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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Faculdade de Odontologia CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA MALOCLUSÃO ANDRÉ HIGINO VASCONCELOS DE CARVALHO Belo Horizonte 2007

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Faculdade de Odontologia

CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E

ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA MALOCLUSÃO

ANDRÉ HIGINO VASCONCELOS DE CARVALHO

Belo Horizonte

2007

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CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E

ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA

MALOCLUSÃO

ANDRÉ HIGINO VASCONCELOS DE CARVALHO

Dissertação apresentada ao programa de

Mestrado da Faculdade de odontologia da

Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais, como requisito para obtenção do

Título de Mestre em Ortodontia.

Orientadora: Profa. Dra. Vânia Célia Vieira de

Siqueira

Belo Horizonte – MG

2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

C331c Carvalho, André Higino Vasconcelos de

Correlação entre a percepção dos pais e ortodontistas quanto a gravidade da

maloclusão / André Higino Vasconcelos de Carvalho. Belo Horizonte, 2007.

82f. :il.

Orientadora: Vânia Célia Vieira de Siqueira

Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Programa de Pós Graduação em Odontologia

Bibliografia.

1.Percepção. 2. Ortodontia. 3. Maloclusão. 4. Pais. I. Siqueira, Vânia Célia

Vieira de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de

Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.

CDU: 616.314-089.23

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Folha de Aprovação

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DEDICATÓRIA

A toda minha família que muito me apoiou!

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AGRADECIMENTOS

Ao reitor da Universidade Prof. Eustáquio Araújo pela oportunidade.

Ao diretor da faculdade de odontologia Prof. Tarcísio Junqueira, por me apoiar,

incentivar e ter passado tantos conhecimentos desde o início do meu caminhar na

ortodontia.

Ao coordenador dos programas de Mestrado Prof. Roberval de Almeida Cruz pelos

ensinamentos de vida.

Ao coordenador do mestrado em ortodontia Prof. Dauro Douglas de Oliveira.

À minha orientadora Profa. Dra. Vânia Célia Vieira Siqueira, pela paciência, dedicação,

carinho e compreensão.

À Profa. Dra. Maria Ilma pelas dicas e apoio nos momentos de dificuldade.

Ao Prof. Ênio Tonani Mazziero.

À minha mãe por ser meu exemplo de força, perseverança, lealdade e inteligência.

Ao meu pai por me apoiar sempre em minhas decisões.

Ao Dimas e a Beth pelo incentivo e interesse permanente.

Às minhas irmãs Paula, Luciana e Mayra pelo carinho.

À minha nininha linda que eu amo muito.

Ao colega Marcelo Xavier e Nilson pelos momentos de descontração e amizade.

Aos amigos da sétima e oitava turma, do programa de Mestrado em Ortodontia.

À Prof. Marilourdes pela disponibilidade em ajudar.

À todos os professores de ortodontia da PUC.

À todos os funcionários da PUC.

Muito obrigado.

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Sumário

1- Introdução geral..........................................................................................................7

2- Proposições...................................................................................................................9

2.1 Objetivo geral..........................................................................................................9

2.2 Objetivo específico...................................................................................................9

3- Artigo 1 “A interrelação entre a ortodontia e qualidade de vida dos

adolescentes”...................................................................................................................10

4- Artigo 2 “A percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento

ortodôntico”.....................................................................................................................27

5- Artigo 3 “Correlação entre a percepção dos pais e ortodontistas quanto a gravidade

da maloclusão” ...............................................................................................................41

6- Considerações finais .................................................................................................72

7-Anexos.........................................................................................................................74

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1 - Introdução

Ao longo de várias décadas observa-se a busca por índices que mensurassem o

grau de maloclusão e a percepção dos pacientes e de seus pais em relação à necessidade

de tratamento ortodôntico.

A necessidade de mensurar a percepção dos pais em relação a gravidade da

maloclusão de seus filhos desperta a curiosidade de vários pesquisadores1,6,13,21

. Assim,

como os pais são os principais responsáveis por conduzir seus filhos ao consultório,

vários índices e questionários vêm sendo desenvolvidos para avaliar a percepção dos

pais em relação à necessidade do tratamento ortodôntico de seus filhos.

Existem diferentes percepções da maloclusão quando os pais conduzem seus

filhos ao consultório ortodôntico. Do confronto entre a obrigação profissional e a

existência de vários fatores determinantes ao sucesso do tratamento, algumas

providências se mostram salutares, dentre as quais, a necessidade de se conhecer muito

bem as expectativas dos pais quanto aos resultados que o tratamento poderá

proporcionar.

Muitos estudos investigam o relacionamento entre a necessidade de tratamento

ortodôntico e a percepção da maloclusão do paciente. Entretanto, poucos estudos

consideram a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico.

Sabe-se, contudo, que em ortodontia, o sucesso do tratamento não depende

somente da experiência do profissional, mas, sim, da interação de uma série de fatores

que por vezes limitam o bom andamento do tratamento. Dentre estes fatores, podem-se

destacar as limitações intrínsecas a cada caso, mas, principalmente, o grau de

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colaboração do paciente em relação a diversos aspectos que englobam, desde a

higienização até a freqüência ao consultório.

Como a grande maioria dos pacientes ortodônticos são crianças e adolescentes o

pais aparecem, então, como um dos fatores determinantes ao sucesso do tratamento.

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2 – Proposições

2.1- Objetivo geral

1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o

tratamento ortodôntico,

2- Obter maiores conhecimentos sobre índices de avaliação da necessidade de

tratamento ortodôntico,

3- Obter maiores conhecimentos sobre a percepção dos pais em relação a saúde bucal

de seus filhos

2.2- Objetivo específico

Correlacionarmos a percepção dos pais da necessidade de tratamento ortodôntico

e a real necessidade do tratamento avaliado por ortodontistas.

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3 - ARTIGO 1

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A interrelação entre a ortodontia e qualidade de vida dos adolescentes

(Artigo de divulgação)

Resumo

Nesta revisão de literatura, correlacionamos ortodontia com a qualidade de vida

dos adolescentes. A partir desta revisão, pudemos concluir que existem vários conceitos

sobre qualidade de vida e que problemas dentários graves podem influenciar

diretamente no bem estar dos jovens. Entretanto, ainda não existe na literatura nenhum

índice capaz de avaliar como os problemas ortodônticos podem afetar a qualidade de

vida dos adolescentes. Já existem diversos instrumentos capazes de mensurar as

conseqüências funcionais e psicológicas das doenças bucais, mas todos eles foram

projetados para populações adultas, não havendo trabalho algum com o foco em

adolescentes. Diante desse quadro, vários autores tratam da importância de se criar um

índice que avalie os aspectos psicológicos dos jovens correlacionados aos problemas

ortodônticos.

Palavras-chave: qualidade de vida, saúde bucal, ortodontia

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Abstract

The interrelation between the orthodontics and the adolescents’life quality

In this revision of literature, we correlate orthodontics with the quality of

adolescents‟ life. From this revision, we could conclude that there are several concepts

on quality of life and that serious dental problems can influence directly the young

people‟s well-being. However, in the specialized literature there is no index capable to

evaluate how the orthodontic problems can affect the quality of the adolescents‟ life.

There are already different instruments to measure the functional and psychological

consequences of the buccal diseases, but all of them had been used for adult

populations, and not with the focus in adolescents. Considering this scenario, some

authors defend the importance of creating an index that evaluates the psychological

aspects of the adolescents correlated to the orthodontic problems.

Key Words: quality of life, oral health, orthodontics

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Revista da Literatura

Tradicionalmente, as escolas de odontologia capacitam os profissionais para o

reconhecimento e tratamento das diversas doenças bucais e, conseqüentemente,

desenvolveram-se vários índices para avaliar a prevalência destas doenças1. Entretanto,

a importância destes índices refletia somente a avaliação final do processo da doença

pesquisada, e não indicavam seu impacto no processo psicossocial, no bem estar e,

portanto na qualidade de vida dos pacientes3.

A forma da boca e do sorriso representam um importante papel na atratividade

pessoal e no desenvolvimento da auto-estima, definida como a percepção individual da

habilidade em lidar com o meio ambiente8.

O conceito multidimensional de saúde, definido por Locker11

, permitiu o

desenvolvimento de medidas subjetivas de saúde bucal relacionadas à qualidade de vida

com indicadores sócio-odontológicos. Estes indicadores mensuravam a extensão dos

distúrbios dentários que rompem a normalidade da função social e ocasionam mudanças

importantes no comportamento, como por exemplo, a incapacidade de trabalhar, de

freqüentar a escola, ou de realizar tarefas domésticas, incluindo também conceitos sobre

comprometimento, limitação funcional, desconforto, incapacidade e deficiência

causadas por alterações no quadro de saúde bucal.

Atualmente, percebe-se um aumento na abordagem sobre o impacto da saúde

bucal na qualidade de vida das pessoas, tanto na população de adultos quanto na de

idosos. Porém, nota-se um número reduzido de estudos direcionados ás crianças e aos

adolescentes, principalmente pela dificuldade na utilização de instrumentos apropriados.

Para esses dois grupos etários são necessários índices que apresentem conformação

condizente ao desenvolvimento cognitivo de cada faixa etária. Os questionários

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direcionados às crianças devem ser adaptados às características emocionais, funcionais

e comportamentais para cada idade18

.

Os índices que avaliam a saúde bucal relacionada à qualidade de vida devem ser

criteriosos, de fácil utilização, validados, confiáveis e passíveis de serem submetidos à

análise estatística. Sheiham e Spencer comprovaram que o mal posicionamento ou perda

dentária pode causar restrições na alimentação, constranger as pessoas e impedir que os

mesmos se alimentem em público, e conseqüentemente interferir em seu bem estar e na

sua qualidade de vida21

.

Apoiados no conceito define-se qualidade de vida como o senso de bem estar

que varia entre satisfação ou insatisfação em diferentes aspectos da vida. Slade20

et al

ressaltaram a inexistência de um tipo padronizado de índice de saúde bucal relacionado

à qualidade de vida adaptado para a ortodontia.

O tratamento ortodôntico corrige maloclusões com o objetivo de oferecer aos

pacientes melhores condições de função e estética. O paciente que busca por este

tratamento deseja alterações específicas em seus dentes e/ou face, ou alívio de sintomas.

Conseqüentemente melhorando de forma direta a sua qualidade de vida3.

A relação estreita entre saúde e doença na maloclusão caracteriza-se como o

primeiro passo para relacionar o tratamento ortodôntico à qualidade de vida15

.

Normalmente, o tratamento ortodôntico centraliza-se na adequação da saúde dentária e

da estética, resultando em uma melhora individual do bem estar psicossocial.

Entretanto, OBrien15

e colaboradores citaram estudos longitudinais mostrando que

somente maloclusões com alterações graves provocam efeitos prejudiciais à saúde

dentária. Quando se analisa os efeitos do tratamento ortodôntico sobre o bem estar

psicossocial, não existem evidências científicas que a maloclusão resultaria em

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desvantagens nesse âmbito. Devido a um número escasso de estudos associando a

maloclusão e a qualidade de vida, a mensuração da necessidade de tratamento

ortodôntico e a avaliação dos resultados baseam-se em medidas clínicas. As

mensurações mais utilizadas apoiam-se em medidas cefalométricas advindas de

telerradiografias e da classificação das maloclusões sugerida por Angle. Contudo,

quando se realiza uma tentativa em correlacionar essas medidas com a percepção do

paciente em relação a sua saúde bucal, o resultado mostra-se questionável.

Existe um número reduzido de estudos que investigaram a utilidade do índice de

saúde bucal relacionado à qualidade vida denominado OHrQoL , conjuntamente com

índice IOTN, em relação as preocupações e questões ortodônticas13

.

