correio fraterno 450

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Ano 45 • Nº 450 • Março - Abril 2013 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 O esforço moral para a liberdade Professor São Marcos Uma fonte fecunda Ele repensou a história do pensamento humano e enalte- ceu a obra de Léon Denis, Humberto Mariotti e Hercu- lano Pires para destacar a importância da filosofia espírita. Página 7 N em sempre é fácil diagnosticar a obsessão. Pe- los graus de sutileza de seus processos, espíri- tos encarnados e desencarnados exercem sua influência nos quadros mais variados, de um simples desajuste momentâneo a perseguições e desequilíbrios sérios que levam a doenças de difíceis diagnósticos. O assunto merece atenção e respeito, sem que o estigma do medo obscureça a luz do conhecimento de seus conceitos. Diz respeito a todos nós, direta ou in- diretamente, seres imperfeitos, em constante ativida- de, envoltos pela sintonia de sentimentos e intenções. Uma vez conhecido o conceito, como lidar com essa realidade quando nos bate à porta? O que fazer para neutralizar a carga de influência espiritual para não perder o equilíbrio temporariamente abalado? Leia mais nas páginas 8 e 9. Entrevista Professor da Universidade de Salamanca fala ao Correio Frater- no sobre a imortalidade da alma e a reencarnação em textos da Grécia antiga. Páginas 4 e 5 DÉCIO IANDOLI O médico e pesquisador traz uma visão espiritualista sobre o comportamento das células e o desenvolvimento do câncer. Pág. 3 Não perca as novas aventuras da Laurinha Divirta-se De Tatiana Benites www.correiofraterno.com.br OBSESSÃO

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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Page 1: Correio Fraterno 450

A n o 4 5 • N º 4 5 0 • M a r ç o - A b r i l 2 0 1 3

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

O esforço moral para a

liberdade

Professor São MarcosUma fonte fecunda

Ele repensou a história do pensamento humano e enalte-ceu a obra de Léon Denis, Humberto Mariotti e Hercu-

lano Pires para destacar a importância da fi losofi a espírita. Página 7

Nem sempre é fácil diagnosticar a obsessão. Pe-los graus de sutileza de seus processos, espíri-tos encarnados e desencarnados exercem sua

infl uência nos quadros mais variados, de um simples desajuste momentâneo a perseguições e desequilíbrios sérios que levam a doenças de difíceis diagnósticos.

O assunto merece atenção e respeito, sem que o estigma do medo obscureça a luz do conhecimento de seus conceitos. Diz respeito a todos nós, direta ou in-diretamente, seres imperfeitos, em constante ativida-de, envoltos pela sintonia de sentimentos e intenções.

Uma vez conhecido o conceito, como lidar com essa realidade quando nos bate à porta? O que fazer para neutralizar a carga de infl uência espiritual para não perder o equilíbrio temporariamente abalado? Leia mais nas páginas 8 e 9.

EntrevistaProfessor da Universidade de Salamanca fala ao Correio Frater-no sobre a imortalidade da alma e a reencarnação em textos da

Grécia antiga. Páginas 4 e 5

DÉCIO IANDOLI

O médico e pesquisador traz uma visão espiritualista sobre o comportamento das células e o

desenvolvimento do câncer. Pág. 3

Não perca as novas aventuras da Laurinha

Divirta-seDe Tatiana Benites

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oBSeSSÃo

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2 CORREIO FRATERNO JAneIRo - FeVeReIRo 2013

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eDItoRIAL

Fechada esta edição, chegava a nós in-formação de artigo postado pelo ami-go Jáder Sampaio em seu blog Espiri-

tismo comentado sobre “A identifi cação dos espíritos”. Em meio à correria, não resisti-mos ao primeiro impulso de clicar logo no link. Afi nal nossa matéria de capa trazia a obsessão e a infl uência exercida pelos espí-ritos em nossas vidas.

O artigo postado esclarecia tudo sobre o assunto. Simples e informativo, alertava inclusive sobre os possíveis enganos e ilu-sões de falsas conclusões. Tirava todas as dúvidas e respondia às questões necessárias para o entendimento básico sobre a infl u-ência dos espíritos. O autor? Allan Kardec. O livro? Obsessão.

Ficamos pensando como é realmente necessária a divulgação das bases da dou-

trina espírita para que sua essência seja conhecida. Quanto tesouro escondido e despercebido sobre assuntos que conti-nuam e continuarão sendo abordados, até que atinjamos o conhecimento intelectual e moral necessários para sua compreensão. E aí está a modesta tentativa desta edição de auxiliar o leitor nesse caminho, abor-dando como matéria principal um assunto tão corriqueiro, falado e temido, mas que necessita da iluminação dos conceitos bá-sicos e precisos do mestre lionês. São escla-recimentos baseados na universalidade da razão, trazidos pela equipe do espírito da Verdade que encontraram nos esforços do pesquisador Allan Kardec o terreno adu-bado para que pudessem ser analisados e agrupados metodicamente, resumindo as inúmeras experiências por ele empreendi-

CORREIO DO CORREIO Mercado editorialJunto-me aos demais leitores do Correio para destacar a perfeita entrevista do excelente colaborador Richard Simonetti, com igual destaque para as inteligentes perguntas for-muladas pela ‘dupla dinâmica’ Izabel/Eliana. Fomos todos premiados com a edição 448.

Giovanni Scognamillo, por e-mail

Parabenizo o Correio Fraterno pela divulga-

ção da matéria sobre a análise do mercado editorial espírita. Simonetti está certíssimo em suas conclusões, principalmente sobre a falta de incentivo à leitura e também o cuidado na proteção ao futuro das livrarias espíritas, seus objetivos e riscos.

Luiz Carlos Mallet, por e-mail

Abraham Lincoln Já tinha o conhecimento sobre as sessões

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

www.laremmanuel.org.brDiretor: Raymundo Rodrigues Espelho

Editora: Izabel Regina R. VitussoJornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686)

Apoio editorial: Cristian FernandesEditor de arte: Hamilton Dertonio

Diagramação: PACK Comunicação Criativawww.packcom.com.br

Revisão: (apoio) Fabiana Almeida XavierAdministração/fi nanceiro: Raquel Motta

Comercial: Magali PinheiroComunicação e marketing: Tatiana Benites

Auxiliar geral: Ana Oliete LimaApoio de expedição: Osmar Tringílio

Impressão: Lance Gráfi ca

Telefone: (011) 4109-2939 E-mail: [email protected]

Site: www.correiofraterno.com.brTwitter: www.twitter.com/correiofraterno

Atendimento ao leitor: [email protected]: entre no site, ligue para a editora ou,

se preferir, envie depósito para Banco Itaú,agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora.

Assinatura anual (6 exemplares): R$ 36,00Mantenedor: acima de R$ 36,00

Exterior: U$ 24.00

Periodicidade bimestralPermitida a reprodução parcial de textos,

desde que citada a fonte.As colaborações assinadas não representam

necessariamente a opinião do jornal.

Editora Espírita Correio FraternocnPJ 48.128.664/0001-67

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Presidente: Izabel Regina R. VitussoVice-presidente: Tânia Teles da MotaTesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva

Secretária: Ana Maria G. CoimbraAv. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Uma ética para a imprensa escrita

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• não responderemos aos ataques diri-gidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremos os princípios que professamos.

• confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

novidades em

mediúnicas na Casa Branca (edição 449), através de uma palestra com Raul Teixeira. Pergunto a vocês: será que esse espírito não poderia ser Martin Luther King Junior e hoje o presidente atual dos Estados Unidos? Desculpe a viagem. Parabéns pelo artigo!

Carmem, Caxias do Sul, RS

Longe da casa espíritaMoro em Israel e gostaria de ter informações de quando virão para cá divulgar o Evangelho. Sou espírita e não tenho possibilidade, aqui tão longe, de participar de algum trabalho.

