corrupção, crimes e crises€¦ · semíramis corsi silva e carlos eduardo da costa campos 9...

45

Upload: others

Post on 15-Nov-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo
Page 2: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Corrupção, crimes e crises na Antiguidade

Page 3: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Editor-chefePablo Rodrigues

Editora-executiva Edylene Severiano

Selo Pórtico de Estudos sobre a Antigudade

Direção Científica

Anderson de Araujo Martins Esteves – UFRJ

Conselho Editorial

Fabio de Souza Lessa – UFRJ

Fábio Vergara – UFPel

Ricardo de Souza Nogueira – UFRJ

Conselho Consultivo

Anderson de Araujo Martins Esteves – UFRJ

Alexandre Moraes – UFF

Alice da Silva Cunha – UFRJ

Deivid Valério Gaia – UFRJ

Assessoria Executiva

Bruno Torres dos Santos – UFRJ

Carlos Eduardo Schmitt – UFRJ

Luis Filipe Bantim de Assumpção – UFRJ

Luiz Karol – UFRJ

Pedro Ivo Zaccur Leal – UFRJ/UERJ

Revisores

Arthur Rodrigues – UFRJ

Bráulio Costa Pereira – UFRJ

Page 4: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos(orgs.)

Corrupção, crimes e crises na Antiguidade

Page 5: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Copyrigth © 2018 by Semíramis Corsi Silva, Carlos Eduardo da Costa Campos e Desalinho

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1900, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

CapaPablo Rodrigues

Imagem de capaLa morte di Cesare, de Vincenzo Camuccini. Oléo sobre tela. Data de criação entre 1804 e 1805.

Organização Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos

Financiamento para esta publicação Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Dados de catalogação da publicação

Silva, Semíramis Corsi; Campos,Carlos Eduardo da CostaCorrupção, crimes e crises na Antiguidade. / Semíramis Corsi Silva, Carlos Eduardo da Costa Campos. – Rio de Janeiro: Desalinho, 2018.

ISBN: 978-85-92789-14-5

1. Antiguidade. 2. Corrupção. 3. Crimes. 4. Crises. I. Título.

CDD 930

[2018]DesalinhoRua Caricó. São João de Meriti, RJ.Telefone: (21) 994428064www.desalinhopublicacoes.com.brwww.blogdadesalinho.wordpress.comdesalinhopublicacoes@gmail.com

Page 6: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Sumário

Apresentação Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9

Prefácio

Loiva Otero Félix 13

Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo. Entre lo cósmico y lo a-cósmico

María Cecilia Colombani 17

Dioses em conflito: jerarquías divinas y el fin de la Edad de los heróes

Iván Pérez Miranda 31

Odisseu, a Guerra de Tróia e a crise da honra ou Odisseu, o embusteiro que nunca traiu a si mesmoPaulina Nólibos 49

Autor de um crime, autor de uma obra: sobre uma variável da responsabili-dade entre os gregos (Poesia e História) Tiago da Costa Guterres 73

A instituição teatral como estratégia na crise política ateniense: o final do século V e as corrupções oligárquicas

Dolores Puga 89

Relações de parentesco e política: uma crise trágica

Jussemar Weiss Gonçalves 105

Page 7: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Hábitos epigráficos e suas relações com os embates entre oligarcas e demo-

tikoi no fim do século V em Atenas

Luis Fernando Telles D’ajello 123

Otávio Augusto e a construção de suas redes político-religiosas pelo poder na Roma Antiga: um estudo sobre a clemência augustana

Carlos Eduardo da Costa Campos 141

A breve ascensão de Sejano durante o governo de Tibério César Augusto (14-37 d.C.): elementos de uma crise de representatividade política no início do Principado Romano

Rafael da Costa Campos 157

Príncipes funestos não descansarão em paz: discursos e resistências políti-cas no Panegírico de Trajano

Andrea L. Dorini O. C. Rossi e Nelson de Paiva Bondioli 173

A corrupção e os crimes de Heliogábalo: aspectos da governabilidade im-perial romana e as práticas políticas do princeps sírio vistas por seus detratores (século III EC)

Semíramis Corsi Silva 193

Do milenário da fundação de Roma à perseguição de Décio contra os cris-tãos: a “crise” como chave de leitura

Moisés Antiqueira 217

Elites locais, influências imperiais: Eumênio, Ausônio e as relações políticas nas Gálias do século IV d.C.

Thiago Brandão Zardini 233

Page 8: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

A “Idade de Ouro” promovida por Graciano nos Panegíricos de Quinto Aurélio Símaco Eusébio (século IV d.C.)

Janira Feliciano Pohlmann 251

Acusações de desonestidade e enriquecimento em nome da fé entre a Hiber-nia e a Britannia do século V: a Confessio de São Patrício, uma Apologia

Pro Uita Sua

Dominique Santos 265

Declínio e Queda do Império Persa: as leis, a política e a crise do período Sassânida

Otávio Luiz Vieira Pinto 279

Sermo rusticus, plebeius et barbarus: a diversidade dos falares como fator de corrupção da língua latina

Leila Maraschin 295

Retórica e Antiguidade na argumentação jornalística gaúcha do início do século XIX: Marco Túlio Cícero e a rejeição da multidão na plataforma antiretórica de O Analista (Porto Alegre, 1840)

Anderson Zalewski Vargas 311

Pão, Circo e Pipoca: as representações da política romana no Brasil atual

Luis Carlos P. Martins 331

Notas biográficas347

Page 9: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo
Page 10: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Apresentação

O livro Corrupção, Crimes e Crises na Antiguidade é uma coletânea de ca-pítulos escritos por pesquisadores doutores brasileiros e estrangeiros, visando le-vantar debates sobre a temática em questão a partir de um diálogo sobre antigos, modernos e suas diferenças. Acreditamos ser esse um tema interessante e merecedor de reflexões no âmbito acadêmico diante de um contexto político e econômico conturbado como o que estamos passando atualmente no Brasil, com crises econô-micas e de governabilidade e com acusações de corrupção a todo o momento em nossa política.

Em torno desta temática, a obra reúne trabalhos de História e áreas afins, como Literatura, Letras Clássicas e Filosofia. Além disso, o livro é resultado de um esforço em pareceria entre o Grupo de Trabalho História Antiga (GTHA-RS) – da Associação Nacional de História, seção Rio Grande do Sul (ANPUH-RS) – com o Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo Mediterrânico da UFSM (GEMAM/UFSM).

Entre os dias 23 e 26 de abril de 2018, comemorando a entrada em seu dé-cimo-oitavo ano de existência e seu retorno em 2016 após um período de pausa no trabalho em grupo, os membros do GTHA-RS se reuniram na Universidade Fede-ral de Santa Maria – UFSM, em um encontro acadêmico que, por sua vez, resultou em reflexões fundamentais para esta obra. O evento tratou-se do I Ciclo Interna-cional e II Ciclo Nacional do GTHA-RS & V Jornada de Estudos do GEMAM/UFSM: Corrupção, Crimes e Crises na Antiguidade. Para a realização do evento e de seus resultados, contamos com auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (agência do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC) e da UFSM. Diante disso, esse livro é resul-tado do trabalho deste grupo, o GTHA-RS, em parceria com o GEMAM/UFSM.

Dessa maneira, este livro apenas foi possível pelo esforço conjunto dos mem-bros do GTHA-RS, do GEMAM/UFSM, de nossos convidados autores de capí-tulos, pelo apoio da UFSM e, em especial, pelo auxílio financeiro que recebemos do CNPq. Assim, agradecemos a todos e a todas pela confiança em nosso trabalho.

Page 11: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

10

Abrindo a obra, María Cecília Colombani escreve sobre a degradação e a corrupção extrema que viviam os humanos de Hesíodo e sua destruição por um Zeus colérico. Na sequência, Iván Pérez Miranda problematiza a crise e os enfren-tamentos divinos que foram produzidos na ordem cósmica helênica em virtude da Guerra de Tróia. No terceiro capítulo, Paulina Nólibos reflete sobre a crise ética e a questão da honra do famoso Odisseu, protagonista da obra homérica Odisseia. No terceiro texto da coletânea, Tiago da Costa Guterres reflete sobre o gênero da Historiografia Antiga e escreve sobre os perigos que envolviam a produção e autoria de uma obra histórica na Antiguidade.

A partir do quarto texto, adentramos o mundo do teatro em Atenas no sé-culo V EC. No quinto texto, Dolores Puga aborda os jogos de poder, os casos de corrupção e as disputas pelo controle dos espetáculos teatrais, na Atenas Clássica. Já Jussemar Weiss Gonçalves trata sobre a constante ameaça que vivia a democracia na pólis isonômica através de um apurado estudo sobre as peças trágicas em sua dimensão teatral.

No último texto sobre a Grécia Clássica, analisando embates através da cul-tura material, Luis Fernando Telles D’ajello proporciona o debate sobre os hábitos epigráficos como parte da sua investigação sobre a relação do letramento com os processos que levaram a uma consciência democrática justificada por uma tradição criada no fim do século V a.C.

Adentrando no Império Romano, Carlos Eduardo da Costa Campos traba-lha com as importantes e sempre rememoradas estratégias de governabilidade e os pactos das elites realizados pelo imperador Otávio Augusto. Na sequência, Rafael da Costa Campos trata da construção do princeps Tibério como bom governante e depois como tirano e a breve ascensão de Sejano em meio ao governo do sucessor de Augusto. Ainda no contexto do Principado, Andrea L. Dorini Rossi e Nelson de Paiva Bondioli analisam as Cartas, de Plínio, o Jovem e o Panegírico de Trajano, com enfoque na contraposição discursiva presente nesse texto laudatório, assim observando indícios de possíveis resistências políticas. No próximo capítulo, Semí-ramis Corsi Silva analisa os crimes e a corrupção imputada ao imperador de origens siríacas conhecido na tradição como Heliogábalo, crimes esses lidos a partir de suas estratégias político-administrativas fora da ordem imperial e a partir de uma análise interseccional sobre construções de identidade cultural e gênero. Já Moisés Anti-

Page 12: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

11

queira escreve sobre a necessidade de problematização historiográfica de conceitos como crise e transformação, e nos lega ótimas reflexões para o presente a partir da análise da historiografia moderna e da documentação antiga.

