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1 Lisboa, 9 de novembro de 2015 António João Maia [email protected] Corrupção – a importância da prevenção

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1

Lisboa, 9 de novembro de 2015

António João Maia [email protected]

Corrupção –

a importância da prevenção

2

Pontos a focar:

1 – A corrupção como problema;

2 – Gestão pública e corrupção;

3 – Transparência, ética e qualidade na AP;

3

1 – A corrupção como problema

4

- Crimes contra o Estado – cometidos no exercício de funções públicas;

- Conceitos sociológico e jurídico;

- Crime sem vítima (?);

- Pequena corrupção (corrupção administrativa);

- Grande corrupção (corrupção política);

- Distorce / desvirtua as funções do Estado;

- Provoca duplo / triplo empobrecimento do Estado;

- Mina a confiança entre os cidadãos, uns com os outros, e a sua relação com o Estado e a Administração Pública;

- Considerável dimensão de cifras negras;

5

Práticas inadequadas ao serviço público

DIM

EN

O R

EA

L D

O

PR

OB

LE

MA

Ocorrências

conhecidas

Ocorrências

ocultas

(desconhecidas)

6

Um modelo explicativo da corrupção – D. Cressey (1953)

Triângulo

da

Fraude

RACIONALIZAÇÃO

Risco percecionado de eventual deteção e punição

pela prática do ato;

PRESSÃO

Contexto da vida particular do sujeito (dívidas, jogo,

consumos, etc.);

OPORTUNIDADES

Para a prática de atos de natureza fraudulenta

Dimensão organizacional

Dimensão pessoal

7

Incidência dos planos prevenção da corrupção no modelo

Triângulo

da

Fraude

RACIONALIZAÇÃO

Risco percecionado de eventual deteção e punição

pela prática do ato;

PRESSÃO

Contexto da vida particular do sujeito (dívidas, jogo,

consumos, etc.);

OPORTUNIDADES

Para a prática de atos de natureza fraudulenta

Incidência direta

Incidência indireta

8

Incidência dos planos prevenção da corrupção no modelo

Triângulo

da

Fraude

RACIONALIZAÇÃO

Risco percecionado de eventual deteção e punição

pela prática do ato;

PRESSÃO

Contexto da vida particular do sujeito (dívidas, jogo,

consumos, etc.);

OPORTUNIDADES

Para a prática de atos de natureza fraudulenta

Prevenção direta -

planos de prevenção

de riscos

Prevenção indireta –

educação para a cidadania

9

Conceito de funcionário (art.º 386º) - Corrupção passiva para ato ilícito (art.º 372º); - Corrupção passiva para ato lícito (art.º 373º); - Corrupção ativa (art.º 374º); - Tráfico de influência (art.º 335º); - Participação económica em negócio (art.º 377º); - Violação de segredo por funcionário (art.º 383º); - Peculato (art.º 375º); - Peculato de uso (art.º 376º); - Concussão (art.º 379º); - Abuso de poder (art.º 382º);

Relação funcionário / cidadão

Relação funcionário / gestão e utilização dos bens públicos

O quadro de crimes do Código Penal

10

O quadro de crimes previstos para os titulares de cargos políticos Lei n.º 34/87, de 16

de Julho Define os crimes praticados por titulares de cargos políticos

Lei n.º 108/2001, de

28 de Novembro

Estabelece o quadro de crimes praticados por funcionários

em organizações estrangeiras e a corrupção no sector

privado – decorre da convenção da OCDE

Lei n.º 30/2008, de

10 de Julho

Estende a responsabilidade dos crimes políticos aos

Representantes da República nas Regiões Autónomas dos

Açores e Madeira

Lei 41/2010, de 3 de

Setembro

Altera o regime dos crimes praticados por titulares de

cargos políticos

Lei 4/2011, de 16 de

Fevereiro Introduz algumas alterações no regime das penas

11

Estatísticas oficiais dos crimes praticados no exercício de funções públicas

Ano Processos Arguidos

Iniciados Julgados

Valo

r p

erc

en

tual

méd

io d

e

pro

cesso

s a

cu

sad

os

Julgados Condenados

Valo

r p

erc

en

tual

méd

io d

e

arg

uid

os c

on

den

ad

os

2004 155 110 138 98

2005 227 110 169 116

2006 189 127 260 142

2007 224 172 251 142

2008 195 190 358 212

2009 160 174 343 186

2010 172 163 332 160

2011 177 150 288 145

2012 143 143 247 153

2013 166 146 293 179

Valores

Médios 181 149 82,1% 268 153 57,2%

Fonte: Estatísticas oficiais da Justiça - http://www.dgpj.mj.pt/sections/estatisticas-da-justica/index/

12

Estatísticas oficiais do crime de corrupção

Ano Processos Arguidos

Iniciados Julgados

Valo

r p

erc

en

tual

méd

io d

e

pro

cesso

s a

cu

sad

os

Julgados Condenados

Valo

r p

erc

en

tual

méd

io d

e

arg

uid

os c

on

den

ad

os

2004 72 48 69 49

2005 105 47 89 60

2006 106 29 147 71

2007 122 53 81 50

2008 103 56 100 58

2009 62 43 133 65

2010 51 62 163 68

2011 65 42 133 48

2012 52 45 86 48

2013 58 36 111 54

Valores

Médios 80 46 57,9% 111 57 51,3%

Fonte: Estatísticas oficiais da Justiça - http://www.dgpj.mj.pt/sections/estatisticas-da-justica/index/