Patrícia, por e-mail

Kardec

das, quando se debru-çou sobre a seriedade dos fenômenos aní-micos e mediúnicos.

Boa leitura!Equipe

Correio Fraterno

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JANEIRO - FEVEREIRO 2013 CORREIO FRATERNO 3

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Para dar início aos seminários mensais de 2013 do Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade na Universi-

dade Federal de São Paulo, o gastrocirur-gião, doutor pela UNIFESP, Décio Ian-doli Junior foi convidado a falar sobre as conclusões a que chegou ao estudar a for-mação do câncer sob a ótica espiritualista. Paulista, dr. Décio mora há quatro anos em Mato Grosso do Sul, onde é professor uni-versitário e presidente da Associação Mé-dica Espírita de Mato Grosso do Sul. Tem publicado quatro livros, com estudos que dão sempre um passo à frente do paradig-ma da ciência materialista.

Abaixo um resumo da palestra apresen-tada para cerca de duzentas pessoas, entre alunos, profissionais da área médica e sim-patizantes de maneira geral:

Atualmente não me considero um cientista, mas um estudioso da ciência no aspecto da espiritualidade. Dou-me o di-reito de levantar hipóteses.

Para falar sobre câncer tem-se que falar sobre células, e as definições encontradas quase sempre são incompletas. A melhor delas está no livro Evolução em dois mundos (André Luiz, por Chico Xavier, FEB). Há 60 anos a obra já trazia definições à frente do tempo, como a que o ‘cérebro’ da célu-la estaria no citoplasma e não no núcleo, como apregoava a ciência, que só agora ad-mitiu o engano. A definição para a célula no livro é:

“Animálculos infinitesimais que se revelam domesticados e ordeiros na col-meia orgânica, assumem formas diferen-tes, segundo a posição dos indivíduos e a natureza dos tecidos em que se agrupam, obedecendo ao pensamento simples ou complexo que lhes comanda a existência.”

Essa definição é fantástica e dá uma explicação plausível sobre o seu compor-tamento, uma vez que enquanto estão no corpo biológico demonstram seguir uma

Acontece

ordem. Ao serem retiradas e analisadas, demonstram perder a especificidade para cumprirem sua função. Ou seja, elas neces-sitam receber o tempo todo instrução que as organizem em estrutura e função.

Para a embriologia, até hoje o grande mistério está em se saber como ocorre a diferenciação celular, já que todas possuem uma mesma origem. A grande pergunta a se fazer é quem organiza a estrutura deste organismo, que não só diferencia os ele-mentos celulares como os coloca em um local específico.

Essa estrutura não só existe como há pelo menos 45 nomes diferentes pelos quais ela é chamada, o que o engenheiro e pesquisador Hernani Guimarães denomi-nou modelo organizador biológico, tam-bém conhecida como perispírito, corpo fluídico, corpo espiritual, corpo etérico. Só este fato já demonstra que sua existência é uma necessidade teórica.

O metassistema ou o espírito seria essa inteligência. E se ele age sobre o corpo bio-lógico, cabe pesquisar até que ponto ele consegue também interferir manipulando, bloqueando ou mesmo gerando processos patológicos.

Existem inúmeros exemplos de interfe-rências voluntárias, como a feita por alguns

budistas, que conseguem sob comando ficar por longo tempo com o coração pa-rado. Isso mostra que a mente continua controlando as funções biológicas. Por que então não podemos utilizar esse nosso po-tencial para melhorar nossa saúde? Existe ainda muito o que se pesquisar. Ninguém sabe, por exemplo, de onde vem grande parte das malformações.

E o câncer? As neoplasias, ou novas for-mas, seriam células desorientadas que per-deram a orientação estrutural e o comando de suas funções. O câncer benigno se daria quando as células perderam a informação de estrutura, mas não a função.

O metassistema (espírito) faz essa orientação através do campo biomórfico (perispírito) que determina uma espécie do molde formado de matéria de transição (ectoplasma) que coabita duas dimensões diferentes. A própria física já considera essa hipótese. O ectoplasma formaria as ligações estruturais em ambas as dimensões. Como a atuação da energia na matéria densa é mais lenta e quem organiza o perispírito é a inteligência (espírito), ao se mudar a forma de pensar, muda-se quase que automatica-mente o padrão de influência no perispíri-to (menos denso), para só depois impactar no corpo físico. Assim, todas as doenças se-

riam comandos errôneos do meu espírito. Se eu descubro qual o equívoco e corrijo, o câncer vai desaparecer. Só é preciso ver se daria tempo disso se refletir no corpo físico. Nesse caso, você pode não corrigir o corpo, mas pode morrer curado.

O perispírito pode ser comparado a uma malha que dá forma ao meu corpo. Se eu provoco traumas ela poderá esgarçar, soltar fibras ou romper. No momento em que se rompe, as células por ela contidas perdem a informação, vão extravasar e, interrompido o comando, vão parar em qualquer ponto do organismo físico. É pre-ciso acompanhar a ideia considerando-se as duas dimensões.

E o que são os traumas da alma?Aquilo que lhe faz mal, que lhe faz

sentir-se culpado ou o que fez você se arre-pender, sem, entretanto, ter dado o braço a torcer. Quanto mais grave o trauma, maior a lesão, mais grave e maior número de células atingidas que, descontroladas, gerariam os tumores. Quantas vezes por dia não agredi-mos o nosso perispírito? Toda doença seria um somatório de fatores predisponentes, genéticos, mas que vão depender do fator desencadeante a ser acionado pelas nossas in-terferências, nossas agressões a nós mesmos.

Ao nascer já trazemos nossa malha com algumas falhas. É o nosso genoma espiri-tual. Essa desordem obedece a um meca-nismo natural de regulação que vai sempre levar o ser a manter-se numa condição es-tável. Ou seja : é da própria lei a reparação.

Por isso considero saúde como a perfei-ta harmonia da alma. O corpo está lesado para eu me curar. O tumor funcionaria como um coágulo que está estancando uma hemorragia que eu venho trazendo há algum tempo por ter lesado a malha do perispírito, sob o comando do espírito, e que precisa se recompor. É preciso compre-ender a forma como eu penso, o que me causa danos e mudar.

Pesquisador aborda o câncer por uma visão espiritualista

Da ReDAÇÃo

Dr. Décio Iandoli em seminário na Unifesp em São Paulo

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4 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2013

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A imortalidade da alma e a reencarnação na Grécia Antiga

entReVIStA

Por MARco MILAnI

Em um dos capítulos de sua au-toria, aponta-se que Ferécides de Siro foi o primeiro grego a divulgar que a alma é imortal e a tratar da ideia da transmigração da alma, mas não se tem certeza sobre a ori-gem das fontes de Ferécides. Quais são as principais dificuldades para conhecê-las?Marco Santamaría: As informações que temos hoje relacionadas às fontes de Feré-cides, o qual supõe-se que viveu no século VI a.C., são de origem tardia, encontradas principalmente em autores cristãos e neo-platônicos dos séculos IV d.C. e V d.C.,

portanto há uma distância temporal signi-ficativa entre eles, o que permite supor que esses autores refletiram algumas tradições. Portanto, não se tem segurança para se afir-mar sobre a origem dessas fontes e é um ponto que ainda necessita ser desvendado.

Poderia uma experiência pessoal ter dado origem à crença propaga-da por Ferécides, ou seja, uma si-tuação ter gerado o ato cognitivo da descoberta , sem que ele tivesse tido a necessidade de se basear em ideias anteriores para a construção das relações entre os homens, deu-ses, a morte e a sobrevivência da alma?Marco Santamaría: É possível que os en-sinamentos de Ferécides sobre a alma pro-venham de experiências pessoais, mas não temos dados suficientes sobre a sua vida e sua obra para nos assegurarmos disso. Nes-se aspecto, sabe-se que a postura e a expe-riência pessoal foram condições necessárias para seguir determinadas escolas, como nos órficos e pitagóricos, ter acesso aos ensina-mentos sobre os mistérios relacionados às questões ontológicas.

