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Convergência tecnológica e a interatividade na televisão Technological convergence and the interactivity in television Convergencia tecnológica y la interactividad en la televisión VALDECIR BECKER Jornalista, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, ins- tituição na qual também obteve o título de mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento em 2006, com dissertação sobre a concep- ção e o desenvolvimento de conteúdo interativo para TV digital. De 1999 até metade de 2006, foi pesquisador no Núcleo de Redes de Alta Velocidade e Computação de Alto Desempenho da UFSC, onde es- tudou o conteúdo da TV digital e interativa, incluindo formato, pro- dução e consumo. É autor, juntamente com Carlos Montez, do livro TV Digital Interativa: conceitos, desafios e perspectivas para o Brasil, primeira obra sobre o tema editada no Brasil. Atualmente é doutoran- do em Engenharia Elétrica pela USP, diretor da ITV Produções Interativas, e professor da Universidade Metodista de São Paulo nos cursos de graduação em “Rádio e TV” e “Cinema Digital”, e no curso de pós-graduação Latu Senso “Produção para TV Digital”.

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VALDECIR BECKER

Jornalista, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, ins-tituição na qual também obteve o título de mestre em Engenharia eGestão do Conhecimento em 2006, com dissertação sobre a concep-ção e o desenvolvimento de conteúdo interativo para TV digital. De1999 até metade de 2006, foi pesquisador no Núcleo de Redes de AltaVelocidade e Computação de Alto Desempenho da UFSC, onde es-tudou o conteúdo da TV digital e interativa, incluindo formato, pro-dução e consumo. É autor, juntamente com Carlos Montez, do livroTV Digital Interativa: conceitos, desafios e perspectivas para o Brasil,primeira obra sobre o tema editada no Brasil. Atualmente é doutoran-do em Engenharia Elétrica pela USP, diretor da ITV ProduçõesInterativas, e professor da Universidade Metodista de São Paulo noscursos de graduação em “Rádio e TV” e “Cinema Digital”, e no cursode pós-graduação Latu Senso “Produção para TV Digital”.

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ResumoEste texto contextualiza a convergência tecnológica e o surgimento e evoluçãoda interatividade na televisão. De forma introdutória, apresenta as tecnologiasmais pertinentes para a compreensão da interatividade nesse novo contexto, emque a digitalização traz recursos e ferramentas que podem mudar totalmentea forma de ver e fazer TV. Discute-se a convergência tecnológica e sua relaçãocom a TV digital, sendo esta fruto daquela. Apresentam-se os componentes daTV digital, da interatividade, e definem-se as aplicações e serviços.Palavras-chave: Convergência tecnológica – Interatividade – TV digital. AbstractThis text contextualizes the technological convergence and the appearance andevolution of interactivity in television. In an introductory way, it presents themost pertinent technologies to understand interactivity in this new context,where digitalization brings resources and tools that can completely change theway of watching and making TV. The article discusses the technologicalconvergence and its relation with digital TV, being the latter the consequenceof the former. The text introduces the components of digital TV andinteractivity, and defines the applications and services.Keywords: Technological convergence – Interactivity – Digital TV. ResumenEste texto hace la contextualización entre la convergencia tecnológica y elaparecimiento y la evolución del interactividad en la televisión. De formaintroductoria, presenta las tecnologías más pertinentes para la comprensión delinteractividad en este nuevo contexto, en donde el digitalización trae los recur-sos y las herramientas que pueden cambiar totalmente la forma de ver y dehacer TV. La convergencia tecnológica es discutida en su relación con la TVdigital, siendo ésta fruto de aquella. El texto presenta los componentes de laTV digital, el interactividad, y define los usos y los servicios.Palabras claves: Convergencia tecnológica – Interactividad – TV digital.

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IntroduçãoA TV digital oferece opções muito superiores à TV analó-

gica tal como é conhecida atualmente, com circulaçãounidirecional da informação (Srivastava, 2002). A capacidade detransmissão de dados (datacasting), que possibilita a interatividadeem diferentes níveis, traz potenciais benefícios e facilidades atu-almente disponíveis apenas na internet (Whitaker, 2001; Beckeret. at., 2005). Isso tem impactos diretos na circulação da infor-mação, que pode se tornar muito mais abrangente, atingindosetores da sociedade atualmente excluídos (Castles, 2003). Outrasconseqüências ainda não delineadas poderão envolver direitosautorais e comércio eletrônico, além de modificar radicalmenteos requisitos de segurança dos sistemas.

