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Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 ISBN: 978-85-7014-048-7 Página: 877 CONSTRUINDO UM JORNAL PARA AUXILIAR O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA Eliana Guimarães Szumski Ana Cristina Schirlo Sani de Carvalho Rutz da Silva Resumo O trabalho aqui relatado tem sua gênese em uma indagação muito comum entre a maioria dos alunos: “Para que serve a Matemática?”. Procurando tecer respostas para essa indagação, alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola estadual da cidade de Ponta Grossa, Paraná, confeccionaram um material comunicativo, que utiliza textos e imagens sobre temas matemáticos. O caminho percorrido para a construção do jornal foi uma pesquisa realizada para definir quais caminhos seriam percorridos para identificar as divisões de um jornal e para decidir quais matérias comporiam o jornal. Espera-se que este estudo venha somar-se a outros já existentes em Educação Matemática. Pois, a partir desse tipo de experiência os alunos podem vir a apresentar mais facilidade para fazerem novas associações e descobertas conceituais. Palavras-chave: Educação Matemática, jornal e matemática em notícias. Abstract BUILDING UP A NEWSPAPER TO HELP THE MATHEMATIC TEACHING AND LEARNING PROCESS This work explores such a very common question among the students: Why is mathematic useful to? Seeking for answers, students from a public school of the first year of the Fundamental School (5th.Grade) in Ponta Grossa City - Paraná State, developed a communicative material using texts and images with mathematic subjects. The research involved the students’ identification of the parts that could compound the newspaper and the decision about which subject could be in it. We hope with this study to add a tool to the others ones used in the Mathematic teaching. With this kind of experience, we can help the students to develop their abilities with associations and also to make possible the conceptions

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Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT

I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 ISBN: 978-85-7014-048-7

Página: 877

CONSTRUINDO UM JORNAL PARA

AUXILIAR O PROCESSO DE ENSINO

E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Eliana Guimarães Szumski

Ana Cristina Schirlo

Sani de Carvalho Rutz da Silva

Resumo

O trabalho aqui relatado tem sua gênese em uma indagação muito comum entre a maioria dos alunos: “Para que serve a Matemática?”. Procurando tecer respostas para essa indagação, alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola estadual da cidade de Ponta Grossa, Paraná, confeccionaram um material comunicativo, que utiliza textos e imagens sobre temas matemáticos. O caminho percorrido para a construção do jornal foi uma pesquisa realizada para definir quais caminhos seriam percorridos para identificar as divisões de um jornal e para decidir quais matérias comporiam o jornal. Espera-se que este estudo venha somar-se a outros já existentes em Educação Matemática. Pois, a partir desse tipo de experiência os alunos podem vir a apresentar mais facilidade para fazerem novas associações e descobertas conceituais.

Palavras-chave: Educação Matemática, jornal e matemática em notícias.

Abstract

BUILDING UP A NEWSPAPER TO HELP THE MATHEMATIC TEACHING

AND LEARNING PROCESS

This work explores such a very common question among the students: Why is mathematic useful to? Seeking for answers, students from a public school of the first year of the Fundamental School (5th.Grade) in Ponta Grossa City - Paraná State, developed a communicative material using texts and images with mathematic subjects. The research involved the students’ identification of the parts that could compound the newspaper and the decision about which subject could be in it. We hope with this study to add a tool to the others ones used in the Mathematic teaching. With this kind of experience, we can help the students to develop their abilities with associations and also to make possible the conceptions

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discoveries.

Key-Words: Mathematic Teaching, Newspaper and Math in news.

Introdução

Dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostram que o ensino da

Matemática nas escolas de Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio, passa por situações difíceis,

pois os alunos brasileiros, em 2006, conquistaram a 53ª colocação em letramento de Matemática,

entre os 57 países que participaram dessa edição do PISA1.

Algumas dessas dificuldades do ensino de Matemática vêm sendo atribuídas pela

distinção entre dois princípios básicos de representação da realidade. Esses princípios básicos são

o alfabeto e os números. Ao associar letras, números e imagens espera-se estar estabelecendo

uma comunicação mista que junta à língua e a Matemática.

O jornal é um meio que proporciona um apoio fundamental para a ultrapassagem dos

obstáculos entre a associação das letras, números e imagens. Pois, ao se fazer o registro sobre

determinado assunto permite-se uma maior reflexão sobre a atividade. Com o jornal acontecerá

da mesma forma. Assim, a partir do momento em que o aluno pesquisar a respeito de um tema

para o jornal, este estará reproduzindo e reforçando conteúdos que não tinha conhecimento

suficiente para assimilar seus objetivos e significados.