Há pensadores que defendiam a so-brevivência e imortalidade da alma e que afirmavam que uma das fon-tes de conhecimento era originada nas almas dos desencarnados?Marco Santamaría: Sócrates, segundo alguns diálogos de Platão, tinha um gê-nio protetor um tanto misterioso que lhe transmitia conhecimentos e lhe advertia sobre determinados fatos, mas não se con-sidera exatamente que essa teria sido a sua fonte. De forma geral a fonte dos filóso-fos não se situava na relação com almas desencarnadas. Pode-se dizer que a comu-nicação entre os homens e seres divinos estava presente na sociedade grega por intermédio das pitonisas, porém esse tipo de conhecimento relacionava-se à magia e aos seus mistérios.

No início de janeiro de 2013 tive a oportunidade de conhecer e con-versar com dr. Marco Antonio Santamaría Álvarez, professor titular

de filologia grega no Departamento de Filologia clássica e Indoeuropeo da Universidade de Salamanca, espanha. Autor de diversos artigos cien-tíficos sobre a cultura e os pensadores da Grécia Antiga, Santamaría tam-bém é um dos organizadores, junto com os professores Alberto Bernabé Pajares e Madayo Kahle, do livro lançado em 2011 na espanha, intitulado Reencarnación: La transmigración del alma entre Oriente y Occidente1. o livro reúne trabalhos inéditos de destacados acadêmicos espanhóis e vem encontrando ótima recepção, tanto pelo público acadêmico quanto pelo leitor em geral, já se cogitando uma versão inglesa da obra.Destaco aqui alguns trechos de nossa conversa sobre o livro e a temática reencarnação.

Na Universidade de Salamanca, o professor Santamaría é entrevistado por Marco Milani

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JAneIRo - FeVeReIRo 2013 CORREIO FRATERNO 5

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Sócrates, segundo alguns

diálogos de Platão, tinha um gênio

protetor um tanto misterioso que lhe transmitia

conhecimentos e lhe advertia sobre

determinados fatos, mas essa nãoteria sido a sua fonte.”

Era importante para os fi lósofos uma experiência individual para a confi rmação dessas crenças?Marco Santamaría: Isso é muito claro nos casos de Pitágoras e Empédocles. Sobre Pi-tágoras não se conservaram textos específi -cos, mas há testemunhos antigos de que ele se apresentava como alguém em contato com os deuses e com uma capacidade de se recordar de vidas passadas e reconhecer almas, parecido com a fi gura de um sacer-dote. Empédocles se apresentava de manei-ra semelhante, com a capacidade de recor-dar vidas anteriores e considerando-se um personagem com capacidades divinas entre os homens com dotes especiais de curar e oferecer oráculos.

Pode-se considerar o orfi smo e o pi-tagorismo como escolas que abra-çavam a imortalidade e a transmi-gração da alma em suas crenças e que infl uenciaram muitos pensado-res, tais como Empédocles, Parmê-nides, Sócrates e Platão. Supõe-se que Ferécides tenha sido o mestre de Pitágoras. Qual seria a relação de Ferécides com o orfi smo?Marco Santamaría: Esta é uma questão complexa e muito debatida, pois há inú-meras informações dispersas. Certamente existem pontos em comum entre os órfi cos e o pensamento de Ferécides, assim como ocorre com os pitagóricos, mas não se pode afi rmar, com segurança, que as crenças ór-fi cas decorreram de Ferécides em sua ori-gem e vice-versa. O que se pode afi rmar com certeza é que todas essas correntes disseminavam a crença da imortalidade da alma e da transmigração e esse fato é mui-to interessante e revolucionário, pois na Grécia Antiga existia uma clara distinção entre os homens mortais e os deuses imor-tais. Logo, as crenças órfi cas, pitagóricas e de Ferécides contrapuseram-se, de certo modo, à concepção vigente na época entre os homens e a divindade.

De maneira geral, pode-se afi rmar que tanto para os órfi cos e pita-góricos a alma preexiste ao corpo, participando de um ciclo de trans-migrações, com recompensas e castigos, objetivando a sua purifi -cação e, nesse processo, ela man-teria a sua individualidade sem se

confundir ou se perder no todo?Marco Santamaría: Exatamente. Para to-das essas correntes a alma manteria a indi-vidualidade, não havendo uma fusão com o todo nem extinção. E nesse processo, o corpo seria apenas o cárcere de uma alma preexistente para ser utilizado durante de-terminado período e depois a alma o aban-donaria na morte. A reencarnação seria uma espécie de castigo para a alma pagar alguma culpa e conseguir se purifi car e depois disso não mais teria que voltar em um outro corpo. Alguns poemas da época tratam da questão paradoxal entre morrer no corpo e viver na alma livre, simbolizan-

do a morte na tumba de carne e a vida, ao se deixar o corpo e obter-se a liberdade. A recompensa para a alma depois do perío-do cíclico transmigratório seria estar junto aos deuses em uma região feliz ou em um mundo celeste, como exposto pelo pitago-rismo.

Atualmente, no âmbito acadêmi-co, a discussão sobre a sobrevivên-cia da alma e sobre a reencarnação não se limita aos círculos fi losófi -

cos, mas também está presente em outras áreas do conhecimento científi co. Cito, por exemplo, os trabalhos de Ian Stevenson e seus continuadores, como Jim Tucker, da Universidade de Virginia nos Estados Unidos. Assim, temos atu-almente estudos que podem apre-sentar evidências empíricas sobre a sobrevivência da alma e a reen-carnação. Como você percebe o impacto destes estudos empíricos nos debates fi losófi cos sobre esses temas?Marco Santamaría: Parece-me muito in-teressante esses estudos, mas não os conhe-ço em profundidade, portanto não posso comentar apropriadamente. Certamente todo o conhecimento decorrente de es-tudos empíricos enriquecem os debates e permitem novas abordagens.

De maneira geral, como o tema re-encarnação é tratado atualmente pelos espanhóis?Marco Santamaría: É um contexto um tan-to paradoxal, porque temos aqui na Espanha um paradigma religioso relacionado ao cato-licismo, mas a ideia de reencarnação está um tanto generalizada. Percebe-se uma difusão do conhecimento da reencarnação, ainda que exista a oposição de representantes ca-tólicos, mas acho isso muito compreensível diante da complexidade do ser humano com um conglomerado de crenças. Chama-me a atenção a grande semelhança existente entre crenças atuais e crenças antigas!

Depois dessa agradável conversa, presenteei o professor Santamaría com um exemplar de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, em versão espanhola. Uma vez que o profes-sor Santamaría não conhecia o trabalho de Kardec, quem sabe poderemos voltar a conversar, em futuro próximo, sobre a so-brevivência da alma e a reencarnação con-siderando especifi camente a perspectiva espírita?

1Pajares, A.B; Kahle M.; Santamaría Álvarez. M.A. (Org). Reencarnación: La transmigración del alma entre Oriente y Occidente. Madrid: Abada Editores, 2011.

Marco Milani é economista, professor na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em viagem à Espanha, rea-lizou esta entrevista para o Correio Fraterno.

No grão de areia, o solde Ana Ariel48 minutosCD com 11 canções

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6 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2013

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JANEIRO - FEVEREIRO 2013 CORREIO FRATERNO 7

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Nossa ligação com Portugal vem de muito longe. De lá partiram o descobridor da terra do cruzeiro e

muitos outros missionários lusitanos des-de então cruzaram os oceanos. Nesse in-tercâmbio magnífico entre países irmãos estreitaram-se laços, amizade e o amor por esta terra encantadora chamada Brasil. Em pleno século 20, ganhamos mais um pre-sente de Ilhavo, seu nome: Manoel Pelicas São Marcos, nascido em 24 de novembro de 1909.

