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    PERITO CRIMINAL DA POLCIA CIVIL - MG Noes de Contabilidade

    Claudio Zorzo

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    Conceitos, objetivos e campo de aplicao da contabilidade

    Contabilidade O primeiro Congresso Brasileiro de Contabilistas, realizado na cidade do Rio de Janeiro, em agosto de 1924, formulou um conceito oficial para contabilidade que : a Contabilidade a cincia que estuda e pratica as funes de orientao, de controle e de registro relativas Administrao Econmica. Contabilidade uma cincia social que estuda, controla, administra e acompanha a evoluo do patrimnio de qualquer pessoa, objetivando represent-lo graficamente, evidenciando as suas mutaes, por meio das demonstraes contbeis. Objetivo da contabilidade : Fornecer informao til, preditiva e especfica para usurios especficos tomarem decises. Gerar informaes teis, compreensveis e preditivas para tomada de decises. Privilegia usurios externos envolvidos com decises de investimento e de crdito. Referencial voltado para a divulgao. Principais informaes: Ativos ; Passivos e Patrimnio Lquido Investimentos dos Proprietrios Distribuio aos Proprietrios Resultado abrangente e contbil Receitas e Despesas Ganhos Perdas Processo contbil o resultado de um amplo conjunto de foras econmicas, sociais, institucionais e polticas. Busca melhorar a relao entre os agentes envolvidos. Visa diminuir a assimetria informacional. (Representa uma situao em que diferentes agentes possuem diferentes informaes) . Principais agentes envolvidos: Acionista capital dividendos.

    Administrador habilidade salrio e bnus. Empregado habilidade salrio e bnus. Fornecedor bens e Sv dinheiro Cliente dinheiro Bens e Sv Financiador dinheiro juros e principal Governo aes pblicas tributos Processo contbil Processo contbil busca a representao da realidade econmica, por meio de 3 etapas: a) Reconhecimento classificao b) Mensurao quantificao c) Evidenciao divulgao (disclosure) Caractersticas institucionais a) Pases code-law

    - Direito romano. - Tudo deve ser estabelecido em Lei. ( lei

    6.404; Cosif, RIR). - Intenso processo de regulamentao. - Controle acionrio concentrado

    b) Pases common-law

    - Direito consuetudinrio. - Menos controle pblico. - Organismos de iniciativa privada

    emitem pronunciamentos CPC. - Controle acionrio pulverizado (

    mercado de capital) Escolas contbeis a) Italiana Base do modelo Europeu. b) Norte americana Modelo Anglo-saxo Escola italiana Teve o seu incio com a publicao de uma coleo de conhecimentos de aritmtica, geometria, proporo e proporcionalidade, em 1494, por Luca Paccioli. Tendo como alicerce a orientao bsica do mecanismo de partidas dobradas a contabilidade foi objeto de vrios estudos cientficos, em especial os de Francesco Villa, publicado em 1840, de Giuseppe Cerboni, apresentado em 1867, de Fbio Besta, apresentado em 1880, e de Vicenzo Masi divulgado em 1923, todos italianos como Paccioli.

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    Objeto da contabilidade: Patrimnio Conjunto dos bens direitos e obrigaes Objetivo da contabilidade Controle do patrimnio Escola Americana Surgiu com a expanso da economia mundial, especialmente a norte americana, em 1887. Em 1933 bolsa de NY exige demonstraes anuais. Em 1073 criado o FASB. Objetivo Fornecimento de informaes Contabilidade financeira = usurios externos Contabilidade gerencial = usurios internos Evoluo da teoria para a prtica contbil. Reduo prtica da assimetria informacional entre adiministrao e usurios externos. Cenrio atual 1. Lei das S/A - Decreto-Lei 2.627 de 1940, era influenciada pela escola patrimonialista italiana. 2. Lei das S/A - Lei 6.404 de 1976, seguiu a escola americana Com o advento da Lei 11.638/07, estabelece-se uma mudana de foco na legislao contbil, pois a contabilidade brasileira passa a ter como base de sustentao os padres contbeis internacionais. O processo de convergncia foi estabelecido em trs partes: a) Padronizao b) Harmonizao c) Convergncia Convergncia das normas nacionais para as normas internacionais envolve dois rgos: I - Internacional = IASB II - Nacional = CPC IASB - International Accounting Standards Board, foi fundada em Londres, Inglaterra. O IASB emite pronunciamentos contbeis de abrangncia internacional, que so

    denominados de International Financial Reporting Standards IFRS. O CPC nasceu ao final de 2005 da unio das seguintes entidades: CFC Conselho Federal de Contabilidade, IBRACON Instituto Brasileiro de Contadores, FIPECAFI, BOVESPA Bolsa de Valores de So Paulo, APIMEC Associao dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais e ABRASCA Associao Brasileira de Companhias abertas. O CPC tem como misso integrar as regras contbeis aos padres internacionais, por meio de uma participao, no debate interno, de representantes de todos os setores do mercado brasileiro como o governo, iniciativa privada e rgos acadmicos. Emite Pronunciamentos Tcnicos sobre contabilidade para permitir a emisso de normas pelas entidades reguladoras brasileiras, visando centralizao e uniformizao do seu processo de produo de informaes A resoluo 1.152 de 2009 do CFC determina a necessidade de se aplicar as normas internacionais nas demonstraes contbeis, elaboradas de acordo com as novas prticas contbeis adotadas no Brasil, com atendimento integral da Lei n. 11.638/07, que se refiram a um perodo ou a um exerccio social iniciado a partir de 1 de janeiro de 2008. A resoluo 1.306/10 do CFC e estabelece que a partir de 2010, as entidades, em especial as de capital aberto e as de grande porte, devero adotar as normas internacionais de contabilidade emanadas do IASB nas suas demonstraes. Assim, a adoo inicial das normas internacionais comea em 2008 e o prazo mximo para a sua aplicao o exerccio findo em 2010. Partidas dobradas Representa o princpio basilar da contabilidade. Estabelece que para toda aplicao de recurso deve ter uma origem.