A televisão pode servir como ferramenta poderosa de edu-cação a distância, entretenimento, jornalismo, governo eletrônico,bem como oferecer novos serviços (Piccioni; Becker; Montez,2005), não disponíveis atualmente ou ainda sequer imaginados(Becker e Moraes, 2003). Tudo isso tende a permitir o uso daTV para a aquisição de informação customizada, isto é, confor-mada à expectativa do usuário, substituindo a forma passiva comque o telespectador recebe atualmente informações transmitidasde maneira unidirecional (Montez e Becker, 2005).

Este texto contextualiza a TV digital interativa no cenáriodas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) e apre-senta as tecnologias mais pertinentes para a compreensão dainteratividade nesse novo contexto. Na próxima seção discuti-mos a convergência tecnológica e sua relação com a TV digital.Nas seções seguintes, apresentamos os componentes da TVdigital, discutimos a interatividade, e definimos as aplicações eserviços. Finalmente, a conclusão reflete alguns aspectos menosestudos na implantação da interatividade na televisão.

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Convergência tecnológicaA tecnologia digital permite o tráfego de informação entre

mídias diferentes, ou entre diferentes redes de comunicação,como radiodifusão e telecomunicações. Dessa forma, tanto a TVanalógica pode coexistir com a TV digital quanto o sinal digitalpode ser convertido em analógico, usando-se as duas redes paratransmitir o mesmo sinal (Collins, 2001). Essa possibilidade,aliada à abrangência e ao alcance dos meios de comunicação,criou um ambiente completamente novo para o produtor deconteúdo audiovisual (Organização Internacional do Trabalho,2004). “Uma implicação importante é que muitos formatos hí-bridos de mídia, combinando áudio, vídeo, texto e imagem, de-vem emergir, ofuscando totalmente a antiga distinção entre rádio,televisão, imprensa e telefone” (Straubhaar e Larose, 2004, p. 14).

A tecnologia digital e sua crescente aplicação em todas as áreasdas TICs possibilitam imaginar um cenário futuro em que um únicoequipamento poderia ser utilizado para suprir todas as necessidadespessoais de lazer, entretenimento, educação, cultura, informação ecomunicação (Straubhaar e Larose, 2004). No meio das telecomu-nicações, esse acesso é chamado de triple play, ou seja, três em um:telefonia (tráfego de voz), internet (tráfego de dados) e TV (tráfegode vídeo) (Barradas, 1995). Isso contrasta com a televisão atual, umavez que “a comunicação de massa é geralmente considerada comopredominantemente de sentido único, com a resposta da audiênciarelativamente restrita e lenta” (Straubhaar e Larose, 2004, p. 10).

A tecnologia digital viabiliza a transposição de barreiras entremídias e linguagens, o primeiro passo para a convergência. Dadose informações, ao serem digitalizados, transformam-se em códigosque podem ser interpretados, decodificados e recodificados paraserem lidos em qualquer tipo de equipamento e mídia:

A codificação digital relega a um segundo plano o tema do material.Ou melhor, os problemas de composição, de organização, de apre-sentação e de dispositivos de acesso tendem a libertar-se de suasaderências singulares aos antigos substratos (Lévy, 1993, p. 102).

Na comunicação analógica, isso não é possível porque ela

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transmite toda [grifo do autor] a informação presente na mensagemoriginal no formato de sinais de variação contínua, quecorrespondem às flutuações da energia de som e luz originados pelafonte de comunicação. Os sentidos humanos são todos sistemas decomunicação analógica, assim como a maioria dos meios de comu-nicação de massa atuais (Straubhaar e Larose, 2004, p. 15).