A músicaViolonista, em 1978 São Marcos funda

a Camerata Violonística de São Paulo, uma das suas grandes paixões, que apresentou--se pela primeira vez em público em 1980. Em 1986 seu projeto assumiria personali-dade jurídica como associação cultural.

Seu talento foi reconhecido em forma de inúmeros troféus, como o da Ordem dos Músicos do Brasil (1981) e da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, que premiou a Camerata Violonística como o melhor conjunto instrumental de 1984.

“É motivo de orgulho para mim ter participado desde o início desta empreita-da, tanto como violonista, organizador da entidade, como promotor de eventos ao longo de 28 anos”, avalia Paulo Bastos La-cerda, hoje responsável pelo grupo musical.

A filosofia O Professor São Marcos, como já era

carinhosamente chamado pelos alunos de música, passou a integrar a Federação Es-pírita do Estado de São Paulo em 1950, assumindo a direção do departamento editorial e administrativo, a livraria e pro-cedendo à edição do jornal O Semeador. Alguns anos depois passou a dirigir o de-

BAÚ De MeMÓRIAS

partamento de ensino, empenhando-se até o seu desencarne, em 13 de novembro de 2004, no processo didático-pedagógico à frente das aulas de Filosofia Espírita. Tam-bém foi conselheiro da FEESP e diretor do curso de expositores.

Em 1986, Manoel São Marcos em-preendeu seus esforços em pesquisas para fundamentar a parte filosófica do curso Introdução ao Conhecimento do Espiri-tismo. Um ano depois, seus estudos e ob-servações culminaram na formulação de uma apostila específica. Nascia assim o Curso de Filosofia, inaugurando os cursos sistematizados de Filosofia Espírita na Fe-deração Espírita do Estado de São Paulo. Escreveu a apostila denominada Noções de história da filosofia e editou os livros-textos Filosofia espírita e seus temas, vols. I e II, tra-zendo reflexões importantes sobre assuntos palpitantes, como a realidade existencial, a reencarnação, a mediunidade, os princí-pios inteligência e matéria, a evolução das formas biológicas, o caminhar do ser me-tafísico, o espírito. Repensou a história do pensamento humano e enalteceu a obra de Léon Denis, Humberto Mariotti e Hercu-lano Pires para analisar o aspecto filosófico do espiritismo, trazido por Allan Kardec na codificação como caminho libertador para o encontro da religiosidade em espírito e verdade tão destacada e vivenciada por Je-sus.

Hoje os cursos criados pelo Professor São Marcos continuam sendo ministrados no IEEF - Instituto Espírita de Estudos Fi-losóficos, instituição que tem como meta exaltar a sua obra, estudando e divulgan-do a doutrina dos espíritos, que teve nesse educador amoroso e idealista um verdadei-ro mestre da Filosofia Espírita.

A trajetória de Manoel Pelicas São Mar-

cos enfocou a prioridade do conhecimento para a libertação do ser e a ratificação dos ensinamentos de Jesus. “O conhecimento – dizia ele – não ocupa espaço e amplia os limites do ser. Repensar o pensamento já pensado é um caminho para a solidificação do conhecimento.”

Por sua familiaridade com a música, buscou muitas vezes comparações para a compreensão da própria filosofia espíri-ta, “um instrumento musical maravilhoso que temos à mão, mas que não sabemos tocar; olhamo-lo com enlevo, como a um amor que nunca se realizou em definitivo. Não temos o condão que o faz vibrar, que o faz transformar-se em infinitas melodias, em perene encantamento. Só temos uma imensa e grande vontade! E isso é o quanto basta e chega para começar”, incentivava.

Salientando em seus textos o valor do saber filosófico, São Marcos convida a um

A desafiadora proposta de São

Marcos

esforço válido para novas descobertas. “A filosofia é o meio, o processo único que ilumina a ignorância e a transforma em relativa sabedoria, mas só em íntima con-vivência com ela mesma, vivendo-a abun-dantemente, é que se pode conhecê-la”, ensina.

Espírito de vanguarda, Manoel São Marcos soube articular a Filosofia Espírita com brilhantismo e substancialidade. Que possa sua obra ser considerada no universo espírita como fonte fecunda de reflexões sobre esta farta temática. Ele soube con-ciliar um rico conteúdo em um conjunto harmônico, que consola, convida à reflexão e à liberdade de pensamento para saciar a nossa sede de verdade e de transcendência.

Filósofa e coordenadora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. O texto contou com a colaboração e pesqui-sa das alunas Sissi Costa e Vitória Lopes da Silva.

Por AStRID SAyeGh

Professor São Marcos e sua filha Maria Lívia

Foto De AceRVo

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8 CORREIO FRATERNO

www.correiofraterno.com.br

oBSeSSÃo

Alguém precisa cortar esse laço

Definida por Allan Kardec como o domínio que alguns es-píritos inferiores exercem sobre certas pessoas, tendo em vista que os bons não exercem nenhum constrangimento, a

obsessão é analisada de maneira magistral em O livro dos médiuns, no seu capítulo 23, mostrando ser o assunto um problema mesmo sério.

Os quadros obsessivos, dos mais simples aos mais complexos, chegam a destruir a vida do obsediado, quando não envolvendo sua família, parentes e amigos em um drama de origens muitas vezes obscuras e tratados por alguns especialistas como simples pro-blema de ordem cerebral, onde a criatura por vezes é considerada como máquina, e como tal, necessita de ajustes.

Olvida-se totalmente a condição do ser espiritual, com os seus erros e acertos, e por vezes envolvido com outras criaturas, nos dra-mas mais diversos, onde o sentimento aviltado, a falta de perdão e tantas outras situações, a título de prova ou expiação, podem a qualquer momento aflorar em suas vidas.

Caminheiros que somos de milhões de anos no trabalho in-cessante de construção de nossa consciência, tendo as razões mais sérias ou as mais pueris, considerando a condição que nos encon-trávamos ou podemos nos encontrar ainda em relação aos nossos sentimentos e valores, quanto nos equivocamos e quanto ainda nos equivocaremos?!

Por isso o assunto refere-se a todos nós, que ainda não somos senhores de consciência plena, havendo portanto a possibilidade de estarmos inseridos nos quadros obsessivos de forma direta ou indireta por nossos enganos e descaminhos, frutos do exercício na-tural do uso da nossa liberdade, exercida através das escolhas mais diferenciadas conforme nossa moral, intenção e conhecimento.

Como os quadros são variados, quando falamos em classificar esses processos obsessivos, vale ressaltar a importância de se saber reconhecê-los. Afinal o conhecimento das etapas do caminho ob-sessivo permite ações mais direcionadas, barrando-se o agravamen-to das obsessões.

Nem sempre é fácil diagnosticá-las, pelos graus de sutileza de que dispõem esses quadros, nas principais etapas. São elas:

Obsessão simples Geralmente caracteriza-se por influência mental discreta e per-

sistente. Temos, por exemplo, ideias de derrotismo durando horas, tristeza, pessimismo, depressão, etc. Quando começa, pode ser à distância, com simples insinuação mental. Geralmente são espíri-tos zombeteiros, mistificadores, que produzem barulhos, manifes-

tações físicas, podendo causar desconforto ou dores.Na mediunidade, podem interferir nas comunicações com os

bons Espíritos, buscando atrapalhar a sintonia e a concentração do médium.

Fascinação Um quadro mais pernicioso, em que os espíritos obsessores

buscam utilizar-se de técnicas hipnóticas ou também telepáticas, envolvendo de forma mais abrangente a sua vítima, buscando apro-fundar a sua influência para poderem manipular mais facilmente a pessoa. O espírito obsessor, utilizando-se dessas técnicas, faz su-gestões de grandeza, falso poder, pseudo-sabedoria e, se assimiladas pelo orgulho ou vaidade, pode haver desestabilização psíquica, le-vando o obsediado a situações comprometedoras e perigosas.

