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CORREIO INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 849 09/03/2009 A 23/03/2009 BANCÁRIO www.bancarios-es.org.br www.bancarios-es.org.br Fotos: Sérgio Cardoso Página 3 Página 4 CEF: Sindicato promove seminário e reuniões setoriais sobre o PFC Santander/Real: bancários protestam contra demissões Página 5 Página 8 Crise: OIT prevê mais 2,4 milhões de desempregados na América Latina e Caribe Comitê em Defesa do Banestes realiza plebiscito O plebiscito de iniciativa popular vai acontecer de 16 a 22 de março. O Sindicato dos Bancários tem percorrido o comércio, feiras, escolas e outros locais em campanha contra a venda do banco estadual para o Banco do Brasil. Nas ruas, muitos capixabas têm reafirmado que querem o Banestes público e estadual. Esse banco é dos capixabas! CB 849.p65 20/3/2009, 17:13 1

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CO

RREIOINFORMATIVO DO

SINDICATO DOS

BANCÁRIOS DO ES

FILIADO À CUT

Nº 849

09/03/2009

A 23/03/2009

BANCÁRIOBANCÁRIOBANCÁRIO

www.bancarios-es.org.brwww.bancarios-es.org.br

Fotos: Sérgio Cardoso

Página 3

Página 4

CEF: Sindicatopromove seminárioe reuniões setoriaissobre o PFC

Santander/Real:bancários protestam

contra demissões

Página 5Página 8

Crise: OIT prevêmais 2,4 milhões dedesempregados na

América Latina e Caribe

Comitê em Defesa doBanestes realiza plebiscito

O plebiscito de iniciativa popular vai acontecer de 16 a 22 de março. O Sindicato dos Bancários tem percorrido ocomércio, feiras, escolas e outros locais em campanha contra a venda do banco estadual para o Banco do Brasil. Nas

ruas, muitos capixabas têm reafirmado que querem o Banestes público e estadual. Esse banco é dos capixabas!

CB 849.p65 20/3/2009, 17:131

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Artigo

Aos leitores

O modernopós-machismo

Neste 8 de Março é preciso fazer

um balanço do nosso movimento. Com

muita luta conquistamos o direito ao

voto, a participação na política, a

inserção no mercado de trabalho e

outras vitórias. Mas junto com as teorias

do fim da história, predominam as idéias

de que as desigualdades foram supera-

das e que as mulheres já estão com as

garantias de sua inserção. Essa compre-

ensão equivocada, sustentada a partir da

idéia de “mulheres modernas”, nos

revela a nova face da antiga opressão.

Hoje somos as mulheres moder-

namente superexploradas, seja porque

recebemos salários inferiores e desenvol-

vemos a dupla jornada de trabalho ou

porque ainda somos as maiores vítimas

do assédio moral e sexual. Somos

também modernamente oprimidas e

violentadas. A mercantilização do corpo

feminino e a insana busca pela imagem

propagada como bela fazem com que as

mulheres se submetam a verdadeiras

sessões de torturas. Os sacrifícios diários

são reflexos das novas formas da

ditadura machista. Os golpes são sutis. O

espancamento, silencioso. E embora

sejam violentadas diariamente, elas não

denunciam porque não se dão conta de

que são vítimas de uma violência.

A nova fase do sistema capita-

lista trata de se apropriar de nossas

vitórias a fim de revertê-las em novas

formas de geração de lucro. E traz em

seu bojo o moderno pós-machismo,

que redefine de forma muito sofistica-

da a ideologia opressora, e nos

aprisiona à falsa liberdade.

Portanto, em meio à crise do

capital, torna-se imprescindível realizar-

mos esse debate para que as nossas

linhas de ação não reduzam a luta

contra a opressão da mulher a uma luta

por mudanças nos limites da sociedade

capitalista, pois tais reformas não

garantem a emancipação das mulheres.