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    Como aplicao do mecanismo de partidas dobradas podemos afirmar que: Partidas dobradas

    a) O total dos valores debitados deve ser igual ao total dos valores creditados

    b) O total dos dbitos deve ser igual ao total dos crditos

    c) Total dos saldos devedores deve ser igual ao total dos saldos credores

    d) Total das aplicaes deve ser igual ao total das origens

    e) Ativo = passivo + patrimnio lquido Contabilidade Campo de aplicao Aziendas Entidade econmica administrativa Entende-se por azienda as pessoas que possuem um patrimnio e controlam este patrimnio, ou seja, azienda a integrao de pessoas e patrimnio analisados juridicamente como um conjunto na busca do atingimento de um objetivo A essncia de uma azienda a existncia dos seguintes elementos principais: Patrimnio Administrao, e Trabalho. As aziendas podem ser classificadas quanto ao tipo em: Pessoas fsicas ou jurdicas Empresas pblicas ou privadas Sociedades de capital aberto ou fechado As aziendas podem ser classificadas de acordo com a sua finalidade em: a) Sociais no visam o lucro. So denominadas de instituies. b) Econmico-sociais so entidades sociais que visam um supervit. c) Econmicas visam o lucro e este pode ser destinado aos scios como dividendos. So denominadas de empresas. Conta contbil Conta a representao nominal que identifica qualitativa e quantitativamente os

    componentes patrimoniais e de resultado de uma empresa; por meio das contas que a contabilidade registra e controla as transaes que modificam o patrimnio de uma empresa. Cada item que compem as demonstraes contbeis chamado de conta. Conta a representao nominal que identifica qualitativa e quantitativamente os componentes patrimoniais e de resultado de uma empresa; por meio das contas que a contabilidade registra e controla as transaes que modificam o patrimnio de uma empresa. Cada item que compem as demonstraes contbeis chamado de conta. As contas possuem uma representao qualitativa e uma quantitativa; a apresentao qualitativa o nome da conta, ou seja, que item a conta est representando; enquanto que o aspecto quantitativo o valor que a conta est apresentando, por exemplo: Banco 200.000 Atualmente a contabilidade est sendo registrada de acordo com a teoria patrimonialista, onde o objeto da cincia contbil o patrimnio de uma entidade. A teoria patrimonialista divide as contas contbeis em contas patrimoniais e contas de resultado. Contas patrimoniais so as contas que representam o patrimnio e a situao lquida da empresa. Estas contas compem o balano patrimonial e compreendem o ativo, passivo e patrimnio lquido. As contas de resultados so aquelas apresentadas na apurao do resultado do exerccio social. So as contas de Receitas e Despesas, que periodicamente so confrontadas para apurar o lucro ou o prejuzo. Sero apresentadas na Demonstrao do Resultado do Exerccio. As contas de resultado tero o seu saldo encerrado no final do exerccio social em contrapartida de uma conta transitria denominada ARE - Apurao do Resultado do Exerccio.

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    As receitas sero encerradas por meio de um dbito nas contas em contrapartida de um crdito na conta ARE; j as despesas sero encerradas por meio de um crdito nas contas em contrapartida de um dbito na conta ARE. Cada conta possui uma natureza em relao a empresa, podendo ser de natureza credora ou de natureza devedora, de acordo com a sua classificao em patrimonial ou de resultado. Ativo devedor Passivo credor PL credor Receita credor Despesa devedor Redutoras do ativo credor Redutoras do P/PL devedora As contas tambm possuem uma representao grfica que conhecida como razonete. No razonete sero registradas todas as movimentaes que afetaram o saldo da conta, por meio de dbitos e crditos, motivados pela entrada ou pela sada de valores na conta. Todos os razonetes das contas sero apresentados no livro razo da empresa. Partidas dobradas Representa o princpio basilar da contabilidade. Estabelece que para toda aplicao de recurso deve ter uma origem. Como aplicao do mecanismo de partidas dobradas podemos afirmar que: Partidas dobradas

    a) O total dos valores debitados deve ser igual ao total dos valores creditados

    b) O total dos dbitos deve ser igual ao total dos crditos

    c) Total dos saldos devedores deve ser igual ao total dos saldos credores

    d) Total das aplicaes deve ser igual ao total das origens

    e) Ativo = passivo + patrimnio lquido Patrimnio Componentes, equao patrimonial e situao lquida. o conjunto dos bens, direitos e obrigaes de uma entidade. Bens e direitos = ativo Obrigaes = passivo

    Os elementos diretamente relacionados com a mensurao da posio patrimonial financeira so: Ativo um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefcios econmicos para a entidade. Passivo uma obrigao presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidao se espera que resulte em sada de recursos capazes de gerar benefcios econmicos. Primazia da Essncia sobre a Forma Para que a informao represente com propriedade as transaes e outros eventos que ela se prope a representar, necessrio que essas transaes e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua essncia ou substncia e a sua realidade econmica, e no meramente sua forma legal Ativos O benefcio econmico futuro embutido em um ativo o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Tal potencial poder ser produtivo, quando o recurso for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Poder tambm ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou poder ainda ser capaz de reduzir as sadas de caixa, como no caso de um processo industrial alternativo que reduza os custos de produo. Os benefcios econmicos futuros de um ativo podem fluir para a entidade de diversas maneiras. Por exemplo, um ativo pode ser:

    usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produo de mercadorias e servios a serem vendidos pela entidade;

    trocado por outros ativos; usado para liquidar um passivo; ou distribudo aos proprietrios da entidade

    Muitos ativos, por exemplo, mquinas e equipamentos industriais, tm uma substncia fsica. Entretanto, substncia fsica no essencial existncia de um ativo; dessa forma, as patentes e direitos autorais, por exemplo, so ativos, desde que deles sejam esperados