Para o médium, apresenta-se por vezes com grandes nomes, in-cluindo mensagens ridículas que o médium acredita serem divinas. Estes espíritos falam também de Deus e tentam fazer o médium se afastar de pessoas de bom senso, que podem alertá-las sobre a influência a que estão sendo submetidas.

Destaque-se, aqui, a citação de alguns outros exemplos de per-niciosa atuação, sem que ainda possa ser levada à classificação de subjugação. São casos de obsessão simbiótica, vampirismo, ou ain-da as questões relacionadas às atuações de caráter oportunista.

Na obsessão por simbiose, há uma total dependência entre os envolvidos. André Luiz, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, em seu livro Evolução em dois mundos, classifi-ca a simbiose de mentossíntese, por tratar-se da troca de fluidos mentais, através dos quais os envolvidos emitem e recebem ideias e vibrações. Por causarem esses processos profunda dependência entre os envolvidos, é difícil a condição para a cura, devido à de-pendência que se aprofunda. Geralmente os espíritos vinculados nesses dramas necessitam de reencarnação conjunta.

No vampirismo, ocorre o processo psicofísico, que pode levar ou comprometer ainda mais o paciente (leia-se obsediado) com o alcoolismo, toxicomania e vários outros vícios. Outro ponto não menos importante é o oportunismo, gerado por qualquer um de nós, pela liberdade que nos assiste como manifestação da Justiça Divina, onde como exemplo, podemos a qualquer tempo nos tor-nar dependentes químicos e atrair, via de regra, não sempre, espíri-tos sem consciência de sua condição de desencarnados, em extrema penúria, dependentes também que continuam na sua ignorância, buscando satisfazerem-se através de um vampirismo não calcula-do, mas extremamente prejudicial à criatura encarnada, que por

Por UMBeRto FABBRI

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seu livre-arbítrio se enredou nas condições da dependência. Um exemplo é o caso do espírito que busca o companheiro de bar para não beber sozinho. Vale sempre lembrar que os aspectos das ob-sessões aqui apresentadas não têm nenhuma relação com situações fantásticas de temas hollywoodianos, que servem bem para apre-sentar pessoas como simples vítimas, como cordeiros no meio de lobos. Todo processo obsessivo tem uma razão de ser, alertada por Emmanuel, mentor de Francisco Cândido Xavier, que nos ensina: “Precisamos ver quando a vítima é vítima mesmo, ou quando a vítima não passa de um algoz disfarçado”.

Dessa forma, não ocorrem obsessões, sejam de condições viven-ciadas no passado ou no presente, sem que se procure e se permita que tal influência se processe. Lembramos o ensinamento de Jesus (Mateus 7) “Procura e acharás...”.

Subjugação O paciente tem a vontade paralisada e o obsessor o faz agir

contra a sua vontade, levando-o a comportamento mental e físico que não lhe é próprio. Através do perispírito, utilizando-se dos centros de força coronário e frontal ou ainda outros, subjuga o pensamento e também os plexos nervosos específicos, que envol-vem atividades motoras ou postura física, colocando o obsediado em situação sempre comprometedora. Sendo a subjugação de caráter físico, encontramos em O livro dos médiuns, no capítulo 23, o exemplo doloroso de um senhor de idade bastante avança-da, que pedia em casamento, de joelhos, moças que encontrava pelas ruas. Em outras oportunidades, beijava o chão em lugares públicos, etc. As pessoas o tachavam de louco, porém ele sofria terrivelmente.

No caso de subjugação moral, o paciente, como que privado do senso crítico, é constrangido a tomar resoluções e atitudes absurdas e comprometedoras, por vezes falando coisas escusas. Nas ocorrên-cias dessa natureza, com médiuns, temos também considerações interessantes no mesmo capítulo 23 da mencionada obra de Kar-dec, informando-nos sobre a subjugação nos psicógrafos, quando o espírito produz uma necessidade incessante de escrever, mesmo nos momentos mais inoportunos. “Vimos subjugados que na falta

de caneta ou lápis, fingiam escrever com o dedo, onde quer que se encontrassem, mesmo nas ruas, escrevendo em portas e paredes”.

Possessão É a subjugação no auge. Costuma ser rara e, tendo o espírito

subjugador prendido por afinidade espiritual o perispírito do pa-ciente, coloca-se como dono de suas faculdades psíquicas e estrutu-ras nervosas , controlando o organismo e neutralizando a vontade daquele que está submetido.

Encontramos em Obras póstumas, de Allan Kardec, que o pa-ciente chega a ter consciência do que faz e sabe que é ridículo, mas é como se um homem forte o obrigasse a tomar as atitudes contrárias à sua vontade. Todavia a possessão é temporária e inter-mitente. Cada um é dono do seu corpo, molecularmente, desde o seu reencarne.

Como leitura complementar, podemos recorrer à obra de An-dré Luiz, psicografia de Chico Xavier, Nos domínios da mediunida-de, no seu capítulo 9 – Possessão.

Acrescentamos ainda outras intercorrências que podem ocorrer na subjugação: • Crises intermitentes, controlando ou descontrolando o sistema

nervoso central.• Informações utilizadas dos registros cerebrais do paciente, bus-

cando aquelas que produzam medo, terror e fobias.• Agressões ou provocações a terceiros.• Vampirismo de seu fluido vital, visando seu esgotamento e mi-

nando a resistência imunológica. Podemos ainda colocar outro ponto não menos importante,

que se refere a nós mesmos, Espíritos que somos, em um proces-so que se denomina como auto-obsessão, que é um distúrbio psí-quico, desencadeado pela mente doentia do próprio enfermo que gera um estado permanente de desequilíbrio emocional, tais como: constante impaciência, irritação frequente, mágoa prolongada, in-veja, ciúme patológico, egocentrismo acentuado, medos excessivos, aberrações sexuais, comportamentos obsessivo-compulsivos e ou-tras atitudes desajustadas.

emmanuel novamente vem em nosso auxílio nos esclarecer em sua obra Leis de amor: São espíritos a quem ferimos ou nos acum-pliciamos para praticar o mal, podendo ocorrer a obsessão também entre desencarnados, encarnados, etc, não existindo uma regra fixa em relação à patologia. (...) o pensamento é a base de tudo. Sendo o pensamento um agente energético que colocamos na corrente da vida, ele volta para nós, enriquecido do bem ou do mal que nós desejarmos.

Logo, nas correntes mentais, nós assimilamos o que damos de nós e, tendo pontos vulneráveis, cada vez que pensamos mal, nós o temos de volta, com agravamento de doenças, fraquezas, obses-sões, paixões, etc. Buscando simplificar, todas as vezes que pensa-mos bem, atraímos para nós bons espíritos, mantemos o equilíbrio e a saúde e abrimos as portas do bem e do amor. o contrário tam-bém é verdadeiro, porque com os maus pensamentos vamos atrair maus espíritos, nos desequilibramos, prejudicamos a nossa saúde e abrimos as portas do mal e do ódio.

então, como modificarmos a nossa situação? A doutrina espí-rita, que é o cristianismo redivivo, traz o roteiro para a modificação necessária: aplicação do evangelho de Jesus em nossas vidas e o consequente perdão das ofensas.

evidente que encontraremos o amparo necessário dentro da casa espírita, através das atividades assistenciais, fluidoterápicas e tantas outras à nossa disposição. Porém o mais importante será a nossa dis-posição para a mudança, objetivando a nossa transformação moral.

Pensamentos, palavras e ações são iguais a poderosos eletroí-mãs. Semelhante atrai semelhante. e a cura definitiva está na práti-ca incessante do bem ao próximo, tendo sempre em mente o ensi-namento do cristo: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. (Mateus 24, 42-51).

e, se popularmente conhecemos a frase, “dize-me com quem andas e te direi quem és”, com o nosso avanço dentro da escalada evolutiva, os amigos espirituais nos ensinam: “Dize-nos o que pen-sas, que te diremos quais as tuas companhias...”

