controladores robustos do tipo lqg-ltr de ordem reduzida para sistemas mimo com saídas...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA CONTROLADORES ROBUSTOS DO TIPO LQG/LTR DE ORDEM REDUZIDA PARA SISTEMAS MIMO COM SAÍDAS INDEPENDENTES DE SEUS MODOS NÃO DOMINANTES PEDRO BAPTISTA FERNANDES DM 01/2014 UFPA / ITEC / PPGEE Campus Universitário do Guamá Belém-Pará-Brasil 2014

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    CONTROLADORES ROBUSTOS DO TIPO LQG/LTR DE ORDEM REDUZIDA

    PARA SISTEMAS MIMO COM SADAS INDEPENDENTES

    DE SEUS MODOS NO DOMINANTES

    PEDRO BAPTISTA FERNANDES

    DM 01/2014

    UFPA / ITEC / PPGEE

    Campus Universitrio do Guam

    Belm-Par-Brasil

    2014

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    PEDRO BAPTISTA FERNANDES

    CONTROLADORES ROBUSTOS DO TIPO LQG/LTR DE ORDEM REDUZIDA

    PARA SISTEMAS MIMO COM SADAS INDEPENDENTES

    DE SEUS MODOS NO DOMINANTES

    DM 01/2014

    UFPA / ITEC / PPGEE

    Campus Universitrio do Guam

    Belm-Par-Brasil

    2014

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    PEDRO BAPTISTA FERNANDES

    CONTROLADORES ROBUSTOS DO TIPO LQG/LTR DE ORDEM REDUZIDA

    PARA SISTEMAS MIMO COM SADAS INDEPENDENTES

    DE SEUS MODOS NO DOMINANTES

    Dissertao submetida Banca

    Examinadora do Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Eltrica da

    UFPA para a obteno do Grau de

    Mestre em Engenharia Eltrica na rea

    de Sistemas de Energia.

    UFPA / ITEC / PPGEE

    Campus Universitrio do Guam

    Belm-Par-Brasil

    2014

  • Fernandes, Pedro Baptista, 1986 -

    Projeto de controladores robusto de ordem reduzida para sistemas MIMO com sadas independentes de seus modos no dominantes / Pedro Baptista Fernandes. - 2014.

    Orientador: Jorge Roberto Brito de Souza.

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Par, Instituto de Tecnologia, Programa de Ps-graduao em Engenharia Eltrica, Belm, 2014.

    1. Controle robusto. 2. Controladores programveis. 3. Filtro de Kalman. I. Ttulo.

    CDD 629.8 ed. 22

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente minha famlia que sempre me deu suporte em todos os momentos.

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Jorge Roberto Brito de Souza, pela orientao segura

    durante a realizao deste trabalho.

    Ao Prof. Dr. Walter Barra Jr., pelo apoio e incentivo constantes.

    Aos alunos e professores que frequentavam a sala de estudos, em especial Marcos,

    Erick, Cleyton, Laurindo e Conceio, que sempre se disponibilizaram a ajudar quando

    preciso.

    Aos meus grandes amigos e colegas de mestrado Danilo Figueiredo e Gilson Fernandes

    que se dispuseram a ajudar.

    A todos os professores que me deram aula durante o curso, pelos ensinamentos

    valiosos.

    Ao PPGEE e todos os funcionrios que o compem e ao CAPES que acreditaram e deram

    condies para que o projeto se desenvolvesse.

  • I

    Sumrio

    1. Introduo....................................................................................................................1

    O Mtodo LQG/LTR ................................................................................................................ 2

    1.1.1. Desvantagens do Mtodo LQG/LTR .................................................................... 3

    Algumas Tcnicas de Reduo de Ordem ................................................................................. 4

    Escopo e Contribuio desta Dissertao ................................................................................. 5

    Organizao do Contedo ....................................................................................................... 6

    2. Sntese do Mtodo LQG/LTR .......................................................................................... 8

    Consideraes Preliminares .................................................................................................... 9

    2.1.1. Representao das Incertezas do Modelo .......................................................... 9

    2.1.2. Valores Singulares e Estabilidade de Sistemas Multivariveis ......................... 11

    Procedimentos Duais para a Realizao do Mtodo LQG/LTR ................................................. 13

    O Regulador Linear timo Quadrtico (LQR).......................................................................... 14

    O Filtro de Kalman ................................................................................................................ 15

    O Projeto de um Controlador Robusto LQG/LTR .................................................................... 18

    2.1.3. Projeto do Regulador Linear Quadrtico (LQR) ................................................ 18

    2.1.4. Projeto do Filtro de Kalman .............................................................................. 19

    2.1.5. Adio de Integradores ..................................................................................... 21

    2.1.6. Equalizao de Ganhos em Todas as Frequncias ............................................ 21

    Concluses ........................................................................................................................... 24

    3. Compensadores Dinmicos.......................................................................................... 25

    Determinao da Ordem do Compensador Dinmico ............................................................. 26

    Alocao de Plos ................................................................................................................. 27

    Descrio Matemtica dos Compensadores Dinmicos .......................................................... 28

    Concluses ........................................................................................................................... 29

    4. Aplicao do Projeto de Controlador Robusto LQG/LTR para um Sistema Multiva-

    rivel com Reduo de Ordem de Modelo com Variveis Desacopladas ...................... 30

    Descrio do Sistema a Ser Controlado .................................................................................. 31

    Obteno do Modelo Reduzido ............................................................................................. 34

    Pr-Estabilizao do Sistema Reduzido .................................................................................. 37

  • II

    Projeto do Controlador LQG/LTR de Ordem Reduzida ............................................................ 40

    4.1.1. Adio de Integradores na Sada da Planta ...................................................... 42

    4.1.2. Projeto de um Regulador LQR com Equalizao de Ganhos em Todas as

    Frequncias .......................................................................................................... 44

    4.1.3. Projeto de um Filtro de Kalma .......................................................................... 48

    4.1.4. Implementao do Controlador Projetado com a Planta Original ................... 51

    Anlise de Estabilidade do Sistema Controlado...................................................................... 54

    Anlise do Desempenho do Sistema Controlado .................................................................... 56

    Comentrio Sobre a Escolha de Parmetros no Projeto .......................................................... 62

    Concluses ........................................................................................................................... 68

    5. Concluso .................................................................................................................... 70

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................... 74

    Apndice A: Rotina Computacional para o Projeto ...................................................... 77

  • III

    Lista de Ilustraes

    2.1. Diagrama de Blocos de um Sistema Real MIMO Controlado com Realimentao Unitria ....................................................................................................................... 9

    2.2. Representao do Sistema Controlador em Malha Fechada com Incertezas do Modelo na Forma Multiplicativa .............................................................................. 10

    2.3. Diagrama de Blocos do Sistema para a Anlise da Abertura da Malha Fechada do Sistema Controlado ............................................................................................. 14

    2.4. Diagrama de Blocos do Filtro de Kalman ................................................................... 16

    2.5. Diagrama de Blocos do Controlador ................................................................ 20

    2.6. Modelo do Sistema com Incertezas na Sua Entrada e Integradores na Sada .......... 21

    3.1. Diagrama de Blocos de um Sistema com um Pr-Compensador Dinmico ..... 28

    4.1. Ganhos Principais do Sistema ......................................................................... 33

    4.2. Diagrama de Blocos de com o Destaque das Variveis do Restante

    do Sistema ................................................................................................................ 35

    4.3. Comparao dos Ganhos do Sistema Original aos do Sistema Reduzido ................. 36

    4.4. Plos de ........................................................................................................... 37

    4.5. Alocao de Modos Instveis e a Criao de um Novo .................................. 39

    4.6. Comparao dos Ganhos Aps a Alimentao do Compensador Dinmico de 1 Ordem ao Sistema Original e ao Sistema Reduzido ....................................... 40

    4.7. Ganhos das Incertezas do Modelo............................................................................. 41

    4.8. Diagrama de Blocos Aps Adio de Integradores na Sada do Sistema e as Incertezas Multiplicativas na Entrada ...................................................................... 42

    4.9. Ganhos Principais de ........................................................................................ 43

    4.10. Equalizao dos Ganhos do Sistema ......................................................................... 46

    4.11. Relao Inversamente Proporcional entre e ....................................... 47

    4.12. Ganhos Principais da Malha de Referncia ............................................................... 48

    4.13. Ganhos Principais de Comparados com os de ................................. 50

    4.14. Comparao entre os Ganhos de e ....................................................... 52

    4.15. Ganhos Principais de Comparados com os de ................................. 53

    4.16. Teste de Estabilidade do Sistema Controlado ........................................................... 54

    4.17. Ganho Inferior de ............................................................................. 55

  • IV

    4.18. Sadas do Sistema com Controlador Reduzido com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Primeira Referncia .................................................................. 57

    4.19. Sadas do Sistema com Controlador Reduzido com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Segunda Referncia ................................................................. 57

    4.20. Sinais de Controle do Sistema com Controlador Reduzido com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Primeira Referncia ............................................. 58

    4.21. Sinais de Controle do Sistema com Controlador Reduzido com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Segunda Referncia ............................................. 58

    4.22. Sadas do Sistema Fazendo com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Primeira Referncia ............................................................................... 66

    4.23. Sadas do Sistema Fazendo com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Segunda Referncia .............................................................................. 66

    4.24. Sinais de Controle do Sistema Fazendo com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Primeira Referncia ......................................................... 67

    4.25. Sinais de Controle do Sistema Fazendo com Estmulo de um Sinal Degrau Unitrio na Segunda Referncia ........................................................ 67

    4.26. Deslocamento de Plos Aps Alterao do Valor de ............................................. 68

  • V

    Lista de Tabelas

    2.1. Parmetros Duais do Regulador LQR e do Filtro de Kalman ..................................... 17

    4.1. Zeros de Transmisso do Sistema Controlado........................................................... 59

    4.2. Plos em Malha Aberta e em Malha Fechada Correspondentes ao Sistema Controlado ................................................................................................................ 60

    4.3. Plos em Malha Fechada e Zeros de Transmisso Mais Prximos da Regio de Instabilidade do Sistema Controlado .................................................................. 61

    4.4. Comparao das Ordens dos Controladores com e sem a Reduo de Ordem de Modelo ................................................................................................................ 62

  • VI

    RESUMO

    O objetivo principal desta dissertao apresentar uma soluo eficiente, prtica e de simples

    implementao para um problema recorrente em projetos de controladores robustos multivariveis

    do tipo LQG/LTR: a elevada ordem que estes controladores podem obter dependendo das

    complicaes apresentadas pelo sistema dificultando para que este possa ser controlado de maneira

    satisfatria.

