correio fraterno 461

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Ano 47 • Nº 461 • Janeiro - Fevereiro 2014 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 Para onde caminha o espiritismo A Espiritualidade na novela Alto Astral O toque de humor e as cenas engraçadas que fazem a leveza da novela Alto Astral trazem de volta um tema já tão recorrente na Rede Globo. A interferência dos espíritos em nossas vidas, a possibilidade de inúmeras reencarnações e o tra- balho de assistência realizado em uma casa espírita são enfoques que ampliam a possibilidade de reflexão dos espectadores. Leia na página 3. C om cerca de 14 mil instituições espíritas, o Brasil é não só o país com o maior número de adeptos, como também a maior potência em formação de divulga- dores e fundadores de núcleos espíritas em terras estrangeiras. Tamanha responsabilidade nos convida à reflexão sobre o importante papel da casa espírita. A ela cabe seguir o espiritismo. Simples. Parece óbvio, mas muitos acabamos por esquecer alguns detalhes da mensagem original e passamos adiante informações que nem sabemos de onde vieram, provocando atrasos por não promoverem a transfor- mação pelo conhecimento de todo o arcabouço que envolve a descoberta do mundo do espírito. O espiritismo também é simples. E o simples nem sempre é fácil. Exige esforços. Leia mais nas páginas 8 e 9. O reconhecimento à Marlene Nobre A despedida de uma das principais lideranças espíritas do país, que desen- carnou logo nos primeiros dias de janeiro em Ilhabela, SP, deixou inúme- ros amigos e familiares sem palavras, ao serem colhidos pela inesperada notícia. Outros, exatamente pelas palavras, deixaram expressos o carinho e o valor do convívio com a médica e escritora Marlene Nobre. Leia na página 7. O médium mineiro Rener da Cunha fala sobre o projeto que está sendo realizado no Nordeste e que olha de frente o problema da dependência química, da depressão e do suicídio. “Estamos atrasados pelo menos 20 anos”. Página 4. wwwcorreiofraterno.com.br 11 4109-2939 Entrevista Como os espíritos podem nos influenciar, tanto para o consumo como para se resistir a elas? DROGAS Romance – 200 páginas – R$ 26,90

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 7 • N º 4 6 1 • J a n e i r o - F e v e r e i r o 2 0 1 4

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

Para onde caminha o espiritismo

A Espiritualidade na novela Alto Astral O toque de humor e as cenas engraçadas que fazem a leveza da novela Alto

Astral trazem de volta um tema já tão recorrente na Rede Globo. A interferência dos espíritos em nossas vidas, a possibilidade de inúmeras reencarnações e o tra-balho de assistência realizado em uma casa espírita são enfoques que ampliam a

possibilidade de refl exão dos espectadores. Leia na página 3.

Com cerca de 14 mil instituições espíritas, o Brasil é não só o país com o maior número de adeptos, como também a maior potência em formação de divulga-dores e fundadores de núcleos espíritas em terras estrangeiras.

Tamanha responsabilidade nos convida à refl exão sobre o importante papel da casa espírita.

A ela cabe seguir o espiritismo. Simples. Parece óbvio, mas muitos acabamos por esquecer alguns detalhes da mensagem original e passamos adiante informações que nem sabemos de onde vieram, provocando atrasos por não promoverem a transfor-mação pelo conhecimento de todo o arcabouço que envolve a descoberta do mundo do espírito.

O espiritismo também é simples. E o simples nem sempre é fácil. Exige esforços. Leia mais nas páginas 8 e 9.

O reconhecimento à Marlene Nobre A despedida de uma das principais lideranças espíritas do país, que desen-carnou logo nos primeiros dias de janeiro em Ilhabela, SP, deixou inúme-

ros amigos e familiares sem palavras, ao serem colhidos pela inesperada notícia. Outros, exatamente pelas palavras, deixaram expressos o carinho e

o valor do convívio com a médica e escritora Marlene Nobre. Leia na página 7.

O médium mineiro Rener da Cunha fala sobre o projeto que está sendo realizado no Nordeste

e que olha de frente o problema da dependência química, da depressão e do suicídio. “Estamos

atrasados pelo menos 20 anos”. Página 4.

wwwcorreiofraterno.com.br11 4109-2939

Entrevista

Como os espíritos

podem nos infl uenciar, tanto para o consumo

como para se resistir a elas?

DROGAS

O médium mineiro Rener da fala sobre o projeto que está

sendo realizado no Nordeste e que olha de frente o

problema da dependência química, da depressão e do suicídio. “Estamos

Entrevista

Romance – 200 páginas – R$ 26,90

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2 CORREIO FRATERNO JAneIRo - FeVeReIRo 2015

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eDItoRIAl

Drogas, depressão, violência e suicí-dio. Assuntos que normalmente preferimos fi car de fora. São pesa-

dos, poucos gostam de falar, mas estão aí presentes, desafi adores e exigindo atenção.

Não há dúvida de que os conhecimen-tos trazidos pela doutrina espírita alargam a compreensão dessas situações compro-metedoras por que passa a humanidade que deseja ser feliz a qualquer custo. Tem-pos em que o materialismo grassa solto, convidando-nos ao prazer fácil, do aqui e agora, afastando-nos de uma refl exão mais profunda sobre o cerne dos confl itos que se nos apresentam diuturnamente.

Presos quase sempre aos limites do re-lógio, esquecemos que alegrias e tristezas,

conquistas e frustrações fazem parte da nossa condição huma-na ainda com tanto a aprender e experimentar. Vivências que não se perdem na história do es-pírito imortal. Afi nal, não é fácil o exercício do livre-arbítrio.

Nesta edição, os temas de quase to-das as seções se abrem justamente para a importância do papel social do espiritismo. Sua função de Consolador Prometido ul-trapassa as salas de passe e os púlpitos das palestras para transformar-se, através dos homens, como o bom fermento que leve-da a massa de tantas dores e sofrimentos, comuns em terras de expiações e provas.

Não nos cabe acomodar. Pelo contrá-

CORREIO DO CORREIO Centenário de Aureliano Alves Netto Na despedida do ano, recebemos o exem-plar do Correio Fraterno com a matéria do centenário de ‘painho’ (“Centenário de Aureliano Alves Netto”, edição 460), fato que abrilhantou a nossa ‘virada’. O sorriso de ‘mainha’ refl etiu todo agrade-cimento e reconhecimento pela pesqui-sa que germinou em excelente trabalho

jornalístico. Obrigada pela atenção e respeito. Um ‘cheiro’ no coração! Feliz 2015. Maria Izabel Alves Soares, Recife, PE.

(Filha do escritor Aureliano)

Física quântica e espiritismoGostaria de parabenizar pela excelente entrevista com Alexandre Fontes da

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

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Uma ética para a imprensa escrita

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• não responderemos aos ataques diri-gidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

Que tendes?

Fonseca, sobre física quântica e o espiri-tismo (edição 452). Logo passou a tenta-ção de associar as duas vertentes para dar um toque de sensacionalismo, admito. Nos faz voltar a colocar os pés no chão e ver que não será por outra via a nossa evolução, senão pelo conhecimento, re-forma íntima e caridade.

Nilce, por e-mail.

rio, o trabalho convida a arregaçarmos as mangas e seguirmos em frente. Como so-mos, com o que temos. Hoje. Vale lembrar a recomendação de Marcos:

“Em qualquer terreno de nossas realizações para a vida mais alta, apresentemos a Jesus al-gumas reduzidas migalhas de esforço próprio e estejamos convictos de que o Senhor fará o resto.” (8:5)Boa leitura!

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JANEIRO - FEVEREIRO 2015 CORREIO FRATERNO 3

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Em 2011, quando foi escrita por An-dréa Maltarolli a atual novela das sete da Rede Globo, tinha como

título provisório Búu. Depois, pensaram em Supernatural, mas o título que acabou ficando foi Alto Astral, uma referência cer-tamente à característica mais leve e bem--humorada das novelas exibidas nesse ho-rário. Passados mais de 70 capítulos, hoje se percebe que o título também se refere a algo mais sutil, que vai além do plano terreno.

