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PROFISSÃO MESTRE ® abril 2013 CAPA Fabio Venturini CONTA A educação brasileira necessita de expansão e universalização, mas os investimentos públicos são insuficientes para manter o que já existe em funcionamento 16 PROFISSÃO MESTRE ® abril 2013

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CAPA Fabio Venturini

CONTA VENCIDAA educação brasileira necessita de expansão e universalização, mas os investimentos públicos são insuficientes para manter o que já existe em funcionamento

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CONTA VENCIDAA educação básica é obrigação do Estado

e da família. Segundo a Constituição Federal, ambos são responsáveis por ga-

rantir que crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos de idade cursem os en-sinos fundamental e médio, sen-do que ao governo cabe garantir o número suficiente de vagas. A responsabilidade, nesse caso, é di-vidida entre municípios, estados e União.

Também está prevista na Constituição (artigo 212) a divi-são dessa conta: a União deve in-vestir, no mínimo, 18% da receita resultante dos impostos recolhi-dos, enquanto estados e municí-pios devem destinar 25% dos re-cursos obtidos da mesma forma. O montante total deve assegurar a prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório “no que se refere à uni-versalização, garantia de padrão de qualidade e

equidade”, cumprindo ainda as determinações do Plano Nacional de Educação (PNE).

Segundo o Portal da Transparência do go-verno federal (www.transparencia.gov.br), as

receitas totais da União no ano de 2012 foram de aproximada-mente R$ 1,95 trilhão. Contudo, esses recursos são de diversas origens. Os valores obtidos com impostos ficaram na casa de R$ 347,26 bilhões, por volta de 17,7% do total arrecadado pelo governo federal, enquanto o restante veio de receitas patrimoniais, indus-triais e contribuições sociais.

A obrigatoriedade constitu-cional, de 18%, representa cer-ca de R$ 62,5 bilhões. Ou se-ja: o valor que o governo federal teria que investir obrigatoria-

mente em educação para seguir o que prevê a Constituição Federal é equivalente a pouco mais de 3% de toda a sua arrecadação. No caso

“Os investimentos na educação

pública devem ser aplicados

em função da universalização e da qualidade”

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Para Cleuza Repulho, secretária de Educação de São Bernardo do Campo e presidente da Undime, a correlação de forças entre estados e municípios na área da educação coloca as cida-des em posição subalterna

Secom/PM

SBC

Segundo Daniel Cara, coordenador--geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, faltam R$ 44 bi-lhões para garantir o mínimo de qua-lidade no ensino somente para as matrículas atuais

criação, o País estava debatendo o Plano Nacional de Educação que vi-gorou entre 2001 e 2010, e o movi-mento mobilizou atores políticos no sentido de avaliar as falhas nas es-truturas da educação nacional, que geravam os maiores problemas de ensino. Segundo Daniel Cara, coor-denador-geral da Campanha, entre as deficiências, foi identificado o bai-xo investimento resultante de vetos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a propostas de maior finan-ciamento para a educação, os quais foram mantidos pelos governos Lula, contrariando o compromisso históri-co do Partido dos Trabalhadores.

Para o coordenador, com o cená-rio atual de financiamento dos siste-mas e redes de ensino, mesmo se to-da a gestão dos recursos destinados à educação fosse feita de maneira per-feita, ainda faltaria verba para que o ensino brasileiro se comparasse ao de outros países. “Cada escola é um uni-verso, com dinâmicas próprias que precisam ser bem trabalhadas e resol-vidas para que a educação tenha qua-lidade, mas existe um problema glo-bal de subfinanciamento da política educacional. Estamos bem próximos do limite do que é possível realizar em termos de políticas educacionais com os recursos que hoje são despen-didos”, avalia Cara.

No âmbito da Campanha, foi de-senvolvido um cálculo para identifi-car quanto custa a educação pública com qualidade. O custo aluno-quali-dade inicial (CAQi) considera o que influencia nos resultados obtidos pe-la escola e estima os custos de fatores como número de alunos por turma, remuneração inicial dos professores, plano de carreira atrativo com pa-drão de progressividade das demais profissões públicas, formação conti-nuada e condições infraestruturais da escola (desde biblioteca, laborató-rios de Informática, de Ciências e ma-terial didático até materiais de escri-

e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb – veja o quadro na pág. 19) e programas suplementares de alimentação e assistência à saúde das instituições de ensino básico, fi-nanciados com recursos provenien-tes de outras fontes definidas no or-çamento anual, completam o bolo de custeio dos sistemas e redes de ensi-no. No total, segundo levantamen-to da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), o investimento brasileiro na educação está na casa de 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de consumo, renda, investi-mentos, gastos dos governos e o saldo da balança comercial.

