conteudosbasicos 2014

Upload: rita-de-cassia-oliveira

Post on 19-Oct-2015

210 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Curso Pr-Vestibular da UEL

    APOSTILA DE

    VESTIBULAR UEL 2012

    CONTEUDOS BSICOS

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

    Reitora

    Profa. Dra. Nadina Aparecida Moreno

    Vice- Reitora

    Profa. Dra. Berenice Quinzani Jordo

    CURSO ESPECIAL PR-VESTIBULAR

    Coordenao Geral

    Rita de Cssia Rodrigues Oliveira

    Coordenao Administrativa

    Ademir Freire

    Projeto Grfico e diagramao

    Vanessa da Silva

    Colaboradores

    Marcia Luciana da Rocha Dei Ts

    Mariana Cavalcante Diamante

    Renata Fonseca Monteiro

    Vnia da Silva

    Viviane Pedroso de Oliveira Romanha

    Wllem Aparecida de Freitas

  • UNIDADE 1................................................................................................04

    UNIDADE 2................................................................................................06

    UNIDADE 3................................................................................................09

    UNIDADE 4................................................................................................12

    UNIDADE 5................................................................................................14

    UNIDADE 6................................................................................................18

    UNIDADE 7................................................................................................21

    UNIDADE 8................................................................................................23

    UNIDADE 1................................................................................................27

    UNIDADE 2................................................................................................30

    UNIDADE 3................................................................................................32

    UNIDADE 4................................................................................................34

    UNIDADE 5................................................................................................36

    UNIDADE 6................................................................................................38

    UNIDADE 7................................................................................................42

    UNIDADE 8................................................................................................44

    UNIDADE 9................................................................................................47

    UNIDADE 10..............................................................................................51

    GABARITO................................................................................................53

    Artes Espanhol Matemtica

    PortugusPortugus

    SUMRIO

  • POR QUE ESTUDAR

    POR QUE ESTUDAR PORTUGUS?

    Trata-se de uma questo muito vlida e a resposta simples. Estudamos portugus para compreender as estruturas internas da nossa lngua materna. Precisamos estudar Portugus para que qualquer falante nativo da nossa lngua, residente em qualquer regio do Brasil, possa compreender o que escrevemos, ou seja, para que a lngua escrita (to diferente da falada) seja (quase) uniforme no Pas inteiro, mantendo uma regularidade lingustica.

    Precisamos, sobretudo, aprender o Portugus para saber ler de verdade, no superficialmente, e compreender o que nos imposto, por meio da lngua escrita, por governos e governantes.

    O que eu ganho com isso?

    Aprende a se comunicar de forma eficiente, construindo uma interao com a sociedade. Desta forma, pode expressar os pensamentos e formar uma identidade. Pode participar de forma eficiente das diversas situaes de comunicao: uma entrevista de emprego, na produo da redao do vestibular, na produo de uma carta de reclamao para melhorias no bairro etc. O conceito de erro em lngua (Ernani Terra)

    No devemos pensar na lngua como algo que se polariza entre o certo e o errado"

    Visto que existem vrios nveis de fala, o

    conceito do que "certo" ou "errado" em lngua no deve ser considerado sob esse prisma. Na verdade, devemos falar em linguagem adequada. Tome-se como parmetro a vestimenta. Qual seria a roupa "certa": terno e gravata ou camiseta, sandlia e bermuda? Evidentemente, voc vai dizer que depende da situao: numa festa de gala, deveremos usar o terno e a gravata. J, jogando bola com amigos na praia, no h uma

    roupa "certa" ou errada, existe, isto sim, o traje adequado.

    Com a linguagem no diferente. No de-

    vemos pensar na lngua como algo que se polariza entre o "certo" e o "errado". Temos de pensar a lin-guagem sob o prisma da adequao.

    Numa situao de carter informal, como num bate-papo descontrado entre amigos, adequado que se utilize a lngua de maneira espontnea, em seu nvel coloquial, portanto. J numa situao formal, como num discurso de formatura, por exemplo, no seria adequado utilizar-se a lngua em sua forma coloquial. Tal situao exige no somente uma vestimenta, mas tambm uma linguagem adequada. Em rigor, ningum comete erro em lngua, o que normalmente se comete so transgresses da norma culta. De fato, aquele que, num momento ntimo do discurso, diz: Ningum deixou ele falar, no comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta.

    Norma Culta

    forma lingustica que todo povo civilizado possui, assegura a unidade da lngua nacional. E justamente em nome dessa unidade, to importante do ponto de vista poltico-cultural, que ensinada nas escolas e difundida nas gramticas. Sendo mais espontnea e criativa, a lngua popular se afigura mais expressiva e dinmica.

    PORTUGUS

    04 04

    Unidade 1

  • Estou preocupado. (norma culta) T preocupado. (lngua popular)

    T grilado. (gria, limite da lngua popular)

    Porm, nem sempre tais desvios so decorrentes da ignorncia do falante em relao linguagem padro. H desvios intencionais, isto , o falante o comete com a inteno deliberada de reforar sua mensagem. Os desvios da norma, decorrentes da ignorncia do falante em relao linguagem padro, constituem, segundo a gramtica normativa, vcios de linguagem, e por ela so condenados. J os desvios da norma enquanto reforo da mensagem no constituiro erros e so classificados como figuras de linguagem. O que, portanto, confere ao desvio da norma a qualidade de figura e no de vcio (leia-se erro) ser necessariamente a originalidade e a eficcia da mensagem.

    Exemplo: Pronominais D-me um cigarro Diz a gramtica Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nao Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me d um cigarro

    (Oswald de Andrade)

    A lngua evolui por meio da fala. Muitos

    desvios com relao norma so incorporados pela lngua culta e mesmo literria. Fica ento uma pergunta: quando o desvio deixa de ser considerado erro e passa a ser norma?

    Isso ocorre quando todos os membros da comunidade, atravs de um acordo tcito, esto tambm dispostos a cometer o desvio e aceit-lo como regra. Em consequncia, o desvio deixa de ser infrao norma para se tornar regra. Veja que voc pode criar a norma, todavia, ao dispor-se a cometer o desvio. Lembre-se das palavras de Kant: "Age apenas segundo aquelas mximas atravs das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem numa lei geral".

    EXERCCIOS 1) Em que situaes podemos concluir que uma pessoa falou de forma inadequada? 2) De acordo com o que foi lido e discutido, qual a importncia de dominar a norma culta da lngua hoje em dia?

    3) A evoluo da lngua acontece em funo da fala. Assinale a alternativa que no ilustra essa ideia: a) a palavra voc originou-se de vossa merc e est evoluindo para c; b) com a globalizao, as pessoas passaram a falar mais palavras inglesas, que esto sendo includas nos dicionrios dia a dia; c) Embora se pronuncie viado, os dicionrios ainda registram a forma como veado; d) nem todas as lnguas sofrem evolues. O japons, por exemplo, conserva as mesmas palavras desde sua origem; e) a evoluo da lngua inevitvel, e muitas vezes pode ser percebida na comparao entre o falar de um av e o de seu neto. 4) Todos os textos a seguir ferem a norma culta. Indique a alternativa em que h adequao da linguagem: a) A me dizendo ao filho na cozinha: No se olvide de lavar as mos antes de comer; b) O presidente da repblica em comcio: No queira que em quatro anos eu conserto o que vocs destruram em quatro sculo; c) O professor em sala de aula: Vou tirar nota de quem no fazer a tarefa; d) O rapaz dizendo ao amigo: Eu amo muito ela, da eu dei um anel pra ela. 5) (ENEM) Considerando as diferenas entre lngua oral e lngua escrita, assinale a opo que representa uma inadequao da linguagem usada ao contexto. a) "O carro bateu e capot, mas num deu pra v direito - um pedestre que assistiu ao acidente comenta com outro que vai passando. b) "E a, meu! Como vai essa fora?" um jovem que fala para um amigo. c) "S um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observao" - algum comenta em uma reunio de trabalho. d) "Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretria Executiva desta conceituada empresa" - algum que escreve uma carta candidatando-se a um emprego. e) Porque a gente no resolve as coisas como tm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro prximo, muito pouco comida nos lares brasileiros um professor universitrio em um congresso internacional.

    Exemplos:

    05 05

  • CONOTAO X DENOTAO

    Para que possamos compreender melhor os textos a nossa volta, precisamos saber diferenciar o significado de duas palavras, denotao e conotao, pois cada uma faz com que o texto seja compreendido de maneira diferente.

    Vamos s diferenas:

    DENOTAO: o uso da palavra no seu sentido original, usual, do dicionrio.

    CONOTAO: o uso da palavra com um significado novo, diferente do original, criado pelo

    contexto.

    Veja os exemplos: 1) O gato subiu no telhado para fugir do cachorro. Obs.: Gato: pequeno mamfero carnvoro, domstico. (Houaiss) 2) Aquele rapaz encostado na moto um gato. Obs.: Gato: rapaz ou homem muito atraente.

    No primeiro exemplo, a palavra gato

    encontra-se no sentido denotativo, pois segue o significado do dicionrio. Na segunda frase, entretanto, h uma mudana de sentido o que o torna conotativo. Assim, percebemos que saber sua significao faz toda a diferena na hora de responder as questes.

    A linguagem conotativa no exclusiva da literatura, ela empregada em letras de msica, anncios publicitrios, conversas do dia-a-dia etc. Observe um trecho da cano Dois rios, de Samuel Rosa, L Borges e Nando Reis, note a caracterizao do sol, ele foi empregado conotativamente:

    O sol o p e a mo O sol a me e o pai Dissolve a escurido O sol se pe se vai E aps se pr O sol renasce no Japo ... Que os braos sentem E os olhos vem Que os lbios sejam Dois rios inteiros Sem direo

    Que os braos sentem E os olhos vem Que os lbios beijam Dois rios inteiros Sem direo

    Note que a expresso dois rios inteiros tambm foi empregada conotativamente e compe um dos elementos bsicos para a interpretao da letra.

    Obs.: A linguagem potica faz bastante uso do sentido conotativo das palavras, num trabalho contnuo de criar ou modificar o significado. Na linguagem cotidiana tambm comum a explorao do sentido conotativo, como consequncia da nossa forte carga de afetividade e expressividade.

    O emprego das palavras com sentido conotativo mais comum na linguagem coloquial e na linguagem literria. A conotao atribui s palavras significados novos, afetivos, subjetivos, que mais sugerem do que informam.