    Para que esta meta seja alcanada, apresentada uma tcnica de reduo do modelo de

    sistemas com metodologia bastante descomplicada, dispensando qualquer necessidade de

    complexas programaes para a sua utilizao. Esta metodologia porm, somente aplicvel a uma

    classe bastante especfica de sistema. Em suma, o sistema deve possuir variveis de estado

    desacopladas do restante do sistema, ou seja, variveis que no sofram influncias de outras e que

    tambm no provoquem grande efeito nas sadas do sistema.

    Foi escolhido um sistema multivarivel de sexta ordem, com duas entradas e duas sadas para

    que a tcnica de reduo de ordem de modelo seja testada. Este sistema possui as caractersticas

    especiais mencionadas anteriormente bem como exige o projeto de compensador dinmico e a

    adio de integradores s suas sadas para que seja controlado adequadamente.

    Este trabalho pretende apresentar o procedimento de todo o projeto mencionado, desde a

    obteno de um modelo de ordem reduzida at a implementao do controlador LQG/LTR. Em

    seguida, o controlador obtido testado atravs de diversas simulaes e os resultados encontrados

    so discutidos para a avaliao da eficcia e da praticidade do mtodo proposto para obteno de

    controladores de ordem reduzida.

    PALAVRAS-CHAVES: Controladores LQG/LTR, reduo de modelos de sistemas, compensadores

    dinmicos, sistemas multivariveis.

  • VII

    ABSTRACT

    This thesis main goal is to introduce an efficient, practical and easy to implement solution to a

    recurring problem in projects of LQG/LTR multivariable robust controllers: the high order these

    controllers may obtain depending on the complications presented by the system hampering its

    control in a satisfactory way.

    For this goal to be achieved, a system model reduction technique with very simple methodology

    is introduced, dispensing any needs of complex programming for its use. This methodology however,

    is only applicable to a very specific class of system. Summarizing, the system must have state

    variables decoupled from the rest of the system, that is, variables that dont not influenced by others

    and that also dont cause major effects on the systems outputs.

    It was chosen a sixth order multivariable system having two inputs and two outputs for the

    model order reduction be tested. This system has the special characteristics mentioned before and

    also demands a dynamic compensator project as well as the integrators addition to its outputs so it

    can be controlled adequately.

    This text intends to show the procedure for the whole project, since the reduced order model

    achievement to the LQG/LTR controller implementation. Then, the obtained controller is tested

    through several simulations and the attained results are discussed for effectiveness and practicality

    evaluation of the proposed method for reduced order controller project.

    KEYWORDS: LQG/LTR controllers, Systems models reduction, dynamic compensators, multivariable

    systems.

  • 1

    Captulo 1: Introduo

    O papel da Engenharia de Controle de fundamental importncia para o

    desenvolvimento de modernos sistemas de controle para aplicaes tanto em processos

    industriais e de produo, como tambm nos campos da robtica e de sistemas

    aeroespaciais, dentre outras. Seu principal foco a elaborao de projetos de controladores

    para determinados sistemas com base em modelos matemticos que descrevem seus

    comportamentos dinmicos de acordo com os sinais fsicos que os influenciam.

    O projeto de um controlador robusto visa fazer com que o sistema obtenha certo

    grau de imunidade a uma classe especfica de perturbaes, ou seja, ele deve ser capaz de

    manter a estabilidade e assegurar certo grau de insensibilidade do sistema controlado

    quando este submetido a distrbios e rudos. Alm de assegurar a robustez da

    estabilidade, o controlador deve proporcionar um bom desempenho dinmico ao sistema

    controlado, isto , ele deve proporcionar um desempenho rpido e preciso do processo

    sobre o qual ele atua.

    Tendo em vista a sua importncia, foram desenvolvidas recentemente diversas

    tcnicas para o projeto de controladores robustos, baseadas nas classes de incertezas

    estruturais previamente conhecidas. Estas incertezas so as estimativas realizadas com o

    intuito de limitar quaisquer erros provenientes da modelagem do sistema. Os controladores

    robustos devem ser capazes de proporcionar o bom desempenho dinmico do sistema,

    dentro dos limites estabelecidos previamente para tais incertezas. Esses so chamados

    controladores com estrutura fixa [1].

    Existem duas abordagens bsicas que podem ser estudadas para o projeto de

    controladores robustos. A primeira utiliza o conceito de variaes paramtricas, e ela

    adequada para sistemas dinmicos cujos parmetros incertos assumem valores dentro de

    um intervalo determinado por limites superior e inferior. Neste caso, o controlador robusto

    deve garantir a estabilidade do sistema para quaisquer valores que as variveis do vetor de

    parmetros de incerteza assumam dentro de seus intervalos. Pode-se destacar o mtodo

    PRLQG (Parameter Robust Linear-Quadratic Gaussian) proposto por Tahk e Speyer [2], o

  • 2

    mtodo PRCBI (Parameter Robust Control by Bayesian Identification) introduzido por

    Gomes [3], e o mtodo de Siljak [4], dentre outros.

    Na segunda abordagem as incertezas do sistema so representadas no domnio da

    frequncia por uma funo que as limita. Durante o projeto, busca-se garantir boas margens

    de estabilidade que acomodem tais incertezas, impedindo assim o mal funcionamento do

    sistema controlado. Existem vrias tcnicas de projeto de controladores robustos que so

    baseadas nesta abordagem, tais como os mtodos e [5] ou o mtodo LQG/LTR [6].

    Este ltimo mtodo ser considerado nesta dissertao, dando-se nfase ao controle de

    sistemas que necessitam de pr-estabilizao e equalizao dos seus ganhos principais,

    operaes que aumentam a ordem do sistema a ser controlado.

    1.1 O Mtodo LQG/LTR

    O mtodo LQG/LTR uma das metodologias mais utilizadas para o projeto de

    controladores robustos para sistemas lineares contnuos. O procedimento se baseia numa

    abordagem no domnio da frequncia, aplicando-se ento a sistemas lineares e invariantes

    no tempo. Este mtodo basicamente uma combinao de um regulador LQR e um filtro de

    Kalman.

    O regulador LQR, tambm chamado regulador linear timo quadrtico, possui como

    caracterstica a garantia de estabilidade em malha fechada [7], bem como um alto grau de

    robustez do sistema controlado, proporcionando margem de ganho infinita e margem de

    fase de [8], quando aplicado a sistemas contnuos SISO e MIMO [9].

    A grande desvantagem destes reguladores a necessidade da utilizao de

    observadores de estados com o objetivo de estimar os estados do sistema e tornar possvel

    a realimentao de todos eles, visto que, sem os observadores, vrios estados no so

    acessveis [10]. Porm, Doyle provou [11] que a adio de observadores de estados reduz

    drasticamente as caractersticas de robustez do regulador LQR. Foi ento que Doyle e Stein

    [12] propuseram um procedimento semelhante ao filtro de Kalman, com mudanas nas

    matrizes de covarincia das perturbaes e dos rudos atuantes no sistema. Esta

    metodologia permite ento o clculo dos observadores necessrios ao regulador LQR,

    mantendo as suas boas propriedades de robustez.

  • 3

    O mtodo LQG/LTR garante ento elevada robustez do controlador projetado diante

    de perturbaes do ambiente e rudos, alm de suportar ampla classe de erros de

    modelagem, dando ao projetista segurana ao realizar simplificaes no modelo. Esta

    caracterstica o que possibilita a realizao do objetivo deste trabalho.

    1.1.1 Desvantagens do Mtodo LQG/LTR

    Apesar de todas as excelentes propriedades citadas anteriormente, o mtodo

    LQG/LTR para o projeto de controladores robustos tambm possui algumas propriedades

    desfavorveis que dificultam o desempenho do controlador. Inicialmente, as nicas

    restries ao procedimento so as de que o sistema a ser controlado seja linear e de fase

    mnima, sendo assim, o sistema deve possuir somente zeros de transmisso estveis. O fato

    do controlador LQG/LTR incorporar a inversa da matriz de transferncia da planta implica

    em um controlador instvel, quando projetado para um sistema de fase no-mnima.

    Mas no basta que a planta estudada seja de fase mnima para que o projeto do

    controlador seja realizado sem obstculos. Se o modelo analisado contiver modos instveis

    muito prximos do eixo imaginrio, o sistema com controlador LQG/LTR pode apresentar

    um comportamento transitrio com oscilaes mal amortecidas. Isso ocorre porque os zeros

    de transmisso do controlador no conseguem anular por completo os efeitos destes modos

    instveis que, por estarem prximos do eixo imaginrio, so dominantes. Pode-se aumentar

    o ganho da malha do sistema controlado para atenuar este efeito, mas muitas vezes essa

    ao no eficaz e normalmente necessrio incluir um compensador dinmico ao projeto

    do controlador LQG/LTR para pr-estabilizar o sistema.

    Outro requisito necessrio para realizar o projeto deste tipo de controlador robusto

    a equalizao dos ganhos principais da planta, em sistemas MIMO, visando-se obter o

    desacoplamento dos seus diversos canais de entrada-sada. Em [13] apresentado um

    mtodo que utiliza integradores em cada canal do sistema, e equaliza seus ganhos principais

    nas baixas e nas altas frequncias. A referida equalizao pode ser estendida a qualquer

    faixa de frequncia utilizando-se uma frmula alternativa apresentada em [6]. Esta frmula,

    porm, s pode ser aplicada no caso de sistemas sem plos na origem, j que ela requer a

    inverso da matriz do modelo da planta.

  • 4

    Por fim, o controlador LQG/LTR, por ser uma combinao de um regulador LQR e um

    filtro de Kalman, tem a mesma ordem do sistema a ser controlado. Porm, como se viu

    anteriormente, dependendo das suas caractersticas, este sistema pode ser constitudo por

    um compensador dinmico estabilizador e por integradores, alm da prpria planta a ser

    controlada. Dessa forma, o sistema final pode atingir uma ordem extremamente elevada,

    dificultando no s o projeto do controlador, mas tambm a sua implementao prtica.