Nas reflexões sobre a chamada Antiguidade Tardia, Thiago Zardini observa as figuras de Eumênio e Ausônio para compreender a relação entre retórica e for-mas de promoção das carreiras públicas nas Gálias (séculos III – IV d.C.). Já Janira Feliciano Pohlmann nos apresenta sua análise da construção de uma Idade de Ouro para o governo do esquecido, e agora lembrado, imperador Graciano. Ainda no contexto da Antiguidade Tardia, Dominique Santos trata das acusações de enri-quecimento e a corrupção imputada a Patrício, que, mesmo diante de tão graves acusações, é depois considerado um santo irlandês. Em um trabalho inovador no Brasil sobre os antigos persas, Otávio Luiz Vieira Pinto escreve sobre os elementos que levaram os persas Sassânidas à ascensão no século III EC e depois à queda no século VI EC. Fechamos assim as reflexões sobre a Antiguidade Tardia.

Com isso, adentramos em três textos que tratam sobre a Antiguidade em outros contextos históricos. Leila Maraschin debate os problemas políticos e sociais que estão vinculados aos (pre)conceitos do Latim chamado de vulgar, refletindo também sobre as transformações linguísticas do Latim em relação ao modelo clás-sico. Anderson Zalewski Vargas analisa os jornais gaúchos do início do século XIX e o conjunto de referências contidas sobre o mundo antigo, através os estudos retóricos e da teoria da recepção. No campo dos estudos de usos do passado, no úl-timo capítulo que compõe a coletânea, Luis Carlos dos Passos Martins reflete sobre como tópicos da política romana são (re)apropriados na atualidade cinematográfica e televisiva contemporâneas com diversas intencionalidades, por sites e blogs brasi-leiros e filmes como O Gladiador (2000), de Ridley Scott.

E o passado revisado nestes textos causa a sensação de presente e a sensação de que vivemos um presente com gosto trágico de passado.

No entanto, para encerrar essa apresentação, gostaríamos de deixar a lem-brança daquilo que podemos aprender com a Sociologia, com aquilo que colabora para o turn dos Annales, com a Filosofia que traz a revolução Foucault e com o que esse ensinou para Paul Veyne. Gostaríamos de deixar, como últimas palavras desta apresentação, aquilo que podemos aprender com a Antropologia e seu legado para a Nova História Cultural, para os Estudos Culturais, para os Pós-coloniais e para

Page 13: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

12

uma historiografia feminista e queer... É preciso pensar a partir da perspectiva das diferenças e da descontinuidade. Assim, o que os gregos e romanos podem nos en-sinar menos por seu inestimável legado, mas por sua alteridade em relação à crise, aos crimes e à corrupção? O que manteve e o que desmoronou com a democracia grega? O que aprendemos com as crises e as estratégias de governabilidade dos imperadores romanos? O que os persas antigos, os sírios e toda gente considerada bárbara, o outro greco-romano, podem nos ensinar sobre sua memória escorraçada numa rememoração de um ocidente doente e com sua historiografia aqui revisada?

Muitas perguntas e um caminho: a história é um grande inventário das di-ferenças (VEYNE, 1983). Há uma ode a ser cantada de forma descontínua. Nesse sentido, é preciso sair de nós mesmos e obrigar-nos a explicitar aquilo que nos causa admiração, mas também espanto, aquilo que nos une, mas, especialmente aquilo que nos separa daqueles que estão conosco neste livro.

Desejamos boas leituras e boas reflexões.

Profa. Dra. Semíramis Corsi Silva e Prof. Dr. Carlos Eduardo da Costa Campos,

organizadores.

RefeRência

VEYNE, P. O inventário das diferenças. História e Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1983.

Page 14: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Prefácio

À pRopósito de uma históRia que não é antiga...

coRRupção, cRimes e cRises!

O historiador grego Heródoto, não por acaso considerado o Pai da História, usa a palavra História com o significado de investigação, de procurar saber: o “ver” desencadeando o saber. História enquanto narração, relato e testemunho “daquele que vê”.

Ao perguntar no presente pelo passado, a história tenta responder à inquie-tude da busca do sentido de nossa vida individual e da coletividade, sendo assim as perguntas que cada época faz ao passado reflete os questionamentos pelos quais ela passa naquele momento.

A pesquisa histórica é um exercício de “olhar para trás”, indo em busca da apreensão do tempo com as vivencias do presente impregnada do conhecimento de que o tempo se recria pela memória, única forma de retê-lo, de apreendê-lo. Poder, com o olhar do presente e a memória do passado vislumbrar o futuro como conhecimento. A força mobilizadora da História não é apenas o futuro; é o pas-sado também na medida em que, cumprindo o papel de volta à origem, empurra para frente e não para trás. Realiza-se assim a função da história no compromisso com o presente, mesmo que indagando sobre os egípcios, gregos, romanos, celtas ou outros; de compreender o presente, papel que era desempenhado pelo mito nas sociedades ditas primitivas e que passa a sê-lo pela história a partir dos gregos.

Os antiquistas, e os historiadores em geral, estão hoje preocupados e volta-dos em suas análises para a situação de violência generalizada, em suas diferentes formas e desdobramentos, que assola o mundo ocidental e oriental. Sensível a tal problemática histórica e acadêmica a Profa. Dra. Semíramis Corsi Silva propôs a seus pares a discussão do tema “Corrupção, Crimes e Crises na Antiguidade”.

Page 15: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

14

Sinto-me feliz e honrada em prefaciar esse livro, entre outros motivos, por dois principais. O primeiro intrínseco ao próprio trabalho: a excelente qualidade dos textos, de todos os capítulos produzidos por pesquisadores altamente qualifi-cados e titulados. Esse, por si só, já justifica a relevância da publicação e o efeito multiplicador que a mesma terá no meio acadêmico como motivador de novos conhecimentos e novas pesquisas.

O segundo se refere ao evento propiciador da produção destas pesquisas: o encontro acadêmico ocorrido na UFSM: I Ciclo Internacional do GTHA-RS e II Ciclo Nacional do GTHA-RS e & V Jornada de Estudos do GEMAM/UFSM. Há dezoito anos atrás eu estava atuando na criação do GTHA-RS e hoje tenho a felicidade de ver que, graças à atuação solar, aglutinadora e carismática da Profa. Dra. Semíramis Corsi Silva, o GT de História Antiga da ANPUH-RS foi, sob sua coordenação, reativado em 2016 e produziu, em 2018 na UFSM, junto com sua equipe de trabalho, e com o Prof. Dr. Carlos Eduardo da Costa Campos, a convo-catória para o encontro. A acolhida, para participar, de grandes nomes de docentes, de diferentes universidades e regiões do país e do exterior mostrou o acerto do convite/chamado, da escolha do tema e do prestígio dos proponentes e daquela universidade federal. O arrojo da realização e o sucesso do evento, com tal ampli-tude e qualificação, possibilitaram o apoio dos órgãos de fomento e a realização alvissareira dessa publicação.

O livro, ao registrar os temas do evento na apresentação, já tão bem rese-nhados pelos organizadores, abre um leque importante de oportunidade de co-nhecimento das novas abordagens da história da antiguidade em curso em nossas universidades, ao mesmo tempo em que possibilita a amplitude e multiplicação das mesmas através de novas motivações. Ouso dizer que certamente abre-se assim um novo ciclo de saberes, capitaneado pelos pesquisadores aqui representados e impulsionado pelos dois coordenadores desta obra que passa a se tornar tão vital aos estudos de nosso campo de conhecimentos e de nossa paixão pela descoberta da história da antiguidade e dos inícios do medievalismo.

A temática geral de Corrupção, crimes e crises na antiguidade é analisada pelos diferentes autores na gama de facetas que a compõe em estudos abrangendo Gré-cia, Roma e Pérsia nas quais são analisadas uma ampla variedade de temáticas, tais como: retórica; discussões sobre conceitos de crise e de conflito e suas exemplifica-

Page 16: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

15

ções nos diferentes espaços históricos (crise de representatividade política, crise de honra, crise pela guerra, crise econômica, etc.); conceitos de decadência (discutidos também para a antiguidade tardia e incorporados com as discussões dos conceitos de “transformações ” e “reelaborações”); manifestações e conceituações de corrup-ção e de degradação moral; manifestações de violência nos discursos, nas ações e nas representações iconográficas; a instituição teatral como espaço de manifestação de estratégias políticas (relações de parentesco e crise política, corrupções oligárqui-cas); discussões sobre legitimidade e usurpação; resistências políticas e ações contra rivais; acusações de desonestidades de enriquecimento em nome da fé; atuação de elites locais nos processos de governabilidade e assim por diante – tantas outras dimensões interessantes e relevantes.

O tema do teatro, como não poderia deixar de ser, aparece como espaço privilegiado em mais de um autor deste livro. É examinado em diferentes peças teatrais nas questões envolvendo disputas familiares e políticas na polis, contendas entre homens e divindades, conflitos de hierarquias, crises políticas, crimes, corrup-ções, violências praticadas por homens e deuses, conflitos entre cidadãos e Estado e entre moderados e oligarcas. O teatro enquanto espaço político de visibilidade dos múltiplos sujeitos históricos.

Tais temáticas da violência e seus desdobramentos ao serem questionadas geraram novas perguntas: são elas frutos de uma situação única desse momento? Como se deu na antiguidade? Como surgiu? Que variáveis atuaram? Como se deu a relação indivíduo/Estado/força? Como as variáveis culturais em Grécia /Roma e em outros povos analisados interferiam?