Assim, a convergência de mídias e conteúdos possibilitadapela tecnologia digital atinge em cheio a comunicação. O sucessoda internet está diretamente relacionado ao poder de atração dainformação trabalhada em ambiente multimídia. Mas não é ape-nas isso: pela primeira vez, desde que o homem superou as limi-tações da cultura oral para a transmissão de informação e conhe-cimento aliando códigos, linguagem e tecnologia, os meios deemissão e recepção da mensagem estão pulverizados e permitemamplas possibilidades de participação (Wolton, 2003).

Um dos reflexos da convergência tecnológica é um ambien-te em que, aparentemente, os antigos limites entre mídia, suportee conteúdo tornam-se difusos e confusos. Assim, a internet podeser considerada, além de suporte, também uma mídia (Dizard,2000). Essa nova mídia já nasceu como produto da convergênciatecnológica e seus conteúdos refletem essa origem. Imagens,áudio e texto não apenas trafegam juntos, mas se comple-mentam. O conteúdo é multimídia. Mesmo tendo-se originadoda convergência – ou por isso mesmo –, a internet ainda apre-senta possibilidades que não foram amplamente aproveitadas eestudadas. Os impactos nas diferentes áreas da atividade humanatambém são pouco conhecidos. Dizard (2000) justifica esse fatoalertando para a velocidade com que as inovações chegam àspessoas atualmente. As mídias antigas, como o jornal, a rádio ea TV, foram introduzidas lentamente, sempre com tempo paraseu estudo e compreensão dos impactos.

Mas, agora, a mídia deve lidar com a convergência de muitastecnologias novas, que estão chegando velozmente e com umaurgência que permite pouco tempo para se avaliar a maneiracomo elas podem melhor se adaptar a um padrão já complexo demídia (Ibid., p. 265).

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Resumindo, o desafio está em entender os impactos e aspossibilidades trazidos pela convergência tecnológica a uma mídiamais tradicional e de alcance bem maior. A televisão está prestesa tornar-se uma mídia interativa e com acesso a outras mídias,inclusive a internet (Noam, 2004). Em futuro próximo, um meiode comunicação que está presente em 90% dos lares no Brasil(IBGE, 2004), e que é a principal via de acesso dos brasileiros àinformação, terá características próprias de outras mídias digitais,como o tráfego bidirecional de informações e a interatividade.

Com a chegada do modelo digital, o conceito de TV é muito maisamplo. Por televisão, pode-se entender o transporte de qualquerconteúdo baseado em imagens para qualquer lugar em que existaum aparelho receptor adequado para receber essas imagens. Ouseja, a televisão, a partir do novo modelo:1. tem vida digital;2. está sendo renovada constantemente;3. Já não é – necessariamente – o objeto eletrônico mais impor-tante do lar;4. coloca à disposição do público um amplo repertório de novosserviços em comunicação (Castro, 2005, p. 309).

Componentes da televisão digital interativaNos últimos anos, diversas fases da produção de conteúdos

para a televisão passaram a substituir a tecnologia analógica peladigital. Contudo, a forma como se dá a difusão do sinal aindacontinua sendo a convencional (Montez e Becker, 2005).

Além de trazer benefícios em várias áreas do mundotelevisivo, a tecnologia digital passou, no entanto, a ser foco deestudo por parte das emissoras e dos mais diversos institutos depesquisa como instrumento passível de ser utilizado também nadifusão do sinal. Como principais vantagens da transmissão di-gital, podemos citar: a melhoria significativa na qualidade daimagem e do som, menor potência necessária para realizar atransmissão e melhor uso do espectro de freqüência utilizadopelas emissoras. Isso significa que, em uma mesma faixa do es-pectro de freqüência, por onde atualmente é difundido apenasum canal, poderão, na era da TV digital, ser difundidos várioscanais e outros tipos de informação, como serviços interativos.

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A figura 1 representa o modelo de um sistema de televisãodigital interativa, ilustrando os principais componentes. Basica-mente, podem ser consideradas três partes fundamentais no mo-delo: lado do difusor, meios de difusão e lado do receptor.

Figura 1: Modelo de um sistema de televisão digital interativa (Fonte: Monteze Becker, 2005)

A difusão é o envio de conteúdo (áudio, vídeo ou dados) de umponto provedor do serviço – responsável pelo gerenciamento dediversos canais televisivos – para outros pontos, os receptores, ondese encontram os receptores digitais e os telespectadores. Os meios dedifusão mais comuns são via satélite, cabo e radiodifusão, este tambémconhecido como difusão terrestre (Montez e Becker, 2005).

