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São Paulo, 18 de Novembro de 2010 ______________________________________________________________________ 1 COREOGRAFIAS EMERGENTES EM 2D: articulações entre imagens e sonoridades para a criação audiovisual com ênfase na inscrição do movimento e em processos experimentais 1 . Andrea Christine Bella Krotoszysnski 2 Nome artístico: Lali Krotoszynski Orientadora: Profª. Drª. Maria Dora Genis Mourão 3 Projeto de Mestrado Área de Concentração: Meios e Processos Audiovisuais Linha de Pesquisa: Poéticas e Técnicas Resumo: Esse projeto de pesquisa pretende abranger o estudo de referências teóricas e artísticas no campo audiovisual e das novas mídias que privilegiem a interatividade e a inscrição do movimento e que promovam a emergência de organizações estéticas; assim como a realização de um trabalho artístico utilizando recursos eletrônico-digitais conforme as mesmas prerrogativas. Palavras-chave: coreografia; audiovisual; sonoridades; imagens; emergência. 1 Trabalho apresentado na I Jornada Discente do PPGMPA USP, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (Eca- Usp), no dia 18 de novembro de 2010. 2 Possui graduação em Comunicacao e Artes do Corpo pela Pontificia Universidade Catolica (2004). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Danca, atuando principalmente nos seguintes temas: danca e tecnologia, composição coreográfica para tela, relação entre cinema e dança, interfaces interativas, arte da performance e dança. [email protected] 3 Professora Titular do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP, Vice- Diretora da ECA/USP, Presidente da SOCINE Sociedade Brasileira de Pesquisa em Cinema e Audiovisual. Realizou estudos de Pós-Doutorado na Écoles des Hautes Études en Sciences Sociales - EHESS, Paris-França na área de cinema e novas tecnologias. Possui doutorado e mestrado na área de cinema pela USP. [email protected]

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Page 1: COREOGRAFIAS EMERGENTES EM 2D: articulações entre ... · Entre 2005 e final de 2008, ... foi realizado na bienal de arte e tecnologia do Itaú Cultural ... A experiência e o conhecimento

São Paulo, 18 de Novembro de 2010

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1

COREOGRAFIAS EMERGENTES EM 2D:

articulações entre imagens e sonoridades para a criação audiovisual com ênfase na

inscrição do movimento e em processos experimentais1.

Andrea Christine Bella Krotoszysnski2

Nome artístico: Lali Krotoszynski

Orientadora: Profª. Drª. Maria Dora Genis Mourão3

Projeto de Mestrado

Área de Concentração: Meios e Processos Audiovisuais

Linha de Pesquisa: Poéticas e Técnicas

Resumo:

Esse projeto de pesquisa pretende abranger o estudo de referências teóricas e artísticas no

campo audiovisual e das novas mídias que privilegiem a interatividade e a inscrição do

movimento e que promovam a emergência de organizações estéticas; assim como a realização de

um trabalho artístico utilizando recursos eletrônico-digitais conforme as mesmas prerrogativas.

Palavras-chave: coreografia; audiovisual; sonoridades; imagens; emergência.

1 Trabalho apresentado na I Jornada Discente do PPGMPA – USP, promovido pelo Programa de Pós-Graduação

em Meios e Processos Audiovisuais, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (Eca-

Usp), no dia 18 de novembro de 2010.

2 Possui graduação em Comunicacao e Artes do Corpo pela Pontificia Universidade Catolica (2004). Tem

experiência na área de Artes, com ênfase em Danca, atuando principalmente nos seguintes temas: danca e

tecnologia, composição coreográfica para tela, relação entre cinema e dança, interfaces interativas, arte da

performance e dança.

[email protected]

3 Professora Titular do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP, Vice-

Diretora da ECA/USP, Presidente da SOCINE – Sociedade Brasileira de Pesquisa em Cinema e Audiovisual.

Realizou estudos de Pós-Doutorado na Écoles des Hautes Études en Sciences Sociales - EHESS, Paris-França na

área de cinema e novas tecnologias. Possui doutorado e mestrado na área de cinema pela USP.