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    benefcios econmicos futuros para a entidade e que eles sejam por ela controlados. Passivos Uma caracterstica essencial para a existncia de um passivo que a entidade tenha uma obrigao presente. Uma obrigao um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de uma certa maneira. As obrigaes podem ser legalmente exigveis em conseqncia de um contrato ou de requisitos estatutrios. Passivos resultam de transaes ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a aquisio de mercadorias e o uso de servios resultam em contas a pagar (a no ser que pagos adiantadamente ou na entrega) e o recebimento de um emprstimo resulta na obrigao de liquid-lo. Obrigaes surgem tambm de prticas usuais de negcios, usos e costumes e o desejo de manter boas relaes comerciais ou agir de maneira eqitativa. Se, por exemplo, uma entidade decide, por uma questo de poltica mercadolgica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado conhecidos depois que expirou o perodo da garantia, as importncias que espera gastar com os produtos j vendidos constituem-se passivos. Deve-se fazer uma distino entre uma obrigao presente e um compromisso futuro. A deciso da Administrao de uma entidade de adquirir ativos no futuro no constitui, por si s, uma obrigao presente. A liquidao de uma obrigao presente geralmente implica na utilizao de recursos capazes de gerar benefcios econmicos. A extino de uma obrigao presente pode ocorrer de diversas maneiras, por meio de: pagamento em dinheiro; transferncia de outros ativos; prestao de servios; substituio da obrigao por outra; ou converso da obrigao em capital. Uma obrigao pode tambm ser extinta por outros meios, tais como pela renncia do

    credor ou pela perda dos seus direitos creditcios. Patrimnio Lquido

    Patrimnio Lquido o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.

    Representa a situao lquida da empresa.

    PL ou SL = Ativo - passivo Embora o patrimnio lquido seja definido como um valor residual, ele tem subclassificaes no balano patrimonial.

    - Capital social - Reservas de capital - Ajuste da avaliao patrimonial - Reservas de lucro - Aes em tesouraria - Prejuzo acumulado

    A criao de reservas , s vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar entidade e seus credores uma margem maior de proteo contra os efeitos de prejuzos. Outras reservas podem ser constitudas em atendimento a leis que concedem isenes ou redues nos impostos a pagar quando so feitas transferncias para tais reservas. As transferncias para reservas de lucro so apropriaes de lucros acumulados, portanto, no constituem despesas. O valor pelo qual o patrimnio lquido apresentado no balano patrimonial depende da mensurao dos ativos e passivos. Normalmente, o valor do patrimnio lquido somente por coincidncia igual ao valor de mercado das aes da entidade. Equao patrimonial Ativo = Passivo + PL ou Passivo = Ativo PL ou PL = ativo - Passivo Situao lquida A situao lquida representa a riqueza da empresa e pode ser: (+) ativo > passivo

    - Positiva - Superavitria - Ativa

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    Situao lquida (0) = Ativo = Passivo

    - Nula - Compensada

    Situao lquida (-) Ativo < Passivo

    - Negativa - Deficitria - Passiva - Passivo a descoberto

    A = P + PL Apurao do resultado O resultado do exerccio usado como medida de desempenho ou como base para outras avaliaes, tais como o retorno do investimento ou resultado por ao. Os elementos diretamente relacionados com a mensurao do resultado so as receitas e as despesas. As contas de resultados so aquelas apresentadas na apurao do resultado do exerccio social. So as contas de Receitas e Despesas, que periodicamente so confrontadas para apurar o Lucro ou o Prejuzo. As contas de resultado tero o seu saldo encerrado no final do exerccio social em contrapartida de uma conta transitria denominada ARE - Apurao do Resultado do Exerccio. A metodologia definida para o confronto das receitas com as despesas originada do regime de competncia. Este regime de escriturao dispe que somente ser considerada como receita para apurao do resultado aquela ganha ou gerada no perodo, independente de recebimento ou no, e como despesa aquela incorrida, consumida, utilizada no perodo, no importando se foi paga ou no. Apurao do resultado Receitas So aumentos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuio de passivos, que resultam em aumentos do patrimnio lquido e que no

    sejam provenientes de contribuio dos proprietrios da entidade A definio de receita abrange tanto receitas como ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinrias de uma entidade e designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorrios, juros, dividendos, "royalties" e aluguis. Ganhos representam outros itens que se enquadram na definio de receita e podem ou no surgir no curso das atividades ordinrias da entidade. As contas de receitas so ingressos, fontes de recursos ou direitos para a empresa, devido a isto elas produzem uma variao positiva no resultado, isto , aumentam o resultado. As receitas quando registradas afetam indiretamente o Patrimnio Lquido da empresa para mais. Despesas So decrscimos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil sob a forma de sada de recursos ou reduo de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decrscimo do patrimnio lquido e que no sejam provenientes de distribuio aos proprietrios da entidade. A definio de despesas compreende perdas assim como as despesas que surgem no curso das atividades ordinrias da entidade. Apurao do resultado As despesas que surgem no curso das atividades ordinrias da entidade incluem perdas. Perdas representam outros itens que se enquadram na definio de despesas e podem ou no surgir no curso das atividades ordinrias da entidade. Apurao do resultado As contas de Despesas representam uma aplicao, uma sada de recursos ou aumento de uma obrigao, diminuindo o lucro ou aumentando o prejuzo e, portanto, quando registrada, a despesa afeta indiretamente o Patrimnio Lquido para menos.