    EXERCCIOS 1) Para responder as alternativas seguintes utilize o nmero (1) para as respostas que possuem significado DENOTATIVO e nmero (2) para as frases que esto no sentido CONOTATIVO. Aps classific-las aponte o porqu de sua afirmao. Exemplo: (2) Meu pai meu espelho Esta frase est no sentido conotativo, porque o pai no pode ser um espelho, a expresso possui outro significado.

    01) (___________) Quebrei o espelho do banheiro 02) (___________) Essa menina tem um corao de ouro. 03) (___________) A Praa da S fica no corao de So Paulo. 04) (___________) Fez um transplante de corao. 05) (___________) Voc mesmo mau: tem um corao de pedra. 06) (___________) Para vencer a guerra era preciso alcanar o corao do pas. 07) (___________) Completou vinte primaveras. 08) (___________) Na primavera os campos florescem. 09) (___________) O leo procurou o gerente da Metro. 10) (___________) O metro uma unidade de comprimento. 11) (___________) Estava tudo em p de guerra. 12) (___________) Ela estava com os ps inchados. 13) (___________) rfo de afeto. 14) (___________) Muito cedo ele ficou rfo de pai. 15) (___________) Caram da escada.

    06 06

    Unidade 2

  • 16) (___________) O leo caiu num sono profundo. 17) (___________) Feriu-se na boca. 18) (___________) Vem o Flamengo apontando a boca do tnel. 19) (___________) O alpinista conseguiu escalar a montanha. 20) (___________) Ela disse uma montanha de absurdos. 21) (___________) Este cavalo venceu a corrida. 22) (___________) Voc foi um cavalo durante a partida. 23) (___________) Nosso goleiro engoliu um frango naquele jogo. 24) (___________) Correu muito, mas no apanhou o frango carij. 25) (___________) A tempestade j conspirava no ar. 26) (___________) Os cascos do animal tiravam fogo dos seixos do caminho. 27) (___________) O pescador vinha chegando. 28) (___________) O cho era uma confuso desolada de galhos. 29) (___________) A casa estava no meio de um vale que o sol beijava. 30) (___________) A varanda corria ao longo da face norte da casa. 2) Aps a leitura das charges e publicidades abaixo, explique seu significado dizendo qual sentido elas apresenta: conotativo ou denotativo? a)

    Hagar falou no sentido:______________________________. Eddie Sortudo interpretou no sentido:__________________________.

    b)

    Ele perguntou no sentido ______________________________. Ela interpretou no sentido: _____________________________. 3) Analisando o texto abaixo, explique a confuso feita pela vereadora Lurdes Lopes: No fomos apresentados

    Algumas semanas antes do impeachment de Collor, em 92, o vereador Joo Pedro (PC do B) subiu tribuna da Cmara Municipal de Manaus para atacar o ento presidente.

    Exaltado, Joo Pedro defendia a renncia imediata de Collor ou sua cassao pelo Congresso Nacional.

    No meio do discurso, a vereadora Lurdes Lopes (PFL) pediu um aparte ao colega e foi logo dizendo:

    - Nobre vereador, o presidente Fernando Collor de Mello no nada disso. Disconcordo totalmente do senhor.

    Joo Pedro no perdoou o erro da parlamentar:

    - Vereadora, a senhora est agredindo o Aurlio.

    Sem perceber que o parlamentar se referia ao dicionrio Aurlio, Lurdes passou a berrar, muito contrariada, provocando gargalhadas:

    - O senhor est fazendo uma acusao absolutamente infundada! Jamais falei mal do

    07 07

  • Aurlio. Alis no conheo ningum com esse nome! (Folha de S.Paulo, 11 jan. 2000. p. 1-4.) 4) Qual ditado os desenhos simbolizam e o que eles querem dizer? a)

    b)

    c)

    d)

    08 08

  • ACENTUAO GRFICA

    A SLABA E A TONICIDADE

    A Slaba um conjunto de sons que pode ser emitido numa s expirao.

    Na estrutura da slaba, existe, necessa-riamente, uma vogal, qual se juntam, ou no, semivogais e/ou consoantes. Assim, no h slaba sem vogal e esse o nico fonema que, sozinho, forma slaba.

    Toda consoante entre vogais forma slaba com a vogal seguinte (ja-ne-la, su-bu-ma-no, -ti-co, tran-sa-ma-z-ni-ca). M e n podem marcar nasalizao da vogal anterior, acompanhando-a na slaba (bom-ba, sen-ti-do).

    Consoantes iniciais no seguidas de vogal ficam em uma nica slaba (pneu-m-ti-co, mne-m-ni-co). Se a consoante no seguida de vogal estiver dentro do vocbulo, ela fica na slaba precedente (ap-to, rit-mo).

    Os ditongos e tritongos no se separam, porm no hiato cada vogal est numa slaba diferente.

    Os dgrafos (duas letras para formar um

    som) do h e do u tambm so inseparveis, os demais devem ser separados. (cha-ve, ne-nhum, a-qui-lo, se-gue). Diviso silbica

    Dependendo da quantidade de slabas, as palavras podem ser classificadas em:

    Monosslaba (mono = um): eu, mim, p, rei, breu etc;

    Polisslaba (poli = vrios / mais de trs): pa-ra-le-le-p-pe-do, pa-ra-noi-a, con-ge-la-men-to. Classificao quanto slaba tnica

    Quando pronunciamos uma palavra, podemos sempre perceber uma slaba mais forte que as outras. A slaba mais forte da palavra se chama slaba tnica. As outras slabas so chamadas de tonas. A forma mais fcil de descobrir a slaba tnica chamando a palavra alongadamente. Ex.: Paran, Gramtica, lmpada.

    Assim, podemos classificar as palavras em:

    Oxtonas: quando a ltima slaba for a tnica: gua-ra-n, a-mm, li-to-ral, op-es etc;

    Paroxtonas: quando a penltima slaba for a tnica: ho-mem, a-ma-re-mos, mui-tas etc;

    Proparoxtonas: quando a antepenltima slaba for a tnica: prn-ci-pe, nu-fra-go, Gra-m-ti-ca etc. Obs: existem os monosslabos tnicos, que podem aparecer sozinhos numa resposta: p, , d, bem, sim etc. Os monosslabos que nunca aparecem sozinhos so tonos: a, em, me, nos, mas, pra, por etc. Ex.: O que voc sente? F (a palavra f pode aparecer sozinha numa resposta, por isso um monosslabo tnico).

    ACENTUAO GRFICA

    A acentuao de algumas palavras serve para demonstrar qual a correta pronncia da palavra. Nossa lngua possui vocbulos que se diferem apenas pela posio da slaba tnica, por exemplo: sbia/sabia/sabi, secretaria/secretria, fbrica/fabrica, saia/saa, doido/dodo. A inexistncia do acento poderia causar dificuldade na compreenso da palavra. Ao conhecer todas as regras de acentuao, voc perceber que a gramtica possibilita que se conhea qual a slaba tnica de qualquer palavra, mesmo se ela no tiver um acento grfico. Na placa abaixo, analise se as palavras esto acentuadas corretamente.

    Relembrando: Hiato: sequncia de duas vogais em slabas diferentes. (sa--de, co-o-pe- rar, ru-im, cr-em). Ditongo: vogal e semivogal pronunciadas numa s slaba, independente da ordem destas. Estes podem ser classificados em:

    1.Crescente - Semivogal + Vogal (gl-ria, qual, frequente, tnue);

    2.Decrescente - Vogal + Semivogal (pai, cha-pu, mui-to, me).

    Tritongo: uma vogal entre duas semivogais numa s slaba. (U-ru-guai, sa-gues, en-xa-guou)

    Disslaba (di = dois): xo-d, Mar-cos, au-la, ar-te, car-ro, De-us etc;

    Trisslaba (tri = trs): ca-dei-ra, trans-por-te, abs-tra-to, ta-pe-te etc;

    09 09

    Unidade 3

  • So acentuados (O acento sempre

    grafado na slaba tnica!): monosslabos tnicos terminados em:

    a(s) - l, c, j

    e(s) - p, ms, f

    o(s) - p, s, ns Obs.: perceba-se a diferena entre: mas (conjuno) e ms (adjetivo): Elas so ms, mas so bonitas; d (verbo) e de (preposio): No d embora o livro de Matemtica, etc. Oxtonos terminados em:

    a(s) - Par, sofs, am-lo.

    e(s) - voc, cafs

    o(s) - av, palets

    em, ens - ningum, armazns

    u(s), is, i(s) - cu, papis, heri1.

    Paroxtonos terminados em:

    o(s), (s) - rfos, rfs

    ei(s) - jquei, fceis

    i(s) - jri, lpis

    us - vrus

    um, uns - lbum, lbuns

    r - revlver

    x - trax

    n / ons - hfen, prtons

    l - fcil

    ps - bceps

    ditongos crescentes seguidos ou no de s - ginsio, mgoa, reas Proparoxtonos - todos so acentuados. i e u, seguidos ou no de s, tnicos, em hiato: pi-au-, sa--de, e-go-s-mo ju-iz, ru-im. Excees: a) quando o i destes casos vier seguido de nh: ra-i-nha, ta-i-nha. b) quando for uma palavra paroxtona e o i ou u tnico vier antecedido de ditongo

    2: bai-u-ca, fei-u-

    ra, bo-cai-u-va. Com o acordo ortogrfico, a acentuao nos grupos ee e oo foi totalmente extinta: abenoo, creem, veem, enjoo, voo, magoo (verbo magoar). Com o acordo ortogrfico, os verbos arguir e redarguir perdem o acento no u: argi -> argui, argem -> arguem, redargis -> redarguis (a pronncia continua re-dar-gu-is). Os verbos terminados em guar, quar e quir,

    1 Esta regra passou a existir aps o acordo ortogrfico, que

    entrou em vigor em 2009. Anteriormente, no s as oxtonas, mas tambm as paroxtonas terminadas em i e i eram acentuadas e perderam o acento: colmeia, ideia, assembleia, geleia, joia, boia, heroico. 2 Antes do acordo, o ditongo no impossibilitava a acentuao

    nesta regra: bocaiva; feira.

    como enxaguar, obliquar e delinquir admitem duas pronncias em algumas formas e, portanto, com o acordo ortogrfico, passam a adquirir duas grafias

    3:

    a) se pronunciadas com a ou i tnicos, devem ser acentuados: enxguam, delnquo, oblquem, apazigem; b) se pronunciadas com u tnico, no recebem acento: em-xa-gu-am, de-lin-qu-o, o-bli-qu-em, a-pa-zi-gu-em. Acento diferencial aparece nas seguintes situaes:

    s (subst.) X s (contrao)

    pr (verbo) X por (prep.)

    porque (adv. ou conj.) X porqu (subst.)

    pde (pretrito perf) X pode (presente do indicativo)

    Com o acordo ortogrfico, perdem acento diferencial:

    para (verbo) X para (prep.)

    pelo, pelas, pela (verbo) X pelo, pelas, pela (prep. + artigo)

    pelo, pelos (cabelo) X pelo, pelos (prep.+ artigo)

    polo (palavra antiga) X polo(subst.)

    pera (fruta) X pera (prep. antiga)

    ca, cas (verbo) X coa, coas (prep.+artigo) o acordo ortogrfico no deixa claro que ca perder acento. Deixamos aqui porque somos a favor dessa mudana, mas s o tempo esclarecer essa questo.