[email protected]

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COREOGRAFIAS EMERGENTES EM 2D: articulações entre imagens e sonoridades

para a criação audiovisual com ênfase na inscrição do movimento e em processos

experimentais.

1- Introdução: do caminho até aqui

Minha trajetória como artista começou nos anos 80 com a dança e a performance.

Desde então, meu apetite pela potência criativa do movimento, do que pode emergir, sem

forma pré-definida me impele a procurar suas configurações dinâmicas através de outros

corpos, mídias, experiências, abarcando outras habilidades, expandindo para além de meu

corpo; o que em si acaba por constituir a coreografia que procuro engendrar.

Nesse contexto, nos últimos anos, tenho explorado o processo de decomposição e

reconfiguração de conjuntos de imagens colocadas em movimento através de mecanismos da

animação e a relação entre estas e estruturas sonoras em experimentos audiovisuais.

Trabalhos como Dance Juke Box (1999), ENTRE (2000-2004), Ocupação (2002-

2003), Bodyweave (2004-2008) e ballet digitallique (2010), são diferentes abordagens

envolvendo os mesmos elementos: imagem, som, movimento, a tensão entre acaso e controle

e sistemas inclusivos abertos à participação do público e à novos desdobramentos.

fig.1: frames das animações no site: http://lcinfo.net/dance/

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fig2: a interface ENTRE e imagens de interação do público com a proposta em diferentes locais

figs.3 e 4: público na instalação de Ocupação

fig.5: ballet digitallique, na exposição Emoção Art. ficial 5.0 Itaú Cultural

www.balletdigitallique.wordpress.com

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Buscando contextualizar e refletir sobre o universo dessas explorações no campo

artístico, ingressei no curso Comunicação e Artes do Corpo na PUCSP em 2000.

A primeira elaboração formal compreendendo o trânsito entre prática e teoria se deu com

minha monografia de conclusão de curso, Performance e Auto-Organização, finalizado no

primeiro semestre de 2004.

Para realizar um trabalho artístico aplicando e aprofundando o conhecimento do

conceito de Auto-Organização em relação ao processo criativo, propus ao Dr. Jônatas

Manzolli, coordenador do NICS-Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora na

UNICAMP, a realização de meu projeto de iniciação científica. Sob sua orientação desenvolvi

a primeira versão da interface de criação de animações sonorizadas, Bodyweave 1.0 e a

pesquisa, intitulada Auto-Organização em Obras de Arte Contemporânea Envolvendo Corpo,

Sonoridades, Interatividade e Novas Mídias, que recebeu apoio da FAPESP e cujo relatório

final foi aprovado em maio de 2005.

Entre 2005 e final de 2008, continuei trabalhando independentemente no projeto

Bodyweave, tendo realizado duas novas versões da interface. Nesse período, o projeto para o

desenvolvimento de sua versão como interface on-line foi premiado com bolsa-residência

para artistas do programa do British Council- Artists Links.

Durante a residência o projeto foi apresentado em locais como a Brunel University,

East London University e University of Plymouth, na Inglaterra. Também em 2008, recebeu a

bolsa fomento para produção artística no 7o. Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia que

permitiu a sua implementação na Internet no endereço eletrônico www.bodyweave.net. Seu

lançamento em setembro de 2008, foi realizado na bienal de arte e tecnologia do Itaú Cultural

Emoção art.ficial 4.0.

ballet digitallique, meu projeto atual, foi selecionado para integrar a 5ª edição da

mesma bienal que abriu, pela primeira vez, uma chamada de trabalhos para artistas

brasileiros.

2- Justificativa

O atual cenário da arte contemporânea não comporta mais uma distinção clara entre

áreas artísticas que antes podiam ser consideradas por especificidades mais facilmente

discerníveis e estáveis. Um novo paradigma vem germinando no amplo território da cultura

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envolvendo não só, todo o conjunto de propriedades antes mais ou menos exclusivas a cada

uma delas (suportes, técnicas, espaços próprios de apresentação, etc...), mas principalmente,

as relações comuns a todas as artes, fundamentalmente, as delimitações entre artista-público e

as relações espaço-tempo.

