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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE1
2ª parte
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este material compõe a 2ª PARTE de um roteiro que tem como finalidade
fornecer elementos para a compreensão e estudo do controle de
constitucionalidade.
Frise-se, é mero roteiro, daí a razão pela qual foi elaborado em forma de
itens.
Incluímos citações relevantes, bem como referências bibliográficas que
podem servir de guia para estudos posteriores.
Porém, até em razão da natureza do presente material, não esgotamos o
rol de autores que fornecem grandes contribuições sobre o tema.
1 Luiz Eduardo de Almeida. Advogado, mestrando em Direito na UNIMEP, bolsista da CAPES. E_mail: [email protected]
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Sumário 1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL _________ 3
1.1. LOCALIZAÇÃO E LINHAS GERAIS ______________________ 3
1.2. ESPÉCIES DE DECISÕES PROFERIDAS _________________ 5
1.2.1. Declaração de nulidade total como expressão de unidade
técnico-legislativa ______________________________________________ 6
1.2.2. Declaração de nulidade total __________________________ 7
1.2.3. Declaração de nulidade parcial ________________________ 7
1.2.4. Declaração parcial de nulidade sem redução de texto_______ 8
1.2.5. Interpretação conforme a Constituição___________________ 9
1.3. CONTROLE PELA VIA DIFUSA ________________________ 10
1.3.1. Resolução Senatorial _______________________________ 10
1.3.2. Efeitos da decisão no controle difuso___________________ 12
1.4. CONTROLE PELA VIA CONCENTRADA _________________ 12
1.4.1. Leis e atos normativos ______________________________ 12
1.4.2. Ação direta de inconstitucionalidade genérica. ___________ 13
1.4.3. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (ou
Representação interventiva). ____________________________________ 15
1.4.4. Ação de inconstitucionalidade por omissão.______________ 16
1.4.5. Ação declaratória de constitucionalidade. _______________ 17
1.4.6. Arguição de descumprimento de preceito fundamental._____ 18
1.5. FEDERALISMO BRASILEIRO E COMPETÊNCIA NO
CONTROLE CONCENTRADO_____________________________________ 19
1.6. SÚMULA VINCULANTE_______________________________ 20
2. BIBLIOGRAFIA_________________________________________ 21
3
1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
1.1. LOCALIZAÇÃO E LINHAS GERAIS
- O controle de constitucionalidade somente surge no Brasil em 1890 com a
Constituição Republicana, com competência difusa. Anteriormente, na
Constituição de 1824, os conflitos entre os poderes eram resolvidos pelo Poder
Moderador2, titularizado pelo Imperador, cabendo ao Legislativo interpretar,
suspender e revogar as leis.
- Na Constituição de 1934 é inserida a possibilidade do Senado suspender
a execução de lei após reiteradas decisões sobre a sua constitucionalidade. Tem
a finalidade de substituir o stare decisis et quieta non movere3 do sistema norte-
americano. Existe o mesmo dispositivo na Constituição vigente, no artigo 52, X da
C.R.
-A Emenda Constitucional nº 16 de 1965 insere o controle concentrado de
constitucionalidade no Brasil.
2 Sobre a atuação do Poder Moderador consultar: MARTINS, José Renato. O controle de constitucionalidade das leis no direito brasileiro. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004. p. 69. 3 “É o stare decisis uma condição jurisprudencial natural ao common law. Nasceu com ele espontaneamente. Estendeu-se até onde ele se impôs. Assim chegou aos Estados Unidos. Originário de um tempo em que o latim ainda era a língua em que se comunicavam as ciências, inclusive o Direito, sua expressão completa é stare decisis et non quieta movere. Tradução literal: estar com as coisas decididas e não mover as coisas quietas. Vale dizer: juízes e tribunais inferiores devem estar com as decisões da Corte superior e não mover as decisões pacificadas. Ou seja: a jurisprudência pacífica tem um efeito vinculante.” In: BARROS, Sérgio Resende de. Simplificação do controle de constitucionalidade. Disponível em: http://www.srbarros.com.br/aulas.php?TextID=63. Acesso em: 10 de set. 2007.
4
- Atualmente o controle concentrado de constitucionalidade se encontra
previsto, essencialmente, mas não completamente, nos artigos 102 e 103 da C.R.