As respostas a cada modalidade e situação específica do mundo antigo en-contram-se abordadas por pesquisadores especialistas em seus campos de saber-re-gistradas nessa obra – e que, através de suas pesquisas e conhecimento foram em busca de seu “testemunho”, de sua “investigação”, de seu “saber ver em profundida-de”, do seu conhecimento da história.

Ao olhar para o passado, com os olhos do presente e com as angústias de um momento de violências, geradas por e geradoras de corrupção, crimes e crises, cons-tatamos que nada é mais atual e urgente do que irmos a busca do “testemunho”, da “história” e, no nosso caso, como antiquistas, como estudiosos da “história antiga”

Page 17: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

16

ir em busca dela e, ao encontrá-la neste livro certamente nos trará uma leitura en-riquecedora para a compreensão dessa temática.

Profa. Dra. Loiva Otero Félix Professora aposentada de História da Antiguidade Clássica

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGs)

Page 18: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Otávio Augusto e a construção de suas redes político-religiosas pelo poder na Roma antiga: um estudo sobre a clemência augustana

caRlos eduaRdo da costa camposDocente tutor do CEDERJ/Polo de Piraí – EAD/UNIRIO

A História Antiga é uma área do conhecimento que intriga e instiga os pes-quisadores por sua dinâmica e possibilidades de análises sociais. Tal assertiva fun-damenta-se na maneira como a pesquisa e o ensino de História vem sendo tratado no momento, visto que tal disciplina não é mais abordada como uma simples des-crição de eventos históricos de forma petrificada, unidirecional e desconexa com o momento atual. Para Norbert Rouland (1997, p. 146) e Ryan Balot (2009, p. 03 -19), o estudo sobre o pensamento político e social clássico é um poderoso instrumento de reflexão por possibilitar o alargamento de visões sob aspectos antro-pológicos e políticos do cenário atual1. Logo, as pesquisas sobre esse vasto Mundo

1. No Brasil, após a eleição presidencial de 2014, as disputas políticas assolaram a nossa socie-dade e, com isso, foram produzidos diversos conflitos, bem como manifestações. Em alguns casos, verificamos menções ao famoso evento romano dos “idos de março”, por exemplo, que foi utilizado para refletir sobre uma possível tentativa de golpe contra a Presidente eleita Dilma, tal como Júlio César havia perpassado em 44 A.E.C. Disponível em: http://oglobo.globo.com/content/content-include-colunistas/cuidado-com-os-idos-de-marco-1540382. Acessado em: 30/03/2015; Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/julio--cesar/noa-idos-de-marco/. Acessado em: 02/04/2015; Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,cuidado-com-os-idos-de-marco-imp-,1637784. Acessado em: 04/04/2015; Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/32079-fo-ram-se-os-idos-de-marco.shtml. Acessado em: 05/04/2015. Sobre os embates no cenário político brasileiro de 2014 e 2015 vide informações disponíveis em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/04/1615424-maioria-quer-impeachment-de-dilma-e-nao-conhece-vi-ce.shtml. Acessado em: 12/04/2015; Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150313_protestos_paulista_cc_lgbhttp://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150313_protestos_paulista_cc_lgb, acessado em: 12/04/2015; Dispo-

Page 19: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

142

Antigo permitem tecer uma pluralidade de perspectivas no tocante à atuação políti-ca do homem e a sua relação com o meio social em que vive, tanto na Antiguidade quanto nos dias de hoje.

Em um mundo de crescente desilusão com os políticos e os sistemas de governo existentes, em razão dos casos de corrupção, golpes civis-militares, conspi-rações sociais e censura à população, acredita-se que um estudo sobre o Principado de Augusto e seu papel na cultura-política romana não é apenas significativo pela sua historicidade, mas marcadamente relevante para a compreensão do momento atual, para longe de uma mera transposição de fatos de forma anacrônica. Desse modo, os problemas de Roma no tempo de Augusto e de outras temporalidades, auxiliam a ampliar visões sobre as formas de exercício do poder.

Como a História é formada por seleções e marcos, nota-se que há um con-senso historiográfico, como em Andrew Wallace-Hadrill (2012, p.VIII) e Karl Ga-linsky (2012, p. 33), acerca da vitória de Otávio Augusto sobre Marco Antônio e Cleópatra VII na Batalha do Ácio, em 31 AEC, e a tomada de Alexandria em 30 AEC formam eventos muito maiores que simples conquistas sobre dois rivais polí-ticos para Roma. Em nossas análises, esses fatos históricos formam um conjunto de representações que demarcam as mudanças em vários aspectos políticos e sociocul-turais no mundo romano. Tais medidas tinham como intenção principal demons-trar a capacidade de Otávio Augusto e suas redes político-religiosas em defender o mos maiorum2 romano, evidenciando que esse grupo foi o único capaz de unir os múltiplos interesses dos povos em torno de si e diante dos inimigos.

Seguindo a visão de Hadrill (2012, p. 1), percebemos que Otávio Augusto produziu no mundo romano um sentimento de nova ordem social. Isso não carac-terizava alterações apenas no cenário político, mas sim um novo sentido quanto ao que Roma foi ao que ela viria a ser em seu governo. Sua nova ordem surgiria gradu-

nível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150315_cartazes_protes-tos_pai. Acessado em: 12/04/2015; Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141026_dilma_vitoria_minas_gerais_rb,acessado em: 12/04/2015; Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/04/1616621-para-dilma-ter-ceiro-turno-e-reacao-de-quem-nao-esta-no-poder.shtml?cmpid=facefolha. Acessado em: 15/04/2015.2. O mos maiorum pode ser compreendido como o conjunto de costumes e valores tradicio-nais, passados pelos ancestrais, que devem ser mantidos para a manutenção da estabilidade social e identificação do ser romano (BUSTAMANTE, 2006, p. 112).

Page 20: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

143

almente com base no difícil contexto perpassado pela República Romana ao longo do século I AEC. Para que seu projeto fosse efetivo, era necessário o enraizamento mitológico de uma nova ordem por Otávio Augusto a partir do Ácio. Assim, con-vergimos com a linha de Andrew Goldsworthy (2014), A. Wallace-Hadrill (2012), Carsten Horj Lange (2008) e Paul Zanker (1987). Como ele procederia para im-plementar tal projeto?

Para tanto, a nova ordem augustana precisou elaborar um novo repertório mitológico que fosse carregado de símbolos, os quais refletiam a modificação cul-tural que os romanos vivenciavam em seus valores cotidianos. No centro de tantos elementos mitológicos sobre os feitos de Augusto, é possível verificar que a Batalha do Ácio destaca-se até hoje, considerando que foi a partir dela que o futuro princeps estabeleceu o seu domínio e uma relativa paz sobre o mundo romano. Poderíamos pensar que tal conquista foi um triunfo de um déspota militar, porém provavel-mente os romanos não compreendiam tal vitória dessa forma. Mediante Walla-ce-Hadrill (2012, p. 1) e Paul Zanker (1992, p. 18), verificamos que o sucesso de Augusto no Ácio foi refletido na documentação literária e na cultura material como um mecanismo de salvação ou restauração romana quanto à trajetória de destruição que Roma vivenciou pelas guerras civis. Vale mencionar que muitas informações que detemos sobre a Batalha do Ácio passam pelo prisma da história do vitorioso e, automaticamente, como o vencedor escreveu a história do seu período. Entretanto, nosso objetivo é problematizar e refletir sobre alguns desses dispositivos utilizados por Otávio em seu regime, os quais visavam a sua consolidação no poder, após a Batalha do Ácio.

Temos como pressuposto que o projeto sociopolítico capitaneado por Otá-vio foi bem-sucedido, uma vez que ele buscava corresponder as demandas exis-tentes entre as ordens sociais romanas. Contudo, pensamos esse projeto como um processo que envolveu avanços e recuos, perdas e ganhos, negociações e tensões, conspirações e pacificações, conflitos e alianças, ou seja, a estabilidade para o go-verno é o resultado de um jogo sociopolítico contínuo e não de uma imposição unidirecional. O sucesso desse projeto residiu na versatilidade que Otávio Augusto e os seus apoiadores teceram na vida pública e privada romana pelo poder. Afinal, dos senadores aos plebeus, de Roma às províncias, as guerras haviam produzido enormes estragos econômicos, sociais e físicos para diversas famílias. Por isso, não

Page 21: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

144

devemos esquecer o fator humano como um agente importante para a circulação de ideias e demandas sociais. Sociedades são feitas de seres humanos os quais, em algum momento, precisam ser atendidos em suas necessidades básicas para não produzirem revoltas populares, como vemos na História de Roma. Logo, tal pro-messas de “paz” e de novos tempos figuravam como um objetivo constante entre os cidadãos que estavam nas legiões, os parentes desses últimos, bem como aqueles que sofriam com o caos gerado pelas guerras, pode ter sido vital para sustentar as ações de Otávio Augusto.

Percebemos um consenso historiográfico entre os pesquisadores que a Bata-lha do Ácio foi exposta como uma guerra estrangeira, justificando a promoção da guerra por Otávio Augusto e omitindo, de certa forma, a verdadeira guerra civil que estava se desenvolvendo novamente no mundo romano. Segundo Paul Zanker (1992, p. 103-127), se analisarmos a riqueza de monumentos e moedas em come-moração à Batalha do Ácio, de imediato, verificamos um amplo quantitativo de suportes em que não encontramos referências a Antônio, o derrotado da batalha, uma possível árdua escolha para Otávio Augusto. Para celebrar uma vitória, deve-ria demonstrar clemência e não alimentar possíveis novas contendas pelo valor de Antônio no imaginário social dos romanos. Logo, Zanker aponta que não era per-mitido se referir ao inimigo derrotado. Afinal, o próprio Otávio Augusto detinha sobrinhos e outras crianças, as quais eram filhos de Antônio com Cleópatra que viviam em sua casa. Além disso, muitos dos referidos “inimigos” de Roma também eram cidadãos romanos e um ataque as suas imagens poderiam gerar novas contur-bações sociais por alimentar ódios latentes.