Portillo e Paes19

abordaram algumas questões relacionadas a qualidade de vida.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o termo saúde como um estado

completo de bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de afecções ou

enfermidades. Entende-se por bem-estar, a avaliação subjetiva do estado de saúde, que

relaciona-se muito mais aos sentimentos de auto-estima e a sensação de pertencer a uma

comunidade mediante integração social, do que ao funcionamento biológico. Define-se

auto-estima como o grau em que uma pessoa valoriza a auto-percepção da sua imagem.

Lyndon Johnson empregou o conceito qualidade de vida em 1964, e declarou que os

objetivos não podem ser medidos através do balanço das contas, mas, sim por meio da

qualidade de vida da população. Nos dias atuais a preocupação com o conceito de

qualidade de vida dentro das ciências biológicas ocorre no sentido de valorizar

parâmetros mais amplos do que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou

o aumento da expectativa de vida. A OMS definiu qualidade de vida como a percepção

do indivíduo de sua posição na vida, em relação aos seus objetivos, expectativas e

preocupações dentro do contexto cultural e dentro do sistema de valores nos quais ele

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vive. Já a saúde bucal foi conceituada como o estado da boca, onde a oclusão apresenta-

se suficiente bem para mastigar alimentos e os dentes uma aparência socialmente

aceitável.

Cunningham e Hunt6 ressaltaram o aumento pelo interesse nos indicadores de

qualidade de vida na odontologia. Desde 1977 encontra-se o termo qualidade de vida

no medline, mas o número de publicações cresceu bastante a partir de 1986. O índice de

saúde bucal relacionado à qualidade vida recebe a sigla OHrQoL. As mensurações deste

índice incluem definições positivas de saúde, comparação ente os sistemas de saúde,

avaliações da necessidade de tratamento e dos resultados após as intervenções.

Existem diversos instrumentos capazes de mensurar as conseqüências funcionais

e psicológicas das doenças bucais. Contudo, todos foram projetados para populações

adultas, não existindo nenhum trabalho abrangente com foco em adolescentes,

provavelmente devido às complexas questões conceituais e metodológicas envolvidas

no desenvolvimento de indicadores de estado de saúde que requerem auto-relato de

adolescentes. Os adolescentes estão sujeitos a diversos problemas bucais e bucofaciais

que podem interferir em sua qualidade de vida. 9

Tanto na odontologia como nas diferentes especialidades médicas, os

profissionais reconhecem a importância de se obter medidas objetivas sobre as doenças,

permitindo uma avaliação do impacto das desordens bucais na qualidade de vida dos

pacientes. Constatou-se em estudos populacionais que o fator determinante para a baixa

qualidade de vida associava-se à perda de dentes. 7

Locker12

sugeriu que os problemas de saúde afetavam a qualidade de vida, e de

forma inevitável. Em contra partida, o pesquisador constatou que as pessoas com

desordens crônicas freqüentemente apresentavam uma percepção de qualidade de vida

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melhor do que as pessoas saudáveis. Portanto, uma pessoa doente ou que se apresenta

debilitado não significa obrigatoriamente que apresente baixa qualidade de vida.

Allison, Locker e Feine2 explicaram esse fenômeno sugerindo que a qualidade

de vida caracteriza-se como uma “construção dinâmica” e que invariavelmente pode ser

mudada e alterada ao longo do tempo. As atitudes individuais não mostram-se

constantes e variam com o tempo, com a experiência, com as expectativas e com as

adaptações.

Ao longo dos últimos vinte anos, observa-se na literatura médica uma rápida

expansão de instrumentos subjetivos de auto-relato dos impactos das condições de

saúde na qualidade de vida. Várias mensurações do estado de saúde geral bem como

medidas específicas de certas doenças foram desenvolvidas e extensivamente testadas

quanto à sua validade e confiabilidade. Embora as propriedades psicométricas das

medidas de qualidade de vida relacionadas à saúde geral encontram-se bem conhecidas,

estudos anteriores questionam a sua capacidade de detectar diferenças no estado clínico

de saúde bucal. Muitos indicadores subjetivos de saúde bucal desenvolvidos durante a

última década demonstraram padrões constantes de associação entre a qualidade de vida

relacionada à saúde bucal (QVRSO) e as condições clínicas bucais tipicamente

observadas em pesquisas entre populações adultas. Normalmente associa-se a reduzida

QVRSO à perda de dentes, cáries não-tratadas, doença periodontal e acesso limitado à

assistência odontológica. Medidas específicas da QVRSO tendem a ser mais sensíveis

que as medidas de estado de saúde bucal, pois percebe-se a saúde bucal como uma

dimensão distinta da qualidade de vida global. 17

Embora observa-se desproporcionalmente um estado clínico fraco de saúde em

populações desamparadas, existem poucos dados disponíveis quanto ao impacto

subjetivo das condições de saúde bucal sobre os adolescentes. Em síntese, pouco se sabe

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quanto à relação entre a saúde clínica bucal e as questões de qualidade de vida. O exame

de tais associações deve esclarecer como as condições de saúde bucal afetam as funções

sociais e psicológicas e a qualidade de vida, além de identificar meios para ampliar as

atividades de promoção de saúde bucal aos públicos alvo. 17

Apesar da demanda por tratamento ortodôntico relacionar-se intimamente com a

preocupação pessoal quanto a aparência e a outros fatores psicossociais, as medidas de

necessidade ortodôntica e de êxito do tratamento ortodôntico oferecem pouca ênfase às

percepções de necessidade dos pacientes e ao impacto da assistência ortodôntica em seu

cotidiano. Enquanto as medidas de qualidade de vida tornam-se uma medida de êxito

relativamente comum na pesquisa médica, pesquisas similares em odontologia ainda

mostram-se incipientes. Tradicionalmente, os pesquisadores do campo da odontologia

focam medidas de êxito conduzidas pelo clínico à custa de medidas mais subjetivas

baseadas no paciente, tais como o estado funcional percebido e o bem-estar

psicológico.17

A qualidade de vida freqüentemente abordada nas pesquisas de êxito em

saúde caracteriza-se por um conceito multidimensional que inclui funções sociais,

psicológicas e físicas subjetivamente percebidas, bem como uma noção de bem-estar

subjetivo. A ampliação do tempo de vida das pessoas e a melhoria de sua qualidade de

vida são dois objetivos centrais dos sistemas de saúde, como reflexo de políticas

públicas desenvolvidas pelo governo dos Estados Unidos e pela Organização Mundial

de Saúde. As pesquisas de êxito em saúde exercem um valioso papel no alcance desses

objetivos na medida em que identificam tratamentos que geram os melhores resultados

para os pacientes, avaliam os modos como a assistência à saúde pode ser organizada

para aperfeiçoar os benefícios às comunidades e promovem o desenvolvimento

instruído, em nível nacional e local, de políticas públicas voltadas à saúde.

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O Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM) exigiu da Odontologia uma

melhora no seu conhecimento a respeito do que funciona e do que não funciona para o

avanço nacional dos objetivos da saúde oral. Desde que Cohen e Jago defenderam o

desenvolvimento de indicadores “sócio-odontológicos”, vem-se realizando considerável

pesquisa metodológica, o que tem levado ao desenvolvimento de instrumentos para a

medida das dimensões da qualidade vida que se relacionam com a saúde oral. Têm sido

desenvolvidos modelos teóricos que combinam conceitos de doença, disfunção e

incapacidade com saúde, saúde bucal e qualidade de vida. Em 1995, já se encontravam

diversos instrumentos medindo a qualidade vida relacionada à saúde oral. Entretanto,

esses instrumentos foram usados primordialmente em pesquisas de saúde oral e

relativamente poucos têm sido aplicados para avaliação do êxito da assistência

odontológica. Apresentações em conferências têm destacado a necessidade de se

incorporarem conceitos de qualidade de vida aos métodos para avaliação da assistência

odontológica. Na realidade, a medida do estado antes e depois do tratamento

ortodôntico vem sendo amplamente utilizada com base em medidas clínicas

tradicionais, tais como a mensuração cefalométrica dos aspectos oclusivos dos dentes e

os índices de oclusão. Mais recentemente, vários índices de necessidade ortodôntica

estão sendo desenvolvidos. Todavia, quando se examina a relação entre os índices

ortodônticos e a percepção dos pacientes quanto ao seu estado de saúde oral, é

questionável se essas duas variáveis estão fortemente associadas. Como a percepção do

sujeito é central à avaliação da necessidade global, é muito importante que se adquira

um conhecimento das percepções dos pacientes. Para apreender a percepção do sujeito,

têm sido desenvolvidas entre adultos várias medidas de qualidade vida relacionada à

saúde bucal, avaliando o impacto da boca no dia-a-dia e na qualidade de vida.

Obviamente, a dimensão clínica é importante. Porém, as dimensões do impacto

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odontológico e da função social são tão, se não mais, importantes quanto às medidas

clínicas.17

Em uma pesquisa utilizando os índices IOTN E OIDP, Oliveira16

e Sheiham

concluíram que os adolescentes que completaram o tratamento ortodôntico

apresentaram menos impacto relacionado à saúde bucal comparados com os outros dois

grupos, um em tratamento e outro não tratado, e também apresentaram uma melhor

saúde bucal relacionada com a qualidade de vida daqueles em tratamento ou dos que

nunca trataram.

Kok10

e colaboradores, salientaram sobre o recente aumento do interesse no uso

de indicadores para a avaliação da necessidade do tratamento ortodôntico, como forma

de medir a saúde bucal relacionada a qualidade de vida (OhrQoL). Mas enfatizaram que

ainda não existia uma medida padrão específica de OhrQoL para ser utilizado na

ortodontia, apenas um número pequeno de estudos investigando a aplicação do

OHrQOL em conjunto com o IOTN para predizer a necessidade de tratamento

ortodôntico.

De acordo com Colares5 e colaboradores, o estilo de vida moderno,

principalmente nas grandes cidades, induz de modo mais intenso à reflexão sobre este

assunto. Qualidade de vida é um conceito subjetivo e a transferência desse tema para o

campo da saúde e da doença, aumenta sua complexidade, pois o impacto da doença na

vida de uma pessoa depende de vários fatores, nem sempre controláveis. Assim como

saúde não pode ser definida como ausência de doença, qualidade de vida não pode ser

considerada apenas como ausência de queixas e reclamações. É um conceito que

considera a percepção, refletindo as diferentes formas que uma pessoa percebe e

interage com o mundo e seus objetivos pessoais. Segundo a Organização Mundial de

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saúde, qualidade de vida é a percepção da pessoa sobre sua posição na vida em relação

aos seus objetivos e expectativas, considerando o contexto da cultura e sistema de

valores nos quais ela vive.

Existe a necessidade de se instituir definições que traduzam os interesses da

criança e do adolescente, e não dos adultos que os avaliam. Assim, devem-se

estabelecer métodos de avaliação que captem a percepção da pessoa a ser avaliada, e

quando se tratar de criança, não apenas as expectativas e percepções do cuidador, seja

ele pai ou profissional de saúde. 5

A organização mundial de Saúde, no intuito de uniformizar um instrumento de

avaliação, desenvolveu o WHOQOL -100 disponível em 20 idiomas. Questionário auto-

explicativo e de auto-avaliação. Foi desenvolvido também numa versão abreviada, com

o objetivo de apresentar-se curto, de rápida aplicação, que demanda pouco tempo para

seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias. Pesquisas

científicas demonstram a contribuição da saúde sobre a qualidade de vida

individualmente ou em populações. Do ponto de vista individual, a interferência de uma

mesma doença na vida de duas pessoas com o mesmo tipo de resposta ao tratamento

será diferente, dependendo da forma como cada uma percebe as restrições nas

atividades da vida diária. 5

Em uma pesquisa utilizando o índice DAI (Dental Aesthetic Index) em adultos

jovens, Traebert e Peres23

concluíram que a única condição de maloclusão que

ocasionou impacto na qualidade de vida dos participantes foi o apinhamento anterior.