A crise e a insegurançaAté o final do ano passado o governo

brasileiro insistia em afirmar que o país esta-va blindado contra a crise e que, o que omundo estava sentindo como uma “tsuna-mi”, em terras brasileiras não passaria deuma “marolinha”. Contudo, no início do anojá era possível perceber que a avaliação dogoverno brasileiro sobre a dimensão da criseestava completamente equivocada.

No Espírito Santo, o Governo PauloHartung também tenta enganar a popula-ção quando insiste em minimizar os efeitosda violência, afirmando que é a sensação deinsegurança que aumentou entre os capixa-bas. A criminalidade é crescente no Estado,consequência da falta de uma política inclu-siva, que reduza problemas estruturais comodesemprego, fome e falta de oportunidadespara a grande parte do povo.

Como alerta o Padre Xavier (veja napágina 6), o Espírito Santo entrou no cami-nho do desenvolvimento econômico, comose isso, por si só, fosse resultar no desenvolvi-mento social, o que não é verdade! “Esse

modelo de concentração de riquezas signifi-ca partilha de prejuízos”, alerta o padre, refe-rindo-se aos assustadores índices de violên-cia no Estado.

Voltando à crise econômica, em en-trevista para o Correio Bancário (veja na pá-gina 8), o pesquisador e professor titular daUniversidade Estadual de Campinas (Uni-camp), Ricardo Antunes afirma que numaeconomia como a capitalista, profundamen-te globalizada, é impossível uma crise comdimensão tão profunda como essa não atin-gir o Brasil também de forma intensa.

Para ele, de 2007 em diante houveuma mudança no cenário mundial e até eco-nomias que vinham tendo um crescimentocom altas taxas, entre 11 e 12%, como a Chi-na, entraram numa fase de retração. Por isso,avalia o professor, é absurda e falsa a idéiade que o Brasil não sofreria também os efei-tos. Ou seja, a crise não apenas desembar-cou no Brasil como atingiu em cheio os tra-balhadores, exigindo respostas das centraissindicais e do povo.

Karina Moura é jornalista ecoordenadora do Centro de Comunicação

e Cultura Popular Olho da Rua.

BANCÁRIO

CO

RREIO

Presidente: Carlos Pereira de Araújo

Diretor de Imprensa: Idelmar Casagrande

Editora: Sueli de Freitas - MTb 537/92

Editoração: Jorge Luiz - MTb 041/96

Impressão: Gráfica Ita

E.mail: [email protected]

Tiragem: 9.000 exemplares

Distribuição gratuita

Informativo do Sindicato dosBancários do Espírito SantoRua Wilson Freitas, 93, Centro,Vitória/ES - 29016-340Tel: (27) 3331-9999Colatina (3722-2647), Cachoeiro(3522-7975) e Linhares (3264-1329)

www.bancarios-es.org.br

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Diante da omissão da AssembleiaLegislativa e do Governo PauloHartung, a sociedade civil organi-

zada, através do Comitê em Defesa do Ba-nestes Público e Estadual, vai realizar umplebiscito de iniciativa popular sobre a ven-da do Banestes ao Banco do Brasil.

A consulta está marcada para o pe-ríodo de 16 a 22 de março. As urnas serãoinstaladas em locais públicos, como pra-ças e áreas comerciais, e também em enti-dades como sindicatos e outras.

“A nossa expectativa é reunir o mai-or número de votantes, pois o povo capi-xaba é o verdadeiro dono do Banestes edeve se manifestar sobre qualquer decisãoa respeito do banco. Infelizmente o gover-nador Paulo Hartung e a Assembleia Le-gislativa ainda não convocaram o plebis-cito, o que mostra que não querem ouvir aopinião do povo”, afirmou o presidente doSindicato dos Bancários, Carlos Pereira deAraújo, coordenador do Comitê.

No início de fevereiro, o Sindicato en-viou ofício a todos os deputados estaduais eao governador solicitando a realização deum plebiscito oficial. Também foram feitosvários contatos por telefone com a assesso-ria do presidente do Legislativo, deputadoElcio Alvares, mas o ex-líder do Governo Pau-lo Hartung não recebeu a representação doSindicato. Já o governador, em reunião comsindicalistas no início de fevereiro, manteve-se irredutível sobre a venda, não aceitandosequer a proposta de ouvir o povo.