- Atualmente, no Brasil, existe um sistema misto de controle de
constitucionalidade, combinando a competência difusa e concentrada, e, para
alguns autores4 também é composto pelas súmulas vinculantes.
Em suma, à vista da Constituição vigente, temos a
inconstitucionalidade por ação ou por omissão, e o controle é o
jurisdicional, combinado com os critérios difuso e concentrado,
este de competência do Supremo Tribunal Federal.5
- Ao controle jurisdicional, seja no sistema difuso ou concentrado, aplica-se
a “cláusula da reserva de plenário” (full bench), prevista no artigo 97 da C.R. e
regulamentada nos artigos 480 a 482 do CPC. Segundo tal cláusula, compete ao
órgão especial dos tribunais, pelo voto da maioria absoluta de seus membros,
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo arguida, quando não
houver pronunciamento anterior deste órgão especial ou do plenário do Supremo
Tribunal Federal sobre a questão.
Art. 97 - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros
ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.
4 Observar o item “Súmula vinculante” deste material, pois lá se aponta a divergência sobre o enquadramento das referidas súmulas. 5 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 19ª Ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 51.
5
Art. 480. Argüida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do
poder público, o relator, ouvido o Ministério Público, submeterá a questão
à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do processo.
Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for
acolhida, será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao
tribunal pleno.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade,
quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo
Tribunal Federal sobre a questão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.756, de 17.12.1998)
1.2. ESPÉCIES DE DECISÕES PROFERIDAS
O Ministro Gilmar Ferreira Mendes realizou análise dos julgados no
Supremo Tribunal Federal e concluiu que no sistema brasileiro de controle de
constitucionalidade podem ser prolatadas as seguintes decisões6:
- declaração de nulidade total como expressão de unidade técnico-
legislativa;
- declaração de nulidade total;
- declaração de nulidade parcial;
- declaração parcial de nulidade sem redução de texto;
- interpretação conforme a Constituição.
6 Apud. VICENTE, Paulo; ALEXANDRINO, Marcelo. Controle de constitucionalidade. 8ª Ed. São Paulo: Método, 2008. p. 170.
6
Convém ressaltar que tal análise possui fundamento também nos artigos 27
e 28, parágrafo único da lei 9868/1999, que seguem:
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo,
e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado.
Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da
decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção
especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte
dispositiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.
1.2.1. Declaração de nulidade total como expressão de unidade
técnico-legislativa
Toda a lei é declarada inconstitucional, em razão de vício formal.
7
1.2.2. Declaração de nulidade total
A norma não padece de vício formal, mas a parte da norma declarada
inconstitucional é essencial à aplicação de outras partes. Assim, toda a norma
deve ser declarada inconstitucional.
Caso não seja realizado tal controle, as demais disposições seriam
incoerentes, discrepantes e sem qualquer utilidade.
Podemos citar como exemplo de norma desconexa, incoerente, o art. 2º da
lei 9882/1999 (ADPF), apesar de resultar de veto político do Presidente da
República.
Art 2ª Podem propor argüição de descumprimento de preceito
fundamental:
I – os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade;
II – (VETADO)
§ 1º Na hipótese do inciso II, faculta-se ao interessado, mediante
representação, solicitar a propositura de argüição de
descumprimento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da
República, que, examinando os fundamentos jurídicos do pedido,
decidirá do cabimento do seu ingresso em juízo.
§ 2º (VETADO)
1.2.3. Declaração de nulidade parcial
A declaração de nulidade parcial resulta da aplicação da teoria da
divisibilidade da lei, de modo que o Poder Judiciário somente
profere a inconstitucionalidade daqueles dispositivos viciados, não
8
estendendo a declaração de invalidade às outras partes da lei,
desde que possam subsistir de forma autônoma.7
Porém, há limitações e ressalvas.
Na primeira parte desse material, no item “1.1.”, especialmente na citação
identificada pela nota de rodapé nº 6, tratamos das espécies de
inconstitucionalidade, e, entre elas, da inconstitucionalidade parcial.
Segundo Vicente e Alexandrino8, para o controle difuso de
constitucionalidade se admite a inconstitucionalidade parcial. Mas, a exemplo do
que ocorre com o veto jurídico (art. 62, § 2º da C.R.), a inconstitucionalidade
parcial somente poderá recair sobre o texto integral de artigo, parágrafo, inciso,
alínea, etc.