Por esta razão, o desafio de criar um jornal, construído pelos alunos, com temas diversos

relacionados com a Matemática, vem a auxiliar os educandos a amenizarem algumas dificuldades

de aprendizagem. Assim, a confecção de um jornal poderá ajudar os alunos a compreenderem e

revisarem de uma maneira diferente e informativa certos assuntos e certos conteúdos

matemáticos. Pois, por meio dessa comunicação, espera-se que os discentes recebam

informações sobre as relações que a Matemática tem com outras disciplinas, o que é fundamental

para que eles construam seus saberes matemáticos.

1 Disponível em <http:www.inep.gov.br/internacional/pisa>.

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Smole e Diniz (2001), afirmam que aprender matemática exige comunicação, pois é por

meio dos recursos de comunicação que as informações, os conceitos e as representações são

transportados entre as pessoas. Nesse entender, o jornal pode criar um meio de comunicação e

informação capaz de instigar a curiosidade do aluno, e assim, conduzi-lo ao conhecimento

matemático. Logo, construir um jornal tornou-se interessante, pois ele abre um novo espaço para

o aluno escrever, ler, falar, criar e pesquisar em torno da Matemática.

É possível o professor estender e dinamizar sua atividade em sala de aula, verificando que

a teoria está presente na realidade do aluno. Dessa forma, a atividade de construção de um jornal

permite formar cidadãos competentes, com uma visão ampliada do universo e, ainda ajuda a

tornar as aulas mais interessantes.

Assim, com o intuito de responder a questão “Para que serve a Matemática?”, este

trabalho relata a experiência de proporcionar a produção de conhecimentos envolvendo

conceitos matemáticos por meio da construção de um jornal. O jornal a ser construído

contemplará alguns dos temas curriculares mais importantes nas aulas de Matemática dos anos

finais do ensino fundamental e, pretende mostrar ao leitor que é possível romper com a rotina

em sala de aula ser criativo.

Inicialmente, a confecção do jornal intitulado “O Mundo da Matemática”, teve como

objetivo inicial incentivar os alunos de 5ª série do Ensino Fundamental a construírem um jornal

com temas voltados para o processo de ensino e aprendizagem em Matemática. Espera-se que

com a confecção de um novo material comunicativo que utiliza diversas linguagens trabalhadas

nas práticas sociais e cotidianas, os alunos passem a ter uma visão global da realidade em busca

do gosto pela matemática.

Logo, para atingir o objetivo, foi realizada uma pesquisa para definir quais caminhos

seriam utilizados para identificar as divisões de um jornal e para decidir quais matérias deveriam

compor o jornal. Nesse caminho, percebeu-se que as matérias que iriam compor o jornal

precisavam ser informativas e desafiadoras. Por isso, o jornal construído contém história, jogos e

curiosidades.

Espera-se que este trabalho venha somar-se a outros estudos sobre Educação

Matemática já existente. Pois, a partir desse tipo de experiências os alunos podem vir a

apresentar mais facilidade para fazerem novas associações e descobertas conceituais.

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Educação Matemática

Desde o início do século XX, professores se reúnem para refletir o ensino da

Matemática nas escolas. No entanto, somente a partir dos anos 50, a UNESCO (Organização das

Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura) passou a preparar e a realizar congressos que

versam sobre Educação Matemática. Como conseqüência desses congressos, a Educação

Matemática conquistou espaço como área interdisciplinar.

As discussões no campo da Educação Matemática no Brasil e no mundo, ao ver de

Onuchic e Allevato (2005, p. 215), mostram a necessidade de se adequar o trabalho escolar às

novas tendências que podem levar à melhores formas de se ensinar e de se aprender

Matemática. A partir da década de 70, surge na França a Educação Matemática, a qual – nos

países europeus - é chamada de Didática Matemática. Bicudo (2005, p.30) relata que

é necessário uma didática que inicie o aluno na produção do conhecimento matemático, permitindo-lhe ser sujeito de sua ação, já que no tempo de que dispõe a Escola, não seria mesmo possível responder a todas as suas perguntas e dúvidas.