Na posição de artista, quero iluminar uma relação particular que vislumbro como

pertinente tanto ao campo artístico, quanto como objeto de estudo. Tal relação projeta-se para

a exploração de possibilidades de entendimento e de expressão artística que tem se revelado

um vetor poderoso o suficiente para interceptar completamente minha motivação ao longo de

meus 29 anos de atuação no meio artístico-cultural.

Se por um lado, não encontrei abrigo satisfatório em um modelo referencial prático ou

teórico específico, percebo que o conjunto de diferentes incursões teóricas e práticas em torno

dais quais tenho orientado meu trabalho está consistentemente alinhado às transformações

paradigmáticas citadas acima.

Venho utilizado procedimentos da dança, da performance, das artes visuais, dos meios

audiovisuais e computacionais para promover experiências criativas que envolvem desde

outros artistas e técnicos , até o público. Como artista de dança no Brasil, enxergo como parte

de minha tarefa desenvolver meus questionamentos e promover as articulações entre a dança e

os campos do audiovisual, das artes visuais e das novas mídias, gerando oportunidades de

alimentar o posicionamento crítico e produtivo no âmbito geral da arte contemporânea.

3- Coreografia 2D

A abordagem técnica audiovisual que adotei nos trabalhos citados no item

introdutório teve como base a estrutura da animação. Através dessa técnica descobri uma

forma de me desprender da representação de um movimento já realizado, para, a partir de

imagens estáticas extraídas de seu regístro inicial, criar novos movimentos na tela do

computador. Descobri também, o quanto há para se explorar neste caminho, ao perceber que a

dimensão sonora pode ser fracionada em unidades em correspondência com as unidades de

imagem na animação, ou seja, cada quadro, ou frame. A partir disso, experimentei variações

de duração no tempo entre um frame e seu som correspondente, resultando em pequenas

animações criadas nesse sistema.

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As experiências realizadas com esses trabalhos trouxeram evidências da

potencialidade que proponho continuar desenvolvendo nesse projeto de pesquisa. Ao

relacionar dança e animação, experimentei o confronto de duas linhas distintas de construção

de linguagem. Em geral, na animação, a sucessão de quadros estáticos em determinada

velocidade e ordem, “escreve” uma história conforme um roteiro. A coreografia, por sua vez,

é a arte de “escrever” movimentos no espaço e no tempo com corpos.

A abordagem de dança com a qual trabalho é investigativa e não vem de uma escola

específica. Dos vários estilos e técnicas que pratiquei, o que mais me interessa é a capacidade

de criar movimentos, sem compromisso com a representação de ações, mas de criar um canal

de fluxo motor modelando-o conforme ele mesmo for sugerindo. Muitas possibilidades de

articulação entre uma posição e outra podem ser experimentadas e a mesma investigação

transposta para o processo de animação se tornou meu território de pesquisa.

Não encontrei nos gêneros videodança, filme de dança ou dança para tela,

correspondência que identificasse o que empreendi em meus trabalhos, até porque eles

constituíram-se em interfaces, ou seja, o processo se tornou a obra, com suas infinitas

variáveis incluídas. Coreografia 2D é o nome que parece melhor denominar a idéia de

explorar as possibilidades de inscrição de movimento na superfície bidimensional na tela,

porém, para dar conta da importância da dimensão sonora na proposta e também do aspecto

processual implicado, tenho utilizado os termos audiovisual e experimental .

O projeto prático que proponho é a realização de experiências sistemáticas envolvendo

o trabalho de construção audiovisual com fragmentos sonoros e imagens, introduzindo

diferentes graus de indeterminação ou acaso ao processo na intenção estabelecer um diálogo

com os artistas levantados durante a pesquisa e cuja obra apresente relação significativa

referente às seguintes questões que sintetizam minha pesquisa:

A experiência e o conhecimento provenientes da dança, aplicados ao desenvolvimento de

trabalhos audiovisuais com os recursos eletrônicos/digitais atuais, podem levar ao surgimento

de novas sintaxes audiovisuais?