13

2 – Gestão pública e corrupção

14

A corrupção como problema do Estado e da

Administração Pública

- O Estado (guardião do interesse geral);

- O Governo (definição das políticas públicas – corrupção política ou

grande corrupção);

- A Administração Pública (execução das políticas públicas –

corrupção administrativa ou “pequena” corrupção);

15

Política integrada de promoção da qualidade do

serviço público e da gestão de riscos

- Cartas de Ética dos serviços públicos (valores institucionais);

- Quadro normativo claro (o que fazer);

- Códigos de Conduta (padrões e expectativas das relações

internas e externas, pessoais e institucionais);

- Manuais de Boas Práticas (como fazer);

- Política de gestão de riscos de gestão – planos de prevenção de

riscos (corrupção);

- Divulgação pública de informação relativa às funções e atividades

desenvolvidas (transparência)

16

3 – Transparência, ética e

qualidade na AP

17

QUADRO DE VALORES ÉTICOS

(valores que os serviços assumem como seus e que querem ver

traduzidos nas suas ações)

Função Boas

práticas Conduta

Prevenção de riscos

de corrupção Mecanismos de

execução e

acompanhamento Riscos Medidas

preventivas

da entidade Sedimentação Códigos Localizar Medidas que Acompanhamento

do

departamento de de e

se mostrem

capazes efetivo da

da equipa manuais de conduta identificar de evitar adoção e eficácia

do funcionário boas práticas más

práticas

práticas

inadequadas

das medidas preventivas

adotadas

18

O ciclo de qualidade de Deming (1986) – o modelo PDCA

(RE)FORMULAR

Planeamento

PLAN ANÁLISE

Da informação colhida / atuar

ACT

IMPLEMENTAR

Implementação

DO CONTROLO

Acompanhamento e recolha de informação

CHECK

19

Obrigado pela atenção dispensada!

20

Algumas referências bibliograficas: - Carapeto, C. & F. Fonseca (2006), Administração Pública – Modernização, Qualidade e Inovação, Lisboa: Edições

Sílabo;

- Bilhim, J. (2000). Ciência da administração. Lisboa: Universidade Aberta;

- Bilhim, J. (2004). Teoria organizacional – estruturas e pessoas. Lisboa: ISCSP;

- Bilhim, J. (2014). As práticas dos gestores públicos em Portugal e os Códigos de Ética. In Seqüência (vol.69),

Florianópolis: 61-82;

- Carvalho, E. (2001). Reengenharia na Administração Pública – a procura de novos modelos de gestão, Lisboa: ISCSP;

- Carvalho, E. (2008). Agendas e reforma administrativa em Portugal. Tese de Doutoramento em Administração Pública.

Lisboa: ISCSP;

- Cressey, D. (1953), Other people´s money: A study in the Social Psychology of embezzlement, Glencoe: Free Press;

- Deming, W. (1986), Out of crisis, Boston: M.I.T. Press;

- Deming, W. (1986), Quality, productivity and competitive position, Boston: MIT Press;

- Maia, A. (2004). Os números da corrupção em Portugal. in Polícia e Justiça – Branqueamento de Capitais: 83-129;

- Maia, A. (2008). Corrupção: Realidade e percepções – O papel da imprensa. Lisboa: Instituto Superior de Ciências

Sociais e Políticas (Tese de Mestrado);

- Maia, A. (2014). Portugal com futuro – a luta contra a corrupção e o crime económico, in C. Pimenta et al. (orgs.) (2014)

Perceções da fraude e da corrupção no contexto português. V.N. Famalicão, Húmus / OBEGEF :121-128;

- Maia, A. & H. Borges (2014), Prevenir e reprimir a corrupção política em Portugal – Evolução do quadro legal, in I.

Cunha & E. Serrano (org.s) (2014), Cobertura Jornalística da Corrupção Política: Sistema Políticos, sistemas

Mediáticos; Enquadramentos Legais, Lisboa: Aletheia Editores: 109-179;

- Madureira, C. & M. Ascensio (2013), Handbook de Administração Pública, Lisboa: INA editora;

- Mars, G. (1982), Cheats at work: An Anthropology of workplace crime. Aldershot: Dartmouth Publishing;

- Minkes, J. & L. Minkes (org.s) (2008), Corporate and white-collar crime, California: SAGE;

- Mozzicafreddo, J,; J.Gomes & J. Baptista (org.s) (2003) Ética e Administração – Como modernizar os serviços públicos,

Oeiras: Celta;

- Rocha, J. (2005), Gestão da Qualidade – Aplicação aos serviços públicos, Lisboa: Escolar Editora;

- Rocha, J. (2009), Gestão pública e modernização administrativa, Oeiras: Instituto Nacional de Administração;

- Rocha, J. (2011), Gestão pública – Teorias, modelos e práticas, Lisboa: Escolar Editora;

- Saraiva, M. & A. Teixeira (orgs.), (2009), A qualidade numa perspectiva multi e interdisciplinar, Lisboa: Edições Sílabo;

- Soares, L. (2008), A Ética na Administração Pública, Lisboa, ISCSP;