Os autores observaram que o apinhamento dos dentes anteriores possui um grande

potencial para interferir na auto-percepção da estética dentofacial, mais do que a

maloclusão relacionada com problemas funcionais.

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Empregando os índices OIDP e DAI em adolescentes, Marques14

e

colaboradores comprovaram que 27% dos adolescentes apresentaram um impacto

estético negativo na vida diária devido à maloclusão, ou seja, relataram sentir-se

constrangidos ao sorrir. Entre os tipos de maloclusão observados , o apinhamento dos

incisivos superiores foi considerado a principal causa do impacto. De acordo com estes

pesquisadores o gênero feminino mostrou-se o mais afetado pela aparência dentofacial e

jovens com baixa auto-estima mostraram-se mais susceptíveis aos efeitos estéticos da

maloclusão.

Gherunpong22

e seus colaboradores observaram que os métodos tradicionais que

mediam a saúde bucal, mostraram-se incapazes de criar um quadro real de como a saúde

bucal poderia afetar a rotina das pessoas. Os índices tradicionais possibilitariam

somente uma visão superficial da atual necessidade de tratamento. Considera-se

atualmente o índice OHQoL como o índice mais importante para se avaliar o impacto

da saúde bucal na rotina das pessoas. A partir do resultado do OHQoL é possível avaliar

questões subjetivas e associá-las às tradicionais medidas clínicas, sendo uma ferramenta

importante no planejamento do tratamento. Essas medidas subjetivas devem ser

complementares às medidas clínicas e não simplesmente substituídas. Adulyanom e

seus colaboradores desenvolveram um método que integrava o índice OHRQoL às

demais medidas clínicas tradicionais. Porém este tratado sóciodental tem sido utilizado

somente em populações adultas. Não há nenhum estudo integrando o índice OHQoL à

avaliações para os diferentes tratamentos dentários de crianças.

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Discussão

O assunto qualidade de vida tem sido discutido com bastante freqüência na

última década. A busca por melhores condições de sobrevivência e bem estar é objetivo

de toda sociedade. A ortodontia por estar diretamente associada à estética e a saúde

bucal pode refletir no bem estar psicossocial, principalmente durante a puberdade onde

o indivíduo está se desenvolvendo e criando diferentes percepções do mundo. É

inegável a importância da estética dentária, e portanto da ortodontia na vida dos

adolescentes.

Conclusão

A partir dos artigos revisados, é possível afirmar que a qualidade de vida dos

adolescentes altera-se se o jovem possuir maloclusões graves. Entretanto, ainda não

existe na literatura nenhum índice capaz de avaliar como os problemas ortodônticos

podem afetar a qualidade de vida dos adolescentes. Existem diversos instrumentos

capazes de mensurar as conseqüências funcionais e psicológicas das doenças bucais.

Contudo, todos foram projetados para populações adultas, não existindo nenhum

trabalho abrangente com foco em adolescentes. Vários autores citaram a importância de

criar um índice que avalie os aspectos psicológicos dos adolescentes correlacionados

com problemas ortodônticos.

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25

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28

4- ARTIGO 2

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29

A percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico

(Artigo de divulgação)

Resumo

Os pais são os principais responsáveis por levar seus filhos ao consultório. A

identificação e mensuração da percepção dos pais em relação à necessidade de

tratamento ortodôntico de seus filhos mostram-se de grande importância para a

indicação e sucesso do tratamento. Os pais são o principal motivo pelo início do

tratamento ortodôntico, e os motivos por optar pelo tratamento são diferentes dos

motivos das crianças. Desta forma os pais são o fator mais poderoso pela procura do

tratamento ortodôntico.

Palavras - chave: ortodontia, percepção, adolescentes, pais

Abstract

The parents’ perception regarding the orthodontic treatment necessity

The parents are the main responsible ones for taking their children to the

dentist's office. The identification and measurement of the parents‟ perception in

relation to the necessity of their children‟s orthodontic treatment are very important for

its indication as well as its success. The parents are the main reason for the beginning of

the orthodontic treatment, and their reasons for choosing the treatment are different

from the children‟s ones. In this way, the parents are the main factor that explains the

orthodontic treatment demand.

Key-words: perceptions, parents, adolescents, orthodontics

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30

Revista de literatura

Hamdan relatou que vários pesquisadores como Sclare,9 em 1945, Moore,

9 em

1948, e Poulton e Aaronson9, em 1961, verificaram que a avaliação da necessidade de

tratamento ortodôntico constitui-se uma das razões mais importantes pelas quais vários

índices oclusais são desenvolvidos. O uso destes índices permite invidualizar cada caso,

e possibilitar uma avaliação mais ampla e um diagnóstico mais preciso do paciente. Um

dos índices mais utilizados para definir a severidade ou o grau de maloclusão é o IOTN.

Este índice é utilizado conjuntamente com o componente de saúde dentária (DHC) e o

componente estético (AC).

Lewitt e Virolainem,15

em 1968, verificaram que a capacidade de perceber a

necessidade do tratamento ortodôntico centraliza-se em maior escala em pessoas do

sexo feminino, leucodermas, em áreas urbanas e entre crianças de maior nível

socioeconômico. Estes autores mostraram também que os pais são o fator mais

poderoso para a motivação ao tratamento ortodôntico.

Kreit, Burstone e Delman12

concluíram que o relacionamento entre pais e filhos

é o fator mais importante para o sucesso do tratamento. Filhos que eram extremamente

controlados e constantemente cobrados pelos pais, apresentaram um índice de

colaboração muito abaixo daquelas crianças que se relacionavam bem com seus pais.

Este pesquisador verificou também que as meninas mostram-se mais colaboradoras ao

tratamento ortodôntico quando comparadas com os meninos da mesma faixa etária.

Luffinham,14

e Campbell, realizaram uma pesquisa na Inglaterra com 621 pais

de crianças de 10 a 12 anos, e concluíram que 98% dos pais consideram o tratamento

ortodôntico essencial nos casos de apinhamento dentário e projeção de incisivos.

Entretanto, poucos pais reconhecem a maloclusão de seus próprios filhos. A partir de

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31

um questionário enviado aos pais, foi possível verificar que os mesmos subestimaram o

tempo de tratamento proposto pelo ortodontista, quando acharam que o tempo de

correção da maloclusão não atingiria mais que 1 ano.

Prahl Andersen20

e colaboradores, compararam a percepção dentofacial entre

pais, cirurgiões dentistas e ortodontistas. No estudo utilizaram desenhos de 11 diferentes

perfis e 11 fotos intrabucais com diferentes maloclusões. Estes desenhos e fotos foram

apresentados a 1150 pais que classificaram com 1 (um) as oclusões normais, 2 (dois)

maloclusões com leve desvio e com 3 (três) desvios consideráveis. A partir destes

dados os pesquisadores concluíram que existem uma significativa diferença na

percepção da estética dentofacial entre os pais e profissionais. Não existindo, contudo,

diferenças significativas entre a percepção de cirurgiões dentistas e ortodontistas, salvo

na fase do „‟patinho feio‟‟.

Baldwin,2 sugeriu a evidência de que os pais ocasionalmente preocupam mais

com a estética odontológica de suas filhas do que os filhos. Este pesquisador observou

que os pais encontravam-se preocupados com o futuro dos filhos e o que a estética

dentária pode influenciar nos projetos de vida dos mesmos. Todavia as crianças estão

mais preocupadas sobre as vantagens imediatas que o tratamento pode lhes trazer. Nesta

pesquisa foi também observado que os pais de classe social mais alta julgavam o

tratamento ortodôntico mais importante. Os fatores que motivam os pais ao encaminhar

seus filhos para realizar tratamento dentário são o custo do tratamento, a percepção da

eficácia do tratamento e a viabilidade do tratamento.

Shaw23

observou que os principais fatores que motivam o tratamento ortodôntico

incluíam o sexo, a idade, o nível intelectual, a classe social, a severidade da maloclusão,

a assistência dentária, a imagem no espelho e a auto-estima. Este pesquisador concluiu

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32

que as crianças com maloclusões mais severas, apresentavam também os sentimentos

mais negativos sobre seus dentes. Estas mesmas crianças juntamente com seus pais

concordaram quando julgaram os dentes como o pior traço em suas características

físicas. Entretanto, descobriu que aproximadamente um terço das mães falhou

completamente ao tentar identificar a fotografia bucal de seus filhos.

Gosney,8 reportou que os pais apresentam condições de noticiar problemas

oclusais em seus filhos quase quanto um dentista. O pesquisador também concluiu que a

percepção do paciente em relação a sua maloclusão não coincide com o diagnóstico do

ortodontista. Para este pesquisador, a ordem decrescente de influência na decisão da

procura por tratamento ortodôntico é: a indicação do clínico, o desejo do próprio

paciente em melhorar a aparência dos dentes, por influência da mãe, por influência do

pai e por último a influência de outros de colegas de escola que usam aparelho

ortodôntico.

O tratamento ortodôntico corrige maloclusões com o objetivo de oferecer aos

pacientes melhores condições de função e estética. O paciente que busca por este

tratamento deseja alterações específicas em seus dentes e/ou face, ou alívio de sintomas

que nem sempre são reportados adequadamente ao profissional, dificultando a

elaboração de um plano de tratamento que conjugue as metas ortodônticas e as

expectativas do paciente e pais de paciente. 4

A maioria dos pacientes ortodônticos são crianças ou adolescentes. Como

conseqüência os pais são os maiores responsáveis pelo início e até mesmo pelo sucesso

do tratamento. Este pesquisador constatou que a média de interrupção de tratamento é

de 20% nos tratamentos realizados pela rede pública inglesa. 10

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33

Existem diferentes percepções da necessidade de tratamento quando os pais

conduzem seus filhos ao consultório ortodôntico. Do confronto entre a obrigação

profissional e a existência de vários fatores determinantes do sucesso do tratamento,

algumas providências se mostram salutares, dentre as quais a necessidade de se

conhecer muito bem as expectativas do paciente e pais do paciente quanto aos

resultados que o tratamento poderá lhe proporcionar.22

Espeland, Ivarsson e Stenvik,7 e colaboradores, em 1992, realizaram um

levantamento com 93 pais, e concluíram que 54% dos pais percebiam a necessidade de

tratamento ortodôntico em seus filhos. Entretanto, metade dos pais que possuíam filhos

com maloclusão grave não percebeu a necessidade do tratamento ortodôntico. Os

autores verificaram que são basicamente os pais que decidem por iniciar o tratamento

ortodôntico, e os motivos por optar pelo tratamento são diferentes dos motivos das

crianças. Desta forma os pais são o fator mais poderoso pela procura do tratamento

ortodôntico.

Os dentes são o quarto fator que mais provocam as crianças a receberem

apelidos na escola. Antes dos dentes vem o peso, a altura e o cabelo. Esse desconforto

por ser criticado na fase escolar pode perdurar até a fase adulta influenciando na

qualidade de vida do adulto. As maloclusões mais observadas pelas crianças são o

overjet acentuado, mordida profunda acentuada e apinhamento. As crianças portadoras

destas maloclusões, juntamente com seus pais, tendem a desejar o tratamento

ortodôntico com maior intensidade. Em uma pesquisa realizada por Kilpelainen11

com

473 pais na clínica de graduação da Universidade da Carolina do Norte, 44% dos pais

reportou que seus filhos receberam apelidos devido aos dentes. Foi verificado que 85%

dos pais procuram o tratamento ortodôntico devido à aparência dos dentes, seguidos em

73% por encaminhamento do dentista clínico e 46% por aparência da face. Na discussão

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desta pesquisa é sugerido que durante a fase escolar os pais são capazes de noticiar

problemas oclusais em seus filhos quase quanto um dentista.