Como se caracterizaria uma narrativa ou poética cinética?

O que pode surgir ao concedermos mais autonomia aos encontros fortuitos entre imagens e

sons?

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A pesquisa se completará com uma descrição dessas experiências e um contraponto

reflexivo sobre as questões exploradas.

4- Narrativa X Poética Cinética

Nos seus fundamentos, fazer um filme ou fazer uma dança são atividades

muito similares; ambos dizem respeito a dar estrutura à ação. Se você levar

em consideração a linguagem formal do cinema e tirar o foco da atuação e do

texto, você pode ver qualquer filme como filme de dança. Todos os filmes

utilizam imagens de ação e tratam de combiná-las de forma rítmica e

expressiva. Sob este ponto de vista, filme e dança trabalham no mesmo

sentido. (HINTON, D., 2006)

Entendo coreografia como construção de um fluxo de relações dinâmicas entre corpo,

espaço e tempo, circunscritos por características estabelecidas ao longo da própria construção.

Nesta concepção, a presença do corpo que dança, não é o sujeito do fazer coreográfico, mas

sim as relações construídas, ou a ação de construir estas relações. A dimensão sonora, por sua

vez, se entrecruza com as imagens no tempo e no espaço, complexificando as possibilidades

de composição.

Tanto a coreografia, quanto o cinema e o video, tem como matéria-prima as relações

formais da imagem no espaço e no tempo. Porém, em nossa cultura audiovisual

predominante, tais relações transcorrem em um segundo plano, no sentido em que não devem

interceptar a atenção para fora de um perímetro pré-delimitado do universo da representação

organizado pela narrativa. Segundo Tzvetan Todorov, a narrativa estabelece um ponto de

vista de alguém que incorpora o narrador, portanto, é inerente a todo discurso representativo

(TODOROV, 2001).

Contar uma história parece ser o paradigma dominante nas expressões culturais em

geral. Acredito que a questão da representação no cinema tem um papel importante no

estabelecimento de uma certa hegemonia na forma de se ver e se produzir imagem em

movimento. Nascido de uma conjunção de fenômenos físicos e psíquicos, como o da

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persistência retiniana4 e o fenômeno phi

5, o cinema caminhou para se tornar o conhecemos

hoje na sua versão majoritária graças em parte à sua herança das tradições orais, literárias e

pictóricas.

A vocação representativa contida no dote herdado pelo cinema conta com legados da

estrutura narrativa, da suspensão de descrença e do artifício da perspectiva. E, finalmente

para consolidar tal tendência, o momento histórico de seu nascimento coincide com o

nascimento da figura social do cidadão. O desenvolvimento de ambos, portanto, segue em

relação recíproca com forças políticas e econômicas que fomentaram a revolução industrial,

não só na sua constituição física-operacional, mas em igual importância, na formação de uma

nova subjetividade. Como as demais mídias, o cinema também trabalhou à serviço da

construção de novos espaços sociais, novas necessidades coletivas, novos valores e ideologias

reais ou artificialmente implantadas por interesses dotados de poder. O novo aparato cultural

despertava atenção por ser uma grande novidade, mas também era capaz de alcançar uma

população heterogênea que aprendia a conviver em um adensamento demográfico em

formação por meio de estruturas familiares provenientes de formas culturais tradicionalmente

compartilhadas. Assim foram se estabelecendo os padrões predominantes do repertório

audiovisual em nossa cultura, nos ensinando a ver e ler a imagem em movimento de forma a

privilegiar a estrutura narrativa determinada pelo roteiro, colocando o desenho do movimento

das imagens na tela à seu serviço. Por sua vez, a dimensão sonora no cinema, na sua

4 “Tradicionalmente, a mais aceita teoria que explica a sensação de movimento é a chamada Persistência da

Retina, fenômeno pela primeira vez descrito em 1826 pelo médico Peter Mark Roget. Este fenômeno consiste na

capacidade da retina em manter por uma fração de segundo uma imagem, mesmo depois desta haver mudado. As

células fotossensíveis da retina, os cones e bastonetes, transformam a energia luminosa em impulsos bio-

elétricos, e estes são enviados para o cérebro, que então os interpreta como imagem. Por isso, em última análise,

poderíamos dizer que é o cérebro que realmente "vê". Mesmo depois do cérebro ter recebido os impulsos, a

retina continua mandando informações, por aproximadamente 1/10 de segundo após o último estímulo luminoso.