    Esta dificuldade o principal foco desta dissertao, a qual apresenta como soluo a

    reduo de ordem do modelo matemtico do sistema para a realizao do projeto do

    controlador.

    1.2 Algumas Tcnicas de Reduo de Ordem

    A dificuldade encontrada para aplicaes de tcnicas de controle em sistemas muito

    complexos e/ou de grandes dimenses vem sendo motivo de muitos de estudos h pelo

    menos meio sculo. De fato, existem muitas tcnicas para tratar deste assunto [14] que

    focalizam o problema com diferentes tipos de abordagens.

    Davison [15] props, em 1966, que o modelo de um sistema pode ser reduzido a um

    modelo mais simples ao serem considerados apenas os efeitos dos plos dominantes do

    sistema, ou seja, aqueles mais prximos da instabilidade. Este princpio simplesmente

    despreza os modos estveis mais afastados do eixo imaginrio. O procedimento realizado

    atravs de manipulaes matriciais que identificam as menores constantes de tempo do

    sistema, as quais devem ser desprezadas. Essa abordagem, bem simples, tem a desvantagem

    de muitas vezes resultar em modelos reduzidos que apresentam muitas imprecises no seu

    comportamento dinmico quando comparado ao comportamento do sistema original.

    Outro mtodo de grande importncia para a obteno de modelos de ordem

    reduzida o mtodo da agregao, proposto por Aoki [16]. Ele sugere procedimentos de

    decomposio modal com o objetivo de identificar os plos dominantes do modelo original

    os quais so agregados ao modelo de ordem reduzida, enquanto os modos mais rpidos

    (no dominantes) so desprezados. Esta tcnica lana mo de mtodos de diagonalizao de

    sistemas, para que a eliminao destes modos no resulte em grandes mudanas nas

    caractersticas dinmicas do sistema original.

  • 5

    H tambm vrios mtodos de reduo de ordem de modelo baseados no domnio

    da frequncia [17]-[18], e na norma das matrizes caractersticas [19]-[20], dentre outros.

    Este trabalho explora, conforme sugerido por Matos [21], propriedades especiais

    apresentadas por certos sistemas do tipo MIMO, cujas sadas no dependem diretamente de

    certas variveis dinmicas do sistema, as quais, por sua vez, so desacopladas entre si e

    tambm em relao s demais variveis do sistema. Alm disso, estas variveis desacopladas

    das demais devem estar associadas a modos no dominantes do sistema. As caractersticas

    deste tipo particular de sistema permitem que a reduo de seus modelos seja feita de

    maneira imediata, sem a necessidade de complexas manipulaes matemticas, uma vez

    que estes modos dominantes podem ser desprezados sem causar grande mudana no

    desempenho dinmico do sistema. Modelos com estas propriedades costumam ser

    encontrados em aplicaes na rea de sistemas de controle aeroespaciais, como por

    exemplo, nos casos dos avies dos tipos F14 e Canard, que so abordados em [13] e [22],

    respectivamente.

    1.3 Escopo e Contribuio desta Dissertao

    O grande destaque negativo dos controladores do tipo LQG/LTR o fato de sua

    ordem ser igual do sistema a ser controlado. Este problema torna-se ainda mais grave

    dependendo das caractersticas especficas deste sistema. O foco principal desta dissertao

    a realizao de um controlador robusto desse tipo utilizando um modelo reduzido do

    sistema original a ser controlado, com o intuito de reduzir a complexidade do controlador

    final projetado, minimizando assim o problema citado.

    O procedimento utilizado neste trabalho para a reduo do modelo original do

    sistema voltado para um tipo bem especfico de planta, na qual h variveis desacopladas

    das outras, cujas influncias no afetam diretamente as sadas do sistema e que esto

    ligadas aos modos rpidos e, portanto, no-dominantes.

    Outro problema tambm abordado a presena de oscilaes de baixas frequncias

    em sistemas MIMO que possuem plos instveis prximos ao eixo imaginrio, quando esto

    sendo controlados por controladores do tipo LQG/LTR. Nesse caso, necessrio o projeto de

  • 6

    um compensador dinmico, que resolve este obstculo, porm deixa a ordem do sistema

    ainda mais elevada.

    A reduo da ordem do modelo original pode implicar, dependendo do sistema, em

    um compensador dinmico de ordem menor em comparao com o que seria projetado

    para pr-estabilizar o sistema original. Esta reduo pode resultar em um desempenho um

    pouco inferior em termos de transitrio, mas vantajosa em termos gerais.

    Os procedimentos apresentados neste trabalho para a realizao da reduo de

    ordem, do projeto do compensador dinmico, dos integradores necessrios equalizao

    dos ganhos do sistema e, finalmente, ao controlador robusto LQG/LTR, sero mostrados

    usando o exemplo de um sistema instvel multivarivel de sexta ordem, com duas entradas

    e duas sadas.

    1.4 Organizao do Contedo

    Esta dissertao est organizada da seguinte forma.

    O Captulo 2 apresenta um resumo a respeito dos controladores robustos LQG/LTR.

    Para o melhor entendimento da teoria por trs desta tcnica, feito um breve resumo de

    tpicos muito importantes para o projeto tais como o tratamento das incertezas de um

    modelo, os seus valores singulares e as tcnicas utilizadas para a determinao do seu grau

    de estabilidade. So descritas as principais equaes relacionadas com o regulador linear

    timo quadrtico (LQR) e o filtro de Kalman, alm do prprio controlador LQG/LTR.

    Considera-se o caso em que as incertezas do modelo nominal so representadas na entrada

    da planta.

    O Captulo 3 apresenta conceitos bsicos relacionados com compensadores

    dinmicos, estrutura capaz de estabilizar um sistema atravs da alocao de modos instveis

    para regies de estabilidade. A determinao da ordem do compensador dinmico, bem

    como o modo de ao sobre a localizao dos plos descrita, bem como sua representao

    matemtica.

    O Captulo 4 apresenta um estudo de caso, onde o modelo utilizado o de um

    sistema MIMO instvel de fase mnima, com duas entradas e duas sadas. Alm disso, este

  • 7

    sistema apresenta caractersticas especiais que so aproveitadas para a realizao de uma

    forma bastante direta de reduo de ordem de seu modelo, simplificando o projeto em

    geral. Todo o projeto apresentado neste captulo, desde a j mencionada reduo de

    ordem, passando pela incluso de compensadores dinmicos, at o projeto do controlador

    LQG/LTR propriamente dito. Ao final os resultados obtidos atravs de simulaes so

    discutidos, bem como h observaes sobre a importncia da escolha apropriada de certos

    parmetros de projeto, inclusive fazendo novas simulaes com novos valores para que as

    diferenas nos resultados sejam analisadas e discutidas.

    O Captulo 5, por fim, apresenta as concluses desta dissertao, observando as

    vantagens e desvantagens do projeto apresentado bem como a sua contribuio, alm de

    apresentar sugestes para trabalhos futuros.

  • 8

    Captulo 2: Sntese do Mtodo LQG/LTR

    O mtodo LQG/LTR (Linear Quadratic Gaussian with Loop Transfer Recovery) um

    procedimento de grande eficcia para a realizao do projeto de controladores robustos

    para sistema lineares, monovariveis ou multivariveis. Esta tcnica consiste basicamente

    numa combinao de um regulador LQR e um filtro de Kalman. Deste modo, trata-se de um

    controlador LQG, j que constitudo por um observador de estados para que seja possvel a

    realimentao dos mesmos.

    A sntese de um controlador LQG/LTR depende da localizao das incertezas do

    sistema, que podem ser consideradas na sada ou na entrada da planta a ser controlada.

    Dependendo desta informao, o regulador LQR e o filtro de Kalman devem ser projetados

    em momentos diferentes do projeto. Sendo assim, existem duas verses duais para a

    aplicao do mtodo LQG/LTR.

    Normalmente o projetista tem a liberdade de escolher onde as incertezas do modelo

    devem estar localizadas, podendo ento determinar posies convenientes para a

    simplificao do projeto. Porm, ambas as formas devem ser igualmente funcionais. Existem

    diversos trabalhos publicados usando as duas verses: com incertezas na sada [23] e na

    entrada da planta [24]. notvel, em vrias publicaes, a preferncia em considerar estas

    incertezas na sada da planta, uma vez que essa abordagem permite reduzir o nmero de

    operaes necessrias para o clculo dos parmetros do controlador.

    Nesta dissertao, as incertezas do modelo estudado so consideradas na entrada da

    planta, por razes a serem discutidas no Captulo 4. Neste caso, o mtodo LQG/LTR tem

    como primeiro passo o projeto de um regulador LQR, e em seguida o desenvolvimento de

    um filtro de Kalman.

    Este captulo apresenta inicialmente algumas consideraes a respeito da resposta

    desejada para o sistema a ser controlado, com nfase na garantia de sua estabilidade em

    malha fechada, e na obteno de altas margens de ganho e de fase. As etapas do

    desenvolvimento do controlador LQG/LTR so igualmente abordadas, expondo de maneira

    resumida a teoria por trs deste mtodo.

  • 9

    2.1 Consideraes Preliminares

    O desenvolvimento de um controlador robusto tem como objetivos principais

    garantir a estabilidade do sistema controlado em malha fechada e lhe proporcionar um bom

    desempenho dinmico. Sendo assim, o controlador projetado deve ser capaz de acomodar

    eventuais variaes na dinmica do sistema, o que natural ocorrer em qualquer processo.

    Para que essas metas sejam satisfeitas necessrio impor certas restries sobre os

    ganhos principais da matriz de transferncia do sistema controlado em malha

    aberta, conforme o diagrama de blocos mostrado na Figura 2.1. Estas restries so

    definidas sobre os ganhos principais, superior e inferior, de . Estes ganhos devem

    ser altos nas baixas frequncias e baixos nas altas frequncias.

    2.1.1. Representao das Incertezas do Modelo

    A Figura 2.1 representa de maneira bsica um sistema de controle real. Note-se que,

    em princpio, o sistema real difere do sistema nominal , mas o controlador o

    mesmo nos dois casos. Considera-se que seja o modelo considerando as incertezas de

    modelagem.