Pietila e Pietila,19

em uma pesquisa na Finlândia com 261 pais e seus filhos de 7

a 8 anos, concluíram que a grande maioria dos pais perceberam a necessidade de

tratamento ortodôntico em seus filhos. A motivação dos pais, e principalmente das mães

é pré-requisito determinante no sucesso do tratamento. Contudo, não existiu associação

entre as opiniões dos pais em relação a sua própria aparência dentária e a percepção da

necessidade de tratamento ortodôntico de seus filhos. A maioria dos pais acreditava que

a melhor idade para se iniciar o tratamento ortodôntico abrangia os 7 ou 8 anos.

Sheats24

e colaboradores, em uma pesquisa com 54 pais e seus filhos, reportaram

que 63% dos pais percebiam a necessidade de tratamento em seus filhos determinado

mais pela questão da aparência do que em relação à condição clínica.

A comunicação entre pacientes e ortodontista deve ser observada em todos os

detalhes. Na consulta inicial o ortodontista deve explicar o diagnóstico, o planejamento

e os benefícios que o mesmo pode trazer. É importante que durante todo o tratamento o

profissional motive e explique a evolução do caso. Os pesquisadores sugerem também

que o envolvimento dos pais é uma intervenção óbvia nos casos de inadequada

cooperação das crianças. 27

Birkeland, Boe e Wisth,3 em 1996, pesquisando 327 pais e seus filhos

concluíram que a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento

ortodôntico encontrava-se diferente dos ortodontistas.

O tratamento ortodôntico deve garantir a obtenção de resultados previstos e

eficazes. Sabe-se, contudo, que em ortodontia, o sucesso do tratamento não depende

somente da experiência do profissional, mas, sim, da interação de uma série de fatores

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35

que por vezes limitam o bom andamento do tratamento, inviabilizando,

conseqüentemente, a obtenção dos melhores resultados. Dentre estes fatores, podem-se

destacar as limitações intrínsecas a cada caso, mas, principalmente, o grau de

colaboração do paciente em relação a diversos aspectos que englobam, desde a

higienização até a freqüência ao consultório, envolvendo outros mais críticos como a

utilização adequada dos aparelhos que podem ser removidos pelo próprio paciente. 18

Para explicar o planejamento de um tratamento ortodôntico, o uso de artifícios

visuais é uma ferramenta de comunicação importante, e que apresenta vantagens quando

comparado com explicações verbais, principalmente quando crianças são o alvo.

Stenvik e colaboradores25

verificaram que os adultos jovens e seus pais possuem uma

percepção de estética dentária bastante compatível, diferentemente das crianças que

possuem um senso crítico de estética menos exigente. Os autores reafirmaram que a

percepção da necessidade do tratamento ortodôntico e a preocupação com os dentes, se

alteram de acordo com a idade e com mudanças socioculturais.

A estética facial é um fator determinante nas atribuições e percepções sociais.

Essa percepção da estética facial influencia o desenvolvimento psicossocial do

indivíduo da infância até a fase adulta. A aparência da boca e do sorriso são muito

importantes nas interações sociais, particularmente nos jovens. Crianças com aparência

dentária harmônica são consideradas mais atrativas, possuem mais amigos e são mais

inteligentes. Os pais procuram o tratamento ortodôntico com a esperança de que seus

filhos obtenham uma estética facial ideal compatível com a sociedade e cultura em que

vivem. Estes pais estão mais preocupados com o fator estético do que com a maloclusão

propriamente dita. Crianças do sexo feminino são mais colaboradoras do que os

meninos, e de forma geral os pré-adolescentes são mais motivados ao tratamento do que

os adolescentes. A capacidade de perceber a necessidade do tratamento ortodôntico

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36

mostra-se maior no sexo feminino, leucodermas, em áreas urbanas e entre crianças de

maior nível socioeconômico.26

Existe um número pequeno de estudos que investigaram a utilidade do índice de

saúde bucal relacionado à qualidade vida denominado OHrQoL, conjuntamente com

índice IOTN, em relação as preocupações às questões ortodônticas.16

Vários estudos investigaram o relacionamento entre a necessidade de tratamento

ortodôntico e a percepção de maloclusão do paciente. Entretanto poucos estudos

consideraram a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento

ortodôntico.28

Cunha5 e colaboradores, em 2003, realizaram uma pesquisa em pacientes

tratados ortodonticamente, com o intuito de analisar a presença ou ausência de

maloclusões, o prejuízo estético e o grau de necessidade de tratamento ortodôntico

destes pacientes, através da utilização dos índices DAI e IOTN. Os resultados

mostraram que mais de 70% dos casos tratados possuíam uma severa necessidade de

tratamento ortodôntico de acordo com ambos os índices. Porém, ao se avaliar a

concordância quantitativa e qualitativa entre os índices, através dos coeficientes

Spearman e Kappa, estas não apresentaram significância estatística em virtude das

características peculiares dos mesmos. As características oclusais mais freqüentes nestes

casos foram: sobressaliência maxilar superior acima de 3,5mm, apinhamento e ausência

dentária. Observou-se ainda que os índices oclusais não são capazes de substituir a

documentação ortodôntica já que não foram preconizados para este fim.

Martins 17

e colaboradores, em 2003, efetuaram uma pesquisa, em que os alunos

propuseram um questionário claro e objetivo que apresentava uma listagem de

condições entre as quais os pacientes podiam identificar suas queixas. Este estudo tinha

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como objetivo facilitar a comunicação entre os profissionais e os pacientes. As respostas

dadas pelos pacientes foram comparadas com o diagnóstico e os planos de tratamento

elaborados pelos professores e alunos do curso de Mestrado em Ortodontia, com o

objetivo de avaliar se as queixas dos pacientes eram coincidentes com o diagnóstico e

poderiam ser solucionadas pelo tratamento proposto. Verificou-se que em 64,5% das

possíveis mudanças propostas pelo planejamento ortodôntico, existe uma excelente

concordância entre a expectativa do paciente em relação ao tratamento sugerido pelo

profissional. Em 29% esta concordância foi de razoável a boa, e em 6,5% foi fraca.

Portanto, foi concluído que geralmente o paciente deseja alterações específicas em seus

dentes, na face ou alívio de sintomas que nem sempre são reportados de forma clara e

objetiva ao profissional, dificultando a elaboração de um plano de tratamento que

conjugue as metas ortodônticas e as expectativas de pacientes e pais de pacientes.

Em 2004, num estudo realizado por Hamdan,9

foi comparada a percepção da

necessidade de tratamento ortodôntico entre pacientes, pais e dentistas utilizando-se o

índice IOTN. Um clínico pontuou os pacientes utilizando o índice IOTN e o

componente estético (AC). Pais e filhos foram também submetidos ao componente

estético. A maior média de percepção da necessidade de tratamento ortodôntico foi

achada nos pais, seguido pelos pacientes e clínicos com pontuações de 6.6, 6.1 e 5.4 cm

respectivamente. Uma diferença significativa foi encontrada entre pais e ortodontistas.

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38

Discussão

Podemos notar ao longo do artigo que existem diferentes conclusões

sobre este assunto. Lewitt e Virolainem,15

mostraram que os pais são o fator mais

poderoso para a motivação ao tratamento ortodôntico. Luffinham,14

e Campbell,

concluíram que 98% dos pais consideram o tratamento ortodôntico essencial nos casos

de apinhamento dentário e projeção de incisivos. Entretanto, estes mesmos pais pouco

reconhecem a maloclusão de seus próprios filhos. Prahl Andersen20

e colaboradores

concluíram que existe uma significativa diferença na percepção da estética dentofacial

entre os pais e profissionais. Já Gosney,8 reportou que os pais apresentam condições de

noticiar problemas oclusais em seus filhos quase quanto um dentista. Mas também

concluiu que a percepção do paciente em relação a sua maloclusão não coincide com o

diagnóstico do ortodontista. Birkeland, Boe e Wisth,3 concluíram que a percepção dos

pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico encontrava-se diferente dos

ortodontistas. Portanto, pode-se verificar que não existe um senso comum sobre a

percepção dos pais quanto a maloclusão de seus filhos.

Conclusões

Portanto, existem na literatura vários índices clínicos para se medir doenças

dentárias, mas pesquisas sobre o aspecto psicológico da influência dos dentes e boca na

auto-estima ainda são muito poucas. É consenso de vários pesquisadores como

Cushing,6 em 1986, Reisine,

21 em 1989, Atchison,

1 em 1990, Locker,

13 em 1988, que

pesquisas devem ser conduzidas para que se desenvolvam índices que avaliem melhor

os aspectos subjetivos dos impactos bucais. A identificação e mensuração da percepção

dos pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico de seus filhos mostram-se

de grande importância para a indicação e sucesso do tratamento.

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e Ortopedia Facial. Curitiba, v. 8, n. 43, p. 19-28, 2003.

18 - PINZAN, Arnaldo; VARGAS Neto, Júlio; JANSON, Guilherme dos Reis Pereira.

O paciente ortodôntico quanto ao seu grau de informação e motivação e suas

expectativas acerca do tratamento. Revista de Ortodontia, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 40-

44, set.-dez. 1997.

19 - PIETILA, T.; PIETILA, I. Parents‟ views on their own child‟s dentition compared

with an orthodontist‟s assessment. European Journal of Orthodontics, v.16, n.4, p.

309–316, ago. 1994.

Page 41: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

41

20 - PRAHL Andersen, et. al. Perceptions of dentofacial morphology by laypersons,

general dentists, and orthodontists. Journal of the American Dental Association, v.

98, n. 2., p. 209–212, fev. 1978.

21 - REISINE, S.T.,FERTIG, J. ; LEDER, S Impact of dental conditions on patients

quality of life. Community Dentistry and Oral Epidemiology. v. 17, n.1, p. 7-10, fev.

1989.

22 - SHAW, WC; et. al. Quality control in orthodontics: Indices of Treatment Need and

Treatment standards. British Dental Journal. v. 170, n. 3, p.107-112, fev. 1991.

23 - SHAW, W. C. Factors influencing the desire for orthodontic treatment. European

Journal of Orthodontics v.3, n. 3, p.151–162, 1981.

24 - SHEATS, R. D.; et. al. Pilot study comparing parents‟ and third-grade

schoolchildren‟s attitudes toward braces and perceived need for braces. Community

Dent Oral Epidemiol, v.23, n.1, p.36–43, fev., 1995.

25 - STENVIK A, et. al. Lay attitudes to dental appearance and need for orthodontic

treatment. European Journal of Orthodontics. v.19, n.3, p. 271-277, jun. 1997.

26 - TUNG A.W.; KIYAK H.A. Psychological influences on the timing of orthodontic

treatment. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. n.113,

p. 29-39, jan. 1998.

27 - WITT, E. and BARTSCH, A. Effects of information-giving and communication

during orthodontic consultation and treatment. Part 3: optimized orthodontist -patient

communication, Fortschritte der Kieferorthopadie, v. 57, n.3 p.154–167, jun. 1996

28 - YEH M., The relationship of 2 professional occlusal indexes with patients‟

perceptions of aesthetics, function, speech, and orthodontic treatment need. European

Journal of Orthodontics n. 25, p. 57-63, 2003.