A autora desencarnou em 2009 e quem teve o desafio de continuar a his-tória foi a dupla formada pelos novelistas Daniel Ortiz e Silvio de Abreu. O enredo se passa na fictícia cidade de Nova Alvo-rada, envolvendo um triângulo amoroso formado por irmãos adotivos, médicos e herdeiros de um grande hospital. Caí-que (Sergio Guizé) e o ambicioso Marcos (Thiago Lacerda) disputam o amor da jor-nalista Laura (Nathalia Dill).

Ingrediente indispensável em histórias de amor, o triângulo se justifica nesta tra-ma por uma relação tumultuada e baseada em um reencontro de outras vidas.

Caíque é médium e é assediado o tem-po todo por Castilho (Marcelo Médici), um amigo médico já desencarnado, que vai auxiliá-lo no atendimento de pacien-tes, provocando curiosidade, aprendiza-dos e cenas engraçadas que dão leveza ao enredo.

Marcos sempre faz de tudo para desmoralizar o irmão, diagnosticando--o como esquizofrênico. Para afastá-lo do seu caminho, chega mesmo a querer

Acontece

mantê-lo em uma clínica para doentes mentais, na qual o próprio Caíque se interna para se afastar das manifestações mediúnicas. Lá, vive dopado, não acei-ta a sua condição ‘diferente’ e nem a ajuda de Castilho, com quem conversa o tempo todo, como alguém em carne e osso.

O impasse é solucionado com um acordo entre os dois: O espírito se com-promete a auxiliá-lo a sair da clínica desde que ele não somente aceite a sua compa-nhia, como assuma a tarefa que combi-naram no plano espiritual, de trabalha-rem juntos como médicos no hospital, operando e socorrendo os doentes. Trato aceito: Castilho ‘incorpora’ em uma das médicas, que escreve e assina o laudo de liberação de Caíque, para o espanto dos enfermeiros presentes. Sem faltar o toque de humor, o espírito Castilho faz a médica cometer gafes, como pedir uma máquina de escrever. “Máquina de escrever é uma coisa muito antiga. A senhora usa esse computador aqui, ó”, explica Caíque.

A vida do mocinho não é mesmo fácil, cheia de conflitos, até que é convidado a visitar um centro espírita.

A cena que foi ao ar em 21 de janeiro (veja no site do Correio), mostra todos os trabalhadores do centro todos vestidos de branco (o que não é orientação do espiri-tismo, ainda que valha a ‘licença poética’), onde Caíque é recebido com carinho e tem as orientações iniciais:

“A casa recebe todo tipo de gente, pes-soas de outras religiões, inclusive. Todo

mundo entende que aqui celebramos a paz e a harmonia”, diz o dirigente André. Caíque quer saber até mesmo sobre os pa-péis deixados na caixinha de vibrações: “O que as pessoas escrevem naqueles papeizi-nhos?”, pergunta. “Nomes de amigos, fa-miliares e até de pessoas que já não estão mais entre nós. Aqui se pensa sempre no outro e isso é o que eu acho mais bonito. Tenho certeza de que vai ser muito bom pra você se aproximar da doutrina espí-rita, ainda mais agora que você resolveu aceitar a sua mediunidade”, completa o amigo. O diretor do centro opina: “Acho que o nosso centro vai te ajudar muito. Aqui você vai poder estudar bastante e conviver com pessoas que formam um corrente do bem e que buscam o mesmo como você”. “É tudo o que preciso e mais quero nesse momento”, responde Caíque.

O dirigente inicia a sessão com um comentário, que explica ser de Kardec, fa-lando sobre a alma. “A alma é uma cente-lha divina emanada do grande todo, fonte universal do principio vital, do qual cada ser absorve uma porção que é devolvida a esse grande todo após a morte. É assim que isso não exclui a ideia de um ser mo-ral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade. É a esse ser que se chama de alma e por isso

pode-se dizer que a alma é um espírito encarnado” [Pergunta 139 de O livro dos espíritos].

Caíque sai do centro aliviado e mara-vilhado. “Foi uma sensação muito boa. Era como se o meu corpo e minha mente entrassem num estado de paz profunda”, comenta. “Eu tentei várias vezes te falar desse centro, mas você sempre lutou tan-to quando o assunto era mediunidade...”, responde o amigo. “Quanto tempo per-dido, lutando contra uma coisa tão boni-ta. Eu quero voltar aqui sempre”, finaliza Caíque.

Tudo indica que ele terá que aceitar e aprender a conviver com a sua mediunidade.

Enquanto isso, outras reflexões sobre o espiritismo vão salpicar a novela, recurso que ganha cada vez mais espaço na tele-dramaturgia nacional.

Aguardemos os próximos capítulos!

Allan Kardec na TV Globo

Da ReDAÇÃoCaíque (Sergio Guizé)e Laura (Nathalia Dill): Citação de trechos de

O livro dos espíritos na novela Alto Astral

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Drogas, depressão,

suicídio

entReVIStA

Por elIAnA HADDAD e IzAbel VItuSSo

A assustadora realidade da disseminação das drogas pelo nordeste impulsionou, há cerca de um ano, um grupo de trabalhadores espíritas de Uberlândia,MG, que organizaram o “Projeto Cami-

nhos”, com foco na assistência e na prevenção da dependência química, suicídio e na depressão. Com braços de apoio que conseguiu amealhar através das Federações Espíritas dos Estados do Maranhão, Piauí, Ala-goas e Ceará, o grupo chega a realizar seis palestras por dia em centros espíritas, escolas e outras comunidades, além de atendimentos, que têm revelado a enorme carência de informação. Um dos idealizadores do projeto, o médium mineiro Rener Leite da Cunha, faz, nesta entrevista, um alerta sobre o quanto a casa espírita tem a contribuir.

O que levou vocês a pensarem nes-se projeto e irem para o Nordeste?Rener: Tudo em doutrina espírita começa de cima para baixo. Somos tocados naquilo que temos que fazer. Nós, como médiuns, tra-balhadores, precisamos ter a atenção voltada a esses níveis de doenças e desequilíbrios de hoje, que não tínhamos 20, 30 anos atrás. Não nas proporções atuais. Porque hoje não só os jovens, mas também adultos, frustra-dos, com conflitos íntimos, com dificuldades de relacionamento, têm procurado nas dro-gas a compensação para aliviar suas tensões.

Por que mudou?As pessoas hoje não têm resistência e nem resiliência para passar pelos problemas, pelo sofrimento. Mais fragilizadas, encontram no mundo atual acesso muito fácil ao álcool, às drogas... E os números estão aí. Uma pes-soa que tem desvio na área da sexualidade, se você der condições de ela acionar esse cam-po, com certeza ela vai desencadear todo um processo difícil de frear depois. Estando já com o mundo íntimo desarmonizado, ela en-contrará no que lhe dá prazer uma saída para suprir carências emocionais e sentimentais.

Rener Leite da Cunha: Os assistidos entendem que estão numa teia de proteção e, se se ligarem através da prece, os espíritos benfeitores irão assisti-los

negar o problema não é a solução

Depressão, drogas, suicí-dio estão em grande parte presentes no atendimento nas casas espíritas. O que fazer para ajudar de forma mais eficiente?As casas espíritas precisam ter um nível de entendimento, de com-paixão e comprometimento nes-se âmbito, lembrando a questão 793 de O livro dos espíritos, que diz que enquanto não tirarmos os vícios da sociedade nós não teremos passado pela primeira fase da civilização. Somos civili-zados, mas não a ponto de varrer da nossa sociedade todos os ví-cios e tendências que temos. Há dependências químicas de todos os tipos, inclusive a medicamen-tosa. E todos os remédios que

levam ao torpor do cérebro vão criar uma dependência, porque a pessoa inicialmente se sentirá melhor. O cérebro vai descansar e querer novamente aquela substância.

Como você tem realizado esses atendimentos? Há alguma progra-mação específica a seguir?Procuramos deixar claro para os assistidos que eles estão sendo tratados, e poderão ficar cada vez melhor, porque seu espírito está se fortalecendo. Temos a prece, pales-tra de vinte minutos, esclarecimento sob

a luz da doutrina, que é imenso, o passe individual e o diálogo fraterno e a desob-sessão, para os desencarnados, que são tão necessitados e dependentes quanto os en-carnados. Temos o valor da escuta, do dar a palavra para falarem sobre suas emoções, suas dores! É um conjunto de providências, conduzido habilmente pela própria Espiri-tualidade, reunião por reunião, em conjun-to com os trabalhadores encarnados. Os assistidos entendem que estão numa teia de proteção e, onde estiverem, se se liga-rem a esse fio através da prece, os espíritos benfeitores irão assisti-los. Então temos um enorme socorro nas mãos da casa espírita.