Banestes

Plebiscito de iniciativapopular começa no dia 16

A consulta será

promovida pelo Comitê

em Defesa do Banestes

Público e Estadual

Sindicato faz panfletagemcontra a venda do Banestes

PANFLETAGEM NO CEFETES, REALIZADA EM 5 DE MARÇO

O Sindicato intensificou a cam-panha em defesa do Banestes público eestadual em visitas a escolas, faculda-des, feiras livres, comércio e outros lo-cais, com panfletagem de jornal quefala sobre a importância do Banestes,os cinco mil postos de trabalho que se-rão perdidos caso o banco seja vendi-do e a necessidade do plebiscito.

“O que percebemos é que mui-ta gente é contra a venda. O Banestes éum símbolo da identidade capixaba,atende a pequenos produtores e a ou-tros segmentos que não querem abrirmão do banco estadual”, diz o diretordo Sindicato André Sabino.

Além das panfletagens, o Sindi-

cato tem se reunido com setores da soci-edade para tratar do tema. No dia 20 defevereiro, durante um encontro organi-zado pela Federação dos Trabalhadoresna Agricultura do Estado do Espírito San-to, em Viana, o presidente da Fetaes, Na-talino Cassaro, afirmou: “O Banestes temprogramas de financiamento rural quecolaboram muito com os agricultores,não deveria ser vendido”. Já o diretor dePolítica Agrária e Meio Ambiente da Con-tag, Paulo Caralo, diz que os prejuízos des-sa transação não atingem somente omeio urbano. “Afeta a diminuição de cré-dito para a agricultura familiar e, con-sequentemente, a diminuição da produ-ção de alimentos no Estado”.

Fábio Nunes

AUDIÊNCIA PÚBLICA I

Está confirmada para o

dia 26 de março a

audiência pública na

Assembleia Legislativa

sobre o Banestes.

AUDIÊNCIA PÚBLICA II

A audiência será no

Auditório 1 do Legislativo,

às 14 horas. O foco é a

proposta de venda do

banco para o BB.

AUDIÊNCIA PÚBLICA III

O Comitê em Defesa do

Banestes Público e

Estadual vai

apresentar o resultado

do plebiscito.

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Tempo na fila debanco tem limite!

Queremos acontratação de mais

bancários!

O SINDICATO DOS EMPREGADOS EMESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS NOESTADO DO ESPÍRITO SANTO, com CNPJsob o nº 28.164.168/0001-51, RegistroSindical nº 1-308, por seu presidenteabaixo assinado, convoca seusassociados, empregados em empresasdo ramo financeiro dos municípios doEspírito Santo, para a Assembléia GeralExtraordinária que será realizada no dia11 do mês de março de 2009, às 18 horas,em primeira convocação, e às 18h30, emsegunda convocação, no Sindicato dosPrevidenciários, rua Henrique Novaes,170, Centro, Vitória/ES, para discussão eaprovação da seguinte ordem do dia:

1 - Eleição de Delegados para o 2ºCongresso da CONTRAF-CUT.

Vitória(ES), 06 de março de 2009.

Carlos Pereira de AraújoPresidente

SINDICATO DOS EMPREGADOSEM ESTABELECIMENTOSBANCÁRIOS NO ESTADO DOESPÍRITO SANTO

EDITAL ASSEMBLÉIA

GERAL EXTRAORDINÁRIA

DELEGADOS SINDICAIS I

De 17 a 20 de março,

acontecem as eleições

dos novos delegados

sindicais de base do

Banco do Brasil.

DELEGADOS SINDICAIS II

As inscrições dos

candidatos vão até a

próxima segunda-feira,

dia 16, no Sindicato.

Informações: 33319999.