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    Escriturao A escriturao representa como a empresa ir registrar os fatos contbeis que de alguma forma alteraram a sua situao patrimonial; obrigatria. A escriturao dever ser feita de forma clara e individualizada, obedecendo rigorosamente ordem cronolgica das operaes realizadas. A escriturao efetuada respeitando os princpios e convenes contbeis, e tambm dever respeitar prazo determinado como exerccio financeiro, que segundo a Lei 6.404 ser de 01 ano. Normalmente nas empresas perodo social coincide com o ano civil. Conforme regula a Lei das Sociedades Annimas (Lei n 6.404/76, art. 177), todas as empresas S/As e de grande porte esto obrigadas a escriturar suas transaes em registros permanentes. Com o advento da Lei no. 8.541/92 (lucro presumido) e da Lei n 9.317/96 (Simples Federal), as empresas enquadradas em tais regimes de tributao federal esto dispensadas da escriturao contbil, desde que mantenham o livro caixa escriturado com toda a movimentao financeira, inclusive bancria, e tambm conservem bem guardados e em ordem todos os documentos durante o prazo exigido em lei. A escriturao consiste no registro dos fatos contbeis feitos nos livros contbeis respeitando o mtodo de partidas dobradas por meio dos lanamentos contbeis. Ato contbil: no altera a situao patrimonial da empresa, como por exemplo, reunio da administrao, tomada de deciso, plano de frias etc. Fato contbil: altera a situao patrimonial da empresa, quantitativamente (valor) e/ou qualitativamente (nome das contas). A escriturao contbil ser executada nos livros obrigatrios da seguinte forma: Em idioma e moeda corrente nacionais; Em forma contbil; Em ordem cronolgica de dia, ms e ano;

    Com ausncia de espaos em branco, entrelinhas, borres, rasuras, emendas ou transportes para as margens; Com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a prtica de atos administrativos. A terminologia utilizada dever expressar o verdadeiro significado das transaes, admite-se o uso de cdigos e/ou abreviaturas nos histricos dos lanamentos, desde que permanentes e uniformes, devendo constar, em elenco identificador, no Dirio ou em registro especial revestido das formalidades extrnsecas. Uma vez escriturados, a pessoa jurdica obrigada a conservar em ordem, enquanto no prescritas eventuais aes que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operaes que modifiquem ou possam vir a modificar sua situao patrimonial. Os livros e documentos constituem provas a favor da empresa em qualquer processo no mbito administrativo, fiscal ou judicial. importante destacar que com o advento da Lei de recuperao de empresas (Lei 11.101/2005) toda e qualquer empresa que requerer a recuperao judicial ou ter sua falncia decretada precisa apresentar as demonstraes contbeis compostas obrigatoriamente de balano patrimonial e demonstrao de resultados. A no apresentao dos livros obrigatrios considerada um ato que possa causar prejuzo aos credores, incorrendo tanto o contador quanto os empresrios em severas penas, que so mencionadas nos artigos 168 e 178 da Lei 11.101/2005. A obrigatoriedade da escriturao contbil respalda-se, inicialmente, no Cdigo Comercial Brasileiro de 25 de junho de 1850, que, entre outros aspectos, estabelece: a) todos os comerciantes so obrigados a seguir uma ordem uniforme de escriturao e a ter os livros necessrios para esse fim, alm de encerrar anualmente um balano patrimonial (art. 10);

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    b) a escriturao deve ser procedida de forma regular, alcanando todas as operaes, as quais devem ser registradas no Livro Dirio (art. 11) com individuao e clareza (art. 12), em forma mercantil e seguida a ordem cronolgica de dia, ms e ano, sem intervalo em branco, nem entrelinhas, borraduras, raspaduras ou emendas (art. 14). O Cdigo Civil Brasileiro - Lei 10.406/2002, a partir do artigo 1.179, versa sobre a obrigatoriedade da escriturao contbil, para o empresrio e para a sociedade empresria: art. 1.179. O empresrio e a sociedade empresria so obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia com a documentao respectiva, e a levantar anualmente o balano patrimonial e o de resultado econmico. 2 dispensado das exigncias deste artigo o pequeno empresrio a que se refere o art. 970. O Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99 (Decreto n. 3.000, de 26 de maro de 1999), estabelece que, no somente as pessoas jurdicas devem possuir contabilidade. As pessoas fsicas consideradas empresas individuais alm de outras exigncias so obrigadas manter escriturao contbil completa em livros registrados e autenticados por rgo da Secretaria da Receita Federal. Os livros comerciais e fiscais podero ser escriturados por sistema de processamento eletrnico de dados, em folhas contnuas, que devero ser numeradas, em ordem seqencial, mecnica ou tipograficamente, conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos autenticao no rgo competente do Registro do Comrcio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurdicas ou no Cartrio de Registro de Ttulos e Documentos (Art. 255 e 4, do Art. 258 do RIR/99). Livros contbeis Os livros contbeis obrigatrios so os livros Dirio e o Razo. Os livros Dirio e o Razo constituem registros permanentes.

    No Livro Dirio onde devem ser lanadas, em ordem cronolgica, com individualizao, clareza e referncia ao documento probante, todas as operaes ocorridas, e quaisquer outros fatos que provoquem variaes patrimoniais. O Livro Razo permite conhecer a movimentao de dbito e crdito de cada elemento que compe o patrimnio da empresa. Tem por objetivo apurar o saldo final de cada conta a partir da sua movimentao. O Balano patrimonial e demais Demonstraes Contbeis de encerramento de exerccio sero transcritos no Dirio, completando-se com as assinaturas do Contabilista e do titular ou representante legal da Entidade. Quando o Livro Dirio e o Livro Razo forem gerados por processo que utilize fichas ou folhas soltas, deve ser adotado o registro Balancetes Dirios e Balanos. Admite-se nos livros: a) A escriturao do Dirio por meio de partidas mensais; b) A escriturao resumida ou sinttica do Dirio, com valores totais que no excedam a operaes de um ms, desde que haja escriturao analtica lanada em registros auxiliares. Os livros contbeis obrigatrios, entre eles o Livro Dirio e o Livro Razo, em forma no digital, devem revestir-se de formalidades extrnsecas, tais como: Serem encadernados; Terem suas folhas numeradas sequencialmente; Conterem termo de abertura e de encerramento assinados pelo titular ou representante legal da entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado no Conselho Regional de Contabilidade. Os livros contbeis obrigatrios, entre eles o Livro Dirio e o Livro Razo, em forma digital, devem revestir-se de formalidades extrnsecas, tais como: Serem assinados digitalmente pela entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente habilitado; Serem autenticados no registro pblico competente