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42

5- ARTIGO 3

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43

CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E

ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA

MALOCLUSÃO

Introdução e revista de literatura

A maioria dos pacientes ortodônticos são crianças ou adolescentes. Como

conseqüência os pais são os maiores responsáveis pelo início e até mesmo pelo sucesso

do tratamento.10

Espeland, Ivarsson e Stenvik,5 realizaram um levantamento com 93 pais, e

concluíram que 54% percebiam a necessidade de tratamento ortodôntico em seus filhos.

Entretanto, metade dos pais que possuíam filhos com maloclusão grave não percebeu a

necessidade do tratamento ortodôntico. Estes pesquisadores também verificaram que os

pais são os principais responsáveis por decidir em iniciar o tratamento ortodôntico, e os

motivos pela opção do tratamento são diferentes dos motivos das crianças. Desta forma

os pais são determinantes pela procura e sucesso do tratamento ortodôntico.

A pesquisa das origens da percepção e do comportamento humano pode levar a

uma conclusão de como as diferenças individuais podem influenciar nos sentimentos,

pensamentos e comportamentos1.

A psicologia social e a ortodontia pareciam disciplinas bastante distantes, pois o

ortodontista mede características físicas com precisão, como milímetros e graus, o

psicólogo mede entidades menos específicas, como ações sociais e verbais. Entretanto,

apesar destas duas ciências parecerem dicotômicas, existem áreas de sobreposição nas

quais considerações interdisciplinares são úteis e necessárias. 6

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44

De acordo com Graber6, existe um campo mental e o outro dentário,

considerando-se o impacto que as alterações na aparência facial podem afetar sobre o

bem-estar geral de um paciente na vida, é fundamental que o ortodontista compreenda a

base da psicologia social e da teoria sobre atratividade facial. Desde a infância, crianças

não atraentes tendem a ser percebidas de forma mais negativa, mesmo por suas próprias

mães.

Elder, Nguyen e Caspi4 examinaram as relações entre pais e adolescentes e

observaram que os pais foram mais punitivos e severos com suas filhas menos atraentes

que com as mais atraentes. De fato vários estudos laboratoriais verificaram a influência

da atratividade sobre a severidade da punição, revelando uma propensão a infligir

sanções mais punitivas a crianças menos atrativas.

Desde uma idade precoce, somos advertidos a não julgar um livro por sua capa,

e recebemos ensinamentos de que a beleza engloba aspectos maiores além da pele.

Porém, o julgamento da personalidade e caráter baseado em qualidades superficiais de

aparência facial pode influenciar nossos valores culturais. Pesquisas demonstram de

maneira surpreendente que a aparência facial possui influência difundida sobre como os

indivíduos são considerados e tratados em todos os principais domínios sociais da vida.

Estudos sugerem que com base na aparência facial, os pais tratam os bebês de forma

melhor ou pior, os professores realizam inferências elogiosas ou pejorativas sobre seus

alunos, o apoio social é concebido ou negado, oportunidades de trabalho são ganhas ou

perdidas, parceiros potenciais são procurados ou rejeitados, e júris até consideram réus

inocentes ou culpados. Portanto a psicologia social demonstra que a aparência facial

tende a ter impacto significativo na qualidade de vida. 18

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45

Sheats14

e colaboradores, numa pesquisa com 54 pais e seus filhos, reportaram

que 63% dos pais percebiam a necessidade de tratamento em seus filhos determinado

mais pela questão da aparência do que em relação à condição clínica.

Shaw, 13

em 1991, verificou que existem diferentes percepções da necessidade

de tratamento quando os pais conduzem seus filhos ao consultório ortodôntico. Do

confronto entre a obrigação profissional e a existência de vários fatores determinantes

ao sucesso do tratamento, algumas providências se mostram salutares, dentre as quais a

necessidade de se conhecer muito bem as expectativas do paciente e pais do paciente

quanto aos resultados que o tratamento poderá lhe proporcionar.

Mães de recém nascidos com faces atraentes e mostravam-se mais carinhosas e

brincavam mais com seus bebês que mães de bebês menos atraentes. Além do

tratamento diferencial, mães de recém-nascidos menos atraentes expressaram atitudes

relativamente mais negativas sobre seus filhos, sendo uma interferência opressiva na

vida dos pais. 11

A comunicação entre pacientes e ortodontista deve ser observada em todos os

detalhes. Na consulta inicial o ortodontista deve explicar o diagnóstico, o planejamento

e os benefícios que o mesmo pode trazer. É importante que durante todo o tratamento o

profissional motive e explique a evolução do caso. O envolvimento dos pais é uma

intervenção óbvia nos casos de inadequada cooperação das crianças. 16

Birkeland2 e colaboradores, em 1996, realizaram uma pesquisa com 327 pais e

seus filhos e os autores concluíram que a percepção dos pais em relação à necessidade

de tratamento ortodôntico encontrava-se diferente dos ortodontistas.

O tratamento ortodôntico deve garantir a obtenção de resultados previstos e

eficazes. Sabe-se, contudo, que em ortodontia, o sucesso do tratamento não depende

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46

somente da experiência do profissional, mas, sim, da interação de uma série de fatores

que por vezes limitam o bom andamento do tratamento, inviabilizando,

conseqüentemente, a obtenção dos melhores resultados. Dentre estes fatores, podem-se

destacar as limitações intrínsecas a cada caso, mas, principalmente, o grau de

colaboração do paciente em relação a diversos aspectos que englobam, desde a

higienização até a freqüência ao consultório. Sendo os pais os principais responsáveis

pela condução de seus filhos ao consultório, estes se mostram como fatores

determinantes ao sucesso do tratamento. 12

Crianças com aparência odontológica harmônica são consideradas mais

atrativas, possuem mais amigos e são mais inteligentes. Sendo assim os pais procuram o

tratamento ortodôntico com a esperança de que seus filhos obtenham uma estética facial

ideal compatível com a sociedade e cultura em que vivem. Estes pais estão mais

preocupados com o fator estético do que com a maloclusão propriamente dita. Crianças

do sexo feminino são mais colaboradoras do que os do masculino, e de forma geral os

pré-adolescentes são mais motivados ao tratamento do que os adolescentes. A

capacidade de perceber a necessidade do tratamento ortodôntico mostra-se maior no

sexo feminino, leucodermas, em áreas urbanas e entre crianças de maior nível

socioeconômico. 15

O sorriso é a segunda característica facial, depois dos olhos, que as pessoas

tendem a observar ao avaliar a atratividade alheia. A aparência facial de uma pessoa e

seu grau de atratividade pode influenciar significamente nos diversos aspectos da vida

pessoal, profissional e social. Portanto, ortodontistas podem interferir nos aspectos

psicológicos de pacientes e pais de pacientes, pois realizam procedimentos que alteram

e que melhoram a aparência facial de um indivíduo. 8

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47

Vários estudos que investigaram o relacionamento entre a necessidade de

tratamento ortodôntico e a percepção de maloclusão do paciente. Entretanto, poucos

estudos consideraram a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento

ortodôntico. 17

Jokovic10

e seus colaboradores, mensuraram as percepções dos pais em relação a

saúde bucal de seus filhos, e o quanto os aspectos dentários influenciavam na qualidade

de vida dos mesmos. Estes autores, com base em várias pesquisas concluíram que para

se avaliar estes aspectos era necessário obter e comparar as informações tanto dos pais

quanto das crianças. A partir destes dados era possível avaliar de que forma a saúde

bucal influenciaria no bem estar das crianças. Portanto, a partir da construção do índice

COHQOL que significa Child Oral Health Quality of Life Questionnare estes

pesquisadores decidiram criar componentes análogos a este índice. Foi confeccionado,

então, os índices P-CPQ que significa Parental-caregiver Perceptions Questionnare e

CPQ que significa Child Perceptions Questionnare, com o objetivo de se analisar e

captar as informações de pais e filhos quanto a saúde bucal. Nesta pesquisa Jokovic e

seus colaboradores tiveram como objetivo descrever o P-CPQ e analisar sua

fidedignidade para validação. Com base nos dados obtidos os autores concluíram que o

questionário P-CPQ é valido e seguro.

Em 2004, num estudo realizado por Hamdan7

comparou a percepção da

necessidade de tratamento ortodôntico entre pacientes, pais e dentistas utilizando-se o

índice IOTN. Um clínico pontuou os pacientes utilizando o índice IOTN e o

componente estético (AC). Pais e filhos foram também submetidos ao componente

estético. A maior média de percepção da necessidade de tratamento ortodôntico foi

achada nos pais, seguido pelos pacientes e clínicos com pontuações de 6,6, 6,1 e 5,4

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48

cm respectivamente. Uma diferença significativa foi encontrada entre pais e

ortodontistas.

As doenças bucais são um problema mundial. Mas geralmente é dada baixa

prioridade a essa questão pelos governantes porque raramente pode causar risco de vida.

Entretanto, problemas dentais podem representar impactos significantes tanto nos

aspectos sociais quanto nos aspectos psicológicos de um indivíduo. Problemas dentários

podem afetar a qualidade individual assim como sua auto-estima. No trabalho realizado

por Colares e colaboradores foi aplicado o questionário P-CPQ, idealizado por Jokovic,

que tem como objetivo medir e avaliar as percepções dos pais quanto a saúde bucal de

seus filhos. Utilizando este questionário os autores avaliaram os aspectos psicossociais

que a cárie severa causava na qualidade de vida de crianças de 4 anos na cidade de

Recife e concluíram que as cáries severas podem causar um impacto negativo na

qualidade de vida das crianças.

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49

Metodologia

O presente estudo iniciou-se somente após a análise e aprovação do Comitê de

ética e pesquisa da PucMinas sob número COEP = CAAE 0097.0.213.000-05

(Anexo I). Os pais que participaram da referida pesquisa, receberam previamente um

termo de consentimento Livre Esclarecido (anexo II) contendo todas as informações

inerentes à pesquisa, e que solicitava o consentimento por parte dos mesmos. Os termos

de consentimento livre esclarecido foram assinados pelo pesquisador e pais de

adolescentes envolvidos na pesquisa.

Obtenção e Seleção da amostra

Avaliando a percepção dos pais

Inicialmente realizou-se um plano piloto no sentido de calibrar o pesquisador,

em 20 pais de crianças de 11 a 17 anos de idade, de ambos os sexos. Após esta

calibração, o pesquisador aplicou parte do questionário P-CPQ (anexo III) a todos os

pais de crianças e adolescentes que iniciaram o tratamento ortodôntico na clínica da

PUCMINAS no ano de 2007. A amostra envolveu 33 questionários. O questionário

P-CPQ foi traduzido para o português por um tradutor juramentado. Sua versão original

consta de 49 perguntas aos pais, que envolvem aspectos deste a higienização, dor de

dente a fatores que influenciariam a qualidade de vida. Para avaliar a percepção da

maloclusão de seus filhos selecionou-se 18 perguntas do questionário P-CPQ que se

aplicam aos aspectos ortodônticos. Estes questionários foram lidos para os pais

pessoalmente, com o objetivo de esclarecer qualquer dúvida na obtenção da resposta. As

respostas dos 33 pais seguem em anexo.

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50

Avaliando a percepção do ortodontista

Para avaliarmos a maloclusão do paciente, utilizou-se os dados obtidos pelo

triângulo de Tweed (Anexo IV). A partir da telerradiografia traçou-se as estruturas

anatômicas de interesse, plano de Frankfurt, plano mandibular e linha ao longo eixo dos

incisivos inferiores. Com estes planos obteve-se o triângulo de Tweed, formado pelos

ângulos FMA, FMIA e IMPA. Após mensurar estes ângulos calculou-se a discrepância

cefalométrica de cada paciente. Quanto maior a discrepância cefalométrica maior seria a

maloclusão do paciente. Elaborou-se, então, uma tabela para classificar os diferentes

níveis de maloclusão. (Quadro 1)

Para correlacionar a visão dos pais com o diagnóstico do ortodontista,

confrontou-se os dados obtidos a partir do questionário P-CPQ com a discrepância

cefalométrica obtida pela medição dos ângulos do triângulo de Tweed.