Por este motivo, se uma imagem for trocada numa velocidade maior do que esta, elas tendem a fundir-se no

cérebro, provocando a sensação de movimento contínuo”. (SALLES, F., 2008)

5 "Mas o fenômeno da persistência da retina nada tem a ver com a sintetização do movimento: ele constitui, aliás,

um obstáculo à formação das imagens animadas, pois tende a superpô-las na retina, misturando-as entre si. O

que salvou o cinema como aparato técnico foi a existência de um intervalo negro entre a projeção de um

fotograma e outro, intervalo esse que permitia atenuar a imagem persistente que ficava retida pelos olhos. O

fenômeno da persistência da retina explica apenas uma coisa no cinema, que é o fato justamente de não vermos

esse intervalo negro. A síntese do movimento se explica por um fenômeno psíquico (e não óptico ou fisiólogico)

descoberto em 1912 por Wertheimer e ao qual ele deu o nome de fenômeno phi: se dois estímulos são expostos

aos olhos em diferentes posições, um após o outro e com pequenos intervalos de tempo, os observadores

percebem um único estímulo que se move da posição primeira à segunda." (MACHADO, A., 1997)

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concepção generalizada, conformou-se a este padrão, ou seja, o som direto, as falas e a trilha

sonora atuam na condução do espectador a um único destino, aquele designado pelo

argumento no roteiro. No entanto, a exploração de outras potencialidades dos meios

audiovisuais, desde o cinema incipiente, até os muitos outros recursos disponíveis hoje estão

longe de perder o vigor, como vanguardas históricas e artistas contemporâneos não se cansam

de demonstrar.

No trecho do texto sobre o trabalho interativo on-line de 2006, A Batalha de Argel de

Marc Lafia e Fang-Yu Lin, Daniel Coffeen refere-se a como Gillo Pontecorvo evidencia

justamente este aspecto em seu filme A Batalha de Argel, de 1965.

De fato, um dos argumentos implícitos no filme é que a história, ela mesma, é

um veículo de poder. Pontecorvo não é o primeiro a proferir tal afirmação; ela

tem sido fundamental para a avant-garde pelos últimos 100 anos.

A história e seu arsenal – tanto quanto a identificação e a linha única de causa

e efeito – reduz a complexidade do mundo enquanto coage pessoas e fatos a

permanecerem nos seu trilhos de ação (Daniel Coffeen, 2006).

As inquietações apontadas por Coffeen remontam à infância do cinema, tendo sido

conformadas por Eisenstein e Vertov, entre muitos outros. Eisenstein, por exemplo, chama a

atenção para a importância do Locus na construção de sentidos e teoriza sobre as relações de

contigüidade. Como o lugar em que um conteúdo sonoro imagético se instala no tempo, acaba

por determinar seu caráter e orientar sua leitura. Dziga Vertov, por sua vez privilegia os

elementos cinéticos veementemente:

O cinema é também a arte de imaginar os movimentos dos objetos no espaço.

Respondendo aos imperativos da ciência, é a encarnação do sonho do

inventor, seja ele sábio, artista, engenheiro ou carpinteiro. Graças ao

Kinokismo ele permite realizar o que é irrealizável na vida. O Kinokismo é a

arte de organizar os movimentos necessários dos objetos no espaço, graças à

utilização de um conjunto artístico rítmico adequado às propriedades do

material e ao ritmo interior de cada objeto. Os intervalos (passagens de um

movimento para outro), e nunca os próprios movimentos, constituem o

material (elementos da arte do movimento). São eles (os intervalos) que

conduzem a ação para o desdobramento cinético. A organização do

movimento é a organização de seus elementos, isto é, dos intervalos na frase.