No entender de Bicudo (2005), a Educação Matemática pretendia fornecer uma

introdução às formas de conhecimento que passam a atender as necessidades tecnológicas e

técnicas que o mundo moderno passa a exigir. Assim, a Educação Matemática pretende não

somente ajudar os estudantes a aprenderem certas formas de conhecimento e de técnicas, mas

também convidá-los a uma reflexão acerca de como essas formas de conhecimento e de técnicas

devem ser aprendidas.

Enquanto campo profissional e científico, o surgimento da Educação Matemática, é

atribuído as preocupações de matemáticos e de professores de Matemática a respeito da

qualidade da exposição e da socialização de idéias matemáticas.

Nesse sentido, a Educação Matemática discute o problema de se saber o alcance e as

formas que as práticas sociais de caráter educativo participam, de forma ativa e criativa, na

produção da cultura matemática de um modo geral.

Segundo Miguel, Garnica, Igliori e D’ Ambrósio (2004, p. 80-89)

Práticas sociais produtoras de cultura matemática seriam incomensuráveis com práticas sociais produtoras de cultura educativa relativa à cultura matemática? Já tivemos a oportunidade de considerar a questão mais ampla do projeto de disciplinarização das práticas educativas relativas à cultura matemática na referência.

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Essa preocupação é pertinente tanto à melhoria das aulas quanto à atualização e

modernização do currículo escolar da Matemática. De acordo com Schubring (1999) a Matemática

é a disciplina escolar que deu as mudanças curriculares visando uma melhora no processo de

ensino e aprendizagem, deflagrando um movimento internacional de reformulação curricular.

Machado (1997) afirma a importância de se repensar o ensino da Matemática em um

sentido globalizante, que transcenda o tecnicismo de todas as ordens, que possa inscrever tal

ensino numa perspectiva de ação transformadora. Esse componente curricular deve ser

compreendido pelos professores como objeto de cultura, como ferramenta de trabalho, que está

inserido no processo histórico-social onde ele é produzido, ou seja, no cotidiano escolar.

Segundo D’Ambrósio (2007, p. 8).

Cedo ou tarde a sociedade vai acordar para o fato que a origem dos maus resultados dos exames e nos “provões” não está no aluno nem professor, e sim no conteúdo, que é desinteressante, inútil e obsoleto.

Nesse entender, a Educação Matemática, quando vista como disciplina autônoma, é

considerada uma disciplina nova. Porém, a Educação Matemática vem desde a antiguidade

preocupando-se com a prática docente, recorrendo a caminhos que tornem os conteúdos mais

interessantes e úteis para o aluno.

Assim, o Movimento da Educação Matemática traz a valorização dos processos mentais

para a solução de situações-problema. A concepção desse movimento pregava que o aluno não

devia perder tempo resolvendo, mecanicamente, operações matemáticas, mas investir na

resolução criativa de situações problemas, usando o raciocínio e aprendendo a fazer relações

contextualizadas.

PISA e o Letramento em Matemática

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) é uma avaliação patrocinada pela

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que visa traçar um

panorama mundial da educação com a aplicação de testes trienais nas diversas áreas do

conhecimento, com o objetivo de medir o rendimento escolar de jovens que se encontram na

faixa etária dos 15 (quinze) anos, próximos, portanto, do final da escolaridade obrigatória.

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Realizado pela primeira vez em 2000, ele não avalia somente os conhecimentos das áreas

específicas, mas também os processos e contextos em que esses conhecimentos são aplicados

para verificar se os jovens estão preparados para enfrentar os desafios impostos pela sociedade

atual. Pois, o PISA destaca situações-problema que vem ao encontro das situações da vida real.

Também contextua essas situações-problema de forma que haja autenticidade no processo de

sua interpretação, resolução e conclusão.

Em cada avaliação realizada pelo PISA, o foco da avaliação recai sobre uma das áreas de

conhecimento específico, sendo: leitura, matemática e ciências. Cabe esclarecer que letramento,

em sentido lingüístico, pressupõe um vocabulário rico e um conhecimento substancial de regras

gramaticais, fonética, ortografia, entre outras.

Segundo a definição do PISA (2004, p. 51) “letramento matemático é a capacidade de um

indivíduo para identificar e entender o papel que a matemática representa no mundo, fazer

julgamentos matemáticos bem fundamentados e empregar a matemática de formas que

satisfaçam as necessidades gerais do indivíduo e de sua vida futura como um cidadão construtivo,

preocupado e reflexivo”.

