contextualização do ensino-aprendizagem na disciplina de

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CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE CONSTRUÇÃO CIVIL ARTICULADA

EM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVO

MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES PARCHENPesquisadora - Centro de Estudos de Engenharia Civil/CESEC - Universidade Federal do Paraná/UFPR

[email protected]

SERGIO SCHEER Professor - Programa de Pós-Graduação em Construção Civil - Universidade Federal do Paraná/UFPR

[email protected]

CARLOS FREDERICO ALICE PARCHEN Professor - Departamento de Construção Civil - Universidade Federal do Paraná/UFPR

[email protected]

da Vinci, Curitiba, v. 4 , n. 1, p. 169-190, 2007170

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE CONSTRUÇÃO CIVIL ARTICULADA EM AMBIENTE VIRTUAL...

RESUMO Oprocessodeensino-aprendizagemarticuladoàstecnologiasdeinformaçãoeco-municação é um desafio se focado dentro de uma abordagem construtivista que possibilite um ensino crítico e desenvolva as competências exigidas para o perfil do profissional que atua na construção civil. Com este objetivo, a tecnologia educacional dispõe de ferramen-tas que podem intervir na comunicação existente no processo, estando subordinada à con-cepção, objetivos e estratégias educacionais. A utilização de tecnologias da informação na elaboração de material de apoio para complementação do processo ensino-aprendizagem nos cursos de graduação em Engenharia Civil mescla três áreas de conhecimento: educação, informática e construção civil. O artigo traz uma abordagem de contextualização baseada nos novos paradigmas de aprendizagem e na prática pedagógica, apresentando uma proposta experimentada para apoio da disciplina de Construção Civil do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná. Este trabalho foi desenvolvido e implementado em turmas participantes durante 2007. Com uso de tecnologia inovadora, um Ambiente Virtual de Aprendizagem Colaborativo foi a ferramenta selecionada para a construção do conheci-mento. Os conteúdos trabalhados são tópicos sobre Canteiros de Obras na Construção Civil com a aplicação dos princípios da Construção Enxuta e Tipologias Construtivas, destacado o caráter educacional de contextualização e complementação. Palavras-chave: Aprendizagem Colaborativa, Ambiente Virtual de Aprendizagem, Contextualização, Paradigmas de Aprendizagem.

ABSTRACT The teaching and learning processes using Information and Communication Tech-nology mechanisms continue to be a challenge, especially in a constructivism-based approach that permits a critical teaching process to develop competences demanded for a construction professional. With this aim, educational technology has tools that can intervene in the usual teaching and learning communication process. It is important to remember that this process must be subordinated to the conception, objectives and educational strategies. Moreover, the useof informationtechnologiestomakecomplementarydidacticmaterialsinordertohelptheteaching and learning process in construction engineering undergraduate courses mixes three knowledge areas: education, information and communication technology, and civil construc-tion engineering. This paper deals with a contextual teaching approach based on the so called ´new´ learning models and pedagogical practice. It presents a proposal to support complemen-tary activities in the discipline ´Civil Construction II´ of the Civil Engineering Undergraduate Course at the Federal University of Parana. This proposal continues under development and some pilot groups are running during 2007. The selected topic is construction sites with appli-cation of ´lean construction principles´ with intensive use of innovative technology in terms of collaborative virtual learning environment, and the contextualization approach. Key words: Collaborative Learning, Virtual Learning Environment, Contextualiza-tion, Learning Models.

da Vinci, Curitiba, v. 4 , n. 1, p. 169-190, 2007 171

MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES PARCHEN, SERGIO SCHEER E CARLOS FREDERICO ALICE PARCHEN

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE CONSTRUÇÃO CIVIL ARTICULADA EM AMBIENTE VIRTUAL

DE APRENDIZAGEM COLABORATIVO

MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES PARCHEN / SERGIO SCHEER / CARLOS FREDERICO ALICE PARCHEN

1 INTRODUÇÃO

Novas características de trabalho, que ressaltam o conteúdo intelectual e não se concentram apenas no manual, surgiram com a superação dos modelos de produção basea-dos nos princípios de Taylor e Ford. Este fato foi decorrente da busca da qualidade e produ-tividade através de novos paradigmas aplicados aos processos produtivos e a organização do trabalho, orientados por conceitos de produção enxuta, entre outros. Essa perspectiva em que o processo produtivo não está mais centrado em habilida-des manuais ou tarefas como no modelo fordista de saber segmentado, faz com que aspectos relativos à formação do profissional da indústria da construção civil, passem a ter maior rele-vância necessitando-se ampliar a base de educação para uma maior qualificação (CATTANI, 2001). O referido modelo institui um outro conceito de produção, fundamentado em uma divisão de trabalho menos acentuada, com maior integração das funções, com trabalho co-operativo, polivalente e multifuncional, entre outros aspectos. Desta forma, profissionais preparados para novas situações de trabalho onde a cooperação substitui a competição e por vezes o presencial pelo virtual, são exigidos pelo mercado de trabalho. A educação precisa então estar apta para responder ao desafio de preparar esses profissionais com um devido modelo de formação e atualização profissional. Paralelamente ao quadro descrito acima, uma dinâmica evolução tecnológica vem permitindo uma transformação no processo de ensino e conseqüentemente na aprendiza-gem. O acesso à Internet e a disseminação do uso do computador estão possibilitando mudar a forma de produzir, armazenar e transmitir a informação. Desta forma, trabalho e ensino colaborativo e contextualizado, interatividade, simulação, ação virtual sobre o objeto têm permitido o desenvolvimento de novos enfoques pedagógicos muito diferentes dos métodos instrucionais tradicionais (CATTANI, 2001). Uma nova cultura de aprendizagem através da criação de ambientes web com su-porte inteligente para facilitar o processo de colaboração através da produção e troca de conhecimentos (CRUZ et al., 2003). A aprendizagem em ambientes virtuais tem como meta a produção de conhecimento do ponto de vista tecnológico e psicopedagógico, e atendendo a LDB 9.394/96 que possibilitem a auto-aprendizagem apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação para o desenvolvimento do ensino da engenharia. A implantação do novo currículo dos cursos de Engenharia Civil preconizada nas Diretrizes Curriculares do Conselho Nacional de Educação - CNE 11/2002 - inclui a “neces-



sidade de se reduzir o tempo em sala de aula favorecendo o trabalho individual e em grupos de estudantes” em outros ambientes, podendo ser ambientes virtuais de aprendizagem. Nesta busca foi elaborada uma proposta para realização de uma experiência usando a plataforma Moodle instalada no CESEC, para um trabalho interativo e colaborativo com-posto por um grupo multidisciplinar, que analisou de forma compartilhada as possibilidades reais e os limites no uso das alternativas tecnológicas, examinando novas estratégias educa-cionais para as atividades da nova disciplina TC025 - Construção Civil II (novo currículo semestral) e da disciplina TC408 - Construção Civil e Arquitetura do Curso de Engenharia Civil da UFPR (currículo anual).