O provedor de serviço de difusão pode ser dono do meio dedifusão, alugá-lo ou ser beneficiário de um serviço de utilidade pública.O primeiro caso é típico da difusão via cabo. Já o provedor que di-funde seu conteúdo via satélite usualmente não é responsável pelaoperação desse meio. E, na radiodifusão terrestre, o espectro eletro-magnético é um bem público, cedido para o operador da transmissão.

As plataformas de cabo possuem como vantagem uma boalargura de banda para os canais de difusão e de retorno, quepode ser usada para a interação do telespectador com o provedorde serviço. Contudo, a principal desvantagem do uso desse meioestá na transmissão, que só alcança as residências interligadasfisicamente: esse é um sério problema no Brasil, em parte daEuropa e em qualquer região de população esparsa.

Já as plataformas de satélite possuem como vantagem oalcance de seu sinal. Não existem grandes custos intermediáriosno crescimento do alcance da rede de difusão. No entanto, essemeio apresenta como desvantagem a dificuldade de estabelecerum canal de retorno entre o telespectador e o provedor usando

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o próprio satélite. Essa dificuldade usualmente é superada pelouso de linhas telefônicas para o canal de retorno.

A grande vantagem do uso de difusão terrestre, no Brasil,é o fato de esse meio ser usado, aqui, pela televisão aberta. Porisso é possível a migração pura e simples dos telespectadores deTV convencional para a TV digital. Uma desvantagem é a difi-culdade de implementar um canal de retorno. Apesar disso, estáem estudo, no âmbito da implantação do Sistema Brasileiro deTV Digital (SBTVD), recentemente renomeado para InternationalSystem of Digital TV (ISDTV), a possibilidade de soluções decanais de retorno intrabanda, que utilizariam canais de TV nãoalocados para retornar a mensagem do usuário. Neste caso, nãoseria necessário dispor de uma rede de telecomunicações paraprestar esse serviço.

Considerando a realidade brasileira, outra característica quepode ser levada em conta na comparação entre plataformas é a dafacilidade de suportar conteúdos regionais. Diferentemente das pla-taformas de cabo e de radiodifusão, as de satélite, pela abrangênciado alcance de seus sinais, tornam mais complexa essa tarefa.

Níveis de interatividadeA transmissão digital do sinal televisivo permite que seja

difundido, além do áudio e do vídeo, o software, o que suporta ainteratividade. Apesar dessa inovação tecnológica ser recente, umgrande número de programas televisivos já se considera inte-rativo atualmente. O conceito de interatividade é mutilado, demodo a ocultar os reais alcances e possibilidades da TV interativa(Lemos, 1997). Para acabar com essas distorções, é preciso estu-dar o conceito de interatividade e relacioná-lo com a evolução daparticipação do telespectador na programação (os ditos progra-mas interativos) (Montez e Becker, 2005). Dessa forma, serápossível conceituar e delinear o que é programação efetivamenteinterativa e quais programas apenas usam essa nomenclaturacomo jogada de marketing.

Além disso, é preciso rever alguns aspectos até o momentopouco estudados, como a programação interativa baseada novídeo. Tanto na Europa como nos EUA, houve poucas adaptações

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no conteúdo televisivo para a TV digital. No caso norte-americano,a interatividade foi desconsiderada durante todo o processo dedesenvolvimento e implantação; já na Europa, houve forte ênfasena interatividade por serviços adicionais, oferecidos pela TV, po-rém sem grandes mudanças no conteúdo. Em ambos os casos, omodelo pioneiro de televisão digital fracassou (Becker, 2003).

Isso aconteceu em parte devido à incompreensão do que éinteratividade e do que as pessoas esperam dela.

De repente, parece que todos falam de televisão interativa, cabointerativo, telefones interativos, serviços interativos de computa-dor, jogos interativos, comerciais interativos, compact discs intera-tivos, e até latas de cerveja interativas (com chips de computadorque falam com você quando se abre a tampa). Entretanto, não étão fácil definir exatamente o que significa “interatividade”(Straubhaar e Larose, 2004, p. 10).