É importante frisar que os autores eram contemporâneos, junto com os que integravam a sociedade da experiência da guerra civil. Sêneca, o Velho em Contro-vérsias (10.3-5), menciona o epigrama de um historiador augustano que era cha-mado de Tito Labieno, o qual salientava que “[...] a melhor defesa contra a guerra civil era esquecê-la”. Afinal, lembrar os horrores de uma guerra civil não faria a população vir a esquecer desse acontecimento e, menos ainda, de um choque entre concidadãos. Desse modo, a figura de Cleópatra e do Egito foram tomadas como o alvo para canalizar o discurso de ódio e vitória, como podemos confrontar nos discursos de Tito Lívio, Periocas, 132; Veleio Patérculo, História Romana, 2.82.4; Tácito, Anais, 3.18; Plutarco, Vida de Antônio 56.1 / 2; 58,1 / 2; 60,2; 62; Dião

Page 22: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

145

Cássio, História Romana, 50.3.2; 50.9.2; 50.12. Nos referidos autores, a figura de Cleópatra é exposta como o real perigo que o mundo romano detinha por suas ma-quinações sobre Antônio, visto como um homem fraco. Minimizava-se a exposição da figura de Antônio.

Em linhas gerais, a escolha dos rivais e do termo para designar a guerra que seria travada já nos demonstra o resultado da batalha discursiva que estava se desenvolvendo por Otávio Augusto. Uma preparação para a guerra em si, na qual precisava apresentar um posicionamento estratégico, porém não como um agressor. Com isso, a guerra era ratificada por meio de alegações supostamente consideradas justas para a sua realização, o que, em muitos casos, ocultava a real intenção para a sua promoção como vemos no caso desse conflito (BRISSON, 1969, p. 17; BUS-TAMANTE, 2012; SINI, 1991, p. 193). Na cultura latina, o viés que correspon-deu à deflagração de uma guerra com bases legítimas para tal ação foi intitulado de Bellum Iustum (Guerra Justa) e, para Regina Bustamante, o referido conceito possui um papel central nas justificativas romanas para a promoção das guerras. Endossa-mos a nossa perspectiva ao observarmos a obra Das Leis III, 8, na qual Marco Túlio Cícero descreve que uma guerra empreendida pelos comandantes romanos, para ser justa, deveria ser baseada em sua legítima defesa.

Regina Maria C. Bustamante (2012, p. 213) possibilita compreender os procedimentos que fizeram com que os romanos declarassem uma guerra, como buscar obter a proteção dos deuses e evitar a sua ira por meio da legitimação do Bellum Iustum: “[...] ou seja, pautado por motivos considerados justos: expulsão do inimigo, vingança por uma injustiça sofrida ou reivindicação de um direito legítimo”. Breno Sebastiani (2003, p. 39) frisa que, na cultura romana, o sucesso na batalha deveria estar ao lado daquele que foi agredido, pois a sua retaliação converter-se-ia em justa; caso contrário, o embate não conseguiria a proteção dos deuses, cabendo-lhe o insucesso. Sendo assim, a guerra era um evento que, para ser produzido, necessitava dos benefícios dos deuses para alcançar êxito. Em virtude de sua sacralidade, os confrontos não deveriam ser ímpios, pois poderiam gerar um descompasso com os desígnios divinos e, com isso, tornarem-se malogrados. Como verificamos, a necessidade do ritual assegurado pelos sacerdotes feciais e o envio da lança para declarar a guerra, próximo ao templo da deusa Belona, eram mecanis-

Page 23: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

146

mos importantes religiosamente e para demarcar socialmente os motivos da guerra e quem era o alvo do confronto.

Convergimos com Andrew Goldsworthy (2014, p. 5) que Otávio Augusto estava ciente do peso que uma imagem pública romana detinha para os políticos, bem como dos passos que deveria tomar em seu projeto. Ele não era mais um aspirante que desejar ser governante político e tinha a possibilidade de construir mensagens para todas as províncias, bem como recursos muito maiores do que qualquer outra pessoa. As imagens de Augusto sobreviveram em larga escala como nenhum outro humano do mundo antigo. Por isso, a chance de criar novas formas para compreender o período e a época que se iniciava.

Ao realizarmos a digressão para um balanço historiográfico, recorremos a Ronald Syme, em The Roman Revolution (1939). Syme argumenta que o período triunviral foi descrito pela documentação clássica – principalmente pelo próprio Augusto, assim como Veleio Patérculo, Horácio, Dião Cássio – como uma época confusa, até mesmo caótica e hedionda na História da República de Roma. Dessa forma, Syme (2002, p. 3) pontua que Otávio Augusto e seus apoiadores geraram uma ilusão, que permeia muitos historiadores, a de que, após o Ácio, houve uma nova era de paz3. Convergindo com Syme, John Carter (1970, p. 244-245) aponta que a batalha do Ácio foi escolhida e utilizada como esse ponto de fundação da dinastia dos Júlio-Claudianos, não apenas por Otávio Augusto, pois, os imperadores sucessores também se valeram desse uso como um momento de reordenamento social. Todavia, o autor não tece maiores considerações apenas se centrando na descrição dos fatos históricos.

Paul Zanker (1992, p. 103-127) argumenta no livro Augusto e o poder das imagens, publicado em 1988, que, ao longo de muitos anos, a batalha de Ácio foi considerada uma espécie de milagre secular, da qual emergia a nova era de Augusto. O triunvirato para Zanker é exposto como tempos sombrios que detinham apenas como função levar até Augusto. Segundo Zanker, tais símbolos básicos para a bata-lha de Ácio marcam o início de um novo horizonte mental4 imperial, cujo desenvol-vimento e elaboração seriam seguidos pelas gerações posteriores. Destacamos como

3. Tal perspectiva também é partilha por Karl Galinsky (2012, p. 33).4. Como horizonte mental, compreendemos a formulação de modos de pensamento em razão do contexto social de produção da época e dos discursos elaborados no período pelas esferas políticas e religiosas. Tais medidas detinham a expectativa de incutir a ordem social,

Page 24: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

147

característica particular deste simbolismo a sua simplicidade, bem como a clareza, especialmente quando nos lembramos da cunhagem republicana. A partir do Ácio, todo o simbolismo fazia referência a um indivíduo, ou seja, ao Imperador como mantenedor da ordem social.

Com uma proposta próxima a de Paul Zanker, é possível ressaltar os estudos de Andrew Wallace-Hadrill, em Augustan Rome, publicados em 1993. O referido historiador evidencia que a batalha do Ácio necessita ser revista, pois ela é mais que um enfrentamento militar entre dois eixos oponentes, representando também um ponto de viragem e de transformação cultural na sociedade romana, elaborada por Augusto (WALLACE-HADRILL, 2012, p. 6-7). Segundo Wallace-Hadrill, Ácio se configurou no repertório romano como um mito de fundação da nova ordem social. Desse modo, a luta entre dois homens pela supremacia política e militar foi ampliada para um embate em que Otávio Augusto buscava preservar os valores sociais e salvar Roma, os deuses, as províncias e o mos maiorum da invasão e ruína provocada por um homem deturpado moralmente com uma ambiciosa rainha ni-lótica. Foi o triunfo de Roma sobre a alteridade que se representava como bárbara.

É possível pontuar que os debates sobre o Mito do Ácio chegaram ao ápice em 1995, com a publicação de um provocativo livro intitulado Actium and Augus-tus: The Politics and Emotions of Civil War, por Robert Alan Gurval. Os argumentos centrais do livro são de que o Ácio foi menos importante na percepção do público daquele momento, do que os estudiosos, tradicionalmente, têm pensado em nossa atualidade. Outro ponto é a centralidade que a batalha de Alexandria detém para Gurval. Para o autor, a partir de Virgílio, é com a Eneida que o Ácio passa a ser construído simbolicamente como o ponto de viragem com a vitória sendo credi-tada a Apolo. No contexto de sua consideração mais ampla sobre o “mito aciano”, Gurval possibilita que depreendamos que o tratamento literário da batalha variou de autor para autor e evoluiu ao longo do tempo. Como seria de esperar, tendo em vista as conclusões dos dois primeiros capítulos, Gurval (1995, p. 208-213) sustenta que os textos clássicos devem ser lidos como reflexões fundamentalmente pessoais sobre um evento que os próprios poetas tinham agregado uma importância particular e não necessariamente similar.

entre os integrantes de um dado território (MALKIN; CONSTANTAKOPOULOU; PA-NAGOPOULOU, 2009, p. 1).

Page 25: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

148

J. Osgood argumenta em sua publicação denominada Caesar’s Legacy. Civil War and the Emergence of the Roman Empire (2006) que, de fato, houve a cons-trução de um mito sobre a batalha do Ácio, por Otávio Augusto, em seu projeto de consolidação no poder. Todavia, o autor ressalta que há vários problemas nas formas como Gurval interpreta a documentação e, na realidade, o livro foi muito utilizado por ser um dos poucos materiais sobre o período triunviral, algo que foi extremamente desconhecido pelo mundo de língua inglesa. Osgood (2006, p. 351- 384) frisa que o livro tenta, pelo menos em parte, ser um novo The Roman Revolu-tion. Osgood salienta que o mito do Ácio, produzido em Roma, também pode ter sido “diferente” das batalhas conhecidas em outras partes do império. Nota-se que Osgood discorda de Gurval, mas eles não apresentam diretamente seus desacordos em suas declarações. De modo semelhante, o espaço de reflexão sobre o Ácio é reduzido em seu livro, no qual propõe analisar a guerra civil e o período triunviral.