Doutra forma, ainda em conformidade com Vicente e Alexandrino, para o
controle concentrado se admite a análise de parte de artigo, parágrafo, inciso,
alínea, etc., desde que não se altere o conteúdo da norma, resultando em nova
norma.
Observe-se, porém, que tal possibilidade (inconstitucionalidade de fração
de artigo, inciso, etc) encontra aplicações restritas, sob pena do Poder Judiciário
se converter em legislador positivo, criando direito(s), alterando a norma prevista
no ato normativo.
1.2.4. Declaração parcial de nulidade sem redução de texto
Em razão da clareza, vale citar:
7 VICENTE, Paulo; ALEXANDRINO, Marcelo. Controle de constitucionalidade. 8ª Ed. São Paulo: Método, 2008. p. 172. 8 Ibidem. p. 11, 172, 173.
9
Nessa hipótese, nem a lei, nem parte dela, é retirada do mundo
jurídico (não ocorre nenhuma supressão no texto da lei, nenhuma
palavra é extirpada). A decisão não leva à eliminação da lei, nem à
retirada de vigência de qualquer expressão literal de seu texto.
Apenas a aplicação da lei – em relação a determinadas pessoas,
ou a certos períodos – é tida por inconstitucional. Em relação a
outros grupos de pessoas, ou a períodos diversos, ela continuará
plenamente válida, aplicável.9
1.2.5. Interpretação conforme a Constituição
Nesse item trataremos da norma infraconstitucional em face da
Constituição, e não de possíveis conflitos entre normas constitucionais originárias.
Nesse passo, Celso Ribeiro Bastos delimita quando se deve proceder à
interpretação conforme a Constituição:
Se por via de interpretação pode chegar-se a vários sentidos para
a mesma norma, é muito compreensível – uma vez que colabora
de forma decisiva para a economia legislativa – que se venha a
adotar como válida a interpretação que compatibilize a norma com
a Constituição.10
Sobre tal interpretação, Canotilho assim se manifesta:
O sentido do princípio da interpretação conforme a Constituição
não deve ser apenas o do favor legis ou do favor conventionis,
conducente à sua caracterização como simples meio de limitação
do controlo jurisdicional (uma norma não deve considerar-se
inconstitucional enquanto puder ser interpretada conforme a
Constituição). Se assim fosse, seria mero princípio da conservação
de normas. Ora, o princípio da interpretação conforme a
9 Ibidem. p. 173. 10 BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à constituição do Brasil. Vol. 01. São Paulo: Saraiva, 1988. p. 351.
10
Constituição é um instrumento hermenêutico de conhecimento das
normas constitucionais que impõe o recurso a estas para
determinar e apreciar o conteúdo intrínseco da lei. Desta forma, o
princípio da interpretação conforma a Constituição é mais um
princípio de prevalência normativo-vertical ou de integração
hierárquico-normativa de que um simples princípio de conservação
de normas.11
1.3. CONTROLE PELA VIA DIFUSA
- O controle de constitucionalidade pela via difusa também é chamado de
aberto, ou incidental, ou via de exceção ou defesa, ou descentralizado.
- Como no modelo norte-americano, a competência para conhecer da
arguição de inconstitucionalidade é difusa.
1.3.1. Resolução Senatorial
- No modelo difuso, o Senado pode suspender a execução de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, na forma do
art. 52, X da C.R.
Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Federal:
... X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
11 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Livraria Almedina, 1997. p. 1171.
11
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal;
Vale observar que:
Dessarte, a função do Senado Federal – suspender a execução de
lei julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal – nada
mais é do que estender erga omnes os efeitos de uma decisão
judicial proferida em um caso concreto, que inicialmente alcançava
exclusivamente as partes do processo.12
Porém há que se ressaltar a existência de divergência sobre os efeitos da
referida resolução, se retroativos ou não. Nesse passo:
Em suma, embora não exista consenso a respeito, nossa opinião,
que pensamos ser atualmente majoritária na doutrina, é que o ato
do Senado Federal editado nos termos do art. 52, X, da
Constituição produz efeitos retroativos, ou seja, desde a edição da
lei ou ato normativo declarado inconstitucional.13
Em sentido contrário:
Assim, ocorrendo essa declaração, conforme já visto, o Senado
poderá editar uma resolução suspendendo a execução, no todo ou
em parte, da lei ou ato normativo declarado inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, que terá efeitos
erga omnes, porém, ex nunc, ou seja, a partir da citada resolução
senatorial.14
Além disso, os limites da resolução devem corresponder aos da decisão,
não havendo discricionariedade para alterar tais limites.