Belo Horizonte) – que iria realizar paralisa-ção na unidade, caso o problema não fossesolucionado. Em seguida, no dia 2, o bancoiniciou o conserto do sistema, que voltou afuncionar normalmente.

De acordo com Goretti, com a cen-tralização do setor responsável em BH fi-cou mais complicado resolver esse tipo deproblema, pois o Centro de Suporte e Logís-tica atende as demandas do ES, MG e RJ.

Sobrecarga

Essas e outras medidas só pioram ascondições de trabalho dos funcionários, quesão submetidos à pressão para cumprirmetas e à sobrecarga de trabalho. Em VilaVelha, por exemplo, o banco passou a rece-ber a folha de pagamento da Prefeitura Mu-nicipal, sem contratar nenhum empregado.Ou seja, aumentou a quantidade de traba-lho sem realização de novas contratações.

Federais

CEF: começa odebate sobre PFC

Sindicato vai promover no dia 14 demarço o seminário “PFC dos empre-gados da CEF - uma construção co-

letiva”. O seminário será no auditório do HotelSenac, na Ilha do Boi, a partir das 9h30. En-tre os participantes já confirmados está o co-ordenador da Comissão Executiva dos Em-pregados (CEE/Caixa) e diretor da Fenae, JairPedro Ferreira. Ele vai apresentar a primeiraproposta discutida no grupo de trabalho na-cional sobre o tema.

Além do seminário, o Sindicatovai promover reuniões setoriais de 17a 25 de março sobre o PFC. O temasegue em discussão no CONECEF Es-

Desde meados de 2007, quando adireção do Banco do Brasil decidiu centrali-zar o setor responsável por viabilizar as de-mandas estruturais cotidianas das agênci-as do BB – como troca de móveis quebra-dos e conserto de aparelhos de ar condicio-nado – e transferiu o setor responsável paraBelo Horizonte, as condições de trabalhopioraram muito.

Um caso recente aconteceu na agên-cia da Ufes, cujo sistema de ar condiciona-do ficou cerca de seis meses com proble-mas. De acordo com Goretti Barone, direto-ra do Sindicato e funcionária do BB, “foipreciso a intervenção da entidade para queo banco tomasse providências”.

O Sindicato visitou a agência e avi-sou às instâncias do banco – Super, GepesRegional (Gerência de Gestão de Pessoas) eCSL BH (Centro de Suporte e Logística de

tadual, previsto para o dia 27 de mar-ço, a partir das 9 horas, na sede doSindicato.

De acordo com Bernadeth Martins,funcionária da CEF e diretora do Sindica-to, este CONECEF tem uma importânciasingular. “Vamos discutir o PFC, uma com-plementação do PCS. Na prática, ele re-presenta um plano de carreiras para osempregados da Caixa, que será negociadocom a empresa”, explica Martins. E acres-centa, “por isso esse debate vai exigir o en-volvimento e participação efetiva de todosos funcionários, sobretudo os que têm fun-ção”, avalia.

BB: empregados enfrentamcondições de trabalho precárias

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Bancários pedem o fim das demissões

s bancários realizaram no dia 18de fevereiro o Dia Nacional de Lutano Santander/Real, com o mote

“Santander/Real: Chega de Demissões!”.No Espírito Santo, os bancários paralisa-ram as agências Real Praça Oito e San-tander Centro de Vitória, das 8 às 11 ho-ras. A campanha nacional tem como ob-jetivo reivindicar o fim imediato das de-missões que vêm sendo realizadas após oinício da fusão dos dois bancos.

Como os bancários temiam, o San-tander/Real deu início a uma onda de de-missões nas instituições financeiras nesteprimeiro trimestre do ano. As dispensas sãojustificadas pelos banqueiros pela crise eco-nômica. Contudo, a alta lucratividade dosetor bancário brasileiro prova que nãoexistem motivos reais para isso. Em janei-ro, a direção do Grupo Santander no Bra-sil demitiu mais de 400 trabalhadores e tra-balhadoras pouco antes de divulgar umlucro de R$ 2,8 bilhões em 2008, somenteem suas operações no Brasil.