    Uma das maneiras mais imediatas de representar o erro de modelagem atravs da

    chamada forma aditiva [25]. Neste caso a incerteza representada por uma funo

    que definida por

    . (2.1)

    Figura 2.1: Diagrama de blocos de um sistema real MIMO controlado com realimentao unitria.

  • 10

    O inconveniente da representao das incertezas do sistema atravs de que

    esta funo atrelada ao controlador . Verifica-se isso quando se considera o sistema

    com controlador. Neste caso obtm-se, a partir da Equao (2.1), que

    . (2.2)

    Esta situao bastante inconveniente, visto que o objetivo justamente projetar o

    controlador . Ou seja, desejvel que a funo das incertezas do modelo seja

    dependente apenas da planta do sistema.

    Para contornar esta inconvenincia, opta-se ento pela representao das incertezas

    do sistema atravs da chamada forma multiplicativa no estruturada, que denotada por

    , e definida por

    )(

    )()()(

    sG

    sGsGsL R

    M

    . (2.3)

    Caso esta representao seja utilizada no sistema com controlador, verifica-se que

    )()()(

    )()()()(sL

    sKsG

    sKsGsKsGM

    R

    (2.4)

    Portanto, a funo que representa a incerteza do sistema na forma multiplicativa a mesma

    com ou sem a incluso do controlador, isto , ela s dependo do modelo do sistema.

    Da Equao (2.3) obtm-se que

    )()()( sGsLIsGMR

    . (2.5)

    A Figura 2.2 apresenta o diagrama de blocos deste sistema, com as incertezas do

    modelo representadas na entrada da planta.

    Figura 2.2: Representao do sistema controlado em malha fechada com incertezas do modelo na forma multiplicativa.

  • 11

    Como a funo desconhecida, estima-se ento uma funo limitante

    que define os valores mximos que as incertezas multiplicativas podem alcanar.

    Assim tem-se que

    )()( MMljL

    . (2.6)

    Segundo Cruz [6], tipicamente as incertezas estimadas assumem valores menores em

    baixas frequncias, mas tornam-se maiores conforme o aumento da frequncia. Sendo

    assim, os modelos costumam ser mais confiveis em baixas frequncias. Estes erros em altas

    frequncias podem estar associados a vrios efeitos como indutncias e capacitncias

    parasitas, dinmica de atuadores, dentre outros.

    2.1.2. Valores Singulares e Estabilidade de Sistemas Multivariveis

    Em sistemas monovariveis, o desempenho de um sistema analisado atravs do

    conceito de ganho ou magnitude. Em sistemas multivariveis, contudo, necessrio

    estabelecer um mtodo para medir estas magnitudes com a inteno de obter respostas em

    frequncia adequadas.

    Com esse fim usa-se o conceito de norma euclidiana, que definida por

    xxx * , (2.7)

    onde denota o vetor ou a matriz conjugada de .

    Atravs do quociente de Rayleigh [26], a norma euclidiana da matriz de trans-

    ferncia da planta pode ser escrita como

    GGG *max

    , (2.8)

    onde o mximo autovalor da matriz GG* .

    A Equao (2.8) sugere a seguinte definio de valores singulares:

    GGGii

    *)( , ni ,...,2,1 (2.9)

    onde indica o i-simo autovalor de .

  • 12

    Observa-se que o nmero de valores singulares que a matriz de transferncia

    possui depende das dimenses desta matriz. Por esta razo, visando simplificar a anlise do

    sistema, trabalha-se somente com os ganhos principais, superior e inferior, de , visto

    que todos os outros valores singulares ficam inevitavelmente confinados entre esses

    referidos ganhos, os quais so denotados e definidos pelas equaes que seguem:

    GGGG *max

    )( (2.10)

    1

    *

    min

    1)(

    GGGG

    (2.11)

    Com base nestas definies de ganhos principais, superior e inferior, de um sistema

    , dito que a matriz de transferncia possui ganhos altos quando seu ganho principal

    inferior alto. Analogamente, considera-se que tem baixos ganhos quando seu ganho

    principal superior baixo.

    Observando-se o diagrama de blocos da Figura 2.1, percebe-se que a sada do

    sistema depende dos sinais de referncia , de distrbios e de rudos . A

    relao entre estes sinais dada pela seguinte equao matricial complexa

    )()()()()()()()()()( 11 sDsKsGIsNsRsKsGsKsGIsY (2.12)

    Os sinais de referncia e os distrbios externos costumam operar com

    frequncias baixas, ao contrrio dos rudos presentes nos processos, que normalmente

    possuem frequncias bastante elevadas.

    Observa-se na Equao (2.12) que, quando os ganhos da matriz de transferncia

    elevado em baixas frequncias, a sada do sistema segue o seu sinal de

    referncia e os distrbios so rejeitados. Ou seja, para baixas freqncias desejvel que

    1)()( sKsG . (2.13)

    De outro lado, os ganhos de devem ser baixos em altas frequncias para,

    dessa forma, atenuar os efeitos provenientes dos rudos do sistema. Assim, para altas

    frequncias pode-se estabelecer a condio

    1)()( sKsG . (2.14)

  • 13

    Atravs da utilizao do Critrio de Nyquist para sistemas multivariveis, foi deduzida

    [27] a seguinte condio de robustez da estabilidade de sistemas reais em malha fechada:

    )(

    1)()()()(

    1

    Ml

    jKjGjKjGI

    (2.15)

    Nota-se que, quando atinge altos valores, normalmente em altas frequncias,

    a matriz de transferncia deve ter ganhos baixos, corroborando a condio

    exposta na Equao (2.14).

    Apesar da desigualdade mostrada em (2.15) garantir a estabilidade do sistema diante

    de incertezas no-estruturadas, no fica estabelecida ainda uma margem sobre a qual

    possvel um grau de variao de determinados elementos do sistema sem resultar na sua

    desestabilizao. Os critrios de margem de ganho e margem de fase so uma definio

    mais adequada neste sentido, indicando a capacidade de robustez de sistemas MIMO.

    demonstrado em [28] que as margens de ganho e de fase para sistemas

    multivariveis so dadas respectivamente por

    001

    1

    1

    1

    MG

    (2.16)

    22

    22 0101

    senMFsen

    , (2.17)

    onde o parmetro calculado por

    )()(min0

    jKjGI . (2.18)

    A estabilidade do sistema garantida at estes limites definidos de margem, porm,

    se este limite for ultrapassado, o sistema no necessariamente se torna instvel [21].

    2.2 Procedimentos Duais para a Realizao do Mtodo LQG/LTR

    Existem duas formas de se proceder em relao ao projeto de um controlador

    robusto LQG/LTR dependendo da localizao das incertezas do modelo em relao planta,

    como j foi mencionado anteriormente nesta dissertao. Esses procedimentos so duais e

    devem, a princpio, resultar em desempenhos parecidos do sistema final em malha fechada.

  • 14

    Figura 2.3: Diagrama de blocos do sistema para a anlise da abertura da malha fechada do sistema controlado.

    A primeira forma de se proceder est associada matriz de transferncia

    cujas incertezas localizam-se na sada da planta. Sua malha aberta no ponto do diagrama

    de blocos da Figura 2.3, ou seja, no mesmo local em que esto localizadas as incertezas em

    relao a .

    No segundo caso, com as incertezas do modelo situadas na entrada da planta, a

    malha aberta no ponto indicado em . Desta forma, este procedimento est ligado matriz

    de transferncia .

    Nesta dissertao somente o segundo caso ser discutido, pois, devido ao mtodo

    escolhido para a reduo da ordem do modelo do sistema estudado, ser mais conveniente

    a representao das incertezas na entrada da planta. Dessa forma, primeiramente ser

    projetado um Regulador LQR para em seguida ser feito o projeto de um filtro de Kalman.

    2.3 O Regulador Linear timo Quadrtico (LQR)

    Considere um certo sistema de ordem representada em espao de estados pelas

    equaes

    )()(

    )()()(

    tCxty

    tButAxtx

    (2.19)

    onde o vetor de estados do sistema, e so respectivamente os

    seus vetores de controle e de sada. As matrizes , e tem dimenses compatveis e os

    pares e so controlvel e observvel, nesta ordem.

    -

  • 15

    Considere tambm o problema de controle timo que consiste na minimizao do

    ndice de desempenho que definido por

    0

    dtuRuxQxJc

    T

    c

    T, (2.20)

    onde as matrizes e

    so dadas por

    CCQ Tc , 0

    T

    ccQQ , (2.21)

    mxmcIR , 0 . (2.22)

    A soluo que minimiza o ndice de desempenho da Equao (2.20) dada por

    )()(* txKtuc

    , (2.23)

    onde a matriz de ganhos do regulador LQR. Esta matriz calculada por

    PBK Tc

    1 , (2.24)

    onde a matriz simtrica a nica soluo positiva definida da seguinte Equao

    Algbrica de Riccati (EAR)

    01 c

    T

    c

    T QPBRBPPAPA . (2.25)

    Ento, atravs das Equaes (2.19) a (2.24), observa-se que possvel a obteno do

    sinal timo de controle a partir das matrizes , e que representam o sistema a ser

    controlado.

    2.4 O Filtro de Kalman

    Admita-se um sistema como o da Equao (2.19) com o acrscimo de alguns termos

    como mostrado abaixo

    )()()(

    )()()()(

    ttCxty

    ttButAxtx

    (2.26)

    sendo que a matriz de entrada dos rudos existentes no processo, o

    vetor que contm estes rudos e o vetor dos rudos de medio do sinal de

  • 16

    sada. Ambos os vetores mencionados supostamente so rudos brancos, gaussianos e

    independentes entre si, tal que

    0)( tE (2.27)

    )()()( tQtEO

    T (2.28)

    0)( tE (2.29)

    )()()( tRtEf

    T (2.30)

    onde o valor esperado dos processos estocsticos, a matriz de

    intensidade do rudo no estado e a matriz de intensidade do rudo na medida.

    Estas matrizes so respectivamente positiva semi-definida e positiva definida, e dadas por

    mxmOIQ

    , (2.31)

    pxpfIR , 0 . (2.32)

    A Figura 2.4 apresenta a estrutura do Filtro de Kalman. A partir dela, pode-se verificar

    que se pode represent-lo atravs das equaes

    )()(

    )()()()()(

    txCty

    txCtyKtButxAtxF

    (2.33)

    onde a matriz de ganhos do filtro de Kalman, que dada por

    1f

    T

    FRCK . (2.34)

    Figura 2.4: Diagrama de blocos do Filtro de Kalman.

