a conclusão do mesmo. Parágrafo segundo - Da deliberação da Diretoria Executiva que promover a exclusão do associado caberá recurso à Assembléia Geral, no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da decisão. O recurso deverá ser escrito e contemplar as razões que, no entender do recorrente, justifiquem a necessidade de reforma da deliberação recorrida. A Assembléia Geral, nessa hipótese, decidirá em caráter definitivo, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à Assembléia Geral especialmente convocada para esse fim. Parágrafo terceiro – Os membros que compõem a empresa júnior, qualquer que seja a condição, perderão a condição de integrante da empresa júnior “nome da empresa” também:
a) pela conclusão do curso de graduação na “nome da instituição”; b) durante o período de jubilamento ou abandono do curso de graduação da
“nome da instituição de ensino superior”, sendo automaticamente readmitido após os término do período de jubilamento em questão.
Capítulo III – Patrimônio Artigo 7º. O patrimônio da “nome da Empresa Júnior” é formado:
a) Pelas contribuições regulares dos membros efetivos, a serem fixadas pela Diretoria Executiva e encaminhadas ao Conselho de Administração;
b) Pelas contribuições de membros associados;
c) Pelo produto de contribuições recebidas por serviços prestados a terceiros; d) Pelas contribuições voluntárias e doações recebidas e patrocínios ; e e) Por subvenções e legados oferecidos à “nome da Empresa Júnior” e aceitos
pelo Conselho de Administração; Parágrafo Único. Em caso de extinção da “nome da Empresa Júnior” ou de dificuldades de caixa, o seu patrimônio será destinado a “por exemplo, a nome da instituição de ensino a qual está ligada a Empresa Júnior ”, neste caso deve a Diretoria Executiva ou o Conselho Consultivo convocar uma Assembléia Geral para deliberar sobre o assunto. Capítulo IV – Assembléia Geral Artigo 8º. A Assembléia Geral é o órgão de deliberação soberano da “nome da Empresa Júnior” que poderá ser Ordinária ou Extraordinária. Artigo 9º. Somente os membros efetivos terão direito a voto nas Assembléias Gerais, correspondendo 1 (um) voto de cada membro efetivo, vedada a representação, nas Assembléias Gerais, por procuração. Artigo 10º. As Assembléias Gerais serão convocadas por “agente de convocação, com “ número” dias de antecedência a sua realização, mediante divulgação dirigida a todos os membros efetivos. Parágrafo Único. As Assembléias Gerais serão, ainda, convocadas pela Diretoria Executiva, a requerimento de membros efetivos representando, no mínimo, “porcentagem” dos membros efetivos da “nome da Empresa Júnior”. Artigo 11º. A Assembléia Geral Ordinária reunir-se-á “número” vezes ao ano, sendo um “número” meses após o início do ano civil e outra no prazo de “número” de meses antes do término do mesmo. Artigo 12º. A Assembléia Geral Ordinária destina-se a analisar o parecer do Conselho de Administração a respeito das demonstrações financeiras, do relatório de atividades elaborado pela Diretoria Executiva e eleger os membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva. Artigo 13º. Serão nulas as decisões da Assembléia Geral sobre assuntos não incluídos na ordem do dia, a não ser que na Assembléia Geral se encontrem todos os membros efetivos e não haja oposição. Artigo 14º. A instauração da Assembléia Geral requer um quorum de “fração” dos membros efetivos e suas decisões serão sempre tomadas por maioria de “fração” de votos dos presentes, a não ser que disposto de forma distinta neste Estatuto. Parágrafo 1. Se à hora marcada para a Assembléia Geral não houver quorum de maioria absoluta dos membros efetivos, será dado um prazo de 30 (trinta) minutos para que seja atingido este quorum.