Uma nova tese sobre a batalha do Ácio foi produzida em 2008, por Carsten Horj Lange, intitulada Res publica constituta: Actium, Apollo and the accomplishment of the triumviral assignment. Carsten inicia suas pesquisas apontando os problemas da teoria de Gurval, porém expondo que, apesar dos problemas do autor, Gurval foi o pioneiro em lançar novos olhares para tal época. Um ponto que discordamos de Lange, pois temos as propostas de Paul Zanker e Andrew Wallace-Hadrill como antecessores ao desenvolvimento da perspectiva de Robert Gurval. Talvez a ênfase dada para Alexandria, pudesse ser o ponto marcante de Gurval em conjunto das análises sobre as relações míticas de Apolo e Augusto. Todavia, também estamos cientes das possíveis escolhas de leitura do autor. Para Lange, um dos principais problemas na teoria de Gurval é que ele não observava as comemorações locais, dando maior peso para as fontes literárias. Pela cultura material, é possível notar festivais que já ocorreriam na época da vitória no Ácio, bem como a própria funda-ção de uma cidade em honra da conquista chamada de Nicópolis (LANGE, 2008, p. 5). A análise restrita minimiza a evidência histórica e, em vez disso, concentra-se unilateralmente sobre um único objeto, no caso de Gurval a poesia. O objetivo de Lange em sua tese foi problematizar a batalha do Ácio pelas maneiras em que o regime de Otávio Augusto representou e comemorou este conflito. Contrariando a proposta de Gurval, sobre a batalha de Alexandria, Lange (2008, p. 1-2) frisa que o Ácio foi relativamente mais importante que a Alexandria na ideologia do regime,

Page 26: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

149

mas o autor destaca que, ao mesmo tempo, as duas batalhas devem ser entendidas em conjunto, como parte da realização de Otávio Augusto, assim: restaurando a República, a ordem e acabando com as guerras civis de Roma. O foco do autor consiste no período compreendido entre 43-27 AEC. Portanto, o Ácio é para Lan-ge o endossamento ao papel político de Otávio Augusto como realmente apto para governar.

Paulo Martins (2011, p. 73) compartilhando dos apontamentos de Paul Zanker reafirma o pressuposto segundo o qual, após a batalha do Ácio, houve um processo de construção imagético de Otávio Augusto. Tal elaboração discursiva aproximava o governante do modelo grego de representação dos soberanos, em detrimento da forma republicana, tanto que poderíamos seguir uma periodização para trabalhar tais imagens nos mais variados tipos de suporte da seguinte maneira: “44 até 27 AEC, de 27 AEC a 14 EC e de 14 EC em diante”. Assim, os aponta-mentos de Martins reforçam a ideia do Ácio como um mito construído por Otávio Augusto e um ponto de reformulação de sua política.

Como base nas leituras realizadas, tornou-se notório que a guerra civil mu-dou Roma e o Ácio foi a chave encontrada para marcar essa viragem. Afinal, Cars-ten Horj Lange (2008, p. 1-18) assegura que Otávio Augusto teria percebido que a vitória não seria o suficiente para que ele fosse mantido no poder. A paz era o que as pessoas queriam em realidade. Lange afirma que Otávio Augusto também percebeu cedo que os seus atos precisavam ser justificados de um jeito ou de outro, levando em conta o seu entendimento acerca do contexto político em que estava inserido. Nos escritos augustanos, vemos que ele se justifica como clemente, ao dizer que: “Muitas vezes fiz guerras, civis e externas, na terra e no mar por todo o mundo, e, vencedor, poupei todos os cidadãos que pediam clemência” (Res Gestae, 3). Sua guerra não era promovida pelo mero prazer de destruir cidades e atacar seus cida-dãos. Outra justificativa que encontramos reside em “preferir conservar a destruir os povos estrangeiros a que se pôde, com a devida segurança, perdoar” (Res Gestae, 3). Um jogo discursivo recorrente que justifica os seus atos belicosos.

A concessão da “clemência” (clementia) por Augusto, apesar de não ser ino-vação como vemos em Júlio César, surgiu como uma importante ferramenta para estabelecer e manter relações de poder. É interessante evidenciar que muitos foram beneficiados por esse processo de submissão a Augusto e ganharam posições de

Page 27: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

150

destaque na sociedade. A clemência augustana é uma alternativa estratégica para demarcar a rede político-religiosa do princeps e demonstrar publicamente a sua autoridade.

As mudanças das redes de Marco Antônio para Otávio revelam o seu po-tencial para governar e a expressividade do seu poder na época. Ele não diminui o número de seus aliados, pelo contrário, ele ampliou as suas conectividades por intermédio dos próprios ex-inimigos. Afinal, em um sistema de interação social, Otávio Augusto promoveu redes político-religiosas que geravam benefícios e/ou pu-nições, de tal maneira que pudesse controlar insubordinações e viesse a promover a sua imagem como sinônimo de autoridade. Ao conceder a clemência, ele esta-belecia com os inimigos uma relação de débito quanto à ação prestada. Portanto, o que se torna aparente com esse estudo é que a clemência carregava consigo um aumento das redes político-religiosas de amizade e de clientelismo junto a Augusto. Desse modo, com base no aparato prosopográfico5 foi possível mapear e indentifi-car essas redes augustanas.

Vale salientar e presença de Lúcio Semprônio Atratino, isto é, membro do ramo patrício da família Sempronia (registro 21)6. Além disso, é oportuno mencio-nar que Atratino foi adotado por Lúcio Calpúrnio Bestia, porém não assumiu o gentilício do seu pai adotivo. Em Pro Caelio, de Marco Túlio Cícero, notamos que em 56 AEC, Atratino fez uma acusação contra Marco Célio Rufo, provavelmente como vingança por ataques ao seu pai adotivo e influência de sua amante Clodia, que tinha Rufo como desafeto. Atratino foi eleito pretor suffectus em 40 AEC e áu-gure7. Inicialmente, ele foi um defensor da causa de Marco Antônio, assim servindo como propretor na Grécia em 39 AEC. Em 34 AEC, ele foi eleito consul suffectus. No desenrolar do conflito da Batalha do Ácio, 31 AEC, Atratino mudou seu apoio

5. Sobre o estudo prosopográfico desenvolvido em nossa pesquisa indicamos a leitura da tese de doutorado Carlos Eduardo da Costa Campos (2017), a qual foi intitulada de Otávio Augusto e as suas redes-político religiosas nos quattuor amplissima collegia sacerdotum romano-rum (29 AEC – 14 EC).6. Para obter mais informações sobre o registro, sugerimos a leitura da Prosopografia dos Quatro Grandes Colégios Sacerdotais no Período de Consolidação do Poder de Otávio Augusto (CAMPOS, 2017, p.362-380).7. Membro do colégio sacerdotal dos áugures, preocupado com a adivinhação. O áugure assumia os auspícios antes da realização de campanhas militares e antes das reuniões públi-cas, por exemplo. A partir de 300 a.C., cinco dos nove augures eram plebeus (CAMPOS, 2017, p.381).

Page 28: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

151

para Augusto. Com isso, ele foi recompensado por suas ações e fidelidade como procônsul da África em 23 AEC8.

Caio Fonteio Capito integrava a gens Fonteia que era uma família de matriz plebeia em Roma (registro 22)9. Os seus integrantes são mencionados desde o final do século III AEC, a partir de Tito Fonteio que foi um comandante de Públio Cornélio Cipião, na Segunda Guerra Púnica. O primeiro dos Fonteii que conse-guiu obter o consulado foi Caio Fonteio Capito, pois ele tornou-se consul suffectus em 33 AEC. É conveniente salientar que Capito também foi tribuno da plebe em 39 AEC e era partidário de M. Antônio quando foi cooptado, nesse mesmo ano, para o colégio dos áugures. Ele, provavelmente, é o mesmo Caio Fonteio Capito que acompanhou Mecenas em 37 AEC, quando foi despachado por Augusto para restaurar a amizade com Marco Antônio10.

Marco Junio Silano pertence ao ramo da gens Iunia (registro 23)11. Todavia, com base na documentação percebemos que eles haviam perdido a condição de patrícios. Ele era o cunhado de Marco Emílio Lépido e serviu como comandante de Júlio César em 53 AEC. Inicialmente, apoiou seu cunhado em 44 AEC, após o assassinato de César. Depois dos conflitos com os Triúnviros, ele passou para o lado de Sexto Pompeu, em 39 AEC, retornando como comandante de Marco Antônio na Grécia e na Macedônia, em 34 como questor e 32 AEC como procônsul, pro-vavelmente. Nesse período foi cooptado por indicação de Antônio como áugure. Entretanto, no contexto da Batalha do Ácio, Silano foi cooptado politicamente por Augusto, que o elevou ao patriciado em 30 AEC e o conduziu à carreira consular em 25 AEC. Suas conexões com Augusto produziram relações familiares, pois o

8. Cícero, Pro Caelio; Veleio Patérculo, Hist. Rom. 2.85; Dião Cássio, Hist. Rom. 49; BROUGHTON, 1952, p.187, 328, 329, 379-88, 409; SYME, 1989, p. 29, 41-5, 109, 329.9. Para maiores informações sobre o registro, sugerimos a leitura da Prosopografia dos Qua-tro Grandes Colégios Sacerdotais no Período de Consolidação do Poder de Otávio Augusto (CAMPOS, 2017, p.362-380).10. Cícero, Pro Dom. 44, Pro Font.14; Horácio, Sat. 5.32; Plutarco, Ant. 36; Tácito, An. 4; Fastos consulares capitolinos, ano 12 EC (CAMPOS, 2017, p.276). Vide demais referên-cias: RUPKE, 2008, nº:1734, p.695; BROUGHTON, 1952, p.92-397.11. Para obter mais informações sobre o registro, sugerimos a leitura da Prosopografia dos Quatro Grandes Colégios Sacerdotais no Período de Consolidação do Poder de Otávio Augusto (CAMPOS, 2017, p.362-380).

Page 29: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

152

neto de Silano, Marco Junio Silano Torquato, foi cônsul em 19 EC e casou-se com uma bisneta de Augusto12.