  • 17

    A matriz simtrica a nica soluo positiva definida da seguinte Equao

    Algbrica de Riccati

    01 ff

    TT QCRCAA (2.35)

    onde

    T

    OfQQ . (2.36)

    Comparando-se as Equaes (2.34) e (2.35) com as Equaes (2.24) e (2.25), percebe-

    se que o Filtro de Kalman e o Regulador LQR so duais entre si, sendo possvel se obter

    relaes anlogas mediante uma simples correspondncia de parmetros, conforme

    mostrada na Tabela 2.1.

    LQR Filtro

    Tabela 2.1: Parmetros duais do Regulador LQR e do Filtro de Kalman.

    Diante da analogia estabelecida na Tabela acima, ento se pode assegurar que o

    Filtro de Kalman possui as mesmas propriedades de estabilidade e robustez que o Regulador

    LQR possui.

    A estimativa gerada pelo Filtro tima no sentido de que ela minimiza a varincia do

    erro de estimao, ou seja,

    n

    i

    iitxtxE

    1

    2)()(min . (2.37)

  • 18

    2.5 O Mtodo LQG/LTR

    Pode-se definir o controlador linear quadrtico Gaussiano (LQG), de maneira bsica,

    como uma combinao de um regulador linear timo quadrtico (LQR) e um Filtro de

    Kalman, sendo que este ltimo atua como um estimador dos estados necessrios para o

    pleno funcionamento do primeiro, ou seja, a soluo da Equao (2.23) possvel com a

    utilizao dos dados estimados na Equao (2.33).

    A partir das Equaes citadas acima, pode-se obter a expresso que relaciona a sada

    U(s) e a entrada Y(s) do controlador LQG no domnio da freqncia, que dada por

    )()( 1 sYKCKBKAsIKsUffCC

    . (2.38)

    Como j observado nesta dissertao, a existncia de dualidade entre os projetos de

    um regulador LQR e um Filtro de Kalman proporciona ao projetista duas maneiras distintas

    de projeto. Uma vez que este trabalho trata de um sistema o qual, por suas caractersticas

    intrnsecas, melhor analisado posicionando-se as suas incertezas multiplicativas na entrada

    da planta, ento primeiro ser feito o projeto do regulador LQR. Somente depois de

    concludo este primeiro passo, ser projetado o Filtro de Kalman com algumas

    especificidades para que a funo de transferncia de malha aberta do sistema controlado

    recupere aproximadamente as caractersticas de resposta em frequncia desejadas,

    conhecido como Target Feedback Loop [13].

    2.5.1. Projeto do Regulador Linear Quadrtico (LQR)

    A matriz de transferncia do regulador LQR dada por

    BKsGCLQR)( (2.39)

    sendo que 1)( AsI . Os ganhos deste regulador, definidos de acordo com a Equao

    (2.10), satisfazem a seguinte relao que derivada a partir da chamada Identidade de

    Kalman [29] e da aplicao de propriedades de dualidade:

    BHsGIiLQRi

    21

    1)(

    . (2.40)

  • 19

    Dado que a regio de frequncias onde se exige bom desempenho do sistema

    aquela em que 1)( sGLQRi

    , pode-se ento aproximar esta equao da seguinte forma

    BHsGiLQRi

    1

    )( (2.41)

    Os parmetros de projeto e devem ser ajustados de modo que as curvas de

    resposta em frequncia dos ganhos principais de tenham as caractersticas

    desejadas para um sistema controlado em malha aberta, isto , altos ganhos nas baixas

    freqncias e baixos ganhos nas altas freqncias, alm de equalizao de ganhos e uma

    freqncia de crossover apropriada.

    A determinao desses parmetros feita com auxlio das Equaes (2.21)-(2.22), e

    (2.24)- (2.25). Aplicando-as corretamente, encontram-se valores adequados para e . O

    parmetro basicamente utilizado para o ajuste da frequncia de crossover.

    2.5.2. Projeto do Filtro de Kalman

    Para completar o projeto do controlador LQG/LTR necessrio o projeto de um Filtro

    de Kalman com o intuito de atuar como um estimador de estados para o regulador LQR

    projetado anteriormente.

    O projeto do Filtro de Kalman deve ter o cuidado de fazer com que as curvas de

    resposta em frequncia do sistema controlado tenham caractersticas semelhantes s

    respectivas curvas de . Essa ao chamada de Loop Transfer Recovery (LTR).

    Esses objetivos de ao do Filtro de Kalman so alcanados atravs do uso das

    Equaes (2.31), (2.33) e (2.34), alm da seguinte expresso:

    TT

    fBBqBBQ 2 (2.42)

    onde denominado parmetro de recuperao do sistema.

    A Equao (2.42) constitui a principal diferena entre o projeto do Filtro de Kalman

    para um controlador LQG/LTR e um projeto convencional, no qual utilizada a Equao

    (2.36). A incluso da parcela com permite que as caractersticas desejadas para

  • 20

    Figura 2.5: Diagrama de blocos do controlador K(s).

    sejam recuperadas aps a adio do Filtro de Kalman, sendo que quanto maior o valor do

    parmetro de recuperao ( ), melhor ser o rastreamento obtido no projeto.

    O controlador LQG/LTR possui ento a matriz de transferncia dada abaixo e o seu

    diagrama de blocos mostrado na Figura 2.5.

    ffCCKCKBKAsIKsK 1)()( . (2.43)

    2.5.3. Adio de Integradores

    Uma dificuldade comumente encontrada durante o projeto de um controlador

    LQG/LTR a grande diferena existente entre os ganhos principais )( jG e )( jG .

    Esta caracterstica indica a presena de acoplamento entre os diversos canais do sistema,

    logo desejvel que os ganhos principais, superior e inferior, do sistema a ser controlado

    sejam os mais prximos possveis entre si. Deve-se, portanto, adicionar integradores ao

    sistema, de modo a solucionar o problema mencionado.

    Convm mencionar que a adio de integradores faz com que os ganhos do sistema

    sejam grandes em frequncias muito baixas. Desse modo, este processo de adio de

    integradores torna-se inerente ao projeto de controladores LQG/LTR.

    Os integradores devem ser posicionados de maneira oposta s incertezas do sistema,

    em relao planta . Como j foi explicado, este trabalho representa as incertezas do

    sistema na sua entrada, logo os integradores devem ser posicionados na sada do modelo,

    conforme indicado na Figura 2.6.

    -1

  • 21

    Figura 2.6: Modelo do sistema com incertezas na sua entrada e

    integradores na sada.

    Aps a adio dos integradores, a representao em espao de estados do sistema

    aumentado assume a seguinte forma

    i

    mpxn

    mxmimxm

    nxm

    i

    x

    xIy

    uB

    x

    x

    C

    A

    x

    x

    0

    00

    0

    . (2.44)

    e sua matriz de transferncia correspondente dada por

    BAsICsGsGs

    Im 1)()()( . (2.45)

    2.5.4. Equalizao de Ganhos em Todas as Frequncias

    Em termos gerais, exigido que um controlador tenha ganho inferior alto em baixa

    frequncia e ganho superior baixo em alta frequncia, bem como uma frequncia de

    crossover compatvel com o sistema. Tais exigncias se aplicam em sistemas SISO e MIMO,

    porm os ganhos superiores e inferiores de um sistema SISO so os mesmos. Contudo, em

    sistemas MIMO, os ganhos superiores e inferiores devem ser prximos para evitar o

    acoplamento.

    Durante o projeto do Regulador LQR, pode-se adaptar as caractersticas da curva de

    resposta em frequncia de de acordo com o desejado atravs da escolha de valores

    adequados de e , de acordo com o que j foi descrito anteriormente neste texto.

  • 22

    No caso de sistemas MIMO, porm, a equalizao de ganhos em todas as frequncias

    necessria para desacoplar o sistema. Assim, a matriz de transferncia de malha aberta

    procurada para o sistema controlado uma matriz diagonal com todos os

    elementos iguais.

    Este novo objetivo incorporado ao projeto de , atravs de uma escolha

    adequada de valores para o parmetro de projeto . Na literatura existem vrias dedues

    para a determinao deste parmetro com o intuito de equalizar os ganhos principais do

    sistema nas baixas freqncias e/ou nas altas freqncias, porm sem equalizar referidos

    ganhos na faixa de freqncias intermedirias. Nesta dissertao ser abordado somente o

    mtodo que usado para equalizar os ganhos do sistema em todas as frequncias [6]. A

    partir deste momento passar a ser chamado de , ou seja,

    BAsIHsTROL

    11)(

    . (2.46)

    A partir da Equao (2.44), que inclui os integradores adicionados ao sistema

    estudado, pode-se reescrever a Equao (2.46) como

    pxmm

    nxmn

    ROL

    B

    sIC

    AsIHHsT

    0

    01)(

    1

    21

    , (2.47)

    que ao ser desenvolvida resulta em.

    pxmmn

    nxmn

    ROL

    B

    s

    I

    s

    AsIC

    AsI

    HHsT0

    01

    )( 1

    1

    21

    (2.48)

    e finalmente em

    B

    s

    AsICHBAsIHsT n

    nROL

    1

    2

    1

    1

    1)(

    . (2.49)

    O objetivo determinar o parmetro de modo que os ganhos de em todas

    as frequncias estejam equalizadas. O modo mais fcil fazer com que seja uma

    matriz diagonal com elementos iguais. Uma matriz que cumpre tal funo dada por

    111221 BCACAHHH . (2.50)

  • 23

    Substituindo-se a Equao (2.50) na Equao (2.49) obtm-se o seguinte resultado

    para a matriz de transferncia

    s

    IsT

    ROL

    1)( . (2.51)

    Ou seja, torna-se uma matriz diagonal com todos os termos iguais, o que significa

    que todos os seus ganhos so iguais a

    11. (2.52)

    As Equaes (2.51)-(2.52) demonstram que todos os valores singulares so idnticos

    em todas as frequncias, com os ganhos do sistema apresentando declividade de

    . Dessa forma so garantidos ganhos altos em baixa frequncia e ganhos baixos

    para frequncias elevadas. Estas frmulas tambm indicam que o valor de pode ser

    variado de forma a transladar a curva de resposta em frequncia para cima ou para baixo,

    fazendo o ajuste de maneira bastante simples da frequncia de crossover conforme a

    convenincia e praticidade.