2 PARADIGMAS PEDAGÓGICOS

O processo de ensino-aprendizado deve contextualizar a teoria aproximando a vida acadêmica da realidade do trabalho e do cotidiano. Desta forma, não pode ser limitado à transmissão do conhecimento, mas deve ser incrementado de forma a levar à construção de competências que capacitem a tarefas intelectuais de concepção, estudo e organização neces-sárias ao futuro profissional (DELORS, 1998). Esta aprendizagem deve ser contextualizada, significativa e colaborativa. De acordo com a teoria da aprendizagem contextualizada, a aprendizagem ocorre somente quando o aluno processa novas informações ou conhecimentos que fazem sentido para ele em sua própria estruturação de referências, em seu mundo interior de memória, experiência e resposta (CRAWFORD, 2001). A aprendizagem significativa ocorre quando um novo conteúdo relaciona-se com conceitos já relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva do aluno e passa então a ser assimilado por este. O processo se inicia com o que é conhecido pelo aluno e o conhecimento vai sendo construído com o que é significativo para ele, porém cada estudante enxerga de forma diferente o significado no mesmo material explicitado (AUSUBEL, 1978). Quanto à aprendizagem colaborativa, o aluno tem a responsabilidade pelo próprio aprendizado e pela aprendizagem dos participantes do grupo, pois o conhecimento é cons-truído através da reflexão originada pela discussão em conjunto (FUKS et al., 2006). A troca deinformaçãoinduzointeresseeopensamentocríticopermitindoaosalunosresultadosmelhores do que se estivessem estudando sozinhos (CRAWFORD, 2001). O enfoque construtivista enfatiza a construção do novo conhecimento e manei-ras de pensar mediante exploração e manipulação de objetos e idéias, tanto abstratas como concretas. A aprendizagem colaborativa é uma atividade na qual aprendizes e professores constroem cooperativamente um modelo de conhecimento (AUSUBEL, 1978). Para que isso se torne possível, o processo colaborativo deve oferecer atividades nas quais esses aprendizes possam expor qualquer parte de seu modelo – incluindo suas suposições e pré-conhecimen-tos – para crítica por parte dos outros estudantes. Desta forma, as ferramentas utilizadas para dar suporte a estes ambientes podem ajudar aos alunos e professores a expressar, elaborar, compartilhar e entender suas criações. Novas abordagens na educação surgiram com o advento da mudança de paradigma na ciência, da necessidade de superar o pensamento newtoniano-cartesiano. Em decorrência, o ensino como produção de conhecimento veio propor o envolvimento do aluno no pro-



cesso educativo. Este desafio estimula os professores a buscarem uma práti-ca pedagógica que possa formar uma aliança e ser compatível com as mu-danças paradigmáticas da educação. Uma prática pedagógica que dê conta de todos esses atuais desafios exige uma inter-relação dessas aborda-gens da educação instrumentalizadaspela tecnologia inovadora. Servindo como instrumentos, o computador e a rede de informações aparecem como suportes relevantes na proposição de uma ação docente inovadora, apre-sentada na Figura 1 pela conjunção, interconexão e inter-relacionamento destes pressupostos teóricos (BEHRENS, 2005). Na abordagem da visão holística ou sistêmica está a superação da fragmentação do conhecimento, o resgate do ser humano em sua totalidade, considerando o homem com suas inteligências múltiplas, levando à formação de um profissional humano, ético e sensível. Ao passo que a abordagem progressista tem como propósito a transformação social. Esta visão estimula o diálogo e a discussão coletiva conduzindo a uma aprendizagem significativa além de contemplar os trabalhos coletivos, as parcerias e a participação crítica e reflexiva dos alu-nos e dos professores. Enquanto que o ensino com pesquisa considera o aluno e o professor como pesquisadores e produtores dos seus próprios conhecimentos (BEHRENS, 2005). O volume crescente de informações e o seu tratamento, assim como a necessida-de do trabalho em equipe, fazem da habilidade de receber, criticar, manipular e utilizar as informações de forma compartilhada dentro de uma inteligência coletiva uma capacidade essencial ao novo perfil de profissional. O novo paradigma educacional vem rompendo com as formas tradicionais do en-sino, e, em especial, do ensino a distância, que antes se baseavam em apresentar conteúdos pré-definidos para a simples assimilação individual, sendo que agora está centrado na prática de tarefas cooperativas, que favorecem as discussões e também a reflexão individual sobre os conteúdos (MORAN, 2006). A mediação pedagógica também tem entrado em cenário e é compreendida como a atitude do professor que se coloca como facilitador, incentivador ou motivador da aprendiza-gem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue a seus objetivos. Consta do modo de como se apresenta e se trata um conteúdo que auxilie o aprendiz a coletar, relacionar, organizar, manipular, discutir, debater informações com seus colegas, professores e outras pessoas em uma inter - aprendizagem (MASETTO, 2006). O objetivo do processo descrito é que o aprendiz alcance a produção do conheci-mento que seja significativo para ele, sendo um conhecimento que se incorpore ao seu mun-do intelectual e vivencial, ajudando a compreensão da sua realidade humana e social, a ponto de interferir nela. Masetto (2006) afirma que “em educação escolar, por muito tempo, e diria mesmo, até hoje, não se valorizou adequadamente o uso de tecnologia visando a tornar o processo de ensino-aprendizagem mais eficiente e mais eficaz”.

Figura 1 - Ação docente inovadora. Fonte: BEHRENS (2005) p.57.