12 VICENTE, Paulo; ALEXANDRINO, Marcelo. Controle de constitucionalidade. 8ª Ed. São Paulo: Método, 2008. p. 53. 13 Idem. 14 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 691.
12
1.3.2. Efeitos da decisão no controle difuso
- A decisão judicial proferida em sede de controle difuso de
constitucionalidade em regra terá efeitos retroativos (ex tunc). Porém, o Supremo
Tribunal Federal tem admitido exceção a essa regra, permitindo que a decisão fixe
outros limites de eficácia quando houver risco para a segurança jurídica.
1.4. CONTROLE PELA VIA CONCENTRADA
Assim, uma vez que a declaração de inconstitucionalidade é feita
em tese, o que se busca não é a garantia de direitos subjetivos,
liberando alguém do cumprimento de uma lei inconstitucional, mas
sim extirpar do sistema jurídico a lei ou ato inconstitucional.15
1.4.1. Leis e atos normativos
- O objeto do controle de constitucionalidade são essencialmente as
espécies normativas primárias que estão apontadas no artigo 59 da C.R.
Art. 59 - O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
15 VICENTE, Paulo; ALEXANDRINO, Marcelo. Controle de constitucionalidade. 8ª Ed. São Paulo: Método, 2008. p. 63.
13
VII - resoluções.
OBSERVAÇÃO: Tratados internacionais sobre direitos humanos, a partir de
recente decisão do Supremo Tribunal Federal(dezembro/2008 – especialmente
nos RE 349703 e RE 466343), também integram esse rol em posição superior às
leis, mas inferiores às normas constitucionais. Sem prejuízo desse status, há
possibilidade de tais direitos ingressarem no ordenamento constitucional, na forma
do §3º do art. 5º da C.R., que segue:
Art. 5º...
...
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
Ainda sobre o objeto do controle de constitucionalidade, vale conferir:
Importante lembrar ainda que o Supremo Tribunal Federal tem
reconhecido que a portaria, ato normativo do Poder Executivo,
desde que estabeleça determinação de caráter genérico e
abstrato, pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade.16
1.4.2. Ação direta de inconstitucionalidade genérica.
- Esta prevista no artigo 102, “a” da C.R., bem como regulamentada pela lei
9.868/1999.
16 MARTINS, José Renato. O controle de constitucionalidade das leis no direito brasileiro. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004. p. 107.
14
Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal; Redação da E C nº 3, de 17/03/93
- Admite que seja ajuizada ação cautelar à qual pode ser atribuído efeito
erga omnes, e, em regra, efeitos ex tunc, podendo o Tribunal fixar outro (art. 27 da
lei 9868/1999). Gera a repristinação, pois pode determinar que a lei anterior que
havia sido revogada pela lei objeto da ADIN retome seus efeitos como lei válida.
- A decisão em ADIN possui efeito vinculativo aos Poderes Executivo e
Judiciário.
- Objeto: leis e atos normativos
- Amicus curiae
- Legitimados: art. 103 da C.R.
- Efeitos da decisão(modulação de efeitos): art. 27 da lei 9.868/1999
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo,
e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria
de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
15
1.4.3. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (ou
Representação interventiva).
A ADIN interventiva ou, como preferem Paulo e Alexandrino, a
representação interventiva, consiste em meio pelo qual a União pode intervir no
Estado, através de representação do PGR perante o STF, para garantir o
cumprimento de lei federal no Estado – membro ou para assegurar os chamados
princípios sensíveis, que estão previstos no art. 34, VII da C.R.
Art. 36 - A decretação da intervenção dependerá:
...
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do
art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
(Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito
Federal, exceto para:
...