A definição de letramento matemático no PISA é consistente com a teoria sobre a

estrutura e o uso da língua, refletida em estudos socioculturais recentes sobre letramento. Assim,

o nível de letramento requerido para que um aluno consiga ocupar-se com êxito de cada item é

cuidadosamente considerado no desenvolvimento e seleção dos itens incluídos no PISA. No

entanto, para que essa utilização seja possível e viável, são necessários muitos conhecimentos e

habilidades básicas em Matemática, e essas habilidades são parte da definição de letramento.

A área de letramento em Matemática do PISA ocupa-se das capacidades dos estudantes

de analisar, raciocinar e comunicar efetivamente as idéias quando colocam, formulam, resolvem

e interpretam problemas matemáticos em uma variedade de situações.

Goulart (2001, p. 10) define letramento como:

o espectro de conhecimentos desenvolvidos pelos sujeitos nos seus grupos sociais, em relação com outros grupos e com instituições sociais diversas. Este espectro está relacionado à vida cotidiana e a outras esferas da vida social, atravessadas pelas formas como a linguagem escrita perpassa, de modo implícito ou explícito, de modo mais complexo ou menos complexo.

Nesse entender, para se comunicar, os seres humanos combinam esses elementos de

maneiras criativas, em resposta a cada situação de vida real com que se defrontam, logo é vista

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como um conjunto crescente de conhecimentos, habilidades e estratégias que os indivíduos

constroem ao longo de toda a vida, em diversas situações e por meio da interação com seus pares

e com as comunidades mais amplas de que participam. De fato, cada linguagem tem uma

concepção intrincada que está ligada, de forma complexa, a uma variedade de funções e de

situações de uso. Para que uma pessoa seja letrada numa língua é necessário que ela conheça

muitos dos recursos da língua e que seja capaz de os utilizar em funções e situações sociais muito

diversas.

Da mesma forma, o letramento em Matemática não pode estar limitado ao conhecimento

de terminologias, fatos e procedimentos matemáticos, bem como a habilidades de realização de

certas operações e utilização de certos métodos, mas certamente os pressupõe. Letramento em

Matemática envolve a combinação criativa desses elementos em resposta às exigências impostas

pela situação externa.

O Jornal como Aporte Teórico

Ao buscar subsídios para facilitar o processo de ensino e aprendizagem, o professor

vislumbra que seus alunos obtenham uma aprendizagem significativa e, esta é obtida quando eles

se predispõem a aprender. Segundo Rui Barbosa, é a partir da curiosidade que nasce a atenção; e

da atenção, nasce a percepção e a memória inteligente.

Nesse entender, a contribuição das abordagens comunicativas para a resolução de

situações-problema em sala de aula, se dá por meio de explorações das relações entre discurso e

texto. Esses discursos e textos podem contribuir como agentes motivadores para o processo de

ensino e aprendizagem. Eles também atuam como facilitadores no desenvolvimento da

linguagem, da interpretação e da criatividade, exigidas na escolha de temas e na argumentação

necessária durante a troca de informações. A intenção do professor é buscar caminhos para que

levem os alunos a uma aprendizagem expressiva e também significativa.

Assim, trabalhar com jornal por meio do discurso de textos, desenvolve um diálogo e

torna possível a comunicação entre o aluno e o professor. Segundo Pinto (1999, p. 7) diálogos são

textos de "formas empíricas do uso da linguagem escrita, verbal e oral, e/ou de outros sistemas

semióticos no interior de técnicas sociais contextualizadas histórica e socialmente".

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No âmbito dessa discussão, Orlandi (1999) esclarece que os textos devem ser

articuladores por diferentes vozes, pois estas têm procedência em diferentes discursos,

especializados por seus próprios valores e significados. Desse modo, o discurso que se apresenta

articulado à atividade social de noticiar informações tecnológicas e científicas está vinculado a

uma variedade de textos que são apresentados por meios falados e magnéticos, como por

exemplo, em jornais impressos e em filmes.

Portanto, em sala de aula, o uso de diversos textos de caráter científico oferece aos

alunos a capacidade de se adequar e de se reformular no mundo atual de maneira a consentir

novos fins e também nos contextos. Assim, o papel do professor como mediador, estimula a

diversidade. Nesse entender, ao utilizar o jornal como método pedagógico como uma fonte de

diálogo entre aluno e professor, permitirá que o aluno entenda melhor os conteúdos que lhe está

sendo ensinado, ou seja, o jornal pode servir como uma ponte entre a realidade e o

conhecimento científico, por meio de suas pesquisas e principalmente de suas produções.