Neste contexto, os cursos à distância utilizando tecnologia de CSCL - Computer Su-pported Cooperative Learning, podem apoiar o desenvolvimento do aluno em sua totalidade, no que se refere à autonomia, senso crítico e sociabilidade, visando à construção de uma inteli-gência coletiva. Nesse sentido, já se tem acesso a diversos sistemas que facilitam a criação de ambientes virtuais de ensino e aprendizagem, como os nacionais Eureka da PUC-PR, TelE-duc da Unicamp, Aulanet da PUC - Rio, o SIGEP e o CIVIX ambos desenvolvidos junto ao GRUPOTIC do CESEC da UFPR, e o Portal Educacional do Grupo Positivo, bem como os estrangeirosWEBCT, Firstclass, Blackboard e Moodle (este como software livre), entre outros.

3 AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM - AVA

3.1 Definições

Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é um local disponibilizado na Internet que permite a realização de processos de aprendizagem significativa, colaborativa e contextualiza-da, onde as atividades dos conteúdos são organizadas e disponibilizadas aos estudantes pelos professores. Os AVA’s – Ambientes Virtuais de Aprendizagem se apresentam como uma nova mídia de evolução, oferecendo uma maneira original para exprimir o pensamento, o modo de organização da informação e o modo de aprendizagem (ATANASIO, 2006). O ambiente de aprendizagem é um sistema que fornece suporte a qualquer tipo de atividade realizada pelo estudante, isto é, um conjunto de ferramentas que podem ser usadas em diferentes situações do processo de ensino aprendizagem. Os ambientes de aprendizagem possibilitam interação do aluno com o objeto estudado de forma a integrar o que está sendo estudado à realidade do aprendiz. Esses ambientes também estimulam e desafiam o aluno além de permitirem que novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas cognitivas exis-tentes, propiciando o seu desenvolvimento. Assim, a expressão “ambiente virtual de aprendizagem” está relacionada ao desenvol-vimento de condições, estratégias e intervenções de aprendizagem num espaço virtual na web, organizado de tal forma que propicie a construção de conceitos, por meio da interação entre alunos, professores e objeto de conhecimento. Importante é destacar que um AVA não precisa ser um espaço restrito à educação à distância. Freqüentemente associado à educação à distância, na prática, o ambiente virtual é também amplamente utilizado como suporte na aprendizagem presencial. O AVA pode ser entendido como um dos componentes dos Sistemas de Gestão da Aprendizagem, conhecidos como LMS – Learning Management Systems, que em conjunto com os sistemas de gerenciamento de conteúdo para a aprendizagem, LCMS – Learning Content Mana-gement System, são os dois principais ambientes computacionais relacionados ao e-Learning.

3.2 Alguns aspectos relevantes sobre AVA’s

Nesta seção alguns dos aspectos relevantes no entendimento do cenário de escolha e uso de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), como vantagens, limitações e tipos são apresentados a seguir.



Segundo Belloni (2002) o uso de um AVA tem as seguintes vantagens: • Any time - possibilidade de participar de um curso no horário mais conveniente,

através da utilização de um computador;• Any place - permite a realização de um curso em qualquer lugar sem que haja o

encontro do aluno e professor em um mesmo local físico;• Self Paced - flexibilidade no ritmo do curso, que é ditado pelo aluno, podendo

aumentar ou reduzir o ritmo do aprendizado;• Aprendizado colaborativo - os alunos podem desenvolver trabalhos em gru-

po, trocar idéias e participar de fóruns e debates entre aprendizes e com pro-fessores;

• Modularidade da apresentação - o conteúdo do treinamento é modular, ou seja, possibilita o acesso à informação na seqüência que é mais natural ao estilo de aprendizado de cada aluno.

Algumas limitações para estes ambientes são colocadas por Belloni (2002):• Discordâncias quanto às formas de certificação dos cursos virtuais por se ques-

tionar a valorização do conhecimento teórico sem avaliação do conhecimento prático;

• Falhas e limitações tecnológicas, infra-estrutura de rede e velocidade de links, pois são básicos para a execução de qualquer projeto;

• Largura limitada das bandas que possibilita a entrega mais lenta do treinamento pela incorporação de som, vídeo e gráficos ao material didático;

• Necessidade de disciplina intelectual, sendo que os estudantes precisam ser dis-ciplinados para utilizar da liberdade do tempo de forma responsável;

• Falta de familiaridade ou habilidade com a Internet por parte dos alunos ou a não adaptação aos recursos da Internet, pode impedir o bom desempenho do curso;

• Necessidade de professores capacitados devido à maneira de se trabalhar em e-learning ser diferente do ensino tradicional.

Aretio (2007) traz uma classificação para estes tipos de ambientes utilizados na Edu-cação à Distância:

• Centrados na docência - baseado em modelo educacional de concepção mais tradicional, autoritária e conservadora do fazer educativo, em uma estrutura ver-tical, linear e normativa.

• Centrados na aprendizagem - o que ele aprende e como aprende. O estudante aprende com seus próprios estilos e ritmos, convertendo-se o professor em um facilitador da aprendizagem.

• Centrados nos materiais - os conteúdos determinam os objetivos institucionais. O estudante deve adquirir a maior quantidade possível de saber.

• Centrados na tecnologia - ambientes com ênfase nas tecnologias, onde é prio-rizada a tecnologia acima dos estudantes, da aprendizagem, dos conteúdos, do próprio corpo docente e de sua capacitação para ensinar. Focado em tecnologia de ponta.

• Centrados na interação /participação - consta de um ambiente interativo, rela-cionado com o anterior, mas superior por ser de perspectiva construtivista. As tecnologias colaborativas, aquelas que propiciam um tipo de relação síncrona e



assíncrona entre professores e estudantes e destes entre si, supõem uma base para vivenciar este ambiente. Trata-se da construção de cooperação entre os membros do grupo, baseado nas tecnologias da informação e comunicação.

• Centrados na avaliação - nestes ambientes tudo gira em torno da avaliação dos aprendizes. A ação de avaliar e como é feita centram a vida da instituição, do programa, do curso e de forma muito especial os estudantes. Vive-se todo am-biente pendente da avaliação e que exagera em demasia a avaliação da aprendi-zagem.

• Ambientes ecléticos / integradores - estes ambientes apresentam uma proposta equilibrada e eclética que aposta nos aspectos positivos de cada um dos ambien-tes anteriores e que os integre adequadamente.