Parágrafo 2. Caso não seja atingido o quorum de realização da Assembléia Geral, após decorridos os 30 (trinta) minutos da primeira convocação, a Assembléia Geral se realizará se estiverem presentes pelo menos “fração” dos membros efetivos. Parágrafo 3. Se na segunda convocação não houver este novo quorum, a Assembléia geral não se realizará e a decisão sobre os assuntos em pauta será tomada pela Diretoria e aprovada pelo Conselho de Administração. Artigo 15º. A Assembléia Geral será presidida por “identificação do presidente” e as funções de secretário da Assembléia Geral serão desempenhadas por “identificação do secretário”. Capítulo V - Conselho de Administração Artigo 16º. O Conselho de Administração é o órgão de deliberação da “nome da empresa júnior”, composto por “número” membros eleitos por membros efetivos da “nome da Empresa Júnior ” para mandato de “período de tempo”. Artigo 17º. O Conselho de Administração reunir-se-á, pelo menos, “número” vezes durante o ano civil, mediante convocação do “agente da convocação” com antecedência mínima de “número” dias. Parágrafo Único. As reuniões do Conselho de Administração deverão ser ainda convocadas pelo seu presidente, a requerimento de, no mínimo, “porcentagem” de seus membros ou a requerimento da Diretoria Executiva. Artigo 19º. O Conselho de Administração é o órgão de assessoria da empresa júnior, cujos participantes são indicados pela Diretoria Executiva e eleitos em Assembléia Geral, e tem as seguintes funções:
a) Regulamentar as deliberações da Assembléia Geral; b) Examinar e emitir parecer sobre as demonstrações financeiras, relatórios de
atividades e orçamentos apresentados pela Diretoria Executiva, a cada reunião ordinária do Conselho de Administração;
c) Estabelecer diretrizes fundamentais da “nome da Empresa Júnior”; d) Manifestar-se sobre propostas e matérias que lhe sejam submetidas pela
Diretoria Executiva; e) Aprovar a admissão de membros da “nome da Empresa Júnior” e perda da
condição de membro da “nome da Empresa Júnior” em caso de violação das disposições do presente Estatuto;
f) Aceitar subvenções e legados; g) Aprovar as contribuições regulares fixadas pela Diretoria Executiva e por esta
encaminhada ao Conselho de Administração; h) Em caso de ocorrer vacância na Diretoria Executiva ou no Conselho de
Administração, indicar o nome de substituto; i) Deliberar sobre casos omissos neste Estatuto, por solicitação encaminhada
pela Diretoria Executiva.
Capítulo VI - Conselho Consultivo Artigo 20. O Conselho consultivo é um órgão da empresa júnior “nome da empresa” e tem como função acompanhar, questionar e, conforme for solicitado, aconselhar a Diretoria Executiva sobre atitudes e deliberações tomadas por esta ou por qualquer um dos membros da empresa júnior “nome da empresa”. Artigo 21. O Conselho Consultivo será composto por até 4 (quatro) membros colaboradores e membros do corpo docente da Instituição de Ensino Superior, eleitos em Assembléia Geral Ordinária, para mandato de 1 (um) ano, havendo eleições para 2 (dois) conselheiros a cada Assembléia Geral Ordinária. Parágrafo único: O Conselho Consultivo reunir-se-á de acordo com as necessidades manifestadas pela Diretoria Executiva ou a requerimento de, no mínimo, o primeiro número inteiro maior que 1/3 (um terço) dos membros efetivos da empresa júnior “nome da empresa”. Capítulo VII – Das Eleições Artigo 22. Os membros da Diretoria executiva e do Conselho de Administração são eleitos por membros efetivos da “nome da Empresa Júnior” em eleições realizadas em Assembléia Geral convocada para esse fim. Artigo 23. O Edital de Convocação da Assembléia Geral de Eleições deve ser publicado com o mínimo “prazo” dias de antecedência à data da eleição. Artigo 24. Todo o membro efetivo pode candidatar-se a um cargo na Diretoria executiva ou no Conselho de Administração sendo a eleição realizada em “sistema de eleição”. Parágrafo Único. A reeleição para um mesmo cargo da Diretoria Executiva ou Conselho de Administração é permitida uma única vez. Capítulo VIII– Diretoria Executiva Artigo 25. A Diretoria Executiva é investida dos poderes de administração e representação da “nome da Empresa Júnior” de forma a assegurar a consecução de seus objetivos, observando e fazendo observar o presente estatuto e as deliberações da Assembléia Geral. Artigo 26. A Diretoria Executiva será composta por “número” membros, eleitos entre os membros efetivos da “nome da Empresa Júnior” para mandato de “prazo”. Artigo 27. A Diretoria Executiva será composta de “Diretorias existentes”. Parágrafo Único – As funções de cada Diretoria serão definidas pelos respectivos regimentos. Artigo 28. Compete à Diretoria Executiva:
a) Executar as deliberações da Assembléia Geral e do Conselho de Administração;
b) Fixar as contribuições regulares dos membros efetivos bem como sua
periodicidade e encaminhá-las ao Conselho de Administração para aprovação.
c) Elaborar as demonstrações financeiras, relatórios de atividades e orçamento anual, apresentando-se ao Conselho de Administração para exame e emissão de parecer;
d) Receber os pedidos de prestação de serviços a terceiros, sempre levando em conta a capacidade da “nome da Empresa Júnior” para assumi-los, bem como seus interesses e objetivos fundamentais;
e) Elaborar e aprovar as propostas de prestação de serviços e respectivos contratos;
f) Requerer e providenciar todas as formalidades necessárias à obtenção de imunidade e isenções fiscais; e
g) Indicar os substitutos de Diretores no caso de impedimentos temporários dos mesmos, sendo que, no caso do Diretor Presidente, seu substituto temporário será necessariamente um outro Diretor Executivo.