Distingue-se, em cada frase, a ascensão, o ponto culminante e a queda do

movimento (que se manifesta nesse ou naquele nível). Uma obra é feita de

frases, tanto quanto estas últimas são feitas de intervalos de movimentos.

(VERTOV, apud Ismail Xavier, 1983)

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Ambos, apontam para elementos estruturais da arte cinematográfica que são

compartilhados pela dança. É como se estivessem falando em propriocepção e cinestesia,

uma hipótese a ser investigada ao longo da pesquisa a partir da leitura aprofundada desses

autores. A propriocepção e a cinestesia são sentidos que se referem à percepção interna de um

movimento muscular realizado. A propriocepção orienta quanto a posição do corpo no espaço

durante uma ação. A cinestesia é a percepção interna do dispêndio de energia ou aceleração

que está ocorrendo durante uma ação. Exteriorizados, estes sentidos poderiam corresponder às

habilidades necessárias para a ordenação de ações e para a modulação de movimentos no

espaço e no tempo, fundamentos da arte coreográfica.

Como Coffeen sugere, há muito tempo que a vanguarda vem questionando o poder da

história (no sentido de story), o qual relaciona à força dos valores implícitos nas narrativas,

que como uma poderosa órbita, intercepta uma grande parte da dimensão coletiva dos fluxos

da imaginação.

Artistas notáveis como Loie Fuller, Norman Maclaren, Cage, e Cunningham

trabalharam no cinema, na música e na dança, mobilizando forças na direção de fortalecer

outras órbitas. Acredito que esses nomes são alguns exemplos de artistas que operaram para

além, ou prescindindo da dimensão narrativa. Suas obras tocam simultaneamente, ou

sinestésicamente6 outros domínios que também incorporam elementos simbólicos e de

representação, mas que absolutamente, não são regidos por estes.

Gretchen Schiller, artista canadense, denomina seu trabalho como instalações

interativas coreomediadas (choreomediated artistic installations). Tem como motivação

despertar a atenção do público para o estado cinestésico em que cada pessoa se encontra no

momento da interação. Assim, como nos métodos de consciência corporal, a percepção de tal

estado só ocorre através de processos que estimulem diferentes sistemas perceptivos,

lançando mão de interações psicofísicas com feedback ou sistemas de estímulo-resposta.

Trata-se de uma sensibilidade que permanece como pano de fundo na consciência, pois a

dinâmica da vida cotidiana urbana solicita ferozmente que outras qualidades de atenção

6 A palavra sinestesia vem do grego (syn) união +(esthesia) sensação. É tanto uma condição neurológica que

mistura ou relaciona sentidos diferentes, como gosto(paladar) e cor(visão); quanto um termo usado para

descrever uma figura de linguagem.

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permaneçam em alerta. Em seu trabalho de pesquisa, Schiller discute formas com que a arte

interativa baseada em movimento procura introduzir a noção de dança como experiência,

como um processo de despertar do senso cinestésico, em oposição à noção de dança como

espetáculo. Na minha opinião, a noção de dança como experiência, não necessariamente se

opõe ao que gera visualmente. Mas, entendo que neste caso, a colocação se refere à uma

estratégia de Schiller para que seu aspecto cinestésico se torne plenamente evidente.

Na concepção do filósofo português, José Gil, o bailarino é treinado para relacionar a

imagem de seu próprio corpo refletida no espelho em determinada posição, com a sensação

que esta organização imprime em seu corpo. Tal treino possibilita que trabalhe seu corpo no

espaço, navegando simultaneamente interna e externamente, projetando-se no espaço

antecipadamente em relação ao tempo real do movimento, modelando o espaço numa relação

recíproca. Essa relação, que Gil chama de espaço do corpo, origina-se da criação de uma

brecha no espaço/tempo ordinário. É nessa brecha que a dança acontece. Livre de querer

explicar algo, ou representar algo, o espaço do corpo faz surgir a dança como decorrência da

sucessão de tensões, combinações, permutações e surpresas. A dança cria movimentos que

não propõem resposta certa para a pergunta: o que ele está fazendo?