Tabela para pontuação da discrepância cefalométrica

Quadro 1

Discrepâncias Cefalométricas Pontuação Maloclusão

Valores positivos até - 5 mm 0 normal

Valores de – 5,1 mm até -8mm 1 leve

Valores de – 8,1 mm até -15mm

2 moderado

Valores de igual ou menor que -15,1

mm

3 severa

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51

Métodos de Registro

Os pais responderam uma entrevista semi-estruturada utilizando-se o

questionário P-CPQ (Anexo II). Este questionário foi desenvolvido para avaliar a

percepção dos pais em relação saúde bucal de seus filhos. Para avaliar o grau de

maloclusão do adolescente foi utilizado pelo ortodontista as telerradiografias, onde

verificamos a discrepância cefalométrica a partir dos dados obtidos pelo triângulo de

Tweed.

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52

Resultados

Para comparar as medidas efetuadas pelo ortodontista utilizou-se o teste-„t‟

pareado e o índice de Pearson. De acordo com o teste-„t‟ os valores obtidos entre a 1

medição e a 2 medição do pesquisador verificou-se que não ocorreram diferenças

significativas (t = -1,964, p = 0,081) entre as 2 medidas. A partir da correlação de

Pearson encontrou-se uma correlação alta e significativa com r = 0,886 e p = 0,001.

(Tabela 1).

Teste t entre a primeira e segunda avaliação do ortodontista

Tabela1

Média N Desvio padrão Erro médio padrão

ORTO 1 1,500 10 ,8498 ,2687

ORTO 2 1,800 10 1,0328 ,3266

t df p

(bilateral) Média Desvio Padrão

Erro da média

95% Intervalo de confiança

Maior Menor

ORTO 1 - ORTO 2

-,300 ,4830 ,1528 -,646 ,046 -1,964 9 ,081

ORTO 1 ORTO 2

ORTO 1 Correlação de Pearson 1 ,886(**)

p (bilateral) . ,001

N 33 10

ORTO 2 Correlação de Pearson ,886(**) 1

p (bilateral) ,001 .

N 10 10

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53

Na tabela 2 comparou-se o resultado obtido pelo diagnóstico do ortodontista

com o resultado da primeira pergunta do questionário P-CPQ (Como seria a saúde bucal

de seu filho em relação aos dentes, aos lábios, aos maxilares e a boca?). A correlação

entre estes valores mostrou-se inversa e não significativa, mostrando que pais e

ortodontistas apresentam percepções diferentes em relação a saúde bucal de seus filhos

e pacientes respectivamente.( r = - 0,053, p = 0,771).

Comparação entre a avaliação do ortodontista e a primeira pergunta do questionário

Tabela 2

Média N Desvio padrão Erro Médio Padrão

Q1 3,27 33 1,180 ,205

ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591

N

Correlação p (bilateral)

Q1 & ORTO 1 33 -,053 ,771

t df

p

bilateral Média

Desvio

Padrão

Erro Médio

Padrão

95% Intervalo de

confiança

Menor Maior

Q1 -

ORTO

1

2,182 1,5300 ,2663 1,639 2,724 8,192 32 ,000

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54

Na tabela 3 comparou-se o diagnóstico do ortodontista com a segunda pergunta

do questionário (O bem estar de seu filho é afetado pelas condições de seus dentes,

lábios, maxilares ou boca?). Reforçando as respostas da primeira pergunta, verificou-se

que existiu uma correlação fraca e inversa, porém não-significatica entre estes dados.

Portanto, pais e ortodontistas possuem percepções diferentes quantos aos diferentes

graus de maloclusão.

Comparação entre a avaliação do ortodontista e a segunda questão do questionário

N Correlação p

Q2 & ORTO 1 33 -,233 191

Tabela 3

Média N Desvio Padrão Erro médio padrão

Q2 2,70 33 1,185 ,206

ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591

t df p Média Desvio Padrão

Erro médio padrão

95% Intervalo de confiança

menor maior

Q2 - ORTO

1 1,606 1,6572 ,2885 1,018 2,194 5,567 32 ,000

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55

Na tabela 4 correlacionou-se as respostas das perguntas de 3 a 9 (pag. 78 e 79)

com o diagnóstico do ortodontista. Estas questões abordam os sintomas e o desconforto

que os filhos possam ter sofrido nos dentes, nos lábios, na boca e ou nos maxilares.

Comprovou-se que não há correlação entre a avaliação do ortodontista e a visão dos

pais. Os mesmos não são capazes de avaliar a saúde bucal de seus filhos, pois o grau de

associação com a visão do ortodontista mostrou-se inverso e não-significativo ( r = -

0,205, p = 0,251). Aplicando o teste-„t‟ obteve-se um t = -15,753 demonstrando que

existiu uma diferença significativa entre a visão dos pais e ortodontistas.

Comparação entre a avaliação do ortodontista e as questões de 3 a 9 do questionário

Tabela 4

Média N Desvio Padrão Erro medio padrão

ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591

Total de Q3 a Q9

17,39 33 5,690 ,990

N Correlação p

ORTO 1 & Total de Q3 a Q9 33 -,205 ,251

t df P

bilateral Média Desvio Padrão

Erro médio padrão

95% Intervalo de confiança

maior menor

ORTO 1 - Total de Q3 a Q9

-16,303 5,9450 1,0349 -18,411 -14,195 -15,753 32 ,000

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56

Na tabela 5 correlacionou-se as respostas das questões de 10 a 18 (pag. 79 e 80)

com o diagnóstico do ortodontista. Estas questões abordam os efeitos que os dentes, os

lábios, a boca e os maxilares possam influenciar nos sentimentos e nas atividades

diárias de seus filhos. A partir da associação dos 4 diferentes níveis de diagnóstico do

ortodontista ( normal, leve, moderado e grave) com a resposta dos pais, observou-se que

os diferentes níveis de maloclusão não são percebidos pelos pais e que os problemas

dentários não afetam a rotina de seus filhos.

Comparação entre a avaliação do ortodontista e as questões de 10 a 18 do questionário

Tabela 5

Média N Desvio Padrão Std. Error Mean

ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591

Total de Q10 a

Q18 22,67 33 9,558 1,664

N Correlação Sig.

ORTO 1 & Total de

Q10 a Q18 33 ,011 ,953

t df

P

bilateral Média

Desvio

Padrão

Erro

médio

padrão

95% Intervalo de

confiança

Menor Maior

ORTO 1 -

Total de

Q10 a Q18

-21,576 9,5918 1,6697 -24,977 -18,175 -12,922 32 ,000

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57

As próximas tabelas se referem às questões 3 a 18 do questionário P-CPQ. Cada

uma retrata as respostas dos pais em cada uma das perguntas da entrevista.

Analisando a tabela 6, verificou-se que a grande maioria das crianças nunca

sentiu dor de dentes, nos maxilares ou na boca.

Na quarta pergunta (tabela 7) verificou-se que 75,8% dos pais nunca perceberam

se os alimentos ficavam presos no céu da boca de seus filhos.

Na questão 5 do questionário (tabela 8), verificou-se que 39,4% das crianças,

algumas vezes apresentavam comida presa dentro ou entre os dentes.

Na tabela 9 observou-se que 57,6% dos pais nunca perceberam se seus filhos

apresentavam dificuldade em se alimentar.

Pergunta 3- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: dor de dente, nos

lábios, nos maxilares ou na boca?

Resposta f %

Nunca 24 72,7

Algumas vezes 5 15,2

Freqüentemente 3 9,1

Não sei 1 3,0

Total 33 100,0

Tabela 6

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58

Pergunta 4- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: comida presa no céu

da boca?

Resposta f %

Nunca 25 75,8

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 3 9,1

Freqüentemente 1 3,0

Não sei 3 9,1

Total 33 100,0

Tabela 7

Pergunta 5- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: Comida presa dentro

ou entre os dentes?

Resposta f %

Nunca 4 12,1

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 13 39,4

Freqüentemente 9 27,3

Todos os dias ou quase

todos os dias 3 9,1

Não sei 3 9,1

Total 33 100,0

Tabela 8

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59

Pergunta 6- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: dificuldade de

mastigar ou morder alimentos como uma maçã, pipoca ou carne?

Resposta f %

Nunca 19 57,6

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 6 18,2

Freqüentemente 4 12,1

Todos os dias ou quase

todos os dias 1 3,0

Não sei 2 6,1

Total 33 100,0

Tabela 9

Analisando as respostas da questão 7 (tabela 10), verificou-se que um terço dos

pais identificou a respiração bucal de seus filhos quase todos os dias. Entretanto, na

pergunta seguinte (tabela 11) 30% dos pais nunca verificaram qualquer tipo de

problema durante o sono de seus filhos. Nesta pergunta o entrevistador citou o

bruxismo, ronco e insônia como os possíveis transtornos durante a noite.

Na pergunta 9, onde pergunta-se aos pais se nos últimos 3 meses seus filhos

apresentavam dificuldade em dizer alguma palavra (tabela 12), a grande maioria

(69,7%) respondeu que nunca, ou seja, seus filhos apresentavam uma dicção perfeita.

Entretanto, nesta mesma tabela, verificou-se que 12,1% dos pais observaram problemas

na fala de seus filhos quase todos os dias.

Na tabela 13, 60,1% dos pais declararam que seus filhos nunca se recusaram a

ler ou falar alto em sala de aula. Ao comparar a pergunta 9 e 10 observa-se uma

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60

correlação entre ambas. Pois se não existem problemas na fala, não ocorrem também

embaraços no momento de leitura em sala de aula.

Pergunta 7- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: respirado pela boca?

Resposta f %

Nunca 6 18,2

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 10 30,3

Freqüentemente 5 15,2

Todos os dias ou quase

todos os dias 11 33,3

Total 33 100,0

Tabela 10

Pergunta 8- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: problemas quando está

dormindo?

Resposta f %

Nunca 11 33,3

Uma ou duas vezes 2 6,1

Algumas vezes 6 18,2

Freqüentemente 4 12,1

Todos os dias ou quase

todos os dias 10 30,3

Não sei

Total 33 100,0

Tabela 11

Page 61: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

61

Pergunta- 9 Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: dificuldade em dizer

algumas palavras?

Resposta f %

Nunca 23 69,7

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 4 12,1

Freqüentemente 1 3,0

Todos os dias ou quase

todos os dias 4 12,1

Total 33 100,0

Tabela 12

Pergunta 10- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho: tenha se recusado a falar ou ler alto em sala de aula?

Resposta f %

Nunca 20 60,6

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 3 9,1

Todos os dias ou quase

todos os dias 1 3,0

Não sei 8 24,2

Total 33 100,0

Tabela 13

Page 62: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

62

Na pergunta 11 (tabela 14), 78,8% dos pais responderam que seus filhos

nunca se recusaram a conversar com outras crianças devido à presença de algum

problema bucal.

Na pergunta 12 (tabela 15) a grande maioria dos pais (66,7%) acreditava

que seus filhos nunca deixaram de sorrir devido aos problemas dentários. Essa pergunta

mostra claramente como a visão dos pais pode ser diferente da percepção dos filhos e

ortodontistas. Todos os entrevistados são pais de filhos em tratamento, portanto, todos

apresentavam algum tipo de maloclusão, entretanto 2/3 destes pais nunca verificaram

qualquer desconforto dos filhos em sorrir.