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    No caso da entidade adotar processo eletrnico ou mecanizado para a sua escriturao contbil, os formulrios de folhas soltas, devem ser numerados mecnica ou tipograficamente e encadernados em forma de livro. Em caso de escriturao contbil em forma digital, no h necessidade de impresso e encadernao em forma de livro, porm o arquivo magntico autenticado pelo registro pblico competente deve ser mantido pela entidade. A entidade responsvel pelo registro pblico de livros contbeis em rgo competente e por averbaes exigidas pela legislao de recuperao judicial, sendo atribuio do profissional de contabilidade a comunicao formal dessas exigncias entidade. Lanamentos contbeis O lanamento contbil representa a ferramenta que a empresa possui para registrar todos os seus fatos contbeis, estes lanamentos devero ser efetuados no livro dirio da empresa, sendo o saldo das contas acompanhado no livro Razo. No processo de lanamento contbil empregado o princpio das partidas dobradas. Este determina que em cada conta debitada deva ter o mesmo valor creditado em outra conta, ou seja, para cada dbito existir um crdito correspondente. Quando for efetuado um lanamento contbil, utilizamos o mtodo de partidas dobradas, analisando qual conta ser debitada e qual ser creditada, levando em considerao a natureza das contas envolvidas. Lanamento contbil a denominao que se d ao registro de um fato contbil no livro Dirio, obedecendo as exigncias tcnicas e dos princpios ditados pelo mtodo de partidas dobrada. Ao efetuar um lanamento o contador dever observar os seguintes itens: Data do registro contbil, ou seja, a data em que o fato contbil ocorreu; Conta devedora; Conta credora; Histrico que represente a essncia econmica da transao ou o cdigo de histrico

    padronizado, neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em livro prprio; Valor do registro contbil; Informao que permita identificar, de forma unvoca, todos os registros que integram um mesmo lanamento contbil. Frmulas de lanamentos contbeis Para efetuar os lanamentos contbeis, so utilizadas frmulas de lanamentos, que ajudam a entender melhor o mecanismo de dbito e de crdito. So as seguintes frmulas:

    a) 1. - Simples 11 b) 2. - Composta 12 c) 3. - Composta 21 d) 4. - Complexa 22

    Exerccio social Entende-se por perodo ou exerccio social o prazo operacional que uma empresa leva para apurar o seu resultado (lucro ou prejuzo) e apresentar as suas demonstraes contbeis. Normalmente na contabilidade entende-se que um exerccio contbil o perodo de um ano. No necessariamente o exerccio contbil deve coincidir com o ano civil. A Lei 6.404 apresenta no Art. 175 a seguinte exposio sobre o assunto: Art. 175. O exerccio social ter durao de um ano e a data do trmino ser fixada no estatuto. Pargrafo nico. Na constituio da companhia e nos casos de alterao estatutria o exerccio social poder ter durao diversa. Ento, pode-se entender que quando uma empresa constituda, seus proprietrios estabelecem uma determinada data, considerada oficialmente como aquela de encerramento do exerccio social, ou seja, aquela data em que a companhia faz um levantamento do seu ativo, passivo exigvel e patrimnio lquido, receitas e despesas. Balancete de verificao As empresas apresentam, de acordo com seu tamanho e complexidade, dezenas, centenas e at milhares de transaes contbeis mensalmente; todas devem ser registradas na contabilidade por meio do lanamento contbil, utilizando o mtodo de partidas dobradas.

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    Aps todos os lanamentos terem sido registrados, a soma dos saldos devedores das contas de uma companhia deve ser exatamente igual soma dos saldos credores. Ao fazer uma verificao desse fato, ou seja, registrar as contas com saldo devedor e as contas com saldo credor a empresa est preparando um balancete, chamado de "balancete de verificao". Ento, podemos entender que a expresso Balancete de Verificao representa o rol das contas patrimoniais e de resultado com seus respectivos saldos oriundos da adequada aplicao do mtodo de partidas dobradas. O balancete de verificao um instrumento interno utilizado para verificao da exatido dos lanamentos contbeis feitos no livro dirio e os saldos das contas no livro razo; um demonstrativo contbil e no uma demonstrao contbil. O balancete representa a relao das contas patrimoniais e de resultado acompanhadas dos respectivos saldos, de acordo com a natureza da conta. O balancete de verificao ser a base para a elaborao das demonstraes contbeis que sero transcritas no livro dirio da empresa. Assim, em primeiro o contador elabora o balancete de verificao com todas as contas patrimoniais e de resultado; com base nas contas feita a apurao do resultado do exerccio. Depois de apurado o resultado o saldo transferido para a conta lucro ou prejuzo acumulado e por fim so elaboradas as demonstraes contbeis obrigatrias. O balancete de verificao deve ser elaborado mensalmente. Entretanto, nada impede que seja levantado a qualquer momento (diariamente, semanalmente ou quinzenalmente). O ideal que o balancete seja levantado num curto intervalo de tempo, pois quanto menor o perodo de abrangncia do balancete, melhor para a verificao da exatido dos lanamentos e do saldo das contas. A equao geral da contabilidade apresenta que os saldos devedores devero ser iguais aos saldos credores, e formada a partir do balancete, da seguinte forma: Saldos devedores = Saldos credores