    Com o acordo ortogrfico, torna-se facultativo (isto : pode-se eliminar o acento das formas acentuadas):

    forma X frma: Qual a forma da fma de bolo?

    ammos (passado) X amamos (presente) (e todos os verbos em que o presente e o passado so iguais): Ns j no acreditamos em voc como acreditmos no passado dmos (presente subjunt.) X demos (passado) Daqui para frente, dmos o melhor de ns Verbos ter e vir, como possuem grafia semelhante no presente para as terceiras pessoas (tem, tm/ vem, vm), recebem o acento circunflexo no plural. Ex.: Ele tem muitos deveres/ eles tm muitos deveres. Ele vem de Arapongas/ eles vm de Arapongas. Obs.: os derivados desses verbos levam acento agudo no singular: a criana se mantm calma/ as crianas se mantm calmas; o problema provm da m administrao/ os problemas provm da m administrao

    3 Antes da mudana, todo u tnico dos grupos que, qui, gue e

    gui era acentuado: averige, argis, apazige.

    10 10

  • Algumas palavras possuem pronncia aberta em alguns lugares e fechada em outros. Por isso, torna-se facultativo o acento agudo ( ) ou circunflexo ( ^ ) em:

    algumas oxtonas geralmente de origem francesa: beb ou beb, bid ou bid, canap ou canap, guich ou guich, pur ou pur, matin ou matin etc.

    paroxtonas ou proparoxtonas cuja vogal tnica e ou o seguida de m ou n da slaba seguinte: smen ou smen, Fnix ou Fnix, pnis ou pnis, pnei ou pnei, bnus ou bnus, Vnus ou Vnus, Antnio ou Antnio, acadmico ou acadmico, gnero ou gnero, Amaznia ou Amaznia, fmea ou fmea, etc. (Obs.: por favor, d preferncia para a acentuao que voc utiliza na fala! Os brasileiros tendem a pronunciar fechadas as vogais: gnio, blasfmia, enquanto os outros pases tendem a pronunciar abertas: gnio, blasfmia. Apenas expusemos aqui essa regra para que voc no estranhe quando encontrar acentos diferentes em textos estrangeiros). Com o acordo ortogrfico, o trema foi eliminado, e s utilizado em palavras derivadas de nomes prprios que contenham o sinal: Bndchen, mlleriano.

    EXERCCIOS

    1) Faa a separao silbica das seguintes palavras, e indique a classificao quanto ao nmero de slabas e quanto silaba tnica. Siga o modelo: a) Coruja: co-ru-ja (trisslaba e paroxtona) b) F: c) Caracol: d) Estncia: e) Armazm: f) Transatlntico: g) Tocassem: h) Tambm: i) Terremoto: 2) Acentue, se necessrio, as palavras abaixo: Faceis - faroizinhos - pegada - tatu - jilo - heroina - mes - ideia - farol - oasis - comboio - refem - album - martir - exodo - im - raiz - moinho - (ele) tem- bau - voo - hifen - reporter - hifens - nectar - merecer - jabuti - taxi - domestico - saude - (eles) vem - jovens - regua - urutu - para (verbo). 3) (PUCC) A ltima reforma ortogrfica aboliu o acento grfico da slaba subtnica e o acento diferencial de timbre. Por isso, no h erro de acentuao na alternativa: a) surpresa, pelo (contrao), sozinho b) surprsa, pelo (contrao), szinho c) surprsa, plo (verbo), sozinho d) surpresa, plo (substantivo), sozinho e) n.d.a

    4) (FGV-RJ) Assinale a alternativa em que todas as palavras esto corretamente grafadas: a) raiz, razes, sai, apio, Graja b) carretis, funis, ndio, hifens, atrs c) buriti, pto, mbar, dificil, almoo d) rfo, afvel, cndido, carter, Cristvo e) chapu, rainha, tatu, fossil, contedo

    5) (ITA) Assinale a seqncia sem erro de acentuao: a) pra (verbo), plo (substantivo), averige, urutu b) para (verbo), pelo (substantivo), averige, urutu c) pra (verbo), plo (substantivo), averige, urutu d) pra (verbo), pelo (substantivo), averige, urutu e) para (verbo), plo (substantivo), averige, urut

    6) (FGV-RJ) Assinale a alternativa que completa as frases: I - Cada qual faz como melhor lhe ....... II - O que ....... estes frascos? III - Nestes momentos os tericos ....... os conceitos. IV - Eles ....... a casa do necessrio. a) convm, contm, revem, provem b) convm, contm, revem, provm c) convm, contm, revm, provm d) convm, contm, revem, provem e) convm, contm, revem, provem

    11 11

  • DVIDAS E ERROS FREQUENTES

    CONCORDNCIA VERBAL Regra geral: O verbo concorda com o sujeito em nmero e pessoa. Ex: Eu sou, Tu s, Vs sois, Eles so, Eu era, Tu eras, Ele era, Ns ramos. Um sujeito composto faz o verbo ser flexionado para o plural. Ex: Pedro e Ana ficaram perdidos. Quando o sujeito composto vem depois do verbo, pode ficar no singular. Ex: Diminuir a fome e o desemprego. Mas se forem substantivos prprios, o verbo deve ir para o plural. Ex: Cantaram Caetano e Alexandre Pires. Sujeitos ligados por conjunes alternativas (ou, nem) deixam o verbo no singular. Mas se forem de pessoas diferentes o verbo pode concordar com o mais prximo. Ex: O pai ou a me pagar o prejuzo. No pagaro eles nem o filho. Uma orao subjetiva deixa o verbo no singular. Ex: Urge que haja resistncia. O pronome quem leva o verbo para a 3 pessoa do singular. Ex: Foste tu quem saiu? J o pronome que leva o verbo a concordar com a pessoa a que se refere. Ex: Foste tu que saste?

    CONCORDNCIA NOMINAL a harmonia que deve haver entre os nomes

    de um perodo: Adjetivo com substantivo: O adjetivo concorda em nmero e gnero. Ex: Escritor talentoso. / Escritora talentosa. Escritores talentosos./ Escritoras talentosas. O adjetivo vai ao plural quando se refere a mais de um substantivo. Mas vai para o masculino plural se os substantivos forem de gneros diferentes. Ex: Face e boca bonitas. / Nariz e unha sujos.

    PARGRAFO O pargrafo apresenta uma ideia central, em torno da qual se agregam outras a ela relacionadas.

    No h um tamanho preciso para o pargrafo, em geral recomenda-se um espao de 1 a 2 dedos da margem. A tendncia no usar pargrafos longos.

    Exemplo:

    A televiso transforma, desfaz e cria hbitos. Os arquitetos j precisam prever, em seus projetos, um espao especial para os receptores de TV. A classe mdia se orgulha de exibir seus aparelhos, a alta burguesia e a possvel aristocracia os escondem: a escolaridade inversamente proporcional televisualidade... Os espetculos e os eventos so montados tendo em vista o olho grande da TV: este foi um dos ponderveis motivos por que os imponentes espetculos dos funerais dos papas Paulo VI e Joo Paulo I e da consagrao desse ltimo foram montados na Praa de So Pedro e no no interior da baslica... E seria um no mais acabar de exemplos e consideraes, sendo suficiente que se diga, enfim, que a prpria noo de cultura no pode hoje ser debatida sem levar-se em conta a presena dos mass media a televiso, em especial. (PIGNATARI, Dcio Signagem da televiso. So Paulo:

    Brasiliense, 1984)

    MAU E MAL Quando puder ser substitudo por bom, no tenha dvidas: empregue MAU. Ex: Escolheu um mau momento para falar. J quando puder ser substitudo por bem use MAL. Ex: Ela escolheu mal as roupas.

    A/H Na indicao de tempo futuro e distncia, voc deve empregar a (sem ag e sem acento). Ex: Ele chegar daqui a dois meses. Em referncia a tempo passado, empregue h (com ag e acento). Ex: Ela chegou h uma semana. Obs: H pode ser substitudo por faz e usado com sentido de existe(m).

    MAIS E MAS MAS conjuno adversativa, equivale a porm, contudo, entretanto: Ex: Ela disse que compraria o livro, mas no comprou. MAIS antnimo de menos (ideia de intensidade). Ex: Quanto mais eu rezo, mais assombrao me aparece! Ex: Ganso evita polmica, mas promete mais dancinha.

    (O Estado)

    Importante: Todo pargrafo deve ser coeso, isto , deve-se perceber nele uma ideia central o seu tpico frasal.

    12 12

    Unidade 4

  • ONDE E AONDE S empregue aonde quando a palavra puder ser substituda na frase por para onde Ex: Aonde voc vai com tanta pressa? (Para onde voc vai com tanta pressa). Aonde expressa ideia de movimento. J Onde denota lugar. Ex: Onde voc mora? Emprego inadequado: (...) Viver a Divina Comdia Humana onde nada eterno... Obs: Portanto, o correto no usar a palavra onde substitudo-a por em que ou na qual. Alguns sinais de pontuao

    PONTO-E-VRGULA Indica uma pausa um pouco mais longa

    que a vrgula e um pouco mais breve que o ponto. Quando usar: Para separar duas oraes que j contenham vrgulas, ou tiverem sentido oposto. Ex: Comea a esboar, com os pontos soltos de alguns sons, a curva de uma frase musical; mas logo se detm, e volta, e se perde numa incoerncia montona. (Rubem Braga). Para separar duas oraes quando elas so longas. Ex: Esse ltimo rasgo do Costa persuadiu a crdulos e incrdulos; ningum mais ps em dvida os sentimentos cavalheirescos daquele digno cidado. ( Machado de Assis).