    Com a equalizao dos ganhos do sistema garantida em todas as frequncias, o

    projeto deve prosseguir de acordo com o mostrado nas Sees 2.3 e 2.4 deste captulo,

    tomando a ateno de usar o sistema aps a incluso dos integradores, mostrado nas

    Equaes (2.44)-(2.45).

    Ao final do projeto, o controlador LQG/LTR representado em espao de estado

    pelas equaes

    xKu

    yKxCKKBAx

    C

    ffC

    (2.53)

    e sua matriz de transferncia dada por

    ffCC

    KCKKBAsIKsK1

    )(

    . (2.54)

  • 24

    A representao em espao de estados do sistema controlado dada pela

    seguinte expresso:

    x

    xCy

    RfI

    uBx

    x

    A

    CKCKKBA

    x

    x

    m

    ffC

    00

    00

    0

    . (2.55)

    2.6 Concluses

    Neste captulo procurou-se apresentar de maneira resumida os principais

    procedimentos necessrios para a realizao de um projeto de controlador LQG/LTR para

    sistemas do tipo MIMO.

    Os principais pontos abordados foram os projetos do Regulador LQR e do Filtro de

    Kalman, porm tambm foram abordados aspectos importantes como, por exemplo, a

    necessidade de desenvolver uma malha cuja resposta em frequncia deve ter assegurados

    vrios requisitos desejados no projeto, bem como a necessidade de fazer com que o sistema

    controlado use essa resposta como referncia.

    Foram tambm discutidas as tcnicas utilizadas para incluir os integradores ao

    sistema analisado e para a equalizao dos ganhos da planta. Tais procedimentos tem suma

    importncia no que diz respeito ao bom funcionamento do controlador nas mais variadas

    faixas de frequncia, assim como no desacoplamento dos diversos canais do sistema.

    Quanto ao projeto do Regulador LQR, foi observado que os parmetros e podem

    ser alterados livremente, de acordo com as necessidades. Contudo, ao passo que pode ser

    variado do modo que convir, o parmetro deve obedecer certas equaes para a

    obteno da equalizao dos ganhos do sistema em todas as frequncias.

    Durante o projeto do Filtro de Kalman, o parmetro de recuperao pode ser

    escolhido, sendo que quanto maior for o seu valor, melhor ser a recuperao da curva de

    referncia pelo sistema controlado, porm h limites para esse aumento que sero

    comentados nos prximos Captulos.

  • 25

    Captulo 3: Compensadores Dinmicos

    Os compensadores dinmicos formam uma classe de controladores lineares que so

    projetados no espao de estados e que utilizam como sinais de entrada as sadas do sistema

    a ser controlado, ou seja, funcionam na base da realimentao de sadas, e dessa forma a

    sua implementao no requer a incluso de estimadores e/ou observadores de estados,

    como ocorre no caso das tradicionais tcnicas de posicionamento de plos por realimen-

    tao de estados. A desvantagem do uso desses compensadores que eles aumentam a

    ordem do sistema.

    Quando o sistema a ser controlado controlvel e observvel, os compensadores

    dinmicos so capazes de posicionar arbitrariamente os plos do referido sistema. Assim

    sendo, eles podem ser usados para estabilizar sistemas instveis e/ou melhorar o desem-

    penho dinmico de sistemas que possuam plos de malha aberta estveis, porm com baixo

    fator de amortecimento.

    No contexto do projeto de controladores robustos do tipo LQG/LTR, sabido que

    esses controladores garantem a estabilidade do sistema controlado em malha fechada,

    mesmo que em malha aberta referido sistema seja instvel.

    Ocorre que quando esses controladores so aplicados em sistemas que possuem

    plos instveis prximos do eixo imaginrio do plano-s, o comportamento transitrio do

    sistema controlado apresenta oscilaes mal amortecidas.

    Isso acontece porque os zeros de transmisso dos controladores do tipo LQG/LTR s

    cancelam perfeitamente os plos estveis do sistema controlado. Quando o sistema possui

    plos instveis, os zeros de transmisso do controlador LQG/LTR correspondentes a esses

    plos so posicionados simetricamente em relao ao eixo imaginrio. Ao fechar-se a malha

    do sistema os plos instveis so atrados pelos seus zeros de transmisso respectivos, no

    semi-plano esquerdo (estvel). Ocorre que ao serem atrados, os plos instveis apenas se

    aproximam dos referidos zeros de transmisso, mas o cancelamento perfeito dos polos no

    acontece. Por isso tudo, os plos instveis do sistema so estabilizados, mas ficam situados

    em posies pouco amortecidas.

  • 26

    Para superar a dificuldade apresentada, uma sada estabilizar previamente o

    sistema instvel a ser controlado, antes de se projetar o controlador LQG definitivo. Para a

    realizao dessa estabilizao prvia uma boa opo o uso de um compensador dinmico,

    j que este tipo de controlador capaz de reposicionar arbitrariamente os plos do sistema.

    Os compensadores dinmicos podem ser usados para estabilizar e/ou controlar sem

    maiores dificuldades sistemas SISO e MIMO, indistintamente.

    3.1 Determinao da Ordem do Compensador Dinmico

    Considere o sistema linear MIMO representado por

    )()(

    )()()(

    tCxty

    tButAxtx

    (3.1)

    onde o vetor de estados do sistema, o vetor de sada e o vetor

    de entrada, e cuja matriz de transferncia dada por

    BAsICsG 1)( . (3.2)

    A ordem mnima de um compensador dinmico capaz de reposicionar arbitraria-

    mente os plos desse sistema linear dada pela seguinte relao [29]

    1,min occdnnn , (3.3)

    onde e so respectivamente os ndices de controlabilidade e de observabilidade do

    sistema.

    O ndice de controlabilidade o menor nmero inteiro que satisfaz a relao

    nBAABBrank cn 1 (3.4)

    enquanto que o ndice de observabilidade o menor nmero inteiro que satisfaz

    n

    CA

    CA

    C

    rank

    on

    1

    . (3.5)

  • 27

    Com a incluso do compensador dinmico, a ordem do sistema controlado torna-se

    igual a

    cdCDGnnn

    . (3.6)

    3.2 Alocao de Plos

    O problema referente alocao de plos pode ser tratado de maneiras diferentes

    dependendo do objetivo de cada projeto. Nesta dissertao, a meta principal estabilizar o

    sistema antes de se comear a projetar um controlador LQG/LTR. Sendo assim, os nicos

    modos que devem sofrer alocaes so aqueles cujos posicionamentos causam instabilidade

    ao sistema, ou seja, os plos posicionados direita do eixo imaginrio do plano- . Desta

    maneira, considerando-se um sistema de ordem com plos , , a determinao

    do novo posicionamento de plos desejados para o sistema definida por

    inovoi

    , (3.7)

    caso seja um plo estvel, e

    iinovoi Re2 , (3.8)

    caso seja um plo instvel.

    A Equao (3.8) mostra que a alocao feita mudando-se somente a parte real de

    cada modo instvel, tornando-o negativo, porm mesma distncia do eixo imaginrio. Este

    esforo o suficiente para tornar o sistema estvel, e dessa maneira melhorar o

    desempenho do controlador LQG/LTR a ser projetado em uma etapa posterior.

    Vale ressaltar, porm, que a ordem do sistema aumenta de acordo com a ordem do

    compensador dinmico projetado, ou seja, o sistema compensado possui um nmero de

    novos plos. Estes plos devem ser escolhidos arbitrariamente durante o projeto de modo

    que sejam modos estveis e rpidos, ou seja, bem distantes do eixo imaginrio.

    O polinmio caracterstico do modelo descrito pelas Equaes (3.1)-(3.2) em malha

    aberta dado por

    01

    1

    1)( asasasAsIsa n

    n

    n

    . (3.9)

  • 28

    Pode-se afirmar que a principal funo de um compensador dinmico atuar de

    modo a alterar o polinmio caracterstico do sistema, adaptando-o com o intuito de obter os

    novos plos desejados, ou seja, ser criado um novo polinmio caracterstico que possua as

    razes estipuladas nas Equaes (3.7)-(3.8), alm dos plos arbitrados para o compensador.

    Esse polinmio caracterstico desejado obtido atravs da seguinte equao

    )()()()(21 cdnn

    ssssp

    . (3.10)

    3.3 Descrio Matemtica dos Compensadores Dinmicos

    A representao em espao de estados de um compensador dinmico definida

    pelas equaes

    )()()(

    )()()(

    tyJtzHtv

    tyGtzFtz

    (3.11)

    e sua matriz de transferncia dada por

    JGFsIHsGcd

    1)()( . (3.12)

    Fica ntido pela Equao (3.11) que o sinal de sada do sistema atua como sinal de

    entrada do pr-estabilizador. A Figura 3.1 apresenta a configurao de um compensador

    dinmico conectado a um sistema MIMO.

    Figura 3.1 - Diagrama de blocos de um sistema com um pr-compensador dinmico.

    B

    Compensador Dinmico

  • 29

    A determinao das matrizes , , e com as quais o sistema com compensador

    dinmico possui um polinmio caracterstico como o da Equao (3.10) feita atravs de

    uma srie de equaes matriciais que so descritas em [29], e cuja formulao computa-

    cional pode ser encontrada em [30].

    Aps a incluso do compensador dinmico no sistema , a representao em

    espao de estados do sistema pr-estabilizado assume a seguinte forma:

    z

    xCy

    uB

    z

    x

    FGC

    BHBJCA

    z

    x

    cd

    cd

    pxn

    xmn

    0

    0

    . (3.13)

    3.4 Concluses

    Este captulo apresentou resumidamente uma parte da teoria em que se baseiam os

    projetos de compensadores dinmicos, dispositivos muito usados quando o sistema precisa

    ser estabilizado por qualquer razo.

    Nesta dissertao abordado o fato do controlador LQG/LTR ter dificuldade para

    garantir o bom desempenho em sistema que possuam modos instveis muito prximos do

    eixo imaginrio, logo a pr-estabilizao destes plos se faz necessria.

    Foi mostrado como determinada a ordem do compensador e tambm o polinmio

    caracterstico que o sistema compensado deve ter. importante destacar o fato do

    compensador dinmico ter como sinal de entrada a prpria sada do sistema, o que torna a

    sua implementao mais fcil.