Artigo 29. Em quaisquer atos que envolvam obrigações sociais, inclusive assinatura de contratos, emissão de cheques, ordens de pagamento, a “nome da Empresa Júnior” será representada por 2 (dois) Diretores em conjunto ou por Diretor e por um procurador. Parágrafo Único. A “nome da Empresa Júnior” é representada por procurador desde que a especifique os poderes e tenha prazo de validade limitado ao ano civil, executada as procurações “ad judicia”. Capítulo IX – Disposições Gerais Artigo 30. O exercício social coincidirá com o ano civil. Artigo 31. Os resultados da “nome da Empresa Júnior” que se verifiquem ao final de cada exercício social serão compulsoriamente reinvestidos nas atividades por ela conduzidas. Artigo 32. É vedada a remuneração aos integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva pelo exercício de tais funções, bem como a distribuição de bonificações ou vantagens a dirigentes, membros associados ou efetivos da “nome da Empresa Júnior”. Parágrafo Único. Os participantes de todos os projetos receberão da “nome da Empresa Júnior” reembolso referente aos custos incorridos nos mesmos. Artigo 33. Os membros efetivos que se formarem no exercício de seus mandatos serão substituídos da seguinte forma “procedimento”. Artigo 34. A “nome da Empresa Júnior” será extinta a qualquer tempo, “procedimento”. Artigo 35. O presente Estatuto somente poderá ser modificado pelo “procedimento”.
Capítulo X – Disposições Gerais Artigo 36 O exercício social coincidirá com o ano civil. Artigo 37 Os resultados da empresa júnior “nome da empresa” que se verificarem ao final de cada exercício social serão compulsoriamente reinvestidos nas atividades por ela conduzidas. Artigo 38. Para alteração do presente Estatuto é exigido o voto de 2/3 (dois terços) dos membros presentes à Assembléia especialmente constituída para esse fim. (A partir daqui, devem ser acrescentados artigos que possuam prazo de vigência restritos como, por exemplo: a data da primeira Assembléia para realização de eleições e prazo de duração das datas de início e término do mandato da primeira gestão ou da gestão durante a qual sejam realizadas mudanças no estatuto que porventura venham a atingi-la, etc). A empresa júnior “nome da empresa” Associação Civil é representada por:
Mestrado FACEF – 2004 Nome da Instituição: _________________________________________________ Localização:___________________________Cidade:______________________ Cursos:___________________________________________________________ Período: ( ) diurno ( ) noturno Número de alunos: ________ Nome da empresa júnior: _____________________________________________ Fundada em ___/____/____ Da constituição:
1. Como são constituídos os integrantes e o estatuto da empresa júnior?
2. De que cursos provêm os integrantes que fazem parte da empresa júnior?
3. Na consultoria há participação de alunos de outros cursos?
4. Caso um integrante da EJ seja convidado para trabalhar em uma empresa, como é feita sua substituição?
5. Como é feita a reeleição da empresa júnior? Quais são as regras de
substituição dos integrantes que compõem os cargos mais elevados, como Presidente, Vice e Tesoureiro ou integrantes da empresa júnior?
Dos serviços
6. Como as empresas locais ficam sabendo dos serviços prestados pela empresa júnior? Qual a forma de abordagem?
7. Como funciona o atendimento da empresa júnior às empresas que procuram seus serviços?
8. Há um ante-projeto (planejamento) antes da apresentação dos serviços de
consultoria que será executado pela empresa júnior? E de que forma são feitos?
9. Em média, quanto tempo duram os serviços prestados pela equipe da empresa júnior?
10. Quais os tipos de serviços prestados até a presente data e sua áreas de
atuação e seus resultados ?
11. Quais os tipos de empresa às quais a EJ tem prestado serviços (áreas de atuação)?
12. As atividades da EJ são simuladas ou acontecem na prática ?
Qualidade dos serviços
13. Como é avaliado o resultado final dos serviços prestados pelos membros da empresa júnior?
14. Quantas empresas retornaram para outros serviços elaborados pelos
integrantes da EJ?