3.3 Estudo de Caso

No estudo de caso desenvolvido junto ao curso de Engenharia Civil da UFPR, foi utilizadaaplataformaMoodle de gerenciamento para o processo de ensino-aprendizagem, que permitiu a definição e configuração de um espaço de aprendizagem colaborativa. Este espa-ço caracterizado recebeu o nome de Ambiente Virtual de Aprendizagem Colaborativo para a Construção Enxuta (AVAC – ConEnx ) em uma proposta que visava complementar o conteú-do de disciplinas da área de Construção Civil e dar contextualização aos assuntos abordados. O espaço configurado representa um ambiente virtual cujo processo de colaboração foi promovido pela integração das funcionalidades de comunicação do sistema de gestão de ensinoeaprendizagem Moodle. Este sistema baseado em software livre tem sido desenvolvido de forma colaborativa, permitindo a criação e a administração de cursos na web. A arquitetura desta plataforma permitiu ainda oferecer, através de um servidor espe-cífico, apoio e gerenciamento a projetos de professores e alunos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil - PPGCC - que desejem disponibilizar conteúdo didático, disciplinas ou cursos específicos, semipresenciais ou que utilizem metodologias à distância. Este ambiente de aprendizagem virtual colaborativo permitiu que grupos de alunos pudessem interagir uns com os outros, através de fóruns, chats, tarefas, diretórios, escolhas, wikis (adaptados para produção colaborativa de atividades), notícias, curiosidades e imagens. Neste ambiente foi colocado o resultado das pesquisas e de visitas a canteiros de obras de construção civil e princípios da construção enxuta, para troca e construção do conhecimento, e escolha de um projeto de um sistema e processo construtivo de habitação de interesse social. OespaçoAVAC – ConEnx, configurado e utilizado neste trabalho, colocou o aluno como o centro do processo. Desta forma, foi organizado o conhecimento para que o estudante sentisse a integração com os demais, facilitando o desenvolvimento das atividades cognitivas de cada indivíduo dentro do ambiente, considerando o estágio do processo de aprendizagem em que cada um se encontrava. O trabalho foi realizado na disciplina de Construção Civil II (pertencente ao tercei-ro semestre da grade curricular semestral implantada em 2006), durante o primeiro semestre de 2007. Durante o segundo semestre a proposta foi estendida a uma turma participante do quinto ano (currículo anterior com disciplinas anuais) do Curso de Engenharia da UFPR.



A experiência visou o acréscimo de conteúdo sobre os temas “Canteiro de Obras da Construção Civil” com a aplicação dos princípios da construção enxuta, e “Tipologias Construtivas” para habitação de interesse social, buscando sempre dar mais contexto ao tema e aos conteúdos produzidos colaborativamente. A proposta do ambiente virtual de aprendizagem colaborativa foi elaborada e desen-volvida por uma equipe multidisciplinar composta de professores da disciplina, pesquisadores, tutor e técnicos em tecnologia da informação. Estes profissionais analisaram de forma com-partilhada as possibilidades reais e os limites no uso das alternativas tecnológicas, examinando novas estratégias educacionais para a realização da experiência usando a instalação do Moodlejunto ao Centro de Estudos de Engenharia Civil - CESEC. A partir do sistema Moodle instalado (Figura 2 à esquerda), foi realizado processo de adaptação e avaliação para se obter uma configuração julgada adequada para a plataforma virtual (Figura 2 à direita - acesso em http://moodle.cesec.ufpr.br/). A motivação para o desen-volvimento deste trabalho está em colocar o aprendiz em contato com situações reais em locais próprios das atividades profissionais, possibilitando a este significado para as teorias e conceitos que deve aprender, e ainda elaborar perguntas que tenham a ver com seu trabalho e a realidade (MASETTO, 2006). Enfim, o objetivo é levar o aluno a um processo de aprender a pensar e a refletir.

Para sondagem e expectativa dos alunos em participar de um ambiente virtual de apren-dizagem colaborativo, foi realizada uma explanação para as turmas participantes sobre a proposta de uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Colaborativo AVAC - ConEnx com a finalidade para a construção do conhecimento, sendo explicitada a importância da participação de todos os envolvidos no ambiente. O instrumentodecoletadedados referenteaosparticipantesdestaproposta foiumquestionário, adaptado de acordo com as necessidades a partir do modelo de questionário já apli-cado por Kemczinski (2000), para levantamento do perfil dos alunos das turmas participantes, caracterização pessoal e universitária, diagnóstico sobre o grau de conhecimento em ferramentas da Internet e expectativa em participar do ambiente com o uso da Internet - no espaço AVAC - ConEnx para a construção do conhecimento do conteúdo da disciplina de Construção Civil. O questionário foi respondido por quarenta e seis alunos da Turma 1 e por sessenta e quatro alunos da Turma 2 e na opinião dos alunos participantes, as ferramentas conside-

Figura 2 - Plataforma Moodle implantada (à esquerda) e configurada para o espaço AVAC - ConEnx (à direita)



radas necessárias para um ambiente web foram: saber acessar e-mail,chat, FTP (File Transfer Protocol), browsers, fórum de discussão e hipermídia, e estão apresentadas nos Gráficos 1 e 2, para as Turmas 1 e 2 respectivamente.

Gráfico 1 - Ferramentas consideradas necessárias num ambiente web – Turma1

Gráfico 2 - Ferramentas consideradas necessárias num ambiente web – Turma2



O resultado da preferência para a disciplina ser ministrada parte presencialmente e parte pela Internet da Turma 1 foi de 83% e da Turma 2 foi de 72%, mostrado na Tabela 1.