    Destaca-se tambm que a ordem de um compensador dinmico costuma ser

    significativamente menor que a de controladores que usam realimentao de estados

    estimados, que tambm poderiam realizar a alocao de plos. Como o objetivo principal

    deste trabalho centrado na reduo de ordem do sistema controlado, a escolha de se

    utilizar um compensador para a pr-estabilizao do sistema a ser controlado natural.

  • 30

    Captulo 4: Aplicao do Projeto de Controlador Robusto LQG/LTR para um

    Sistema Multivarivel com Reduo de Ordem de Modelo com

    Variveis Desacopladas

    O projeto de controladores pelo mtodo LQG/LTR constitui uma das tcnicas mais

    consagradas na literatura de controle robusto porque ela possui excelentes caractersticas,

    tais como, por exemplo, o fato de ser aplicvel a sistemas dos tipos SISO e MIMO, de

    garantir a estabilidade do sistema controlado em malha fechada, e de proporcionar ao

    sistema controlado grandes margens de ganho e de fase. Na realidade, as nicas limitaes

    de ordem geral impostas por esta metodologia so as de que o sistema a ser controlado seja

    linear e de fase mnima.

    No obstante essas boas caractersticas, medida que se trabalha com este tipo de

    controlador, aplicado em diferentes tipos de sistemas, vez por outra surgem algumas

    dificuldades. Uma delas, que foi explicitada no captulo anterior, diz respeito s oscilaes

    transitrias que plos originalmente instveis do sistema controlado em malha aberta

    podem causar nos sinais de sada do sistema, mesmo aps eles serem estabilizados em

    malha fechada com a presena do controlador LQG/LTR. Essas oscilaes podem ser

    eliminadas mediante a estabilizao prvia do sistema instvel a ser controlado, que pode

    ser feita atravs de tcnicas de posicionamento de plos mediante o uso de compensadores

    dinmicos.

    Esta dissertao, contudo, visa estabelecer uma soluo para outro obstculo que

    pode atrapalhar e at mesmo inviabilizar o projeto do tipo LQG/LTR: a ordem que este

    controlador pode alcanar. Por ser basicamente uma combinao das tcnicas de um

    regulador LQR e um Filtro de Kalman, este controlador costuma ter, a priori, ordem igual

    do sistema a ser controlado, ou seja, para controlar um sistema de 10 ordem, o regulador

    LQG/LTR tambm ser de 10 ordem. Se considerarmos, porm, que em projetos de

    controladores robustos normalmente so introduzidos integradores ao sistema, e outros

    dispositivos para auxiliar no controle, como eventualmente um compensador dinmico, pr-

    estabilizador, ento a ordem do controlador e, consequentemente, do sistema controlado

    final torna-se bastante elevada.

  • 31

    Diante de tal problema, bastante imediato tentar obter um modelo de ordem

    reduzida do modelo do sistema para o projeto do controlador, porm necessrio ter

    cuidado com a forma escolhida de reduo de modelo. Em [14] so mostrados vrios tipos

    diferentes de tcnicas que podem ser utilizadas com tal fim. Se for escolhida uma tcnica

    qualquer, ela pode mostrar-se bastante complexa dependendo do sistema ao qual ela

    aplicada, podendo ser mesmo ineficaz.

    A reduo do modelo feita principalmente com o objetivo de simplificar projetos e

    as exigncias quanto s caractersticas que o sistema de ordem reduzida deve ter pode

    variar de um projeto para outro, mas em geral deseja-se que os ganhos do sistema reduzido

    sejam aproximadamente iguais ao modelo original, principalmente em baixas frequncias,

    onde esses ganhos devem ser grandes para manter a robustez do sistema.

    Este captulo descreve o projeto de um controlador robusto do tipo LQG/LTR para um

    sistema MIMO, fazendo uso de uma tcnica de reduo da ordem de modelos de sistema. A

    eficcia desse mtodo de reduo ser analisada atravs da observao do desempenho do

    sistema controlado mediante excitao e tambm fazendo comparaes com o mesmo

    projeto feito na forma padro, com o sistema original sendo utilizado.

    4.1 Descrio do Sistema a Ser Controlado

    Basicamente as tcnicas de reduo de ordem de modelos procuram desprezar o

    efeito que as variveis de estados associadas a modos no-dominantes causam no resto do

    sistema. Esta dissertao prope uma tcnica com a mesma proposta, mas que

    implementada de forma bastante simples, sendo aplicvel somente a uma classe especfica

    de sistemas MIMO.

    A classe de sistema qual a tcnica mencionada pode ser aplicada tem que possuir as

    seguintes caractersticas:

    O sistema deve possuir variveis de estado que no influenciem diretamente nas

    sadas do sistema;

    Estas variveis no devem sofrer influncia de nenhuma das outras variveis do

    sistema ou entre si, sendo que a derivada de qualquer uma delas depende

    somente da prpria varivel associada;

  • 32

    As variveis de estado com as caractersticas citadas anteriormente devem ser

    associadas a plos estveis no-dominantes do sistema, caso esses plos sejam

    instveis ou dominantes, a reduo atravs do mtodo que ser apresentado

    provavelmente se mostrar ineficaz.

    Se o modelo analisado possuir todas as caractersticas acima, ento as variveis

    mencionadas, as quais podem ser ditas como desacopladas do restante do sistema, podero

    ser desprezados para efeito de projeto. Ou seja, o nmero de variveis desacopladas

    determinar a extenso da reduo do modelo utilizando o mtodo proposto neste texto.

    O sistema de teste utilizado nesse projeto pode ser encontrado em [22] e descreve o

    comportamento de um avio do tipo Canard quanto ao seu ngulo de ataque, definido como

    o ngulo entre o eixo do avio e a direo de seu movimento. Este sistema representado

    atravs da equao

    )()(

    )()()(

    txCty

    tuBtxAtx

    ppp

    ppppp

    (4.1)

    e sua matriz de transferncia dada por

    pppp

    BAsICsG1

    )(

    (4.2)

    sendo a tripla de matrizes que representa este sistema mostradas a seguir:

    0000.3000000

    00000.300000

    0000000.100

    3960.226040.310009.06316.27200.110123.0

    0050.01708.00007.09831.08997.10001.0

    7626.02509.30900.328970.186170.360226.0

    pA , (4.3a)

    300

    030

    00

    00

    00

    00

    pB

    e, (4.3b)

    001000

    000001pC . (4.3c)

  • 33

    Observa-se que o sistema considerado de 6 ordem e possui duas entradas e duas

    sadas. Os ganhos principais deste sistema so mostrados na Figura 4.1. Numa rpida anlise

    observando-se a configurao da Equao (4.1) e as matrizes da Equao (4.3), pode-se

    afirmar que o vetor de estados do sistema possui duas variveis ( e ) que no sofrem

    interferncias das outras variveis do sistema, e que elas no influenciam diretamente as

    sadas do sistema. Seus efeitos so apenas indiretos, atravs das outras variveis do sistema.

    O sistema possui apenas um zero de transmisso, em , e portanto ele

    de fase mnima. J os plos deste sistema so os seguintes

    30

    2484.06899.0

    6757.5

    2580.0

    6,5

    4,3

    2

    1

    j . (4.4)

    Figura 4.1: Ganhos principais do sistema .

    10-3

    10-2

    10-1

    100

    101

    102

    103

    -140

    -120

    -100

    -80

    -60

    -40

    -20

    0

    20

    40

    Frequencia angular (rad/s)

    dB

    Ganhos Principais de Gp(s)

  • 34

    Observa-se ento que, de fato, as variveis desacopladas, e , esto associadas a

    plos estveis no-dominantes posicionadas em . Por tudo isso, o sistema atende as

    caractersticas requeridas para que a reduo do seu modelo seja feita de uma forma direta.

    Vale destacar ainda a presena de dois modos instveis, e , muito prximos do

    eixo imaginrio, o que compele ao projeto de um pr-compensador estabilizador, pelos

    motivos discutidos no captulo anterior.

    Um outro sistema, com caractersticas bastante parecidas com o analisado neste

    projeto, pode ser encontrado em [23] onde o modelo descreve o comportamento de avies

    do tipo F-15.

    4.2 Obteno do Modelo Reduzido

    O sistema descrito nas Equaes (4.1) (4.3) satisfaz as caractersticas procuradas

    para a aplicao do mtodo de reduo de ordem de sistema apresentado a seguir.

    Primeiramente, as matrizes que representam o modelo sero particionadas de modo

    a isolar as variveis desacopladas deste sistema, como mostrado abaixo:

    d

    d

    xp

    p

    x

    d

    d

    xd

    d

    x

    x

    Cy

    u

    Ix

    x

    I

    AA

    x

    x

    221

    2

    24

    242

    1211

    0

    30

    0

    300

    . (4.5)

    Desse modo, a tripla de matrizes da Equao (4.3) dever ser dividida conforme

    indicado a seguir:

    0000.3000000

    00000.300000

    0000000.100

    3960.226040.310009.06316.27200.110123.0

    0050.01708.00007.09831.08997.10001.0

    7626.02509.30900.328970.186170.360226.0

    pA , (4.6a)

  • 35

    300

    030

    00

    00

    00

    00

    pB

    e, (4.6b)

    001000

    000001pC . (4.6c)

    Na Equao (4.5), as variveis denominadas por e sua respectiva derivada esto

    associadas s variveis desacopladas do restante do sistema, assim sendo, a sada no

    depende de . Pode-se tambm fazer a seguinte relao.

    pdduIxIx 22 3030 . (4.7)

    Como est associada a modos no-dominantes e que, consequentemente, atuam

    de modo rpido, esta derivada pode ser considerada nula

    0dx ,

    (4.8)

    ou seja,

    pdux ,

    (4.9)

    e ento o diagrama de blocos que representa o sistema pode ser redesenhado de acordo

    com a Figura 4.2. As variveis associadas aos modos mais rpidos esto destacadas neste

    diagrama, de modo a revelar que, ao ser feita a aproximao indicada na Equao (4.9),

    estas variveis podero ser desprezadas.

    Destaca-se que o bloco que representa as variveis a serem desprezadas no modelo

    de ordem reduzida fica na entrada do restante do sistema. Esta particularidade determi-

    nante no posicionamento das incertezas multiplicativas do modelo de ordem reduzida a ser

    obtido.