Sendo assim, o jornal é uma fonte de ensino e aprendizagem através da leitura e da

escrita, criando um novo sentido para a Matemática, permitindo que o ensino da sala de aula

deixe de ser algo abstrato, e traga contribuições para a formação de cidadãos críticos e

conscientes.

Procedimentos Metodológicos

CONTEXTUALIZAÇÃO

Nesta pesquisa optou-se por utilizar-se da abordagem da pesquisa-ação para colher os

dados necessários com o intuito de verificar as contribuições de um jornal com temas de

Matemática para o processo de ensino e aprendizagem.

A pesquisa-ação como o próprio nome já diz, procura unir a pesquisa à ação ou a prática,

e assim, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática. Esse tipo de

pesquisa é, hoje, amplamente aplicada na área do ensino, por meio do desenvolvimento de

propostas de ensino-aprendizagem que podem levar o pesquisador a encontrar resposta às

necessidades presentes na prática da sala de aula.

No pensar de Thiollent (1985, p.14) a teoria e a prática não eram percebidas como partes

integrantes da vida profissional de um professor, e a pesquisa-ação começou a ser implementada

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com a intenção de ajudar os professores na solução de seus problemas em sala de aula,

envolvendo-os na pesquisa. Nesse sentido, este tipo de pesquisa é, sem dúvida, atrativa pelo fato

de poder levar a um resultado específico imediato, no processo de ensino e aprendizagem.

Nacarato (2000) comenta que quando praticada em particular no ambiente escolar, a

pesquisa-ação pode oferecer informações e conhecimentos que permitirão um repensar dos

objetivos da ação pedagógica.

As atividades pedagógicas são entendidas dentro de uma dimensão conscientizadora e

não apenas de obtenção de informações. Nesse caso, o referido autor considera que o

pesquisador dispõe de um conhecimento prévio que funcionará como ponto de partida, como

gerador de idéias ou diretrizes para nortear a pesquisa e as interpretações. Ao longo do processo,

emergirão questões que exigirão novos conhecimentos, novas reflexões e novas tomadas de

consciência.

A CONSTRUÇÃO DO JORNAL

Esse trabalho é fruto de uma indagação comum entre a maioria dos alunos “Para que

serve a Matemática?”. Em procura de respostas para essa indagação, seguiu-se o caminho da

pesquisa-ação. Esse trabalho visa incentivar os alunos de 5ª série do Ensino Fundamental a

criarem e organizarem um jornal com notícias matemáticas. Espera-se que com a confecção de

um novo material comunicativo, que utiliza diversas linguagens trabalhadas nas práticas sociais

cotidianas, os alunos passem a ter uma visão global da realidade em busca do gosto pela

matemática.

Para tanto, inicialmente, um grupo de alunos da 5ª série da Escola Estadual Pascoalino

Provisieiro, localizada na cidade de Ponta Grossa, Paraná, precisavam entender como se constrói

um jornal. Sabe-se que ao longo do desenvolvimento do trabalho muitas dúvidas e inquietações

vão surgindo, o pesquisador se vê envolto num grande mar de informações, de possibilidades e

também de dúvidas e limitações, a cada questão respondida muitas outras emergem, surgindo

assim os conflitos epistemológicos.

Para obter as informações necessárias, a professora de matemática – idealizadora do

projeto para a construção do jornal – foi em busca de ajuda na acessória de imprensa da

Universidade Estadual de Ponta Grossa. Um diagramador, se mostrou interessado em auxiliar o

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processo de construção e foi visitar a escola com a finalidade de explicar aos alunos como

elaborar um jornal. Com os esclarecimentos dados pelo profissional, seguiu-se para a segunda

etapa do projeto, decidir o nome do jornal.

Tendo ciência que o primeiro incentivo ao pesquisador-repórter é a curiosidade, foi

promovido um concurso artístico para criar o nome do jornal. Nesse concurso os alunos deveriam

fazer, em uma folha de papel sulfite, um desenho consoante com o nome que estavam criando

para o jornal, seria de acordo com o nome do jornal. Sendo que o desenho vencedor seria uma

parte gráfica da capa do jornal. O nome vencedor foi “O Mundo da Matemática”, como se

observa no desenho exposto na figura 1:

FIGURA 1: Desenho vencedor do concurso e capa da primeira edição do jornal “O Mundo

da Matemática

Com o nome escolhido, partiu-se para a escolha dos temas que seriam abordados.