Essa confusão levou à interpretação de que a TV interativanada mais é do que internet na televisão, sem qualquer relaçãocom o conteúdo audiovisual (Souto Maior, 2002; Noam, 2004).

Straubhaar e Larose (2004) separam a interatividade em doiscampos: um baseado na abordagem humana e outro na compo-sição da mensagem. Segundo eles, para um sistema de informa-ção ser realmente interativo “deve ser capaz de convencer usu-ários de que estão interagindo com um ser humano, não comuma máquina”. Já o termo “interativo” também pode referir-se“a situações em que respostas em tempo real provêm de recep-tores de um canal de comunicação e são utilizadas pela fontepara continuamente modificar a mensagem, conforme esta éenviada ao receptor” (Straubhaar e Larose, 2004, p. 11). Sob esseponto de vista, a interatividade local apresentada anteriormentenão pode ter esse nome, uma vez que não há reaproveitamentoda informação gerada pelo receptor por parte do emissor; nemsequer há troca de informações.

Do ponto de vista da tecnologia, é possível a um teles-pectador gerar conteúdo televisivo, do mesmo modo como acon-tece na internet: qualquer internauta pode publicar um site. No

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entanto, Fernando Crocomo (2004) alerta que “a utilização dessesrecursos [...] está atrelada às leis de funcionamento dessa novatelevisão, aos formatos dos programas, à linguagem a ser utilizada,às políticas e prioridades públicas” (Crocomo, p. 76). Em suma,diversos fatores, principalmente mercadológicos e comerciais,podem interferir na formatação final da interatividade.

A tecnologia permite que o telespectador tenha um papelativo diante da televisão, deixando apenas de receber informa-ções já prontas para se tornar em um potencial emissor de infor-mação. Para Marcelo Souto Maior, o principal desafio da TVinterativa é “mudar os hábitos de usuários passivos, como são ostelespectadores, para que se tornem participativos” (Souto Maior,2002, p. 1). Outro desafio da interatividade está na sua comple-xidade e no gerenciamento das informações disponibilizadas. Namedida em que os tipos de serviços e conteúdos multimídia sediversificam e a quantidade deles cresce, a televisão enfrenta omesmo desafio feito a outros meios digitais, relacionados aoexcesso de informações e à perda de simplicidade (Lugmair,Niiranen e Kalli, 2004).

Para os telespectadores, acostumados à simplicidade datelevisão analógica, não há dúvida de que a introdução dessesnovos paradigmas demandará uma nova postura.

Do ponto de vista tecnológico, não é possível o trânsitoeletrônico e bidirecional de informações na TV analógica(Lugmair, Niiranen e Kalli, 2004). Segundo Crocomo (2004), éessa passividade que motiva a busca pela interatividade, apresen-tada como grande atração de muitos programas da televisão atu-al. Para justificar a mudança de paradigmas, que busca uma par-ticipação mais imediatista, escreve o autor,

[...] passou-se a dizer que a pessoa se senta na frente do aparelhode TV e, sem aplicativos de interação, fica ali, apenas recebendoinformação. E mais nada. É justamente aí que a análise deinteratividade tem que ser vista, não só do ponto de vistatecnológico, mas também de linguagem. A rigor, essa passividade– em muitos casos – não existe. A palavra talvez esteja sendo usadade maneira equivocada. O que existe é a impossibilidade de o

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telespectador devolver informação pela TV, dar a opinião dele,porque não há retorno. E, mesmo que exista, é ele que deve decidirse quer ou não interagir. Mas não é possível generalizar, e muitosprogramas que a TV vem exibindo há mais de 50 anos mexem coma vida das pessoas. Isso não é uma questão de tecnologia, mas deformato dos programas (Crocomo, 2004, p. 84).