A partir dessas colocações é possível entrever a importância de tais sentidos na criação

de dança, assim como perceber o quanto o meio audiovisual ainda pode ser explorado por

intermédio desses parâmetros. Com esses exemplos procurei traçar um quadro das referências

que estou utilizando e esboçar o campo de investigação que pretendo explorar durante o

mestrado.

A coreografia 2D que vislumbro mistura o plano externo da tela com o plano interno

de cada espectador/participante através de uma espécie de simpatia cinética e por inesperados

diálogos entre imagem e som, falando uma língua própria, sem preocupação em contar

alguma história.

5- Uma vizinhança

Alguns trabalhos do artista norteamericano Marc Lafia parecem compartilhar de um

foco comum à abordagem audiovisual que adotei. Por exemplo, em seu trabalho The Passion

of Joan of Arc, de 2008, que denomina de montagem computacional, selecionou frames do

filme de mesmo nome do diretor Carl Theodor Dreyer, animando-os com um programa que

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lhes imprime uma “assinatura métrica”. O resultado é uma animação cujos frames variam em

duração e modulam o tempo com diferentes acentuações, tanto visuais, quanto sonoras.

Lafia define o papel do cinema, não como um meio para captar a realidade absoluta,

mas como meio de articular a realidade percebida. Sua abordagem com relação à narrativa,

ou enunciados explícitos nos trabalhos originais que reconfigura, é de intervenção, diálogo ou

continuação de um campo. Para isso identifica vetores de imbricamento entre o processo que

utiliza e seus conteúdos sob um olhar ao mesmo tempo estético, político e poético.

Em Ambient Machine, de 1999, por exemplo, Lafia disponibiliza dez pequenos filmes

aos visitantes/usuários, para que sejam manipulados em sua velocidade, tamanho e forma e

encadeados, gerando novos filmes. Uma situação típica de processo criativo do artista,

tornada acessível para o usuário leigo através do sistema que desenhou. Essa é também uma

situação que procuro estabelecer com meus trabalhos.

6- Procedimentos Metodológicos

A metodologia de pesquisa que planejo adotar tem base no processo empírico e seu

encaminhamento. Minha proposta visa iluminar e fundamentar conceitualmente percepções

de um território particular no qual situo meu trabalho como artista, ao mesmo tempo em que

desejo expandir as possibilidades de interlocução e efetiva colaboração no contexto

acadêmico. Pretendo examinar meus trabalhos já realizados e iniciar um novo

desenvolvimento no sentido de reconfigura-los, ou, de realizar desdobramentos

acompanhados de um registro compilando os procedimentos, o conjunto de alternativas e

escolhas tomadas, seguido por uma reflexão contextualizada do processo procurando também

identificar vetores comuns à outras pesquisas e obras no ambiente da arte contemporânea e da

história da arte.

A leitura de métodos de pesquisa em arte de autores como Cecília Almeida Salles e

Sandra Rey se faz necessária como orientação para a condução à uma metodologia definitiva.

Pretendo também abordar o recorte determinado por esse projeto através de entrevistas com

teóricos e artistas que possam trazer reflexões pertinentes referentes a tópicos a serem

levantados na pesquisa. O formato do relatório da pesquisa mais adequado para essa proposta

seria o de um livro de artista em formato virtual na Internet.

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Uma ferramenta conceitual importante nesse processo tem sido a idéia de Auto-

organização. Proveniente da Teoria Geral dos Sistemas, ou Sistêmica (BERTALANFFY,

1968), se propõe a abranger uma perspectiva transdisciplinar entre diferentes ciências

(biologia, matemática, física, astronomia, as ciências humanas como economia, antropologia,

ciências sociais, da informação, as artes e as tecnologias), enfatizando a ordem intrínseca e a

interdependência do mundo em todas as suas manifestações. Assim ocorre auto-organização

em um corpo, um grupo de pessoas, uma obra artística, se considerados como sistemas

complexos que funcionam através da colaboração entre os elementos que os constituem.