Para se ter uma idéia do desrespeitocom os funcionários, no dia da manifesta-ção nacional, o banco espanhol demitiu umagerente da agência Santander Centro/Vitó-ria. “Justamente no dia da manifestação emdefesa dos empregos o banco faz essa de-missão. É um absurdo!”, afirmou o diretordo Sindicato dos Bancários/ES, JonathasCorrea. Na sua avaliação, essa dispensa éum indício de que as demissões não ficarãorestritas aos centros administrativos do gru-po, já começando a se espalhar pela rede deagências. “Precisamos intensificar a luta dacategoria pela garantia do emprego e direi-tos para todos os trabalhadores”, afirmou.

CCASP I

O Bradesco descumpre

leis de segurança e foi

multado pela Comissão

Consultiva para Assuntos

de Segurança Privada.

CCASP II

A multa do Bradesco foi

de R$ 400 mil. Em

segundo lugar ficou o Itaú

(R$ 200 mil) e em terceiro

o Real (R$ 180 mil).

CCASP III

A CCASP é formadapelo Instituto deResseguros, PolíciaFederal, Exército e

outras entidades.

Santander/Real

No dia 4 de março, o Sindicato rea-lizou panfletagem nas agências do HSBCpara denunciar os abusos do banco inglês.Maior banco da Europa e um dos maioresdo mundo, o HSBC vem dispensando umpéssimo tratamento a seus clientes e funcio-nários no Brasil. Uma prova disso é que, noano passado, o banco inglês foi líder absolu-to de reclamações no Banco Central.

Os problemas nas agências estãorelacionados à falta de funcionários, oque sobrecarrega os trabalhadores queficam nas agências. O estresse, a pressãoe o excesso de trabalho fazem com queos trabalhadores adoeçam e, no limite,peçam demissão do banco, prejudican-do ainda mais o atendimento.

Além da sobrecarga, os trabalha-dores do HSBC recebem os piores salários

HSBC: protesto é pormelhores condições de trabalho

do mercado e o banco exige deles o cum-primento de metas altíssimas de desempe-nho, aumentando a pressão. Para piorar,essas metas não são valorizadas pelo ban-co. O HSBC decidiu descontar da segundaparcela da PLR dos bancários da área ne-gocial os valores já pagos a título de seusprogramas próprios de remuneração (PPRe PTI, programa específico das gerências,que teve seu nome alterado para PSV), to-dos vinculados ao cumprimento de metas.A decisão foi tomada de forma unilateral epegou a todos de surpresa.

”O desrespeito é a regra no HSBC.Por isso estamos denunciando a situaçãodos bancários e cobrando do banco maisrespeito com seus empregados e clientesbrasileiros”, diz Ricardo Rios Cravo, dire-tor do Sindicato.

O

PARALISAÇÃO NA AGÊNCIA SANTANDER CENTRO

Sérgio Cardoso

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“É necessário um outromodelo econômico”

Sérg

io C

ard

oso

O Padre Xavier Paolillo, da Congregação dosMissionários Cambonianos, atua na Paróquia SãoJosé Operário em Carapina, coordena a Pastoral

do Menor e auxilia a Pastoral Carcerária.Militante do Movimento Nacional de Direitos

Humanos, ele fala sobre segurança pública, temada Campanha da Fraternidade 2009.

DiálogoPadre Xavier Paolillo

“É necessário um outromodelo econômico”

As várias facesda violência

Por que a escolha do tema “se-

gurança pública” para a Campanha da

Fraternidade deste ano?

O debate sobre o tema da campa-nha começou em 2002 a partir da pastoralcarcerária em São Paulo. Naquele ano tive-mos as primeiras grandes rebeliões nos pre-sídios paulistas organizadas pelo PCC (Pri-meiro Comando da Capital). Um dos padresda pastoral começou a alertar a sociedadesobre o perigo deste sistema carcerário quealém de não recuperar os detentos, facilita-va o envolvimento cada vez maior deles navida da criminalidade. Então, a escolha dotema foi devido a alguns fatores: o aumentoda delinquência urbana, dos crimes chama-dos comuns, assassinatos, sequestros, assal-tos; a criminalidade organizada ligada aonarcotráfico internacional; a violação de di-reitos humanos que ainda é muito forte noBrasil e, por último, o aumento assustadordo número de armas de fogo.