    DOIS-PONTOS Para iniciar uma enumerao. Ex: Tudo foi verificado: os freios, os faris, os pneus, o motor. Para introduzir a fala de uma pessoa. Ex: Estava sentada na sala e ouviu algum que passou na rua dizer: - Estamos sendo explorados! Para esclarecer ou concluir algo que j foi dito. Ex: O vereador Freitas props tambm a declarao de que, em nenhum caso, fossem os vereadores recolhidos ao asilo dos alienados: clusula que foi aceita, votada e includa na postura... (Machado de Assis).

    RETICNCIAS Indicam uma interrupo na sequncia

    normal da frase. Indicar uma certa indeciso, surpresa ou dvida na fala da pessoa. Ex: Nazinha...Por que inventei para a moa esse nome de Nazinha? (Rubem Braga). Indicar que, num dilogo, a fala de uma pessoa foi interrompida pela fala de outra.

    Ex: - Voc morou muito tempo em So Jos do Rio Branco, no morou? - Estive l quase dois anos. Trabalhava com meu tio. Um lugarzinho parado... - Bem. L havia um prefeito, um velho prefeito, o Coronel Barbirato. (Rubem Braga). Sugerir ao leitor que complete o raciocnio na frase. Ex: Quem vencer a partida? Ora nosso time melhor, o jogo ser em nosso campo, portanto...

    A VRGULA Estando a orao em ordem direta (seus

    termos se sucedem na seguinte progresso: sujeito verbo complementos do verbo (objetos) adjunto adverbial), o uso da vrgula , de modo geral, desnecessrio. Assim:

    OBS: No se separa sujeito e verbo por vrgula; No se usa vrgula: No se usa vrgula separando termos que, do ponto de vista sinttico, ligam-se diretamente entre si: Entre sujeito e predicado. Todos os alunos da sala foram advertidos. Sujeito Predicado Entre o verbo e seus objetos. O trabalho custou sacrifcio aos V.T.D.I. O.D. realizadores. O.I. Entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto adnominal. Ex: A surpreendente reao do governo /contra os Adj. Adn. Nominal Nome Adj. Adn. sonegadores despertou reaes entre os Compl. Nom. empresrios.

    O USO DOS PORQUS

    Separados (nas perguntas): Por que: 2 empregos diferenciados Por qual razo ou Por qual motivo: Ex: Por que voc no vai ao cinema? (por qual razo) No sei por que no quero ir. (por qual motivo) Pelo qual e flexes: Ex: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual). Por qu Quando a palavra que estiver em final de frase receber acento e tambm se vier antes de pausa, atravs de um ponto, seja final, interrogativo,

    13 13

  • exclamao, o por qu dever vir acentuado e continuar com o significado de por qual motivo, por qual razo Ex: Vocs no comeram tudo? Por qu? Andar cinco quilmetros, por qu? Vamos de carro. Juntos (nas respostas): Porqu Substantivo e tem significado de o motivo, a razo. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral. Ex: O porqu de no estar conversando porque quero estar concentrada. (motivo) Diga-me um porqu para no fazer o que devo. (uma razo) Porque Conjuno causal, explicativa, ou de finalidade, com valor de pois, uma vez que, para que; geralmente usada em respostas. Ex: No fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois) No v fazer intrigas porque prejudicar voc mesmo. (uma vez que) Cuidados na escrita Usar um vocabulrio mais culto; Evite: Utilizao de grias, estrangeirismos; se for a fala de um personagem sempre entre aspas; Repetio de palavras e empregos de palavras desnecessrias; Abreviaes; A utilizao de Deus no texto; No use letras minsculas no incio das frases; Letras maisculas no meio de frases (sem ser precedida por ponto); Letra de frma pode ser usada, mas no misture diferentes tipos de letras; Letra legvel; Acentue de forma correta; Observe a ortografia; Como utilizar siglas? Ex: Organizao das Naes Unidas -(ONU) No rasure, se errar passe um trao em cima da palavra; no use parnteses, pois so para explicar.

    INTRODUO LITERATURA

    Literatura arte literria. Somente o escrito com o propsito ou a intuio dessa arte, isto , com os artifcios de inveno e de composio que a constituem, , a meu ver, literatura.

    (Jos Verssimo)

    O poeta sente as palavras ou frases como coisas e no como sinais e a sua obra como um fim e no como um meio; como uma arma de combate.

    (Jean-Paul Sartre)

    Literatura a linguagem carregada de significado. Grande literatura simplesmente a linguagem carregada de significado at o Mximo grau possvel.

    (Erza Pound)

    A CRIAO ARTSTICA A arte um tipo especial de conhecimento

    e de interpretao da realidade. Cada artista, com sua sensibilidade, capta e interpreta os fenmenos da vida e do mundo. Esse mundo ficcional ser diferente do mundo real, objeto da Cincia.

    A obra literria, por ser produto de fico, no pode ser submetida verificao extratextual, ou seja, ningum sair por ai procurando a certido de nascimento de Dom Quixote, personagem de Miguel de Cervantes. Isso porque Dom Quixote s existe enquanto criao verbal desse escritor. Mas como nenhum artista cria a partir do nada, a obra de arte fruto do modo especial do artista em ver e interpretar o mundo.

    A liberdade criadora do artista que permite ao escritor superar o seu mundo real, ou seja, por meio da arte, o ser humano pode ir alm da sua realidade, pode transcender-se.

    Portanto, a literatura a arte da palavra, atravs da qual o escritor capta, interpreta e transforma os fenmenos do mundo, criando uma realidade ficcional.

    Traduzir-se Uma parte de mim todo mundo: outra parte ningum: fundo sem fundo. Uma parte de mim multido: outra parte estranheza e solido. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoa e janta:

    14 14

    Unidade 5

  • outra parte se espanta. Uma parte de mim permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim s vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir uma parte na outra parte _ que uma questo de vida ou morte _ ser arte?

    (Ferreira Gullar)

    O QUE LITERATURA? O termo literatura, que vem do latim littera

    (letra), servia, at os fins do sculo XIX, para designar um conjunto muito amplo de atividades escritas. Disciplinas, como histria, geografia ou fsica, eram partes integrantes da literatura, porque essa ltima abrangia tudo que fosse escrito e impresso. No fim do sculo XIX, o termo literatura passa a designar apenas as atividades intrinsecamente artsticas ou estticas da linguagem verbal, ou seja, aquelas em que a palavra utilizada para se construir prioritariamente a beleza e a inveno.

    Partindo dessas observaes preliminares, podemos traar um conceito de literatura: - Uma realidade inventada ou recriada chamada genericamente de fico:

    Literatura fico

    Assim como um pintor inventa cenas utilizando tela, forma e cores, um escritor inventa realidades utilizando palavras.

    Quem produz o texto literrio o escritor, valendo-se da lngua. Por isso, o texto sempre uma combinao pessoal, subjetiva, de palavras, que revela a maneira particular pela qual determinado escritor recria e interpreta a realidade.

    Quanto forma, o texto literrio pode ser

    escrito em:

    Prosa

    O texto lido foi escrito em prosa: as linhas ocupam

    quase toda a extenso horizontal da pgina; o texto

    divide-se em blocos chamados pargrafos.

    Poesia

    Na poesia, as linhas no ocupam a extenso horizontal da pgina; o texto divide-se em blocos chamados estrofes; cada linha denominada verso.

    ESTTICA E LITERATURA A arte tem o poder especial de nos

    emocionar, de nos envolver no mundo das sensaes. O ser humano, por isso, sente uma natural atrao pelas coisas bonitas, por tudo aquilo que tem o dom da beleza. Essa tendncia e a capacidade para o que belo chama-se sentimento esttico, e com ele que a arte trabalha.

    A esttica a disciplina que estuda as condies e os efeitos da criao artstica, ou ento o estudo racional do belo na sua atuao sobre a pessoa e a diversidade de emoes e sentimentos que este provoca no ser humano.

    FUNES DA LITERATURA Se a arte um modo especial de

    conhecimento (de interpretar o mundo) podemos dizer que literatura tem uma funo cognitiva, isto , ajuda as pessoas ampliando os seus conhecimentos a respeito da vida e do universo. Portanto, de uma forma artstica, podemos aprender muitas coisas com a literatura.

    J vimos tambm que a arte tem a especial capacidade de emocionar, de provocar em ns um mundo de sensaes. A literatura, sendo arte, tambm possui essa funo esttica, pois atinge uma dimenso importante do ser humano: o prazer pelas coisas belas.

    Ao ler um romance ou um poema, voc se deixa envolver por essas sensaes que a leitura provoca e, ao final, sente-se psicolgica ou moralmente aliviado, purificado e satisfeito, aps ter passado por possveis tenses. Ao provocar essa sensao de alvio, a obra literria cumpriu outra de suas funes: a catrtica, pois lhe provocou a catarse, ou seja, o alvio das tenses e purificaes das paixes. Essas trs funes da literatura (Cognitiva, Esttica e Catrtica) foram definidas por Aristteles em Potica.

    Modernamente, o filsofo francs Jean-Paul Sartre enfatiza outra finalidade da literatura. Segundo ele, cabe literatura a tarefa de instrumento de conscientizao das pessoas e transformao da sociedade. A literatura teria, pois, uma funo social, fazendo o papel de agente da participao e de transformao social: a literatura engajada nas lutas sociais.

    Pelo que vimos, a literatura plurifuncional. Alguns escritores podero enfatizar algumas funes, mas o que for realmente bom dever torn-las bem entrosadas e articuladas entre si.

    A funo de uma obra literria depende dos objetivos e das intenes do autor. Alguns consideram a literatura apenas um artefato esttico, criado para a contemplao da beleza; j

    Literatura fico; a recriao de uma realidade, atravs de palavras. Estas palavras so combinadas de maneira pessoal, subjetiva. A combinao revela a maneira individual de cada escritor interpretar a realidade.

    15 15

  • outros esperam que seja veculo de anlise e crtica em relao sociedade e vida.

    Muitas vezes, o autor procura brincar com as palavras, ou seja, fazer com elas um jogo de experincias sonoras. A obra tem,nesse caso, uma funo ldica. Observe: A onda a onda anda aonde anda a onda? a onda ainda ainda onda ainda anda aonde? aonde? a onda a onda

    Num poema como A onda, de Manuel Bandeira, a inteno ldica clara. Podemos dar-lhe uma interpretao mais complexa, vendo no texto uma representao do movimento das constantes transformaes da vida, ou simplesmente apreciar o jogo que o poeta faz com a palavra onda, substituindo sua slaba tnica, que sempre retorna, num movimento ondulatrio que o prprio significado do poema:

    a onda anda/ aonde anda/ a onda?