    Ativo + Despesas + Redutoras do PL /Passivo = Passivo + Receitas + redutoras do ativo Demonstraes contbeis As demonstraes contbeis so relatrios que compem o conjunto das informaes contbeis de uma empresa e representam monetariamente de forma estruturada a posio patrimonial, financeira e econmica de uma entidade (azienda) em determinada data. As demonstraes contbeis so elaboradas a partir de documentos e informaes extradas dos livros, registros e documentos que compem o sistema contbil de qualquer tipo de empresa, sendo que a atribuio e responsabilidade tcnica do sistema contbil cabem exclusivamente a contabilista registrado no CRC que observar as prticas contbeis geralmente aceitas no Brasil. As demonstraes contbeis devem satisfazer as necessidades comuns da maioria dos seus usurios, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstraes contbeis para a tomada de decises econmicas, tais como: Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em aes; Avaliar o direcionamento, o grau de controle e o de qualidade e responsabilidade na prestao de contas pela Administrao; Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefcios; Avaliar a recuperabilidade dos recursos financeiros emprestados entidade; Determinar polticas tributrias; Determinar a distribuio de lucros e dividendos; Preparar e usar estatsticas da renda nacional; ou Regulamentar as atividades das entidades. So preparadas pela administrao e apresentadas para usurios externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Entre os usurios das demonstraes contbeis incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por emprstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agncias e o pblico A lei 6.404/76, no artigo 176, determina que ao fim de cada exerccio social, a diretoria far elaborar, com base na escriturao mercantil

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    da companhia, as seguintes demonstraes financeiras, que devero exprimir com clareza a situao do patrimnio da companhia e as mutaes ocorridas no exerccio: I - balano patrimonial; II - demonstrao dos lucros ou prejuzos acumulados; III - demonstrao do resultado do exerccio; e IV demonstrao dos fluxos de caixa; e V se companhia aberta, demonstrao do valor adicionado. A companhia fechada com patrimnio lquido, na data do balano, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhes de reais) no ser obrigada elaborao e publicao da demonstrao dos fluxos de caixa. As demonstraes financeiras registraro a destinao dos lucros segundo a proposta dos rgos da administrao, no pressuposto de sua aprovao pela assemblia-geral e sero complementadas por notas explicativas e outros quadros analticos ou demonstraes contbeis necessrios para esclarecimento da situao patrimonial e dos resultados do exerccio. Balano Patrimonial BP Apresenta o aspecto financeiro e patrimonial de uma empresa, composto pelos grupos de contas do Ativo, Passivo e Patrimnio lquido. Tem por objetivo dar uma amostra do patrimnio em um momento prprio, por isto entende-se que uma fotografia do patrimnio da empresa em determinado momento, esttica. Balano patrimonial O Balano Patrimonial a demonstrao contbil esttica destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a posio patrimonial e financeira da Entidade. Normalmente apresentado ao final do perodo social, sendo constitudo pelo ativo, pelo passivo e pelo patrimnio lquido. A lei 6.404 trata do assunto nos artigos 178 e 179 da seguinte forma: Art. 178. No balano, as contas sero classificadas segundo os elementos do patrimnio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a anlise da situao financeira da companhia.

    1 No ativo, as contas sero dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I ativo circulante; e II ativo no circulante, composto por ativo realizvel a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangvel. Art. 179. As contas sero classificadas do seguinte modo: I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizveis no curso do exerccio social subseqente e as aplicaes de recursos em despesas do exerccio seguinte; II - no ativo realizvel a longo prazo: os direitos realizveis aps o trmino do exerccio seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou emprstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que no constiturem negcios usuais na explorao do objeto da companhia; Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver durao maior que o exerccio social, a classificao no circulante ou longo prazo ter por base o prazo desse ciclo. III - em investimentos: as participaes permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, no classificveis no ativo circulante, e que no se destinem manuteno da atividade da companhia ou da empresa; IV no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpreos destinados manuteno das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operaes que transfiram companhia os benefcios, riscos e controle desses bens; VI no intangvel: os direitos que tenham por objeto bens incorpreos destinados manuteno da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comrcio adquirido. A lei 6.404/76 trata do assunto nos artigos 178 e 180 da seguinte maneira: 178 2 No passivo, as contas sero classificadas nos seguintes grupos: I passivo circulante; II passivo no circulante; e III patrimnio lquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliao

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    patrimonial, reservas de lucros, aes em tesouraria e prejuzos acumulados. Art. 180. As obrigaes da companhia, inclusive financiamentos para aquisio de direitos do ativo no circulante, sero classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exerccio seguinte, e no passivo no circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no pargrafo nico do art. 179 desta Lei. importante destacar que para a lei 6.404/76 o patrimnio lquido faz parte do passivo, como uma obrigao da empresa junto aos scios, assim seria um passivo no exigvel. Entretanto para as normas contbeis o patrimnio lquido no representa uma obrigao para a empresa, mas sim, o resultado positivo da equao: ativo - passivo. Patrimnio lquido: compreende os recursos prprios da entidade, ou seja, a diferena a maior do ativo sobre o passivo. Na hiptese do passivo superar o ativo, a diferena denomina-se "Passivo a Descoberto". O patrimnio lquido representado pelos recursos aportados pelos scios, reservas resultantes de apropriaes de lucros e reservas para manuteno do capital, os prejuzos acumulados alm do resultado da variao patrimonial. A constituio de reservas , s vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar entidade e seus credores uma margem maior de proteo contra os efeitos de prejuzos. Demonstraes contbeis Demonstrao do Resultado do Exerccio DRE Apresenta de forma dinmica o resultado econmico da empresa, composta pelas contas de receitas e despesas. Normalmente elaborada antes do balano patrimonial sendo o seu resultado transferido para o patrimnio lquido, na conta lucro ou prejuzo acumulado. A demonstrao do resultado uma demonstrao contbil dinmica, destinada a evidenciar a composio do resultado apurado num determinado perodo de operaes da Entidade. A DRE, observado o princpio de competncia, evidenciar de forma vertical a formao dos vrios nveis de resultados

    mediante confronto entre as receitas, e os correspondentes custos e despesas. DRE O resultado freqentemente usado como medida de desempenho ou como base para outras avaliaes, tais como o retorno do investimento ou resultado por ao. Os elementos diretamente relacionados com a mensurao do resultado so as receitas e as despesas. A lei 6.404 no artigo 187 trata da estrutura de apresentao da Demonstrao do Resultado do Exerccio, da seguinte forma: I - a receita bruta das vendas e servios, as dedues das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita lquida das vendas e servios, o custo das mercadorias e servios vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV - o lucro ou prejuzo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V - o resultado do exerccio antes do Imposto sobre a Renda e a proviso para o imposto; VI - as participaes de debntures, empregados, administradores e partes beneficirias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituies ou fundos de assistncia ou previdncia de empregados, que no se caracterizem como despesa; VII - o lucro ou prejuzo lquido do exerccio e o seu montante por ao do capital social. 1 Na determinao do resultado do exerccio sero computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no perodo, independentemente da sua realizao em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. importante ressaltar que o saldo final apurado na DRE ser revertido para a conta lucros ou prejuzos acumulados e, a partir desta conta, ser feita a distribuio do lucro para a formao da reserva de lucro da empresa ou para a distribuio dos dividendos. Quando o resultado do exerccio for um prejuzo ele dever ser transferido para o