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e
indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
16
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde." (Redação da EC nº 29, de 13.09.2000)
1.4.4. Ação de inconstitucionalidade por omissão.
- A finalidade da ação de inconstitucionalidade por omissão é conceder
plena eficácia às normas constitucionais que dependem de legislação
infraconstitucional. Ex. normas de eficácia contida.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
ação declaratória de constitucionalidade: (Redação da EC nº 45 \
31.12.2004)
(Redação anterior) - Art. 103 - Podem propor a ação de
inconstitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa
do Distrito Federal; (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
(Redação anterior) - IV - a Mesa de Assembléia Legislativa;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação da
EC nº 45 \ 31.12.2004)
(Redação anterior) - V - o Governador de Estado;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional.
17
§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada
ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
1.4.5. Ação declaratória de constitucionalidade.
- Tem como finalidade “...afastar a insegurança jurídica ou o estado de
incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo federal, busca preservar a
ordem jurídica constitucional.”17
- Esta prevista no art. 102, I, “a” da C.R. que foi regulamentado pela lei
9868/1999.
Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal; Redação da E C nº 3, de 17/03/93
- Legitimados: art. 103 da C.R.
- Não admite a intervenção de terceiros. (art. 18 da lei 9868/1999).
- Admite o ajuizamento de ação cautelar.
- Efeitos da declaração de constitucionalidade.
17 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 744.
18
1.4.6. Arguição de descumprimento de preceito fundamental.
- Está prevista no §1º do art. 102 da C.R., que foi regulamentado pela lei
9.882/1999.
Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
...
§ 1º - A argüição de descumprimento de preceito fundamental
decorrente desta Constituição será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei. - Transformado em § 1º pela E
Cnº 3, de 17/03/93
- Legitimados: art. 103 da C.R.
- Objeto: art. 1º da lei 9882/1999.
Art. 1º A argüição prevista no §1º do art. 02 da Constituição
Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá
como objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público.
Parágrafo único: Caberá também a argüição de descumprimento
de preceito fundamental:
I – quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição;
II – (vetado)
- Possibilidade de concessão de liminar e seus efeitos: art. 5º da lei
9882/1999.
- Necessidade de oitiva do Ministério Público.
19
1.5. FEDERALISMO BRASILEIRO E COMPETÊNCIA NO
CONTROLE CONCENTRADO
- Para a fixação da competência, há que se verificar o ato impugnado, o
paradigma (referência) para se determinar a competência de julgamento.
- Segue quadro demonstrativo elaborado por Oliveira e Ferreira18:
18 OLIVEIRA, Adriano Barreira K. de; FERREIRA, Olavo A. Vianna Alves. Como se preparar para o exame de ordem: 1ª fase – Direito Constitucional. 2ª Ed. São Paulo: Método, 2005. Série resumo. p. 76.
20
1.6. SÚMULA VINCULANTE
A súmula vinculante vem sendo inserida pelos autores no contexto de
controle difuso de constitucionalidade19. Porém, nem todos a tratam desta forma20.
A previsão constitucional é no art. 103-A, inserido pela E.C. 45/2004, que foi
regulamentado pela lei 11.417/2007.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros,
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Redação da EC nº
45 \ 31.12.2004) Regulamentado pela LEI Nº 11.417, DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2006
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a
eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
(Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade. (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
19 Vicente e Alexandrino a tratam como inserida no controle difuso de constitucionalidade. (VICENTE, Paulo; ALEXANDRINO, Marcelo. Controle de constitucionalidade. 8ª Ed. São Paulo: Método, 2008. p. 55 e ss.) 20 Alexandre de Moraes trata das súmulas vinculantes no capítulo sobre “Poder Judiciário”, no sub-item “Distribuição de competências jurisdicionais”. (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 544 e ss.)
21
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso." (Redação da EC nº
45 \ 31.12.2004)
2. BIBLIOGRAFIA
BARROS, Sérgio Resende de. Simplificação do controle de constitucionalidade. Disponível em: http://www.srbarros.com.br/aulas.php?TextID=63. Acesso em: 10 de set. 2007.
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à constituição do Brasil. Vol. 01. São Paulo: Saraiva, 1988.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Livraria Almedina, 1997.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
MARTINS, José Renato. O controle de constitucionalidade das leis no direito brasileiro. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
OLIVEIRA, Adriano Barreira K. de; FERREIRA, Olavo A. Vianna Alves. Como se preparar para o exame de ordem: 1ª fase – Direito Constitucional. 2ª Ed. São Paulo: Método, 2005. Série resumo.
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