No Gráfico 3 verifica-se que os alunos mostraram-se receptivos a mudanças e a novas maneiras de aprender, pois 98% dos 46 alunos da turma 1 e 98% dos 64 alunos da tur-ma 2 responderam que é possível aprender e construir conhecimento por meio de recursos tecnológicos e mídias e se disporiam para tal. As interações entre os participantes inscritos no AVAC - ConEnxforaminiciadaspara obtenção de um diagnóstico inicial sobre o tema, com a solicitação de um mapa mental a ser construído pelo aluno a partir do seu conhecimento tácito sobre canteiros de obras, utilizandooCmapTools (http://cmap.ihmc.us/). A segunda atividade desenvolvida foi a elaboração de um leiaute de canteiro de obras conhecido pelo aluno. Em seguida, foram reuni-dos em grupos de cinco alunos, refazendo o mapa mental do canteiro de obras e o leiaute com com-plementações colaborativas. Este diagnóstico foi comparado com o novo mapa mental que foi de-senvolvido utilizando o CmapTools eoleiauteoti-mizado que foi construído após a participação das atividades do AVAC - ConEnx. Na seqüência da proposta, os grupos dos alunos inscritos no ambiente virtual de aprendizagem colaborativo, realizaram atividades interativas que constavam em pesquisar e fazer visitas a obras de forma a registrar com fotos, filmagens e desenhos que representem o leiaute do canteiro de obras, para posterior discussão no fórum de discussão e na sala de bate-papo (chat). Essas atividades estavam distribuídas em módulos semanais do AVAC - ConEnxosquais permitem que grupos de alunos possam e interagir uns com os outros, através de:

• uso do recurso página de texto simples - para apresentação do guia didático dos conteúdos, das referências bibliográficas, das orientações gerais para ela-boração dos leiautes e do seminário presencial.

• fóruns de discussão - para escrever e discutir o que pesquisam sobre os prin-cípios da construção enxuta e suas aplicações na elaboração do leiaute do can-teiro de obras de edificações da construção civil; essas atividades aconteceram de maneira participativa e colaborativa, pois os alunos encontravam-se moti-vados pela introdução do novo conceito da construção enxuta na construção civil, o que impulsionou a interação destes, sugerindo novos links e ampliando a bibliografia recomendada;

Tabela 1 - Preferência pela forma de ensino

Gráfico 3 - Construir conhecimento com mídias – Turma1eTurma2



• fóruns de notícias / avisos e de dúvidas - onde colocaram dúvidas e os próprios alunos responderam as perguntas levantadas além dos professores;

• chats - para discussão e troca de conhecimento entre professores e alunos sobre a importância da organização e os elementos que compõem um canteiro de obras;

• wikis - adaptados para a produção colaborativa do resultado das pesquisas sobre normas, princípios da Lean Construction, planejamento e otimização do leiaute do canteiro de obras; registros através de fotos, filmagens e desenhos que representem o leiaute inicial e o otimizado do canteiro de obras. Os participantes trabalharam juntos, adicionando novas páginas web, ou completando e alterando o conteúdo das páginas já publicadas, colocando notícias, curiosidades, imagens, vídeos e sites de canteiros de obras nacionais e internacionais para posterior discussão no fórum de discussãoeemchat.

É necessário salientar que as atividades implementadas com wikisnãopossuemtodasascaracterísticas que o definem, contudo, foram elicitados ajustes e adaptações, tanto nas atividades quanto nos wikis para que as atividades fossem colaborativas. Após disponibilizarem no ambiente os resultados das atividades solicitadas sobre “Can-teiro de Obras com racionalização” e sobre a otimização do leiaute do canteiro, com base nos prin-cípios da construção enxuta e observando as conformidades da Norma Regulamentadora - NR-18 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT - http://www.abnt.org.br), o resultado final foi apresentado em seminário presencial para discussão. Aos grupos participantes da Turma 2 no segundo semestre de 2007 foram adicionadas atividades que envolvendo postura voltada à engenharia simultânea e colaborativa, com a formula-ção da concepção arquitetônica e produção de uma edificação, e foi realizado por meio da colabo-ração entre os grupos de alunos com o uso de outros recursos:

• tarefa - onde os alunos incluíram o desenho da planta baixa do projeto arquitetô-nico para habitação de interesse social e o relatório do processo e sistema cons-trutivo adotado com suas especificações técnicas. Essas atividades foram inseridas nas tarefas pelos alunos e no diretório pelo professor, que depois de analisados, os disponibiliza no diretório dos projetos para visualização de todos os participantes.

• diretório de arquivos – recurso para a organização dos projetos e relatórios em pastas / sub-diretórios com a identificação de cada grupo, para observação e opção por um projeto, e votar posteriormente no recurso “Escolha”.

• escolha - com o objetivo de eleger entre os projetos, um processo e sistema cons-trutivo para habitação de interesse social. O resultado da escolha do projeto foi di-vulgado no fórum de notícias e no jornal do Diretório Acadêmico de Engenharia.

• fórum de discussão - após a divulgação do resultado da “Escolha” de um projeto, todos os grupos participaram de um fórum de discussão para contra argumenta-ção sobre o projeto vencedor, e se posicionaram de acordo com os itens solicita-dos para cada grupo: como cliente e na pré-negociação; como empreiteiro; como agente financeiro; como dono de empresa; com mestre de obras; como funcioná-rio: pedreiro, servente; e como engenheiro.

• página de texto simples - para a avaliação do AVAC - ConEnxcomoapoioàdisciplina de Construção Civil com questionário a ser respondido pelos alunos das Turmas 1 e 2.



O conteúdo ambiente virtual de aprendizagem colaborativo foi construído aos poucos com as interações registradas e as entradas e saídas dos alunos monitoradas. O professor transformou-se então em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comu-nicação de um processo semi-presencial (MORAN, 2006).