Por que a obsessão ocorre?

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10 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2013

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JAneIRo - FeVeReIRo 2013 CORREIO FRATERNO 11

www.correiofraterno.com.br

Por SÔnIA M.c.KASSe

O livro O processo, de J. W. Ro-chester, psicografi a de Aran-di Gomes Teixeira – Editora

Correio Fraterno –, reporta-nos à França do século 18, governada por Luís XIV, conhecido como o Rei--Sol, o maior dos reis absolutistas da França que sempre manifestou seu desejo de governar sozinho. A ele se atribuiu a frase “L’état c’est moi!” (O Estado sou eu).

A corte, na maioria das vezes, era formada por pessoas que, visando interesses pessoais e a manutenção das benesses conseguidas junto ao rei, não mediam esforços para ar-ruinarem e destruírem todos os de-safetos do reino e os seus próprios.

Os nobres que caíssem no de-sagrado do rei ou da nobreza eram traídos, encarcerados ou mortos e os seus bens confi scados. Imperava o clima de desconfi ança e de medo

Outros temposem que qualquer um, sem exceção, poderia ser vítima da injustiça ofi cialmente instalada.

O povo vivia em extrema pobreza e, constantemente, pessoas inocentes eram jo-gadas em porões malcheirosos, submetidas a toda sorte de crueldade, castigos físicos e morais sem ao menos terem conhecimento das razões de tamanha atrocidade ou de seus mandantes.

Nesse cenário de riqueza e miséria a his-tória vai sendo construída e seus persona-gens vão ganhando forma.

Alguns desses personagens, ávidos pelo poder, planejam maquiavelicamente novas maneiras de ganhar dinheiro mesmo à custa de atos mentirosos, cruéis e nefastos. Des-troem sonhos, ideais, amizades, amores e a vida dos que são alvos de sua ganância.

Outros integram o grupo de pessoas dotadas de intensa bondade, compaixão e amor ao próximo, exemplifi cam suas vi-das auxiliando, medicando e confortando aqueles que são açoitados, abandonados e

LeItURA

A professora explicava sobre a exis-tência de outros mundos, sobre

sua evolução e também a existência de outros seres no Universo. As crian-ças se mostravam cada vez mais curio-sas e alvoroçadas, começando um burburinho:– então é verdade que os ets existem – afi rmou Guilherme.– Será que eles são mesmo verdes? – indagou Ana.– Professora, então os ets existem e são verdes? – resolveu perguntar Gui-lherme.– Podemos afi rmar que temos outros habitantes em outros mundos, seres que podem ser mais e também me-nos evoluídos do que nós, mas não posso afi rmar de que cor eles são.– Mas quem já viu um deles para fa-

lar? – perguntou Laurinha.– Quem viu o et de Varginha! – rapi-damente se manifestou Aninha.– Mas ninguém tirou foto! – consta-tou Laurinha.– Acho que é lenda! – Guilherme con-cluiu.– crianças, nós não vimos o et de Var-ginha, não sabemos como ele é e se ele realmente existiu, mas sabemos que outros mundos são habitados, sim.– como você sabe? os espíritos te contaram? – refl etiu Laurinha.– na verdade, muitos espíritos já con-taram, sim, como é a vida em outros planetas. Isso é lógico. o Universo não seria tão belo e imenso só para que nós o admirássemos!– Quer dizer que seres de outros pla-netas podem se comunicar aqui no

centro espírita? – perguntou Guilher-me.– É muito difícil, mas pode ocorrer. no século 19, Allan Kardec recebeu em Paris uma comunicação do composi-tor Mozart. ele morava em Júpiter!– Legal, professora! Podemos fazer uma comunicação agora só pra saber como é Marte? – empolgada, Ana emendou.– então... – tentou explicar a profes-sora.– não, podemos perguntar sobre ne-tuno? – falou Guilherme empolgado.– Ah, vamos falar com alguém de Plu-tão – Vitor manifestou.e começou o falatório, antes que a professora pudesse explicar mais algu-ma coisa. nesse momento, Laurinha levanta a mão e diz:

– o jornal de ontem falava que a Lua ia ‘entrar’ em Júpiter. Acho que a gen-te podia conversar com alguém de Júpiter mesmo; assim já perguntava sobre os dois mundos! Além de poder trocar e-mails, fotos e jogos de com-putador!Podemos começar ou será que nesta hora eles estão dormindo, como as pessoas do Japão?– Laurinha, não é tão simples assim...Interrompendo novamente ela acres-centa:– como não, professora? Se eles fo-rem mais evoluídos, os jogos de com-putador de lá devem ser muuuuito mais legais. Além do que, são dois de uma vez, se o pessoal de Júpiter não for legal, falamos com o pessoal da Lua. Vamos tentar falar logo!

coISAS De LAURInhA Por tAtIAnA BenIteS

Vida em outros mundos?

deixados para morrer. Pretendem com isso minimizar a dor e reanimar os que se acham desesperados e desiludidos.

Nessa viagem entre passado e presente é que vamos descobrir os motivos e as jus-tifi cativas que levaram o personagem Juan Gadelha aos tribunais e ver sua vida trans-formar-se num pesadelo, caindo por terra todas as suas chances de defesa, pois, até mesmo os seus advogados o abandonaram, assim como seus próprios amigos.

Juan sempre levou uma vida digna e pautada nos bons costumes. Resignado, ele bem sabe que as acusações que lhe são atri-buídas são falsas. Sua consciência está tran-quila e sua alma em paz. Mas então, qual a razão de tamanho sofrimento? Por que está sendo declarado culpado, se tem certeza de sua inocência?

Leia o livro e acompanhe a trajetória des-se personagem que se encontra frente a frente com suas escolhas do passado, ações que lhe pe-dem agora os ajustes no processo de evolução.

OCorreio Fraterno –, reporta-nos à França do século 18, governada por Luís XIV, conhecido como o Rei--Sol, o maior dos reis absolutistas da França que sempre manifestou seu desejo de governar sozinho. A ele se atribuiu a frase “L’état c’est moi!” (O Estado sou eu).

formada por pessoas que, visando interesses pessoais e a manutenção das benesses conseguidas junto ao rei, não mediam esforços para ar-ruinarem e destruírem todos os de-safetos do reino e os seus próprios.

sagrado do rei ou da nobreza eram

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12 CORREIO FRATERNO JAneIRo - FeVeReIRo 2013

www.correiofraterno.com.br

Seminário Espiritismo e CiênciaO uso (in) adequado da terminologia científi ca

em livros espíritas. Participação de Alexandre Fonseca, Marco Milani e Pedro Nakano. Dia

13 de abril, das 9 às 12 horas. Local: Sociedade de Estudos Espíritas 3 de Outubro. Rua Clélia, 669, Lapa, São Paulo, SP. Apoio: Liga dos Pesquisadores do Espiritismo e USE Regional São Paulo e Distrital Lapa.

Chamada de trabalhos para o 9º Encon-tro de Pesquisadores

Termina em 15 de maio o prazo para envio de trabalhos de pesquisas sobre a temática espíri-

ta para apresentação no 9º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. O evento acontece em São Paulo, dias 24 e 25 de agosto e conta com a participação de pesquisadores de todo o Brasil. Local: CCDPE - Centro de Cultura do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro. Rua Guaiases, 16- Planalto Paulista São Paulo, SP. Infor-mações: www.lihpe.net ou e-mail: [email protected].

Programa de viagem “Nos passos do Mestre”Abertas as reservas para o programa de viagem

com roteiro de visita e estudos sobre os prin-cipais pontos das passagens bíblicas em Israel

e Egito. Com orientação do professor Severino Celestino. De 16 de maio a 6 de junho. RW Viagens, Turismo e Eventos. Fone: (11) 3667-3506 www.rwturismo.com.br.