Sob certas condições, as várias partes interagem umas com as outras e os

ambientes em volta delas para formar padrões de coordenação dinâmica.

Observe, não existe um "organizador" dentro do sistema ordenando as partes

e dizendo a elas o que fazer para produzir padrões. Nós podemos dizer que a

organização é descentralizada. Em uma escola de peixe, por exemplo,

nenhum peixe individualmente é o diretor executivo que comanda os outros e

diz a eles como e onde nadar. Sistemas auto-organizados são como uma

orquestra sinfônica que toca sem um maestro.

Quando condições externas e internas variam, as muitas partes começam a

cooperar umas com as outras. Então, quando as circunstâncias ultrapassam

um limiar crítico, padrões adaptados de comportamento emergem sem

qualquer instrução. Este é um tipo de transição de fase. Uma forma de

organização se torna instável, e uma nova organização que melhor se encaixa

às circunstâncias emerge. Algumas pessoas se referem a esta auto-

organização como emergência, mas não existe força mística por trás dela. É

somente como as coisas são. Ironicamente, não existe nenhum agente

especializado que contém ou prescreve a ordem que emerge”.(J.A.Kelso,

2003)

Percebo ai um elo entre o processo que se tornou procedimento básico no meu

trabalho e a auto-organização: O vídeo (ou coleções de imagens, movimentos, sonoridades e

objetos) visto quadro à quadro, a seleção de quadros a partir de qualidades estéticas em uma

busca de identificar neles atratores7 capazes de gerar novas configurações diferentes daquelas

que os originaram inicialmente.

Os autores citados nesse item deverão ser revisitados para a elaboração de delimitação

mais precisa entre as relações do conceito de auto-organização e os processo criativos

7Atrator é o estado no qual um sistema dinâmico eventualmente se estabiliza. Um atrator é um conjunto de

valores no decorrer de um processo. Um atrator pode ser um único ponto-fixo, uma coleção de pontos

regularmente visitados, uma alça, uma órbita complexa, ou um número infinito de pontos. Ele não

precisa ser uni ou bidimensional, e pode ter tantas dimensões quanto o número de variáveis que

influenciam o seu sistema.

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inerentes à abordagem dessa pesquisa. Da mesma forma, as disciplinas cursadas no escopo do

programa de mestrado na ECA deverão trazer novas referências e alterar em alguma escala a

seleção de fontes bibliográficas e direcionamento conceitual do projeto.

Outras referencias iniciais a serem investigadas encontram-se nos autores que destaco

a seguir. O trabalho do pesquisador crítico e teórico da literatura e do cinema, Raymond

Bellour, traz um estudo abrangente sobre o aparato audiovisual, em especial, aquele

proveniente do cinema, expandindo-se em novas articulações. Seu livro, Entre-imagens: foto,

cinema e vídeo, de 1997, complementado por material que publicou na Internet, deverá

fornecer algumas referências importantes para a contextualização da proposta e estudo de sua

inserção no universo da arte contemporânea. Ainda, dentro desse mesmo tópico, a pesquisa

deverá incluir a leitura dos autores Lev Manovich, Ismail Xavier, Arlindo Machado, Maria

Dora Mourão e o levantamento e apreciação crítica de trabalhos de artistas como Marc Lafia,

Willian Kentridge e Norman Maclaren, entre outros.

Cito ainda o estudo de autores como Helena Katz, Christine Greiner e José Gil como

fontes de pesquisa em relação à situação da dança no panorama contemporâneo, e o

levantamento de referências do estudioso do movimento Rudolf Von Laban como estrutura de

análise de movimento aplicado, nos trabalhos de autores como Lenira Rengel e Maria

Mommensohn. E, no que se refere à arte contemporânea no panorama atual brasileiro

Ricardo Basbaum e André Parente. Por fim, questões relativas à narrativa devem também ser

abordadas através da pesquisa de fontes ainda a serem melhor definidas, mas que tem como

ponto de partida autores como Tzvetzan Todorov e Roland Barthes.

8- Referências bibliográficas e links

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