Durante o processo, procuraram-se informações em diversos campos do conhecimento,

buscaram-se pontos convergentes e divergentes a fim de obter um maior embasamento teórico e

dar sustentação para a temática em questão. Após a realização da pesquisa sobre os supostos

temas, os alunos iniciaram discussões em pequenos grupos para chegarem a um consenso dos

temas a serem escolhidos. Em seguida, houve uma discussão no grande grupo para a decisão final

acerca dos temas a serem abordados. Os temas escolhidos foram: a Matemática no dia-a-dia, a

história da Matemática, a Matemática-lúdica e o meio ambiente.

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Ressalta-se que a indicação dos mesmos partiu dos próprios alunos. Pois, pesquisar vem

do interesse em elucidar os problemas existentes no meio em que se está inserido. Iniciou-se,

então, a transposição didática entre a prática realizada e a teoria apresentada. Após este trabalho

de ação e reflexão, os alunos passaram para o registro da experiência vivenciada em uma folha de

papel a qual foi entregue à professora. Esses registros foram utilizados para a realização do

trabalho de confecção do jornal, dentro da regras de digitação e diagramação.

Para a parte do jornal que expõem o tema Matemática no dia-a-dia foram escolhidos

textos que ressaltam a importância da Matemática na vida das pessoas. O aluno P. S. escreveu

que:

A Matemática é usada de várias maneiras: no trabalho, nas lojas, empresas, serrarias,

mercados, bancos, etc. A Matemática é também usada na contagem dos números,

velocidade dos carros, foguetes e até mesmo de um chute a gol.

Para ilustrar o exposto, foi escolhida a imagem que segue:

FIGURA 2: Mestre de obras

A aluna C. S. com a ajuda da aluna J. A., corroboraram com o tema, relatando que:

A importância da Matemática no dia-a-dia. Para tudo nós precisamos dela. A

Matemática é usada na compra de roupas, calçados, em geral ela está na nossa vida. Ao

levantar, ao sairmos, muitas pessoas nem percebem a presença da Matemática. A

Matemática pode ser divertida ou também chata, dependendo da maneira que se

aprende e compreende. A partir do momento que as pessoas observarem, entenderem

sua importância, verificarão que a Matemática gira em torno do mundo.

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E, completando o quadro reservado a esse tema, foi apresentado que a Matemática se

faz presente na natureza por meio das formas geométricas. Abaixo segue imagem e texto,

produzidos pelo aluno T. A.:

Figura 3: Formas geométricas compondo mosaicos naturais

Cabe salientar que, nem todos os alunos gostam de Matemática. Logo, há a necessidade

relacionar os conteúdos matemáticos com outras áreas de saber. A interdisciplinaridade ajuda o

aluno a ter uma visão global dos conteúdos aprendidos em sala de aula. Espera-se que

oportunizando para o aluno a importância da Matemática por meio de situações presente em

suas vidas, seja no momento de calcular um simples troco, ou na programação de computadores,

ele venha a apresentar um maior interesse pela matéria.

No que coube ao tema História da Matemática, apresentou-se uma pequena viagem pela

história da Matemática relatando como os povos antigos contavam, esse texto foi produzido pela

aluna P. R.

Você certamente não se lembra mais como aprendeu contar objetos. Seus pais ajudaram

você quando era pequeno. Você se arrependeu de ter aprendido tudo isso? Lógico que

não! Não ache você que os homens da caverna já nasceram sabendo os números! Era

complicado para os caçadores saberem quantos animais morriam. Para resolverem os

seus problemas, desenhavam nas pedras os animais que tinham morrido. Os povos

antigos usavam para contar um objeto chamado ábaco, que era considerado por muitos

a primeira calculadora.

Também, no tema História da Matemática, foram expostas curiosidades sobre as

Pirâmides e muitos mais. O aluno R. T. escreveu o que descobriu sobre as pirâmides e escolheu o

desenho a seguir para iluatrar sua redação:

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Existem, ainda hoje, no Egito, construções feitas há mais ou menos 4000 anos. São as

pirâmides. Elas são em número de 80. A maior delas tem 148 m de altura e nela foram

empregados 2 milhões de blocos de pedras calcárias. Segundo seus historiadores, a

Grande Pirâmide, como é chamada a de Quéops, foi construída num espaço de vinte

anos. Cem mil homens trabalhavam nessa obra durante a época das cheias do rio Nilo,

quando a agricultura ficava paralizada.