    Certas pocas literrias so marcadas pela importncia que os autores atribuem perfeio formal de suas obras. Os temas passam para um segundo plano, s interessando a beleza esttica. Quando isso ocorre, a literatura aliena-se da realidade. o que chamamos de arte pela arte, caracterstica, por exemplo, do Parnasianismo, movimento literrio do final do sculo XIX.

    Se, ao contrrio, a forma e o trabalho com a palavra so preteridos, reduz-se a obra a panfleto, a mero instrumento de propaganda. Isto no impede que existam autores de valor realizando uma literatura engajada, isto , comprometidos com a defesa de certas idias polticas, filosficas ou religiosas.

    No h vagas O preo do feijo no cabe no poema. O preo do arroz no cabe no poema. No cabem no poema o gs a luz o telefone a sonegao do leite da carne do acar do po.

    O funcionrio pblico no cabe no poema com seu salrio de fome sua vida fechada em arquivos. Como no cabe no poema o operrio que esmerila seu dia de ao e carvo nas oficinas escuras porque o poema, senhores, est fechado: no h vagas S cabe no poema o homem sem estmago a mulher de nuvens a fruta sem preo O poema, senhores, no fede nem cheira.

    (Ferreira Gullar)

    Os nveis de leitura de um texto literrio A leitura superficial, horizontal que se limita compreenso dos elementos mais imediatos e concretos do texto. Por meio dela o leitor aprende o significado literal, ou aquilo que o texto diz. A leitura em profundidade ou leitura vertical requer a interpretao dos elementos de significao literal. O leitor busca aquilo que o texto quer dizer. Nesse nvel, o texto se revela plurissignificativo. O texto e o leitor

    A verdade que minha atroz funo no resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e no pensar por ele.

    (Mrio Quintana)

    Quintana no sugere que toda obra deva

    ser um complicado enigma e cada leitura, uma penosa decifrao. Sua frase apenas caracteriza a obra literria como uma provocao. Isso nos faz pensar sobre o papel desempenhado pelo leitor em sua relao com o texto.

    A obra literria constitui uma estrutura significante. Os seus significados s se concretizam no momento da leitura.

    O leitor, por sua vez, no um elemento passivo, nem apenas recebe coisas feitas. A ele compete tornar vivos os significados que existem potencialmente na obra.

    A leitura, portanto, tambm consiste em um ato criativo.

    EXERCCIO (UFES) Mas que significam as palavras? Que significam, na verdade, as palavras? Que significa a palavra verdade, a palavra mentira ou a palavra amor? LYRA, Bernadette

    16 16

  • A afirmativa incorreta em relao ao conceito de literatura : a) Literatura linguagem carregada de significado. b) No texto literrio, as palavras possuem predominantemente o sentido denotativo. c) Em literatura, cada palavra tem mil faces secretas sob a face neutra. d) O texto literrio plurissignificativo, passivo de vrias interpretaes. e) A linguagem literria predominantemente conotativa e metafrica.

    TEXTO LITERRIO E TEXTO NO LITERRIO Texto I O Bicho Vi ontem um bicho Na imundice do ptio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, No examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho no era um co, No era um gato, No era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

    (Manuel Bandeira)

    Texto II Descuidar do lixo sujeira

    Diariamente, duas horas antes da chegada do caminho da prefeitura, a gerncia (de uma das filiais do Mc Donalds) deposita na calada dezenas de sacos plsticos recheados de papelo, isopor, restos de sanduches. Isso acaba propiciando um lamentvel banquete de mendigos. Dezenas deles vo ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calado.

    (VEJA. So Paulo. 23-29/12/92)

    EXERCCIOS 1) Na terceira estrofe do texto I, o eu lrico comea a identificar o bicho que comia comida no lixo. Primeiramente, a identificao feita por negativas. O bicho no era um co/ No era um gato/ No era um rato. No ltimo verso, ocorre a identificao: O bicho, meu Deus, era um homem. a) Que efeito de sentido causa a identificao por negativas? b) A comparao do bicho com co, gato e rato sugere ao ser humano que condio? c) Que sentimento o eu lrico manifesta na expresso meu Deus?

    2) Os dois textos retratam uma cena mais ou menos comum na realidade brasileira, contudo apresentam diferenas quanto ao enfoque e ao tratamento dado ao assunto. a) O texto II, considerando o ttulo, parece enfocar especialmente o qu? b) E o texto I?

    17 17

  • GNEROS LITERRIOS Gnero Literrio o conjunto de

    caractersticas que permitem classificar uma obra literria em determinada categoria. So trs os gneros literrios: pico ou narrativo, lrico e dramtico. Existe uma teoria antiga e uma concepo moderna dos gneros.

    Na teoria clssica - a mais antiga-, que vigorou at o sculo XVIII, admite-se a existncia de trs gneros fixos e imutveis: o pico, o lrico e o dramtico. Esses gneros diferem tambm quanto ao seu prestgio. A comdia, por exemplo, era considerada menos nobre que a tragdia. Na Antiguidade, no se admitia a mistura de gneros, pois cada um apresentava caractersticas prprias e exclusivas.

    Na teoria moderna, reconhecem-se os mesmos gneros fundamentais: narrativo (ou pico), lrico e dramtico. No entanto, no h diferenas de prestgio, ou seja, uma obra no ser considerada melhor ou pior por pertencer a determinado gnero. Admite-se a fuso de gneros ou espcies, como ocorro na tragicomdia, que combina elementos da tragdia e da comdia.

    Gnero lrico

    A palavra lrica origina-se de lira, instrumento musical muito utilizado pelos gregos.

    Havia, portanto, entre o som e a palavra uma juno que perdurou at o sculo XV, quando os poetas se distanciaram da msica e os poemas passaram a ser lidos ou declamados.

    O gnero lrico certo tipo de texto no qual um eu lrico (a voz que fala no poema, que nem sempre corresponde a do autor) exprime suas emoes, ideias e impresses ante o mundo exterior. Normalmente h os pronomes e os verbos em primeira pessoa, alm do predomnio da funo emotiva da linguagem.

    Embora o lirismo tambm possa ocorrer na prosa, a expresso mais direta e natural do gnero a poesia.

    Pertencem ao gnero lrico os poemas em geral, dependendo de como o lirismo apresentado, obtm-se textos de nomes diferentes. Ode e hino Os dois nomes vm da Grcia e significam canto. Ode a poesia entusistica, de

    exaltao. Hino a poesia destinada a glorificar a ptria ou dar louvores as divindades. Elegia - a poesia lrica em tom triste. Fala de acontecimentos ou da morte de algum. O Cntico do Calvrio, de Fagundes Varela, , sem dvida, a mais famosa elegia da literatura brasileira, inspirada na morte prematura de seu filho. Idlio e cogla - So poesias pastoris, buclicas. A cogla difere do idlio por apresentar dilogo. Epitalmio poesia feita em homenagem s npcias de algum. Stira - Poesia que se prope a corrigir os defeitos humanos, mostrando o ridculo de determinada situao. Soneto uma composio potica de quatorze versos distribudos em dois quartetos e dois tercetos. Apresenta sempre mtrica mais usualmente versos decasslabos ou alexandrinos (doze slabas poticas).

    EXERCCIO

    1) Discuta a presena do lirismo nos textos abaixo:

    Texto I Soneto da fidelidade

    De tudo, meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero viv-lo em cada vo momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angstia de quem vive Quem sabe a solido, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que no seja imortal, posto que chama Mas que seja infinito enquanto dure.

    (Vincius de Moraes)

    Texto II Flores

    Olhei at ficar cansado De ver os meus olhos no espelho Chorei por ter despedaado As flores que esto no canteiro Os punhos e os pulsos cortados E o resto do meu corpo inteiro

    IMPORTANTE: Nenhuma obra pertence inteira e absolutamente a um gnero: um texto narrativo, por exemplo, pode apresentar trechos lricos; um poema lrico pode apresentar passagens narrativas.

    18 18

    Unidade 6

  • H flores cobrindo o telhado E embaixo do meu travesseiro H flores por todos os lados H flores em tudo que eu vejo A dor vai curar essas lstimas O soro tem gosto de lgrimas As flores tm cheiro de morte A dor vai fechar esses cortes Flores Flores As flores de plstico no morrem

    (Tits)

    GNERO PICO Uma das principais caractersticas dos

    textos que pertencem ao gnero pico a presena de um narrador, que quase sempre conta uma histria. Isso implica certo distanciamento entre o narrador e o assunto tratado, o que no ocorre no gnero lrico. Alm disso, os textos picos pressupem a presena de um ouvinte ou de uma plateia.

    Os textos picos so geralmente longos e narram histrias de um povo ou de uma nao.

    Envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos; apresentam um tom de exaltao, valorizao de heris e seus feitos.

    Dentre as principais epopeias, destacamos: Ilada e Odisseia de Homero (Grcia, narrativas sobre a guerra entre Grcia e Troia) Eneida de Virglio (Roma, narrativa dos feitos romanos) Os Lusadas de Cames (Portugal, narra os feitos dos portugueses)

    Os fatos do gnero pico sempre eram retirados da Histria ou da Mitologia. Mas com o surgimento da prosa, principalmente do romance e do conto, passou-se a denominar de gnero pico todas as obras que no so classificveis como lricas (sentimentais ou pessoais) ou dramticas (teatrais).

    Estas so as principais manifestaes do gnero pico:

    Em verso:

    Epopeia

    Poema pico

    Poemeto pico Em prosa:

    Romance

    Novela

    Conto

    Crnica

    Aplogo

    Fbula

    Parbola

    GNERO DRAMTICO Drama, em grego, significa ao. Ao

    gnero dramtico pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados. Isso significa que entre o autor e o pblico desempenha papel fundamental todo o elenco que participa da encenao.

    O gnero dramtico compreende as seguintes modalidades:

    Tragdia - a representao de um fato trgico, apto a suscitar compaixo e terror. Aristteles afirmava que era uma representao de uma ao grave, de alguma extenso e completa, em linguagem figurada com atores agindo, no narrando, inspirando d e terror. Comdia - a representao de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fcil, geralmente criticando os costumes. Sua origem est ligada s festas populares gregas de celebrao fecundidade da natureza. Drama - a mistura de elementos trgicos e cmicos alternando o prazer e a dor, por ter esse carter hbrido o drama se aproxima mais da vida humana. Farsa - pequena pea teatral, de carter ridculo e caricatural, criticando a sociedade e seus costumes.