Como exemplo dessa não passividade do telespectadorpode-se citar o envio de cartas e mesmo vídeos para programasde televisão, proporcionando feedback aos produtores e até pedin-do mais informações. Outro exemplo de respostas mensuráveissão as campanhas de mobilização pública: de vacinação, protes-tos contra ou a favor de políticos, doações de dinheiro paracampanhas beneficentes, entre outros; ou a conjunção de televi-são e páginas da internet, em que atores ou participantes deba-tem diretamente com espectadores-usuários após o término doprograma. Por isso,

[...] é possível afirmar que alguns exemplos da programação daTV atual evoluíram além da tecnologia até então disponível. E, naverdade, não existe fórmula secreta para o sucesso de algumasproduções: elas simplesmente respeitam o diálogo. Já em outrosprogramas a unidirecionalidade se transformou em um limitequase intransponível (Crocomo, 2004, p. 85).

Apesar disso,

A busca por uma interatividade plena, de abertura na relaçãoentre TV e usuário, pode trazer bons resultados e não apenas umaatração a mais em formatos específicos. A interatividade poderesgatar o diálogo em toda programação, deixando de ser apenas“um recurso a mais”, uma “atração da modernidade” (Crocomo,2004, p. 105)

Dessa forma, percebe-se que a interatividade pode serconsiderada de vários pontos de vista, com abordagens distin-tas. As características que ela terá na televisão ainda estão pou-

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co estudadas, mas não há dúvida de que esse estudo deve partirda televisão analógica, em que a informação circulaunidirecionalmente, mas o telespectador não é necessariamentepassivo ao receber essas informações. Estudar a interatividadena televisão partindo da internet pode causar o desvirtuamentodo conceito de TV interativa, passando-se a considerá-la apenascomo agregadora da rede mundial de computadores (Noam,2004; Souto Maior, 2002; Bernardo, 2002; Swann, 2000). Poroutro lado, a internet também não pode ser desprezada, umavez que é nela que a interatividade se manifesta nos níveis maiselevados conhecidos atualmente, podendo, inclusive, ser consi-derada um ambiente imersivo (Murray, 1997; Nielsen, 2000;Santaella, 2004).

Aplicações e serviços para TV digitalAs mudanças da TV trazidas pela implantação da televisão

digital são significativas, implicando uma nova maneira de pro-duzir e realizar programas televisivos. Do ponto de vista dodesenvolvimento, há dois conceitos fundamentais: serviço eaplicação. Um serviço em televisão digital, também conhecidocomo canal virtual (Morris e Smith-Chaigneau, 2005), refere-sea um canal lógico, ou seja, com fluxo de vídeo, mais códigosbinários – software. Ou seja, é um canal como os telespectadoresconhecem atualmente, podendo agregar programas de computa-dor que o tornam interativo (Robin e Poulin, 2000).

Isso do ponto de vista lógico, pois fisicamente o princípio dadefinição de canal muda. Atualmente, a TV terrestre brasileira étransmitida em uma faixa de freqüência VHF ou UHF de 6 MHz.Cada faixa dessas é identificada pelo televisor como um canal.

Dessa forma, o que ocorre quando o telespectador troca de canalem televisores analógicos é a sintonia de uma dessas faixas de fre-qüência e exibição das informações audiovisuais transportadas, emPAL-M, no ecrã (display) da televisão (Becker et al., 2005, p. 5-6).

Ou seja, um canal conforme entendido como emissora detelevisão pelo telespectador, o que corresponde ao serviço de

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radiodifusão; a um canal físico do espectro eletromagnético,relativo às telecomunicações.

Na televisão digital esse conceito é alterado, separando total-mente o canal da radiodifusão e das telecomunicações. O canalcontinua sendo de 6 MHz, o que não muda a parte conceitualimplicada nas telecomunicações. Por outro lado, uma emissora detelevisão pode transmitir vários canais de TV dentro da faixa de6 MHz. Isso é possível graças à digitalização do sinal: o moduladorlimita-se, então, a traduzir em linguagem binária (uns e zeros, on eoff) a presença ou ausência de uma das três cores tomadas comobásicas em cada ponto da tela. Assim, na freqüência de 6 MHzpodem ser transmitidos aproximadamente 19,3 Mbps (essa taxapode variar segundo parâmetros de robustez e tecnologias demodulação utilizados) (Robin e Poulin, 2000).