4 CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

O ensino contextualizado é um conceito comprovado que incorpora muitas das pesquisas mais recentes na ciência cognitiva. O objetivo fundamental do ensino contextuali-zado é possibilitar a transferência de conhecimento dos alunos a novas situações. Ele fornece ingredientes ao ensino, que motivam o aluno, aumentam seu interesse, melhoram sua apren-dizagem e aumentam sua auto confiança (CRAWFORD, 2001). Um aumento constante em projetos acadêmicos e não acadêmicos tem produzido sistemas baseados em aprendizado na Internet e auxiliados por sistemas de gerenciamento da construção civil. A intenção destes sistemas é fornecer aos alunos uma combinação de novas ferramentas tecnológicas para facilitar a construção do conhecimento (BASIEL, 1999). No projeto pedagógico dos conteúdos da Construção Civil pode ser analisada uma proposta real da Educação à Distância onde o papel do professor é o de mediador de todo o processo de aprendizagem e o aluno está no centro deste processo, auxiliado por tutores e monitores. Nessa proposta o professor não transmite conhecimentos, ele disponibiliza-os e prepara para os alunos um espaço de diálogo e interação (VYGOTSKY, 1998). Os conteúdos da disciplina de Construção Civil devem ser pensados como um cor-po integral, contextualizados com entorno cultural que lhe dá sustentação e legitimação. Cabe ainda analisar, de que maneira, os princípios definidos pelas diretrizes curriculares, flexibilida-de, interdisciplinaridade e contextualização, comungam com os aprenderes, fazendo desses, as competências fundamentais a serem construídas durante o curso de Engenharia Civil. A tecnologia educacional dispõe de ferramentas que podem intervir na comunica-ção existente no processo, estando subordinada à concepção, objetivos e estratégias educa-cionais. A utilização de tecnologias da informação na elaboração de material de apoio para complementaçãodoprocessoensino-aprendizagemnoscursosdegraduaçãoemEngenhariaCivil mescla três áreas de conhecimento: educação, informática e construção civil (PAR-CHEN et al., 2007a). A Figura 3 ilustra um mapa mental relacionando um ambiente virtual de aprendizagem colaborativo e os conteúdos de construção civil. Considerando as características da turma objeto de uma pesquisa e as dificuldades de aprendizagem, Scheer e Quevedo (2005) defendem a idéia de que, o professor em seu pla-nejamento, segundo materiais e espaço físico disponível, deve escolher as condições que lhe oferecem maior grau de eficácia para a sua proposta didática, maior rendimento e assimilação dos conhecimentos pelos alunos. A abordagem de aprender e ensinar pressupõe que a mente procura naturalmente significado em um contexto, que é em relação ao ambiente atual de uma pessoa, e faz isso buscando relações que fazem sentido e parecem ser úteis (CRAWFORD, 2001). Comple-menta o autor que, currículos e planos curriculares baseados na metodologia da contextua-lização são estruturados visando estimular cinco formas essenciais de aprendizado: Relacio-nar, Experimentar, Aplicar, Cooperar e Transferir – R.E.A.C.T.



4.1 O enfoque de contextualização e o AVAC - ConEnx

A contextualização no processo ensino aprendizagem no AVAC com atividades inte-rativas como apoio à disciplina de Construção Civil, no estudo de caso aconteceu com a aplicação do R.E.A.C.T. que observa as estratégias da contextualização:

Relacionar - as novas informações do ensino-aprendizagem a um problema a ser resolvido com fatos e situações do cotidiano, com experiências reais. Esta estratégia está no diagnóstico do conhecimento já adquirido e pré-existente de um canteiro de obras relacionado com o conteúdo a ser trabalhado, quando o aluno elabora o mapa mental dos elementos de um canteiro de obras e desenha o leiaute do mesmo.Experimentar - aprender no contexto da exploração, descoberta e invenção. O ensino-aprendizagem ocorre mais rapidamente quando se permite que os estu-dantes manipulem equipamentos, materiais e pesquisem ativamente atividades de laboratório baseadas em tarefas profissionais relacionadas a trabalhos reais. Nas visitas ao canteiro de obras para melhor observação do leiaute inicial encontrado e com a pesquisa dos princípios da construção enxuta para otimizar o leiaute do canteiro, participando dos fóruns de discussão, descrição e notícias, os alunos experimentam, exploram e descobrem novos conceitos.Aplicar - conceitos e informações em um contexto útil freqüentemente coloca os estudantes num futuro imaginado (uma possível profissão), e/ou numa situação não familiar (um local de trabalho). O contexto ocupacional deve ocorrer por meio de textos, vídeo, laboratórios e atividades vivenciais como visitas a indústrias e estágios. Aplicando os conceitos dos princípios da construção enxuta na obser-vação das visitas aos canteiros de obras e para a elaboração do leiaute otimizado/racionalizado e enviando as sugestões na atividade wiki do AVAC.Cooperar - aprender num contexto de interação com outros alunos – é uma estra-tégia fundamental na aprendizagem contextual. A experiência de cooperar, além

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Figura 3 - Mapa Mental de Ambiente Virtual de Aprendizagem Colaborativo. Fonte: PARCHEN et al., (2007b)

CONSTRUÇÃOCIVIL

EDUCAÇÃO

FÓRUM

CHAT

WIKI

TAREFA

ESCOLHA

TIC - TE

CANTEIRODE OBRAS

CONSTRUÇÃOENXUTA

CONTEXTUALIZAÇÃO

COLABORAÇÃO

COOPERAÇÃO

INTERATIVIDADE

PARADIGMASÓCIO

DIRETÓRIO

AVAC

PROJETOS RACIONALIZAÇÃO



de ajudar a maioria dos alunos a aprender o conteúdo, também está de acordo com as atuais habilidades exigidas dos profissionais. As atividades de laboratório são essencialmente cooperativas, que exigem delegação, observação, sugestão e discussão. A qualidade dos resultados dos dados colhidos pelo grupo depende do desempenho de cada membro. Esta estratégia é fundamental para o bom desem-penhodoAVAC - ConEnx, poiséimportantecooperarcomtodososalunosdogrupo para elaboração do leiaute otimizado, participar dos fóruns de notícias, dú-vidas e discussões, chats, wikis, tarefas, escolhas e diretórios de arquivos que permi-tem a visualização do trabalho de todos, por todos os participantes do ambiente.Transferir - é o ato de aprender no contexto de um conhecimento anterior; é construir o conhecimento a partir do que já se sabe; é transferir o conhecimento para novas situações e problemas. Tal estratégia é parecida com a de relacionar, pois se baseia no que já é familiar ao estudante. Transferir os conhecimentos construídos sobre os princípios da construção enxuta para outras construções, sugerindo links de canteiros de obras nacionais e internacionais no AVAC - Co-nEnx para o desenvolvimento de projetos, processos e sistemas construtivos, pro-dução e edificações da engenharia da construção civil.

A utilização da teoria da aprendizagem contextualizada dá ênfase aos múltiplos aspec-tos de qualquer ambiente onde ocorre à aprendizagem, seja ele uma sala de aula, um laboratório, um laboratório de computação ou o local de trabalho. Isso encoraja os educadores a escolherem e / ou criarem ambientes de aprendizagem que incorporem as mais variadas formas de experiên-cias possíveis - sociais, culturais, físicas e psicológicas - no trabalho em direção aos resultados de aprendizagem desejados (CRAWFORD, 2001).