Viajando pelo Nordeste, o que você vê que mais falta para dimi-nuir o sofrimento e aplacar proble-mas como as drogas? Falta acessibilidade a recursos. O governo tem programa antidrogas, mas e o acesso a eles? Há grupos que tiram essas pessoas das ruas, ONGs que até as direcionam para tra-tamento. Nós, na doutrina espírita, temos que receber esses pacientes. E como vamos fazer? O que um espírito amigo nos passou foi que a nossa função é a de amar. Só va-mos poder tocar essas pessoas com o amor. E só vamos conseguir ajudar no combate à dependência química disseminando outra linhagem de pensamento, de sentimento.As outras iniciativas que existem não tra-tam os espíritos. Aqueles que são interna-

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que nível está o problema e poder ajudar.Você percebe que com esse traba-lho as casas espíritas têm se inte-ressado mais pelo problema?Tivemos um seminário em novembro, em Araguari, MG, na Aliança Municipal Espí-rita, em que reunimos as casas espíritas. Ao final, três delas já estavam comprometidas em começar o trabalho. Isso numa cidade de 90 mil habitantes. A casa espírita precisa pri-meiro começar a fazer palestras de orientação sobre o assunto. Se estiverem predispostas a fazer, temos todo o material, orientação, que é muito simples. Não tem nada de especial a não ser amor, mesmo porque você não vai corrigir um vício de um dia para outro. Estou com um caso de crack , em que o menino sai da reunião dos assistidos, vai ao banheiro e usa uma pedra. A gente sabe disso. Agora eu vou até o banheiro, chamo, e ele volta. Você tem que saber que essas situações acontecem.

As casas espíritas precisam ter um nível de entendimento, de

compaixão”

dos e voltam para casa não têm estrutura psicológica e nem espiritual para suportar a abstinência. Porque é na crise de abstinên-cia que os espíritos aproveitam. Isso que é preciso compreender para não julgar. As casas espíritas precisam ter as portas aber-tas para dar essa estrutura e mostrar para os assistidos que precisam trabalhar a fé, ligarem-se à oração e resistirem, dizer não. Em nossas reuniões trabalhamos o campo emocional e espiritual, os ‘buracos’ interio-res, os conflitos que eles trazem, as carên-cias. Se não tratarem isso, não adianta. Vão sair dali e procurar a droga de novo.

Como essa atenção atua na pre-venção à recaída?Tudo na vida é lei da compensação. Se você não compensar seu cérebro, convencendo-o que existem coisas melhores, ele não vai acei-tar simplesmente o argumento. Mas ele acei-ta substituir. A ‘carência’ é tema de uma das primeiras palestras que realizamos com eles, depois ‘fuga’, ‘depressão’, os ‘níveis de depres-são’, a bebida. A maioria dos casos de drogas pesadas e ilícitas começa com a lícita, com a bebida. Precisam entender que a cerveja é legal, mas se houver a predisposição à depen-dência, ela não será suficiente, vindo as be-bidas com maior teor alcoólico e o aumento das doses. Daí passar para droga é um passo.

Como você vê as campanhas con-tra o uso de drogas?Com todo respeito, essas campanhas “Não use drogas”, “Diga não às drogas” não têm força como argumento. Se houver a predis-posição à dependência é muito difícil. Mes-mo porque, existem as personalidades toxi-cófilas, que dentro de uma mesma família já trazem a predisposição à dependência. É herança física, obviamente com a ascen-dência espiritual, que já sabemos, sobre as necessidades daquela doença, como um alerta, um aviso de que já houve aquela de-pendência no passado. Para muitos, tomar uma cerveja é ficar embriagado. Mas existe o que toma duas, três e vai se sentindo cada vez melhor. A tolerância nessas personali-dades toxicófilas é muito maior e elas vão se viciar muito mais rápido. A maioria dos pais não sabe disso e as casas espíritas preci-sam instruí-los sobre essa questão.

Qual o papel do livre-arbítrio da pessoa em ceder ou não a toda

essa influência espiritual?O livre-arbítrio está ali. Posso falar sim ou não. Mas, por experiência nos atendimen-tos, para quem usa drogas é uma dificul-dade enorme. Muitos chegam a relatar que sentem o espírito falando para eles beberem ou fumarem. Por isso é preciso compreen-der para não julgar. Primeiro é preciso tra-balhar com eles essa força mental, para que tenham resistência, para falar não às drogas. Depois entramos com os ensinamentos so-bre a fé humana, fé na vida, fé em Deus, fé no futuro. Imaginem que a luta é grande!

Qual a melhor conduta da casa es-pírita hoje diante dessa realidade?As casas têm que entender que devem ter esse departamento de atendimento e apoio diante desta realidade da drogadição, com ambulatório e socorro. Em nosso aten-dimento, deixamos inclusive número de

telefone disponível, porque no ápice da abstinência, se eles ligam, você consegue ajudá-los a mudarem a frequência mental, consegue incentivá-los, lembrando que eles são mais fortes. Claro que não é fácil. Por isso as casas espíritas têm mesmo muita di-ficuldade para lidar com esse problema.

Seria aí um trabalho de equipe: dos espíritos, do centro, do assisti-do, da família, da sociedade. Sim. É preciso acima de tudo ter compro-metimento com a dor do outro. A depen-dência química é uma doença como qual-quer outra. Mas você não pode virar e falar que é um caso perdido. É preciso mostrar a realidade, mas não fechar a porta para a luta, para a esperança, para a vontade de ser curado. Por que quando Jesus disse “a tua fé te curou” percebeu que quem se aproxi-mava estava pronto, com fé e merecimento. É preciso haver nas casas espíritas muito amor, muito ouvido, estudo específico do assunto. É preciso se conhecer do que se tra-ta, para quando eles falarem, você saber em

Como começar a se engajar nesse trabalho?Querendo. Um espírito nos falou que so-mente se combate um processo de vício nes-sa escala de disseminação que está propon-do-se tratamento na casa espírita. O Brasil é campeão mundial no uso de crack. Recife, por exemplo, é a capital do crack, ganha de São Paulo e do Rio. No Nordeste, temos uma cidade com 15 mil habitantes, próxi-ma de Teresina onde 90% dos 15 mil habi-tantes são alcoolistas. Fora as outras drogas.

Como você analisa essa corrida das drogas? Espiritualmente, por que estamos perdendo para elas? Porque o dinheiro que se movimenta com o tráfi-co perde só para a indústria bélica e para a indús-tria farmacêutica. Tráfico de drogas dá dinheiro. O que os traficantes ganham é um absurdo. Eles pegam crianças, meliantes, de 7, 8 anos, aqui no nosso bairro mesmo, onde estamos trabalhando, dá cinco reais para eles para levar um papelote. Se levarem quatro, ganham vinte reais. Os meninos não querem trabalham mais.

A casa espírita tem consciência da necessidade desse trabalho?A FEB tem uma apostila antidrogas para ser baixada no site. Se a FEB já tem isso, por que os espíritas vão achar que isso não tem a ver com eles? Realmente falta mais divulgação e mais chamamento. Se você perguntar em qualquer casa espí-rita no país, no mínimo 4 ou 5 pessoas vão se referir a problema familiar com uso de droga, ou seja, estão na codepen-dência, ou o vizinho, ou o amigo. Só que não há conscientização. O espírita acha que por ter que dar palestra na casa es-pírita, dar passe, dar água fluidificada, já fez a sua parte. Mas e aí? Então Jesus se equivocou, porque ele disse: “Curai os en-fermos, ressuscitai os mortos (...) expulsai os demônios”. E quem são esses doentes? A doutrina espírita tem como fugir disso? Não tem. E a nossa negação tem preço e vai bater dentro da nossa casa, com filho alcoolista, com marido com problema...