Recursos insuficientesSegundo indicadores do Movimento Todos Pela Educação (www.todos-pelaeducacao.org.br), em 2011, ha-via mais de 3 milhões de crianças na faixa etária que vai dos 4 aos 17 anos fora da escola. E as que esta-vam na escola não apresentavam de-sempenho satisfatório, pois, em 2011, na segunda etapa do ensino funda-mental, apenas 27% dos alunos apre-sentaram aprendizado adequado em Língua Portuguesa e 16,9% em Matemática.No Brasil, investe-se menos em edu-cação do que a média dos 34 mem-bros da OCDE, que destinam pelo me-nos 6% dos seus PIBs para a formação das novas gerações, nos seus sistemas já bastante consolidados. É o caso de nações como Alemanha, Austrália, Estados Unidos, França, Finlândia e Reino Unido. Considerando que no Brasil há déficit de vagas no ensi-no básico obrigatório, o investimen-to precisaria ser maior para garantir a expansão, a universalização, a quali-dade e a equidade na educação.

Desde 1999, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação (www.campanhaeducacao.org.br) está em atuação. Na época de sua

dos 27 estados, o Distrito Federal e os mais de 5.600 municípios, além de composição diversificada, assim como ocorre com a receita federal, os valores arrecadados dependem das atividades comerciais e industriais em seus territórios.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

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Divulgação

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tório e produtos de limpeza e higiene para os banheiros). “Calculamos tu-do com um alto nível de detalhes. Pela primeira vez, o CNE [Conselho Nacional de Educação] firmou uma parceria formal com uma organiza-ção da sociedade civil para norma-tizar o custo aluno-qualidade na forma de um parecer que busca ser uma resolução, a qual orientaria a gestão pública em todo o País”, ex-plica Cara.

O CAQi, de acordo com o coor-denador-geral da Campanha, é um aperfeiçoamento dos próprios pa-râmetros usados pelo Ministério da Educação para calcular os investi-mentos necessários, o qual, em seu formato original, não consideraria os padrões mínimos de qualidade do en-sino e das instituições como variáveis para a estimativa dos investimentos necessários. Na perspectiva da orga-nização, o custo aluno-qualidade in-verte a lógica, pois em vez de gastar o que está disponível, calcula-se an-tes o quanto é necessário investir, o que esse custo representa com o que é gasto e então se identifica a diferen-ça. “Ao aplicar o cálculo apenas para as matrículas atuais, sem considerar a necessidade de expansão, porque ainda tem muita gente fora da esco-la, a comparação do custo aluno-qua-lidade com o que hoje é investido por aluno ao ano, somente na educação básica, representa uma diferença que gira em torno R$ 44 bilhões. Embora o MEC não homologue nossa base de cálculo, o FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação] a uti-liza, o que já é uma incidência impor-tante”, acredita Cara.

Quem paga a contaA Campanha Nacional avalia que o aumento dos recursos para finan-ciamento de um ensino público de qualidade deve ser custeado pelos estados (uma pequena parte) e pe-la União (maior parte), que é o or-

ganismo que, proporcionalmente, menos investe na atualidade. Os le-vantamentos da entidade dão con-ta de que a cada R$ 1 aplicado na educação nacional, R$ 0,20 saem dos cofres da União, R$ 0,41 dos estados e R$ 0,39 dos municípios.

A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime), Cleuza Repulho, destaca que – além do baixo investimento da União –, a maioria dos municípios vive desses repasses federais e mantém uma relação com os estados, pelo menos na área da educação, de subalter-nidade, com o uso do poder políti-co maior da unidade da federação para colocar as administrações das cidades em uma posição desvan-tajosa. “O regime de colaboração, na maioria dos estados brasileiros, é muito ruim. Funciona no Ceará e no Mato Grosso, e parcialmente no Acre, no Mato Grosso do Sul, no Paraná e em Pernambuco. Nos de-mais não existe, ou quando existe é uma relação do tipo ‘transporte meus alunos, faça merenda para a rede estadual”, revela.

Cleuza defende, no entan-to, que apenas gestão dos recur-sos não basta, pois a falta de cola-boração faz com que as redes não funcionem adequadamente, que se crie uma dicotomia entre escolas estaduais e municipais. “As crian-ças não podem depender da sorte ou do azar de estarem em cidades cujos gestores são mais ou menos preocupados com a educação. Não são apenas os recursos que fazem a diferença para as cidades terem bom ou mau desempenho. Você tem que aliar compromisso peda-gógico, compromisso político e in-vestimento. Só dinheiro não é a so-lução dos problemas”, ressalta.