“O tempo resiste a tudo, mas as pirâmides resistem ao tempo”, diz um provérbio árabe.

FIGURA 4: Pirâmides do Egito

A aluna E. S. enriqueceu o texto de seu colega R. T., com o texto e imagem abaixo

exposto:

Os antigos egípcios foram provavelmente o primeiro povo a tentar medir a extensão de

terras com precisão? Sabe como foi descoberto? Foram achados dentro de um de seus

túmulos, desenhos representando dois homens medindo um campo de milho com uma

corrente. Se precisarmos medir pequenos comprimentos e não tivermos na hora os

instrumentos necessários, podemos usar a nossa mão.

FIGURA 5: O corpo humano e as relações métricas

Completando o texto com curiosidades acerca das relações, os alunos no grande grupo

construíram as seguintes frases:

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FIGURA 6: Coletâneas sobre as relações métricas

Essa coletânea pretendia trazer informações para o aluno-leitor, para auxiliá-lo no

desenvolvimento de futuras atividades. Pois, sabe-se que cada vez mais, a atividades

apresentadas aos educando continham traços de natureza cultural. Logo, se faz necessário que o

aluno tenha o conhecimento da História da Matemática para poder fazer as relações no

desenvolvimento de situações-problemas que lhes serão apresentadas no decorrer de sua vida.

Caso contrário, a situação-problema pode se tornar mais uma atividade acrítica para o aluno, pois

ele estará apenas incorporando e retransmitindo os interesses e valores orientadores pelo

professor.

Segundo Chateau (1989) crianças e adultos se realizam plenamente, entregando-se por

inteiro ao jogo. Com esse entendimento, deu-se início ao tema a Matemática e o lúdico.

As atividades lúdicas proporcionam um encantamento, seja em crianças, em adolescentes

ou em adultos, sendo o brincar uma atividade inerente ao ser humano. Diante desse pensar, os

alunos A. C. B., U. T., E. F. e O. N. escolheram as atividades que fariam parte de seção lúdica

desta edição do jornal “O Mundo da Matemática”.

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FIGURA 7: Brincando também se aprende

Pode-se dizer que a curiosidade move as pessoas a participarem de brincadeiras. Dessa

forma é interessante buscar conciliar a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar. Nessa

linha de raciocínio, a alegria da brincadeira é uma possibilidade para que a afetividade, o prazer, o

autoconhecimento, a cooperação, a autonomia, a imaginação e a criatividade cresçam,

permitindo que o aluno construa a aprendizagem por meio da alegria e do prazer de querer fazer

e construir.

Por esse caminho, a aluno A. V. completou essa parte da edição, com a atividade ilustrada

abaixo:

FIGURA 8: Em busca do caminho mais curto

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Por meio dessas atividades, esperava-se que os alunos desenvolvessem um papel ativo na

construção de seu conhecimento. Ainda, esperava-se que eles tenham mais um aporte que os

auxiliem a desenvolver a autonomia, o raciocínio, além de verificar que a Matemática pode ser

divertida.

Finalizando a primeira edição do jornal, no tema meio ambiente, foram relatadas as

atividades desenvolvidas na escola relacionadas à educação ambiental. Em uma dessas atividades,

os alunos queriam relatar a importância de preservar o meio ambiente. O texto a seguir é de

autoria do aluno A. S. L.:

Natureza é uma palavra curta, perto da imensidão das vidas que representa. Vida de

animais, plantas, árvores e tantas outras maravilhas que nos cercam. Quem não se

sensibiliza ao ver e contemplar a beleza de uma flor que dança quando o vento à toca,

ou então, uma árvore quando está carregada com belas frutas, a beleza de um rio, uma

cachoeira que desliza, como se fosse tão leve, sobre pedras lisas e de formas variadas?

Quem não desfruta da alegria de animais correndo, de pássaros coloridos cantando

todas as manhãs?

Devemos gritar por socorro pela natureza, porque o homem não tem o direito de destruí-

la.

A extinção é para sempre com cada espécie eliminada o mundo se empobrece

irreversivelmente.