Mednesp 2013 - IX Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil. De-

safi os do paradigma médico-espírita no ensino, na pesquisa e na prática clínica.

De 29 e maio a 1 de junho, no Centro de Convenções de Ma-ceió, AL. Participação de Marlene Nobre, Alberto Almeida, Décio Iandoli, Haroldo Dutra, Irvenia Prada e outros 50 pa-lestrantes. Promoção AME-Brasil, realização AME- Alagoas. Informações:http://www.amebrasil.org.br.amealagoas.com.br

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

Seminário Espiritismo e CiênciaO uso (in) adequado da terminologia científi ca

13 de abril, das 9 às 12 horas. Local: Sociedade de Estudos

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Chamada de trabalhos para o 9º Encon-tro de Pesquisadores

ta para apresentação no 9º Encontro Nacional da Liga de

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Programa de viagem “Nos passos do Mestre”Abertas as reservas para o programa de viagem

e Egito. Com orientação do professor Severino Celestino.

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Mednesp 2013 - IX Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil. De-

De 29 e maio a 1 de junho, no Centro de Convenções de Ma-

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ENIGMA

Quem en-comendou a Allan Kardec livros espíritas

para serem vendidos na Espanha, e

que acabaram na fogueira do Auto-de-Fé de Barcelona em

1861?

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

Resposta do Enigma:

Solução do Caça Palavras

Veja em:www.correiofraterno.com.br

Maurice Lachâtre

Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

FÉ E CARIDADEEmmanuel

Sem fé, a caridade muitas vezes se transfor-ma em virtude fragmentária nos caminhos do tempo.Ora luz, ora sombra, hoje auxílio, amanhã reprimenda.Sem a base da confi ança, assemelha-se, qua-se sempre, à planta de raiz frágil que o furacão arrebata ao solo, convertendo-se em deserto.A bondade, porém, que se nutre da fé viva sabe agir em termos de Vida Eterna.Reconhece a maldade por estado de ignorância e dispõe-se a ensinar, sem cansaço e sem queixa.Observa o transviado por doente infeliz e oferece-lhe ao passo o remédio preciso.Sabe, assim, que os irmãos infi éis a si mesmos exigem tolerância e vê que todo mal espera por silêncio para regenerar-se, ante o brilho da Lei.Saibamos, desse modo, erguer ao bem constan-te no nosso culto diário, convictos de que a morte é outra face da existência em si mesma.Não vale confi ar, desconfi ando sempre.Lembremo-nos, assim, de que Cristo de Deus, em sua fé nos homens, renova a cada dia o nosso vivo ensejo de aprender a servir, e apliquemos em nós esse mesmo padrão de socorro incessante, perdoando e auxiliando, sem qualquer restrição, porque somente assim, na base da fé pura, que jamais desfalece, a nossa caridade encontrará na vida o alicerce do amor para a bênção da luz.Do livro: Fé, paz e amor, psicografi a: Francisco Cândido Xavier, Ed. GEEM

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Venha saborear um delicioso bacalhau, preparado com muito carinho, em prol do projeto de restaura-ção do piso e equipamentos da quadra de esportes.

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Bacalhoada benefi centeDia 14 de abril, das 12h às 15 horasABR

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53anos

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JANEIRO - FEVEREIRO 2013 CORREIO FRATERNO 13

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QUeM PeRGUntA QUeR SABeR

Todos nós já presenciamos queixas de pessoas quanto a problemas fí-sicos resultantes de seus próprios

desequilíbrios emocionais. São exemplos corriqueiros as alterações da pressão arterial de ‘fundo’ nervoso, as irregularidades do batimento cardíaco diante das boas ou más notícias, os desarranjos intestinais dian-te do medo ou na antecipação de provas, viagens e muito mais. Menos corriqueiros, infelizmente não raros, são consequências desastrosas dos destrambelhamentos ner-vosos, onde vemos os quadros agudos dos ataques cardíacos, dos derrames cerebrais e muito mais.

A medicina procura explicar esses fa-tos através dos mecanismos fisiológicos da tempestade dos neurotransmissores cere-brais e do sistema nervoso autônomo que, num momento de descontrole emocional do ‘morador’ do corpo físico, pode deter-minar lesões funcionais ou até a morte.

Mais ainda, a medicina hoje tem a cer-teza de que determinadas patologias têm como origem os desequilíbrios compor-tamentais, denominadas doenças psicos-somáticas. Longa fila de sofrimentos está incluída nesse grupo: gastrites, colites, aler-gias, arritmias, lúpus, tireoidites, alergias...

Sentimentos ruins provocam doenças?

Observam que pessoas dadas à tristeza, à depressão, à irritabilidade, à agressividade, à cólera, à menos-valia de si mesmas, os crí-ticos, os desesperançados... são dados a de-terminados quadros de adoecimentos mais comuns que aqueles que, contrariamente, são alegres, compreensivos, resignados, equilibrados.

Apesar das pesquisas, tímidas, ainda limitadas aos fatores orgânicos, não expli-cam como isso ocorre.

Então a ciência espírita, com funda-mentos filosóficos e com consequências morais, a qual estuda a relação entre os es-

píritos, incluindo os encarnados, também estuda as relações dos nossos comporta-mentos, positivos e negativos, sobre nosso corpo físico, na chamada fisiologia trans-dimensional. Os livros da coleção Nosso lar1 trazem abundante material de estudo àqueles que se interessarem.

O benfeitor esclarece que “toda per-turbação mental é fonte de graves proces-sos patológicos e afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação íntima se chama desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades”.2 “Todo estado de cóle-

ra, ressentimento, desânimo ou irritação ocasiona desarranjo, desequilíbrio e do-ença na comunidade celular, pois a vida orgânica é baseada na célula e cada célula é um centro de energia.”3 Salienta que produzimos pensamentos terríveis e des-truidores, que segregam matéria veneno-sa, que impregna o corpo perispiritual, intermediário entre a mente e o corpo físico, que é imediatamente atraída para o nosso ponto orgânico mais frágil, o cha-mado pela medicina oficial de ‘órgão de choque’, determinando doenças funcio-nais ou lesionais. Também sugiro a leitura da mensagem de Joaquim Murtinho, no livro Falando à Terra, intitulada “Saúde”, também de psicografia de Chico Xavier.4 (Leia a mensagem no site www.correiofra-terno.com.br)

1Nosso lar, André Luiz, psicografia de Chico Xavier, FEB.2Missionários da luz, cap. 19, psicografia de Chico Xavier, FEB.3Livro da esperança, lição 54, Emmanuel, psicografia Chico Xavier, CEC.4Espíritos diversos, FEB.

João Batista Kosmiskas é ginecologista, orador e exposi-tor espírita. Dirige grupos de estudos das obras de André Luiz no Centro Espírita União, em São Paulo.

Gostaria de saber mais sobre as funções do perispírito, principalmente no que diz respeito à somatização de nossas

angústias que geralmente produzem as chamadas ‘doenças’ no corpo físico

Marcelo Filippo, por e-mail

Zanutto, Rodrigues & Cia LtdaMateriais para construção

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Por JoÃo BAtIStA KoSMISKAS

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14 CORREIO FRATERNO JAneIRo - FeVeReIRo 2013

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Por MARIA AUGUStA MeneZeS

FoI ASSIM

As saudades do bisavô e a menina do parque

VocÊ SABIA?

Lamarck achava que o cão e o cavalo estavam mais próximos do homem do

que o macaco. Darwin sustenta a teoria de que o macaco é o último degrau a subir para a Humanidade.

Mas não há dúvida de que o cão e o cavalo são animais superiores, os compa-nheiros do homem.

Os cães da Cruz Vermelha prestaram relevantes serviços por ocasião da guerra. Um ofi cial francês conta que, uma noite, numa trincheira avançada, os cães começa-

Meu fi lho, Renato, de 5 anos, é uma criança bastante sensível à espiritualidade. Ele sempre teve

adoração pelo tio, meu irmão, sentimento aliás recíproco em conjunto com a minha cunhada, que sempre dedicaram muito carinho a ele. Dois anos depois que ele nasceu, também tiveram um menino e as duas crianças hoje são a grande alegria da família.