Acompanhamento de docentes
15. Existe a presença de algum professor no processo de consultoria da empresa júnior?
16. Como é realizado esse acompanhamento do docente dentro do processo de
diagnóstico, realização e conclusão da consultoria? 17. Que tipo de interferência tem o docente no processo de atendimento da empresa
júnior às empresas que procuram os serviços? 18. Qual o custo dos serviços para o contratante da empresa júnior e como é
distribuída essa quantia?
Estrutura
19. Qual a forma de colaboração da instituição de ensino superior na permanência da empresa júnior, ou seja, o que a instituição oferece como infra-estrutura?
Análise dos resultados 20. Cite os pontos fortes e fracos da empresa júnior nesta instituição.
21. A empresa júnior possui um levantamento de quantos integrantes que participaram do processo de consultoria estão empregados?
Formação do Administrador 22. De que forma a empresa júnior, na sua opinião, contribui na formação do futuro administrador?
TABELA COMPARATIVA DOS MODELOS DE EMPRESA JÚNIOR MODELO ATUAL E O PROPOSTO PELO ESTUDO
MODELO ATUAL
MODELO PROPOSTO
SUBSTITUIÇÃO DOS MEMBROS DA EMPRESA JÚNIOR Não há formula prévia de substituição Preparação de suplentes ou trainees
SELEÇÃO DO PARTICIPANTES Aleatoriamente, conforme disponibilidade do aluno.
Por habilidade, competências formada por processo de avaliação pelos docentes.
TEMPO DE PERMANÊNCIA DOS MEMBROS DA DIRETORIA DA EMPRESA JÚNIOR
Até 2 anos 1 ano DIVULGAÇÃO DA EMPRESA JÚNIOR
Alunos ou contato com empresários Convênios com Associações, Sindicatos, SEBRAE, SENAC, etc.
CONFECÇÃO DE ANTE-PROJETO DE CONSULTORIA
Depende da consultoria Há um modelo padrão , adaptável às
necessidades das áreas de consultoria DURAÇÃO DAS CONSULTORIAS
3 a 6 meses, em alguns casos até 12 meses
Depende do projeto e conforme análise do Conselho: Mínimo de 12 meses.
TIPOS DE SERVIÇOS
Área de administração Todas as áreas sob a gestão dos alunos do curso de Administração, exceto serviços técnicos e especializados.
TIPOS DE EMPRESAS ATENDIDAS
Micros, Pequenas e Médias Todos os tipos de empresas, conforme a
solicitação e a estrutura para atendimento
SUPERVISÃO DE DOCENTES
Um professor-coordenador independe de suas qualidades profissionais e pessoais
Um coordenador-geral com habilidades especiais para conduzir o processo e
seus vários sub-coordenadores de diversas áreas.
FORMA DE INTERFERÊNCIA DO DOCENTE
Controle conforme a necessidade
Interferência na elaboração, durante e depois do projeto de consultoria.
FORMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS SERVICOS PRESTADOS
Retorno do cliente
Pesquisa de satisfação , por formulários ou visitas pós-vendas.
CUSTOS DOS SERVIÇOS DA EMPRESA JÚNIOR Nenhum custo ou apenas um custo
simbólico para despesas de manutençãoCusto para a manutenção e pagamento
dos profissionais colaboradores e despesas básicas. Incentivo à atuação.
ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PELAS IES ÀS EMPRESAS
JUNIORES
Básico: Sala , Computadores, Telefones Toda a estrutura logística: sala,
coordenadores, computadores, telefones, material promocional, site, etc.
PESQUISA DOS RESULTADOS DA CONSULTORIA Não há preocupação com os resultados
efetivos Análise periódica dos resultados, passo a
passo e direcionamento. AMBIENTE INTERNO DA EMPRESA JÚNIOR
Uma empresa com problemas de relacionamento internos
A presença de um professor-coordenador com características para o inter-
relacionamento pessoal. MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS
Totalmente desestimulados Preocupação com a motivação dos alunos, sob todos os aspectos.
POSIÇÃO DA INSTITUIÇÃO EM RELAÇÃO A EMPRESA JÚNIOR
É apenas um setor da instituição Uma área de preparação do futuro profissional formado pela instituição
VISAO DOS ALUNOS SOBRE A EMPRESA JUNIOR Em alguns casos desconhecem sua
existência. Visão definida e difundida dentro da
instituição. REGISTRO JURIDICO-LEGAL
Imprescindível para sua existência
Não há necessidade de registro, visto que outras alternativas mostram-se mais
frutíferas. Fonte: A empresa júnior no ensino de administração: um estudo em cursos de administração em cursos superiores de administração do noroeste paulista” Antonio Afonso Cortezi/2004.