Qual a melhor forma de reagirmos a isso tudo? “Destruindo o materialismo”, está em O livro dos espíritos, sobre o progresso da hu-manidade. Um médico, em uma dessas via-gens, me perguntou o que fazer com seu fi-lho dependente químico, que não conseguia se adaptar ao voltar do processo de interna-ção. “Mando embora? Interno de novo?” – perguntou-me desacorçoado. “Não existe cura de nenhum ser humano se ele não for tocado no coração, no seu sentimento”, eu disse a ele. E nós estamos cansados de saber que a doutrina espírita tem todo esse arsenal para tocar no coração e provocar a mudança e “trazê-lo de volta para a vida”. Quantas desencarnações acontecem por conta disso? A cada 40 segundos temos um suicídio no mundo. A cada 45 minutos, um suicídio no Brasil. Quantos filhos de-pendentes químicos que desencarnam en-tre 18 aos 23 precocemente! Esses espíritos vão voltar para a Terra. E esses pais também vão precisar de ajuda. Porque vão desencar-nar amargurados, amanhã, cheios de culpa. É uma corrente. E a doutrina espírita tinha que estar trabalhando com isso há pelo me-nos 20 anos. Estamos atrasados!

Coordenação Regional Nordeste da Área de Atendi-mento Espiritual da Federação Espírita Brasileira - Sub-área Maranhão, Piauí e Ceará. Email: [email protected]

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6 CORREIO FRATERNO JAneIRo - FeVeReIRo 2015

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coISAS De lAuRInHA Por tAtIAnA benIteS

Plantar e colher ãe, todo adulto tem que saber mexer na

terra e plantar?– Mas por que essa pergunta ago-ra?– É que estou com essa dúvida.– Você quer dizer lidar com a na-tureza?– É que sempre falam que temos que tomar cuidado com o que plantamos, porque depois vamos colher os frutos.– Ah, agora entendi. É sim, fi lha, mas essa é uma forma fi gurada de dizer que colhemos o que planta-mos no decorrer da vida.– como assim?– Quer dizer que temos que ter

consciência do que fazemos, ob-servar que semente plantamos no coração das pessoas, quais as nos-sas ações, que devem sempre ser boas. Isso é o que simboliza o bem ‘plantar’.– Aaaah! – exclamou laurinha, co-meçando a entender.– Para colhermos coisas boas tam-bém, isso é ‘colher os frutos’. Por-que quando fazemos algo bom para alguém, também recebemos coisas boas. É a lei da vida!– Ahhhhh! Por que os adultos complicam tanto?– Você achou difícil?– claro! tinha plantado um monte de feijão no algodão e estava aqui

pensando como colher tudo isso quando eu crescer, se eles vivem tão pouco. Por isso perguntei se precisava mexer na terra, porque os que eu plantei do vaso até ago-ra não cresceram.– como assim, plantou na terra. Que terra?– no seu vaso da sala.logo imaginando a sujeira, a mãe da laurinha faz uma cara feia e pergunta:– Você sujou alguma coisa, lauri-nha?– Mãe, não se preocupe, tudo que eu plantei foi coisa boa, vamos co-lher os frutos depois, quer dizer.... Feijão. Feijão não é fruta, né mãe?

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíri-tos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Beni-tes, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).

– M

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JANEIRO - FEVEREIRO 2015 CORREIO FRATERNO 7

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BAÚ DE MEMÓRIAS ESPECIAL

Perde-se na minha memória o período exato em que conheci doutora Marle-ne Nobre. Provavelmente pelos idos

de 1987... Nasci espírita e me afastei da doutrina durante certo período, inician-do há trinta anos trabalho profissional em uma instituição destinada ao tratamento de pessoas portadoras de transtornos psí-quicos. À época, encontrava-me em ativi-dade alucinante, no hospital e na vida pes-soal, tentando equacionar as atividades do lar, crianças pequenas e quase sem tempo para refletir e meditar.

Estava em busca de respostas a questões profissionais e existenciais e minha perso-nalidade onipotente, em franco sofrimento e frustração. Não alcançava eficácia apro-priada para o alívio das dores dos pacien-tes portadores de transtornos emocionais e mentais, principalmente aqueles de qua-dros mais graves, com abuso e com depen-dência de substâncias psicoativas.

Nessa época, me envolvi intensamente com a doutrina espírita e com os princípios do ‘paradigma médico-espírita’, através da AME São Paulo. À medida que meus ní-veis de consciência se expandiam, fui per-cebendo a forte interligação psíquica, afeti-va e espiritual entre profissionais, pacientes e a grande teia que envolve todos os seres humanos, encarnados e desencarnados.

Naquele período, minha proximi-dade com a ‘doutora’, como carinhosa-mente a chamamos, estava mais voltada a admirá-la, e a registrar nas profundezas do meu espírito as lições e os exemplos, nos grandes eventos que ela organizava, juntamente com outros queridos van-

Marlene Nobre: um sincero

reconhecimentoPor MARIA HELoISA BERnARDo

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

guardeiros do bem ligados à AME SP. A presença da doutora tem sido in-

comensurável em minha vida. Lampejos inesquecíveis afloram minhas lembranças nos direcionamentos absorvidos em mui-tos dos encontros pessoais e nos eventos, realizados sob o comando da nobre douto-ra Marlene. Chamava-me especialmente a atenção sua elegância pessoal, inteligência aguda e as sínteses geniais que construía na articulação entre a ‘doutrina espírita’ e a ciência.

Em 2009, após solicitação do Governo Federal para que participássemos de um grupo inter-religioso para definir bases na-cionais para amplo Programa de Prevenção ao Abuso e Dependência de Álcool e Ou-tras Drogas, em encontro com a doutora e com os futuros membros, foi-nos revelada a urgência de se fundar a AME ABC, e en-fatizado o fato de que sua procrastinação já remontava algumas décadas, do ponto de vista espiritual, nessa importante região, o ABC paulista.

Com a fundação dessa instituição, foi possível o reencontro com amigos e tarefas já programadas espiritualmente, abrindo nova fase produtiva em minha reencar-nação. Não sabia, àquela época, a crucial dimensão que a proximidade com a ‘dou-tora’ representaria em minha vida de forma geral, e mais intensamente na esfera espi-ritual. Indescritível tem sido a sustentação dos amigos espirituais aos membros da AME ABC e ao Conselho Espírita de São Bernardo do Campo. Com a fundação da AME ABC, nossos contatos se intensifica-ram em muitas horas de aconselhamento

sobre diversos assuntos e em acolhimento, na busca por socorro espi-ritual a todos nós, dessas instituições e a mim de forma particular.

Com clareza, iden-tifico que a influência e o contato com esta “brava guerreira do bom, do bem e do belo” tem contribuído para que eu possa me transformar em uma criatura melhor. Seus exemplos de vida me ensinam a “ser uma mulher da Nova Era” e a amadurecer com elegância, discernimento e bondade.

Nesta retrospectiva, percebo que ficará eternamente registrada em minha mente e em meu coração nossa última conversa ín-tima e pessoal, neste reencontro de almas, adentrando a fria madrugada de outono na Holanda, no ano passado, no imponente salão do hotel em que nos hospedávamos: meu ‘espírito’ aquecido, pleno e feliz no contato com esta grande mulher!

A última lição inesquecível e inolvidável após minha solicitação de aconselhamento: “Perdoa e ama sempre!”. Última viagem europeia com a ‘doutora’ encarnada...

Saudade agora, gratidão eterna. Paz e luz hoje e sempre!

Psicóloga especializada em saúde mental, dependência química e codependência. Diretora do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes e vice-presidente do Conselho Espírita de São Bernardo do Campo, SP.