Na pergunta seguinte (tabela 16) foi questionado se os filhos se preocupavam

com a aparência dos dentes. Verificou-se que 21,2% dos pais nunca observaram essa

preocupação, por outra visão concluiu-se que os outros 78,8% se preocupavam com a

aparência dentária.

Na pergunta 14 (tabela 17), questionou-se aos pais se os filhos se

mostravam tímidos devido a presença de algum problema dentário. Os pais

responderam que 45,5% dos filhos nunca se sentiram envergonhados por causa de

problemas bucais.

Na tabela 18, verificou-se que a maioria dos pais (54,7) acreditava que

seus filhos nunca receberam apelidos na escola devido a desordens bucais. E uma

porcentagem ainda maior de 75,1% de pais acreditavam que seus filhos nunca foram

rejeitados por causa de problemas bucais ( tabela 19).

Page 63: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

63

Na pergunta 17 (tabela 20) verificou-se que a grande maioria dos pais

identificava a preocupação dos filhos quanto ao que as pessoas pensavam sobre seus

dentes. Os pais responderam que 27,3% se preocupavam algumas vezes e 21,2% se

preocupavam freqüentemente. E na pergunta 18 ( tabela 21), os pais responderam que

42,4% de seus filhos observavam freqüentemente os dentes de outra crianças.

Pergunta 11- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho: não quis conversar com outra criança?

Resposta f %

Nunca 26 78,8

Algumas vezes 2 6,1

Todos os dias ou quase

todos os dias 1 3,0

Não sei 4 12,1

Total 33 100,0

Tabela 14

Pergunta 12- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho: tenha evitado de sorrir próximo a outras crianças?

Resposta f %

Nunca 22 66,7

Algumas vezes 6 18,2

Todos os dias ou quase

todos os dias 4 12,1

Não sei 1 3,0

Total 33 100,0

Tabela 15

Page 64: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

64

Pergunta 13- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho tenha: se preocupado quanto à aparência?

Resposta f %

Nunca 7 21,2

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 8 24,2

Freqüentemente 5 15,2

Todos os dias ou quase

todos os dias 11 33,3

Não sei 1 3,0

Total 33 100,0

Tabela 16

Pergunta 14- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho tenha: se mostrado tímido?

Resposta f %

Nunca 15 45,5

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 6 18,2

Freqüentemente 7 21,2

Todos os dias ou quase

todos os dias 3 9,1

Não sei 1 3,0

Total 33 100,0

Tabela 17

Page 65: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

65

Pergunta 15- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho tenha: sido criticado ou recebido apelidos de outras crianças?

Resposta f %

Nunca 18 54,5

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 6 18,2

Freqüentemente 3 9,1

Todos os dias ou quase

todos os dias 1 3,0

Não sei 4 12,1

Total 33 100,0

Tabela 18

Pergunta 16- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho tenha: ter sido rejeitado por outras crianças?

Resposta f %

Nunca 25 75,8

Algumas vezes 1 3,0

Não sei 7 21,2

Total 33 100,0

Tabela 19

Page 66: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

66

Pergunta 17- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho tenha: preocupado sobre o que as pessoas pensam sobre seus dentes,

lábios, boca ou maxilares?

Resposta f %

Nunca 11 33,3

Uma ou duas vezes 1 3,0

Algumas vezes 9 27,3

Freqüentemente 7 21,2

Todos os dias ou quase

todos os dias 3 9,1

Não sei 2 6,1

Total 33 100,0

Tabela 20

Pergunta 18- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com

qual freqüência seu filho tenha: perguntado sobre outras crianças em relação a seus dentes,

lábios, boca ou maxilares?

Resposta f %

Nunca 8 24,2

Uma ou duas vezes 2 6,1

Algumas vezes 14 42,4

Freqüentemente 6 18,2

Todos os dias ou quase

todos os dias 1 3,0

Não sei 2 6,1

Total 33 100,0

Tabela 21

Page 67: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

67

Discussão

De acordo com Jokovic e seus colaboradores os pais são os maiores

responsáveis pelo início e até mesmo pelo sucesso do tratamento.10

Outros

pesquisadores como Espeland, Ivarsson e Stenvik,5 também verificaram que os pais são

os principais responsáveis por decidir em iniciar o tratamento ortodôntico.

Elder, Nguyen e Caspi4 examinaram as relações entre pais e adolescentes e

observaram que os pais foram mais punitivos e severos com suas filhas menos atraentes

que com as mais atraentes. De acordo com Zebrowitz18

pesquisas demonstram de

maneira surpreendente que a aparência facial possui influência difundida sobre como os

indivíduos são considerados e tratados em todos os principais domínios sociais da vida.

Graber6 observa que desde a infância, crianças não atraentes tendem a ser percebidas de

forma mais negativa, mesmo por suas próprias mães. Langlois concluiu que mães de

recém-nascidos menos atraentes expressaram atitudes relativamente mais negativas

sobre seus filhos.11

Tung e Kiyak afirmaram que os pais procuram o tratamento

ortodôntico com a esperança de que seus filhos obtenham uma estética facial ideal

compatível com a sociedade e cultura em que vivem.15

Birkeland2 e colaboradores concluíram que a percepção dos pais em relação à

necessidade de tratamento ortodôntico encontrava-se diferente dos ortodontistas.

Shaw,13

verificou que existem diferentes percepções da necessidade de tratamento

quando os pais conduzem seus filhos ao consultório ortodôntico.

Sendo a maioria dos pacientes ortodônticos crianças ou adolescentes, logo os

pais estarão envolvidos em todo o processo do tratamento ortodôntico. Portanto, estes

pais são determinantes desde a opção por procurar um profissional, por conduzir seus

filhos ao consultório com freqüência, financiar o tratamento e motivar seu filho ao uso

Page 68: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

68

correto dos aparelhos ortodônticos. O sucesso do tratamento depende então de uma série

de fatores, e que estão, portanto, correlacionados com os pais. É de suma importância

que na primeira consulta de apresentação do plano de tratamento pais e filhos estejam

presentes, e que o ortodontista explique de maneira minuciosa os benefícios que o

tratamento poderá trazer. Pois os aspectos subjetivos e psicológicos entre pais, filhos e

ortodontistas são diferentes. É necessário que exista um senso comum entre todos, para

que durante o tratamento problemas sejam menos freqüentes.

A partir da revista de literatura e da pesquisa realizada observamos que os pais

desejam que os filhos tenham uma aparência facial harmônica, mas possuem uma

percepção da maloclusão diferente dos ortodontistas.

Conclusão

De acordo com metodologia empregada concluiu-se que não ocorreram

correlações estatisticamente significativas entre o diagnóstico do ortodontista e a

percepção dos pais quanto a maloclusão dos seus filhos. As tabelas 1, 2, 3, 4, e 5

mostram que existe um grande diferença e discrepância de percepções entre os dois

grupos.

Page 69: CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o tratamento

69

Resumo

Nesta pesquisa abordamos conceitos subjetivos que podem afetar o sucesso do

tratamento ortodôntico. De um lado avaliamos como os pais percebem os problemas

dentários de seus filhos, e através de uma análise cefalométrica verificamos o

diagnóstico do ortodontista. Correlacionando estas duas análises é possível verificar que

há uma diferença bastante acentuada entre elas. A partir desta conclusão vários aspectos

podem ser discutidos. Sendo a maioria dos pacientes ortodônticos crianças ou

adolescentes, logo os pais estarão envolvidos em todo o processo do tratamento

ortodôntico. Todavia estes pais são determinantes desde a opção por procurar um

profissional, por levar seus filhos ao consultório com freqüência, pagar o tratamento e

motivar seu filho ao uso correto dos aparelhos ortodônticos. O sucesso do tratamento

depende então de uma série de fatores, e que estão, portanto, correlacionados com os

pais. É de suma importância que na primeira consulta de apresentação do plano de

tratamento pais e filhos estejam presentes, e que o ortodontista explique de maneira

minuciosa os benefícios que o tratamento poderá trazer. Pois os aspectos subjetivos e

psicológicos entre pais, filhos e ortodontistas são diferentes. É necessário que haja um

senso comum entre todos, para que durante o tratamento problemas sejam menos

freqüentes.

Palavras - chave: ortodontia, percepção, adolescentes, pais

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70

Summary

In this research we discuss subjective concepts that can affect the orthodontic

treatment success. We evaluate how the parents perceive their children‟s dental

problems and, through a cephalometric analysis, we verify the orthodontist diagnosis.

Correlating these two analyses - the parents‟ and the orthodontist ones - it is possible to

verify the large difference between them. From this conclusion several aspects can be

discussed. Considering the majority of the orthodontic patients are children or

adolescents, the parents will be involved in the whole orthodontic treatment process.

Then, these parents are important determinatives once they are responsible for choosing

the orthodontist, for taking their children to the dentist's office, for paying for the

treatment as well as for motivating their son or daughter to use the orthodontic braces

correctly. Therefore, the treatment success depends on a series of factors which are

correlated with the parents. It is of the utmost importance the parents‟ and their

children‟s presences on the first appointment with the orthodontist, when he shows the

orthodontic treatment plan. At this moment, the orthodontist has to explain thoroughly

the benefits the treatment will bring, once the subjective and psychological aspects

among parents, children and orthodontists are different. In this way, it is necessary a

common sense among them in order to avoid problems during the treatment.

Key-words: perceptions, parents, adolescents, orthodontics

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71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*

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Longman, 1988.

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old children and their parents compared with orthodontic treatment need assessed by

index of orthodontic treatment need. Am. J. of Orthod and Dentofac Orthop. v. 110,

n.2, p.197–205, ago. 1996.

3 - COLARES, V.; FEITOSA, S.; PINKHAM, J. The psychosocial effects of severe

caries in 4-year-old children in Recife, Pernambuco, Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio

de Janeiro, v.21, n.5, p. 1550-1556. set-out. 2005.

4 - ELDER GH, VAN NGUYEN T, CASPI A. Linking family hardship to childrens

lives. Child Dev; n. 56, p. 361-375. 1985

5 - ESPELAND, L. V.; IVARSSON, K.; STENVIK, A. A new Norwegian index of

orthodontic treatment need related to orthodontic concern among 11-year-olds and their

parents. Community Dent Oral Epidemiol, v.20, n.5, p.274-279, out. 1992.

6 - GRABER T. In: Lucker GW, Ribbens KA, McNamara JA, eds. Psychological

aspects of facial form. Craniofacial Growth Series. Michigan: Ann Arbor, 1980.

7 - HAMDAN AM. The relationship between patient, parent and clinician perceived

need and normative orthodontic treatment need. Europ J. Orthod, v. 26, n. 3, p.265-71,

jun. 2004.

8 - HASSEUBRAUK M. The visual process method: A new method to study physical

attractiveness. Evolution Hum Behav. n.19, p.111-123. 1998.

9 - HAYNES, S. Trends in the numbers of active and discontinued orthodontic

treatments in the General Dental Service 1964–1986/87. British Journal of

Orthodontics, v.18, n.1 p. 9–14, fev. 1991

*De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 6063. Informação e

documentação. Referências . Elaboração.Rio de Janeiro ABNT, agosto 2000, 22p.

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72

10 – JOKOVIC A., LOCKER D., STEPHENS M., KENNY D., TOMPSON B.,

GUYATT G. Measuring Parental Perceptions of Child Oral Health-related Quality of

Life. Journal of Public Health Dentistry. V.63, n.2, p.67-72, Spring 2003.

11 - LANGLOIS JH, Ritter JM, Casey RJ, Sawin DB. Infant attractiveness predicts

maternal behaviours and attitudes. Dev Psychol n.31, p.466-472.1995.