Dessa forma, é possível multiplexar uma série de canais etransmiti-los, conforme ilustrado na figura 2. As entradas deáudio, vídeo e dados podem ser replicadas em uma razão direta-mente proporcional à capacidade do algoritmo de codificaçãoutilizado. Por exemplo: codificando o sinal a 4 Mbps –codificação padrão do MPEG2 – é possível transmitir quatrocanais simultaneamente. Já com tecnologia MPEG4, é possívelpelo menos dobrar esse número de canais. Além disso, tambémé possível transmitir vários fluxos de vídeo em um mesmo canalvirtual, em que o telespectador escolhe qual deles quer assistir.

Dessa forma, quando o receptor sintonizar e isolar determinadosinal em uma faixa de freqüência de 6 MHz, ao invés de imedi-atamente exibir o que seria um canal na televisão analógica, eledeve seguir os passos inversos da figura 2: demodular o sinal, ex-traindo dele o fluxo de transporte, e a partir dele determinar osserviços ou canais virtuais contidos no mesmo. A seleção de qualserviço será exibido é realizada por parte do telespectador. Apósdeterminado serviço ser selecionado, seus respectivos fluxos devídeo e áudio (e, em alguns casos, dados) são direcionados aosrespectivos decodificadores, sendo apresentados ao telespectador,que percebe o serviço de forma similar a um canal na televisãoanalógica (Becker et al., 2005, p. 7-8).

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Figura 2: Etapas na construção do sinal digital (Fonte: Becker et al., 2005)

O software transmitido juntamente com o conteúdoaudiovisual é chamado, na TV digital, de aplicativo ou aplicação(Montez e Becker, 2005; Becker et al., 2005; Gawlinski, 2003).No entanto, esse software tem peculiaridades que alteram suafunção, mudando a aplicabilidade da interatividade na TV e es-tendendo o próprio conceito de televisão (Castro, 2005).

Inicialmente, as aplicações podem estar diretamente relacio-nadas com o vídeo, como enquetes realizadas ao vivo e em temporeal; são aplicações fortemente acopladas ao vídeo. Nesses casos,há um momento exato em que precisa ser disparada e outro emque ela deve morrer. Não teria sentido uma enquete continuar noar se o assunto já tiver esgotado ou o tema tiver mudado.

Além disso, uma aplicação pode estar relacionada com ovídeo, mas sem a obrigatoriedade de ser executada em determi-nado momento. Ela pode iniciar-se e morrer no começo e notérmino do programa. Por exemplo, pode-se citar um

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documentário em que sejam oferecidas informações adicionaisacessíveis enquanto o programa estiver no ar. Ou, em uma par-tida de futebol, admitir a escolha do ângulo de câmara.

Existem também as aplicações relacionadas ao vídeo, porémsem momento de execução. Ficam acessíveis mesmo que o pro-grama já tenha terminado. Por exemplo: resumos de programasque ficam no ar durante a semana para quem não os assistiu; ouenquetes sobre temas relacionados a um programa que podemcoletar respostas durante a semana.

Por outro lado, há aplicações sem qualquer relação com oconteúdo audiovisual transmitido pela TV. São, pois, desa-copladas do vídeo e da emissão. Como exemplo, pode-se citar ocorreio eletrônico, compras on-line, jogos, entre outros.

Tempo de vida das aplicaçõesAs aplicações para TV digital também podem ser chamadas

de Xlet (Morris e Smith-Chaigneau, 2005). São usualmente pro-gramadas em Java e formam o conceito básico de aplicação emtodos os sistemas baseados no JavaTV, uma plataforma paradesenvolvimento de interatividade para a televisão digital.

Resumidamente, todas as aplicações de TV digital execu-tam-se sobre uma máquina virtual e um middleware.

A idéia básica de uma Xlet é funcionar como uma máquinade estados em cima da máquina virtual que a está executando.Desta maneira, duas Xlets podem coexistir na mesma máquinavirtual sem que uma interfira na outra, bastando para isso umgerenciamento dos estados de cada uma (Becker et al., 2005).

Esses estados podem ser: carregada, parada, em execuçãoe destruída.

A figura 3 mostra a máquina de estados de uma Xlet e osmétodos invocados para que ocorra a transição entre eles.