A médica ginecologista e escrito-ra Marlene Rossi Severino nobre, fundadora e presidente do Grupo Espírita Caibar Schutel, na capital paulista, retornou ao plano espi-ritual no dia 5 de janeiro último, vitimada por enfarto, quando pas-sava férias com a família em Ilha-bela, no litoral norte de São Paulo.conferencista e uma das princi-pais lideranças do movimento es-pírita no país, Marlene deixa sua expressiva contribuição com a consolidação das inúmeras Asso-ciações Médico-Espíritas no Brasil e no exterior. Viúva do deputado Freitas nobre, Marlene perseverou no ideal pela mudança do para-digma materialista da ciência. É autora de vários livros, dentre eles Chico Xavier, meus pedaços do espelho, seu mais recente lança-mento, publicado pela editora Fé, da qual era também diretora res-ponsável. (Redação)

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8 CORREIO FRATERNO

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eSPecIAl

Para onde caminha o espiritismo

Quando Kardec realizou suas viagens pela França, entre 1860 e 1862, tinha como principal objetivo verificar como andava a compreensão do espiritismo em seus vá-rios centros. Para ele, importante era secar lágrimas e reacender esperanças, já que

a prática da doutrina não tinha segredos e a caridade, já afirmara ele, era a única senha dos espíritas a ser compreendida de um a outro extremo do mundo.

Conta Kardec que em várias localidades visitadas solicitavam-lhe conselhos para a for-mação de grupos espíritas. Alertava sempre, porém, que as instruções necessárias já se encon-travam em O livro dos médiuns, às quais poderia apenas acrescentar poucas palavras. Entre os comentários acrescidos, lembrava Kardec do caráter universal da doutrina, motivo pelo qual não se justificava, por exemplo, o emprego de sinais exteriores de qualquer culto para não “melindrar” convicções de ninguém: “O espiritismo chama a si os homens de todas as

crenças, para uni-los sob o manto da caridade e da fraternidade, habituando-os a olharem-se como irmãos, quaisquer que sejam suas maneiras de adorar a Deus”, orientava.

Interessado muito além dos simples aspectos formais das reuniões espíritas, Kardec priorizava em seus discursos a necessidade da compreensão do mais importante papel do espiritismo: de “acelerador” da reforma social. “O espiritismo, provando de maneira pa-tente a existência de um mundo invisível, leva forçosamente a uma ordem de ideias bem diversa, pois dilata o horizonte moral limitado à Terra”, explicava.

Hoje, passados mais de 150 anos dessas viagens, o espiritismo está presente em vários países, sendo o Brasil o que reúne não só o maior número de adeptos como também o maior contingente de divulgadores e fundadores de núcleos espíritas em terras estrangeiras.

Segundo Antonio Cesar Perri de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira,

Por elIAnA HADDAD

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JAneIRo - FeVeReIRo 2015 CORREIO FRATERNO 9

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há hoje no Brasil cerca de 14 mil institui-ções espíritas*. Imensa é, portanto, a res-ponsabilidade dos brasileiros na condução do estudo e prática da doutrina, preservan-do-se seus postulados. E diante disso fi ca a dúvida: para onde caminhamos?

Os centros espíritas se espalharam e como também não se pode medir o pro-gresso da doutrina espírita simplesmente pelo número de centros ou de adeptos, mas pelo despertar das ideias espíritas no pen-samento humano, é preciso lembrar o que disseram os espíritos sobre como se daria a consolidação do espiritismo. Ele passaria por três fases: a primeira fase, a da curiosida-de, causada pelo interesse no fenômeno; a segunda, a do estudo, da fi losofi a; e a tercei-ra, sua aplicação à reforma da Humanidade. Cabe-nos a refl exão, portanto, sobre o pon-to em que nos encontramos.

O professor, fi lósofo e jorna-lista J. Hercula-no Pires inicia seu livro O cen-tro espírita com uma afi rmação que faz pensar. “Se os espíritas soubessem o que é o centro espí-rita, quais são realmente a sua função e a sua signifi cação, o espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra”. Isso em 1979. Herculano, há quase 40 anos, já citava vários fatos que retardavam o objetivo maior da Terceira Revelação. “A doutrina espírita não chegou ainda a ser conhecida pelos seus próprios adeptos em todo o mundo”, disse. Lembrando o após-tolo Paulo, Herculano salientava que os es-píritas estavam no momento exato em que precisavam “desmamar das cabras celestes para se alimentarem de alimentos sólidos” e os que desejassem atualizar a doutrina de-veriam antes cuidar de se atualizarem nela.

Hoje não é diferente e vale comentar aqui também outro ponto importante, que é o processo da própria comunicação das ideias, condição imprescindível para qual-quer trabalho de divulgação. No conceito de comunicação, há elementos fundamentais: o emissor, o receptor, o canal, a linguagem, a mensagem... e o ruído. Como naquela brin-

cadeira, em que alguém cochicha no ouvi-do do outro uma mensagem a ser passada adiante para várias pessoas, chegando ao fi nal destorcida, também a propagação do espiritismo corre o risco de se ver atropelada pelos ruídos da comunicação, mal-entendi-dos, invenções e alterações dos homens. Al-guns, sem querer, por ingenuidade e falta de conhecimento, e outros, propositadamente, por interesses diversos. Daí a imensa respon-sabilidade dos centros espíritas.

Assim como na brincadeira citada, a originalidade da revelação espírita será preservada se houver a preocupação de se guardar a fonte. E essa fonte é a própria codifi cação, que contou com uma grande equipe espiritual, tendo o trabalho hercú-leo de Allan Kardec para a sistematização das verdades reveladas e observadas de

forma lógica e metódica, o que permitiu à doutrina um caráter científi co, através das suas cinco obras básicas: O livro dos espíri-tos, O livro dos médiuns, O céu e o inferno, O evangelho segundo o espiritismo e A gênese.

À casa espírita cabe seguir o espiritis-mo. Simples. Parece óbvio, mas muitos acabamos por esquecer alguns detalhes da mensagem original e – pior – passamos adiante informações que nem sabemos de onde vieram, provocando atrasos por não promoverem a transformação pelo conhe-cimento de todo o arcabouço que envolve a descoberta do mundo do espírito. Só há uma forma de ser espírita: esforçar-se con-tinuamente para o progresso moral, crer e compreender porque se crê, características da fé raciocinada preconizada por Kardec.

Somente assim poderemos compreen-der a razão da dor, a necessidade do amor, a justiça da lei divina, a misericórdia da re-encarnação, a eternidade da vida. Somente assim sairemos da condição de pedintes in-

veterados que se desesperam, revoltam-se e desistem de Deus. Somente assim traremos para nós a responsabilidade de sermos ou não felizes. Somente assim iremos à casa espírita para o trabalho desinteressado. Somente assim não nos decepcionaremos com nossos pedidos não atendidos. So-mente assim compreenderemos as nossas e as falhas do nosso próximo. Somente assim transferiremos as verdades que estão nos livros e nas palestras para o nosso próprio entendimento e para o nosso coração.

O espiritismo é simples. E o simples nem sempre é fácil, exigindo esforços. Uma vez compreendidos conceitos básicos, não nos perderemos nos detalhes e estaremos fortale-cidos para zelar por nossa maturidade espiri-tual no embate dos desafi os do mundo, nos convívios e relações do dia a dia, estejamos

em família, no trabalho, onde e com quem esti-vermos. Não há como ser espírita sem estudar Kar-dec e sem ter Je-sus como exem-plo maior de conduta a seguir.

Vale o alerta de Herculano. Vale o alerta de Kardec. Vale o

alerta de toda equipe do Espírito da Verdade. “O espiritismo é de ordem divina, uma vez que repousa sobre as próprias leis da nature-za... o mundo está abalado... a revolução que se prepara é antes moral que material. A cada um sua missão, a cada um, seu trabalho”.

Não nos atrasemos, pois, e colaboremos na compreensão e divulgação do sentido maior de caridade, através das próprias oportunidades que o espiritismo nos ofe-rece ao desvendar o lado espiritual da vida como um novo paradigma, consolando e instruindo, atentos ao fato de que, apesar do muito que já caminhou, ainda não cum-priu sua fi nalidade: a transformação social através da mudança de olhar dos homens.

Nota *De acordo com Antonio Cesar Perri, não existe um número exato de centros espíritas no País pelo fato de muitos deles não comunicarem mudança de endere-ço; alguns se organizam e se encontram em processo de união às 26 federativas estaduais e outros são institui-ções chamadas de ‘contato’, não são unidas ofi cialmente à FEB, mas participam do movimento espírita.

Se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a

sua função e a sua signifi cação, o espiri-tismo seria hoje o mais importante movi-

mento cultural e espiritual da Terra”.J. Herculano Pires

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10 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2015

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VocÊ SAbIA?