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    patrimnio lquido e sera absorvido pelos lucros acumulados, reserva de lucro, reserva legal, nesta ordem, e se continuar existindo prejuzo, ele sera absorvido pelas reservas de capital. Princpios contbeis Os princpios de Contabilidade representam o ncleo central da prpria contabilidade, na sua condio de cincia social, sendo a ela inerentes. Os princpios constituem sempre as vigas-mestras de uma cincia, revestindo-se dos atributos de universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstncia. No caso da contabilidade seus princpios de contabilidade valem para todos os patrimnios, independentemente das Entidades a que pertencem, as finalidades para as quais so usados, a forma jurdica da qual esto revestidos, sua localizao, expressividade e quaisquer outros qualificativos, desde que gozem da condio de autonomia em relao aos demais patrimnios existentes. Princpios contbeis Os princpios contbeis constituem normas que representam a essncia da cincia contbil, por isto a observncia dos princpios contbeis obrigatria no exerccio da profisso e constitui condio de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Na aplicao dos princpios contbeis em situaes concretas a essncia das transaes deve prevalecer sobre seus aspectos formais. Nos princpios cientficos jamais pode haver hierarquizao formal, dado que eles so os elementos predominantes na constituio de um corpo orgnico, proposies que se colocam no incio de uma deduo, e so deduzidos de outras dentro do sistema. Nas cincias sociais, os princpios se colocam como axiomas, premissas universais e verdadeiras, assim admitidas sem necessidade de demonstrao, ultrapassando, pois, a condio de simples conceitos. Segundo a resoluo CFC 750/93 modificada pela resoluo 1.282/10 so princpios de contabilidade: o da ENTIDADE; o da CONTINUIDADE; o da OPORTUNIDADE; o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;

    o da COMPETNCIA; e o da PRUDNCIA. Princpios contbeis Entidade O Princpio da ENTIDADE reconhece o Patrimnio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um patrimnio particular no universo dos patrimnios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituio de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqncia, nesta acepo, o Patrimnio no se confunde com aqueles dos seus scios ou proprietrios, no caso de sociedade ou instituio. O PATRIMNIO pertence ENTIDADE, mas a recproca no verdadeira. A soma ou agregao contbil de patrimnios autnomos no resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econmico-contbil. O cerne do Princpio da ENTIDADE est na autonomia do patrimnio a ela pertencente. O Princpio em exame afirma que o patrimnio deve revestir-se do atributo de autonomia em relao a todos os outros patrimnios existentes, pertencendo a uma entidade, no sentido de sujeito suscetvel aquisio de direitos e obrigaes. A autonomia tem por conseqncia o fato de que o patrimnio de uma entidade jamais pode confundir-se com aqueles dos seus scios ou proprietrios. A entidade poder ser desde uma pessoa fsica, ou qualquer tipo de sociedade, instituio ou mesmo conjuntos de pessoas. Princpios contbeis Continuidade O Princpio da Continuidade pressupe que a Entidade continuar em operao no futuro e, portanto, a mensurao e a apresentao dos componentes do patrimnio levam em conta esta circunstncia. (Redao dada pela Resoluo CFC n. 1.282/10) A denominao Princpio da Continuidade, como tambm a de entidade em marcha, ou going concern, encontrada em muitos

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    sistemas de normas no exterior e tambm na literatura contbil estrangeira. Embora o princpio da continuidade tambm parta do pressuposto de que a entidade deva concretizar seus objetivos continuamente o que nem sempre significa a gerao de riqueza no sentido material , no se fundamenta na idia de entidade em movimento. Princpios contbeis O motivo simples, pois uma entidade com suas atividades reduzidas ou suspensas temporariamente continuar a ser objeto da contabilidade enquanto dispuser de patrimnio. Princpios contbeis Oportunidade O Princpio da Oportunidade refere-se ao processo de mensurao e apresentao dos componentes patrimoniais para produzir informaes ntegras e tempestivas. A falta de integridade e tempestividade na produo e na divulgao da informao contbil pode ocasionar a perda de sua relevncia, por isso necessrio ponderar a relao entre a oportunidade e a confiabilidade da informao. O princpio da OPORTUNIDADE exige a apreenso, o registro e o relato de todas as variaes sofridas pelo patrimnio de uma entidade, no momento em que elas ocorrerem. O Princpio da Oportunidade a base indispensvel fidedignidade das informaes sobre o patrimnio da Entidade, relativas a um determinado perodo e com o emprego de quaisquer procedimentos tcnicos. o fundamento daquilo que muitos sistemas de normas denominam de representao fiel pela informao, ou seja, que esta espelhe com preciso e objetividade as transaes e eventos a que concerne. Tal tributo , igualmente, exigvel em qualquer circunstncia, a comear sempre nos registros contbeis, embora as normas tendem a enfatiz-lo nas demonstraes contbeis. O Princpio da OPORTUNIDADE tem sido confundido algumas vezes, com o da COMPETNCIA, embora os dois apresentem contedos manifestamente diversos.