4.2 Comentários dos alunos

OsalunosparticipantesconsideraramoAVAC – ConEnx um ambiente moderno e intuitivo, podendo ser o berço de bons projetos acadêmicos, pois dinamizou e modernizou o método de ensino e aprendizagem. Lamentam não ter acesso a esse ambiente desde o início do curso, e usá-lo constantemente seria de grande ajuda, pois possibilita a visualização de todos os trabalhos dos grupos participantes, facilidade esta que não possuem quando são realizados traba-lhos da forma tradicional e entregues para o professor. Consideraram essa forma de aprendizagem válida para o contexto atual, necessária à interação acadêmica entre os professores e alunos e destes entre si para adquirir e trocar conhe-cimento e informação, pois é uma chave para o futuro e de fundamental importância participar em todas as atividades para aprimoramento do aprendizado, visto que a informação e o conheci-mento são as maiores qualidades de um engenheiro e a internet é essencial nesse processo. Este é um modo otimizado de aprendizagem e facilita o entendimento, faz com que o aluno pesquise mais fora do horário de aula. A disposição das tarefas e das informações foi considerada boa para entendimento das melhorias da engenharia; o fórum de dúvidas foi de fácil acesso para as questões propostas, fácil de entender, ambiente bem claro. Apoio aos colegas respondendo as dúvidas postadas; simplici-dade na exposição da matéria; foi possível e fácil de usar o AVAC - ConEnx para tudo o que foi proposto.

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As instruções de onde procurar os conteúdos solicitados são práticas e de fácil uti-lização; facilidade de entregas de trabalhos; acesso facilitado para postagem e login;disposiçãodas informações e disponibilidade rápida para os que possuem internet. Apontaram problemas encontrados algumas vezes com a conexão durante o uso do ambiente e lentidão no Moodle. Como sugestões para melhorias, os alunos solicitaram a criação de um horário em laboratório de informática para a disciplina, o que poderia facilitar o uso e aprendizado do AVAC - ConEnx; para aumentar a inclusão digital, porque alguns alunos (poucos) não têm acesso à Internet fora da Universidade e possam participar também. É necessária essa interação entre os alunos para consulta virtual de informações mais atuais; a integração promovida nos debates permitiu boa interação com as ferramentas – chats e fóruns apresentando boa interface, flexibilidade e interatividade na comunicação entre os participantes, na troca e concentração de informações e experiências. Os alunos consideraram ainda, o ambiente com facilidade de manuseio e ótima uti-lidade, de fácil visualização das contribuições do estudo de todos os grupos, inovador e mo-tivador. Deve-se incentivar a utilização deste meio de aprendizagem também para outras dis-ciplinas, para um maior aproveitamento do tempo do aluno na Universidade; foi interessante, pois levou a discussão para fora da sala de aula e aumentou a integração da turma. Incentivou a participação de toda a equipe pela forma como as atividades foram dirigidas. O ambiente virtual de aprendizagem colaborativo AVAC - ConEnx foi uma tentativa de mudar a forma de ensino da disciplina. Deveria ser trabalhado com todos os professores e usado em outras disciplinas. Talvez demore algum tempo para todos entenderem a importância de sua participação constante. Não deve ser deixado de lado e sim implementado cada vez mais, apesar da dificuldade de mudança de cultura e fazer com que as pessoas tenham a mentalidade de utilizar a Internet também como ferramenta de aprendizagem.

4.3 Análise do processo de ensino-aprendizagem colaborativo

O acompanhamento da participação colaborativa e a aplicação de um questionário de avaliação respondido pelos alunos do AVAC - ConEnx teve o intuito de verificar como as tec-nologias por ambientes virtuais de aprendizagem podem efetivar a produção do conhecimento e a importância do comprometimento, tanto nas atividades propostas quanto com os colegas. Com a amostra de alunos que se trabalhou, verificou-se que foram bastante dinâmi-cos e participativos no acesso às tecnologias do ambiente e no encontro presencial no seminá-rio, mas isso não significa que eles consigam ter uma atitude e se comprometer com processos colaborativos, reforçando dessa maneira, a teoria que inclusão digital não é apenas acesso às tecnologias, mas sim, comprometimento e auto-inclusão nas atividades propostas. Com a Turma 1, o primeiro chat marcado não pode acontecer porque na hora e dia marcados o sistema estava fora do ar. No segundo chat poucos alunos participaram porque alguns tinham prova bimestral de outra disciplina e esse fato não era do conhecimento da equipe quando este foi programado. Com a Turma 2 foi realizado um chat no laboratório de informática disponível no Centro de Estudos em Engenharia Civil da UFPR (CESEC), com a participação dos alunos, para testar o seu funcionamento e para que os alunos que ainda não estivessem inscritos no