Tanto a Undime quanto a Campanha Nacional pelo Direito à Educação avaliam que os inves-

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio. Saiba como ele funciona:

• No início do ano, o governo fe-deral define valores mínimos, a serem investidos nacionalmente, por aluno matriculado nos siste-mas públicos.

• Todos os estados, municípios e o Distrito Federal contribuem com uma parte dos seus impostos ar-recadados para compor as ver-bas do Fundo.

• O valor total arrecadado é divi-dido pelo número de alunos ma-triculados nas instituições muni-cipais e estaduais, chegando a um valor mínimo para cada es-tudante.

• A soma das matrículas incluem todas as etapas (creches, educa-ção infantil, ensinos fundamental e médio) e modalidades de en-sino (abrangendo educação de campo, de jovens e adultos, es-pecial, indígena e quilombola).

• Se os valores mínimos estaduais e distrital forem inferiores ao de-finido nacionalmente, a União co-bre a diferença, com verbas pro-porcionais ao número de alunos em sua rede de ensino.

• As prefeituras sacam junto aos estados uma quantidade de re-cursos proporcional ao número de crianças e alunos matriculados na rede sob sua administração.

Como funciona o Fundeb

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Números da educação em destaque:• Investimento brasileiro na

educação: 5,5% do PIB• Média do investimento

na educação nos países da OCDE: 6% do PIB

• A cada R$ 1,00 aplicado na educação, no Brasil: R$ 0,20 saem dos co-fres da União R$ 0,41 dos estados R$ 0,39 dos municípios

Conforme a secretária de Educação do município, Cleuza Repulho, São Bernardo destina en-tre 54% e 55% do orçamento da edu-cação em folha de pagamento. O restante é investido em formação continuada e infraestrutura, um dos pontos mais complicados da cidade, pois as escolas existentes nas regiões centrais estão com cada vez menos alunos, enquanto as da periferia têm maior demanda. “Como 50% do ter-ritório do município são áreas de ma-nancial, novas escolas não podem ser construídas em locais onde as pesso-as já vivem”, afirma a secretária, ex-plicando que para atender a deman-da por vagas com a rede existente, 10 mil crianças e alunos são transpor-tados diariamente em 200 linhas de ônibus escolares custeadas pela pre-feitura, nos períodos matutino, ves-pertino e noturno. Com média de 25 a 27 alunos por sala, o municí-pio ainda tem déficit de unidades na educação infantil, o que se planeja suprir até 2016.

O plano de carreira docente é fundamentalmente de estatutários e a progressão se dá por tempo de ser-viço, formação e titulação. A média salarial para jornada de 40 horas se-manais é de R$ 2.300. Os cargos de direção e coordenação, que hoje são por concurso, estão passando a ser atribuídos via processo seletivo com-posto por prova, entrevista e avalia-ção de projeto para a escola, de modo que os próprios professores da rede tenham a possibilidade de ascender a tais postos.

A formação continuada é realiza-da em um centro de formação man-tido pela prefeitura e em cursos de pós-graduação concebidos para as

pós-sal. Mas como a maioria destes estão praticamente todos explora-dos, o Fórum Nacional de Educação abriu uma petição pública para vin-

cular 100% de todos os royalties do petró-leo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal pa-ra a educação públi-ca, que pode ser as-sinada no site www.avaaz.org. Enquanto isso, a proposta pa-ra o novo PNE está no Senado. A dispu-ta é política e ainda depende de negocia-ções que colocaram governo (situação e oposição) de um la-do e entidades, algu-

mas governamentais, que militam pela direito à educação com qualida-de, do outro.

Gestão do que se temSão Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, é uma cida-de com boa arrecadação, devido à concentração de empresas e in-dústrias, além de uma política consolidada de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), mas es-sa não é a realidade em 80% dos municípios brasileiros. Os alunos dos primeiros anos do ensino fun-damental da rede municipal ob-tiveram média de 5,8 em 2011, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), 0,2 pon-to acima da meta projetada pelo Ministério da Educação para o mu-nicípio e 1,1 acima dos 4,7 pontos da (baixa) média nacional obtida pelas redes municipais.

timentos na educação pública devem ser aplicados em função da univer-salização e da qualidade, e concluem que seriam necessários recursos equivalentes a 10% do PIB para atin-gir níveis mínimos, ou seja, equivalen-te a menos da meta-de do que a média de desempenho e qua-lidade apresentada nas avaliações inter-nacionais por países com o mesmo nível de desenvolvimen-to médio atual do Brasil.

A proposta, apre-sentada no ano pas-sado no Congresso Nacional nos debates para elabora-ção do PNE, encontrou forte resistên-cia tanto entre parlamentares gover-nistas quanto oposicionistas, além de manifestações contrárias de veí-culos da grande imprensa. Além dis-so, em junho, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que com os 10% do PIB, “o Plano [Nacional] de Educação vai quebrar o Estado”.