SOS de um incréduloO major Alexander Henry Da-

vis, americano milionário, não admitia a realidade dos

fenômenos denominados de espiritu-ais. Em 1903, ele mandou chamar a médium italiana Eusápia Paladino e lhe disse com certa aspereza:

– Signora, nós ouvimos falar dos seus dons, como uma movedora de móveis, e por isso convidei-a para que mostrasse a meus hóspedes alguns de seus truques.

Paladino, mulher de estatura pe-quena, frágil, pálida, caminhou para o centro da sala. Olhou para uma gran-de mesa de mármore que estava à sua frente, estendeu as mãos em direção a ela e sua aparência agora era outra: tornou-se, como num passe de mági-ca, resoluta, cheia de energia.

Em pleno dia, todos viram matéria

esbranquiçada evolar de suas mãos em direção da referida e pesadíssima mesa. Esta então se mexeu. E, logo depois, com rapidez, aproximou-se do major Davis, que, incrédulo, impassível, su-gava a fumaça de seu enorme charu-to. O móvel, como se tivesse vontade própria, o imprensou contra outra mesa que estava à sua retaguarda. Sem querer dar o braço a torcer à evidência do fato, o major lutou o quanto pôde para se livrar da pressão, mas acabou não aguentando e pediu socorro.

Vários homens tentaram afastar a mesa, sem sucesso. O fenômeno só foi revertido quando a médium foi colocada entre a mesa e o major. Ela colocou a mão sobre a mesa e esta se moveu vagarosamente para trás.

O espiritismo à luz dos fatos, Carlos Imbassahy, FEB.

Eusápia Paladino (1854 -1918): a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época

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JANEIRO - FEVEREIRO 2015 CORREIO FRATERNO 11

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ARTIGo

Por JoSÉ beneVIDeS cAVAlcAnte

Mitos da mediunidade

Frequentemente espíritas são procu-rados por pessoas que pedem um contato imediato com entes queri-

dos desencarnados. Não se dão por sa-tisfeitas, quando são informadas de que não é tão fácil assim. Em vez de perma-necerem no centro, acabam buscando outros meios, quase sempre não confi-áveis. Existe, muitas vezes, ingenuidade nessas pessoas, mas há também as que preferem ser enganadas.

Quando se trata de mediunidade – um tema muito próprio do espiritismo –, a maioria não se acha bem informada e ali-menta muitas crendices a respeito.

O que é verdade e o que é mentira? Há uma série de mitos sobre mediunidade que precisamos analisar.

As considerações que fazemos aqui es-tão baseadas nas obras de Allan Kardec e também de Chico Xavier, que muitos, in-felizmente, não conhecem ou não se deram ao trabalho de conhecer.

Vamos aos mitos:

Todo médium é espírita e confiável. O simples fato de uma pessoa ser médium não quer dizer que seja espírita e muito menos que conheça o espiritismo. Há ho-nestos e desonestos em todos os setores da sociedade, principalmente no meio religio-so, onde muita gente procura levar vanta-gem, explorando a boa-fé dos menos avisa-dos. O rótulo religioso nunca foi garantia de autenticidade.

Os espíritos só falam a verdade. Seria bom se fosse verdade. Mas não é pelo simples fato de a pessoa ser médium e de receber alguma mensagem espiritual que esta seja verdadeira ou bem intencio-nada. A única garantia de autenticidade e de sinceridade está no caráter dos mé-diuns como seres humanos, na seriedade do centro espírita e, naturalmente, no teor da mensagem. Honestos e desonestos, verdadeiros e falsos existem – tanto entre os homens, como entre os espíritos – já dizia Allan Kardec.

Médium não precisa estudar; os espíritos lhe ensinam tudo.

Kardec afirma, no primeiro capítulo de A gênese, que “os espíritos só ensinam o necessário para guiar no caminho da ver-dade, mas eles se abstêm de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo”. Médium que afirma não estudar, pois os espíritos lhes ensinam tudo, demonstra que não entendeu o espírito da doutrina ou não quer assumir o verdadeiro papel de espírita. Chico Xavier era um estudioso da doutrina e sempre se esforçou moral e es-piritualmente para ser veículo de espíritos superiores.

Toda pessoa que tem alguma per-cepção mediúnica precisa desen-

volver a mediunidade. Allan Kardec afirma, em O livro dos es-píritos, que todos somos mais ou menos

médiuns, mas a mediunidade ostensiva e missionária – o que ele chama de mediu-nato – é uma condição de poucos. Neste sentido, ninguém sabe se é médium ou não antes de submeter-se a uma prova prática e concreta. Quando uma pessoa apresenta sintomas de mediunidade e tem interesse em trabalhar como médium para assumir com dedicação e coragem essa missão, ela precisa submeter-se a uma experimentação dentro de um grupo me-diúnico, a fim de que seja conhecida sua capacidade mediúnica.

Bom médium é aquele que rece-be os espíritos com mais facili-

dade. As pessoas obsedadas são as que recebem os espíritos com mais facilidade e, no entanto, muitas delas não são médiuns no sentido estrito da palavra. São apenas

médiuns casuais, como todo mundo é, e não médiuns com missão específica na tarefa espírita. Obsessão não é mediu-nidade. A maioria dos obsedados não é médium propriamente dito; tanto assim que, passada a crise obsessiva, eles voltam à condição anterior, sem os sintomas que apresentavam enquanto perturbados. O melhor médium não é o que recebe mui-tos espíritos e a toda hora, mas é o que revela boas qualidades morais, apresen-tando comunicações de qualidade.

Para se obter uma mensagem de um ente querido desencarnado

basta procurar um médium. As pessoas que insistem muito em rece-ber mensagens de entes queridos, con-fiando em qualquer médium, acabam obtendo comunicações falsas. Chico Xa-vier sempre afirmou que “o telefone só toca de lá para cá”. O médium é apenas um receptor que pode ou não ser utiliza-do, dependendo das condições espiritu-ais do desencarnado. Milhares de pessoas procuravam o Chico para obter comuni-cações de entes queridos; uma pequena porcentagem, entretanto, saía de Ubera-ba com alguma mensagem à mão.

A mediunidade serve para con-vencer os incrédulos das verdades

espíritas. Kardec afirma que as pessoas só se con-vencem da verdade espírita pelo uso do bom senso e da razão. E isso só acontece com aqueles que já alcançaram maturi-dade suficiente para atingir certo nível de compreensão. Os detratores do espiri-tismo sempre acham motivos para com-bater e desautorizar a doutrina, mesmo diante dos mais extraordinários fenô-menos e dos médiuns mais admiráveis, como Chico Xavier.

Escritor e radialista, coordenador há mais de qua-renta anos da rádio “Momento Espírita”, na cidade de Garça, SP.

O que é verdade e o que é mentira sobre mediunidade?

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12 CORREIO FRATERNO JAneIRo - FeVeReIRo 2015

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em Mão na cabeça

Roteiro: Tatiana Benites / Ilustração: Hamilton Dertonio

Web Rádio comemora 6 anosCom programação especial para o mês de

fevereiro, a Web Rádio Fraternidade, de Uberlândia,MG abre as comemorações de

seu 6º aniversário. Haroldo Dutra Dias (BH) realiza semi-nário sobre o tema: “Jesus, guia e modelo da humanida-de”, dia 7 de fevereiro, das 14h às 18h, na Casa de eventos Acrópole (Rua José Resende, 4090, Custódio Pereira). As comemorações contarão com palestras de Júlio Carvalho, Divaldo Franco, Jorge Alberto Elarrat, Simão Pedro de Lima e Rossandro Klinjey. Informações: http://www.radiofraternidade.com.br

Curso de extensão sobre Ciência e Espi-ritualidade

Em parceria com a Associação Médico--Espírita, terá início na Universidade Santa

Cecília, Santos, SP, o curso de extensão “Ciência Saúde e Espiritualidade”, dia 7 de março, com aula inaugural do físico e professor André Luiz Ramos. O curso é aberto a todos os interessados e as aulas acontecem na rua Osval-do Cruz, 266 – 4º andar, Bloco D, todos os sábados, das 14h30 às 17h.www.amesantos.blogspot.com e www.unisanta.br/pos-graduacao

Chico Xavier é tema de Simpósio Nacio-nal em Uberaba

Será realizado em Uberaba,MG, de 14 a 17 de abril, o XIV Simpósio Nacional da Asso-

ciação Brasileira de História da Religião e III o Encontro Internacional de Estudos da Religião. O encontro traz o tema: “Chico Xavier, mística e espiritualidade nas religiões brasileiras”. Conta com a organização do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, PUC SP e apoio da Asociación de Historiadores Latinoamericanos y del Caribe. www.adhilac-brasil.org

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acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

ENIGMA

O que

distingue o

espírito da

matéria?