A função sócio-política da inimizade e da amizade augustana mudou ao lon-go do Principado. O potencial de energia e a necessidade de organização do novo sistema político, que abrangeu várias esferas da sociedade romana, bem como um grande número de pessoas da própria Vrbs, foi uma força integradora para as amiza-des e a cooptação das antigas inimizades. Augusto e os seus apoiadores acumularam poder e meios econômicos a partir da atividade política, militar e religiosa que cada vez mais rendia uma integração à ordem política e social.

A chave para alcançar a auctoritas13 residia na formulação de uma forte rede político-religiosa para gerar a reciprocidade, ou seja, a gratia para Augusto. Con-ceitualmente, temos ciência que a gratia era inerente a qualquer relacionamento social romano, como foi exposto por Koenrad Verboven (2007, p. 861-893). To-davia, para o autor, a estruturação desse sistema de reciprocidade gera uma força de coesão e fortalecimento das relações sociais, o que facilita a construção de redes político-religiosas em nossa visão. Assim, corroboramos com Verboven, pois a gratia detinha um valor metafísico. Dessa forma, embora contribuísse para estabelecer e perpetuar as relações sociais, ela não ocorria em um vácuo social. Desse modo, a gratia necessitava de elos de relações que visassem a durabilidade de suas conexões sociais, as quais dependiam da confiança e da solidariedade, ou seja, a fides, como foi exposto por Gérard Freyburger (1986).

Tanto K. Verboven (2007) quanto Nicolas Tran (2006, p. 1-41) partilham da concepção de que esse processo de construção das redes político-religiosas ocorria em ordens e instituições sociais que correspondiam aos valores da gratia e fides. Por essa questão, vamos trabalhar com a ordem senatorial e equestre. A partir de David Konstan (2005, p. 173-185), percebemos que a amizade romana era composta por um conjunto de normas sociais e valores como a benevolência, confiança, solida-riedade, afeto, respeito, fidelidade e honra. Para alcançar os objetivos políticos e outros interesses pessoais, um conjunto de rituais cívicos e religiosos eram formula-

12. Veleio Patérculo, Hist. Rom. 2.12; SYME, 1989, p. 33, 42, 50, 190-91.13. Auctoritas é a capacidade de exercer poder sobre as pessoas e eventos através do status que alguém ocupa no meio social, sem o uso da força ou violência física como condicionan-te, devido a reputação pessoal (CAMPOS, 2017, p. 381).

Page 30: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

153

dos para expressar o poder que um “amigo” e/ou “patrono” detinha no meio social, como o salutatio ou o adsectatio (KONSTAN, 2005, p. 173-185).

Por fim, se a relativa paz e a estabilidade necessitavam da elaboração do poder unipessoal criado por Augusto e os seus apoiadores, temos por perspectiva que ela foi transmitida não só pela propaganda oficial, sendo ainda evidenciada em inscrições epigráficas e moedas, mas também por escritores cujos relatos sobre o Principado são suficientemente bem conhecidos. Nesse sentido, pensamos que a obtenção do apoio de antigos rivais foi fundamental para Otávio Augusto expressar o projeto político vigente e com base na sua clemência. A restauração assegurada por um grupo foi o preço que os romanos tiveram de pagar para resguardar a imen-sa extensão do seu império. Dessa forma, a restauração, as redes político-religiosas e auctoritas foram elementos centrais na época como uma maneira de se pensar esses novos tempos em que Augusto estava gerindo Roma. Afinal, o poder é o resultado de negociações, alianças e tensões os quais não se sustentam apenas pelo uso da força de coerção.

RefeRências

documentais

CASSIUS DIO. Roman History. 9 vols. Loeb Classical Library. Trans.: Ear-nest Car. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1914-1927.

CESAR AUGUSTO. Res Gestae (Coisas Feitas). Tradução: Matheus Trevi-zam, Paulo Sérgio Vasconcellos, Antônio Martinez Rezende. Belo Horizonte – Mg: Ed. UFMG, 2007.

_____. Res Gestae Divi Augusti. Trad.: John Scheid. Paris: Belle Lettres, 2007.CICERÓN. Discours. Tome XV, Pour Caelius – Sur les provinces consu-

laires – Pour Balbus. Texte établi et traduit par : Jean Cousin. Paris: Belle Lettres, 2002.

_____. Discours. Tome XIX, Philippiques I-IV. Texte établi et traduit par : André Boulanger, Pierre Wuilleumier. Paris: Belle Lettres, 2002.

Page 31: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

154

_____. Catilinaires. Introduction de: Jean-Noël Robert. Texte établi par : Henri Bornecque et Traduit par: E. Bailly. Paris: Belle Lettres, 2012.

TACITE. Annales. Tome I. Livres I-III. 1re éd. 3. Texte établi et traduit par Pierre Wuilleumier. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

_____. Annales. Tome II. Livres IV-VI. 1re éd. 3. Texte établi et traduit par Pierre Wuilleumier. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

_____. Annales. Tome III. Livres XI-XII. 1re éd. 3. Texte établi et traduit par Pierre Wuilleumier. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

_____. Annales. Tome IV. Livres XIII-XVI. 1re éd. 5. Texte établi et traduit par Pierre Wuilleumier. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

_____. Dialogue des orateurs. 1re éd. Texte établi par Henri Goelzer et tra-duit par Henri Bornecque. Paris: Les Belles Lettres, 1947.

_____. Histoires. Tome I. Livre I. 1ère éd. 2. Texte établi et traduit par Pierre Wuilleumier et Henri Le Bonniec, annoté par Joseph Hellegouarc’h. Paris: Les Belles Lettres, 2002.

_____. Vie d’Agricola. 1ère éd. 7. Texte établi et traduit par E. de Saint-De-nis. Paris: Les Belles Lettres, 1985.

VELEYO DE PATERCULO. História Romana. Tradução: Maria Sanchez Manzano. Madrid: Editorial Gredos, 2001.

BiBliogRáficas

BALOT, Ryan K. Rethinking the History of Greek and Roman Political Thought. In: BALOT, Ryan K.(org.) A Companion to Greek and Roman Political Thought. Massachusetts-EUA; Oxford – Reino Unido:Wiley-Blackwell Publishing Ltd, 2009, p.03-19.

BRISSON, J.P. Problèmes de la guerre à Rome. Paris: La Haye, 1969.BROUGHTON, T. R. S. The Magistrates of the Roman Republic. Vol. 2. New York:

American Philological Association, 1952.

BUSTAMANTE, Regina M. da Cunha. Práticas Culturais no Império Ro-mano: Entre Unidade e a Diversidade. In: SILVA, Gilvan Ventura da & MENDES, Norma Musco (org.). Repensando o Império Romano – Perspectiva Socioeconômica, Política e Cultural. Rio de Janeiro: Mauad: Vitória, Es: EDUFES, 2006, p.109-133.

Page 32: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

155

_____. Bellum Iustum e a Revolta de Tacfarinas. In: CARVALHO, Maria Margarida de. [et al.]. História Militar do Mundo Antigo – Guerras e Representações. Vol. 2. São Paulo: Annablume; Fapesp; Campinas: UNICAMP, 2012, p. 209-226.

CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa. Otávio Augusto e as suas redes-político religiosas nos quattuor amplissima collegia sacerdotum romanorum (29 AEC – 14 EC). Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 2017.

_____. A estrutura de atitudes e referências do imperialismo romano em Sagun-to (II a.C – I d.C.). Rio de Janeiro: UERJ/NEA, 2014.

CARTER, John. The Battle of Actium – the rise and triumph of Augustus Ca-esar. New York: Weybright and Talley,1970, p.244-245.

FREYBURGER, Gérard. Fides: étude sémantique et religieuse depuis les origines jusqu’à l’époque augustéenne. Paris: Les Belles Lettres, 1986.

GALINSKY, Karl. Augustus – Introduction to the life of emperor. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

GOLDSWORTHY, Adrian. Augustus – First Emperor of Rome. London; New Haven: Yale University Press, 2014.

GURVAL, Robert Alan. Actium and Augustus: The Politics and Emotions of Civil War. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1995.

KONSTAN, David. A amizade no mundo clássico. São Paulo: Ed. Odysseus, 2005.

LANGE, Carsten Horj. Res publica constituta: Actium, Apollo and the ac-complishment of the triumviral assignment. PhD thesis, University of Nottingham, 2008.

MALKIN, Irad; CONSTANTAKOPOULOU, Christy; PANAGOPOU-LOU, Katerina. Introduction. In: _____. Greek and Roman Networks in the Medi-terranean. New York-USA: Routledge, 2009, p. 1-11.

MARTINS, Paulo. Imagem e Poder – Considerações sobre a Representação de Otávio Augusto. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011.

OSGOOD, J. Caesar’s Legacy. Civil War and the Emergence of the Roman Empire. Cambridge: Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

ROULAND, Norbert. Roma democracia impossível? Os agentes do poder na urbe romana. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997.

Page 33: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

156

RUPKE, Jörg. Fasti Sacerdotum – A prosopography of Pagan, Jewish, and Christian Religious Officials in the City of Rome, 300 BC to AD499. Oxford: Oxford University Press, 2008.

SEBASTIANI, Breno Battistin. Guerra justa e imperialismo na Roma Repu-blicana. Revista de História, nº 148 -1º, 2003, p.35-46.

SINI, Fracesco. Bellum Nefandum. Virgilio e il problema del “diritto interna-zionale antico”. Sassari-Itália: Libreria Dessì Editrice, 1991.

SYME, Ronald. The Augustan Aristocracy. Oxford: Clarendon Press, 1989.SYME, Ronald. The Roman Revolution. Oxford: Claredon Press, 2002.TRAN, Nicolas. Les membres des associations romaines – Le rang social des col-

legiati en Italie et en Gaules, sous le Haut-Empire. Paris: Publications de l’École fran-çaise de Rome Collection: Collection de l’École française de Rome, 2006, p.1-41.

VERBOVEN, Koenrad. The associative order: status and ethos among Ro-man businessmen in Late Republic and Early Empire. In: Athenaeum: studi perio-dici di letteratura e storia dell’antichità, nº 95, 2007, p.861-893.