12 - PINZAN, Arnaldo; et. al. O paciente ortodôntico quanto ao seu grau de informação

e motivação e suas expectativas acerca do tratamento. Revista de Ortodontia, São

Paulo, v. 30, n. 3, p. 40-44, set.-dez. 1997.

13 - SHAW, WC; et. al. Quality control in orthodontics: Indices of Treatment Need and

Treatment standards. British Dental Journal. v. 170, n. 3, p.107-112, fev. 1991.

14 - SHEATS, R. D.; et. al. Pilot study comparing parents‟ and third-grade

schoolchildren‟s attitudes toward braces and perceived need for braces. Community

Dent Oral Epidemiol, v.23, n.1, p.36–43, fev., 1995.

15 - TUNG A.W., KIYAK H.A. Psychological influences on the timing of orthodontic

treatment. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics n.113,

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16 - WITT, E.; BARTSCH, A. Effects of information-giving and communication during

orthodontic consultation and treatment. Part 3: optimized orthodontist -patient

communication, Fortschritte der Kieferorthopadie, v. 57, n.3 p.154–167, jun. 1996.

17 - YEH M., The relationship of 2 professional occlusal indexes with patients‟

perceptions of aesthetics, function, speech, and orthodontic treatment need. European

Journal of Orthodontics n. 25, p. 57-63, 2003.

18 - ZEBROWITZ, L.A. Reading faces: Window to the soul? Boulder: Westview

Press, 1988. 288 p.

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73

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Nesta pesquisa abordou-se conceitos subjetivos que podem afetar o sucesso do

tratamento ortodôntico.

De um lado avaliou-se como os pais perceberam os problemas dentários de seus

filhos, e através de uma análise cefalométrica verificou-se o diagnóstico do ortodontista.

Correlacionando estas duas análises foi possível verificar que ocorreu uma diferença

bastante acentuada entre elas.

É salutar que o diálogo entre estes dois grupos seja feito com bastante atenção.

Sendo o tratamento ortodôntico de longa duração, é importante que os pais saibam o

que será realizado, para que problemas de entendimento e relacionamento não afetem o

resultado final. Portanto, uma sintonia de percepções e expectativas sobre o tratamento é

muito importante para sucesso do tratamento. A pesquisa mostra que os pais não

conseguem visualizar problemas dentários quando comparados com o diagnóstico do

ortodontista. A pergunta que deveria ser feita é: será que se os pais não vêem o

problema, eles estariam dispostos a resolvê-lo? Tendo o ortodontista o cuidado de

explicar a maloclusão aos pais, uma parcela de sucesso estaria parcialmente garantida,

pois todos estariam cientes do objetivo e problema a ser resolvido.

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7-ANEXOS

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Anexo I

Certificado do Comitê de Ética e Pesquisa

Belo Horizonte, 07 de fevereiro de 2007.

De: Profa. Maria Beatriz Rios Ricci

Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa/PROPPg

Para: André Higino Vasconcelos de Carvalho

Faculdade de Odontologia

Prezado(a) pesquisador(a),

O Projeto de Pesquisa CAAE 0158.0.213.000-06 “Correlação entre a perspectiva dos pais e a

real necessidade de tratamento ortodôntico de seus filhos” foi aprovado com recomendação

no Comitê de Ética em Pesquisa da PUC Minas.

O CEP PUC Minas solicita acrescentar no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido o nome

do coordenador do CEP e respectivo endereço e telefone para que o sujeito da pesquisa possa

esclarecer dúvidas no que diz respeito aos aspectos éticos da pesquisa.

Atenciosamente,

Profa. Maria Beatriz Rios Ricci

Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa/PROPPg

Coordenadora: Profa. Maria Beatriz Rios Ricci

Endereço: R. Dom José Gaspar, 500 – Prédio 43 – sala 107-A

30.535-901 – B. Horizonte

Telefone: (31) 3319-4517

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação

Comitê de Ética em Pesquisa

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Anexo II

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

Centro de Odontologia e Pesquisa

Coordenação dos Programas de Mestrado em Odontologia

Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título do Projeto:

Correlação entre a perspectiva dos pais e a real necessidade de tratamento

ortodôntico de seus filhos

Você está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa sobre a saúde bucal de seu (sua)

filho(a). Caso aceite participar leia estas informações sobre o estudo a fim de entender a importância de

sua participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido por escrito. A decisão em participar é

totalmente voluntária e será de grande valia para o estudo proposto.

Objetivo: O objetivo deste estudo é avaliar a sua percepção em relação a saúde bucal de seu filho.

Procedimentos do Estudo: Caso aceite participar, o cirurgião dentista Dr. André Carvalho solicitará que

o senhor (a) responda um questionário para obter informações de como a saúde bucal de seu (sua) filho

(a) influencia nas atividades diárias deles.

Riscos e desconfortos: Não há qualquer risco ou desconforto para a realização da pesquisa.

Benefícios para os examinados: O desenvolvimento dessa pesquisa não acarretará despesas para o

senhor (a). Inclusive, as suas respostas poderão auxiliar na melhora do atendimento odontológico

oferecido atualmente no município de Belo Horizonte. É importante que você seja consciente de que a

participação nesta pesquisa não é obrigatória e que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a

qualquer momento. Em caso de desistência você deverá comunicar ao Dr. André Carvalho.

O senhor (a) poderá fazer perguntas a qualquer momento sobre o estudo. Caso ocorra alguma

dúvida ou tenha mais perguntas, por favor ligar para Dr. André Carvalho, CRO 26986, aluno do mestrado

em Ortodontia, Departamento de Odontologia da PUC-Minas, Av. Dom José Gaspar n0 500 Coração

Eucarístico, fone: 3319 4412.

Declaração de Consentimento: Declaro que li as informações contidas neste termo de consentimento antes de assiná-lo. Declaro

ainda que fui informado(a) sobre os métodos de realização do estudo. Dou meu consentimento de livre e

espontânea vontade e sem reservas para a participação neste estudo.

Assinatura do pai

Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos e

benefícios da participação no mesmo, junto ao participante e/ou seu representante autorizado. Acredito

que o participante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem

adequada e compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação.

Assinatura do pesquisador Data

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Anexo III

Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação

Questionário P-CPQ

Questionário de saúde oral de crianças e adolescentes

Entrevista aos pais

Instrução aos pais

1-Este questionário avalia as condições bucais de seu filho em relação

ao bem estar na rotina de vida, e seus efeitos nos familiares. Estamos

interessados em todas as condições que envolvam os dentes, os lábios,

a boca e os maxilares. Por favor, responda cada pergunta.

2-Para responder a pergunta, por favor, marque com X na alternativa

escolhida.

3-Por favor, responda o que melhor descreve a experiência de seu filho.

Se a pergunta não se aplica a seu filho, por favor, responda com nunca.

4-Por favor, não discuta as questões com seu filho, estamos

interessados somente na perspectiva dos pais.

-Dados da criança ou adolescente

Nome:______________________________________________

Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino

-Parentesco

1-Qual o seu parentesco com a criança?

Mãe ( ) Pai ( ) Avó ( ) Outro:_________________________

2-Qual o grau de instrução educacional?

( )analfabeto ( )1 grau ( )2 grau ( )ensino superior

FACULDADE DE ODONTOLOGIA Centro de Odontologia e Pesquisa

Coordenação dos Programas de Mestrado em Odontologia

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79

-Características sócio-econômicas

3- Quantas pessoas moram na sua casa?_____________

4- Qual a renda de sua família?____________________

SESSÃO 1 – Saúde bucal e bem estar das crianças

1-Como seria a saúde bucal de seu filho em relação aos dentes, aos

lábios, aos maxilares e a boca?

Excelente Muito boa Boa Regular Pobre

2-O bem estar de seu filho é afetado pelas condições de seus dentes,

lábios, maxilares ou boca?

Não Muito pouco Um pouco Bastante Demais

SESSÃO 2- As questões a seguir são sobre os sintomas e o

desconforto que seus filhos possam ter sofrido nos dentes, nos

lábios, na boca e ou nos maxilares.

Nos últimos 3 meses, com qual frequência sua criança teve:

3-Dor de dente, nos lábios, nos maxilares ou na boca?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

4-Comida presa no céu da boca?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

5-Comida presa dentro ou entre os dentes?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

6-Dificuldade de mastigar ou morder alimentos como uma maçã, pipoca

ou carne?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

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80

Nos últimos 3 meses, com qual frequência sua criança teve:

7-Respiração pela boca?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

8-Problemas quando seu filho(a) está dormindo?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

9-Dificuldade em dizer algumas palavras?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

SESSÃO 3- As questões a seguir abordam os efeitos que os dentes,

os lábios, a boca e os maxilares possam ter tido nos sentimentos e

nas atividades diárias de seus filhos.

Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e

maxilares, com qual freqüência seu filho apresentou:

10-Se recusado a falar ou ler alto em sala de aula?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

11-Não querer conversar com outra criança?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

12-Evitado sorrir próximo a outras crianças?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

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Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e

maxilares, com qual frequência seu filho tenha:

13-Se preocupado quanto à aparência?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

14-Se mostrou tímido?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

15-Tenha sido criticado ou recebido apelidos de outras crianças?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

16-Ter sido rejeitado por outras crianças?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

17-Preocupado sobre o que as pessoas pensam sobre seus dentes,

lábios, boca ou maxilares?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

18-Perguntado sobre outras crianças em relação a seus dentes, lábios,

boca ou maxilares?

Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente

Todos os dias ou quase todos os dias Não sei

Muito obrigado por sua colaboração

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Anexo IV

TABELA COM DADOS CEFALOMÉTRICOS

1ª MEDIÇÃO 2ª MEDIÇÃO

IMPA FMIA FMA D. CEF 1

ANG. Z

1

TWEED

1 IMPA FMIA FMA D. CEF 2

ANG. Z

2

TWEED

2 IDADE

1 92 62 26 1,6 75 0 15

2 102 51 27 -13,6 70 2 103 53 24 -12 72 2 16

3 92 65 23 -2,4 73 0 15

4 91 55 34 -8 69 1 13

5 81 75 24 4,2 73 0 14

6 96 43 41 -7,2 61 1 11

7 98 52 30 -10,4 71 2 13

8 78 65 37 0 67 0 12

9 86 61 33 -3,2 67 0 15

10 90 55 35 -8 62 1 93 54 33 -9,6 65 2 14

11 88 60 32 -4 70 0 15

12 94 55 31 -8 73 1 13

13 77 74 29 4,8 72 0 15

14 84 49 47 -12,8 65 2 86 48 46 -13,6 67 2 15

15 100 55 25 -10,4 78 2 99 54 27 -11,2 78 2 17

16 77 63 40 -1,6 73 0 79 62 39 -2,4 72 0 13

17 87 61 32 -3,2 77 0 14

18 95 59 26 -7,2 71 1 14

19 98 49 33 -12,8 68 2 99 49 32 -12,8 70 2 13

20 102 53 25 -12 72 2 13

21 102 56 22 -9,6 69 2 13

22 93 48 39 -13,6 67 2 96 46 38 -15,2 67 3 14

23 88 54 38 -8,8 64 2 13

24 90 60 30 -4 68 0 16

25 73 73 34 6,4 79 0 75 73 32 6,4 72 0 15

26 100 47 33 -14,4 66 2 99 46 35 -15,2 63 3 14

27 94 60 26 -6,4 73 1 13

28 101 50 29 -14,4 77 2 15

29 92 51 37 -11,2 67 2 15

30 102 50 28 -14,4 68 2 11

31 92 51 37 -11,2 65 2 10

32 104 52 24 -12,8 67 2 104 51 25 -13,6 67 2 12

33 78 65 37 0 63 0 11

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Anexo V

Modelo do Triângulo de Tweed