Quais os focos da Campanha?

A campanha quer abranger todosos rostos da violência: a doméstica, a degênero, a homofobia, a violência contra acriança e adolescente, a negligência comoforma de violência que não garante as ne-cessidades básicas, a violência moral, a se-xual. A campanha insiste sobre a violênciaestrutural. O latifúndio, a expulsão das fa-mílias sem terra do campo, a criação debolsões de miséria, das favelas e o desem-prego. Então há que se sublinhar como essaviolência está presente, sobretudo neste sis-tema econômico que prioriza o lucro e sa-crifica a vida de milhares de famílias, quesão condenadas à miséria e à exclusão

porque alguém tem que acumular rique-zas à custa do trabalhador.

Como a Igreja está vendo a atu-

ação do Governo do ES em relação à

segurança pública?

A história do ES se confunde muitocom a história do crime organizado, infe-lizmente. Nós sabemos, nos últimos anos,dos grandes acontecimentos que mancha-ram a vida do Estado. Só para ficar noâmbito do atual governo, que já dura seisanos, nós tivemos mais de 12 mil homicídi-os e o Espírito Santo foi considerado umdos estados mais violentos do Brasil. Essaviolência está ligada ao descaso com o sis-tema penitenciário. Atualmente, o Brasiltem quase 12 mil detentos – com umagrande porcentagem de presos provisóri-os – num sistema preparado para receber,no máximo, cinco mil. Há um processo debrutalização das pessoas nos presídios enas casas de custódia que leva ao aumen-to da violência. E não se pode responsabili-zar somente os governos anteriores. Disse-ram que essa foi uma maldita herança dopassado, mas estamos no sexto ano destegoverno e vemos com que dificuldade seconsegue avançar.

Faltam políticas sociais voltadas

para a prevenção?

Sim, quando se fala em segurançapública pensa-se ainda naquele sistema mi-litarizado da invasão policial, o modelo bé-lico de segurança. Não é esse tipo de siste-ma que nós queremos; queremos uma polí-tica pública de segurança que abranja to-das as outras políticas públicas, por isso fa-lamos de justiça social. Ou seja, a garantia

dos direitos fundamentais do ser humano.Quando falamos de pessoas em situação devulnerabilidade social, falamos de pessoasa quem ainda não foram garantidos todosos direitos, que não são tratadas como ci-dadãos, não têm acesso à saúde de quali-dade, à educação, à moradia, ao trabalho.Então não adianta você colocar policiais narua se é mantida uma situação de insegu-rança porque não tem emprego, porquenão se paga um salário justo, não há assis-tência sanitária adequada, não há educa-ção. A segurança é muito mais do que eume entrincheirar em quatro paredes, colo-car cerca elétrica, vídeo monitoramento, po-licial na porta. Ter segurança é viver digna-mente, com respeito, equilíbrio, harmonia.Acho que a crise financeira pode ser umaoportunidade pra gente rever todo o siste-ma econômico, o sistema político, a organi-zação da sociedade, para que se supere essecapitalismo selvagem, esse neoliberalismo,e que a gente trabalhe cada vez mais pracriar uma sociedade onde vai prevalecer ocuidado com o meio ambiente, com a vida,com o outro, da amorosidade, da ternura.Entendo que a função do Estado é garantiressa convivência pacífica. Se não conseguecumprir essa função é um Estado falido. OEspírito Santo entrou no caminho do desen-volvimento econômico, como se isso, por sisó, fosse resultar no desenvolvimento social.Isso não é verdade! O crescimento econô-mico ainda está sendo construído com a con-centração dos lucros nas mãos de poucosprivilegiados em detrimento da maioria dapopulação. Esse modelo de concentraçãode riquezas significa partilha de prejuízos.