Corroborando com o texto acima, os alunos envolvidos na construção do jornal,

solicitaram para outros alunos, de outras séries frases sobre o meio ambiente. Entre tantas frases

que receberam, foram escolhidas as frases que constam na coletânea abaixo:

FIGURA 9: Coletânea de frases sobre o meio ambiente

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Para completar a edição do jornal, os alunos produziram um texto para convocar todos os

alunos do colégio a participarem de uma gincana ecológica. Essa gincana envolveria a escola e a

comunidade local. A seguir o relato que foi impresso no jornal:

FIGURA 10: Convocação para a gincana ecológica

Os educandos após coleta das informações acima citadas para a confecção do jornal,

foram em busca de conhecimentos sobre o layout de um jornal de verdade. Para tanto, foi

solicitado a um dos jornais escritos da cidade de ponta Grossa informações a respeito do layout.

De posse dessa informação, ficou estabelecido que cada página impressa do jornal teria 22,8 cm

de largura por 32,7 cm de altura.

Finalmente, os textos e imagens selecionadas para comporem a primeira edição do jornal

“O Mundo da Matemática”, foram enviados a assessoria de imprensa da Universidade Estadual de

Ponta Grossa que fez, graciosamente, a arte final e a impressão do jornal, sendo o papel usado

para imprimir as quatro páginas do jornal, uma doação do Jornal da Manhã1.

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Algumas Considerações

A vida é complexa e mesmo o mais modesto ou o mais sutil ato reflete, de uma forma ou

outra, uma infinidade de aspectos do mundo real. Segundo Struik (1998, p. 29) “ o homem é um

ser social, mesmo quando se preocupa com linhas retas e hipercones num espaço de dimensão

sete”. Assim, há de se descobrir caminhos que contribuam para o processo de ensino e

aprendizagem neste momento de situações difíceis, com os alunos brasileiros na 53ª colocação

em letramento de Matemática no PISA de 2006.

É necessário que cada vez mais, professores e alunos, tomem ciência de que as atividades

de cunho matemático, não fiquem apenas no contexto acrítico. Assim, com o intuito de contribuir

para o processo de ensino aprendizagem em Matemática, este trabalho apontou a produção de

conhecimentos matemáticos por meio da construção de um jornal que abordou temas

informativos e desafiadores por meio de história, jogos e curiosidades.

As reflexões aqui apresentadas aqui têm raízes no exposto por Miguel e por Miorim

(2004, p. 165) a respeito de uma prática escolar como um conjunto de atividades ou ações físico-

afetivo-intelectuais que se caracterizam por ser:

1. conscientemente orientadas por certas finalidades; 2. espaço-temporalmente configuradas; 3. realizadas sobre o mundo natural e/ou cultural por comunidades de prática cujos membros estabelecem entre si relações interpessoais institucionalizadas; 4. produtoras de conhecimentos, saberes, ações, tecnologias, discursos, artefatos, obras de arte, etc. ou, em uma palavra, produtoras de cultura, isto é, de um conjunto de formas simbólicas.

Sendo assim, a Educação Matemática, prega que o aluno não deve perder tempo

resolvendo mecanicamente operações matemáticas, mas, deve investir no raciocínio e aprender a

fazer relações contextualizadas. Nesse sentido, a confecção do jornal junto aos alunos da 5ª série

do Ensino Fundamental visa contribuir para que eles passem a ter uma visão global da realidade

e, a adquirir um melhor e maior interesse pela Matemática.

Acredita-se que o objetivo inicialmente proposto foi atingido, pois mesmo os alunos que

não participaram da confecção do jornal da escola ficaram motivados com a construção do

mesmo. E, os que participaram diretamente da construção do jornal apontaram ser interessante

perceber a confecção de uma notícia pelo “ lado de dentro” do processo.

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Na parte prática do jornal, houve grande envolvimento dos alunos, pois estes se

responsabilizaram pela coleta das informações e pela elaboração dos textos. Ao final, a professora

– criadora da idéia de construir o jornal – acabou sendo a “editora” do jornal, tornando o

trabalho, uma atividade em equipe.

A primeira edição do jornal “O Mundo da Matemática” foi recebido pela escola como

muito entusiasmo, alegria e satisfação. Cada aluno levou para sua casa um jornal para que seus

familiares pudessem apreciar que a Matemática não se restringe apenas em cálculos, mas

também se faz presente nos valores sociais do mundo moderno.

Espera-se que este trabalho venha somar-se a outros estudos já existentes sobre

Educação Matemática. Pois, a partir desse tipo de experiências os alunos podem vir a apresentar

mais facilidade para fazerem novas associações e descobertas conceituais.

Referências

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