    EXERCCIOS

    Texto I Para que ningum a quisesse

    Porque os homens olhavam demais para sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava ateno, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armrios tirou as roupas de seda, das gavetas tirou todas as joias. E, vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos. Agora podia viver descansado. Ningum a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, no mais atravessava praas. E evitava sair. To esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que flusse em silncio pelos cmodos, mimetizada com os mveis e as sombras. Uma fina saudade, porm, comeou a alinhavar-se em seus dias. No saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela. Ento lhe trouxe o batom. No outro dia um corte de seda. noite, tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o

    19 19

  • tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cmoda.

    (Marina Colasanti)

    Texto II Trechos: Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

    Palhao: Auto da Compadecia! Uma histria altamente moral e um apelo misericrdia. Joo Grilo: Ele diz " misericrdia", porque sabe que, se fssemos julgados pela justia, toda a nao seria condenada". Joo Grilo: Esse era um cachorro inteligente. Antes de morrer, olhava para a torre da igreja toda vez que o sino batia. Nesses ltimos tempos, j doente para morrer, botava uns olhos bem compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza. At que meu patro entendeu, como a minha patroa, claro, que ele queria ser abenoada e morrer como cristo. Mas nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patro prometesse que vinha encomendar a beno e que, no caso de ele morrer, teria um enterro em latim. Que em troca do enterro acrescentaria no testamento dele dez contos de ris para o padre e trs para o sacristo.

    Texto III Fanatismo Minhalma, de sonhar-te, anda perdida. Meus olhos andam cegos de te ver! No s sequer razo do meu viver, Pois que tu s j toda a minha vida! No vejo nada assim enlouquecida... Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma histria tantas vezes lida! Tudo no mundo frgil, tudo passa... Quando me dizem isto, toda a graa Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, digo de rastros: Ah! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu s como Deus: Princpio e Fim!...

    (Florbela Espanca)

    1) Identifique o texto a que se refere cada uma das afirmativas: a) O texto lido uma histria para ser representada em um palco. b) O texto lido resume-se s confisses dos sentimentos ntimos do eu-lrico. c) O texto lido uma narrativa. 2) Assinale as alternativas corretas:

    a) Ns leitores, tomamos conhecimento dos fatos atravs da fala de um narrador, nos trs textos. b) Narrador s existe no texto I. No texto II, tomamos conhecimento dos fatos por meio do dilogo das personagens e das rubricas. c) No h narrador em nenhum dos textos.

    20 20

  • REFORMA ORTOGRFICA

    ALFABETO O Acordo inseriu mais trs letras no nosso

    alfabeto. Ao invs de 23 letras, agora o alfabeto conta com 26, com a incorporao do K, W e o Y.

    A utilizao das novas letras fica restrita a alguns casos, como j acontece atualmente. Nomes prprios de pessoas e seus derivados; Exemplos: Franklin, frankliniano; Kant, kantistno; Darwin, darwinismo; Wagner,wagneriano, Byron, byroniano; Taylor, taylorista; Nomes prprios de lugares originrios de outras lnguas e seus derivados; Exemplos: Kuwait, kuwaitiano, Washington, Yokohama, Kiev. Smbolos, abreviaturas, siglas e palavras adotadas como unidades de medida internacionais; Exemplos: km (quilmetro), KLM (companhia area), K (potssio), W (watt), Kg (quilograma), www (sigla de world wide web, expresso que sinnimo para a rede mundial de computadores). Palavras estrangeiras incorporadas lngua Exemplos: Show, playboy, sexy, playground, windsurf, download, kung fu, yin, yang, megabyte

    TREMA Com a Reforma Ortogrfica, o trema sinal de dois pontos usado em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos que, qui, gue e gui, pronunciada abolido e deixa de fazer parte da lngua portuguesa. O sinal s mantido em nomes prprios de origem estrangeira e nos seus derivados. Exceo: Nomes prprios de origem estrangeira e nos seus derivados. Exemplos: Bndchen, Mller, mlleriano

    ACENTO AGUDO No se usa mais os acentos: 1) Ditongos abertos i e i das palavras paroxtonas (com acento tnico na penltima slaba).

    ANTES AGORA

    Alcaloide Alcaloide

    Alcatia Alcateia

    Androide Androide

    apia (verbo apoiar) Apoia

    apio (verbo apoiar) Apoio

    Asteroide Asteroide

    Bia Boia

    Coria Coreia

    Celuloide Celuloide

    Claraboia Claraboia

    Colmeia Colmeia

    Estria Estreia

    Europia Europeia

    Heroico Heroico

    Idia Ideia

    Jibia jiboia

    Jia joia

    Paranoia paranoia

    Plateia platia

    Obs: As palavras oxtonas terminadas em is, u, us, i, is continuam sendo acentuadas. Exemplos: papis, heri, heris, trofu, trofus. 2) No i e no u tnicos das palavras paroxtonas quando vierem depois de um ditongo.

    ANTES AGORA

    Baica Baiuca

    Bocaiva Bocaiuva

    Caula Cauila

    Feira Feiura

    Tuica Tuica

    Obs: J nas palavras oxtonas, quando o i ou o u estiverem em posio final ou seguidos de s, o acento agudo permanece. Exemplos: tuiui, tuiuis, Piau. 3) No u tnico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir. 4) Nas formas verbais terminadas em guar, quar e quir, quando forem pronunciadas com u tnico. Exemplo: verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem. J se os verbos terminadas em guar, quar e quir forem pronunciadas com o a ou i tnicos necessrio utilizar a acentuao. Exemplo: verbo enxaguar: enxguo, enxguas, enxgua, enxguam; enxgue, enxgues, enxguem.

    ACENTO DIFERENCIAL Utilizado para permitir a identificar as

    palavras que tm a mesma pronncia (homfonas), o acento diferencial tambm abolido com a reforma ortogrfica.

    21 21

    Unidade 7

  • - pra (do verbo parar)/para (preposio); - pra (substantivo)/pera (preposio) - pla (verbo pelar)/ pela (juno de preposio e artigo) - plo (substantivo/pelo (do verbo pelar) - plo (substantivo)/polo (juno de por e lo) Exemplos:

    ANTES AGORA

    As crianas gostam de jogar plo

    As crianas gostam de jogar polo

    A moa pra o taxi A moa para o taxi

    Ela quis uma pra no lanche

    Ela quis uma pera no lanche

    Fomos ao plo Norte Fomos ao polo Norte

    O gato tem plos cinza O gato tem pelos cinzas

    Observao: Duas palavras fogem nova regra: pr (verbo) e pde (o verbo conjugado no passado) continuam com o acento diferencial. No caso do pr para evitar a confuso com a preposio por. J o pde continua com acentuao para no ser confundido com pode (o mesmo verbo conjugado no presente). Nas palavras frma/forma o uso do acento facultativo. ACENTO DIFERENCIAL

    O acordo tambm retirou o acento circunflexo das palavras terminadas em o(s) e nas conjunes da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo (em) dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados.

    ANTES AGORA

    Crem Creem

    Dem Deem

    Lem Leem

    Vem Veem

    Prevem Preveem

    Vo Voo

    Enjos Enjoos

    Observao: A acentuao dos verbos ter e vir e seus derivados no muda. No plural, mantido o circunflexo (ex: elas tm, eles vm). J as palavras com mais de uma slaba continuam recebendo o acento agudo (Ex: ele detm, ele intervm).

    HFEN No se usa mais o hfen nos seguintes casos: - Prefixo terminando com vogal e o segundo elemento comeando com as consoantes s ou r. Nessa situao, a consoante tem que ser duplicada.

    ANTES AGORA

    anti-religioso antirreligioso

    anti-semita antissemita

    contra-regra contrarregra

    contra-senha contrassenha

    extra-regulamentao extrarregulamentao

    Observao: O hfen continua sendo utilizando quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento tambm Exemplos: hiper-requintado, super-resistente. - Prefixo terminando em vogal e o segundo elemento comeando com uma vogal diferente.

    ANTES AGORA

    auto-aprendizagem autoaprendizagem

    auto-estrada autoestrada

    extra-escolar extraescolar

    infra-estrutura infraestrutura

    auto-estrada autoestrada

    auto-instruo autoinstruo

    auto-aprendizagem autoaprendizagem

    - Prefixo terminado por consoante e o segundo elemento comeando por vogal. Exemplos:

    hiperacidez hiperativo interescolar interestadual

    interestelar interestudantil superamigo superaquecimento

    supereconmico superexigente superinteressante superotimismo

    - Nas palavras que perderam a noo de composio. Exemplos:

    girassol madressilva mandachuva madressilva

    manachuva paraquedas paraquedista pontap

    2) O hfen usado nos seguintes casos: - O hfen continua sendo utilizando quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento tambm Exemplos: hiper-requintado - super-resistente - Com prefixos, usa-se sempre o hfen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:

    anti-higinico anti-histrico co-herdeiro macro-histria mini-hotel

    proto-histria sobre-humano super-homem ultra-humano

    Exceo: subumano e inbil

    Deixam de acentuadas palavras como:

    22 22

  • - Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hfen se o segundo elemento comear pela mesma vogal. Exemplos:

    anti-ibrico

    anti-imperialista

    anti-inflacionrio

    anti-inflamatrio

    auto-observao

    contra-almirante

    contra-atacar

    contra-ataque

    micro-ondas micro-nibus

    semi-internato

    semi-interno

    - Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hfen se o segundo elemento comear pela mesma consoante. Exemplos:

    hiper-requintado inter-racial inter-regional sub-bibliotecrio super-racista

    super-reacionrio super-resistente super-romntico

    - Nos prefixos ex, sem, alm, aqum, recm, ps, pr e pr Exemplos:

    alm-mar alm-tmulo aqum-mar ex-aluno ex-diretor

    ex-hospedeiro ex-prefeito ex-presidente ps-graduao pr-histria

    pr-vestibular pr-europeu recm-casado recm-nascido sem-terra

    - Deve-se usar o hfen com os sufixos de origem tupi-guarani: au, guau e mirim. Exemplos: amor-guau - anaj-mirim - capim-au.

    FIGURAS DE LINGUAGEM

    Ao interagirmos, seja por meio da palavra escrita, falada ou da imagem, empregamos diversificados recursos para atingir o objetivo pretendido. Por meio dos textos, precebemos a finalidade do autor e nos deparamos com inmeras formas de comunicao at mesmo de mensagens com contedos parecidos.