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PerfilLuiz Cláudio Sobreira

Luiz Cláudio Sobreira

tem 15 anos de CEF.

Amante de esportes,

ele está se preparando

junto ao time de vôlei

da APCEF/ES para os

Jogos Regionais dos

empregados da Caixa,

que acontecem em

julho, em Curitiba.

Você sempre praticou esportes?

Sim, desde o primeiro grau. Já pas-sei pelo basquete no ensino fundamental,pelo handball no ensino médio e continueijogando vôlei até a faculdade, antes deentrar na Caixa, em 1989. Com a rotinaas coisas ficaram mais difíceis, mas mes-mo bancário, de 1990 até 2000, eu prati-quei capoeira. Atualmente, estou treinan-do vôlei para os Jogos Regionais da Caixa.É o esporte que tenho mais contato.

Quais são suas perspectivas

para os jogos deste ano?

Está todo mundo muito animado.A maioria das modalidades, mesmo ten-do treinado pouco, está vindo com todo ogás. O vôlei masculino não é diferente. Es-tamos treinando desde outubro. A equipese estruturou com mais tempo a fim deconseguir uma melhor classificação nes-sa competição.

Onde estão acontecendo os

treinamentos?

O time treina todas as quartas-fei-ras, das 21 às 23 horas, no Centro Sindical.

“A Duquesa”seráexibido no dia 31

O

A exibição do filme integra o

projeto “Cinema, Arte e Cotidiano”

Sindicato dos Bancários/ES reali-za no dia 31 de março, às 18h30,no plenarinho do Sindicato (Cen-

tro de Vitória), mais uma sessão do proje-to “Cinema, Arte e Cotidiano”. O filme davez é A Duquesa, ganhador do Oscar2009 na categoria de melhor figurino.

O filme conta a vida da Duquesade Devonshire, Georgiana Cavendish (Kei-ra Knightley), que viveu de 1757 a 1806,na Inglaterra. A trama mostra a manipu-lação, a hipocrisia e a opressão a queeram subjugadas as mulheres, privadas

de qualquer participação na política ounas decisões sobre suas próprias vidas.

O projeto do Sindicato, que visaaliar lazer e cultura ao debate sobre te-mas do cotidiano, terá sua primeira ses-são de 2009 em março. “Nada mais pro-pício no mês em que comemoramos oDia Internacional da Mulher (8 de mar-ço) do que um filme que nos faça lem-brar a importância da luta pela emanci-pação feminina”, avalia Lucimar de Sou-za Barbosa, secretária de Cultura do Sin-dicato dos Bancários.

A crítica social, incluindo a vendado Banestes ao Banco do Brasil, foi a mar-ca do Bloco Supresa no Carnaval 2009 naBarra do Jucu, em Vila Velha. Com quase25 anos de existência, o bloco é conhecidopela elaboração de enredos cheios de crí-tica social, ironia e espírito carnavalesco.

Nesse ano, o sambaenredo “Apocalipse Now – Éo fim do mundo ou não é?”tratou de vários temas con-trovertidos, da crise mundialà Lei Seca.

Na música Calamida-de, o samba enfoca as maze-las do Espírito Santo que fo-ram notícia em 2008. Das en-chentes à Operação Naufrá-

Carnaval: Barra do Jucu abre alas para a crítica socialgio, que afundou a credibilidade do Judici-ário capixaba, o bloco não poupou críti-cas à administração do Estado, que alémde manter uma cadeia mais parecida comum forno microondas, ainda pretende ven-der o Banestes para o Banco do Brasil.

O Carnaval, no Brasil, nasceucomo a válvula de escape ofe-recida pelos senhores de es-cravos, nos dias que antece-diam a Quaresma. A misturade denúncia, pela irreverên-cia e riso, de tudo que entris-tece a vida, aliada à celebra-ção da alegria faz do carna-val Barrense um exemplo docaráter emancipatório dasfestas populares.