WALLACE-HADRILL, Andrew. Augustan Rome. London: Bristol Classical Press, 2012.

ZANKER, Paul. Augusto y el poder de las Imagénes. Madrid: Aliazan Edito-rial, 1992.

Page 34: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

Notas biográficas

andeRson Zalewski VaRgas

É licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFR-Gs (1986), mestre em História do Rio Grande do Sul pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo – USP (2001), com tese sobre a obra de Tucídides. Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Departa-mento e no Programa de Pós-graduação em História. Foi eleito em 2014 para a presidência da Sociedade Brasileira de Retórica (SBR). Tem experiência na área de História, com ênfase em História da Grécia Antiga, atuando principalmente nos seguintes temas: razão, historiografia, mito, historiografia antiga e relação entre história e retórica nos mundos antigo e contemporâneo.

andRea lúcia doRini de oliVeiRa caRValho Rossi Docente de História Antiga do Departamento de História da Faculdade de Ciên-cias e Letras de Assis, campus da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/campus de Assis); Graduada em História, Pedagogia e Direito, com Mestrado e Doutorado em História. Atuou na Educação Básica de 1992 a 1996 nas duas áreas de formação. Desde o ano de 1995 atua no Ensino Superior, tendo experiência de orientação de Trabalho de Conclusão de Curso, monografias, inicia-ção científica e mestrado e doutorado na área de História Antiga, especificamente sobre o Principado Romano. É membro do Núcleo de Estudos Antigos e Medievais (NEAM) da UNESP desde o ano de 1990, onde desenvolveu suas pesquisas de ini-ciação científica, mestrado e doutorado. Realizou Estágios de Pesquisas na Faculty of Classics da University of Cambridge (2012), no Reino Unido, no Department of the Classics da Harvard University (2014) e no Department of Classics da Co-lumbia University (2014) nos Estados Unidos, todos financiados com bolsa da FAPESP e auxílio do Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP.

Page 35: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

348

caRlos eduaRdo da costa campos

Atualmente é Professor Tutor Presencial da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), integrante do consórcio CEDERJ/UAB. O referido pesqui-sador é Doutor (2014-2017) e mestre (2011-2013) em História Política, na linha política e cultura, do Programa de Pós-Graduação em História da UERJ. Campos possui estágios supervisionados de pesquisa no ANHIMA (Anthropologie et His-toire des Mondes Antiques ANHIMA), sob a direção da Professora Dra. Violaine Sebillote Cruchet e supervisão do Prof. Dr. Anderson Martins (2018), na Univer-sidade Paris I, Sorbonne; na Ecole Francaise DAthenes (2012); na Universidade de Coimbra, sob supervisão da Professora Doutora Carmen Soares (nos anos de 2012 e 2014), além da atividade de pesquisa no Centro Arqueológico de Saguntum / Valência-Espanha (2012). Secretário do Grupo de Trabalho em História Antiga do Rio Grande do Sul e do ATRIVM-UFRJ. Membro do LECA-UFPel; GEMAM – UFSM; Leitorado Antiguo-UPE. A área de atuação do pesquisador é: República Tardia e Principado em Roma; Religião, Magia e Rituais de Roma; História das Cidades; Educação Patrimonial; Ensino de História; Teoria e Metodologia de Pes-quisa Científica.

dominique VieiRa coelho dos santos

Possui Graduação (2005), Mestrado (2008) e Doutorado (2012) em História pela Universidade Federal de Goiás com parte da pesquisa realizada no Departament of History and Archives da University College Dublin, Irlanda, financiada pelo programa CAPES PDSE/PDEE. Colaborou com o The Saint Patricks Confessio Hypertext Stack Project (www.confessio.ie) da Royal Irish Academy (RIA) tradu-zindo a Confessio e a Epistola de São Patrício do Latim para o Português Brasileiro e auxiliando a revisar a bibliografia da área. Foi Visiting Scholar no OCLA – Ox-ford Centre for Late Antiquity, Trinity College, Oxford University (Bolsa CAPES para Estágio de Pós-Doutoramento, 2017). É membro Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR) e da Associação Brasileira de Estudos Irlandeses (ABEI), ambos da USP, da Cátedra de Estudos Irlandeses W.B. Yeats da Embaixada da Irlanda/USP, do Grupo de Estudos Sobre o Mediterrâneo Antigo e Moderno da UNIPAMPA e do CEMOPE – Centro de Memória Oral e Pesquisa em História da FURB. Foi membro fundador e primeiro coordenador do GT de

Page 36: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

349

História Antiga e Medieval da ANPUH-SC (Biênio 2014-2016). Integra o corpo editorial de periódicos científicos das áreas de História Antiga, Medieval e Teoria da História. Desde 2012, é professor da Universidade de Blumenau (FURB), na qual leciona História Antiga e Medieval e coordena o Laboratório Blumenauense de Es-tudos Antigos e Medievais (www.furb.br/labeam). Iniciou nesta mesma instituição o Programa de Iniciação à Docência – PIBID em História , do qual foi coordena-dor (2012-2013). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga e Medieval, atuando principalmente nos seguintes temas: Ordem Social e Fronteiras nos anos finais do Império Romano: Intercâmbios e conexões entre Hi-bernia e Britannia Romana e Pós-Romana; Historiografia Antiga e a relação entre História e Narrativa; Ensino e Pesquisa de História Antiga no Brasil.

doloRes puga alVes de sousa

Doutora em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na linha Poder e Discurso e possui como atual objeto de pesquisa o teatro grego clássico. É mestre em História Social pela Universidade Federal de Uberlân-dia (2009 – UFU), na linha Linguagens, Estética e Hermenêutica. Atualmente é Professora Adjunta do curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/CPCX). É editora da Revista Acadêmica – Fato & Versões-Revista de História – vinculada ao Grupo de Pesquisa em que faz parte – História, Cultura e Sociedade. Líder do Grupo de Pesquisa História Antiga e Usos do Passado: novas perspectivas entre o passado e o presente e também integrante do Grupo – Univer-so Dialógico – Grupo de Pesquisa em Linguagens & Diferenças – todos atestados no CNPq. Professora membro da Pós-Graduação Lato Sensu da UFMS/CPCX. Atua sobre os seguintes temas: teatro brasileiro contemporâneo (mestrado); teatro grego clássico; antiguidade (doutorado), arte e política.

iVán péReZ miRanda Doctor en Historia por la Universidad de Salamanca (USAL). Premio extraordi-nario de doctorado por la Universidad de Salamanca (Estudios Interdisciplinares de Género – Historia Antigua), acreditado como Ayudante Doctor por la Agencia Nacional de Evaluación de la Calidad y Acreditación (ANECA). Fue fundador y

Page 37: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

350

primer presidente de la Asociación de Jóvenes Historiadores (AJHIS), miembro de varias sociedades científicas (ARYS, AEIHM), del equipo editorial de Fahren House y del comité científico de la colección “Donne nella storia. Segni, tracce, percorsi”, de Aracne editrice (Italia). Dirige la revista de historia “El Futuro del Pasado”, es coeditor de la revista “Foro de Educación” y ha sido miembro de la se-cretaría técnica de “Studia Historica Historia Antigua”. Sus líneas de investigación se centran en los mitos griegos y en las relaciones de género.

JaniRa feliciano pohlmann

Pós-doutoranda em História pela Universidade Estadual Paulista, campus de Fran-ca. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo nº 2016/20942-9. Doutora em História pela Universidade Federal do Paraná, na Linha Cultura e Poder, em 2016. Durante o Doutorado, realizou estágio no exterior na Universidade de Salamanca (Espanha), com bolsa CAPES, Processo BEX 7105/13-4. Mestra (2012), Bacharel e Licenciada (2009) em História tam-bém pela Universidade Federal do Paraná. Bolsista CAPES durante o Mestrado e o Doutorado; bolsista CNPq durante a Iniciação Científica. Membro docente do Núcleo de Estudos Mediterrânicos (NEMED-UFPR). Realiza pesquisas acerca das transformações ocorridas entre os séculos III e V no Ocidente Romano, período que considera inserido na História Tardo Antiga. Atuou como professora de Histó-ria (nível técnico) nos cursos da Escola Técnica da Pontifícia Universidade Católica de Curitiba. Possui graduação em Ciências Contábeis também pela Universidade Federal do Paraná (2000) e Pós-graduação em nível de Especialização, Lato Sensu, em Administração, com área de concentração em Marketing (concluída em 2003, no Centro Universitário Franciscano do Paraná).

JussemaR weiss gonçalVes

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGs (1985) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul (2001). Realizou no ano de 2008, Pós-Doutorado na FACED – UFRGS. Atualmente é professor associado II doutor e pós-doutor no Instituto Ciências Hu-manas e da Informação (ICHI) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Page 38: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

351

Líder do Grupo de pesquisa Cultura e Política no Mundo Antigo o qual tem como linhas de pesquisa: Tragédia grega e Gênero e Sexo no Mundo Antigo. Tem experi-ência na área: EDUCAÇÃO: ênfase em Escola, Espaço Público Educação pública e popular, pobreza e educação, história da educação, ensino de história; HISTÓRIA ANTIGA: A criação da história, tragédia e política, democracia, cidadania,Hist. de Atenas; RELAÇÕES DE GÊNERO E PESQUISA HISTÓRICA: ênfase em História Antiga – Tragédia Grega e relações de gênero. HISTÓRIA SOCIAL DO PAMPA: Gauchos e Gaúchos, Literatura, História, Identidades, Territorialidades, Pampa, Trabalho, Pobreza, Iconografia, ambiente, Relações Políticas.

leila teResinha maRaschin

Possui graduação e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutorado em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de San-ta Catarina (UFSC). É professora do ensino superior na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Latim e línguas neolatinas.

loiVa oteRo félix

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGs (1969), especialização em História da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS (1974), mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGs (1977) e doutorado em His-tória Social pela Universidade de São Paulo, USP (1987). É docente aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGs. Atuando, entre outras áreas, como docente de História Antiga. Também foi docente da Universidade de Passo Fundo, UPF e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS. Foi pro-fessora colaboradora convidada da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil. Atuando principalmente nos seguintes temas: Coronelismo, Borgismo, Cooptação Política.