    Em um texto do cotidiano, como bula de remdio, por exemplo, o autor possui um objetivo prtico, isto , o de prescrever como tomar o medicamento, quais so as contraindicaes, a composio do produto, entre outros.

    Se pensarmos, contudo, em textos que objetivam a apreciao artstica e literria, a emoo esttica e o aflorar da subjetividade ou mesmo uma reflexo mais profunda, a intencionalidade muda. Temos, no segundo caso, textos expressos pela linguagem figurada, resultantes de combinaes incomuns de palavras que j se diferenciam do uso cotidiano da lngua e significam de forma expressiva e esttica os sentimentos e desejos humanos.

    Compare os textos abaixo:

    a) A noite continua e o dia demora a chegar, mas o leiteiro est morto ao relento. b) A noite geral prossegue, a manh custa a chegar, mas o leiteiro estatelado, ao relento, perdeu a pressa que tinha. (Carlos Drummond de Andrade. A morte do leiteiro. In: A

    Rosa do povo, p.195)

    Em a, temos uma descrio em que se

    contata a morte de um cidado comum, um leiteiro, que marginalizado, morto e abandonado at mesmo na situao de sua morte (ao relento).

    O texto b estabelece a mesma crtica, entretanto busca afastar-se do uso da linguagem comum. O poeta intensifica a situao de morte sem mesmo dizer literalmente que ela ocorreu, ou seja, a morte representada pelo leiteiro estetelado ao relento e pela perda da pressa e no pelo uso da palavra morte. Assim, constri a imagem da marginalizao do indviduo comum e da desvalorizao da vida humana por meio da emoo e pela fuga da linguagem convencional. A figura de linguagem , portanto, um recurso de linguagem significado pelo distanciamento da objetividade. Consiste na combinao incomum de palavras que do um sentido para alm das convenes sociais e o real estabelecido.

    23 23

    Unidade 8

  • As figuras de linguagem so divididas em figuras de som, de pensamento ou palavras e de construo ou sintaxe e so de suma importncia para um bom entendimento dos mais diversos gneros, tais como a poesia, a msica e o texto propagandstico.

    FIGURAS DE SOM Aliterao: repetio de mesmos sons consonantais. Ex.: Vozes veladas veludosas vozes/Volpias dos violes, vozes veladas

    (Cruz e Souza)

    Assonncia: representada pela repetio de sons voclicos. Ex.: Na messe, que enlourece, estremece a quermesse. (Eugnio de Castro) Paronomsia: aproximao de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. Ex.: Quem teme treme. Onomatopia: consiste em passar para a escrita um determinado som. Ex.: Splish splash/ Fez o beijo que eu dei/ Nela dentro do cinema (...) (Erasmo Carlos)

    FIGURAS DE PENSAMENTO OU PALAVRAS Comparao: consiste em identificar dois elementos a partir de uma caracterstica comum. Geralmente aparece a conjuno como. Ex.: Eu fao versos como quem chora De desalento... de desencanto...

    (Manuel Bandeira)

    Metfora: realiza-se na utilizao uma palavra, ou expresso, em lugar de outra, por haver entre elas uma relao de semelhana. uma comparao mental. Ex.: Meu corao um balde despejado.

    (Fernando Pessoa)

    Metonmia: a substituio de um termo por outro, baseando-se em uma estreita relao de sentido. Ex.: Minha professora leu Cames para ns. Anttese: caracteriza-se pela aproximao de termos contrrios, de palavras que se opem pelo sentido. Ex.: Os jardins tm vida e morte. Paradoxo: o contraste se faz pela aproximao de ideias absurdas. Ex.: Amo-te assim: meio odiosamente

    (Augusto dos Anjos)

    Catacrese: consiste no emprego de um termo figurado pela falta de outro mais prprio, sendo que este caiu no uso popular. Ex.: A perna da mesa quebrou.

    Eufemismo: o emprego de uma expresso suave e polida no lugar de outra considerada grosseira ou chocante. Ex.: Fulano cosmeticamente prejudicado (no lugar de Fulano feio). Perfrase: designa um ser por meio de uma caracterstica que o tenha celebrizado. Ex.: A cidade Luz (Paris). Autonomsia: o mesmo que a perfrase, mas quando se trata de pessoas. Ex.: O poeta dos escravos (Castro Alves). Hiprbole: Consiste em realar o pensamento por meio do emprego de uma expresso intencionalmente exagerada. Ex.: Eles morreram de rir. Ironia: caracteriza-se pela expresso o contrrio do que se pensa. Diz-se uma coisa para significar outra. Ex.: A excelente Dona Incia era mestra na arte de judiar de crianas. (Monteiro Lobato) Prosopopia/ personificao: representada pela atribuio de vida, ao, voz e movimento a seres inanimados, irracionais ou abstratos. Ex.: Sinto o canto da noite na boca do vento. Sinestesia: rene sensaes originrias de diferentes rgos dos sentidos. Ex: O sol do outono caa com uma luz plida e macia.

    FIGURAS DE CONSTRUO OU SINTAXE Hiprbato/Inverso: a inverso da ordem usual dos termos de uma orao ou das oraes de um perodo. Ex.: Ouviram do Ipiranga as margens plcidas/ de um povo herico um brado retumbante.. (As margens plcidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo herico). Elipse: a omisso de termos que podem ser facilmente depreendidos. Ex.: Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. Zeugma: trata-se da omisso de um termo que j apareceu antes. Ex.: Ele prefere cinema; eu, teatro. Polissndeto: repetio da mesma conjuno entre oraes ou palavras dispostas em seqncia. Ex.: E teima, e lima, e sofre e sua.

    (Olavo Bilac)

    Assndeto: consiste na omisso de conjunes entre as oraes. Ex.: Vim, vi, venci (Jlio Csar)

    24 24

  • Anfora: repetio da mesma palavra ou grupo de palavras no incio de frases ou versos. Ex.: Amor fogo que arde sem se ver/ ferida que di e no se sente/ um contentamento descontente.

    (Cames) Anacoluto: um fenmeno muito comum na oralidade, consiste na quebra da ordem lgica da frase. Ex.: Eu, no tem um dia que meu time no d show de bola. Pleonasmo: a repetio de uma palavra ou de uma noo j implicada no texto. Ex.: No percam o sensacional campeonato de natao aqutica. Gradao: representada por uma sequncia de idias expostas em ordem crescente ou decrescente de intensidade. Ex.: Tudo na casa era cinza, nebuloso, assustador. (Pedro Nava) Apstrofe: consiste na evocao ou interpelao enftica de pessoas ou seres. Ex.: Santa Virgem Maria, vs que sois me do/ canto e do dia, dai-nos a luz do luar. (Gilberto Gil) Silepse: ocorre quando a concordncia feita pelo sentido e no pela forma gramatical. Podemos ter silepse de pessoa (Ex.: Os que no sabem alemo temos o maior respeito por essa lngua), de nmero (Ex.: A gente somos intil) e de gnero (Ex.: A belssima Recife de Manuel Bandeira).

    EXERCCIOS 1) (UFMT) INSTRUO: Leia o texto de Ceclia Meireles para responder s questes 1 e 2. Abandonando o esprito destrutivo e irreverente dos primeiros momentos do Modernismo, a poesia, a partir de 1930, apresenta um gradual amadurecimento. Livres da preocupao de chocar o pblico conservador, os poetas dessa fase tendem para uma revalorizao das formas poticas tradicionais. CANO Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; depois, abri o mar com as mos, Para o meu sonho naufragar. Minhas mos ainda esto molhadas Do azul das ondas entreabertas, E a cor que escorre dos meus dedos Colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, A noite se curva de frio; Debaixo da gua vai morrendo Meu sonho, dentro de um navio...

    Chorarei quanto for preciso, Para fazer com que o mar cresa, E o meu navio chegue ao fundo E o meu sonho desaparea. Depois, tudo estar perfeito: Praia lisa, guas ordenadas, Meus olhos secos como pedras E as minhas duas mos quebradas. Da leitura do poema, pode-se afirmar: a) As lgrimas do eu-lrico guardam uma relao inversamente proporcional s guas de um mar abstrato. b) O emprego da palavra navio, essencialmente concreta, no se presta de maneira adequada s especificidades de contextos poticos. c) A estrofe final denuncia uma secura ptrea do olhar, coerente com a frieza marcante do eu-lrico. d) Os olhos secos como pedras so o resultado de um chorar hiperblico, de um mar de lgrimas. e) A aliterao em v (vento vem vindo) sugere que a angstia que domina o eu-lrico momentnea e que, como o vento, vai passar. 2) Analise o texto abaixo e responda:

    a) Qual o termo da charge desencadeia o riso? Explique como o sentido do texto construdo e como esta expresso instaura um pressuposto acerca da poltica no pas. b) O sentido atribudo palavra pleonasmo o mesmo encontrado em suas definies quando figura de linguagem? Explique. 3) (UEL) O lado soft do metal O canadense Sam Dunn estudava refugiados guatemaltecos, mas resolveu voltar seu foco para outra tribo: fs e msicos do heavy metal. Depois de cinco anos de filmagens, o antroplogo, f do gnero, e o (co-diretor) Scot McFadyen lanaram o documentrio Metal: a Headbangers Journey, exibido em algumas cidades do Canad, EUA e Inglaterra e com DVD venda na internet. Dunn acredita que alcanou

    25 25

  • seu objetivo principal: desmistificar a imagem dos metaleiros como violentos e ignorantes. A maior polmica abordada no filme diz respeito aos incndios em igrejas crists na Noruega, no comeo dos anos 90, provocados por pessoas envolvidas com o black metal, como o msico Jorn Tunsberg. O cristianismo noruegus uma fora limitadora para muitos jovens, e o metal fornece escape para eles se rebelarem. Os incndios tm mais relao com esse ressentimento do que com a msica em si, afirma.

    (Adaptado da Revista Galileu. So Paulo, n.180, Editora Globo, jul. 2006, p.11.)