Sérg

io C

ard

oso

PELADÃO II

A mudança é temporária.

Podem participar do

Peladão os bancários

sindicalizados. Os jogos

acontecem aos sábados.

PELADÃO I

Por conta do calor

excessivo, o Peladão dos

Bancários foi antecipado

para o horário das 8 às 11

horas, no Centro Sindical.

“A liberdade é

sempre a liberdade

para o que pensa

diferente”

Rosa Luxemburgo

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CO

RREIO

BANCÁRIOBANCÁRIO

último relatório da OIT (Orga-nização Internacional do Tra-balho), Panorama Laboral

para a América Latina e Caribe, apon-ta: “devido à crise, até 2,4 milhões depessoas poderão entrar nas filas dodesemprego regional em 2009, so-mando-se aos quase 16 milhões jáexistentes na América Latina”.

No Brasil, empresas já demi-tem e fazem propostas de reduçãode direitos trabalhistas como se essafosse a verdadeira solução para acrise. “As centrais sindicais não po-dem se render a propostas de flexi-bilização dos direitos. Essa é umaforma falaciosa de jogar para os tra-balhadores o ônus da crise. Nenhumpaís flexibilizou tanto a legislaçãotrabalhista quanto os EUA e hoje eletem as mais altas taxas de desempregodos últimos quarenta anos”, explica o

O

OIT prevê 2,4 milhões depessoas desempregadas

Flexibilização de direitos não é a solução para a crise

O professor Ricardo Antunesanalisa que, em âmbito global, en-tre os trabalhadores, os primeirosbrutalmente penalizados pela crisesão os imigrantes e os terceirizados.

Com a crise no emprego, otrabalho antes feito por imigrantesé mais disputado, o que tem contri-buído para o aumento da xenofobiana Europa, inclusive.

Já os terceirizados são prejudi-cados pela forma de contratação, quefacilita o processo de demissão. “O so-

nho dourado do empresariado é transfor-mar os trabalhadores em seringas descar-táveis que se usa e joga fora, ou seja, é con-tratar e demitir sem nenhum ônus, sem cus-to adicional”, afirma Antunes. Por isso, nosanos 80, num momento de crescimento, asempresas adotaram a política de manter umnúmero mínimo de trabalhadores efetivos -algumas chegaram a ter em seu quadro defuncionários até 90% de terceirizados.

Para o pesquisador, uma respostapossível dos trabalhadores diante da crise éiniciar uma campanha pela reestatização

Terceirizados são os primeiros prejudicados

Crise econômica

pesquisador e professor titular de Socio-logia na Universidade Estadual de Cam-

pinas (Unicamp), Ricardo Antunes.Para ele, “a flexibilização é uma for-ma de precarização do trabalho,porque os direitos são perdidos e seabre uma brecha para que nuncavoltem a existir”.

Na avaliação de Antunes aquestão crucial é não pensar apenasrespostas imediatas para a crise, maspensar alternativas mais profundas,porque a crise coloca em cheque opróprio capitalismo. “Se continua de-sempregando em massa, é a barbá-rie social ampliada. Se porventura re-toma os altos níveis de crescimento,esquentando a produção e seu modode vida baseado no desperdício, aque-cerá ainda mais o universo, o que émais um passo certo para uma outratragédia já anunciada. Por isso, tor-

na-se fundamental pensar um outro mo-delo socioeconômico”, aponta.

MANIFESTAÇÃO PELO EMPREGO EM VITÓRIA

Sérgio Cardoso

de empresas como a Vale e a Embraerque, nos últimos anos, tiveram lucros al-tíssimos e que neste momento de crisenão admitem diminuir seus lucros paramanter os empregos.

O mesmo pode se dizer do setorbancário, um dos campeões em lucrosrecordes. Hoje, num momento de crise,ao invés de diminuir seus ganhos a fimde manter seus empregados, os bancossustentam uma política de incorpora-ção e fusão que contribui para o au-mento do desemprego.

CB 849.p65 20/3/2009, 17:138