Page 39: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

352

luis caRlos dos passos maRtins

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGs (1992), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS (2006), doutorado em História pela Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio Grande do Sul (2010) e pós-doutorado pela Pontifí-cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2010). Atualmente é professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, coordenador do curso de História da mesma instituição e professor do PPG-História PCRS. Atuando principalmente nos temas: História da Imprensa no Brasil, História da ur-banização e industrialização no período 1945-1968 pelo olhar da grande imprensa brasileira e Debates em torno do desenvolvimento e desenvolvimentismo do Brasil no Segundo Governo Vargas (1951-1954). É titular da disciplina de História da Antiguidade Clássica (PUCRS), desenvolvendo pesquisa na área de História Polí-tica da República Romana, na qual aborda as percepções do discurso ciceroniano acerca da Crise do Século I a.C.

maRía cecilia colomBani Professora titular de problemas filosóficos e antropologia filosófica da Facultad de Filosofía, Ciencias de la Educación y Humanidades da Universidad de Morón. Investigadora principal e coordenadora de projetos de pesquisa da Universidad de Morón. Professora titular de história da filosofia antiga e problemas especiais de filosofia antiga na Facultad de Humanidades da Universidad Nacional de Mar del Plata. Autora de diversos capítulos de livros e de mais de uma centena de artigos apresentados em congressos da área. Autora de Hesíodo, Una Introducción Crítica (Buenos Aires, Santiago Arcos Editor, 2005), Homero, Una introducción crítica (Buenos Aires, Santiago Arcos Editor, 2005) e Foucault y la política (Buenos Aires, Prometeo, 2009).

moisés antiqueiRa

Doutor e Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e Ba-charel e Licenciado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mes-quita Filho (UNESP/campus de Franca). Professor Adjunto B dos Colegiados de

Page 40: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

353

Graduação e Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE/campus de Mal. C. Rondon). Atualmente integra os Grupos de Pesquisa (CNPq); História Intelectual e Historiografia; (UNIOESTE), Gêneros de Prosa Greco-latina (USP) e o ATRIVM – Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade (UFRJ). Membro da Associação Nacional de História (ANPUH/Regional Paraná) e da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC). Membro do Corpo Editorial da Editora Prismas – Coleção Estudos sobre o Mundo Antigo e Medieval (desde agosto de 2015). Especializado na área de História Antiga, atua principalmente com os seguintes temas: historiografia latina nos períodos tardo--republicano e imperial romano, história política da Antiguidade Tardia e a crise do mundo romano no século III d.C. Igualmente, desenvolve reflexões teóricas no campo da História Intelectual, em particular no que se refere às questões da inten-cionalidade autoral.

nelson de paiVa Bondioli

Bacharel em História pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestre em Ear-ly Celtic Studies pela Cardiff University (Diploma Reconhecido no Brasil pela UNESP/2013), Doutor em História pela UNESP (campus de Assis) com bolsa sanduíche, realizando estágio de pesquisa na St. Andrews University. Realizou es-tágio pós-doutoral na North-West University (África do Sul) e atualmente, realiza pós-doutorado junto a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Licencia-tura em História Claretiano. Essa passagem por múltiplas instituições de ensino e pesquisa encontra reflexo nos meus temas de pesquisa e interesses, possuíndo experiencia com: Ensino de História e Novas Metodologias (RPG e Educação); relações entre Religião e Política dentre os Povos Celtas da Gália, com ênfase no estudo sobre druidas/druidismo nos séculos II a.E.C ao II E.C.; o início do Princi-pado Romano e as relações entre religião e identidade em Roma e nas Províncias, especialmente com estudos a respeito dos Cultos Imperiais. Principal base teórica dos trabalhos recentes é a perspectiva póscolonial.

Page 41: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

354

otáVio luiZ VieiRa pinto

Professor substituto da Universidade Estadual de Santa Catarina, UDESC. Foco de pesquisa no período conhecido como Antiguidade Tardia – mais especificamente os séculos V e VI. Possui doutorado em História pela University of Leeds, tendo sido orientado pelo professor Ian N. Wood. Em sua tese, propõe uma reavaliação de cunho narrativo das obras de Jordanes, autor não-romano do século VI. Possui também graduação e mestrado em História, obtidos junto ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, UFPr, sob orientação do Professor Doutor Renan Frighetto. É membro pesquisador do Middle Persian Studies (MPS) e do NEMED (Núcleo de Estudos Mediterrânicos), e colaborador do projeto internacional Networks and Neighbou-rs. Atualmente, realiza pesquisa sobre os espaços políticos mais orientais da Eurásia, especificamente a Pérsia Aquemênida e Sassânida. Possui experiência em estudos acerca de etnicidade e construção de identidade entre grupos não-romanos nos séculos V e VI.

paulina nóliBos

Possui graduação em Filosofia (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGs (1984), graduação em Filosofia (Bacharelado) pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (1984), mestrado em História pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em História pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (2006). Atualmente é professora adjunta da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA (desde 2001). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga e Medieval, História da Arte, dos Sistemas Simbólicos, Mitologias e Teatro, atuando principalmente nos seguintes campos: História, Arte, Patrimônio, Antiguidade, Mitologias, Literatura e Hiper-textualidade, Teorias do Teatro, Tragédia, Filosofia, e História da Moda.

Rafael da costa campos

Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Ad-junto Nível 2 da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Coordenador de curso de História-Licenciatura da UNIPAMPA/campus de Jaguarão. Líder de

Page 42: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

355

grupo de pesquisa: Grupo de Estudos sobre Mediterrâneo Antigo e Moderno (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5723620006547652) Membro do Laboratório de Es-tudos sobre Império Romano e Mediterrâneo Antigo (LEIR-MA). Editor-gerente do periódico eletrônico Alétheia – Estudos sobre Antiguidade e Medievo.

semíRamis coRsi silVa

Professora Adjunta do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Possui Doutorado (2014), Mestrado (2006) e Graduação (2003) em História pela Universidade Es-tadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/campus de Franca. Foi bolsista CAPES durante o mestrado e o doutorado. Realizou estágio de doutorado na Uni-versidad de Salamanca, Espanha – USAL, sob supervisão da Profa. Dra. María José Hidalgo de la Vega (com bolsa do Programa de doutorado sanduíche no exterior – PDSE, CAPES). Também realizou estágio de pesquisa na École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris – EHESS – Centre ANHIMA, sob a supervisão do Prof. Dr. Jean-Michel Carrié. Pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre o Im-pério Romano (LEIR/USP), do Grupo do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (G.LEIR – UNESP/campus de Franca), do Núcleo de Estudos Antigos e Medievais (NEAM/UNESP), do ATRIVM – Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade (ATRIVM-UFRJ), do Núcleo de Estudos Clássicos e Humanís-ticos (NECH/PUC-Góias) e pesquisadora e coordenadora do Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo Mediterrânico da UFSM – GEMAM/UFSM. É coordena-dora do Grupo de Trabalho História Antiga da Associação Nacional de História – Seção Rio Grande do Sul, ANPUH/RS (gestão 2016-2018). Membro da Asociaci-ón ARYS: Antigüedad, Religiones y Sociedades, Espanha. Dentre suas publicações destaca-se o livro Magia e Poder no Império Romano. A Apologia de Apuleio (Editora Annablume/FAPESP, 2012), publicado com auxílio publicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Atualmente desenvolve pesquisa sobre o governo e as representações negativas do imperador Heliogábalo (218-222) dentro do projeto Barbaridade: identidades e alteridades em representa-ções do outro por escritores romanos, com auxílio financeiro da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Possui experiência na área de História, com ênfase em História Antiga, pesquisando principalmente

Page 43: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

356

os seguintes temas: Magia e Poder no Império Romano; Identidades, barbaridades, fronteiras e integração no Império Romano; Usos dos prazeres, Gênero e Poder no Império Romano; Heliogábalo e a Dinastia dos Severos.

tiago da costa guteRRes

Doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-GS), com período de doutorado sanduíche pela Université de Toulouse II Jean Jaurès (França). Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). É autor do livro Heródoto de Halicarnasso: autoria e escrita da história (Editora Prismas, 2017). Atualmente é bolsista de pós-doutorado do CNPq pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tem experiência de pesqui-sa na área de Teoria da História, Historiografia e História Antiga.

thiago BRandão ZaRdini

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (2005), com experiência na área de História de Roma. É mestre em História, na área de pesquisa de História Social das relações políticas, pela Universidade Federal do Espírito Santo (2008). É doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Letras/UFES (2015), na área de pesquisa de Estudos Literários, orientado pelo professor Doutor Gilvan Ventura da Silva, com bolsa da CAPES. Integrou a equipe editorial da Romanitas – Revista de Estudos Grecolatinos e fez parte do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR/UFES). No ano de 2016, coordenou o grupo de estudos Cultura Material e Cultura Literária no Mundo Antigo; (NU-PES/Saberes). Atualmente é integrante do ATRIVM – Espaço interdisciplinar de estudos da Antiguidade (Letras Clássicas/UFRJ) e professor dos cursos de História, Letras e Pedagogia da Faculdade Saberes/ES, onde coordena o Grupo de Pesquisa Cultura e Mitologia no Mundo Clássico (NUPES/Saberes).

Page 44: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo

O presente livro foi editado pela editora Desalinho e impresso sob encomenda

pelos organizadores no ano de 2018. Foi utilizada as famílias tipográficas Adobe Garamond Pro e Times New Roman.

Page 45: Corrupção, crimes e crises€¦ · Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos 9 Prefácio Loiva Otero Félix 13 Crisis, Decadencia y Degradación humana en Hesíodo