    O estrangeirismo, no ttulo do texto, utilizado para captar o contraditrio. correto afirmar que, usando o estrangeirismo, o autor recorreu a um recurso denominado: a) Eufemismo b) Anttese. c) Aliterao d) Onomatopia. e) Hiprbole. 4) A partir da leitura da cano Tempo Perdido, de Renato Russo, explique como as figuras de linguagem hiprbole, anttese, paradoxo e anfora constroem um sentido para a relao entre vida e tempo. Tempo Perdido

    Legio Urbana

    Todos os dias quando acordo No tenho mais O tempo que passou Mas tenho muito tempo Temos todo o tempo do mundo... Todos os dias Antes de dormir Lembro e esqueo Como foi o dia Sempre em frente No temos tempo a perder... Nosso suor sagrado bem mais belo Que esse sangue amargo E to srio E Selvagem! Selvagem! Selvagem!... Veja o sol Dessa manh to cinza A tempestade que chega da cor dos teus olhos Castanhos... Ento me abraa forte E diz mais uma vez

    Que j estamos Distantes de tudo Temos nosso prprio tempo Temos nosso prprio tempo Temos nosso prprio tempo... No tenho medo do escuro Mas deixe as luzes Acesas agora O que foi escondido o que se escondeu E o que foi prometido Ningum prometeu Nem foi tempo perdido Somos to jovens... To Jovens! To Jovens!...

    (Russo, Renato. Tempo Perdido. In: Dois, 1986)

    26 26

  • NMEROS NATURAIS So nmeros inteiros no negativos: IN = {0,1,2,3,...}

    DIVISO DE NMEROS NATURAIS Exemplo: Dividir o nmero 37 por 7

    Note que: 37 = 7 . 5 + 2 , ento Na diviso vale a relao abaixo:

    Dividendo = divisor . quociente + resto importante lembrar de que: A diviso s existe se o divisor for diferente de zero

    Divisor 0 O resto sempre menor que o divisor

    Resto < divisor

    MLTIPLOS E DIVISORES Ao dividirmos dois nmeros naturais

    podemos encontrar no resultado um nmero natural. Por exemplo, 52 dividido por 4 d 13. Ento, dizemos que 4 um divisor ou fator de 52. Tambm podemos dizer que 52 mltiplo de 4.

    Em geral, seja m e n dois nmeros naturais quaisquer, se existir um terceiro nmero natural q tal que m = n.q, ento n se diz um divisor de m ou m mltiplo de n.

    m = n . q 52 = 4 . 13

    Exemplo:

    40 divisvel por 5

    40 mltiplo de 5

    5 divisor de 40

    resto igual a 0

    m divisvel por n

    n divisor de m

    Nmero natural par

    todo nmero divisvel por 2, ou seja, todo mltiplo de 2.

    P = {0,2,4,6,8,10,12,14,16,...} (um nmero par se o ltimo algarismo for 0, 2, 4, 6 ou 8). Nmero natural mpar

    todo nmero que no divisvel por 2, ou seja, todo nmero que no par:

    I = {1,3,5,7,9,11,13, ...}

    (um nmero mpar se o ltimo algarismo for 1, 3, 5, 7 ou 9).

    Mltiplo natural

    Para obter-se os mltiplos de um nmero natural, devemos multiplicar esse nmero pelo conjunto dos nmeros naturais. Exemplo:

    Obter os mltiplos de 7 e 15

    7 x 0 = 0 15 x 0 = 0 7 x 1 = 7 15 x 1 = 15 7 x 2 = 14 15 x 2 = 30 7 x 3 = 21 15 x 3 = 45

    Sendo M(n) o conjunto dos nmeros dos

    nmeros naturais que so mltiplos de n, ento: M(7) = {0,7,14,21, ...}

    M(15) = {0,15,30,45, ...}

    Nmero natural primo

    todo nmero natural que possui exatamente dois divisores naturais. Ento, poderamos dizer que o nmero primo divisvel por 1 e por ele mesmo.

    Os primeiros nmeros primos em ordem crescente so:

    2,3,5,7,11,13,17,19,23,29,31,37,41...

    FATORAO Fatorar um nmero fazer decomposio

    em fatores primos. Para decompor um nmero natural em

    fatores primos, basta dividirmos o nmero dado pelo seu menor divisor primo. A seguir dividimos quociente obtido pelo seu menor divisor primo.

    MATEMTICA

    27 27

    Unidade 1

    DividendoResto

    DivisorQuociente

    372

    75

  • Repetindo-se o processo at encontrarmos o quociente igual a 1.

    Exemplo Fatorar o nmero 420

    420 = 2

    2. 3 . 5 . 7

    Clculo dos divisores naturais

    Para descobrir os divisores naturais de um nmero natural temos que fazer primeiro a fatorao desse nmero. Em seguida colocar acima e a direita da fatorao o nmero 1.

    Colocar o nmero 1 porque ele divisor de qualquer nmero

    Multiplicar o fator primo 2 pelo divisor 1

    Multiplicar o fator primo 3 pelos divisores 1 e 2 e depois multiplicar o fator primo 5 pelos divisores 1,2,3 e 6

    Para descobrir a quantidade de divisores

    de um nmero basta fator-lo e aos expoentes somar sempre 1 unidade a mais e a resultado multiplicar os expoentes.

    30= 2.3.5 2 exp.1 (1+1) = 2 3 exp. 1 (1+1) = 2 5 exp. 1 (1+1) = 2

    2.2.2= 8 divisores

    MXIMO DIVISOR COMUM (M.D.C.) O mximo divisor comum de dois ou mais

    nmeros o maior nmero que divide todos eles simultaneamente. Se os nmeros no compartilharem divisores comuns, seu MDC 1.

    Para calcular o M.D.C dos nmeros 12 e 18 devemos primeiro determinar os seus divisores teremos:

    D12 = {1,2,3,4,6,12} D18 = {1,2,3,6,9,18} Divisores comuns: 1,2,3,6 M.D.C. :6

    Tambm podemos calcular o MDC a partir da fatorao individual de cada nmero:

    12 = 22 . 3

    1 18 = 2

    1 . 3

    2

    Basta multiplicar os fatores comuns (2 e 3)

    com os menores expoentes M.D.C. = 2

    1 . 3

    1 = 6

    MNIMO MLTIPLO COMUM o menor nmero que mltiplo de um

    conjunto de nmeros simultaneamente. Para calcular o MMC basta multiplicar

    todos os fatores com os maiores expoentes. Exemplo: MMC entre 20, 24 e 36

    M.M.C. = 2.2.2.3.3.5 = 23.3

    2.5 = 360

    O M.M.C. sera dado pelo produto do(s)

    fator(es) comum(ns) ou no comum(ns) com o (s) maior(es) expoente(s) em que eles se apresentam nas suas respectivas decomposies.

    EXERCCIOS 1) (UEL) So dadas as sentenas: I- O nmero 1 tem infinitos mltiplos II- O nmero 0 tem infinitos divisores. III- O nmero 161 primo. correto afirmar que SOMENTE: a) I verdadeira b) II verdadeira c) III verdadeira d) I e II so verdadeiras e) II e III so verdadeiras

    28 28

    420210105

    3571

    2

    2

    357

    1230355

    1

    15

    1230355

    1

    152

    1230355

    1

    1523 , 65 ,10,15,30

    2333

    918 2

    3 , 69 , 18

    1

    1

    2233

    612 2

    43 , 6 , 12

    1

    1

    20 , 24 , 3610 , 12 , 18

    5 ,6 , 95 ,3 , 95 ,1 , 35 ,1 , 11 ,1 , 1

    222335

  • a)161 e 163 b)161 e 169 c)163 e 165 d)163 e 167 e)163 e 169 3) Realizar a decomposio em fatores primos dos seguintes nmeros: a) 30 b) 55 c) 64 d) 72 e) 97 f) 105 4) Calcular o MDC dos seguintes nmeros: a) 6, 15 b) 77,121 c) 70,105,135 5) Calcular o MMC dos seguintes nmeros: a) 6, 15 b) 12, 20, 24 c) 10, 15, 35, 55 d) 13,37 e) 23, 29, 31 f) 105, 110 g) 48, 64, 96 6) (UFPI) Seja x um nmero natural. Se mdc(x,18)=3 e m.m.c.(x,18)=90, ento o valor de x pode ser: a) 9 b) 12 c) 15 d) 60 e) 90 7) (UEL) Numa linha de produo, certo tipo de manuteno feito na na maquina A a cada 3 dias, na maquina B a cada 4 dias, e na maquina C a cada 6 dias. Se no dia 2 de dezembro foi feita a manuteno das trs mquinas, a prxima vez que a manuteno das trs maquinas ocorreu no mesmo dia foi em: a) 5 de dezembro b) 6 de dezembro c) 8 de dezembro d)14 de dezembro e) 26 de dezembro 8) (MACK) A soma de dois nmeros inteiros positivos, a e b, 43. Sabendo-se que M.D.C(a,b) e M.M.C(a,b)=190, o valor absoluto da diferena desses nmeros : a) 25 b) 33 c) 41 d) 49 e) 57

    9) (UNICAMP) Uma sala retangular medindo 3m por 4,25m deve ser ladrilhada com ladrilhos

    quadrados iguais. Supondo que no haja espao entre ladrilhos vizinhos, pergunta-se: a) Qual deve ser a dimenso mxima , em cm, de cada um desses ladrilhos para que a sala possa ser ladrilhada sem cortar nenhum ladrilho. b) Quantos desses mesmos ladrilhos so necessrios? 10) O cometa Halley pode ser visto da Terra de 76 em 76 anos. Sabendo que ele foi visto pela ultima vez em 1986, qual foi o primeiro ano da Era Crist em que o cometa foi visto?

    2) (UEL) Os nmeros primos entre 160 e 170 so:

    29 29

  • NMEROS RACIONAIS

    Um nmero racional um nmero que

    pode ser escrito na forma b

    aonde a e b so

    nmeros inteiros com b diferente de 0.

    Exemplos:

    2=1

    2 0=

    1

    0 0,25=

    100

    25

    12%=100

    12 0,33...=

    3

    1

    Temos uma frao : 8

    5

    - 5 chamado numerador - 8 chamado denominador

    Leitura: cinco oitavos

    O conjunto dos nmeros racionais apresentado pela letra Q e definido por:

    b

    a/ a Z e b

    FRAES EQUIVALENTES

    Os nmeros: 4

    2,8

    4,16

    8 esto de formas

    diferentes, porm representam a mesma quantidade.

    PROPRIEDADE FUNDAMENTAL Multiplicando-se ou dividindo-se os termos

    de uma frao por um mesmo numero diferente de 0(zero). Obtm-se uma frao equivalente frao dada.

    Simplificao de Fraes

    Seja a frao 56

    42simplific-la o mximo

    possvel.

    56

    42=

    28

    24=

    4

    3

    Comparaes de Fraes

    Na comparao de duas ou mais fraes, de mesmo denominador, a maior delas aquela que tem maior numerador.

    Ex: Comparando as fraes:5

    2,

    5

    1e

    5

    4.

    Temos: 5

    1<

    5

    2,