Um dia, ele tinha três anos, estávamos

Os cães da Cruz VermelhaPor cAIRBAR SchUteL

assistindo a um fi lme, relaxados, bem abra-çadinhos, ele me olhou profundamente e disse: “mamãe, eu podia escolher entre você e a tia, e eu escolhi você. Fui eu que te escolhi...”. Fiquei emocionada e imaginan-do que ele se referia ao seu planejamento reencarnatório no mundo espiritual. Tem-pos depois, numa outra tarde, em casa, percebi que ele estava chorando baixinho. Perguntei-lhe o que havia acontecido e ele me respondeu. “É que eu estou com muitas

saudades do meu bisavô! Eu gostava muito dele”. Fiquei surpresa, pois quando ele nas-ceu, o bisavô já havia falecido há mais de cinco anos. “É, mamãe, você sabia que ele é quem cuidava de mim?”, disse.

Agora, há pouco mais de um mês, ao mudá-lo de escola, veio com outra. “Mãe, sabia que é a terceira vez que mudo de es-cola e tem uma menina que sempre muda também?”. Perguntei como ela era e ele me disse que era maior que ele, “uma ado-

lescente” e que sempre estava no parque. Percebo que sua sensibilidade espiritual continua. Afi nal, em todas as escolas que frequentou não há adolescentes. São esco-las de educação infantil, onde apenas há crianças de até sete anos de idade.

Percebo que as crianças que têm visões pouco se impressionam com elas. Como mãe, vejo que minha reação não deve ser diferente, diante de um fato até bem corri-queiro entre elas.

ram a dar sinais de grande inquietação. Os soldados, ao verem o que se dava, telefo-naram para a retaguarda pedindo reforço; vinte minutos depois deste haver chegado, os alemães descarregaram um ataque!

Os “cães enfermeiros”, como os chama-vam, auxiliavam os cirurgiões; internavam--se nos bosques para descobrir os feridos e, quando encontravam um soldado imo-bilizado e ferido, acercavam-se dele, aca-riciando-o e tomando na boca um objeto qualquer do doente, levavam-no às barra-

cas da Cruz Vermelha: imediatamente os cirurgiões e enfermeiros aprestavam as ambulâncias e seguiam, guiados por esses mesmos cães, aos lugares onde estavam feridos.

Era tal o serviço prestado que os soldados estimavam--nos extremamente, pois, na verdade, eles eram os seus fi éis amigos nos mo-mentos de dores.

Todo o espírito de pre-conceito, de negação, de-saparece em vista da de-dicação, da inteligência, do raciocínio desses animais. Assim como acontece com os cães, em menor escala sucede com todos os animais e a ciência, a fi losofi a, o romanismo e o protestantismo, todas as religiões sacerdotais, to-dos os fi lósofos e fi losofi as, são incapazes de provar a ausência de um espírito que os anima.

Fonte: Gênese da alma, Editora O Cla-rim, obra lançada originalmente em 1924 e publicada em sua 7ª edição em 2011.

Melissa Castro TavaresPsicóloga ClínicaCRP 06-73121

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JANEIRO - FEVEREIRO 2013 CORREIO FRATERNO 15

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ARte eXPReSSÃo

Episódio recente e que deixou dúvidas foi a morte do cantor e compositor Chorão, líder da banda Charlie Brown

Jr. Encontrado sem vida no apartamento em que residia em São Paulo, o artista deixou marcas de desequilíbrio e desespero que impressionaram: a casa revirada, móveis quebrados e indícios de uso de cocaína. Mais tarde, família e amigos comentavam sobre seus tormentos emocionais, desen-cadeados provavelmente por sentimentos de tristeza, saudades e depressão. “Chorão sentia-se perseguido”, revelou inclusive um dos componentes da banda.

Poderíamos atribuir esses tristes quadros à obsessão? Doença? Difícil fechar questão sobre o que ocorreu, mergulhar nas pro-fundezas das causas de foro íntimo do can-tor, mesmo porque por mais lógicas que sejam as teorias, impossível será conhecer a história de cada um, aqui considerando--se Chorão como um ser espiritual, único, com suas milenares experiências e desafios. Não nos cabem, claro, análises apressadas e superficiais, afinal a ninguém é dada a condição de perfeição para julgar as atitu-des ou adivinhar a sorte do próximo. Cada caso é um caso e, muito além das nossas observações e deduções pelo fato aparente, já nos ensinaram os espíritos, quando nos trouxeram através de Allan Kardec a codifi-cação, que a análise dos fatos sob a ótica da lei divina não deve estar propriamente na ação, mas na intenção.

Seja lá, portanto, qual tenha sido o

A perseguição de ChorãoPor eLIAnA hADDAD

fator desencadeante que levou Chorão à desencarnação, sabe-se que a influência es-piritual pode, sim, provocar desequilíbrios e até mesmo a verdadeira perseguição, mas antes é preciso lembrar de que não somos inocentemente, como vítimas, lançados a uma situação assim. Nada acontece por acaso, e a obsessão é uma estrada de duas mãos, onde obsessor e obsediado criam um ambiente de codependência, comungando a mesma sintonia de sentimentos, pensa-mentos e ações, como resultantes de afini-dades espirituais, estabelecidas no presente ou no passado. (Leia nas páginas 8 e 9)

Em meio a isso tudo está a oportunida-de das inúmeras reencarnações, com o es-quecimento do passado, para que as arestas se aparem e a conquista se faça de ambos os lados. Importante é perceber que, mesmo em meio a tantos tropeços, nada está perdi-do. Nada acaba para o espírito, no seu exer-cício constante da liberdade de escolhas, de acertos e desacertos, mas que será sempre o responsável por si mesmo, tanto pelos

desvios que praticar como pelas conquistas realizadas, afinal a Criação é justa, sábia e harmônica. Quando nos distanciamos do caminho do amor, a própria lei nos recon-

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A música como instrumento de elevaçãoPor cRIStInA ABeL

A arte está em todo lugar, pode ser um quadro, uma imagem, um som ou um gesto de amor e caridade. o espiritismo vem abrindo espaço para a arte em suas diferentes faces e a música é uma das principais ma-nifestações da arte na atualidade, inclusive por atingir um público maior.

o maestro Rossini, em espírito, usou a expressão arte espírita como su-cessora da arte cristã, imaginando um mundo onde os princípios espíritas estariam razoavelmente assimilados como cultura para a humanidade. e é o que se começa a vislumbrar atualmente na formação de vários grupos musicais espíritas, que convidam através da música a uma reflexão sobre a existência de um mundo além da matéria, onde os espíritos se comuni-cam e dão continuidade às suas tarefas de amor para seu progresso, que pode ser realizado tanto como encarnados quanto em nova condição na dimensão espiritual. Independentemente de qualquer aspecto religioso, ela é instrumento de elevação do espírito.

no espaço – relata Léon Denis no livro Espiritismo na arte – tudo se traduz em vibrações harmônicas usando certas classes de espíritos ondas sonoras para se comunicarem. Porém na terra, cita o autor, elas não são mais que ecos deformados dos concertos celestes. “nossos instrumentos sempre têm qualquer coisa de mecânico e de áspero, enquanto os siste-mas de emissão do espaço produzem sons de uma delicadeza infinita. eis por que, em todos os graus da escala dos mundos e da hierarquia dos espíritos, a música tem um lugar importante nas manifestações do culto que as almas rendem a Deus. nas esferas superiores, ela se torna uma das formas habituais da vida do ser, que se sente mergulhado em ondas de harmonia de uma intensidade e de uma suavidade inexprimíveis.”

duz a ele, porque aprender e amar é a nossa destinação. De todos nós. E do Chorão.

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