Conforme avaliou Cara, nesse momento, “as pessoas entenderam que o governo estava completamen-te desvairado. Os próprios jornais que foram contra os 10% no início, em seus editoriais, ficaram cons-trangidos em manter a posição de-pois dessa declaração do ministro”. Atualmente, com a medida provisó-ria 592/2012, o governo federal está tentando vincular os investimentos na educação às fontes de recursos, com os royalties da exploração do pe-tróleo nos novos postos da área do

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necessidades do município, mas ope-racionalizado pela Universidade de São Paulo. Na escola, os problemas específicos são debatidos na hora de trabalho pedagógico coletivo, sob a liderança das coordenações pedagó-gicas. A infraestrutura é implemen-tada para oferecer aulas em tempo integral, com atividades diversifica-das no contraturno, de acordo com a cultura local. A ideia é promover prá-ticas que fazem parte do cotidiano, que as crianças gostem e interligadas com o conteúdo da sala de aula, po-rém sem formalidades escolásticas. Uma dessas atividades, por exemplo, é o skate, muito forte na cultura urba-na jovem do ABCD Paulista.

Alimentação também é tratada como algo que tem influência direta no rendimento escolar. Todas as es-colas têm acompanhamento nutri-cional e programas de segurança ali-mentar. Segundo a secretária, com a substituição de ingredientes e ali-mentos menos saudáveis, já foram retiradas 100 toneladas de açúcar da merenda. O acompanhamento tam-bém prevê combate à obesidade pa-ra prevenir casos futuros de doenças, como diabetes e hipertensão, servin-do também como ação de saúde pú-blica. A merenda é custeada com ver-bas oriundas do FNDE (entre 30 e 35%), e o restante pelo tesouro muni-cipal. “Uma cidade tem que investir os 25% do seu orçamento na educa-ção. Não dá para contrabandear re-curso”, sentencia.

Alternativas individualizadas de financiamentoOs valores destinados para a educa-ção no País não incluem os gastos com o ensino em instituições parti-

culares, uma alternativa que muitas famílias buscam de forma indivi-dualizada, que não inclui a busca pela garantia da equidade entre os diferentes sistemas de ensino pú-blicos e privados. De acordo com o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, existe um grupo de escolas parti-culares de excelência, que não che-ga a cem instituições em todo o País. Depois, um segundo grupo grande de escolas de classe média que não são de excelência, mas têm um bom nível. O terceiro grupo, o maior de-les, é formado por escolas particu-lares que atendem à chamada “no-va classe C”. “Esse ímpeto da classe C não se dá, racionalmente, por bus-ca de qualidade. A escola particular de baixo padrão é pior do que a esco-la pública. Boa parte dela é formada por professores que não passaram em concurso para a escola pública e até recebem menos do que receberiam se fossem aprovados. Nesses casos, o cidadão coloca seu filho numa esco-la particular porque ela é socialmen-te reconhecida como melhor do que a pública e porque ela traz aparente-mente mais segurança, pois os pais partem do pressuposto de que é um ambiente mais controlado e discipli-nado”, acredita Cara.

O coordenador-geral avalia que escolas particulares de qualidade têm mensalidades médias de R$ 1.500, nas nove maiores capitais do País, e entre R$ 800 a R$ 1.500 nas demais cidades. “As famílias financiando a educação básica, abrindo mão do direito; se não ti-ver condição de pagar uma escola realmente de qualidade, é uma es-colha equivocada”, finaliza.

A valorização docente é questão central e fundamental do finan-ciamento da educação. A discus-são é antiga, desde a época do império já se relatavam inúmeros problemas relacionados ao pa-gamento de professores. A va-lorização docente é entendida normalmente como salário e car-reira, mas o seu elemento central concentra-se nas condições de trabalho, em termos de materiais pedagógicos, infraestrutura das escolas e diversidade de possibi-lidades educativas, incluindo ati-vidades externas com as turmas (museus, cinema, teatro, etc.) e integração com a cidade.

No cálculo do custo aluno--qualidade inicial (CAQi), para a garantia de padrões mínimos em cada etapa ou modalidade da educação básica, entre 70 e 80% dos recursos investidos em educação devem ir para a remu-neração, com um piso indexado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na casa de R$ 2.700, em janeiro de 2013, e uma carreira de fato atrativa, com o mesmo padrão de progressividade das demais profissões públicas. A formação continuada se daria no ambiente da própria escola, que é onde se decide quais são as demandas para a escola.

Valorização docente no CAQi

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