Resposta do Enigma:

Solução doCaça-palavras

Veja em:www.correiofraterno.com.br

o pensamento

Fonte: A obsessão –

origem, sintomas e

cura, de Allan Kardec, o

clarim.

cultuRA & lAzeR

Web Rádio comemora 6 anosCom programação especial para o mês de

seu 6º aniversário. Haroldo Dutra Dias (BH) realiza semi-

FEV

7

Curso de extensão sobre Ciência e Espi-ritualidade

Cecília, Santos, SP, o curso de extensão “Ciência Saúde e

MAR

7

Chico Xavier é tema de Simpósio Nacio-nal em Uberaba

ciação Brasileira de História da Religião e III o Encontro

ABR

14

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

A P o I E C V G E R Y I A E o P G A E U I o L V C A E F c A l K J Ç Ã o I u R S o uA Z E P o E I V S G G o A n S S A S M R E C T U o A E I V E R o S L G A R U D A R V A D R E T o P Z A S B M o E A S S A S R o n G D S Z M RE S S E S o P R o S E M E St I n o S S e I V A S o I o o P I V A X c z z A S l o I A S o P I E U Z K M L Y T R E o L M E D T R E M A M o P V b P P Q A A D t o o u A A A S P R e R t V n R A S o S u n I S o e R u A t A b e l E A A D T M B E L E Z A E o I t e b I o e e n R c I P z A U E C M I o S A Z S E P A z R b u o n e c S J u n o S J e S o R R b e l A I P A z S Z A S M E A T Z S S A S B S A L M E I Z J U o L C D S I U R E B n L A o I T I G F V A S S P V A Q R S b e z c L o G U o E C A J L o n o S R n o S n R F G S A I T U BA S z A S n P e R u I e c R G D L o I o D n M C U o B E S A l o D e S t I n o S e R

em 1º de janeiro de 1846 nascia, na França, Léon Denis, fi lóso-fo médium e um dos principais continuadores do espiritismo, após a desencarnação de Allan Kardec. encontre no diagrama as palavras em destaque deste trecho de sua obra O grande enigma.

“A Natureza nos mostra

em tudo a beleza da vida,

o preço do esforço pacien-

te e corajoso, e a imagem

de nossos destinos sem-fi m.

Ela nos diz que tudo está no

seu lugar no Universo; mas,

também, que tudo evolui, se

transforma, almas e coisas. A

morte é apenas aparente; aos

mornos invernos sucedem as

renovações primaveris, cheias

de seivas e de promessas.”

Editora CELD, 2011.

Churrasco Dia 8 de março de 2015, domingo, às 12:00h.Reúna a família e os amigos e venha saborear

um delicioso churrasco! E você ainda ajuda a institui-ção! Reserve o seu convite: (11) 4109-8938. Local: Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955, B. Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP.

Churrasco

um delicioso churrasco! E você ainda ajuda a institui-

MAR

8não sei!

eu sempreabro!

Por que nasala de passe todomundo fica de olhos

fechados?

eu também!e eles ficam com a

mão perto da nossa cabeca!

Acho queé porque se você

tentar fugir, eles teseguram!

Page 13: Correio Fraterno 461

JAneIRo - FeVeReIRo 2015 CORREIO FRATERNO 13

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AnÁlISe

Em 25 de setembro de 2014, comemo-rou-se o centenário de nascimento do lúcido jornalista Herculano Pires, que

se destacou também como um dos mais ativos divulgadores do espiritismo no país. Traduziu os escritos de Allan Kardec e escre-veu tanto estudos fi losófi cos quanto obras literárias inspiradas na doutrina espírita.

Levando em consideração a citação de Herculano acima, ainda não nos demos conta, nem mesmo o espírita convicto, de que um centro equilibrado que não se afas-te um milímetro dos postulados deixados por Kardec assemelha-se ao mais comple-to e mais bem equipado hospital da Ter-ra. Ali, sem que percebamos ou vejamos, pelo menos os que têm visão comum, está disponível todo o equipamento espiritual necessário para curar tanto as doenças da Terra, que se apresentam no corpo, como as doenças da alma que não são diagnosti-cadas pela aparelhagem médica.

Quando colocamos os pés na casa espí-rita, somos recepcionados pela espirituali-dade que começa a cuidar de nós sem que saibamos ou peçamos, sendo sufi ciente que ali estejamos com respeito e fé, além de ser levados em conta nossa intenção, mereci-mento e necessidades evolutivas. Entramos com doenças que nem imaginávamos que tínhamos e de lá saímos curados, se for

Centro espírita: o socorro nem sempre levado a sério

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o melhor para nós e se já chegou a nossa hora. Mais ou menos como afi rmava Jesus: “A tua fé te curou. Vai e não peques mais.”

Lamentavelmente, o que vemos são pes-soas de corpo presente, mas que não estão ali em espírito. Não chegam com qualquer mérito para receber ajuda. É comum os que assistem às palestras com o celular e simila-res ao lado. Respondendo aos WhatsApps, lendo ou enviando torpedos, conferindo chamadas, quando não aproveitam para navegar na internet ou jogar esses joguinhos tolos que infestam esses aparelhos seques-tradores da nossa vontade e do nosso equi-líbrio. Foram criados para facilitar a nossa vida, mas hoje mandam nas pessoas. Eles não têm culpa. Os equivocados somos nós!

É comum, nos dias de palestra pública, como os centros trabalham de porta aber-ta, muitas pessoas chegarem quase no fi nal, desde que estejam ali a tempo de receber o passe. Acreditam que aquele passe pos-

O centro espírita é uma faculdade que ensina a ciência

do infi nito” sa fazer alguma coisa por elas que não têm o mínimo interesse pela sua própria vida. Não cogitam de sua modifi cação, deixando por conta dos espíritos transfundirem-lhes, além da energia fl uídica, discernimento e inteligência. Pobres iludidos, que acredi-tam que ali receberam algo. Não respeitam o mínimo, assiduidade e pontualidade, como querem receber? Jesus ensinou tam-bém sobre isso: “Faz que o céu te ajuda!”

O centro espírita é uma faculdade que ensina a ciência do infi nito, conforme defi -nição de Allan Kardec! É lugar de respeito, onde devemos ter pensamentos elevados, concentrar-nos apenas nos assuntos trata-dos ali, sejamos colaboradores ou assisti-dos. É local para intensiva meditação sobre a vida eterna com base nas lições organi-zadas por Kardec e complementadas por outros espíritos superiores que nunca nos abandonam. Não nos esqueçamos da aju-da de Emmanuel, André Luiz, Joanna de

Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, Bezerra de Menezes, Marco Prisco e uma vasta coleção que não caberia neste espa-ço. Os beneméritos são incontáveis, mas os que desejam modifi car-se enquanto encar-nados ainda são poucos.

Somos agradecidos, também, ao es-timado José Herculano Pires que esteve conosco por menos de 65 anos, repetindo o tempo de vida de Kardec, mas deixando--nos igualmente um manancial de lúcidas informações que, se bem aproveitadas, po-derão ajudar-nos a compreender melhor este nosso momento planetário.

Vejam algumas coincidências entre Kardec e Herculano: Kardec nasceu em 1804 e Herculano em 1914; 110 anos de-pois. Kardec em 3 de outubro e Herculano em 25 de setembro. Para os astrólogos, o mesmo signo. Kardec desencarnou em 31 de março de 1869 e Herculano em 9 de março de 1979. No mesmo mês, 110 anos depois. Ambos viveram aproximadamente 64 anos e meio. Como dissemos, são sim-ples coincidências; mas ambos com a mes-ma coerência nas ideias e no bom senso. Os dois devem ser lidos e estudados, porque têm muito a nos ensinar!