    Figura 4.2: Diagrama de blocos de com o destaque das variveis

    do restante do sistema.

  • 36

    Percebe-se pelas matrizes da Equao (4.6) que, a partir do momento que o bloco

    referente as variveis desacopladas for desprezado, o modelo reduzido ser de 4

    ordem com a seguinte representao

    pp

    ppp

    xy

    uxx

    1000

    0001

    00

    3960.226040.31

    0050.01708.0

    7626.02509.3

    00000.100

    0009.06316.27200.110123.0

    0007.09831.08997.10001.0

    0900.328970.186170.362226.0

    (4.10)

    cuja matriz de transferncia associada dada por

    pppp BAsICsG1)()( , (4.11)

    onde a tripla de matrizes , e so iguais a , e , respectivamente.

    Figura 4.3: Comparao dos ganhos do sistema original aos do sistema reduzido.

    10-3

    10-2

    10-1

    100

    101

    102

    103

    -140

    -120

    -100

    -80

    -60

    -40

    -20

    0

    20

    40

    Frequencia angular (rad/s)

    dB

    Ganhos Principais: Gp(s) X G

    r(s)

    Ganhos Principais de Gp(s)

    Ganhos Principais de Gr(s)

  • 37

    A Figura 4.3 apresenta a comparao dos ganhos do sistema original com os ganhos

    principais do sistema reduzido. Observa-se que a aproximao bastante precisa em baixas

    frequncias, faixa de maior interesse na maioria de projetos de controle. A preciso comea

    a ser perdida a partir da freqncia de .

    4.3 Pr-Estabilizao do Sistema Reduzido

    Aps a reduo do modelo do sistema, os dois plos localizados em so

    desconsiderados, sobrando ento quatro modos. Contudo, j foi percebida a presena de

    dois modos instveis em , muito prximos do eixo imaginrio do

    plano- , o que compele o projeto de um compensador dinmico para estabilizar o sistema

    com a realocao destes modos instveis. A Figura 4.4 explicita graficamente a situao dos

    modos do sistema reduzido.

    Figura 4.4: Plos de .

    No Captulo 3 desta dissertao foi feito um resumo de como proceder para o projeto

    de um compensador dinmico. Com o auxlio do software MATLAB, foi feito o clculo dos

    ndices de controlabilidade e observabilidade do sistema reduzido, tendo-se obtido

    . Desse modo, de acordo com a Equao (3.3), a ordem do compensador

    0

    0

    Plos do Sistema Reduzido

    Re

    Im

  • 38

    dinmico para pr-estabilizar a planta . Destaque-se que, caso o compensador

    fosse projetado com o modelo original do sistema , ele seria de 2 ordem.

    Como o compensador de 1 ordem, logo ele contribui com um novo plo para o

    sistema. Este novo modo arbitrrio, e neste trabalho foi posicionado em , de

    maneira que ele no seja dominante. Considerando-se que e devem ser mantidos em

    suas posies originais, e que os modos instveis devem ser substitudos por

    , ento o polinmio caracterstico do sistema compensado igual a

    2981.64717.427219.866962.683134.15)( 2345 ssssssp . (4.12)

    O compensador dinmico que estabiliza o sistema com este polinmio caracterstico

    desejado representado pelas seguintes equaes

    yzv

    yzz

    01253.290

    06304.204

    3076.1

    9293.010

    011610.47

    4

    . (4.13)

    De acordo com a Equao (3.13), o sistema reduzido compensado representado por

    z

    xCy

    uB

    z

    x

    FCG

    HBCJBA

    z

    x

    p

    xc

    c

    x

    pp

    12

    21

    0

    0

    , (4.14)

    podendo ser reescrito como

    ccc

    ccccc

    xCy

    uBxAx

    (4.15)

    cuja matriz de transferncia correspondente dada por

    ccccBAsICsG 1)()( . (4.16)

    A Figura 4.5 mostra o posicionamento dos novos modos do sistema, indicando onde

    houve mudanas em comparao com a Figura 4.4. Destaca-se principalmente o fato do

    objetivo principal ter sido alcanado: alocar os modos instveis para uma posio simtrica

    na regio estvel do plano- .

  • 39

    Figura 4.5: Alocao de modos instveis e a criao de um novo em .

    Incluindo-se o compensador de 1 ordem projetado no sistema original, de 6 ordem,

    obtm-se a seguinte realizao

    d

    c

    xcc

    c

    x

    d

    c

    x

    cc

    d

    c

    x

    xCy

    uIx

    x

    I

    BA

    x

    x

    22

    2

    25

    252

    0

    30

    0

    300

    , (4.17)

    que pode ser compactada na seguinte forma

    ccc

    ccccc

    xCy

    uBxAx

    (4.18)

    cuja matriz de transferncia associada dada por

    ccccBAsICsG 1)()( . (4.19)

    0

    0

    Re

    Im

    Plos do Sistema Reduzido com Compensador

  • 40

    A Figura 4.6 apresenta os ganhos principais dos sistemas original e reduzido aps a

    introduo do pr-compensador dinmico estabilizador de 1 ordem que foi projetado.

    Como j observado na comparao sem a pr-estabilizao, a aproximao por um modelo

    reduzido no causa diferenas nas baixas frequncias, sendo que apenas por volta de

    essa impreciso passa a ser significativa na simulao realizada.

    4.4 Projeto do Controlador LQG/LTR de Ordem Reduzida

    A partir do momento em que o modelo do sistema a ser controlado est reduzido e

    estabilizado, o projeto de controlador robusto LQG/LTR pode ser iniciado. Existem dois

    mtodos diferentes para a realizao deste projeto, e a escolha de qual deles deve-se utilizar

    depende somente da localizao das incertezas multiplicativas do modelo do sistema.

    Em geral a localizao dessas incertezas pode ser feita de modo arbitrrio, seguindo-

    se critrios de convenincia. Porm, no caso deste projeto, no qual as incertezas so

    10-3

    10-2

    10-1

    100

    101

    102

    103

    -140

    -120

    -100

    -80

    -60

    -40

    -20

    0

    20

    40

    Frequencia angular (rad/s)

    dB

    Ganhos Principais: Gc(s) X G

    cr(s)

    Ganhos Principais de Gc(s)

    Ganhos Principais de Gcr

    (s)

    Figura 4.6: Comparao dos ganhos aps a implementao do compensador dinmico de 1 ordem ao sistema original e ao sistema reduzido.

  • 41

    decorrentes da desconsiderao de algumas variveis do sistema, deve-se levar em conta

    que os elementos desprezados durante a obteno do modelo de ordem reduzida

    encontram-se na entrada da planta, conforme mostrado na Figura 4.2. Por este motivo, as

    incertezas do sistema devem ser necessariamente representadas na entrada de , e elas

    so descritas pela expresso que representa a dinmica ignorada durante a reduo do

    modelo

    230

    )( Is

    ssL

    . (4.20)

    O ganho da funo mostrado na Figura 4.7. Percebe-se que essas incertezas

    so mais significativas nas regies de baixas frequncias, e sendo assim elas podero

    influenciar fortemente no seu desempenho.

    Uma vez determinada a localizao das incertezas do modelo do sistema na entrada

    da planta, deve-se utilizar a verso do mtodo LQG/LTR que comea com o projeto de um

    regulador LQR, e em seguida feito o projeto de um Filtro de Kalman.

    10-3

    10-2

    10-1

    100

    101

    102

    103

    -90

    -80

    -70

    -60

    -50

    -40

    -30

    -20

    -10

    0

    10

    Frequencia angular (rad/s)

    dB

    Ganhos da Incerteza do Sistema

    Figura 4.7: Ganhos das Incertezas do Modelo.

  • 42

    4.4.1. Adio de Integradores na Sada da Planta

    O projeto de um controlador robusto do tipo LQG/LTR tem como primeiro passo, em

    geral, a adio de integradores ao sistema. Esta prtica apresenta como principais vantagens

    a garantia de altos ganhos em baixas frequncias e baixos ganhos em altas frequncias,

    auxiliando no desempenho e na robustez do sistema controlado. Alm disso, a adio de

    integradores possibilita a equalizao dos ganhos do sistema, diminuindo assim o

    acoplamento existente entre os seus diversos canais de entrada-sada.

    Devido opo de posicionamento das incertezas multiplicativas do modelo de

    ordem reduzida do sistema na entrada da planta, os integradores devem ser includos na sua

    sada. O diagrama de blocos da Figura 4.8 mostra o esquema desta tal configurao.

    O sinal de entrada dos integradores, conforme mostrado na Figura 4.8, o sinal de

    sada da planta , gerando o sinal , que basicamente a integral do sinal de sada do

    sistema.

    )()( 2 sYs

    IsY

    ii

    . (4.21)

    Considerando descrito na Equao (4.18) e a relao acima, o sistema com

    integradores representado pela seguinte realizao em espao de estados

    Figura 4.8: Diagrama de blocos aps a adio de integradores na sada do sistema e as incertezas multiplicativas na entrada.

  • 43

    i

    c

    xi

    i

    x

    c

    i

    c

    xc

    xc

    i

    c

    y

    xIy

    uB

    y

    x

    C

    A

    y

    x

    252

    2222

    25

    0

    00

    0

    (4.22)

    cujas matrizes so denotadas por , e . A sua matriz de transferncia correspondente

    obtida atravs da relao

    iiiiBAsICsG 1)()( . (4.23)

    Os ganhos principais do sistema, aps a adio dos integradores nas suas sadas, so

    apresentados na Figura 4.9.

    O grfico acima revela que a introduo de dois integradores s sadas da planta

    realmente acarretou um significante aumento dos ganhos principais do sistema nas baixas

    frequncias e uma considervel diminuio nas altas frequncias. Nota-se tambm uma

    menor distncia entre os ganhos principais, superior e inferior, do sistema, mesmo que de

    10-3

    10-2

    10-1

    100

    101

    102

    103

    -200

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    Frequencia angular (rad/s)

    dB

    Diagrama de Bode do Sistema com adiao de dois integradores: Gcr

    (s)*I2/s

    Figura 4.9: Ganhos principais de .

  • 44

    um modo ainda no satisfatrio para o desacoplamento total do sistema, que justamente

    a prxima etapa da realizao do projeto.

    4.4.2. Proje