AVAC – ConEnx, se inscrevessem. Com grande número de participantes houve problemas com a lentidão do sistema, tendo muito tempo de espera entre as participações. Observou-se que o chat funciona bem até nove ou dez participantes, sendo assim mais um recurso para o trabalho de cada grupo para troca de informações e idéias necessárias para o desenvolvimen-to e elaboração de suas atividades. Os fóruns criados no decorrer da execução do período de estudo foram temáticos para trabalhar os conteúdos da disciplina, dedicados ao estudo de conceitos, de pesquisas fundamentais para o aprendizado do grupo e troca de idéias. Essas atividades aconteceram de maneira participativa e colaborativa, cada aluno do grupo postando o item pesquisado. Assim todos tomavam conhecimento de todos os outros itens que fazem parte do conteúdo. Oswikis,comofuncionalidadedaplataformaMoodle permitiram que novas maneiras de intervenção e de produção fossem adaptadas para a produção colaborativa do resultado das pesquisas sobre normas, princípios da construção enxuta, planejamento e otimização do leiau-te do canteiro da obra escolhida por cada um dos grupos. Os alunos postaram os registros através de fotos e desenhos que representam o leiaute inicial e o leiaute otimizado do canteiro de obras. O recurso tarefa atendeu a atividade a ser desenvolvida pelos participantes, que pu-deram postar seus projetos, relatórios e imagens, considerados com boa apresentação e qua-lidade, pelo professor. Posteriormente foram colocados no diretório de projetos pelo tutor, para visualização de todos. A atividade de escolha de um projeto de um processo construtivo para habitação de interesse social permitiu a pesquisa de opinião estimulando a reflexão sobre os projetos dos grupos, para escolher entre sugestões enviadas para a solução de um problema com quatro itens para serem escolhidos e votados: projeto arquitetônico, sistema e processo construtivo, menor custo e a possibilidade de auto gerenciamento do processo construtivo. Os resultados das escolhas foram apresentados por gráficos pela própria atividade do Moodle. Para a atividade da planta arquitetônica do projeto do processo construtivo de ha-bitação de interesse social e do relatório foi necessária a prorrogação do tempo de envio para mais duas semanas na programação. Observou-se que na configuração do curso no formato semanal, podem-se estender por mais de uma semana essas atividades, ou optar-se pelo for-mato tópicos que não têm limite de tempo. As demais atividades propostas aconteceram no tempo pré-determinado e atingiram as expectativas e os objetivos do AVAC - ConEnx paraasduas turmas participantes. É importante colocar que em alguns grupos de alunos participantes houve um maior comprometimento entre si, com trabalhos desenvolvidos de forma colaborativa, se aproprian-dodoconhecimentocomousodatecnologiadoAVAC - ConEnx. Houve um enriquecimen-to intelectual, que se deve às leituras realizadas e ao estudo de caso, onde estes propiciaram um melhor entendimento do processo de aprendizagem dos conteúdos propostos. Não basta ter acesso à tecnologia, deve haver também uma auto-inclusão onde pode-se dizer que a participação colaborativa, juntamente com iniciativas de inclusão digital, tem um papel muito importante no processo de aprendizagem, formar cidadãos capazes de tomar decisões e de compartilhá-las com outras pessoas, em uma dinâmica de exercício da cidadania. Corroborando com o apresentado por Kemczinski (2000), observou-se que a rápi-da evolução tecnológica da atualidade apresenta problemas que exigem soluções inovadoras,



e que a universidade, como um espaço privilegiado para a apropriação e construção de conhe-cimento, tem como papel instrumentalizar seus estudantes e professores para pensar de forma criativa em soluções para os problemas emergentes dessa sociedade em constante renovação.

5 CONSIDERAÇÕES

A realização de um trabalho interdisciplinar envolvendo educação, tecnologia de informação e comunicação com disciplinas do curso de Engenharia, pôde ser efetivada na ela-boração de material didático de interesse na formação do domínio de processos construtivos através de Ambientes Virtuais de Aprendizagem de maneira integrada e holística. O uso da tecnologia de informação e comunicação mediada pela Internet mostrou-se adequado para situações de formação acadêmica e profissional, propiciando condições para uma aprendizagem significativa, colaborativa, contextualizada, personalizada, flexível, integra-da com recursos tecnológicos, interativa e acessível quando necessária. Este trabalho foi desenvolvido a partir de um Ambiente Virtual de Aprendizagem Colaborativo (neste trabalho a plataforma Moodle) e na forma de um espaço configurado (am-bientação e procedimentos) intitulado AVAC – ConEnx eimplementadoemturmaspartici-pantes das disciplinas de Construção Civil do Curso de Engenharia Civil da UFPR durante 2007. Este ambiente procurou despertar nos jovens alunos, o quanto antes, o contexto do conhecimento de engenharia da construção civil, considerando-se as necessidades de modelos pedagógicos baseados em teorias construtivistas-interacionistas articulados com a tecnologia educacional. A proposta da ambiência AVAC - ConEnx semi-presencial mostrou a importância da participação (semanal) de alunos e professores para o aprendizado no trabalhar com o virtual (no sentido de à distância, via rede de comunicação), sem dispensar os encontros pre-senciais, desenvolvendo o senso colaborativo para a produção do conhecimento. O uso de princípios de racionalização na construção civil e, num passo posterior, de Construção Enxuta, para orientação do leiaute do canteiro de obras, atendendo as normas e especificações legais, pôde introduzir conceitos de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável na construção civil e ainda postura voltada à engenharia simultânea e colaborativa. O objetivo de aproveitar o potencial de conhecimento de viés tecnológico dos alu-nos, agregando-os às facilidades da Internet e de seus diversos recursos incorporados no uso educacional foi atingido. O ambiente permitiu atitudes pró-ativas nos alunos, comprovadas na análise dos trabalhos desenvolvidos, com as avaliações realizadas durante a implementação doAVAC - ConEnx, e com os resultados constatados pelo rendimento dos alunos quanto a aprovação nas disciplinas de Construção Civil. Os estudantes encontraram dificuldades em trabalhar colaborativamente devido à formação acadêmica que não visa essa habilidade profissional, hoje necessária e muito valori-zada. Desta forma, existe o interesse em capacitar os estudantes do curso de Engenharia Civil da UFPR para o desenvolvimento de atitudes favoráveis aos trabalhos em colaboração usando ambientes virtuais acessados via Internet. Esta formação de profissionais hábeis nos novos requisitos exigidos pelo mercado de trabalho, é imprescindível.



Esta experiência permitiu concluir que é possível a configuração e utilização de ambientes virtuais de aprendizagem em contextos de b-learning (modalidade de aprendizagem favorecidas por ambientes híbridos) na graduação em instituições de ensino superior, devido à comunicação, integração e colaboração que neles ocorrem, pois:

constituem-se como soluções capazes de complementar o ensino presencial e de favorecer uma participação mais ativa e participativa do aluno durante o processo de aprendizagem;contribuem para atender as necessidades e aos interesses dos alunos que, de forma autônoma, podem exercer o aprendizado colaborativo, tendo o profes-sor como mediador, orientador e facilitador;os resultados obtidos permitem concluir positivamente sobre a utilização des-tes ambientes pelas vantagens daí decorrentes ao nível da comunicação e da interação entre professores e alunos e destes entre si.

A educação à distância, ou os mecanismos típicos desta modalidade, tem virtu-des importantes que podem ser potencializadas, como é colocado por Scheer e Brandalize (2007), se forem tomados os cuidados necessários na sua adoção. A democratização de aces-so à educação, com flexibilização de horários, calendários e ritmos, é um incentivo ao proces-so contínuo de aprendizagem para toda a vida (lifelong learning) e, também para a consolidação de um cenário de democratização do saber.

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