Escritor e palestrante paulista, residindo atualmente em João Pessoa, PB.

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14 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2015

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Por nuboR oRlAnDo FAcuRe

FoI ASSIM

A “Hora do livro espírita”

Faz 10 anos que percebo sistematica-mente minha esposa levantando às 5 da manhã e se dedicando por uma

hora à leitura de obras espíritas. É apaixo-nada pelos livros da Yvonne Pereira – Subli-mação, A tragédia de Santa Maria, Memó-rias de um suicida, O drama da Bretanha...

Tudo começou após o falecimento do nosso filho, José Roberto, em novembro de 2004, aos 48 anos de idade.

Fomos abençoados por ouvi-lo 15 dias depois de sua desencarnação. Através de uma comunicação mediúnica, ele nos aler-tou para a necessidade do estudo.

O livro espírita é realmente um bálsa-mo nessa amarga experiência de se ver pri-vado da presença carnal de um filho que a morte nos rouba da convivência. Não há palavras de consolo suficientes para substi-tuir a dimensão dessa dor.

O consolo maior que a doutrina espí-rita nos traz é a descrição reconfortante da sua sobrevivência, da permanência dessa alma querida seguindo sua trajetória evolu-tiva, amparado por benfeitores espirituais. Eles também nos reconfortam assistindo--nos com o carinho redobrado, com a pre-sença desses filhos queridos, permitindo--nos recebê-los como uma visita espiritual muito aguardada.

É assim que a literatura espírita, es-

pecialmente os relatos nas famosas cartas de Chico Xavier, nos faz aceitar como fe-nômeno natural nossas idas e vindas nas múltiplas dimensões da existência, fazen-do-nos perseverar no trabalho que o Céu nos aguardará para todo reencontro que merecermos.

Vale a pena retribuirmos o esforço do livro espírita em benefício da nossa evo-lução. A paz no mundo só será alcançada com a paz de espírito, de cada um de nós.

Acostume-se, também, a essa rotina. Levante uma hora mais cedo para fazer suas leituras e aproveite melhor essa encar-nação. Não postergue seu crescimento. As horas passam rápido demais e as oportuni-dades são fugidias.

Acrescente na sua vida a “hora do livro espírita”.

Vamos perseverar no trabalho, que o céu nos aguardará para todo reencontro que merecermos.

Este fato aconteceu com o conhecido neurocirurgião Nu-bor Facure, de Campinas, São Paulo. Conte também a sua

história para ser publicada aqui no Correio Fraterno. (redacao@

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Por UMBERTo FABBRI

DIReto Ao Ponto

Reagir, agir e interagir

A doutrina espírita nos possibilitou reavivar os postulados de amor e fraternidade do Cristo, que por

nossos próprios interesses foram se tornan-do esquecidos ou colocados em segundo plano. Mas não podemos deixar de consi-derar outro fator de extrema importância trazido à tona pelo espiritismo, que são as revelações pertinentes à existência da dimensão espiritual de forma mais abran-gente e das possibilidades de sua interação e atuação com a dimensão material.

A comunicação e o intercâmbio que sempre ocorreram, antes considerados so-brenaturais, puderam a partir de então ser mais bem compreendidos, possibilitando seu direcionamento e aplicação para o de-senvolvimento e progresso dos espíritos, estando eles encarnados ou não.

Hoje, estes conhecimentos trazidos, principalmente pela codificação, nos aju-dam a conviver de forma mais harmoniosa com a espiritualidade que não vemos, mas que conosco se relaciona a todo instante.

Poderíamos considerar que antes destas informações apenas reagíamos de forma inconsciente às influenciações es-pirituais, quase mesmo sem percebê-las, como podemos ver na questão 459 de O livro dos espíritos: “Influem os espíritos em

nossos pensamentos e em nossos atos? R: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”.

Esta frase poderia nos incutir o medo ou o receio, se não tivéssemos o entendi-mento de que podemos receber influências de vários modos: dos amigos, da mídia, da sociedade, dos espíritos, dos livros, da mú-sica, mas somente nos deixamos influen-ciar quando acolhemos as sugestões, o que ocorre por afinidade com o nosso modo de sentir e pensar ou por pura invigilância.

Na realidade, somos donos de nossos destinos, temos o poder da escolha, que vai se depurando e amadurecendo com o tempo.

Seremos influenciados pelos bons e pe-

los maus, mas como saber diferenciar? Esta também foi uma dúvida levantada

por Kardec aos espíritos: “Como distin-guirmos se um pensamento sugerido pro-cede de um bom espírito ou de um espírito mau? R: “Estudai o caso. Os bons espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos discernir”, orienta-nos a questão 464 da obra já citada.

Sabiamente, Jesus nos alerta para o sem-pre eficiente e necessário “orai e vigiai”. Po-demos e devemos agir de acordo com a lei divina, tomando o devido cuidado para sele-cionar as influências positivas. Nosso modo de agir repercute em nosso futuro, uma vez que somos cocriadores e responsáveis pelas consequências do uso de nosso livre-arbítrio.

Não podemos nos esquecer de que in-teragimos com a espiritualidade e, nesta experiência, tanto seremos influenciados como também poderemos influenciar.

O pensamento é uma via de mão du-pla. As ondas mentais que emitimos têm o mesmo poder que as dos desencarnados, ressaltando que quanto melhor for sua qualidade, maior será o seu alcance.

Portanto, interagir de modo a trazer crescimento para nós e para os que conos-co convivem exige constante esforço para nosso desenvolvimento e disciplinada vigi-lância na emissão de nossos pensamentos.

Poucas vezes recordamos que, na me-dida em que melhoramos, podemos tam-bém melhorar a nossa influência positiva. Geralmente só nos lembramos dos irmãos espirituais que tentam nos influenciar ne-gativamente. Valorizando o mal damos a ele penetrabilidade em nossas vidas.

Estudando e buscando entender a co-municação que desenvolvemos, deixamos de reagir para agir e interagir com o bem e o amor.

Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Aca-ba de lançar o livro O traficante, ditado pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

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MÍDIA Do BEM

Este espaço também é seu.Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Abraços protegem contra estresse, depressão e gripe

Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia (EUA), analisa-ram 404 adultos saudáveis e veri-ficaram a frequ-ência de conflitos interpessoais e de abraços diários e depois expuseram intencionalmente os entrevistados ao vírus da gripe.

Um terço das pessoas pesquisadas não desenvolveu os sintomas da gripe – exatamente aqueles que rece-beram mais abraços e apoio de pessoas de confiança. “Aqueles que ganham mais abraços estão, de alguma maneira, mais protegidos de infecções”, diz o professor de psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e So-ciais, Sheldon Cohen, que coordenou a pesquisa.http://noticias.uol.com.br

Aplicativo ajuda deficientes visuais

Para ajudar pessoas com deficiência visual, o di-namarquês Hans Jorgen Wiberg criou o aplicativo gratuito Be My Eyes, através do qual voluntários po-dem ‘emprestar’ sua visão para quem necessita. O app funciona com voz e vídeo ao vivo, sendo possível para o deficiente mostrar o que ele quer ler.

Para fazer parte desta rede mundial de solidarie-dade basta baixar o aplicativo, fazer o cadastro e per-mitir que ele tenha acesso ao microfone e à câmera do celular ou tablet. O voluntário receberá chamadas de deficientes que precisam de auxílio.http://super.abril.com.br

Atletismo no sertão baiano

A comunidade baiana de Flamengo, em Jaguarari-BA, se transformou em um lugar de superação e persistência, com o empenho do professor Antônio Ferreira, que em 2006, driblando as dificuldades, criou um projeto social voltado para o atletismo.

Ferreirinha não só se transformou no grande incen-tivador esportivo e social da região, como sensibilizou autoridades esportivas. Visitado pelo programa “Um por todos, todos por um”, do Caldeirão do Hulk (TV Globo), o projeto ganhou apoio com instalações apropriadas e re-cursos que ampliaram o seu alcance, transformando a vida de mais de duzentas crianças daquele sertão.http://gshow.globo.com