    Na oportunidade, o objetivo est na completeza da apreenso das variaes, do seu oportuno conhecimento. Na competncia, o fulcro est na qualificao das variaes diante do Patrimnio Lquido, isto , na deciso sobre se estas o alteram ou no. Em sntese, no primeiro caso, temos o conhecimento da variao, e, na competncia, a determinao de sua natureza. A tempestividade obriga a que as variaes sejam registradas no momento em que ocorrerem, mesmo na hiptese de alguma incerteza, na forma relatada no item anterior. Sem o registro no momento da ocorrncia, ficaro incompletos os registros sobre o patrimnio at aquele momento, e, em decorrncia, insuficientes quaisquer demonstraes ou relatos, e falseadas as concluses, diagnsticos e prognsticos. Princpios contbeis Registro pelo valor original O Princpio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimnio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transaes, expressos em moeda nacional. No caso de doaes recebidas pela Entidade, tambm existe a transao com o mundo exterior e, mais ainda, com efeito quantitativo e qualitativo sobre o patrimnio. Como a doao resulta em inegvel aumento do Patrimnio Lquido, cabe o registro pelo valor efetivo da coisa recebida, no momento do recebimento, segundo o valor de mercado. Este princpio determina a necessidade de se registrar os itens patrimoniais pelo seu valor histrico, ou seja, pelo valor da primeira negociao; contudo, se aceita ajustes ao valor original. As seguintes bases de avaliao devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I Custo histrico. Os ativos so registrados pelos valores pagos ou a serem pagos ou pelo valor justo dos recursos que so entregues para adquiri-los na data da aquisio. Os passivos so registrados

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    pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigao ou, em algumas circunstncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais sero necessrios para liquidar o passivo no curso normal das operaes; II Variao do custo histrico. Uma vez integrado ao patrimnio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variaes decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente b) Valor realizvel c) Valor presente d)Valor justo e) Atualizao monetria a) Custo corrente. Os ativos so reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no perodo das demonstraes contbeis. Os passivos so reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, no descontados, que seriam necessrios para liquidar a obrigao na data ou no perodo das demonstraes contbeis; b) Valor realizvel. Os ativos so mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos so mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, no descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigaes no curso normal das operaes da Entidade; c) Valor presente. Os ativos so mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada lquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operaes da Entidade. Os passivos so mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de sada lquida de caixa que se espera seja necessrio para liquidar o passivo no curso normal das operaes da Entidade; d) Valor justo. o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transao sem favorecimentos; e e) Atualizao monetria. Os efeitos da alterao do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros

    contbeis mediante o ajustamento da expresso formal dos valores dos componentes patrimoniais. So resultantes da adoo da atualizao monetria: I a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, no representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II para que a avaliao do patrimnio possa manter os valores das transaes originais, necessrio atualizar sua expresso formal em moeda nacional, a fim de que permaneam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequncia, o do Patrimnio Lquido; e III a atualizao monetria no representa nova avaliao, mas to somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicao de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variao do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado perodo. Princpios contbeis Competncia O Princpio da Competncia determina que os efeitos das transaes e outros eventos sejam reconhecidos nos perodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. O Princpio da Competncia pressupe a simultaneidade da confrontao de receitas e de despesas correlatas. A compreenso do princpio da COMPETNCIA est diretamente ligada ao entendimento das variaes patrimoniais e sua natureza. Nestas encontramos duas grandes classes: a daquelas que somente modificam a qualidade ou a natureza dos componentes patrimoniais, sem repercutirem no montante do patrimnio lquido, e a das que o modificam. As primeiras so denominadas de qualitativas, ou permutativas, enquanto as segundas so chamadas de quantitativas, ou modificativas. Cumpre salientar que estas ltimas sempre implicam a existncia de alteraes qualitativas no patrimnio, a fim de que permanea inalterado o equilbrio patrimonial. Observa-se que o princpio da competncia no est relacionado com recebimentos ou

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    pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas geradas e das despesas incorridas no perodo. Mesmo com desvinculao temporal das receitas e despesas, respectivamente do recebimento e do desembolso, a longo prazo ocorre a equalizao entre os valores do resultado contbil e o fluxo de caixa derivado das receitas e despesas, em razo dos princpios referentes avaliao dos componentes patrimoniais. Princpios contbeis Prudncia O Princpio da PRUDNCIA determina a adoo do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente vlidas para a quantificao das mutaes patrimoniais que alterem o patrimnio lquido. O Princpio da Prudncia pressupe o emprego de certo grau de precauo no exerccio dos julgamentos necessrios s estimativas em certas condies de incerteza, no sentido de que ativos e receitas no sejam superestimados e que passivos e despesas no sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensurao e apresentao dos componentes patrimoniais. A aplicao do Princpio da PRUDNCIA ganha nfase quando, para definio dos valores relativos s variaes patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau varivel, como as provises redutoras do ativo. A proviso para crditos de liquidao duvidosa constitui exemplo da aplicao do Princpio da PRUDNCIA, pois sua constituio determina o ajuste, para menos, de valor decorrente de transaes com o mundo exterior, das duplicatas ou de contas a receber. A escolha no est no reconhecimento ou no da proviso, indispensvel sempre que houver risco de no-recebimento de alguma parcela, mas, sim, no clculo do seu montante. A PRUDNCIA de forma a obter-se o menor patrimnio lquido, dentre aqueles possveis diante de procedimentos alternativos de

    avaliao est restrita s variaes patrimoniais posteriores s transaes originais com o mundo exterior, uma vez que estas devero decorrer de consenso com os agentes econmicos externos ou da imposio destes. Esta a razo pela qual a aplicao do princpio da prudncia ocorrer concomitantemente com a do princpio da COMPETNCIA, quando resultar, sempre, variao patrimonial quantitativa negativa, isto , redutora do patrimnio lquido. A aplicao do princpio da PRUDNCIA no deve levar a excessos, a situaes classificveis como manipulaes do resultado, com a conseqente criao de reservas ocultas. Pelo contrrio, deve constituir garantia de inexistncia de valores artificiais, de interesse de determinadas pessoas, especialmente administradores e controladores, aspecto muito importante nas entidades integrantes do mercado de capitais.