Inicialmente o receptor recebe a sinalização de uma nova aplica-ção, o ciclo de vida da Xlet então começa e é caracterizado comonão carregada. A partir deste ponto, o gerenciador da aplicação, queestá no receptor, deve detectar a classe principal e criar uma ins-tância dela. Feito isso, o estado passa a ser caracterizado como

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Figura 3: Ciclo de vida das Xlets (Fonte: Becker et al., 2005)

carregada. Uma aplicação que já foi carregada está apta a serinicializada pelo método initXlet, que executa suas tarefas e deixaa aplicação no estado pausada. Neste ponto, a Xlet já está prontapara ser executada, pois já carregou e inicializou todos os elemen-tos que eram necessários para começar a executar. O métodostartXlet é chamado e a aplicação de fato começa a funcionar. Ométodo destroyXlet é chamado toda vez que a aplicação terminasuas tarefas (Becker et al., 2005, p. 21).

ConcepçãoJá do ponto de vista da concepção, os programas precisam

ser pensados já como interativos, em que áudio, vídeo einteratividade convivem durante a transmissão. A televisãoanalógica é linear, e o tempo desempenha um papel central naprodução dos programas e enquanto os telespectadores os assis-tem. A emissora determina o início, o meio e o fim das transmis-sões, não cabendo ao telespectador qualquer ação nesse sentido.Já a televisão digital

[…] rompe com o paradigma ao permitir a provisão e uso deserviços indepentemente da grade de programação. A TV digitalprovê estruturas de serviços flexíveis e a diversificação dos con-teúdos multimídia através da introdução de valor agregado alta-mente customizado (Lugmair, Niiranen e Kalli, 2004, p. 3-4).

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Dessa forma,

Em um cenário de TV digital, a relação das audiências com ocampo da produção se amplia ainda mais porque elas (audiências)poderão interagir com a esfera da produção; interferir nos conteú-dos e, sobretudo, criar sua própria grade de programação. Issosignifica uma mudança radical na idéia de grade de programaçãofixa como tem sido concebida até então (Castro, 2005, p. 307).

Isso implica uma série de mudanças em relação à televisãoanalógica. Primeiro, do papel do telespectador, que passa a serativo diante da televisão, e não apenas reativo às informaçõesapresentadas. Ele passa a ter mais autonomia sobre a programa-ção, apesar de essa autonomia ainda ser restrita, uma vez que aemissora continua oferecendo a programação. O que muda é aforma e a hora em que a programação é consumida.

ConclusãoA implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital deve

começar no final de 2007, segundo previsões oficiais. Além daalta definição, uma das grandes novidades prometidas é ainteratividade. No entanto, ela não deve estar presente em umprimeiro momento, devendo ser incorporada segundo compor-tamento das dinâmicas mercadológicas. As especificações doISDTV prevêem que a presença do middleware nos set top boxesficará a critério dos fabricantes de eletroeletrônicos, que tratarãoo assunto como diferencial de mercado.

A interatividade é destacada como uma nova ferramenta quepode redirecionar o foco da produção televisiva, hoje massiva esem feedback dos telespectadores (exceção feita para algumas pes-quisas de audiência). Para o telespectador, essa interatividade pro-mete conteúdos mais próximos da realidade, com produções vol-tadas para a audiência e não para o mercado. A produção de TV,acostumada a um processo rápido, cronometrado, precisa incorpo-rar a variável software, cujo processo de produção difere drastica-mente da velocidade imposta pela TV.

Além disso, as mudanças pelas quais a radiodifusão estápassando trazem outra manifestação da convergência tecnológica,

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agora capitaneada pela TV digital. A incorporação de serviços detelecomunicações oferece oportunidades inéditas para ambos ossetores. A telefonia celular busca incorporar vídeos; a telefoniafixa oferece o IPTV. Ambos são novos meios de distribuição damensagem televisiva.

Essas mudanças trazem dicotomias entre o mercado deradiodifusão e de telecomunicações, com implicações diretas nosmodelos e formatos de conteúdo. Apesar da pertinência do tema,poucos estudos têm sido publicados sobre os impactos da con-vergência, analisados sob a ótica da produção de conteúdo nessenovo cenário. Esses são temas que ainda carecem de estudosmais aprofundados.

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